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Ética Profissional

e
Psicologia Aplicada

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Conteúdo

ÉTICA E MORAL .......................................................................................................................................... 3


ENTIDADES DE CLASSE ............................................................................................................................ 5
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM .................................................................................................................. 11
LEIS E DECRETOS ................................................................................................................................... 14
A ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA ................................................................................................ 28
A PSICOLOGIA ENTRE OS GREGOS: OS PRIMÓRDIOS ........................................................................ 31
A PSICOLOGIA E O MISTICISMO ............................................................................................................. 33
AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA NO SÉCULO 20 .................................................................. 35
O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE .......................................................................... 36
CIÊNCIA E SENSO COMUM ..................................................................................................................... 38
PSICOLOGIA HOSPITALAR ...................................................................................................................... 43
TOC – TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO ................................................................................. 46
APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA NAS DIFERENTES ÁREAS ................................................................... 51
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................... 58

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ÉTICA E MORAL
A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A
própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego ―ethos‖ que
significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de ―mores‖, significando
costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é
um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas
são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a
―ciência dos costumes‖, sendo algo anterior à própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.
Já a palavra Ética, Motta (1984) define como um ―conjunto de valores que orientam o
comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo,
outros sim, o bem-estar social‖, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu
meio social.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a
distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a
fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A
Ética teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as
normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas
principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e
reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-
relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações
como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por
normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são
aceitas como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir
desta ou daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas,
não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a
diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de
legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda
teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.
A Moral, afinal, não é somente um ato individual, pois as pessoas são, por natureza, seres
sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses atos
morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitos, voluntariamente.
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Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um ―sistema de normas,
princípios e valores, segundo o qual é regulamentado as relações mútuas entre os indivíduos ou
entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e
social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma
maneira mecânica, externa ou impessoal‖.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e
venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vão formando seu meio ambiente ou o
destruindo, ou ele apoia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e
assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta. Deste modo, Ética e a Moral se
formam numa mesma realidade.

