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UNIDADE IV

Unidade IV - Práticas Educacionais e Programas para os Superdotados:


Capacitação do professor em seu fazer diário na aplicação de metodologias,
avaliação e estratégias; e o conhecimento no atendimento de estudantes com
altas habilidades/superdotação na escola

Convite ao Estudo

Pensar em uma escola que trabalhe estilos e aprendizagem promovendo a


criatividade e desenvolvendo habilidades e talentos requer romper com velhos
paradigmas para atender as constantes transformações. Também, reconhecer as
diferenças individuais de cada estudante e considerá-las como sendo ponto de
partida na construção de uma escola realmente inclusiva, em que não haja
discriminação, classificação, categorização pela diferença e exclusão, deve ser a
meta desta escola, cada vez mais solidária e democrática.
Congregando com esses preceitos, nesta unidade juntamente com as
professoras Benedita e Consolação, vamos fazer uma breve incursão no universo
das práticas educacionais para AH/SD, o currículo e a formação do professor, seus
saberes e fazeres no contexto da diferença humana. No desenvolver da unidade,
daremos ênfase à escolarização da pessoa com Altas Habilidades/Superdotação –
AH/SD, às estratégias de flexibilização, ensino e aprendizagem no contexto da
escola comum/classes regulares e do AEE para os estudantes que apresentam
comportamentos de altas habilidades/superdotação.
Vamos conhecer o caso de Carlinhos relatado pela Professora Nádia da
educação infantil, e outras histórias fictícias e também reais que vão contribuir para
contextualizar a sua aprendizagem diante de casos fictícios e também de casos
reais. Considerando primordial compreender a educação deste grupo de estudantes,
nossa caminhada junto às professoras/facilitadores visa promover a reflexão sobre
currículo escolar.
Além disso, vamos refletir e discutir sobre as práticas educacionais voltadas
às AH/SD, no desejo de aprimorar o seu conhecimento para o ensino e
aprendizagem no contexto da escola comum/classes regulares e do AEE para
alunos que apresentam comportamentos de altas habilidades/superdotação.
Nesse caminho, é importante conhecer estratégias de diversificação curricular
que promovam a aprendizagem do estudante com AH/SD para assim planejar
práticas pedagógicas educacionais para desenvolvimento dos talentos. Entendemos
o universo escolar como um ambiente repleto de diferenças, consistindo nisso a sua
riqueza, devendo ser respeito e acolhido em sua totalidade.
Contudo, compreender e trabalhar com essas diferenças de modo a atender
todos e cada um no contexto político pedagógico atual, requer refletir sobre o
modelo de currículo e qual escola queremos, refutando modelos rígidos que igualam
as diferenças. Você concorda com essas colocações? Compreende que existem
diferentes atores no universo escolar e na sala de aula?
A realidade que impera em muitos espaços escolares nos indica que nem
todos acreditam nos diferentes estilos de aprendizagem e, consequentemente, nas
diferentes respostas para a aprendizagem. Prova disso é a maneira impositiva de
tolher o potencial criador, com que foram tratados grandes gênios que fizeram
história. Em consideração a isso, a barreira atitudinal se constitui como importante
desafio a ser superado para efetivar uma educação que contemple a diversidade
apresentada pelos nossos alunos.
A esse respeito, Freitas e Rech (2015, p. 6), explicam que “Certamente, as
barreiras atitudinais são as mais difíceis e demoradas para serem removidas”. A
exemplo disso compartilhamos a imagem seguinte que pontua alguns casos de
pessoas notáveis que apresentavam dificuldades de aprendizagem e em alguns
casos, foram consideradas como incapazes. Você já conhece alguns desses casos
que foram apresentados nas unidades anteriores. Vamos relembrá-los?

Figura 1

Fonte: Virgolim, 2019, p. 96

Diante do exposto, urge a formação de profissionais para contemplar o


trabalho na diferença que dê conta da diversidade em sala de aula, especificamente,
no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes com altas habilidades. Esse
é um dos objetivos primordiais do nosso curso.
Ao final desse estudo, esperamos que você, querida/querido cursista, seja
capaz de refletir sobre currículo escolar e práticas educacionais para AH/SD;
aprimorar seu conhecimento sobre ensino e aprendizagem no contexto da escola
comum/ classes regulares e do AEE para alunos que apresentam comportamentos
de altas habilidades/superdotação. Além disso, temos a expectativa de que essa
unidade contribua para que você coloque em prática estratégias que promovam a
aprendizagem do estudante com altas habilidades/superdotação.

Curiosidades

No tópico anterior em Convite ao Estudo, observamos com Virgolim (2019, p.


96), que “Muitas pessoas notáveis e que foram grandes produtores de conhecimento
tiraram notas baixas na escola, tinham dificuldades de aprendizagem ou foram
consideradas ineptas”. O que teria acontecido a John Kennedy, Walt Disney, Robert
Jarvick, Beethoven, Albert Einstein, Isaac Newton, dentre outros gênios, se tivessem
acreditado que não seriam capazes mediante o julgamento apresentado a eles?
O pensamento crítico e divergente apresentado por essas pessoas, dentre
outras características que destoavam de uma educação tradicional e engessada em
um molde padronizado, contribuíram para a sua exclusão e não-aceitação. Naquela
época, muitos desconheciam a multidimensionalidade da inteligência humana. Será
que esses foram velhos tempos, ou ainda vivemos essa realidade em nossos
contextos?
Como resposta a esses questionamentos, apresentamos a história de Pedro
Alonso, um garoto de 14 anos identificado com altas habilidades/superdotação e
com Transtorno do Espectro Autista – TEA. Vocês se lembram do conceito de dupla-
excepcionalidade abordado na unidade anterior? Para tanto, retomamos os estudos
de Alves e Nakano (2015, p. 346) em que os autores explicam que a condição de
dupla excepcionalidade “pode ser definida como a presença de alta performance,
talento, habilidade ou potencial, ocorrendo em conjunto com uma desordem
psiquiátrica, educacional, sensorial e física”. Pois bem, Pedro se encaixa na
condição apresentada pelos autores.
A realidade enfrentada por Pedro nas quatro escolas que já estudou, indica
que em pleno século XXI, ainda convivemos com práticas e conceitos errôneos
sobre talentos e habilidades. Na escola, o rápido raciocínio do adolescente fazia
com ele terminasse as tarefas bem antes do tempo e esse fato contribuía para que
ele ficasse desocupado e assim, sobrava tempo para ele incomodar os professores
e alunos.
Fora da escola, o seu raciocínio extremamente ágil não se configurava como
um problema, muito pelo contrário, foi em razão disso que Pedro participou do
quadro Pequenos gênios no programa Caldeirão do Huck e impressionou a todos
com suas habilidades em matemática.

Clique no link indicado para acessar ao quadro Pequenos Gênios que testa
conhecimento de crianças com altas habilidades

https://globoplay.globo.com/v/8573464/
Figura 2
Pedro tem QI 160, o mesmo QI de Albert Einstein e Stephen Hawking. Mas
como um garoto tão brilhante não teve as suas habilidades reconhecidas em sala de
aula? Quem apresenta a resposta para essa questão é a Pricilla, a mãe de Pedro.
Em suas palavras, “Eu tive que brigar na antiga escola de Pedro para eles
adaptarem algumas coisas. Em outra, a coordenadora o proibiu de interromper o
professor em sala, para que as outras crianças não achassem que o professor não
sabia de nada", ela conta.
Figura 2

Fonte: Veja1

Pricilla também desabafa que por muitas vezes se cansou de tentar fazer
valer os direitos do seu filho. E quando ela chegava ao limite, era mais fácil trocar de

1
Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/como-funciona-a-mente-de-criancas-e-adolescentes-
superdotados/ Acesso em: 08 jan. 2023
escola. Apesar de todo aparato legal, Pedro precisou enfrentar a falta de adequação
e flexibilização curricular em seu contexto regular de ensino.
O adolescente que já é bastante conhecido nas redes sociais tem um canal
sobre curiosidades no Youtube, em que fala sobre temas gerais, dentre eles,
matemática, história e ciência. Ele possui mais de 13 mil seguidores nessa rede
social e se destaca pelas suas habilidades e conhecimentos acima da média.

Clique no link a seguir para ter acesso à palestra TED 2020 no canal
do Youtube de Pedro Alonso, o Curioso
https://www.youtube.com/watch?v=6viKI3BLsis

Apesar do sucesso de seu canal, infelizmente no contexto escolar ele tem


enfrentado dificuldades pela sua dupla condição – AH/SD e TEA, devido à falta de
acessibilidade a programas e recursos que atendam às suas especificidades
educacionais. Na escola, Pedro achava as aulas repetitivas, já que o seu ritmo de
aprendizagem era muito além dos colegas de classe. Então, como ele ficava
entediado, ao terminar suas tarefas ele saía da sala e ia para biblioteca. A sua mãe
lamenta que em alguns dias, o professor nem fazia questão que ele voltasse para a
sala de aula.
Como resolução para essa problemática, Pricilla fez valer o direito do filho e
ele avançou de série duas vezes. Na ocasião da reportagem, aos 13 anos Pedro
cursava o primeiro ano do ensino médio. Em 2021 Pedro foi estudar em uma escola
particular na cidade de Americana no interior de São Paulo. A curiosidade do menino
é satisfeita com as disciplinas do ensino médio, fato esse que contribuiu para não
haver a necessidade de adaptação curricular. Para complementar a educação do
filho, Pricilla paga por aulas particulares em um projeto para superdotados.
As informações aqui apresentadas foram retiradas da reportagem
Superdotados enfrentam 'jornada' por direito à educação adequada nas escolas.

Clique abaixo para acessar a reportagem na íntegra


https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/06/15/superdotados-enfrentam-jornada-por-
direito-a-educacao-adequada-nas-escolas.ghtml
Agora vamos apresentar a você um garotinho incrível que vai te encantar com
o seu sorriso e com sua inteligência muito acima da média. O seu nome é Isaiah
Anderson. Apesar da pouquíssima idade, esse garotinho já sabe ler, escrever e
contar em inglês, espanhol, francês e japonês. E suas habilidades vão além, Isaiah
sabe resolver problemas matemáticos de multiplicação e subtração.
De acordo a reportagem, Isaiah com reside em Londres com sua família.
Jazelle, a mãe do bebê que ama números e idiomas, conta que começou a notar as
suas habilidades aos oito meses, quando ele identificava letras de maneira correta e
segura. Assim que perceberam as habilidades de Isaiah, seus pais criaram uma
conta no Instagram para compartilhar seus marcos de aprendizagem com o mundo.

Figura 3

Fonte: Revista Crescer2

Em um dos vídeos, seus pais contaram que esse pequeno gênio autodidata
tem fixação por aprendizagem de números e de idiomas também. Jazelle conta que
certa vez ela apresentou um vídeo em espanhol ao bebê e ele ficou tão encantado
com esse idioma que estudou o vídeo o dia inteiro para aprender essa língua.

2
Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/09/menino-
de-2-anos-sabe-ler-escrever-e-contar-em-varios-idiomas.html Acesso em: 22 dez. 2022
A Uninoticias3 compartilhou um vídeo de Isaiah em que o pequeno aparece
resolvendo problemas matemáticos desafiadores com grande rapidez. Sua família
descreve o bebê genial como um menino super engraçado de dois anos que adora
aprender.

Clique aqui para conhecer um pouco mais sobre Isaiah

https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/09/menino-de-2-
anos-sabe-ler-escrever-e-contar-em-varios-idiomas.html

Ao conhecer um pouquinho da história de vida e das habilidades


apresentadas por Isaiah e Pedro, volvemos o nosso olhar para a diversidade do
espaço escolar. Esse ambiente marcado pela diferença compreende a história de
vida de diversos estudantes que apresentam habilidades, talentos e potenciais. Para
dar conta de atender às necessidades educacionais dos alunos é preciso promover
uma prática reflexiva e colaborativa.
É nessa perspectiva que convidamos você para caminhar em conjunto com
as professoras Benedita, Consolação e com seus colegas de curso rumo a efetivar
práticas educacionais inclusivas para estudantes com altas
habilidades/superdotação. A sua presença e participação neste curso indica que
você está comprometido/comprometida com a promoção de uma educação inclusiva
que seja mais justa, democrática e igualitária.

Práticas educacionais e programas voltados aos estudantes com altas


habilidades/superdotação

A professora Nádia atua na Educação infantil e sempre procurou aperfeiçoar


seus conhecimentos para melhorar sua práxis educativa. Tanto que está fazendo o
curso de aperfeiçoamento sobre Práticas educacionais inclusivas para
estudantes com altas habilidades/ superdotação da Universidade Federal de
Uberlândia, o qual tem despertado sua atenção para os comportamentos de seus
estudantes.

3
Disponível em: https://www.instagram.com/p/ChGF6SQJbux/ Acesso em: 22 dez. 2022
Ela já tomou conhecimento sobre os documentos oficiais oriundos dos
movimentos mundiais e nacionais que asseguram a educação inclusiva pautada na
necessidade desse público alvo da educação especial. Por meio da leitura e do
estudo das unidades anteriores, Nádia ficou mais atenta e perceptiva às
características/comportamentos de habilidades acima da média apresentados por
alguns estudantes de sua turma.
Desejosa em assegurar a inclusão escolar de seus estudantes não somente
pelo acesso ao ensino regular, mas visando sua participação, aprendizagem e
continuidade até níveis mais elevados do ensino e sabendo da oferta de AEE em
sua escola, procurou parceria junto à professora Consolação da SRM - Sala de
Recursos Multifuncionais para relatar sua percepção em relação ao comportamento
diferenciado dos seus alunos.
Em sua conversa com Consolação, a professora Nádia ficou muito feliz e
empolgada ao constatar que a colega de trabalho era também colega de curso, já
que ambas estavam matriculadas no curso de aperfeiçoamento oferecido pela
Universidade Federal de Uberlândia. Nádia então compartilhou o seu relato à colega
Consolação sobre o caso específico de um aluno muito esperto e curioso, o
Carlinhos.

Relato da professora Nádia4

Carlinhos é um menino bastante curioso, apresenta um ritmo acelerado de


aprendizagem em relação aos demais colegas, possui ideias originais mediante os
contextos e situações problemas, recupera rapidamente o que foi ensinado,
demonstrando boa memória. É independente e apresenta interesse por atividades
que envolvem resolução de problemas e por outras línguas (Inglês). Quando
executa as atividades, é perfeccionista, com muito comprometimento, habilidade e
energia. Irrita-se com rotinas, têm percepção polida e, quando irritado e/ou
contrariado, manifesta comportamentos agressivos( corporais e verbais).

