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Ética e Deontologia

Material Teórico
Direitos e Deveres dos Pacientes

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Alessandra Aparecida Campos

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Direitos e Deveres dos Pacientes

• Direitos e Deveres dos Pacientes


• Projetos de Lei em Tramitação sobre os Direitos dos Pacientes
• Deveres dos Pacientes
• Tutela e Curatela

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Desenvolver as competências no processo de tomada de decisão ética.
· Demonstrar capacidade de argumentação e de decisão éticas na
análise de situações concretas da prática clínica.
· Analisar as principais teorias éticas na sua relação de aplicabilidade
ao contexto da saúde.
· Analisar comportamentos pessoais e profissionais em um quadro de
referência ético-deontológico e legal da profissão com respeito pelos
valores e culturas das pessoas destinatárias dos cuidados de saúde.
· Assumir postura de respeito às diferenças culturais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

Direitos e Deveres dos Pacientes


Já abordamos em outra Unidade desta Disciplina, a importância do
estabelecimento do Código de Nuremberg, precursor na proteção dos direitos dos
pacientes. Esse Código foi proposto por juízes norte-americanos para auxiliar no
julgamento dos médicos nazistas que cometeram diversas atrocidades às pessoas que
estavam confinadas em campos de concentração. Essas pessoas eram submetidas a
diversos procedimentos experimentais que, na maior parte das vezes, terminavam
com a morte dos pacientes.

O Código de Nuremberg aliado à Declaração de Helsinki e às Diretrizes para


Pesquisa em Seres Humanos, desempenharam importante referencial à proposta
da Carta dos Direitos e Deveres dos Usuários do Sistema de Saúde, criado pelo
Ministério da Saúde do Brasil.

No ano de 2006, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n.º 675, de 30 de


março de 2006, que aprova a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, consoli-
dando os direitos e deveres do exercício da cidadania na saúde em todo o País.

Nessa Portaria são abordados seis princípios básicos de cidadania. Juntos,


asseguram ao cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde,
sejam públicos ou privados. A Carta foi uma importante ferramenta para a
divulgação dos direitos do usuário e que teve como objetivo ajudar o Brasil a ter um
sistema de saúde com muito mais qualidade.

Princípios da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde:


Explor

I. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde;
II. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema;
III. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer
discriminação;
IV. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus
direitos;
V. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da
forma adequada; e
VI. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os
princípios anteriores sejam cumpridos.

Em 2009, essa Portaria foi revogada pela Portaria MS n.º 1.820, de 13 de


agosto de 2009, que dispunha sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde.
Nessa Portaria, os princípios foram apresentados sob a forma de artigos, com seus
incisos e parágrafos, explicitados a seguir de forma abreviada:
Art. 2º – Toda pessoa tem direito ao acesso a bens e serviços ordenados e
organizados para garantia da promoção, prevenção, proteção, tratamento
e recuperação da saúde.

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Art. 3º – Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e no tempo
certo para resolver o seu problema de saúde.

Art. 4º – Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor,


realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável
e acessível a todos.

Art. 5º – Toda pessoa deve ter seus valores, cultura e direitos respeitados
na relação com os serviços de saúde.

Art. 6º – Toda pessoa tem responsabilidade para que seu tratamento e


recuperação sejam adequados e sem interrupção.

Art. 7º – Toda pessoa tem direito à informação sobre os serviços de saúde


e aos diversos mecanismos de participação.

Art. 8º – Toda pessoa tem direito a participar dos conselhos e conferências


de saúde e de exigir que os gestores cumpram os princípios anteriores.

Art. 9º – Os direitos e deveres dispostos nesta Portaria constituem a Carta


dos Direitos dos Usuários da Saúde.

Parágrafo único – A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde deverá


ser disponibilizada a todas as pessoas por meios físicos e na internet, no
seguinte endereço eletrônico: www.saude.gov.br
fonte: http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Carta5.pdf

Para o Estado de São Paulo existe também uma legislação a ser seguida e que
possui relação direta aos direitos e deveres dos usuários do sistema estadual de
saúde, a Lei Complementar n.º 791, de 9 de março de 1995, que estabelece o
Código de Saúde no Estado e a Lei Estadual – São Paulo – n.º 10.241, de 17 de
março de 1999, chamada também de Lei Mário Covas.