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ENTIDADES DE CLASSE
ABEn
A Associação Brasileira de Enfermagem começou quando em 1926, as primeiras
enfermeiras formadas pela Escola de Enfermagem Ana Nery, no Rio de Janeiro, criaram a
Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas, que manteve esse nome até 1928, quando
passou a ser dominada de Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas, sendo, então,
registrada juridicamente, em 1954 recebeu o nome de Associação Brasileira de Enfermagem
(ABEn), conservando-o até os dias atuais. A qual possui como compromisso, propor e defender
políticas e programas que visem á melhoria da qualidade de vida da população e o acesso
universal e equânime aos serviços de saúde. Desde sua criação, a ABEn trabalha para o
desenvolvimento da enfermagem brasileira. A partir de 1986 amplia a defesa da profissão como
prática social, inserindo-se nos movimentos sociais comprometidos com a vida, a democracia e a
cidadania.
A ABEn, primeira organização profissional da enfermagem brasileira, foi fundada em 12 de
agosto de 1926, com a denominação Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas
Brasileiras. Em 1944 foi modificada para Associação Brasileira de Enfermagem Diplomadas
(ABED). Em 21 de agosto de 1954, passou a se chamar Associação Brasileira de Enfermagem. A
ABEn tem por finalidade congregar enfermeiros, obstetrizes, técnicos, auxiliares e acadêmicos de
enfermagem; é uma associação de caráter cultural, cientifico e político, com personalidade
jurídica de direito privado e com numero ilimitado de associados. Como entidade de âmbito
nacional, é reconhecida como de utilidade pública, sendo regida por estatuto e regimento
próprios. Pautadas em princípios éticos, tem como eixo a defesa e a consolidação do trabalho da
enfermagem como prática social, essencial á assistência de saúde e á organização e
funcionamento dos serviços de saúde, tem como compromisso, propor e defender políticas. Em
1929, a ABEn foi admitida no Conselho Internacional de Enfermeiras (CIE), nele tendo
permanecido até 1997, quando foi substituída pelo COFEN. Também se destaca o enorme
empenho das pioneiras da ABED que, em 1953, organizaram o 10º Congresso Quadrienal do
CIE, em Petrópolis (RJ). Dias antes de iniciar esse vento internacional, o CIE realizou uma
reunião na cidade de São Paulo, que hospedou todas as delegações estrangeiras que
compareceram para o Conselho de Representantes Nacionais (CRN), quando foi aprovado o
primeiro Código de Ética de Enfermagem de nível internacional. Esse código, embora revisado
em 1973, 1987 e 2000, constitui-se praticamente no mesmo documento, pois é baseado em
princípios universais de respeito à vida. A ABEn trabalha para o desenvolvimento da Enfermagem
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Brasileira, nos últimos dois anos ampliou sua atuação com implantação de um programa de
atualização em enfermagem (PROENF).
Em sua trajetória histórica, a ABEn tem contribuído efetivamente para a consolidação do
SUS e do controle social no país; Ela também tem investido nas políticas nacionais de educação
envolvendo nesse processo as escolas/curso de enfermagem; Mantendo a publicação da revista
Brasileira de enfermagem (REBEn) e a promoção de eventos de caráter científico, político e
social: congresso Brasileiro de enfermagem (CBEn); semana brasileira de enfermagem (SEBEn)
e encontros regionais de enfermagem; seminário nacional de pesquisa em enfermagem (SENPE);
simpósio nacional de diretrizes para a educação em enfermagem (SENADEn); seminário nacional
de diretrizes para enfermagem na atenção básica em saúde (SENABS); seminário internacional
sobre o trabalho de enfermagem (SITEn) que este ano foi realizado na cidade de Havana, em
Cuba o XV congresso Internacional nos dias 17 a 21 de junho, no evento foi apresentado oficinas
interativas, simpósio e exposições de trabalhos científicos. No programa cientifico estava inserido
painéis, apresentações orais e pôsteres, além de lançamento de livros.
Como parte da sua missão tem buscado construir e fortalecer parcerias com organizações
tais como: Federação Nacional de Enfermeiros – FNE, Executiva nacional de estudantes de
Enfermagem – ENEEnf, conselho nacional de saúde – CNS, Associação Brasileira de saúde
Coletiva – ABRASCO, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Fórum nacional
de Educação das Profissões na Área de Saúde – FNEPAS, Fórum das Entidades nacionais dos
Trabalhadores da Área da Saúde - CNTS, Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Seguridade Social – CNTSS; Confederação Nacional de secretarias Municipal de Saúde –
CONASEMS Rede Unida, Rede nacional Feminista de Saúde, Direito Sexuais e Direitos
Reprodutivos – Redes Saúde, Serviço de saúde, Escolas e Cursos de Enfermagem e Sociedades
de Especialista em Enfermagem. E ainda vem mantendo uma agenda política com o conselho
Federal de Enfermagem para o interesse Enfermagem Brasileira.
A revista brasileira de enfermagem (REBEN), que foi criada no dia 20 de maio de 1932, ela
tem a finalidade de divulgar a produção de diferentes áreas do saber de interesse da
enfermagem, visando o desenvolvimento técnico científico e cultural da profissão. Caso haja
interesse em receber exemplares da REBEN mensalmente existe a opção de realizar assinatura,
o valor da assinatura varia de acordo com o seu nível de associação perante a ABEn.
O dia nacional do enfermeiro, que foi instituído pelo presidente Getúlio Vargas em 12 de
maio, dia de nascimento de Florence Nightingale.
A logomarca da ABEn, criada em 1958, é o distintivo usado nos documentos oficiais da
ABEn.

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A semana da enfermagem do dia 12 a 20 de maio, instituída em 1960 pelo presidente
Juscelino Kubitschek, o decreto estabelece que ―no transcurso da Semana deverá ser dada
ampla divulgação às atividades da enfermagem e posta em relevo a necessidade de
congraçamento da classe em suas diferentes categorias profissionais, bem como estudados os
problemas de cuja solução possa resultar melhor prestação de serviço ao público‖.
O boletim informativo da ABEn, criado em 1958, de publicação ágil com as seções e os sócios,
com circulação trimestral.