A partir desse relado, as professora Nádia e Consolação, iniciaram juntas um


trabalho em colaboração. Elas seguiram atenciosamente todos os passos
exemplificados no módulo anterior referente à identificação, visto que a necessidade

4
Adaptado de Cupertino e Arantes (2012).
decorrente do trabalho junto a essa clientela requer estratégias singulares para o
desenvolvimento de cada estudante.
Juntas, buscaram elaborar estratégias para constituir espaços formativos na
promoção de uma práxis educativa, no sentido de conhecer mais conhecer mais
sobre os potenciais e habilidades dos estudantes. O intuito é proporcionar
conhecimento e adoção de metodologias articuladas com as experiências diárias
produzidas no ambiente escolar, bem como a oferta de recursos e serviços
específicos desses estudantes.
Nesse viés, as professoras iniciaram um estudo para fundamentar o
planejamento de ações com o objetivo de propor atividades e futuros projetos
complementares/suplementares ao ensino regular. Em sua incursão pelos caminhos
de conhecer mais sobre o assunto, perceberam a importância da formação para
compreender e assegurar um planejamento flexível e acessível.

A capacitação do professor em seu fazer diário junto aos


estudantes com altas habilidades/superdotação

Para iniciar as nossas discussões nesse ponto, é importante revisitar a


Unidade I quando aprendemos sobre a Resolução nº 4 que orienta sobre a atuação
no AEE, estabelecendo/exigindo a formação inicial que habilite o professor para
exercer a docência na área da Educação Especial (BRASIL, 2009). Aprendemos
também que o Ministério da Educação, através da extinta Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (MEC/SECADI), disponibilizou
subsídios teóricos que viabilizam a identificação e o atendimento educacional
especializado.
Esses subsídios teóricos dizem respeito à coletânea: A construção de práticas
educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: Volume I, II, III e IV.
O outro é o fascículo 10: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar
Altas Habilidades/Superdotação de Delpretto, Giffoni e Zardo (2010). Considerando
esse aporte teórico e outros subsídios como referência, teremos um respaldo
científico para desenvolver um trabalho colaborativo no atendimento a essa clientela
na escola.
A partir de agora, vamos caminhar junto com as professoras Nádia e
Consolação para aprender um pouco mais sobre as peculiaridades do processo da
construção de práticas inclusivas para as AH/SD na escola comum e no AEE. Nesse
caminho, entendemos com Vasconcelos (2005) que o paradigma da ciência
contemporânea ou paradigma sistêmico requer um processo de ressignificação de
concepções e práticas, no qual os educadores passem a compreender a diferença
humana em sua complexidade. Não tendo mais, dessa forma, um caráter fixo e um
lugar: preponderantemente no outro, mas entendendo que as diferenças estão
sendo constantemente feitas e refeitas e estão em todos e em cada um.
Nesse percurso, é importante reconhecer que as necessidades de um
processo de ensino-aprendizagem que envolva os estudantes com alto potencial
passa por:
● Ampliar o foco de observação- respeito às individualidades;
● Mudanças na maneira de ver o contexto- dialogicidade;
● Focalizar as interações recursivas - relativizar e superar incertezas;
● Ter ciência dos processos de auto-organização: co - construção das soluções,
interligando saberes e serviços;
● Estimular o aprendizado contínuo - complementaridade - rompendo com a
fragmentação de saberes tecendo juntos.
Mediante esse contexto, além de estarem envolvidos no trabalho, os
professores do Atendimento Educacional Especializado - AEE e sala regular
precisam apresentar algumas características relevantes para lidar com os
estudantes que apresentam comportamentos de altas habilidades no contexto
regular. Delou (2001) afirma que fazem parte dessas características a sensibilidade,
a criatividade, a flexibilidade e o entusiasmo em aprender. Além disso, é preciso
ainda a constante atualização de conhecimentos por meio de uma postura/ação de
ser pesquisador e facilitador para o desenvolvimento dos projetos.
Ademais, se faz necessário um olhar observador e sensível às demandas dos
estudantes, para promover ações educativas que impactam de maneira positiva a
motivação e, consequentemente, o envolvimento com tarefas de interesse
proporcionando o aprimoramento dos talentos. A esse respeito, Virgolim (2007)
defende que
Se o aluno encontra um ambiente privilegiado onde se lhe for dada a
oportunidade de fazer escolhas significativas sobre sua própria
aprendizagem, de explorar livremente, manipular uma ampla
variedade de materiais e receber estímulos variados, terá uma
aprendizagem muito mais efetiva. (VIRGOLIM, 2007, p. 37).
Isso demonstra também a importância de uma ambiência adequada, uma
vez que os estudantes com AH/SD se valem com facilidade de abstração,
generalização e raciocínio lógico, bem como realizam cálculos mentais e expressam
respostas conclusivas de modo rápido e eficiente. Desde pequenos eles
demonstram curiosidades por diferentes meios, tais como: a escrita, o desenho, a
oralidade, composições artísticas e também operações lógico-verbais do
pensamento.
Esses estudantes revelam em sala de aula interesse por temas inusitados
que não estão contemplados no currículo da escola. Dessa forma, segundo Chagas,
Maia-Pinto e Pereira (2007), existe uma necessidade de o professor, ao planejar sua
aula, selecionar técnicas instrucionais e formas de avaliação considerando as
inteligências múltiplas5 caracterizadas pela diversidade de interesses e estilos de
aprendizagem e expressão dos estudantes.
A partir de tais considerações, não é demais enfatizar a importância da
colaboração entre o professor da sala de aula regular com o professor de AEE e
parceiros da escola, na construção de um plano de desenvolvimento individual para
esses estudantes.

Clique no link indicado para saber mais sobre práticas do professor junto às AH/SD
e acessar o artigo de Rech e Freitas (2005):

https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/4904

Não é novidade que qualificação docente é fator decisivo para a


implementação e bom andamento de um programa educacional para estudantes
com altas habilidades/superdotação. A esse respeito, Reich e Negrini (2019)
explicam que,

Desse modo, a fim de organizar uma proposta pedagógica


direcionada aos alunos com altas habilidades/superdotação,
evidencia-se a necessidade de qualificação docente a respeito da
temática, tendo em vista que o desenvolvimento deste processo
passa pela sua identificação dentro dos espaços educacionais, assim
como a oferta de atendimento pedagógico de acordo com suas
necessidades específicas. (REICH; NEGRINI, 2019, p. 497).

5
Conforme visto na unidade I
Outro aspecto fundamental por parte do professor do ensino regular para o
desenvolvimento do potencial criador de estudantes com características de altas
habilidades é reconhecer e oportunizar a utilização de estratégias de ensino que
desafiem e motivem esses estudantes. Essas estratégias podem ser desenvolvidas
por meio de debates, recursos materiais instigadores, investimento em pesquisas e
projetos, dentre outras alternativas.
Vale ressaltar que a oferta de enriquecimento curricular no contexto da
escola não significa que o professor de classe comum necessite criar um programa
diferenciado para seus estudantes com AH/SD. De acordo com Deuner e Vieira
(2012), essa demanda compreende a abertura da escola para a diversificação e
flexibilização do processo de ensino e aprendizagem, envolvendo todo mecanismo
de gestão pedagógica, administrativa e de pessoal da instituição.
Ainda sobre esse assunto, Freitas e Pérez (2010, p. 60) orientam sobre a
possibilidade de “[...] flexibilizar o currículo aplicando modificações significativas e
não significativas nos objetivos e conteúdos, na organização, na avaliação, nos
procedimentos didáticos e atividades, e na temporalidade”. Ao encontro dessa
afirmação, Araújo, Fratari e Santos (2016) destacam sobre a relevância do modelo
de enriquecimento curricular na perspectiva inclusiva que considere as habilidades,
aptidões e potenciais apresentados pelos estudantes.
Com base nesses estudos, as professoras Nádia e Consolação se
questionaram: Como promover adequações curriculares que propiciem
aprendizagens novas e significativas para os estudantes com altas
habilidades/superdotação desde a mais tenra idade?
Em busca de respostas à inquietação das professoras, vamos refletir sobre as
adaptações curriculares. Vale destacar que as estratégias de enriquecimento intra/
extra curricular estão previstas nas Adaptações Curriculares, Estratégias para a
Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (BRASIL, 1999).
Estas dizem respeito a tornar acessível o currículo, não somente em âmbito de
projeto pedagógico, mas no conjunto de ações desenvolvido em sala de aula e no
nível individual
Dessa forma, no sistema educacional, os gestores, professores,
especialistas, pais, alunos, e outros agentes, devem estar envolvidos nesse
movimento de busca por uma escola que acredite e invista na criatividade e nos
talentos inerentes ao universo escolar. Para gestar essa escola, faz-se necessário a
elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) construído por meio de um
trabalho coletivo e cooperativo, que promova a flexibilização do currículo para
oportunizar uma aprendizagem contextualizada, significativa e problematizadora.

Quadro 1
ADAPTAÇÕES CURRICULARES
MODALIDADES
ELEMENTOS
NÃO SIGNIFICATIVAS SIGNIFICATIVAS
Eliminação de objetivos
Priorização de objetivos
básicos
OBJETIVOS
Introdução de objetivos
Sequenciação
específicos, complementares
Introdução de conteúdos
Priorização de áreas ou
específicos, complementares
unidades de conteúdos
ou alternativos
Priorização de tipos de
CONTEÚDOS
conteúdo
Eliminação de conteúdos
Eliminação de conteúdos
básicos do currículo
secundários
Sequenciação
De agrupamentos Introdução de recursos
ORGANIZAÇÃO Didática específicos de acesso ao
Do espaço currículo
Adaptação de técnicas e Introdução de critérios
instrumentos específicos de avaliação
Eliminação de critérios
gerais de avaliação
AVALIAÇÃO
Modificação de técnicas e Adaptações de critérios
instrumentos regulares de avaliação
Modificação dos critérios de
promoção
Modificação de
procedimentos
Introdução de atividades
alternativas às previstas
Modificação do nível de Introdução de métodos e
complexidade das atividades procedimentos
PROCEDIMENTOS
Eliminação de componentes complementares e/ou
DIDÁTICOS E ATIVIDADES
Sequenciação de tarefas alternativos de ensino e
Facilitação de planos de aprendizagem
ação
Adaptação dos materiais
Modificação da seleção dos
materiais
Modificação da Prolongamento de um ano
temporalidade para ou mais de permanência do
TEMPORALIDADE
determinados objetivos e aluno na mesma série ou no
conteúdos previstos ciclo (retenção)
Fonte: Pérez (2010, p. 60)
O quadro foi elaborado por Perez (2010) com os elementos passíveis de
modificação curricular (objetivos, conteúdos, organização, avaliação, procedimentos
didáticos, atividades e temporalidade) e suas duas modalidades (significativas e não
significativas) a partir da proposta de Manjón (1995) citada em Brasil (1999).
Ao retomar o papel fundamental do Projeto Político Pedagógico na
implementação das adequações curriculares é imprescindível considerar os
diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. Nesse viés, a situação exemplificada na
charge a seguir deixará de ser uma rotina na escola.

Figura 4

Fonte: http://acaointerdisciplinar.blogspot.com/

Ao contrário do disposto na charge, uma escola aberta às diferenças


desenvolve ações educativas com enfoque nos estilos de aprendizagem de cada
aluno. O esquema a seguir busca sintetizar o movimento de uma escola para
atender as AH/SD no contexto da educação inclusiva.

Figura 5

Fonte: elaborada pelas autoras


Diante do exposto, nos cabe então seguir os preceitos do PPP, os quais
embasam levar em conta a individualidade e a especificidade de cada estudante.
Em se tratando dos estudantes com AH/SD, se faz necessário considerar o disposto
na Resolução 04 de 20096 que orienta sobre as atividades de enriquecimento
curricular. Para tanto, é preciso ressaltar a importância da função da escola na
perspectiva da educação inclusiva no sentido de gestar para atender às diferenças,
buscar conhecimento dos estudantes e de suas reais necessidades/áreas de talento
a serem desenvolvidas.
Ademais, se faz necessário estabelecer regras e acordos de qual conteúdo a
ser estudado e como serão encaminhadas as atividades/projetos durante as aulas,
contemplando as intenções e ações no PPP. A esse respeito, Alencar (2014) elucida
que

Muitos dos problemas que se observam entre alunos que se


destacam por um potencial superior têm a ver com o desestímulo e
frustração sentidos por eles diante de um programa acadêmico que
prima pela repetição e monotonia e também por um clima psicológico
em sala de aula pouco favorável a expressão do potencial superior. A
escola não responde de forma adequada aos alunos que apresentam
habilidades intelectuais superiores, o que ajuda a explicar a apatia e
ressentimento às vezes apresentado por alunos. (ALENCAR, 2014,
p.4)

No intuito de superar essa invisibilidade nos programas acadêmicos, a


proposta adotada pelo MEC que potencializa estratégias para estimular e enriquecer
as habilidades dos estudantes identificados para o pool de talentos7 é o proposto por
Renzulli em seu Modelo para toda a escola (1997). Esse modelo conta com o
enriquecimento do conteúdo curricular e do contexto de aprendizagem e envolve a
compactação, flexibilização/aceleração e desenvolvimento de atividades de
enriquecimento.
Vale lembrar que as estratégias intra e extracurriculares podem ser
implementadas, ao passo que uma proposta não exclui a outra. O enriquecimento
intracurricular se constitui por estratégias durante o período de aula ou em turno

6
Art. 7º Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de enriquecimento
curricular desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interface com os
núcleos de atividades para altas habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e
institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa das artes e dos esportes.
7
Ver sobre identificação e indicação para formação de grupos de talentos para o enriquecimento na
unidade II
inverso, tendo em vista o conteúdo da sala e com objetivo de aprofundar
conhecimentos. Por contar com essa flexibilidade, o modelo de enriquecimento é
indicado como melhor opção para escola regular/AEE visto que oferece dentre
outros serviços, a aceleração, o agrupamento e o enriquecimento (VIRGOLIM,
2019).

Para compreender melhor sobre a compactação, o agrupamento, a aceleração e o


enriquecimento, acesse o livro
Altas Habilidades/Superdotação: encorajando potenciais.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me004719.pdf

Compactação curricular

Outra importante estratégia de condução dos serviços do SEM (The


Schoolwid e Enrichment Model) para modificação e diferenciação do currículo,
segundo Freitas e Pérez (2012), é a compactação curricular. Nesse ponto, vamos
retomar o que estudamos nas unidades anteriores sobre o Modelo de
Enriquecimento Escolar do educador norte-americano Joseph Renzulli (RENZULLI;
REIS, 1985).
Esse modelo foi validado por mais de vinte anos de pesquisas empíricas e
visa tornar a escola um lugar onde os potenciais sejam identificados e
desenvolvidos. O objetivo do SEM consiste em promover uma aprendizagem de alto
nível, prazerosa e desafiadora para toda a gama de escolas, níveis e diferenças
demográficas. Os componentes de atendimento do SEM proposto por Renzulli são:
o Portfólio Total do Talento, as técnicas de modificação do currículo, o
enriquecimento do ensino/aprendizagem ou modelo triádico de enriquecimento.

