Você está na página 1de 10

Direitos e deveres dos deficientes

São muitos os obstáculos que as pessoas com deficiência encontram em Portugal no dia a dia.
Embora nos últimos anos tenham existido algumas mudanças para melhorar a vida destas
pessoas com incapacidade, as dúvidas ainda são muitas quanto aos seus direitos e apoios
estatais.
Os direitos e deveres dos cidadãos portadores de deficiência física ou mental estão
consagrados na Constituição da República Portuguesa. No seu artigo 71, o Estado obriga-se "a
realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos
cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias".
Em 2009, Portugal ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência cujo
objetivo é promover, proteger e garantir os seus direitos humanos e liberdades fundamentais.
As pessoas com deficiência começam a ser vistas como detentoras de direitos. A aproximação à
deficiência, baseada nos direitos, significa na prática que as pessoas com deficiência são
sujeitos da lei.

Centra-se no ser humano e tem como finalidade dotar as pessoas com deficiência dos meios
necessários a assegurar-lhes a participação ativa na vida política, económica, social e cultural
de maneira observadora e respeitadora da sua diferença.

A aproximação aos direitos humanos da deficiência coloca uma ênfase crescente na


participação das pessoas com deficiência e os seus representantes na formulação e
implementação dos programas e políticas que os afetam.

Direitos fundamentais das pessoas com deficiência

Direito à vida, a um nome, a ter uma família e com ela viver à proteção de um modo particular
designadamente:
• Deteção e intervenção precoce;
• Reabilitação
• Inserção e inclusão social

Direito à educação e à orientação Profissional, frequentar escolas adequadas à sua


problemática, com professores e técnicos preparados para as suas necessidades de
aprendizagem e de desenvolvimento.

O direito ao trabalho traduzido na igualdade de oportunidades no acesso a um posto de


trabalho, no direito a uma eficaz formação profissional, no direito à adaptação do posto de
trabalho às suas necessidades e capacidades, no direito às mesmas condições de tratamento
no que diz respeito às remunerações na realização do trabalho, tanto quanto possível, em
regime socialmente integrado e na interdição de quaisquer formas ou práticas de exploração e
descriminação.

Direito à cultura recreação/lazer e desporto garantindo que as pessoas com deficiência utilizem
totalmente o seu potencial criativo artístico intelectual e desportivo não só para beneficio
próprio mas também para enriquecimento da comunidade.

Direito à integração e participação numa comunidade acessível a todos os membros


nomeadamente;
• Meios de transporte públicos adaptados;
• Eliminação de barreiras arquitetónicas;
• Edifícios públicos e habitações acessíveis;
• Dispositivos de ajuda à vida diária;
• Um novo conceito de planificação das estruturas sociais;
• Serviços acessíveis que permitam às pessoas com deficiência viver tão
independentemente quanto possível na comunidade.

Direito à liberdade de expressão e culto.

Direito à liberdade de informação e expressão sem impedimentos nem discriminações.

A nível institucional
Direitos

Ser tratados com respeito e dignidade

•Este direito humano fundamental será respeitado por todos os intervenientes no


processo de reabilitação, tanto no que respeita à prestação técnica como nos aspetos
de comunicação, formas de acolhimento, orientação e encaminhamento dos clientes,
mantendo um relacionamento digno, respeitador, igual.

Ser respeitadas as suas opiniões, ideias, modos de vida e de cultura

•Cada cliente é um indivíduo com as suas convicções próprias e valores culturais e


religiosos, os quais devem ser respeitados e garantida a sua satisfação. Em nenhum
caso serão aceites atitudes ou formas discriminatórias.

Receber cuidados apropriados, contínuos e com qualidade, em tempo útil

•Os serviços de reabilitação estarão acessíveis a todos os cidadãos, de forma a prestar,


em tempo útil, os cuidados técnicos e cientificamente adequados ao processo de
reabilitação.

Beneficiar de todos os serviços existentes ou a criar, necessários e adequados ao seu


projeto de vida
• Todos os cidadãos com deficiência e/ou incapacidade, obterão uma resposta
pronta e eficiente que se integre num plano de intervenções continuadas, de modo a
proporcionar-lhes um acompanhamento adequado do seu processo de reabilitação ou
necessário ao desenvolvimento do seu projeto de vida.
•Aos clientes, famílias e outros significativos, serão ainda proporcionadas informações
e conhecimentos que se mostrem essenciais aos cuidados que a pessoa com
deficiência e incapacidade deve receber no seu domicílio.

Participar na organização e no funcionamento da CERCIFAF, em condições de igualdade

•Todos os clientes têm o direito de participar na construção do seu projeto de vida, na


medida das suas capacidades e possibilidades, projeto que passa pela organização e
funcionamento do trabalho organizacional, não podendo ser-lhes negado o acesso por
qualquer outra razão que não dependa da sua vontade, capacidade e interesse ou de
quem os representa.