Sindicato
O sindicato é uma entidade que possui finalidade econômica, de assistência e de defesa
dos interesses profissionais, além de atuar como órgão de representação de classe em
negociações salariais, a associação profissional depende de um grupo de pessoas com
interesses comuns, que elabore um estatuto, preencha determinados requisitos e registre a
associação na delegacia regional do trabalho.
O sindicato da saúde é uma associação de defesa dos trabalhadores da área, que visa o
intermédio entre empregadores e empregados, promovendo sempre melhorias de condições de
trabalho e possibilitando ao empregado a voz ativa.
Antes da efetiva criação do sindicato deve se existir um pré-sindicalismo, que é legalmente
chamado de associação profissional. Essa entidade possui finalidades econômicas, de
assistência e de defesa dos interesses profissionais, além de atuar como órgão de representação
da classe em negociações salarial.
A organização sindical apresenta três níveis, o sindicato de forma geral em âmbito
municipal, a federação de amplitude estadual e a confederação em âmbito nacional.
Somente as entidades sindicais têm competência de celebrar contratos de trabalho
coletivos, bem como instaurar e homologar dissídios coletivos da categoria, impor contribuições a
todos os integrantes da profissão que representa em conformidades com as regras estipuladas
pela consolidação das leis de trabalho (arts 511 e 512).
É facultativa a filiação do individuo a associação profissional ou sindical, independente de
serem associados, todos os assalariados profissionais devem contribuir compulsoriamente com
um dia de trabalho a cada ano, em geral descontado pelo empregador e repassado diretamente
aos cofres do respectivo sindicato.
Temos a historia do sindicalismo na enfermagem, em 1929 a associação dos Enfermeiros
da Marinha Mercante se transformou no sindicato nacional dos Enfermeiros da Marinha Mercante,
ao qual se filiava todas as pessoas que desenvolvem ações de enfermagem na Marinha
Brasileira.

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Em 1933 formou o sindicato dos Enfermeiros terrestre, ao qual estava associado às
praticas de enfermagem, os atendentes e até os Enfermeiros diplomados.
A partir de 1952 associações brasileiras de enfermeiras diplomadas e o sindicato dos
enfermeiros em hospitais e casas de saúde assumem uma postura de trabalho conjunto para
defender os interesses da enfermagem. Destacam-se as reivindicações da ABED na década de
1950, pelo reconhecimento do status do enfermeiro e suas questões específicas, assim como de
auxílio, no que diz respeito a salários, pagamento de insalubridade, aposentadoria aos 25 anos
de serviço reintegração do enfermeiro ao quadro de profissionais liberais, acesso do Enfermeiro
ao plano de Classificação de Cargos do serviço federal e a atividade de nível superior,
fiscalização e subvenção ás escolas de enfermagem. Com isso, pode se concluir que a ABED
desempenha tarefas sindicais, como as reivindicações salariais.
Embora existisse sindicato dos enfermeiros, este não representava os verdadeiros
interesses da categoria, assim, em 2 de setembro de 1974, a portaria Ministerial. 3.311/74 alterou
a denominação sindicato dos enfermeiros e Empregados de Hospitais e Casas de Saúde, para
sindicato de Profissionais de Enfermagem, técnicos, duchistas, massagistas e empregados em
Hospitais e Casas de Saúde, essa modificação representava mais um passo na trajetória para a
constituição de um sindicato de enfermeiros.