Clique no link abaixo para acessar o artigo de Renzulli (2014)


Modelos de enriquecimento para toda a escola:
Um plano abrangente para o desenvolvimento de talentos e superdotação

https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/14676/pdf

A respeito da compactação curricular, essa forma de aceleração se


caracteriza como procedimento de ajustar o currículo regular às necessidades dos
estudantes com altas habilidades/superdotação. Para Virgolim (2007), um
procedimento importante ao realizar a compactação e a oferta de
enriquecimento/propostas, é conhecer as áreas do currículo em que o
estudante apresenta maior interesse e potencial.
Além disso, é necessário atentar para os objetivos da unidade de instrução.
Ainda de acordo com a pesquisadora, ao optar pela compactação, o
acompanhamento do desenvolvimento do estudante é essencial para novas
demandas de enriquecimento.

O agrupamento

Nas palavras de Cupertino e Arantes (2012, p. 48), “O agrupamento tem que


ser visto apenas como um recurso educacional entre muitos, e não um privilégio
destinado a poucos escolhidos”. Para tanto, as pesquisadoras alertam que “É
preciso evitar a completa segregação, dando oportunidade aos alunos para uma
convivência escolar com outros de diferentes habilidades”. Na perspectiva da
educação inclusiva, concordamos com as autoras ao ressaltar que o estudante pode
sentir-se discriminado ou isolado ao frequentar uma escola ou classe especial.
Como outra possibilidade, Fleith (2007) elucida que o agrupamento também
pode acontecer em pequenos grupos no contexto da sala de aula regular, em um
atendimento diferenciado dos demais, organizado em grupos de talentos em um
mesmo nível de habilidades e desempenho.
Para aprender mais sobre esse assunto, acesse o livro Um olhar para as altas
habilidades: construindo caminhos com atenção especial a partir da página 58 no
tópico “O que são os agrupamentos?”.

Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos


http://cape.edunet.sp.gov.br/cape_arquivos/Um_Olhar_Para_As_Altas_habilidades_2
%C2%B0_Edi%C3%A7%C3%A3o.pdf

Enriquecimento Intracurricular

No intuito de aprimorar o processo de enriquecimento, Pérez (2012) elaborou


uma complementação ao modelo de Renzulli (2004). Nesta complementação, a
pesquisadora exemplifica os projetos e propostas no trabalho de enriquecimento na
escola e na sala de aula, envolvendo também a comunidade por meio de parcerias

Figura 6

Fonte: Pérez (2009)

Após ter conhecimento das propostas de enriquecimento curricular


elaboradas por Perez (2012), as professoras Nádia e Consolação combinaram de
rever o seu planejamento com o objetivo de propiciar condições favoráveis à
aprendizagem, ao desenvolvimento e à realização do potencial de seus alunos. Para
tanto, é preciso levar em conta as idiossincrasias e os diferentes estilos de
aprendizagem e inteligências, os saberes e encorajando talentos, competências e
habilidades em seus diversos níveis de abstração.
Nesse ponto, as colegas de curso convidam a professora Benedita para se
juntar a elas na elaboração de propostas que vão ao encontro de práticas
educacionais que favoreçam a autonomia, a autoria e que contemplem as
inteligências múltiplas. Prontamente a colega Benedita aceita o convite e retoma as
suas anotações sobre Gardner da primeira unidade do curso.
De acordo com Gardner (1995),

Se a sensibilidade às diferentes inteligências ou estilos de


aprendizagem se tornar parte dos modelos mentais construídos
pelos novos professores, a próxima geração de instrutores
provavelmente será muito mais capaz de atingir cada aluno de
maneira mais direta e efetiva. (GARDNER 1995, p. 213).

Nesse sentido, o trabalho que Benedita, Consolação e Nádia estão iniciando


deve envolver também equipes multidisciplinares que atuem junto às monitorias,
mentorias e tutorias. Este trabalho, com vistas a construir estratégias dentro do
contexto escolar contemplando metodologias e recursos diversificados, deve buscar
recursos para culminar no sucesso da aprendizagem e no desenvolvimento de
talentos naturais.
De acordo com as professoras, o trabalho que será desenvolvido fundamenta-
se na teoria de Renzulli (SEM). Conforme apresentado anteriormente nessa
unidade, a respectiva teoria dialoga com os pressupostos da inclusão escolar, sendo
recomendada atualmente pelo MEC no trabalho desenvolvido nos Núcleos de
Atividades de Altas Habilidades/Superdotação – NAAHS.
Para tanto, o trio de professoras busca promover estratégias que sejam
desenvolvidas pelo professor regente ou pelo professor das diferentes disciplinas
especializadas na sala de aula regular. Ainda, podem ser firmadas parcerias com
colaboradores para iniciação científica no contexto da comunidade, de
universidades, de institutos federais, de acordo com a demanda apresentada.
O desafio é evitar propostas rígidas e engessadas. Diante disso, a proposta é
favorecer uma flexibilização do currículo que permita um planejamento com maior
atenção ao público que pode ser identificado a partir das propostas de
enriquecimento. Nesse caminho, é de suma importância considerar que para a
implementação das atividades de enriquecimento é necessário, inicialmente,
identificar habilidades, interesses e estilos de aprendizagem dos alunos.
Para tanto, observe os alunos, dê oportunidade para eles se expressarem,
crie e utilize instrumentos que permitam o registro de suas habilidades, interesses e
necessidades. Fique sempre atento ao potencial de seus alunos. Outra estratégia é
ouvir os próprios alunos a respeito de seus hobbies, sonhos, o que gostam de fazer,
o que fazem bem ou o que poderiam fazer bem se tivessem oportunidade de
aprender. (CHAGAS; MAIA-PINTO; PEREIRA, 2007, p.63)

Atualidades - Onde?

Você conhece o projeto Ingenium?

Figura 7

Fonte: https://www.youtube.com/c/ProjetoIngenium

O Projeto Ingenium é um núcleo altas habilidades que iniciou suas atividades


em 2014, com atendimento a partir do mês de agosto do ano de 2016. Esse núcleo
funciona dentro do Colégio Liceu Jardim na cidade Santo André no estado de São
Paulo. O projeto é aberto às crianças de todas as escolas da região.
O núcleo de altas habilidades conta com metodologia própria, desenvolvida
pela coordenadora Profa. Me. Rosana Oliveira. A responsável pelo projeto participou
de uma live em parceria com a Rede de Atendimento Integral ao Superdotado -
RAIS. A temática abordada nessa conversa interessou demais às professoras
Benedita, Consolação e Nádia: Como transformar os interesses dos alunos em
atividades de enriquecimento intra/extracurricular?

Clique no link abaixo para acessar a live com a Professora Rosana


https://www.youtube.com/watch?v=lVaWcSDMh6I

O Projeto Ingenium está disponível em site para a consulta das diferentes


ações educativas que são desenvolvidas nesse núcleo. A descrição8 de um dos
vídeos do canal do projeto no YouTube pontua que

Segundo o MEC (Ministério da Educação), as crianças com altas


habilidades costumam aprender facilmente, são originais e

8
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IAhj9YMcID0 Acesso em: 10 dez. 2022
inquisitivas. O aluno com altas habilidades, em geral, apresenta um
desempenho acima da média, no entanto, muitos traduzem seus
talentos em habilidades que não são quantificadas pelos
instrumentos comuns de avaliação.
Muitas vezes, os professores notam essas crianças em sala de aula,
mas, por conta da limitação dos conteúdos regulares, não
conseguem dar a devida atenção que precisam. Para atender essa
necessidade, nasceu o “Ingenium - Núcleo de Altas Habilidades” do
Liceu Jardim, uma iniciativa pioneira na região, que tem como
objetivo atender de forma customizada, acolhendo e incentivando
estudantes que apresentem traços de superdotação em uma ou mais
áreas da inteligência.
O curso extracurricular, coordenado pela Profª. Rosana Oliveira tem
encontros semanais, onde os alunos realizam atividades utilizando
jogos de tabuleiro, charadas de raciocínio e aulas experimentais
diversas, que estimulam as múltiplas inteligências. Assim, os
participantes se desenvolvem de variadas maneiras. (PROJETO
INGENIUM, c2021)

Para você conhecer mais sobre a diversidade de propostas e atividades


desenvolvidas por esse projeto incrível, disponibilizamos os links de acesso a seguir.

Site do Projeto Ingenium


https://projetoingenium.negocio.site/
Linktree para acesso ao WhatsApp | Instagram | Facebook | YouTube | Diversos
https://linktr.ee/projetoingenium

Outra atualidade que selecionamos para você conhecer é o Instituto


Virgolim que foi criado pela professora adjunta do Departamento de Processos
Psicológicos Básicos (PPB) do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília,
Profª Drª Angela Virgolim.

Figura 8

Fonte: Instituto Virgolim


Certamente você se lembra da Professora Virgolim, não é mesmo? Ela é uma
pesquisadora referência nos estudos sobre altas habilidades/superdotação. Desde o
início do nosso curso de aperfeiçoamento, as suas obras estão presentes nas
unidades de aprendizagem como fundamento teórico junto a outros pesquisadores
no âmbito das AH/SD.

Clique no link abaixo para acessar o site do Instituto Virgolim

https://www.institutovirgolim.com.br/

De acordo com as informações disponibilizadas no site do instituto, o principal


produto do Instituto Virgolim é o seu programa PIPoCAS . O Programa de Incentivo
ao Potencial Criador do Aluno Superdotado foi projetado para fornecer estratégias
para o estímulo e desenvolvimento do potencial criador de alunos com altas
habilidades e talentos na escola. Isso ocorre por meio de uma cuidadosa e
planejada capacitação de professores, psicólogos e outros profissionais envolvidos
na tarefa de educar e estimular talentos no ambiente escolar, também com vistas à
orientação de pais.

Diálogo aberto

De acordo com os estudos de Virgolim (2007), aprendemos que os


estudantes com altas habilidades/superdotação demandam enriquecimento
intracurricular para se sentirem acolhidos e contemplados nos diferentes estilos e
interesses. Pensando nisso, as professoras Benedita, Consolação e Nádia
resolveram retomar a trajetória de estudos e observações dos seus alunos. Elas
concluíram que além de Carlinhos, que apresentou características de habilidades
nas áreas das inteligências lógico matemática e espacial, também identificaram
outros estudantes com características diferenciadas e que remetem a outras
inteligências, tais como a inteligência linguística e a corporal cinestésica.
Ao identificar as peculiaridades apresentadas por seus alunos, as professoras
ficaram bastante empolgadas em repassar para a gestão e equipe escolar, bem
como sugerir a criação de grupos de enriquecimento intra e extra sala de aula. Em
reunião com a equipe da escola, as colegas de curso tiveram abertura para expor o
que encontraram em seus estudos e observações. Além disso, elas prestaram
esclarecimentos sobre o conceito, as características e os comportamentos dos
estudantes observados. Também, relataram os tipos de inteligências que
perceberam existir no universo daquela sala de aula e das demais.
Considerando o exposto, a gestão e a equipe escolar entraram em consenso
que a professora Nádia, no âmbito da Educação Infantil, e as professoras Benedita e
Consolação no Ensino Fundamental, em conjunto com as demais professoras,
deveriam criar os grupos de enriquecimento intra e extracurricular. Antes disso, o
foco do trabalho das professoras recairia sobre o processo de identificação dos
alunos.
Após a identificação dos estudantes com características de altas
habilidades/superdotação, ficou acordado que as propostas de enriquecimento
poderão ser utilizadas tanto para os educandos do tipo acadêmico quanto para os
que são do tipo produtivo-criativo. Desse modo, as metodologias propostas serão
diferenciadas de modo a contemplar as necessidades e os estilos de aprendizagem
dos alunos.
No intuito de sistematizar as ações a serem desenvolvidas, as professoras
organizaram uma sequência a ser seguida:
● Planejamento das professoras Benedita, Consolação e Nádia para as
suas turmas, a partir do conhecimento adquirido ao longo do curso;
● Compartilhamento dos planejamentos com todos os professores da
equipe escolar;
● Auxílio na elaboração dos planejamentos dos colegas de modo a
contemplar todas as turmas;
● Investigação sobre o perfil de cada turma;
● Organização dos grupos de interesses de acordo com os perfis
identificados;
● Observação dos interesses comuns;
● Registro dos dados observados.

Mediante esse cronograma de ações a serem desenvolvidas, as colegas de


curso aprofundaram as suas pesquisas e encontraram possibilidades de
enriquecimento de aprendizagem. Elas encontraram em um estudo de Cupertino e
Arantes (2012) algumas sugestões de Pérez, Rodrigues e Fernández (1998) para
enriquecer todo o contexto onde ocorre a aprendizagem.
Quadro 3
Nível I Nível II Nível III Nível IV

Programa para todos os Programa Programa para Programas


alunos específico por incluir no individualizados e
ciclos programa de Serviços específicos
educativos classe
Incluir, no currículo regular, Resolver Aulas de música, Adaptações curriculares.
programas de ensino do problemas reais. interpretação ou
pensamento, raciocínio artes visuais.
abstrato, pensamento
produtivo e crítico.

Promover projetos Resolver Colóquios com Apresentação de


independentes, individuais e problemas do especialistas. trabalhos, desenhos ou
em pequenos grupos futuro. investigações a grupos
externos.

Atividades de pensamento Leitura e Estudos Aceleração e/ou


inventivo. comentário de aprofundados participação em estudos
livros clássicos. sobre temas universitários superiores.
específicos.

Atividades de exploração Escrita de novelas, Estudo de Aceleração múltipla por


(investigação em diferentes contos, poesias. problemas meio de programas de
áreas do conhecimento). sociais.
mentores.

Enriquecimento em novas Oficina de Simulação de Publicação de trabalhos


áreas (artísticas, sociais, de invenções. experiências e em órgãos externos.
autoconhecimento). comprovação de
teorias.

Acomodar-se ou ter em conta Oficina de Desenvolvimento e


os estilos de aprendizagem informática. direção de projetos de
dos alunos. investigação.

Organizar atividades baseadas Programas e Participação em


nos interesses dos estudantes. concursos de programas
ciências, letras, extracurriculares.
artes visuais e
plásticas.