Nessa Lei, o então governador do Estado de São Paulo, Mário Covas, criou a
permissão para a realização da ortotanásia – direito à morte natural –, que permite
a suspensão de tratamentos que prolonguem a vida de pacientes em estado
terminal ou sem chances de cura. A legislação garante ao paciente o direito de “[...]
recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida”
(MUSTAFA, 2010).

Dois anos depois de sua criação, o próprio ex-governador de São Paulo, Mário
Covas, optou por passar os seus últimos dias de vida em casa, ao lado da família,
deixando o hospital e recebendo apenas cuidados paliativos, utilizando-se da Lei
que o próprio havia sancionado.

Muita discussão a respeito da possibilidade de realização da ortotanásia ocorreu


posteriormente à Lei Mário Covas, justamente pelo fato desta permitir o direito de
autonomia do paciente e, principalmente, garantir o direito de escolha.

Segundo Cardoso (2010), quem faz um relato sobre toda a discussão jurídica da
ortotanásia, essa discussão não carece de disciplina jurídica específica, visto que,
segundo os direitos fundamentais, é perfeitamente possível que o paciente interrompa

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UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

seu tratamento de saúde, bem como é recomendável, ética e juridicamente, que


o médico o suspenda depois de demonstrado o desejo do enfermo ou de seus
familiares. Informa ainda a necessidade de um estudo legislativo com a finalidade de
dirimir as dúvidas geradas e demonstrar que o conceito de ortotanásia encontra-se
equivocadamente concebido em todos os projetos legislativos já existentes no País.

Ainda segundo Cardoso (2010), após a promulgação da Lei n.º 10.241/99


e de sua perfeita adequação, tanto social quanto jurídica, o Conselho Federal de
Medicina criou a Resolução n.º 1.805/2006 para disciplinar o agir médico sobre
o desejo do paciente ou de seus familiares, a fim de que fosse observada pelos
médicos em todo o País. Essa Resolução visa garantir que o médico que atender ao
pedido do paciente não pratique um desvio de conduta ética. Assim, a Lei Mário
Covas é destinada aos pacientes e a seus familiares, enquanto a Resolução destina-
se aos médicos.

Direitos dos pacientes, segundo a Lei n.º 10.241, de 17 de março de 1999:

Os pacientes, de qualquer doença, deverão ter, assegurados, os seguintes direitos:


1. Ter um atendimento digno, atencioso e respeitoso.
2. Ser identificado e tratado pelo seu nome e sobrenome.
3. Não ser identificado e tratado por: a) números; b) códigos ou; c) de modo
genérico, desrespeitoso ou preconceituoso.
4. Ter resguardado o sigilo sobre seus dados pessoais, desde que não acarrete
riscos a terceiros ou à saúde pública.
5. Poder identificar as pessoas responsáveis direta e indiretamente por sua
assistência, através de crachás visíveis, legíveis e que contenham: a) nome
completo; b) função; c) cargo; e d) nome da instituição.
6. Receber informações claras, objetivas e compreensíveis sobre: a) suspeitas
diagnósticas; b) diagnósticos realizados; c) ações terapêuticas; d) riscos,
benefícios e inconvenientes provenientes das medidas diagnósticas e
terapêuticas propostas; e) duração prevista do tratamento proposto; f)
a necessidade ou não de anestesia, o tipo de anestesia a ser aplicada,
o instrumental a ser utilizado, as partes do corpo afetadas, os efeitos
colaterais, os riscos e conseqüências indesejáveis e a duração esperada do
procedimento; g) os exames e condutas a que será submetido; h) a finalidade
dos materiais coletados para exame; i) as alternativas de diagnóstico e
terapêuticas existentes no serviço em que está sendo atendido e em outros
serviço; e j) o que julgar necessário.
7. Consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e esclarecida, com adequada
informação, procedimentos cirúrgicos, diagnósticos e/ou terapêuticos a que
será submetido, para os quais deverá conceder autorização por escrito,
através do Termo de Consentimento.
8. Ter acesso às informações existentes em seu prontuário.