Ser informados e esclarecidos sobre tudo o que lhes diga respeito

•O direito à informação será exercido em modo ajustado e prestado de forma clara,


tendo em conta as condições de receção da informação, a personalidade e o perfil da
pessoa e as (in)capacidades de compreensão das mensagens pelos clientes.

Consultar as informações que constam do seu processo

•O cliente tem o direito de tomar conhecimento e consultar os dados registados no PI,


e solicitar esclarecimento sobre informações que eventualmente considere
desadequadas, prejudiciais para o cliente ou significativos, e desnecessárias.

Aceitar ou recusar a divulgação dos seus dados pessoais e o uso da sua imagem
•O Cliente ou quem o represente, tem o direito de não aceitar que os seus dados
pessoais e/ou o uso da sua imagem sejam utilizados para fins de divulgação, seja qual
for a razão que só a si diz respeito e tem de ser acatada.

Fazer-se representar e/ou indicar os seus representantes

•No âmbito das suas responsabilidades, a organização e os colaboradores ficam


obrigados a respeitar as determinações da lei assim como a vontade expressa dos
clientes, quando aquelas existem ou estas se apresentam como tais.

Exigir privacidade e confidencialidade sobre informações e dados pessoais

•A vida privada ou familiar do cliente não pode ser objeto de intromissão, a não ser
que se revele necessário para o processo de reabilitação e o cliente ou familiar
expresse o seu consentimento.
•A confidencialidade de toda a informação referente a um cliente tem como finalidade
proteger a sua esfera privada e personalidade. Contudo, se o cliente, ou seus
familiares, explicitarem o seu consentimento e não houver ilícitos prejuízos para
terceiros, ou se a lei o determinar, pode esta informação ser utilizada.

Apresentar sugestões e reclamações e obter resposta às mesmas

•Esta interação obriga a que, aos clientes, seja facilitado o acesso ao Sistema de
sugestões e Reclamações, e em tempo útil e pelos meios mais adequados, lhes seja
dado conhecimento sobre o seguimento das suas sugestões ou reclamações

Deveres

Cuidar da sua saúde física e psíquica


•O cliente, ou seus familiares, têm o dever de zelar pelo seu estado de saúde física e
psíquica, de forma a garantir o seu bem-estar e o seu restabelecimento.

Respeitar os direitos de todas as outras pessoas, incluindo os seus colegas de trabalho


e os trabalhadores e responsáveis da Instituição

• Ao cliente cumpre respeitar os direitos dos seus colegas, os colaboradores


responsáveis e dirigentes da instituição, assim como os restantes utilizadores dos
serviços e os visitantes da instituição.

Contribuir de modo positivo para o seu processo de educação, formação e reabilitação

• O cliente, seja qual for a sua situação, tem o dever de se empenhar ativamente
nas atividades e ações de reabilitação e aprendizagem definidas no seu processo de
educação e formação, com atitudes e comportamentos positivos, contribuindo
ativamente para que sejam alcançados os resultados pretendidos com a prestação de
serviços.

Colaborar com os profissionais ao serviço da Instituição

• A cooperação e confiança do cliente nos profissionais que lhe prestam serviços


e fundamental no processo de reabilitação. Neste sentido, o cliente deverá colaborar
com os profissionais, fornecendo as informações relevantes ou colocando as suas
dúvidas, de modo a poder ser apoiado, da melhor forma, nas suas necessidades e
expetativas.

Utilizar os serviços de acordo com as regras estabelecidas

• O cliente ou seus familiares, respeitarão as regras de funcionamento da


Instituição e assumirão uma postura empenhada, participativa e responsável, no
processo de reabilitação em curso.
Cumprir as regras definidas, acordadas e comunicadas

• O cliente, ou seus familiares, deverão cumprir com diligência e empenho, as


tarefas que lhes forem comunicadas e informadas, respeitando as regras e os
mecanismos de funcionamento estabelecidos.

Cooperar na redução de consumos e despesas desnecessárias

• Sabendo-se que os recursos e meios são de todos, mas são sempre escassos
para as necessidades efetivas, também os clientes têm o dever de colaborar com a
instituição no sentido de evitar e reduzir despesas desnecessárias, evitar os
desperdícios de energia, água ou outros bens essenciais.

Pagar os encargos que derivem da prestação de serviços

 O cliente, os familiares, ou outros significativos, procederão atempadamente


ao pagamento dos encargos pelos serviços prestados aos clientes, de acordo
com as formas, montantes e modalidades que foram previamente definidos e
comu Principais Proteções Sociais da pessoa com deficiência

A pessoa com deficiência, principalmente a que tem um grau de incapacidade igual ou


superior a 60% comprovado pelo AMIM, poderá usufruir de determinadas proteções
sociais. Apresentamos em seguida as principais: 

Bonificação do abono de família para crianças e jovens com deficiência 

É um acréscimo ao abono de família, quando as crianças e jovens com deficiência


precisam de apoio pedagógico ou terapêutico.