Promover atividades de Participar de Participação em cursos


diversas formas de expressão. periódicos e de verão.
revistas literárias.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Pérez, Rodrigues e Fernández (1998)

Neste contexto das diferentes possibilidades de enriquecimento da


aprendizagem, Peripoli e Santos (2012) consideram a organização dos serviços
educacionais a serviço das AH/SD como um dos aspectos de suma importância. A
esse respeito, Renzulli (2004) nos orienta que para ocorrer de fato uma mudança no
processo educativo dos estudantes com altas habilidades/superdotação é preciso
efetivar uma prática com foco no pensamento dedutivo e outra com ênfase na
criatividade e método indutivo.
Esse pesquisador ressalta a relevância da criatividade no desenvolvimento de
um pensamento divergente. Nessa perspectiva, é muito importante observar,
analisar, e sempre que possível, promover alterações no currículo de forma a
suprimir redundâncias e desenvolver situações de aprendizagem cada vez mais
desafiadoras. Vejamos a comparação feita por este autor em relação aos modelos
dedutivo e indutivo, apresentada no quadro seguinte.

Quadro 4

O MODELO DEDUTIVO O MODELO INDUTIVO

(instrução expositiva, prescrita) (enriquecimento do tipo III)

O PAPEL DO PROFESSOR...

Os professores iniciam, determinam, controlam e Os alunos têm papel de liderança na seleção do


micro-organizam a aprendizagem. tema/ problema e no ritmo de desenvolvimento

Os professores e os alunos são parceiros na


Os professores oferecem o feedback na forma de
avaliação formativa, baseada no progresso em
notas baseadas em critérios normativos.
relação às metas

Professores como treinadores, patronos,


Professores como instrutores (disseminadores do
pesquisadores de recursos, indagadores,
conhecimento)
editores, ombudsmen e colegas.

Os professores personalizam, criticam e


Os professores veem o conteúdo como objetivo
enfatizam o caráter carregado de valor de
impessoal e sem valor.
conteúdo (modificação artística)

+ O CURRÍCULO...

Predeterminado pelos livros-texto ou recursos de Resultado dos interesses de um aluno ou de um


estado grupo pequeno de alunos

Orientado pelo conteúdo Orientado pelo processo e pelo produto

Problemas pré-determinados, expostos e Auto selecionados, abertos, problemas da vida


normalmente pré resolvidos real

Informações procuradas somente quando


Informações apresentadas para um (possível)
necessárias para ajudar a resolver o problema
uso futuro
atual

Conhecimento como veiculo para confronto com


Conhecimento apresentado como material factual
eventos, problemas, ideias e crenças
+ A ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA SALA DE AULA...

Períodos diários pé determinados e tempo


Tempo determinado pela natureza evolutiva da
semanal determinado segundo o tamanho das
tarefa, projeto ou produto final
unidades de instrução

Atividades para todo o grupo Atividades individuais em pequenos grupos

Agrupamento por interesse, problema e tarefas


Agrupamento por idade/serie
comuns

Salas de aula pré-determinadas e normalmente Salas de aula organizadas para facilitar a


fixas realização de tarefas/conclusão de produtos

A aprendizagem ocorre onde as informações


As salas de aula são lugares onde ocorre a
importantes são coletadas ou onde são
aprendizagem
procuradas as experiências

= O PAPEL DO ALUNO

Alunos aprendizes de lições e consumidores de Alunos pesquisadores em primeira mão e


conhecimento produtores de conhecimento

Os alunos acumulam e armazenam o O aluno confronta e constrói conhecimento para


conhecimento para possível uso futuro uso no presente

Os alunos buscam tarefas e atividades As tarefas e atividades dos alunos estão


corriqueiras baseadas nas divisões e trabalho

Os alunos utilizam o conhecimento para estudar Os alunos usam o conhecimento para descobrir
sobre problemas e focalizar problemas e para agir sobre eles

Os alunos aceitam passivamente o conhecimento Os alunos personalizam, interpretam, criticam e


como objetivo factual e correto fazem a dissecação do conhecimento
Fonte: Elaborado pela autora com base nos estudos de Renzulli (2004, p. 96)9

Ao observar o quadro que apresenta os modelos dedutivo e indutivo


Consolação iniciou a elaboração do seu planejamento. Para tanto, ela considerou
inserir as diferentes formas de atividades que contribuem para exercitar em seus
estudantes o pensamento criador. Nesse sentido, a professora inseriu em seu
planejamento diário algumas questões para as quais ela espera respostas diferentes
e inusitadas. O propósito dessas atividades é o desenvolvimento das áreas fortes e
das necessidades cognitivas dos estudantes.
Em busca de promover a criatividade dos seus alunos, Consolação utilizou
algumas das atividades propostas por Roger Von Oech (1983) em seu livro Um “toc”
10
na cuca: técnicas para quem quer ter mais criatividade na vida .

9Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/papah/o-que-e-esta-coisa-chamada-


superdotacao.pdf Acesso em: 20 dez. 2022
Na sequência abaixo, corte seis letras, de forma que as que ficarem formem
uma palavra, sem alterar a ordem.

BSAENISLAENTRAAS

O importante é exercitar a mente criativa para encontrar possibilidades de


respostas. Oech (1983) comenta que muita gente olha para o grupo de letras
apresentado e raciocina que existem 16 letras. Se para resolver a questão de acordo
com o enunciado é preciso cortar 6 letras, então o óbvio seria encontrar uma palavra
de 10 letras. Certo? Talvez não.

Vejamos a palavra encontrada após cortar seis letras:

Figura 9

Fonte: Um “toc” na cuca

De acordo com o autor, é preciso olhar o problema por meio de uma


perspectiva além do óbvio. A esse respeito, Oech (1983) explica que

Uma outra forma de resolver essa questão é interpretar a instrução


de forma ambígua. Que outro significado poderia ter a ordem de
“cortar seis letras”? Talvez, em vez de cortar seis letras, você possa
cortar, literalmente, as letras que compõem a expressão “seis letras”,
ou seja: o “S”, o “E”, o “I”, o “L”, o “T” e assim por diante. Tentando
dessa forma, ficará com a palavra BANANA. (Oech, 1983, p. 90).

Ainda com Oech (1983), outra atividade muito interessante é proposta para
favorecer o desenvolvimento da criatividade. Observemos a seguir:

10
Disponível em:
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxkYW5pZWxsZXRhb
WFraXxneDo1ZTg5NGFkZjhmOWFiNTNj Acesso em: 02 dez. 2022
O que essa figura representa?

Figura 10

Fonte: Oech (1983, p. 89)

Consolação gostou bastante desse exercício e pretende inseri-lo em seu


planejamento em conjunto com outras atividades apresentas no livro que chamaram
bastante a atenção da professora. A respeito da figura acima, as respostas
apresentadas por Oech (1983) consideram as diferentes possibilidades de
interpretação. Ele pontua que

Se você olhar de um jeito, é um pássaro; se olhar de outro jeito,


poderia ser um ponto de interrogação. Se virar a imagem de cabeça
para baixo, parece uma foca equilibrando uma bola na ponta do
nariz. Ao adotar uma atitude ambígua, você gera uma variedade de
ideias. (OECH, 1983, p. 89).

Consolação marcou esse excerto no livro em pdf para refletir sobre ele junto
com a sua turma. A professora também selecionou outro exercício do livro que pode
contribuir para o desenvolvimento do pensamento divergente de seus alunos: Qual a
metade de oito?
O óbvio seria responder que a metade de oito é quatro, correto? Mas o
objetivo aqui é considerar as respostas diferentes quando obtidas a partir de outra
perspectiva. Por exemplo, a resposta também poderia ser 0 se você levar em conta
“cortar” o número 8 ao meio, na horizontal. Também poderia ser 3 no caso de
“cortar” o numeral 8 ao meio, na vertical. Ainda existe outra possibilidade, de acordo
com Oech (1983), poderia ser “oi”, dependo de como se pode definir metade.
O autor ressalta a relevância de experimentar observar as coisas de maneira
ambígua para encontrar outras respostas. Nesse ponto, Consolação ficou bastante
reflexiva. Ela lembrou que quando estudava no ensino fundamental, isso já fazia
muito tempo, havia somente uma resposta correta. Naquela época, a única resposta
válida para determinado problema era a solução apresentada pelo professor.
“Certamente isso toliu o pensamento criativo da maioria dos estudantes”, ela
pensou. Em função disso é que Consolação está se empenhando para propor
atividades que contribuam para desenvolver o pensamento divergente dos seus
alunos, para que eles se sintam capazes de apresentar várias soluções para o
problema apresentado.
Sobre isso, Lewis e Doorlag (1991, p. 397) apontam a relevância da
criatividade nesse processo, uma vez que “pode também ser conceituada como a
habilidade de gerar soluções novas para problemas específicos”. Os pesquisadores
recorrem aos estudos de Silverman (1988) para elucidar que o pensamento
divergente é um dos componentes da criatividade. De acordo com esse autor, a
fluência, a flexibilidade, a originalidade e a elaboração se constituem como quatro
fatores importantes para o exercício do pensamento divergente.
A esse respeito, vamos observar a definição de cada fator no
desenvolvimento do pensamento divergente. Para Silverman (1988), a fluência
compreende a habilidade de gerar muitas respostas, enquanto a flexibilidade
consiste na habilidade de mudar a forma, mudar a informação, ou mudar a
perspectiva do olhar para a realidade focalizada. O terceiro fator, a originalidade, é a
habilidade de gerar respostas novas, enquanto a elaboração diz respeito à
habilidade de cercar uma idéia com detalhes.
A partir desses conceitos, Silverman (1988) apresenta sugestões para
fomentar o pensamento divergente e criativo. O pesquisador sugere estratégias a
serem utilizadas, tais como:
Quadro 5

Atividades do tipo “tempestade de ideias”, ou seja, estimular que o grupo apresente muitas
possíveis soluções para o problema.

Estimular cada aluno a apresentar o maior número possível de possibilidades, de forma a


desenvolver sua flexibilidade intelectual.
Ensinar habilidades de debate, encorajando os alunos a discutirem sobre assuntos de sua
própria escolha.

Estimular que cada aluno defenda o ponto de vista do professor, o ponto de vista de outros
colegas, o ponto de vista dos pais.

Estimular que os alunos tomem a iniciativa de apresentar projetos, incentivando e apoiando


seu desenvolvimento e realização.

Estimular que cada aluno apresente sugestões inéditas de possíveis soluções para os
problemas.

Fazer sessões de “ideias malucas”, onde somente noções incomuns podem ser discutidas.

Estimular os alunos a escreverem “scripts” para programas de rádio e de TV, e a


participarem dos referidos programas.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Silverman (1988, p. 276)

As estratégias apresentadas vão ao encontro da Base Nacional Comum


Curricular – BNCC (2018), em que está disposta a recomendação para exercitar a
curiosidade intelectual e procurar uma abordagem científica compreendendo
investigação, reflexão, análise crítica, criatividade e imaginação. O documento
recomenda também a investigação de situações reais, elaboração e validação de
hipóteses na resolução de problemas referentes a conhecimentos das diversas
áreas.
Ao considerar a BNCC e os conhecimentos sobre pensamento divergente e
criativo, a professora Consolação convidou as colegas Nádia e
Benedita para juntamente com ela pesquisarem sugestões de atividades que
poderiam ser desenvolvidas em sua turma. As colegas de curso gostaram bastante
do convite, já que seria uma excelente oportunidade para ampliar os estudos.
Ademais, elas poderiam adaptar/reelaborar as atividades ao encontro das
necessidades dos seus alunos.
Benedita sugeriu iniciar a busca pelo site da revista Nova Escola que
apresenta diferentes sugestões e relatos de projetos que colocam em prática o
exercício do pensamento divergente e indutivo. As colegas ficaram empolgadas com
a sugestão e logo iniciaram a sua pesquisa. Vamos nos juntar às colegas e acessar
a página da revista em busca de projetos e atividades criativas?

Clique no link seguinte para acessar o site da Revista Nova Escola


https://novaescola.org.br/
Logo no início, Nádia encontrou um projeto muito interessante desenvolvido
com estudantes do ensino médio na cidade de Ourinhos no estado de São Paulo. O
título da matéria lhe chamou a atenção: É fato ou fake? Veja como fazer
investigação científica com a sua turma. Mesmo enquanto professora da educação
infantil, Nádia já estava pensando em alternativas para desenvolver um projeto sobre
investigação científica com os seus pequenos. E quem sabe, essa matéria poderia
inspirá-la em alguma ideia, principalmente para ensinar seus pequenos estudantes a
desenvolverem o pensamento crítico.
De acordo com a reportagem encontrada por Nádia, o professor de Biologia
Estêvão Zilioli constantemente recebia perguntas de seus alunos, tais como:
Aquecimento global existe? Vacinas causam autismo? Alface faz bem ao coração?
As dúvidas apresentadas pela turma do 1º e 2º anos do Ensino Médio eram
originadas nas redes sociais e também em correntes do WhatsApp. No intuito de
contribuir para a aprendizagem dos seus estudantes e para desbancar as notícias
falsas que circulam nas redes sociais, o educador criou o projeto Hoaxbusters.

Figura 11

Fonte: novaescola.org.br

A escolha do nome Hoaxbusters originou na palavra Hoax que pode ser


traduzida como embuste ou farsa, é o termo usado para notícias ou declarações
com o objetivo de enganar pessoas. Normalmente são histórias bombásticas, curas
milagrosas ou difamação política.
Segundo informações disponíveis na página do projeto, Hoaxbusters surgiu
na sala de aula, quando o professor Estêvão começou a estimular os alunos a
buscarem fontes seguras para confrontar informações duvidosas. A ideia deu origem
a um projeto que foi submetido e aprovado pelo Google for Education e teve início
em fevereiro de 2018. De lá pra cá acontecem encontros semanais de checagem de
informações, cidadania digital e educação midiática com alunos do ensino médio do
Colégio Super Ensino.

Clique no link abaixo para acessar o site do Hoaxbusters


e conhecer mais sobre esse incrível projeto:
https://sites.google.com/superensino.com/hoaxbusters/p%C3%A1gina-inicial

Não é demais chamar a atenção de vocês para conhecer de perto cada


detalhe desse projeto desenvolvido pelo Professor Estêvão em parceria com os
alunos. Hoaxbusters é uma atividade que culmina na diversificação da
aprendizagem de forma criativa e contextualizada, se apresentando como
enriquecimento do tipo I, uma vez que aprofunda e investiga uma situação ou
problema.