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9. Receber, por escrito, o diagnóstico e o tratamento indicado, com a assinatu-
ra do nome do profissional e o seu número de registro no órgão de regula-
mentação e controle da profissão.
10. Receber as prescrições médicas: a) com o nome genérico das substâncias;
b) datilografadas ou em caligrafia legível; c) sem a utilização de códigos
ou abreviaturas; e d) com o nome legível do profissional, assinatura e seu
número de registro no órgão de controle e regulamentação da profissão.
11. Conhecer a procedência do sangue e dos hemoderivados e poder verificar,
antes de recebê-los, os carimbos que atestaram a origem, sorologias
efetuadas e prazos de validade.
12. Ter anotado em seu prontuário, principalmente se inconsciente durante
o atendimento: a) todas as medicações, com as dosagens utilizadas; e b)
o registro da quantidade de sangue recebida e dos dados que permitam
identificar a sua origem, as sorologias efetuadas e prazos de validade.
13. Ter assegurada, durante as consultas, internações, procedimentos diag-
nósticos e terapêuticos, e na satisfação de suas necessidades fisiológicas; a)
a sua integridade física; b) a sua privacidade; c) a sua individualidade; d)
o respeito aos seus valores éticos e culturais; e) o sigilo de toda e qualquer
informação pessoal; e f) a segurança do procedimento.
14. Ser acompanhado, se assim o desejar, nas consultas, exames e no momento
da internação por uma pessoa por ele indicada.
15. Ser acompanhado, se maior de sessenta anos, durante o período da
internação, de acordo com o que dispõe o Estatuto dos Idosos.
16. Ser acompanhado nas consultas, exames e durante a internação se for
menor de idade, de acordo com o que dispõe o Estatuto da Criança e
do Adolescente.
17. Ter asseguradas durante a hospitalização a sua segurança e a dos seus
pertences que forem considerados indispensáveis pela instituição.
18. Ter direito, se criança ou adolescente, de desfrutar de alguma forma de
recreação, prevista na Resolução n.º 41, do Conselho Nacional de Direitos
da Criança e do Adolescente.
19. Ter direito durante longos períodos de hospitalização, de desfrutar de
ambientes adequados para o lazer.
20. Ter garantia de comunicação com o meio externo como, por exemplo,
acesso ao telefone.
21. Ser prévia e claramente informado quando o tratamento proposto estiver
relacionado a projeto de pesquisa em seres humanos, observando o que
dispõe a Resolução n.º 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho
Nacional de Saúde.

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UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

22. Ter liberdade de recusar a participação ou retirar seu consentimento em


qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao
seu tratamento.
23. Ter assegurada, após a alta hospitalar, a continuidade da assistência médica.
24. Ter assegurada, durante a internação e após a alta, a assistência para o
tratamento da dor e as orientações necessárias para o atendimento domici-
liar, mesmo quando considerado fora de possibilidades terapêuticas atuais.
25. Receber ou recusar assistência moral, psicológica, social ou religiosa.
26. Recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar
a vida.
27. Optar pelo local de morte.

Projetos de Lei em Tramitação sobre os


Direitos dos Pacientes
Em junho de 2016, começou a tramitar na Câmara dos Deputados, o Projeto
de Lei n.º 5.559, de autoria do deputado Pepe Vargas e outros, que dispõe sobre
os direitos dos pacientes e dá outras providências, com a justificativa de positivar
em Lei os direitos do paciente, como forma de qualificar a promoção do cuidado
em saúde.