História do SINDESC
Fundado em 1957, o SINDESC, Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de
Serviços de Saúde de Curitiba e Região, atuava especificamente em Curitiba e foi dirigido por
interventores militares por muitos anos e somente em 1987 foi eleita uma diretoria comprometida
com os trabalhadores, foi quando estendeu sua atuação à região metropolitana e litoral. Com sua
primeira sede no Edifício Tijucas, onde se situa até hoje, o sindicato conta também com uma
subsede em Colombo e outra em Paranaguá. Neste meio século de existência, foram várias
conquistas e realizações para os profissionais da saúde.
No ano de 1989, uma das manifestações que mais marcou a história do sindicato foi à
conquista da jornada de trabalho de 36 horas semanais e a greve de 14 de maio de 1990, na qual
solicitavam reposição de perdas salariais e exigiam melhores condições de trabalho.
Em 1996, foi fundado o ―Sindicato Móvel‖, que visava ficar mais próximo aos trabalhadores
visitando os hospitais, esclarecendo suas principais dúvidas e fazendo a distribuição dos jornais.
Há também as convenções coletivas de trabalho que ocorrem todos os anos, onde é realizadas
assembleias com todos os hospitais privados, particulares e filantrópicos, para discutir e negociar
reajuste salarial pra categoria, incluindo o aumento dos benefícios.

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O Sindicato é um instrumento de luta dos trabalhadores com o objetivo de conquistar
melhores salários, condições de trabalho, respeito e dignidade ao trabalhador e combater toda
forma de opressão, possibilitando ao empregado, voz ativa e ter seus direitos defendidos.
Todo trabalhador tem direito a se juntar com outros trabalhadores, para unidos em sua
categoria, ter a força para negociar com o patrão, filiado você fortalece a categoria, aproveita os
convênios que o sindicato faz, especialmente para melhorar sua vida. Na hora de reivindicar seus
direitos e de fazer a sua defesa, você pode contar com o peso da categoria, brigando por você,
pois a união faz a força.

Benefícios dos Associados ao SINDESC


Todos os trabalhadores da área da saúde podem filiar-se e aproveitar os convênios que o
sindicato possui tais como colônia de férias, descontos oferecidos em empresas, assessoria
jurídica, sorteio de estadias na região litorânea do Paraná e confraternizações com sorteio de
prêmios.
Além do SINDESC, que é o sindicato das empresas privadas, filantrópicas e particulares, também
há sindicatos do serviço público da área da saúde:
Sindisaude Sindicato dos Servidores do estado do Paraná (estadual);
Sinditest Sindicato dos Servidores do HC (federal);
Sismuc Sindicato da Prefeitura de Curitiba (municipal);
Sinsep Sindicato dos Servidores da Prefeitura de São José dos Pinhais (municipal – região
metropolitana).

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os seus respectivos Conselhos Regionais


(CORENs) foram criados em 12 de julho de 1973, por meio da Lei 5.905. Juntos, formam o
Sistema COFEN/Conselhos Regionais.
Filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra, o COFEN é responsável
por normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de
enfermagem, zelando pela qualidade dos serviços prestados e pelo cumprimento da Lei do
Exercício Profissional da Enfermagem. Clique aqui para acessar informação quanto ao número de
profissionais registrados no Brasil.
Principais atividades do COFEN:
. Normatizar e expedir instruções para uniformidade de procedimentos e bom funcionamento dos
Conselhos Regionais;
. Apreciar em grau de recurso as decisões dos CORENs;
. Aprovar anualmente as contas e a proposta orçamentária da autarquia, remetendo-as aos

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órgãos competentes;
. Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional.
Principais atividades dos CORENS:
. Deliberar sobre inscrição no Conselho, bem como o seu cancelamento;
. Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais do COFEN;
. Executar as resoluções do COFEN;
. Expedir a carteira de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão e válida em
todo o território nacional;
. Fiscalizar o exercício profissional e decidir os assuntos atinentes à Ética Profissional, impondo
as penalidades cabíveis
. Elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno, submetendo-
os à aprovação do COFEN;
. Zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam; propor ao COFEN medidas visando
à melhoria do exercício profissional;
. Eleger sua Diretoria e seus Delegados eleitores ao Conselho Federal;
. Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN.