Clique no link seguinte para acessar matéria do projeto Hoaxbusters


no site da Revista Nova Escola

https://novaescola.org.br/conteudo/18632/com-checagem-de-fatos-alunos-
desmascaram-boatos-sobre-ciencias

Além disso, convidamos você para acessar os sites que se dedicam a


combater a desinformação. Em tempos de fake news / notícias falsas, essas
ferramentas são de suma importância não somente para serem aplicadas em
projetos educativos, mas também contribuem bastante para a vida além dos muros
da escola.

Clique no link indicado para acessar o E-farsas.com


https://www.e-farsas.com/

Para desmitificar boatos falsos que circulam nas redes sociais, acesse
Boatos.org
https://www.boatos.org/
Outras estratégias e recursos didáticos-pedagógicos criativos e desafiadores,
considerados pelas professoras, consistiram em incentivar os processos de
pensamentos fora do convencional. O próximo passo seria o de aprofundar as
atividades para as diversas inteligências (analítica, criativa, prática),
desenvolvimento das habilidades, autonomia e independência dos estudantes,
sempre articuladas com os conteúdos curriculares. Vale ressaltar que ao oferecer o
enriquecimento, é preciso levar em consideração o significado e a coerência com os
objetivos de ensino e de aprendizagem da turma.
A esse respeito, Renzulli (2004) faz uma ponderação referente às inúmeras
práticas e atividades de enriquecimento desconectadas, tais como, jogos, quebra-
cabeças, que apesar de serem divertidas e desafiadoras, em sua maioria não
comportam um pensamento divergente ou com ênfase nos processos dedutivos. Ao
contrário, uma mudança de pensamento que transgride para uma produção criativa
precisa dar ênfase ao pensamento indutivo.
Ao considerar essa premissa, convidamos você para desenvolver com sua
turma uma atividade que objetiva exercitar o pensamento criador. Solicite aos seus
alunos que respondam rapidamente às questões seguintes. A proposta aqui é
apresentar usos diferentes e inusitados fora do convencional para cada objeto
citado. Vamos lá?

Quadro 6

Para que serve uma folha de cheque rasurada? Para que serve um galho de árvore?

Para que serve uma tampa de garrafa? Para que serve um pão velho?

Para que serve um giz? Para que serve uma moldura?

Para que serve uma chave? Para que serve um tubo de ensaio?

Para que serve um cascalho? Para que serve uma mecha de cabelo?

Para que serve um caixote? Para que serve um vidro de geleia, vazio?

Para que serve um grampo de cabelo? Para que serve uma lata velha?

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil, 2006, p. 118-119

Apresentadas as perguntas, o professor pode estipular um tempo máximo de


dois minutos para que os alunos anotem suas respostas. Ao final da atividade, será
solicitado aos participantes que compartilhem suas respostas com o grupo. Para
tanto, é importante que o professor enfatize as características do pensamento
criativo trabalhado nesse exercício, quais sejam, fluência, flexibilidade e
originalidade (BRASIL, 2006).
Outra atividade muito interessante que também pode ser desenvolvida é o
Desafio dando receitas11. Solicite aos alunos que se organizem em grupos de até
quatro pessoas. Assim que o fizerem, distribua a cada grupo uma folha de papel na
qual será registrada a resposta para cada item proposto. O tempo máximo da
atividade é de apenas dois minutos. Ao término desse tempo, solicite que cada
grupo apresente a sua resposta para ser discutida com toda a turma com atenção à
diversidade de conteúdo e às particularidades de cada resposta.

Quadro 7
Dando receitas: qual seria a receita do grupo para:

Interesse em matemática Talento para artes

4 copos de... 2 copos de....

... litro de... ... litro de...

2 colheres de sopa de... 3 colheres (de sopa) de...

1 xícara de chá de... ... xícara (de chá) de....

1 pitada de... 1 pitada de...

Habilidade para esportes Habilidade criativa

1 copo de... 1 pitada de...

1 litro de... 3 xícaras (de chá) de...

... colher de... 3 copos de...

1 xícara ( de chá) de... ... litro de...

1 pitada de... 5 colheres ( de sopa) de...

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil, 2006

11
Atividade baseada no exercício “Móveis Falantes”, página 82, do livro Toc Toc... Plim Plim!
Lidando com as Emoções, Brincando com o Pensamento através da Criatividade. VIRGOLIM, A. M.
R., FLEITH, D. S. & NEVES-PEREIRA, M. Campinas, SP: Ed. Papirus, 1999. 1ª Edição.
Para acessar o livro Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o
atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas
habilidades/superdotação. [2. ed.]
Clique aqui: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashabilidades.pdf

Outra atividade que pode ser desenvolvida com os alunos é Descubra quem é
a personalidade. A proposta é que você leia um pequeno texto com a turma que
apresente características de uma personalidade para que eles descubram de quem
se trata. Como exemplo, apresentamos um fato verídico compartilhado por Goleman,
Kaufman e Ray (1992) no livro Espírito Criativo12.
Estamos na década de 1950. Na cozinha, a mãe abre as latas e despeja o
conteúdo na panela de pressão. O filho, escoteiro, quer ganhar uma medalha de
filmagem. O pai lhe deu uma super câmera super-8. De repente, vem-lhe a
inspiração para um filme de terror. Para a tomada, ele necessita de um líquido rubro,
parecido com sangue, escorrendo de um armário de cozinha. A mãe então sai,
compra trinta latas de cerejas e despeja-as na panela, obtendo um maravilhoso
xarope vermelho. A mãe não é do tipo que diz: “vá brincar lá fora, não quero essa
porcaria dentro de casa”. Ela é mais prestimosa: deixa-lhe a casa livre para que a
transforme em seu estúdio cinematográfico, removendo móveis, estendendo panos
de fundo sobre as coisas. Ajuda-o a fazer roupas e até atua em seus filmes. Quando
ele precisa de uma cena de deserto... ela coloca-o no jipe e leva-o ao deserto. A
cena da cozinha ensanguentada, lembrou-se ela mais tarde, obrigou-a a cata
cerejas pela gaveta e armários durante anos.
Qual é o nome desse filho cineasta? Para exemplificar a turma, após a leitura
do texto você poderá apresentar uma mini biografia do cineasta Steven Spielberg e
contextualizar os seus grandes feitos como o diretor que tem mais filmes na lista de
100 melhores filmes de todos os tempos da American Film Institute. Assim, será
possível que os alunos façam uma identificação com o texto anteriormente
apresentado.
Diante das atividades apresentadas, é possível entender que existem uma
diversidade de estratégias e recursos que podem ser implementados para a criação
de um ambiente motivador que instigue o desenvolvimento das diversas inteligências

12
Disponível em:
https://www.google.com.br/books/edition/Esp%C3%ADrito_Criativo_O/2u3LMgzp2xoC?hl=pt-
BR&gbpv=1&dq=o+espirito+criativo,+daniel+goleman&printsec=frontcover Acesso em: 02 dez. 2022
no contexto da escola/sala de aula. Nesse caminho, é importante elaborar um
planejamento de atividades de enriquecimento a serem desenvolvidas em paralelo
com a programação da série na qual o(s) estudante(s) se encontram inseridos.
Você se lembra do caso apresentado no início da unidade, o Carlinhos? A
habilidade apresentada por esse aluno despertou o interesse da professora Nádia
em aprofundar os conhecimentos no intuito de desenvolver a sua prática pedagógica
ao encontro das necessidades desse aprendiz. Para tanto, a professora buscou
inserir em seu planejamento as seguintes propostas:
 Desenvolver atividades de raciocínio (sudoku);
 Estimular a criação de quebra-cabeças, e outros instrumentos que
exijam o raciocínio, dentre outros;
 Utilizar analogias e combinações não habituais, com pesquisas em
sites de investigação científica;
 Visitar os sites das olimpíadas e motivar os estudantes a participarem
de festivais, concursos, sarais, dentre outras possibilidades;
 Desenvolver estratégias diversas, dentre elas a iniciação científica para
oportunizar ambiente dinâmico, exploratório e desafiante para dialogar
com todas as áreas das habilidades identificadas em sala e demais
áreas para suscitar descobertas e insights.
Após refletir sobre essas propostas, Nádia compartilhou a sua iniciativa com
as colegas Benedita e Consolação. Nesse ponto, vale lembrar da importância de o
trabalho em sala de aula ocorrer em parceria com o trabalho desenvolvido no
atendimento educacional especializado. Diante disso, a produção de materiais e
recursos necessários para o planejamento e execução de sua aula poderá ser
confeccionada pela professora Consolação em parceria com as colegas, utilizando
os momentos de assessoramento junto à classe comum.
Nesse percurso, ao planejar e construir estratégias de enriquecimento é muito
importante a forma de proceder e compreender como o estudante adquire e aplica
seus conhecimentos. Aqui estamos chamando a sua atenção para a relevância do
processo de avaliação do conhecimento. Essa avaliação deve propiciar uma análise
contextual e relacional da produção do sujeito e suas idiossincrasias em um
momento de retomada de objetivos, saberes e práticas. Para tanto, é importante
considerar os aspectos emocionais, os quais interferem bastante no
desenvolvimento do estudante.

Não pode faltar!

Parcerias

O trabalho com parceiros é de fundamental importância para o atendimento


ao estudante com AH/SD, uma vez que traz a especificidade de cada área para
envolver as necessidades do estudante e também para apotencializar suas
habilidades e talentos. Uma alternativa apresentada por Freitas e Pérez (2012) é a
criação de um banco de recursos presentes na comunidade. Essa parceria é de
extrema relevância para assistência aos pais, professores, escola e ao próprio
estudante. Ainda, são fundamentais nas orientações referentes ao aprofundamento
de atividades, oficinas e projetos curriculares em todas as áreas dos talentos e
habilidades.
Freitas e Pérez (2012) orientam que,

Este banco de recursos é uma iniciativa simples que a escola poderia


confeccionar ao início do ano letivo, registrando os interesses,
hobbies, atividades extracurriculares da sua comunidade (docentes,
funcionários, alunos e familiares), os recursos que a comunidade
próxima da escola ou a cidade possui (empresas comerciais,
entidades comunitárias, academias, instituições de ensino médio e
superior, de ensino de línguas, escritórios de advocacia, arquitetura e
engenharia, bibliotecas, cinemas, teatros, museus, videolocadoras,
postos de saúde, grupos musicais e de dança, clubes, grafiteiros,
outros profissionais, etc.), que já podem ir sendo associados à
inteligência mais utilizada nas atividades desenvolvidas por essas
pessoas ou instituições. (FREITAS; PÉREZ, 2012, p. 66).

Dentre as diversas possibilidades de parceria, Benedita, Consolação e Nádia


elaboraram uma lista a ser apresentada para a gestão escolar a fim de dinamizar
junto à equipe a efetivação das ações propostas. O objetivo é contribuir para o
desenvolvimento de habilidades e talentos de toda escola.
Esperamos que essa sugestão também inspire você a pesquisar sobre
possibilidades de parcerias a serem desenvolvidas com sua escola. Inicie fazendo
um levantamento de ações que poderão ser levadas adiante com os possíveis
parceiros. Para inspirar você nessa iniciativa, sugerimos que visite o site do
programa Cultura é currículo que integra o conjunto de ações definidas pela
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para concretização da sua política
educacional.

Clique no link seguinte para acessar o programa Cultura é currículo


http://culturaecurriculo.fde.sp.gov.br/

Saiba mais (vídeo)

Após fazer um levantamento das possíveis parcerias a serem efetivadas, o


trio de colegas objetiva implantar o Programa escola da família inspirado no projeto
desenvolvido nas escolas da rede estadual de ensino do estado de São Paulo.

Figura 12

Fonte: Cupertino e Arantes (2012, p. 59)

Antes de prosseguir com nosso raciocínio sobre a forma de proceder junto


aos estudantes com AH/SD no contexto da escola/sala de aula, vamos fazer uma
paradinha para assistir a esse vídeo (live) que nos retrata sobre os aspectos afetivos
mediante o desenvolvimento de talentos e como trabalhar os aspectos sócio-
emocionais no modelo de enriquecimento.
Figura 13

Fonte: YouTube

A riquíssima discussão apresentada nessa live nos faz repensar o quão


importante é o diálogo entre teoria e prática, que incide em nosso falar e agir. Outra
questão relevante é manter o equilíbrio no trato com as diferenças tanto nos
aspectos cognitivos quanto afetivos.
Clique nos links seguintes para acessar a live imperdível com a Professora
Angela Virgolim. Ela está divida em duas partes e vale muito assistir cada segundo
dessa discussão producente.

[Dra. Karina Convida] - Dra. Angela Virgolim


O Universo Emocional do Superdotado! Parte 01.
https://www.youtube.com/watch?v=BqkrEWzCtTo

[Dra. Karina Convida] - Dra. Angela Virgolim


O Universo Emocional do Superdotado! Parte 02 Final

https://www.youtube.com/watch?v=BB6-UWP1A6Q

Vocabulário

Adaptações curriculares - Constituem possibilidades educacionais para atuar


frente às condições de aprendizagem dos alunos com altas habilidades/
superdotação. Pressupõem que se realize a adequação para enriquecimento ou
aprofundamento do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado
às peculiaridades dos alunos. De acordo com Brasil (2003), não se trata de um novo
currículo, mas de um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que
atenda realmente a todos os educandos.

Criatividade – De acordo com Martinez (2001, p. 92), a criatividade, como conceito,


constitui uma construção teórica elaborada na busca de apreender uma realidade
psicológica que se define, essencialmente, por dois critérios que são relativos: os
critérios de novidade e de valor; existindo consenso entre os especialistas de que a
criatividade se refere à capacidade de produzir algo que, simultaneamente, é novo e
valioso em algum grau. Existem vários conceitos sobre criatividade. Em geral, todos
concordam que algo criativo tem que atender aos critérios de ser original e útil, em
um determinado tempo histórico. Pereira (2007, p. 16) pontua que um produto ou
ideia, para serem considerados criativos, têm que contar com a concordância de um
grupo social, em um determinado momento do tempo.

Enriquecimento extracurricular - É outra forma de desejável flexibilização


curricular que pode ocorrer na escola do aluno ou em outro ambiente educacional.
Esse tipo de enriquecimento pode ser realizado em salas de recursos, centros de
atendimento ou outros programas específicos. O Modelo Triádico de Enriquecimento
sugerido por Renzulli (1994) é um exemplo, no qual propõe que o atendimento aos
alunos com altas habilidades/superdotação deve englobar atividades dos tipos I, II e
III.