Para ter acesso à versão integral deste Projeto de Lei e acompanhar o seu desenrolar,
Explor

acesse: https://goo.gl/ihEodR

demais, assista à reportagem apresentada sobre a necessidade de se definir leis mais


Explor

claras para o direito dos pacientes e seus familiares. em: https://youtu.be/8b-xYHnVPCA

O Hospital Amigo da Criança


A Portaria n.º 1.153, de 22 de maio de 2014, redefine os critérios de habilitação
da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (Ihac), como estratégia de promoção,
proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral da criança e da mulher,
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 4º Os Hospitais Amigos da Criança adotarão ações educativas
articuladas com a Atenção Básica, de modo a informar à mulher sobre
a assistência que lhe é devida, do pré-natal ao puerpério, visando ao
estímulo das “Boas Práticas de Atenção ao Parto e ao Nascimento”, na
forma da Recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) no
Atendimento ao Parto Normal.

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Parágrafo único. Dentre as ações referidas no Caput, os Hospitais Amigos
da Criança garantirão a vinculação da gestante, no último trimestre de
gestação, ao estabelecimento hospitalar em que será realizado o parto.

Art. 5º Os Hospitais Amigos da Criança assegurarão às mulheres e aos


seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência
na Atenção Básica, bem como o acesso a outros serviços e grupos de
apoio à amamentação, após a alta.

É por meio dessa Portaria que é permitido às mães ficarem junto aos seus
bebês 24 horas por dia, caso estes necessitem de atendimento especializado,
principalmente nos casos de partos prematuros, sendo este um dos requisitos para
que o Hospital possa atender às prerrogativas e ser considerado Hospital Amigo
da Criança.

Direito dos Pacientes com Doenças Específicas


As leis brasileiras tratam como doenças graves e, para tanto, possuem garan-
tias específicas para as seguintes enfermidades: moléstia profissional; esclerose-
-múltipla; tuberculose ativa; hanseníase; neoplasia maligna – câncer –; alienação
mental; cegueira; paralisia irreversível e incapacitante; cardiopatia grave; doença
de Parkinson; espondiloartrose anquilosante; nefropatia grave; estado avançado
da doença de Paget – osteíte deformante –; Síndrome de Deficiência Imunológica
Adquirida (Aids); fibrose cística – mucoviscidose –; contaminação por radiação e
hepatopatia grave.

No entanto, existem outras doenças graves que ainda não estão contempladas
nas leis; nesses casos específicos, os portadores devem entrar com ações judiciais,
exigindo seus direitos com base no princípio da isonomia.

Autorização para o Saque do Fundo de Garantia por Tempo de


Serviço (FGTS)
Entre as garantias estabelecidas por Lei aos portadores de algumas enfermidades,
pode-se destacar a autorização para o saque do FGTS, nos casos de diagnóstico
de neoplasias malignas, conforme informações constantes na Lei n.º 8.922, de 25
de julho de 1994, que acrescenta dispositivo ao Artigo 20 da Lei n.º 8.036, de 11
de maio de 1990, a fim de permitir a movimentação da conta vinculada quando o
trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna.

Auxílio-Doença e Aposentadoria por Invalidez


Outras garantias são o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, ga-
rantidas a todos os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Essas
garantias foram dadas pela Lei n.º 13.135, de 17 de junho de 2015, onde passou
a constar no Inciso II do Artigo 26 a seguinte redação:

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UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de


qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido
de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três)
anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação,
deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que
mereçam tratamento particularizado.

Neste caso, é necessário que, para obter o auxílio-doença ou a aposentadoria por


invalidez, o segurado possua, pelo menos, doze contribuições mensais e apresente
documentação que comprove a sua condição de saúde.
Nessa mesma legislação, em seu Artigo 151, são apresentadas as doenças que
se enquadram no Artigo 26, caso ainda não tenha sido confeccionada a lista pelos
Ministérios da Saúde e da Previdência Social, a qual deve ser atualizada a cada
três anos.
Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no Inciso
II do Artigo 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e
de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS,
for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase,
alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia
maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave,
doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da
deficiência imunológica adquirida (Aids) ou contaminação por radiação,
com base em conclusão da medicina especializada.