Proteção Social para a Inclusão  


Concretiza-se numa prestação pecuniária composta por três componentes: compensar
os encargos gerais acrescidos devido à situação de deficiência; combater a pobreza da
pessoa com deficiência; compensar encargos específicos devidos à deficiência.

Subsídio de educação especial 

Destina-se a crianças e jovens com deficiência e idade inferior a 24 anos. Tem como
fim compensar os encargos despendidos com formas específicas de apoio; por
exemplo, a frequência de estabelecimentos adequados.

Subsídio para assistência a filho com deficiência, doença crónica ou doença


oncológica  

É uma prestação atribuída ao pai ou à mãe (ou titular do direito de parentalidade),


com o fim de compensar os rendimentos de trabalho perdidos durante os períodos em
que, para acompanhar o filho, não conseguem trabalhar. 

Cada pessoa possui capacidades diferentes, sejam psicológicas, físicas ou emocionais, o que faz
com que tenham vidas diferentes e únicas. Contudo, nalguns casos, é possível que alguma
dessas capacidades não se tenha desenvolvido ou que se tenham perdido, falando-se então de
deficiência. Entre estas existe :
• Deficiência motora
• Deficiência sensorial
• Deficiência intelectual
• Deficiência psíquica
• Deficiência visceral
• Deficiência múltipla

Deficiência motora
As pessoas com a deficiência física ou motora apresentam uma alteração no seu aparelho
locomotor, devido a um mal funcionamento dos sistemas nervoso, muscular, e/ou ósseo
articular. Esta alteração dificulta ou impossibilita a mobilidade funcional de uma ou várias
partes do corpo.
Pode ser transitório, por exemplo, devido a imobilizações por traumatismos ou permanente
como as produzidas por processos infecciosos como a poliomielite, por más formações
neurológicas ou acidentes.
Deficiência sensorial
As pessoas com deficiência sensorial, devido à afetação de um ou vários sentidos, apresentam
uma diminuição importante do volume de informação que recolhem do ambiente que os
rodeia. Atendendo ao sentido afetado classificam-se em:
Deficiência visual. Refere-se à perda ou diminuição da visão, englobando toda a etiologia e
graus de severidade. Para entender a realidade que entranha esta deficiência, basta ter em
conta que através da vista se obtém 80% da informação do mundo exterior.
Deficiência auditiva. Define-se como a perda ou a anormalidade funcional do sistema auditivo
e tem a sua consequência imediata numa dificuldade para ouvir, o que implica também
dificuldades no acesso à linguagem e à fala pelo que, qualquer transtorno na perceção auditiva
em idades precoces afeta ao desenvolvimento linguístico, comunicativo e aos processos
cognitivos. Para se considerar uma deficiência auditiva, a deficiência deve afetar ambos
ouvidos.
Deficiência Intelectual
Implica uma série de limitações significativas nas habilidades que a pessoa aprende para
funcionar na sua vida diária, compreender o entorno e interagir com o mesmo.
As pessoas com deficiência intelectual têm dificuldades nas habilidades cognitivas, isto é, todas
aquelas relacionadas com o processamento da informação: atenção, perceção, memória,
resolução de problemas, compreensão, estabelecimento de analogias…
Deficiência psíquica
Fala-se de deficiência quando se apresentam alterações, de forma previsivelmente permanente
e intensa, no comportamento adaptativo ou de relação. Geralmente, derivam de transtornos
mentais como a depressão, a esquizofrenia, o transtorno bipolar, transtornos de
personalidade… Um dos maiores problemas associados para conseguir a integração social
deste coletivo, é a estigmatização social da doença mental, tanto pelas dificuldades de
reconhecimento e aceitação como pelos medos infundados em relação aos mesmos.
Deficiência visceral
Trata-se de uma das deficiências menos conhecidas e, contudo, uma das mais frequentes.
Corresponde com aquelas limitações na vida e participação na comunidade daquelas pessoas
que padecem deficiências funcionais e estruturais nalgum dos sistemas: cardiovascular,
hematológicos, respiratórios, digestivos, metabólicos, endócrinos e geniturinários.
Deficiência múltipla
Caracteriza-se pela presença de diferentes deficiências em diferentes graus e combinações.
Falar de deficiência múltipla, não é apenas somar os tipos de deficiência que uma pessoa pode
ter. Ela consiste na interação que têm juntas, que na maioria dos casos implica aspetos novos e
individuais de diferentes tipos de deficiências. Pode ter características variáveis, dependendo
da idade, assim como da combinação e severidade das suas deficiências.

Você também pode gostar