Enriquecimento intracurricular - Envolve estratégias que modificam, flexibilizam e


diversificam esse currículo, considerado como o “quê, quando e como ensinar” e,
consequentemente, o “quê, como e quando avaliar” (BRASIL, 1999, p. 31). São
estratégias que poderão contribuir para orientar os professores de sala de aula na
compactação, flexibilização e desenvolvimento de atividades de enriquecimento na
própria sala de aula como proposto por Renzulli (1997) no seu Modelo de
Enriquecimento para toda a escola. Freitas (2012) elucida que essas ações são
desenvolvidas pelo professor regente ou pelo professor das diferentes disciplinas na
sala de aula regular.
Assimile

As escolas em sua maioria estão saturadas pelo modelo dedutivo de


aprendizagem e fundamentadas em um currículo norteado por modelos rígidos de
provas e testes. Ao contrário dessa proposta, é preciso organizar os serviços
educacionais, em outras palavras, o como ensinar. Daí a importância de uma maior
flexibilidade no currículo, e consequentemente, nas práticas pedagógicas.
Nesse contexto, retomamos os estudos de Renzulli (2004) observados na
representação gráfica a seguir.

Figura 14

Fonte: Virgolim (2007, p. 36)

A representação gráfica nos aponta áreas de desempenho gerais e


específicas às quais contribuem para organização do planejamento por área de
interesse individual ou em grupos (pool de talentos), nas áreas da superdotação
acadêmica ou produtivo-criativa13. A formação desses grupos devem estar de
acordo com a identificação, tipo de superdotação e área das habilidades14 de seu(s)
interesse(s), e assim, construir/oferecer projetos e pesquisas de complementação e
suplementação dos estudos e saberes dos estudantes.

13
Conceitos trabalhados no módulo I
14
Ver anexo I
Diante do exposto, o professor necessita identificar o perfil do estudante para
permitir possibilidades e provocações para novos desafios ao avançar para
atividades que aprimorem pontos fortes e do interesse (RENZULLI,2004). Ao refletir
sobre essa necessidade, as colegas Benedita, Consolação e Nádia estão cada vez
mais convencidas de que é preciso socializar esses conhecimentos com a equipe
escolar, quais sejam: ampliar atividades de enriquecimento com estratégias e
recursos que sejam significativas atrativas e dinâmicas e promovam a criatividade.
Nesse contexto, elas pretendem utilizar outro recurso no planejamento de
ensino para o estudante com e sem comportamentos de AH/SD, que são os
softwares educativos. No caso de Carlinhos e dos demais que forem fazer parte do
grupo de talentos, o trabalho em sala pode contar com pesquisas individuais ou em
pequenos grupos, monitorias, tutorias, mentorias, atividades do tipo I e II.
Renzulli (2004) orienta que devem ser utilizados recursos metodológicos e
métodos autênticos de investigadores profissionais. A partir dessa consideração, o
trio de colegas elabora uma série de atividades que poderão ser desenvolvidas e
adequadas conforme as necessidades dos alunos. Elas consultaram as
possibilidades apresentadas por Cupertino e Arantes (2012) 15 para elaborar as
sugestões a serem desenvolvidas.

 Atividades artísticas com gesso ou argila, visando criar uma história que
se transformará em um livro ou poesias;
 Exercícios que possibilitem dinamizar o pensamento divergente;
 Montar e desmontar figuras e objetos como peças de jogos, que se
transformarão em uma exposição de fotos;
 Apresentações em sarau: produção e exposição oral de textos, visando
ampliar o universo linguístico e ortográfico;
 Exercícios matemáticos com realização de exercícios de Sudoku;
 Língua inglesa, com tradução de músicas;
 Informática, com a utilização das mídias de jogos, visita ao museu de
história da arte, navegando no universo virtual.
Diante das possibilidades apresentadas, a professora Consolação buscou
fazer cursos e pesquisas na área de tecnologias e mídias. Essa capacitação lhe

15
Disponível em:
http://cape.edunet.sp.gov.br/cape_arquivos/Um_Olhar_Para_As_Altas_habilidades_2%C2%B0_Edi%
C3%A7%C3%A3o.pdf Acesso em: 29 dez. 2022
possibilitaria subsídios para prestar assessoramento às professoras Benedita e
Nádia na elaboração de projetos e recursos didáticos para aulas que envolvessem
conhecimento por meio de exposições digitais.
As professoras estavam motivadas a desenvolver o projeto com seus alunos
para contribuir com o protagonismo e autoria de pensamento. As atividades com
informática tratam-se, segundo Warschauer (2006), de recursos bastante flexíveis os
quais permitem aos professores a individualização do ensino, favorecendo também a
interação dos estudantes.
Ao levar os conteúdos e tecnologias digitais para sala de aula, os professores
se aproximam da realidade dos seus estudantes, podendo desenvolver propostas
com os softwares educativos que levem em consideração os interesses, o contexto
educacional e familiar do estudante, envolvendo áreas socioafetivas, cognitivas,
linguísticas, motoras dentre outras. A esse respeito, Fleith (2006) explica que

[...] as influências do ambiente desempenham um papel fundamental


para o desenvolvimento do potencial de cada criança. Propiciar
condições que permitam a ela expressar seus interesses e
desenvolver possíveis talentos deveria ser o ponto de partida de uma
educação diferenciada. (FLEITH,2006 p.11).

Essas condições devem ser propiciadas e sempre tutoriadas /acompanhadas


pelo profissional da área especializada. Isso se faz necessário, já que a utilização de
softwares com programas de tutorial, exercícios e práticas que priorizam o
computador em detrimento do aluno deve ser utilizada com cautela e
monitoramento. Recomenda-se o uso de planilhas, editores de texto, programas de
desenho e pintura, criação de música, jogos educativos, entre outros. Devem ainda,
reunir elementos para reorganizar tempos, espaços e situações que garantam os
direitos de aprendizagem de todas as crianças (BNCC, 2018).
Seguindo essas considerações, as professoras consideraram que os
softwares poderão ser muito úteis não somente para aprimorar o talento de quem
tem interesse na área, mas também para possibilitar a pesquisa a todos. Assim, eles
poderão escrever suas histórias, focalizar nos centros de interesse, elaborar peças
teatrais, poemas e tantas outras possibilidades.
A partir das possibilidades apresentadas, será possível efetivar uma proposta
de atividades em sala de aula e também extracurriculares. Não é demais lembrar
que as atividades serão desenvolvidas de modo a atender os diferentes estilos de
aprendizagem dos estudantes, bem como organizar junto à coordenação
pedagógica, familiares e comunidade escolar, os demais encaminhamentos.

Reflita

Ao longo do curso, percebemos a importância do pensamento criativo nas


altas habilidades/superdotação. Entendemos que o desenvolvimento da criatividade
é fundamental para todos os estudantes e não somente para aqueles que
apresentam AH/SD. Diante dessa constatação, apresentamos uma parábola para
você refletir e pensar em soluções para resolver a problemática apresentada.
Apresentamos a seguir o texto de Cunha (1977, p. 3-5), intitulado Parábola
dos seixos. Vamos exercitar nosso pensamento e refletir sobre qual estamos
utilizando mais?

Há muitos anos, na época em que uma pessoa endividada podia ser atirada
numa prisão, um mercador londrino teve o azar de dever enorme soma de dinheiro a
um prestamista. Este, que era velho e feio, encantou-se pela jovem e linda filha do
mercador.
Propôs, então, um acordo. Disse que cancelaria a dívida do mercador se
pudesse desposar-lhe a filha. Tanto o mercador quanto sua filha ficaram
horrorizados. Aí o esperto prestamista propôs que se deixasse a solução do caso à
Providência. Disse-lhe que colocaria um seixo (pequena semente) preto e outro
branco dentro de uma bolsa de dinheiro vazia e a moça deveria então retirar um dos
seixos.
Se retirasse o seixo preto, tornar-se-ia sua esposa e a dívida de seu pai seria
cancelada. Se retirasse o seixo branco, permaneceria com o pai e mesmo assim a
dívida seria cancelada. Mas no caso de ela se recusar a tirar um seixo, o pai seria
atirado numa prisão e ela morreria de fome. O mercador concordou relutantemente.
Eles estavam num caminho cheio de seixos, no jardim do mercador,
enquanto conversavam, o prestamista inclinou-se para apanhar os dois seixos e ao
fazê-lo foi visto pela moça, cuja visão estava aguçada pelo pavor, a apanhar dois
seixos pretos e colocá-los na bolsa de dinheiro. Ele pediu então à moça que
escolhesse o seixo que indicaria não só a sua sorte como também a do seu pai.
Imagine-se o leitor naquele caminho, no jardim do mercador. O que faria se
fosse a infortunada moça? Se tivesse que aconselhá-la, o que teria sugerido? Que
tipo de pensamento empregaria para resolver o problema?
Poderia acreditar, no caso de haver uma solução, que uma cuidadosa análise
lógica o resolveria. Este tipo de pensamento direto é o pensamento vertical. O
outro tipo é o pensamento lateral ou divergente.
Os que pensam verticalmente não seriam de muita ajuda para uma moça em
tal situação. Segundo a análise que fazem, as possibilidades são basicamente três:
1. A moça se recusaria a retirar o seixo;
2. A moça deveria mostrar a existência de dois seixos pretos na bolsa e expor
o prestamista como impostor;
3. A moça deveria retirar um seixo preto e sacrificar-se a fim de salvar seu pai
da prisão.
Nenhuma dessas sugestões é de muita ajuda, pois se a moça não retirar um
seixo, seu pai vai para a prisão e se ela o fizer, bem, ela terá que casar com o
prestamista.
A moça então meteu a mão na bolsa e retirou um seixo. Porém, antes de
olhá-lo, desajeitada, deixou cair no caminho onde ele logo se perdeu no meio dos
outros.
_ Oh! Que desastrada que sou – disse ela -, mas não tem importância, pois
se olhar dentro da bolsa poderei dizer, pela cor do seixo restante, qual o que eu
escolhi.
Como o restante era evidentemente preto, ela só poderia ter escolhido o
banco, pois o prestamista não ousaria revelar a sua falta de honestidade. Dessa
maneira, usando o pensamento lateral, a moça transformou sua situação
aparentemente impossível noutra bem vantajosa.

Após conhecer a Parábola dos seixos, que tal compartilhá-la com sua turma?
Inicialmente, não compartilhe a brilhante solução da filha do mercador. Motive os
seus alunos a encontrarem possibilidades de soluções para a problemática
apresentada.
Sugerimos que você pesquise mais sobre os exercícios para desenvolver o
pensamento lateral e como você pode aplicá-los com sua turma. Para te auxiliar
nessa busca, compartilhamos uma página que apresenta alguns exercícios. Role o
mouse até o final da página para encontrar as respostas aos desafios apresentados.
Contudo, não faça isso de início, combinado? Antes, procure refletir para exercitar o
seu pensamento lateral em busca de respostas.

Clique no link seguinte para acessar os exercícios propostos:


https://pt.thpanorama.com/blog/psicologia/pensamiento-lateral-26-
ejercicios-efectivos-para-practicarlo.html

Exemplificando com um caso

Ao longo de nosso estudo, aprendemos que o trabalho junto às AH/SD requer


estratégias diferenciadas. Diante disso, compartilhamos com você o relato16 da
Professora Lucyanna de Araújo Domingues de Andrade. Na época da reportagem,
ela conta que dentre os 35 alunos da Escola Classe 106 Norte do Distrito Federal,
três estudantes apresentavam altas habilidades/superdotação.
De acordo com a matéria apresentada na Revista Nova Escola (2009) sobre
as alunas da Professora Lucyanna, Beatriz foi identificada com altas habilidades em
Artes na 1ª série. Laura Helena teve a superdotação em Conhecimentos Gerais
reconhecida quando estava na 2ª série. Lucyanna também percebeu que Daniele
apresentava interesse e capacidade acima da média em todas as disciplinas.
Como o Distrito Federal conta com salas de recursos disponíveis na rede
pública, as meninas tinham acesso duas vezes por semana a atividades de estímulo
no contraturno. Compartilhamos a seguir, alguns trechos da reportagem feita por
Cinthia Rodrigues sob o título: “Repletas de necessidades: Crianças superdotadas
também precisam de atendimento especializado. Saiba como agir com esse
público”.

“São ótimas alunas e, por isso mesmo, me dão mais trabalho do que os
colegas", conta a Professora Lucyanna. Segundo ela, Beatriz chama a atenção
quando faz atividades artísticas e as outras duas perguntam o tempo todo, lembram-
se de detalhes de conteúdo antigo e são muito rápidas na execução de trabalhos.
"Terminam em poucos minutos exercícios que entretêm a turma por duas horas",
diz. Para mantê-las instigadas, Lucyanna chega a dar quatro atividades a mais.
16
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1360/repletas-de-necessidades Acesso em: 12
dez. 2022
Em Matemática, por exemplo, ela usa folhetos de supermercado para trabalhar as
quatro operações. Quando as meninas terminam, pede que aprofundem as
questões, pensem como ficaria a conta se houvesse uma promoção ou quais
produtos um cliente teria de deixar de comprar se tivesse menos dinheiro do que o
valor final. Em Português, todos leram a fábula A Cigarra e a Formiga, de La
Fontaine. Em seguida, escreveram os possíveis diálogos dos personagens - e as
meninas com altas habilidades foram além. "Perguntei se hoje a cigarra poderia
ganhar dinheiro cantando. E elas fizeram uma história a mais.”
Lucyanna também promove a integração ao pedir que as alunas auxiliem os que têm
menor nível de conhecimento. "Às vezes, por explicar com a mesma linguagem
infantil, elas conseguem bons resultados ou, pelo menos, percebem que cada um
tem uma maneira de aprender", diz. Fora tudo isso, a sala dispõe de um varal de
livros, para serem lidos nos intervalos ou quando alguém acaba a atividade antes
que os outros. "A maioria pega os exemplares mais ilustrados para folhear. Elas não:
leem livros que seriam para crianças mais velhas", conta.

Após essa leitura, convidamos você para acessar o nosso Ambiente Virtual de
Aprendizagem – AVA e participar do Fórum de discussão da Atividade 1. Retome
suas anotações referentes à leitura do texto básico desta unidade para exercitar os
conhecimentos aprendidos.
Vamos conversar?

1. Existe oferta de AEE em salas de recursos em seu município?


2. Caso existam, que tipo de atividades e atendimento especializado são
oferecidos? São realizados por professor especializado e com planejamento
de atividades específicas?
3. E sobre os procedimentos desenvolvidos pela professora Lucyanna, o que
você acrescentaria após ter feito leituras e estudos sobre esse assunto?