Isenção do Imposto de Renda na Aposentadoria e Pensão


A isenção do imposto de renda na aposentadoria e pensão também é outra
garantia aos portadores de doenças graves, mesmo quando a doença tenha sido
identificada após a aposentadoria ou concessão da pensão.
O aposentado ou pensionista poderá requerer a isenção junto ao órgão compe-
tente mediante requerimento – em duas vias – a ser protocolizado. É necessário lau-
do pericial oficial emitido pelo serviço médico da União, do Estado ou do Município.

Quitação do Financiamento da Casa Própria pelo Sistema


Financeiro de Habitação (SFH)
A quitação do financiamento da casa própria do Sistema Financeiro da Habitação
ocorre nos casos de diagnóstico de invalidez, pois ao adquirir um imóvel financiado
pelo SFH ou outro financiamento, juntamente com as prestações mensais para
quitar o financiamento, paga-se um seguro destinado a quitar o imóvel em caso
de invalidez e/ou morte, desta forma, o seguro quita a parte da pessoa inválida na
mesma proporção que sua renda entrou para o financiamento (BREMER, 2010).

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Saque de Quotas do Programa de Integração Social (PIS) para os
Trabalhadores Cadastrados
Poderá efetuar o saque das quotas o trabalhador cadastrado no PIS que for
portador de câncer, Aids ou cujo dependente for portador dessas doenças.

Poderá efetuar o saque das quotas o trabalhador cadastrado no PIS até 4 de


outubro de 1988, que for portador de câncer, Aids ou cujo dependente for portador
dessas doenças.

Para fins de quotas do PIS, são considerados dependentes:


· Os inscritos como tal nos institutos de previdência social da União, dos
Estados e dos Municípios, abrangendo as seguintes pessoas:
· Cônjuge ou companheiro(a);
· Filho de qualquer condição, menor de 21 anos de idade ou inválido;
· Irmão de qualquer condição, menor de 21 anos de idade ou inválido;
· Pessoa designada menor de 21 anos ou maior de 60 anos de idade ou
inválida;
· Equiparado(s) ao(s) filho(s) – enteado menor sob guarda e menor sob
tutela judicial que não possua bens suficientes para o próprio sustento.
· Os admitidos no regulamento do imposto de renda – pessoa física –,
abrangendo as seguintes pessoas:
· Cônjuge ou companheiro(a);
· Filha ou enteada, solteira, separada ou viúva;
· Filho ou enteado de até 21 anos de idade, ou maior de 21 anos de
idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho;
· Ao menor de 21 anos de idade que o contribuinte crie ou eduque e do
qual detenha a guarda judicial;
· Irmão, neto ou bisneto, sem arrimo dos pais, com até 21 anos de idade,
quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho;
· Pais, avós ou bisavós;
· Incapaz, louco, surdo, ou mudo que não consiga expressar a sua
vontade, e o pródigo, assim declarado judicialmente;
· Filhos, enteados, irmãos, netos ou bisnetos, se cursando Ensino
Superior, são admitidos como dependentes até completarem 24 anos
de idade.

Os documentos necessários para solicitar o saque na Caixa Econômica Federal são:


· Comprovante de inscrição no PIS/Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (Pasep);

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UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

·· Carteira de trabalho;
·· Carteira de identidade;
·· Documentos comprobatórios do motivo do saque:
·· Atestado fornecido pelo médico que acompanha o tratamento do
portador da doença, contendo as seguintes informações:
·· Diagnóstico expresso da doença;
·· Estágio clínico atual do paciente/doença;
·· Classificação Internacional da Doença (CID);
·· Menção à Resolução n.º 1/96, do Conselho Diretor do Fundo de
Participação PIS/Pasep;
·· Carimbo que identifique o nome/CRM do médico;
·· Cópia do exame histopatológico ou anatomopatológico que com-
prove o diagnóstico;
·· Comprovação da condição de dependência do portador da doen-
ça, quando for o caso. O trabalhador poderá receber o total de
quotas depositadas.