Sem medo de errar

A avaliação

Mediante todo o contexto percorrido pelas professoras Benedita, Consolação e


Nádia, as colegas entendem com Luckesi (2005) que o processo avaliativo é contínuo,
formativo e personalizado. Nessa perspectiva, a avaliação deve ser acompanhada,
registrada, vista, revista e contextualizada em todo o tempo.
Ao considerar o processo avaliativo dos estudantes com AH/SD, a professora do
AEE tem o importante papel de avaliar se os recursos e propostas de enriquecimento
curricular estão possibilitando o desenvolvimento de conhecimentos metacognitivos
aos estudantes. Também, em consenso com a professora da sala de aula regular, é
preciso traçar alternativas para que os estudantes se auto-avaliem em seu percurso de
forma prazerosa, agregando saberes.
Para tanto, ao conceber a avaliação como instrumento dialético, Benedita e
Consolação necessitam buscar estratégias para legitimar esse processo tanto na sala
regular quanto no AEE. As colegas concordam que o processo avaliativo não deve ser
desenvolvido de forma linear, com rigor e visão homogênea de aprendizado. Ao
contrário, é preciso considerar o perfil acadêmico e as participações dos estudantes no
planejamento diário, nas discussões e estudos escolares.
Nesse viés, Vieira (2014) orienta que

[...] planejar instrumentos de avaliação criativos e que levem em conta


as inteligências múltiplas, nos quais o aluno busque informações extras,
pesquise e aproveite seus próprios saberes na avaliação formal
(VIEIRA, 2014, p.327)

Não é demais assinalar a importância de que a avaliação seja acompanhada


diariamente, conjuntamente e diagnosticamente, em reciprocidade com a realidade de
cada estudante. Nesse caminho, é importante também considerar os projetos de
trabalho e ambientes parceiros, exercendo função social e pedagógica para a
heterogeneidade de atores que compõem o universo educacional.
Aqui cabe ressaltar a importância da formação das professoras Benedita,
Consolação e Nádia, uma vez que agora elas se sentem mais seguras para atender o
público de sua comunidade escolar/sala de aula/sala de recursos e já podem
considerar em seu planejamento a multiplicidade de fatores e a riqueza de interações
de seu cotidiano. A partir dos conhecimentos apreendidos, o trio de colegas está
elaborando ações para considerar,
● Introdução de critérios específicos de avaliação de desempenho para o
processo de avanço/aceleração;
● Modificação de critérios de promoção, tendo em vista o processo de
avanço/aceleração;
● Temporalidade redução de um ano de permanência do aluno na mesma
série ou no ciclo, dentre outras adequações de grande porte.
De igual importância é a avaliação contínua dos processos com registro dos
dados dos alunos ao longo do tempo, acessível a todos os envolvidos. Para tanto,
retomamos os estudos de Manjón (1995) para elucidar que

[...] avaliando, colocando critérios específicos de avaliação de


desempenho para o processo de avanço/aceleração. Modificação de
critérios de promoção, tendo em vista o processo de avanço/aceleração.
Temporalidade Redução de um ano de permanência do aluno na
mesma série ou no ciclo. (MANJÓN, op. cit., 1995, p. 89).

Variadas são as alternativas de explorar, acompanhar e avaliar de maneira


articulada os contextos de aprendizagem e desenvolvimento de talentos. Nesse
momento do percurso o trio de colegas tem conhecimento da importância de um
trabalho colaborativo para ponderar e questionar sobre as respostas de
aprendizagem da sala/estudantes mediante as diferentes estratégias, conteúdos e
dinâmicas de trabalho utilizadas. Diante desse trabalho é possível identificar as
diferentes habilidades dos estudantes para desenvolver um processo avaliativo que
contemple as suas necessidades.
Em suas pesquisas sobre avaliação no contexto das altas
habilidades/superdotação, Nádia compartilhou com suas colegas algumas
orientações de Fletcher-Janzen e Ortiz (2006), citadas por Cupertino e Arantes
(2012). Essas orientações discutem o papel da cultura nos atributos que são
valorizados nas avaliações das altas habilidades/superdotação, tais como,

1. Desenvolver a autoconsciência: “Em qualquer processo de


avaliação, o maior viés está no avaliador.” Temos que ser capazes
de mudar de perspectiva, para compreender o que é valorizado no
contexto da pessoa avaliada.
2. Estabelecer um bom contato e uma relação de confiança, por meio
de informações e de uma boa comunicação. A confiança da família
em quem avalia reflete diretamente no desempenho da criança.
3. Compreender a dinâmica da família e da cultura, de forma que
identifique o que é valorizado ali como talento.
4. Repensar o que é inteligência, revendo e ampliando suas noções
sobre ela.
5. Modificar os indicadores de referência: os profissionais do
ambiente educacional devem oferecer uma gama variada de
atividades, de forma que as crianças possam demonstrar suas
habilidades de maneiras diversas das habituais.
6. Avaliar de forma justa, respeitando o contexto de onde vem cada
criança, e não usando critérios iguais para todas.
7. Interpretar os dados de avaliação de modo equitativo, e não de
acordo com matrizes fixas.
8. Planejar intervenções apropriadas para cada conjunto de
habilidades de acordo com cada contexto. (CUPERTINO; ARANTES,
2012, p. 42)

Além das orientações supracitadas, Nádia compartilhou também com as


colegas uma história narrada por Cupertino e Arantes (2012, p. 42) que ocorreu em
uma aldeia no Novo México.

Em um processo de avaliação de crianças de uma aldeia no Novo México,


os idosos da aldeia deixaram claro, desde o início, que atitudes de questionamento e
manifestações de opinião por parte das crianças não deveriam ser estimuladas pelos
pesquisadores que, pelo contrário, valorizavam muito essas atitudes como sinais de
inteligência e criatividade. Segundo a tradição desse povo, o conhecimento era
transmitido oralmente entre as gerações, portanto, quanto mais fiel fosse a
reprodução de um relato, melhor. Questionamentos, tão valorizados pelos modelos
europeus – e pelos nossos – de educação, eram vistos como fatores de destruição
da cultura, por deturparem o saber que estava sendo transmitido. Por outro lado,
nessa aldeia, a arte era encarada como uma forma satisfatória de transmissão da
cultura, e as crianças eram encorajadas a expressarem-se através dela, definindo-se
aí o espaço de reconhecimento das altas habilidades/superdotação.

Impactadas com essa história e já de posse de vários conhecimentos sobre


altas habilidade/superdotação, as professoras entenderam que no processo de
avaliação é preciso rever os indicadores de referência para avaliar. Também é
necessário ponderar sobre o papel da cultura nesses atributos e as diferentes
formas que os estudantes demonstram suas habilidades.
Agora mais do que nunca, as professoras estão cientes de que podem e
devem na medida do possível, modificar o trabalho pedagógico e as práticas para o
atendimento aos estudantes conforme suas particularidades e necessidades. Isso
deve ocorrer em consonância com os PCNs (1998), com a BNCC(2018) e com os
documentos legais que orientam sobre o processo avaliativo junto ao estudante.
Esse processo deve focalizar modelos de desenvolvimento do fazer
pedagógico e de avaliação justos para cada tipo/grupos de aprendizagem,
respeitando habilidades e interesses.
Atenção

Prezada(o) cursista,
Considerando o que aprendeu até aqui, procure discorrer um pouco sobre
aceleração, flexibilização e enriquecimento curricular em seu Diário de Bordo. A
seguir, apresentamos algumas questões problematizadoras para nortear as suas
anotações.
1) A aceleração, a flexibilização e o enriquecimento curricular acontecem no
Brasil?
2) Eles têm algum amparo legal? Quais?
3) O que você pensa dos modelos de aceleração, flexibilização e
enriquecimento curricular apontados por Renzulli, Perez e Virgolim no contexto
educacional da nossa realidade brasileira?
4) Você considera positiva a efetivação dessa estratégia aqui no Brasil?

Organize um tempo de qualidade para realizar essa atividade de registro da


sua aprendizagem, uma vez que estará colocando em prática o que aprendeu à luz
de seus estudos e reflexões. Agora é com você!

Caso

A aceleração

As professoras Benedita, Nádia e Consolação retomaram as suas anotações


sobre as adaptações curriculares e estratégias para a educação de alunos com
necessidades educacionais especiais (BRASIL, 1999) e combinaram de estudar
mais sobre o assunto da aceleração. A cada novo conhecimento, analisavam o caso
de Carlinhos e outros casos que foram surgiram à medida que compreendiam mais
sobre habilidades e talentos.
As colegas aprenderam que o encaminhamento para uma possível
aceleração deve ser realizado por equipe de multiprofissionais, levando em
consideração os aspectos biopsico-sócio-emocionais do estudante e as condições
de aceitação e trabalho onde o mesmo será encaminhado para acelerar. Em suas
pesquisas, encontraram situações tais como a de um estudante do 3º ano em que foi
indicada a aceleração para o 4º ano. Inicialmente, a equipe escolar avaliou este caso
como reclassificação. No entanto, ao analisar de maneira minuciosa a situação
apresentada pelo aluno, a decisão tomada pela equipe foi de não efetivar a
reclassificação tendo em vista evitar prejuízos na aprendizagem do estudante.
Outro caso encontrado pelas colegas faz parte de um episódio da série de
reportagem Crianças Geniais apresentada pelo Jornal da Record. No decorrer do
curso e ao final de cada unidade compartilhamos um episódio dessa série em nosso
Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA no Moodle. Em se tratando do caso de
aceleração de estudos aplicada a situações reais, o episódio “Crianças Geniais:
irmãs com talentos especiais em artes criam um universo próprio dentro do quarto”
chamou atenção de Benedita, Consolação e Nádia.
De acordo com a descrição do vídeo, as irmãs Emily e Mel apresentam
talentos artísticos. Elas tocam instrumentos e são muito boas com desenhos e
grafites. Já foram convidadas para grafitar pontos de ônibus na cidade de
Sobradinho – DF. Muito interessadas em astronomia, elas criaram um universo
próprio e rico em detalhes, dentro do seu quarto. E o mais impressionante: as
meninas pintaram o cômodo em apenas 3 horas.
Por recomendação de uma equipe de especialistas, as irmãs avançaram
séries em função do seu desempenho acima da média. A dupla estuda em uma
escola pública. Enquanto o processo de aceleração da Mel foi de dois anos, o da
Emily foi de um ano. Isto significa que elas estudam em séries/anos à frente dos
colegas de sua idade. É importante enfatizar que as irmãs demonstram equilíbrio
físico, emocional e maturidade para além da sua faixa etária. Ainda assim, você vai
observar que durante a reportagem, uma das irmãs comenta sobre o fato de estar
em uma classe com pessoas mais velhas que têm maior conhecimento de mundo,
“... você se sente meio confusa”, ela conta.

Para compreender melhor sobre aceleração aplicada a casos reais clique no link a seguir
para conhecer as irmãs Mel e Emily
https://www.youtube.com/watch?v=Wlyn61lxFsg&list=PLAFW6pG7OkZBfYiDb-nL-
SJ2gm_16chro

Outro caso em que houve aceleração no processo de escolarização é o de


Pedro Alonso 17, vocês se lembram? Na ocasião da reportagem, ele já tinha

17
Citado no início dessa unidade.
avançado duas vezes de série e cursava o primeiro ano do ensino médio. Ao retomar
esses casos, não é demais enfatizar que a proposta pedagógica e o regimento escolar
devem pressupor os procedimentos de classificação e reclassificação para que possam
produzir efeitos legais.
Vamos agora conhecer a história do médico mais jovem do Brasil. Estamos falando
do sergipano José Victor Teles que concluiu o curso de graduação em medicina na
Universidade Federal de Sergipe - UFS, aos 20 anos. A reportagem feita pelo canal G1 em
maio de 2021 sob o título “Estudante que começou a cursar medicina aos 14 anos se forma
18
e diz que prioridade é atuar no combate à pandemia em Sergipe” conta que o recém
formado médico afirmou que pretendia atuar na linha de frente no combate à pandemia da
Covid-19. Em suas palavras, “Essa nova leva de médicos muito bem preparados vai
combater o vírus com a juventude, eficiência e a medicina baseada em evidências".

Figura 15

Fonte: https://educacao.uol.com.br/19

No ano de 2015, quando tinha apenas 14 anos e ainda cursava o 1º ano do


Ensino Médio, o adolescente conseguiu o direito de cursar medicina na UFS por meio de
uma autorização judicial. Na época, José Victor escreveu o livro intitulado “Como vencer

18
Disponível em: https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2021/05/11/estudante-que-comecou-a-
cursar-medicina-aos-14-anos-se-forma-e-diz-que-prioridade-e-atuar-no-combate-a-pandemia-em-
sergipe.ghtml Acesso em: 22 dez. 2022
19
Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2021/05/17/aos-20-anos-medico-se-torna-o-
mais-jovem-do-pais-e-vai-atuar-na-pandemia.htm Acesso em: 22 dez. 2022
aos 14”. Em sua primeira obra, ele conta a sua trajetória desde a escola até a universidade,
concluindo esse percurso em tempo bem inferior que os demais estudantes.

Clique no link indicado para assistir à reportagem com José Victor.


Em sua época de estudante de medicina chegou a surpreender os seus professores
com sua dedicação e inteligência.

https://www.youtube.com/watch?v=P6dGlkinL_k

Com o resultado producente de suas pesquisas sobre aceleração no


processo de escolarização, as professoras Nádia e Consolação ficaram
impressionadas com o caso apresentado das irmãs Mel e Emily. Mais
especificamente, a história do Dr. José Victor em decorrência do processo de
aceleração nos estudos foi muito impactante para Benedita.
Diante dessas histórias de vida à luz dos estudos sobre aceleração, as
colegas de curso combinaram de ficar mais atentas às características apresentadas
por seus estudantes com enfoque nas demandas apresentadas. Elas retomaram as
suas anotações das unidades anteriores em que foi explicado sobre a relevância de
acompanhar o desenvolvimento das habilidades e potenciais, bem como a possível
recomendação para aceleração ou maior aprofundamento nas disciplinas em sua
própria série. Não é demais ressaltar que isso deve ocorrer sempre após muita
observação, estudo e consenso de toda equipe que acompanha o desenvolvimento
dos estudantes.
Em síntese, o trio de colegas observou que esses processos podem ocorrer
de diferentes maneiras. A esse respeito, sistematizamos as informações no quadro a
seguir de acordo com os estudos de Freeman e Guenter (2000).