Caso o PIS não esteja cadastrado na Caixa Econômica Federal, o trabalhador


deverá verificar junto ao Banco do Brasil se o mesmo não está cadastrado como
PIS/Pasep, pois o saque será efetuado da mesma maneira.

Deveres dos Pacientes


Assim como foram apresentados os direitos dos pacientes usuários do sistema
de saúde, existem também os deveres dos pacientes, assim elencados:
1. O paciente e/ou seu responsável legal tem o dever de dar informações
precisas, completas e acuradas sobre o seu histórico de saúde, doenças
prévias, procedimentos médicos anteriores e outros problemas relacionados
à sua saúde;
2. O paciente tem o dever de informar as mudanças inesperadas de seu estado
de saúde atual aos profissionais responsáveis pelo seu tratamento;
3. O paciente tem o dever de demonstrar o entendimento das ações que estão
sendo efetuadas ou propostas visando à cura dos agravos à sua saúde, à
prevenção das complicações ou sequelas, sua reabilitação e à promoção de
sua saúde, fazendo perguntas sempre que tiver dúvidas;
4. O paciente tem o dever de seguir as instruções recomendadas pela equipe
multiprofissional que o assiste, sendo responsável pelas consequências de
sua recusa;

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5. O paciente tem o dever de indicar o responsável financeiro pelo seu tratamen-
to hospitalar, informando ao Hospital quaisquer mudanças nesta indicação;
6. O paciente tem o dever de conhecer e respeitar as normas e regulamentos
do Hospital, através do Manual de orientação ao paciente;
7. O paciente tem o dever de respeitar os direitos dos demais pacientes,
acompanhantes, funcionários e prestadores de serviços da Instituição;
8. O paciente tem o dever de zelar, e solicitar que os seus visitantes e
acompanhantes também o façam, pelas propriedades do Hospital colocadas
à sua disposição para o seu conforto e tratamento;
9. O paciente tem o dever de participar do seu plano de tratamento e alta
hospitalar ou indicar quem o possa fazer;
10. O paciente tem o dever de atender e respeitar a proibição de fumo nas
dependências do Hospital, extensivo aos seus acompanhantes, conforme a
legislação vigente.

Tutela e Curatela
Abordamos os casos de dependentes, inclusive para isenção de impostos quando
do acometimento de doenças graves, mas para algumas circunstâncias específicas
precisamos definir as situações de tutela e curatela.

Tutela é quando se obtém a guarda de um menor órfão, ou que foi destituído


da guarda familiar. Tem fundamento legal no Artigo 1.728 do Código Civil,
apresentado abaixo:
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:

I – com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;

II – em caso de os pais decaírem do poder familiar.

Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.

Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer


outro documento autêntico.

Tipos de Tutela
· Testamentária – ocorre quando o tutor é estabelecido pela vontade dos
pais em testamento ou qualquer outro documento autêntico, ou seja,
um documento onde é possível estabelecer a vontade dos pais quanto à
nomeação do tutor e a identidade do signatário. Existem dois requisitos para
este caso: um é o fato de que o outro cônjuge não possa exercer o poder
familiar; e outro quando aquele que nomeia o tutor esteja no exercício do
poder familiar ao tempo de sua morte;

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UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

·· Legítima – é a tutela que se dá não havendo um tutor nomeado pelos pais,


sendo os parentes consanguíneos aos quais pode ser incumbida a tutela. O
Artigo 1.731 do Código Civil estabelece a ordem de nomeação:
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela aos
parentes consangüíneos do menor, por esta ordem:

I – aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;

II – aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos


mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em
qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a
tutela em benefício do menor.

·· Dativa – é aquela derivada de sentença judicial, quando não há tutor das


categorias anteriores, ou então, quando forem excluídos da tutela, conforme
o Artigo 1.732:
Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio
do menor:

I – na falta de tutor testamentário ou legítimo;

II – quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;

III – quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.

O Artigo 1.733 mostra a preocupação do legislador em manter irmãos órfãos


juntos, enquanto o Artigo 1.734 garante às crianças filhas de pais desconhecidos o
direito de serem destinadas ao programa de colocação familiar, tal como determina
o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.

§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária


sem indicação de precedência, entende-se que a tutela foi cometida ao
primeiro, e que os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se
ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento.

§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá lhe


nomear curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário
se encontre sob o poder familiar, ou tutela.

Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem desconhecidos,


falecidos ou que tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar
terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão incluídos em programa de
colocação familiar, na forma prevista pela Lei n.º 8.069, de 13 de julho
de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

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Curatela
Diferente da tutela, a curatela é indicada para os casos especificados no Artigo
1.767 do Código Civil, apresentados a seguir:
Art. 1.767. Estão sujeitos à curatela:

I – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem


exprimir sua vontade;

II – (Revogado); (Redação dada pela Lei n.º 13.146, de 2015);

III – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

IV – (Revogado); (Redação dada pela Lei n.º 13.146, de 2015);

V – os pródigos.

O curador é designado por um juiz que deverá cuidar dos interesses de outrem
que se encontre incapaz de fazê-lo, podendo determinar, em casos para pessoas
com deficiência, a indicação de curatela compartilhada a mais de uma pessoa,
conforme o Artigo 1.775-A.

Geralmente, a curatela é indicada para pessoas maiores de dezoito anos de


idade, isso é o que a diferencia da tutela, esta que é proposta para menores de
dezoito anos de idade e que, uma vez adquirida a maioridade ou quando o indivíduo
é emancipado, cessa-se como tutela.

Tanto na tutela quanto na curatela é necessária a prestação de contas, esta


que apenas é dispensada quando o curador é o cônjuge e o regime de bens do
casamento for de comunhão universal, salvo em determinação judicial.

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UNIDADE Direitos e Deveres dos Pacientes

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
Acompanhe a tramitação de projetos de lei pela Câmara dos Deputados, por meio do
seguinte link:
http://www2.camara.leg.br

 Leitura
Carta dos direitos dos usuários da saúde. 3. ed. Brasília, DF, 2011.
https://goo.gl/b2ias1
Carta dos direitos dos usuários da saúde
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Carta dos direitos dos
usuários da saúde. Brasília, DF, 2012.
https://goo.gl/Hpjwq5
Direitos dos Usuários dos Serviços e das Ações de Saúde no Brasil
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Direitos dos usuários dos serviços
e das ações de saúde no Brasil: legislação federal compilada – 1973 a 2006. Brasília,
DF, 2007.
https://goo.gl/ksKcxD

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Referências
BRASIL. Portaria n.º 1.820, de 13 de agosto de 2009. Dispõe sobre os direitos
e deveres dos usuários da saúde. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html>. Acesso
em: abr. 2017.

______. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


Brasília, DF, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: abr. 2017.

______. Lei n.º 9.797, de 6 de maio de 1999. Brasília, DF, 1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9797.htm>. Acesso em: abr. 2017.

BREMER, A. F. Benefícios fiscais aos portadores de doenças graves e incuráveis.


Jus Navigandi, Teresina, PI, v. 15, n. 2.697, 19 nov. 2010. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/17852>. Acesso em: 4 abr. 2017.

CARDOSO, J. V. Ortotanásia: uma análise comparativa da legislação brasileira


projetada e em vigor. Jus Navigandi, Teresina, PI, v. 15, n. 2.590, 4 ago. 2010.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/17110>. Acesso em: 4 abr. 2017.

MUSTAFA, A. Descanse em paz. Cremesp, 2010. Disponível em: <http://www.


cremesp.com.br/?siteAcao=Imprensa&acao=crm_midia&id=589>. Acesso em:
abr. 2017.

SÃO PAULO (Estado). Lei Estadual n.º 10.241. Diário Oficial do Estado, São Paulo,
18 mar. 1999. Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/
bibliotecavirtual/dh/volume i/saudelei10241.htm>. Acesso em: abr. 2017.

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