Quadro 8
01. Entrada mais cedo na fase seguinte do processo educativo – do nível da Educação
Infantil em diante;
02. Saltar séries escolares – promoção para séries seguintes;
03. Aceleração por disciplina – frequentar séries mais adiantadas em determinadas
disciplinas;
04. Agrupamento vertical – em classes mistas, com ampla variedade de idades e séries, de
modo que os mais novos possam trabalhar com os mais velhos e mais avançados;
05. Cursos especiais fora da escola que ofereçam mais conhecimento em áreas curriculares
específicas;
06. Estudos paralelos – cursar o Ensino Fundamental e o Ensino Médio ao mesmo tempo, e
assim por diante;
07. Estudos compactados – quando o currículo normal é completado em metade ou terça
parte do tempo previsto;
08. Planos de estudo auto-organizados – estratégia em que os alunos desenvolvem
atividades ou projetos de seu interesse enquanto esperam o resto da classe completar o
que eles já fizeram ou aprenderam;
09. Trabalho com um mentor, especialista de certa área de interesse do aluno, na escola ou
fora dela;
10. Cursos paralelos – por correspondência, televisionados ou outra forma de ensino à
distância.
Fonte: Freeman e Guenter (2000, p. 110)

Diante do exposto, a aceleração é uma estratégia que possibilita o


aprofundamento nos temas de acordo com os interesses e talentos específicos dos
estudantes. No entanto, vale um alerta: é preciso considerar com muita cautela a
possibilidade de aceleração e avaliar se a permanência na série pode ser benéfica
ou não. Isso se faz necessário em função de uma perspectiva para além da
educação conteudista, ao contrário, consideramos a educação como um processo
de formação.

Faça você mesmo

Encantadas com o universo que vivenciaram nos caminhos percorridos após


a primeira conversa que tiveram por ocasião do relato do comportamento de
Carlinhos, as professoras Nádia e Consolação, fizeram uma retrospectiva e
perceberam o quanto haviam crescido em conhecimento e, principalmente, nas
práticas pedagógicas. As colegas haviam conseguido despertar o interesse de
alguns profissionais da escola sobre a importância de um olhar atento e observador
junto aos seus estudantes.
Além disso, em conjunto com a colega Benedita, elas criaram um espaço de
estudos e reflexões sobre AH/SD proporcionado pela gestão da escola. As colegas
convidaram outros professores para participar do grupo de estudo e diante disso,
conforme o grupo se aprofundava nos estudos, foram surgindo novos casos de alunos
com características de altas habilidades/superdotação.
Outro fato importante é que o grupo de estudo conseguiu apoio por meio das
reuniões de conselho de classe para que fossem criados grupos de enriquecimento
curricular intra e extraescolares. A professora Nádia seguiu as sugestões que aprendeu
no curso de aperfeiçoamento e também em seus estudos com o grupo para
proporcionar uma ambiência rica e dinâmica em sua sala de aula, utilizando atividades
de enriquecimento do tipo I e II.
Contudo, nos caminhos do saber e do fazer os professores que fazem parte
do grupo de estudos têm clareza de que os construtos de seriação em que estão
organizadas as escolas ainda não possibilitam a adoção na íntegra do modelo de
enriquecimento proposto por Renzuli (2004). Apesar de recomendado pelo MEC
para todos os estudantes, sua implementação necessita de modificações
significativas no currículo e na visão da escola para todos.
Para tanto, todo caminho em busca de uma escola que trabalhe com ritmos,
tempos e estilos de aprendizagem dos estudantes deve ocorrer em parceria com os
profissionais da classe regular do ensino, com o AEE, com a gestão, com a família e
com toda a comunidade escolar. Nesse caminho, é fundamental estabelecer uma
parceria com o Conselho de Classe, como um referencial de extrema relevância
neste processo.
Ao final dessa parte, convidamos você para acessar o nosso Ambiente Virtual
de Aprendizagem – AVA e participar do Fórum de discussão da Atividade 3.
Retome suas anotações referentes à leitura do texto básico desta unidade para
exercitar os conhecimentos aprendidos.
Vamos conversar?

Agora é com você: Mediante as situações compartilhadas pelas professoras


Benedita, Consolação e Nádia ao longo do texto base dessa unidade, reflita sobre o
contexto em que você está inserido(a).

1. Quais as ações e as propostas que poderão ser desenvolvidas para


viabilizar a educação dos alunos com altas habilidades/superdotação
em sua escola?
2. Quais os possíveis desafios a serem enfrentados nesse caminho?

Indicação de leituras

Caro aluno / Cara aluna,

Para complementar seus estudos, selecionamos artigos, livros e conteúdos


relacionados a cada unidade de estudo. Aproveite!
Ao longo dessa unidade apresentamos variadas indicações de leituras e
sugerimos que você se atente a cada uma delas. Para somar às obras que foram
apontadas no texto base da Unidade III, indicamos as leituras seguintes.

Figura 16

Fonte: Marques e Costa (2018)

Na apresentação do livro de Marques e Costa (2108), algumas questões são


apresentadas: Será possível reconhecer alunos(as) com Altas
Habilidades/Superdotação na Educação Infantil? Como sinalizar e identificar
alunos(as) com precocidade na Educação Infantil? Como realizar o atendimento
ao(à) aluno(a) identificado(a) precocemente? Qual a importância da aceleração?
Como desenvolver um procedimento de identificação e de atendimento em uma sala
de recurso multifuncional? Qual é o papel da escola no processo de inclusão do(a)
aluno(a) com Altas Habilidades/Superdotação? Como se dá a participação dos pais?
Qual a concepção dos professores de se ter, na escola, um(a) aluno(a) com Altas
Habilidades/Superdotação?
Convidamos você para refletir sobre essas questões a partir da leitura do livro
Altas habilidades/superdotação: a intervenção educacional na precocidade a
partir da teoria das inteligências múltiplas.
Para aguçar a sua curiosidade e motivação para ler o livro, compartilhamos o
início do capítulo 5 sobre Os domínios.

Será apresentada, neste Capítulo, uma síntese da relação entre cada


um dos domínios abordados por Gardner, Feldman e Krechevsky
(2001a; 2001b; 2001c), Vieira (2005) e Marques (2013) e as
disciplinas e temas transversais abordados nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, os PCN (BRASIL, 1997), considerando suas
características principais para identificar indicadores de Altas
Habilidades/Superdotação em alunos(as) dos primeiros anos do
Ensino Fundamental. Mas podemos interrogar: por que os PCN?
Porque é este o documento oficial que, apesar do longo período de
21 anos que o separa da atualidade, ainda fundamenta parâmetros
para o Ensino Fundamental. (MARQUES; COSTA, 2018, p. 79).

No capítulo 9 Procedimento de identificação do alto potencial numa visão


multifacetada você vai encontrar diferentes sugestões de atividades com os
diferentes tipos de estratégias que o (a) professor (a) pode usar para compreender e
aproveitar as áreas de competência dos (as) alunos (as). Assim, os autores sugerem
ser importante, antes de planejar as atividades, que o professor promova um
mapeamento de interesse dos (as) educandos(as).
Este mapeamento, segundo Pereira (2014), pode ser realizado por meio de
atividades lúdicas, conversas e dinâmicas de grupo, elaboração de listas, realização
de simulações, oficinas etc. (MARQUES; COSTA, 2018)

Clique no link indicado para ter acesso ao livro


Altas habilidades/superdotação: a intervenção educacional na precocidade a partir da teoria
das inteligências múltiplas

https://pedroejoaoeditores.com.br/site/altas-habilidades-superdotacao-a-intervencao-educacional-
na-precocidade-a-partir-da-teoria-das-inteligencias-multiplas/

Outra indicação de leitura é o livro de Fleith (2007) que aborda sobre A


construção de práticas educacionais para alunos com altas
habilidades/superdotação: volume 2: atividades de estimulação de aluno. Neste
livro, chamamos a sua atenção especialmente para o terceiro capítulo: Modelo de
Enriquecimento Escolar.

Clique no link indicado para ter acesso ao livro de Fleith (2007)


http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab3.pdf

A próxima indicação de leitura complementar aponta que há um


reconhecimento crescente de que indivíduos superdotados podem também
apresentar características típicas daqueles com Transtorno de Asperger. Entretanto,
a literatura referente a esta dupla excepcionalidade é muita escassa, com um
reduzidíssimo número de estudos empíricos realizados sobre a condição. Este artigo
apresenta informações sobre o referido transtorno, com ênfase no histórico e
características associadas à síndrome. (ALENCAR, GUIMARÃES, 2012, p. 95)

Clique no link a seguir para acessar o artigo


Dupla excepcionalidade superdotação e transtorno de asperger: contribuições teóricas

https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4047470#:~:text=H%C3%A1%20um%20reconh
ecimento%20crescente%20de,emp%C3%ADricos%20realizados%20sobre%20a%20condi%C3
Desejamos uma leitura proveitosa! %A7%C3%A3o.

Outra sugestão é a leitura do novo documento informativo sobre Altas


Habilidades/Superdotação lançado pelo MEC em comemoração ao Dia Internacional
da Superdotação, comemorado no dia 10 de agosto. Este informativo visa
apresentar parâmetros para que as redes de ensino da União, Estados, Municípios e
o Distrito Federal possam estabelecer diretrizes e procedimentos para a
identificação, atendimento educacional escolar e atendimento educacional
especializado, realizando o acompanhamento desde a educação básica a superior,
bem como o registro no Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira – INEP.
Dentre outros aspectos abordados, o documento, elaborado por Delou (2022),
inclui uma lista de materiais didático-pedagógicos para utilização nos atendimentos
às pessoas com AH/SD.
Para acessar o link do informativo clique a seguir:

https://www.gov.br/mec/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/secretarias/secretaria-
de-modalidades-especializadas-de-
educacao/InformativoAltasHabilidadesouSuperdotao.pdf?fbclid=IwAR0kFFee3MrTan
QHjboxMn_RqulbYlXhUkCZkF_kLBas1OG_ze4dilnI6Ek

Em novembro de 2022 aconteceu o X Encontro Nacional do ConBraSD –


Conselho Brasileiro para Superdotação. Neste evento de suma importância no
âmbito dos estudos sobre Altas Habilidades/Superdotação foram lançados alguns
livros como resultado de diferentes pesquisas. A seguir, compartilhamos duas obras
de publicação recente que não estão disponíveis gratuitamente para download, mas
que estão à venda nos sites das respectivas editoras, caso seja do seu interesse.
O primeiro livro é intitulado "Altas habilidades em liderança - uma proposta
para a escola". Esta obra foi organizada pelas pesquisadoras Clairen Angélica
Santiago de Oliveira e Rosemeire de Araújo Rangni, com publicação pela Editora
Dialética (2022). Na descrição20 consta que a importância do olhar para a Liderança
incide, enquanto autoras e pesquisadoras, à reflexão de que a escola precisa
valorizar essa área nos estudantes, desde a educação infantil. Sendo assim, esta
obra retrata a possibilidade de identificar e promover atendimento em sala de
recursos multifuncionais na área das Altas Habilidades em Liderança.
O segundo livro lançado no evento é "Dupla Excepcionalidade - Altas
habilidades/Superdotação nos transtornos neuropsiquiátricos e deficiências", dos
pesquisadores Rauni Jandé Roama-Alves e Tatiana de Cássia Nakano com
publicação da Editora Vetor (2021). Esta obra apresenta um panorama sobre os
achados nos quadros comórbidos entre altas habilidades/superdotação e transtornos
neuropsiquiátricos ou deficiências.
Os diagnósticos abordados aqui são: transtornos específicos da
aprendizagem, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtorno do
espectro do autismo, transtornos da comunicação, transtornos depressivos,
transtornos relacionados a trauma e a estressores, transtornos de personalidade,
psicoses e esquizofrenia, transtornos de ansiedade, visão subnormal e
surdocegueira.

20
Disponível em: https://loja.editoradialetica.com/humanidades/altas-habilidades-em-lideranca-uma-
proposta-para-a-escola Acesso em: 22 dez. 2022
No perfil de uma das redes sociais do Conbrasd consta vídeos de divulgação
das duas obras. Você pode acessar nos links a seguir.

Altas habilidades em liderança - uma proposta para a escola


https://www.instagram.com/p/ClhZGZzJ-jD/

Dupla Excepcionalidade – Altas Habilidades/Superdotação


nos transtornos neuropsiquiátricos e deficiências
https://www.instagram.com/p/CleydxSpM8f/

Outra sugestão de leitura é um artigo referente às AH/SD e terminologias


utilizadas no Brasil é “Superdotação no Brasil: até que ponto a terminologia
realmente importa?” de Fleith, Pereira e Alencar (2021) disponível na revista
https://www.instagram.com/p/CleydxSpM8f/
científica Gifted Education International. O estudo aborda a importância de se ter
uma definição clara sobre esse fenômeno, discorre sobre os diferentes termos
utilizados e a forma como isso influencia as políticas e práticas em âmbito brasileiro.
O artigo não está disponível para leitura gratuita, mas caso seja do seu interesse,
poderá verificar as opções de acesso e compra deste artigo a seguir.

Superdotação no Brasil: até que ponto a terminologia realmente importa


https://doi.org/10.1177/02614294211064708

Desejamos uma leitura proveitosa!

Referências

ALVES, D. O. Sala de recursos multifuncionais: espaços para atendimento


educacional especializado. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial, 2006.

ARANHA, M. S. F. Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de


todos os alunos na escola - Alunos com necessidades educacionais especiais,
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial,C327 2002, Série
2

ARAÚJO, M. I.; FRATARI, M. H. D.; SANTOS, C. A. O. Atendimento as altas


habilidades superdotação - AH/SD: considerações sobre o atendimento educacional
especializado - AEE no contexto da educação inclusiva. – Diversa Prática, v. 3, n.
106, p. 106-139 - 1° semestre 2016
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília,
MEC/CONSED/UNDIME, 2018 Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Acesso em: 04 ago. 2021

BRASIL. LDB. LEI Nº 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf. Acesso
em: 04 ago. 2021

BRASIL. LBI. Lei 13.146/2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.
Acesso em: 04 ago. 2021

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais: adaptações curriculares. Estratégias para a
educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília:
MEC/SEF/SEESP, 1999.

BRASIL. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental


Superdotação e Talento, volume II. Série atualidades pedagógicas. Brasília: (1997).
MEC/SEESP

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Escolar. In: Fleith, D. de S. (Org). A construção de práticas educacionais para
alunos com altas habilidades/ superdotação: Volume 2: atividades de
estimulação de alunos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
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CUNHA, R. M. Criatividade e processos cognitivos. 1977. Petrópolis: Vozes

CUPERTINO. C. M. B. (ORG). Um olhar para as altas habilidades: construindo


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DELOU, C. M. C. Sucesso e fracasso escolar de alunos considerados


superdotados: um estudo sobre a trajetória escolar de alunos que receberam
atendimento em sala de recursos de escolas da rede pública de ensino. 2001. Tese
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