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HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Período colonial

A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira – compreende desde o período


colonial até o final do século XIX e analisa a organização da Enfermagem no contexto da
sociedade brasileira em formação. Desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das
Casas de Misericórdia, que tiveram origem em Portugal.
A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em seguida,
ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto
Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D.Pedro II e Dona Tereza
Cristina. No que diz respeito à saúde do nosso povo, merece destaque o Padre José de Anchieta.
Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses; foi além: atendia aos necessitados do
povo, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos encontramos estudos de
valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima e as doenças mais comuns.
A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais minuciosamente descritas.
Supõe-se que os Jesuitas faziam a supervisão do serviço que era prestado por pessoas treinadas
por eles. Não há registro a respeito. Outra figura de destaque é Frei Fabiano de Cristo, que
durante 40 anos exerceu atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antonio do Rio de
Janeiro, (Séc. XVIII). Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no
cuidado aos doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a
Casa dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à
maternidade que se conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio
Andrada e Silva.
A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832 organizou-
se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A escola de parteiras
da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira
parteira formada no Brasil. No começo do século XX, grande número de teses médicas foram
apresentadas sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo
horizontes a novas realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não teve influência
imediata sobre a Enfermagem.
Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de destacaram
e, entre eles, merece especial menção o de Ana Neri.

Ana Neri

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Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na Cidade de Cachoeira, na
Província da Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Neri, enviuvando aos 30 anos. Seus dois
filhos, um médico militar e um oficial do exército, são convocados a servir a Pátria durante a
Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de Solano Lopes.

O mais jovem aluno do 6º ano de Medicina, oferece seus serviços médicos em prol dos
brasileiros. Ana Neri não resiste à separação da família e escreve ao Presidente da Província,
colocando-se à disposição de sua Pátria. Em 15 de agosto parte para os campos de batalha,
onde dois de seus irmãos também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no
atendimento aos feridos. Após cinco anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor,
recebe uma coroa de louros e Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no Edifício do
Paço Municipal.
O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e de
campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A primeira Escola de Enfermagem
fundada no Brasil recebeu o seu nome.
Ana Neri como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da época que faziam da
mulher prisioneira do lar.

Florence Nightingale

Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência
incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança – o que lhe permitia dialogar
com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas ideias. Dominava com facilidade o
inglês, o francês, o alemão, o italiano além do grego e latim. No desejo de realizar-se como
enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades
Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em
Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas. Decidida a seguir sua vocação, procura completar
seus conhecimentos que julga ainda insuficiente. Visita o Hospital de Dublin dirigido pelas Irmãs
de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de
Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.

Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França
e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia. Os soldados ingleses acham-se no
maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.Florence partiu para Scutari
com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas das
enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina.
Florence é incomparável: estende sua atuação desde a organização do trabalho, até os mais

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simples serviços como a limpeza do chão. Aos poucos, os soldados e oficiais um a um começam
a curvar-se e a enaltecer esta incomum Miss Nightingale. A mortalidade decresce de 40% para
2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a ―Dama da
Lâmpada‖ porque, de lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante
a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se,
porém, com ardor, a trabalhos intelectuais.
Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio,
consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma
Escola de Enfermagem em 1859.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas,
que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A
disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola Nightingaleana, bem
como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração,
consistia em aulas diárias ministradas por médicos.
Nas primeiras escolas de Enfermagem o médico foi, de fato, a única pessoa qualificada
para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderia colocar nas mãos das
enfermeiras Florence morre a 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de
Enfermagem. Assim a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada
do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de
mão de obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e
específica.

Juramento da Florence

“Juro, livre e solenemente, dedicar minha vida profissional a serviço da pessoa humana,
exercendo a enfermagem com consciência e dedicação; guardar sem desfalecimento os
segredos que me forem confiados, respeitando a vida desde a concepção até a morte; não
participar voluntariamente de atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser
humano; manter e elevar os ideais de minha profissão, obedecendo aos preceitos da ética e da
moral, preservando sua honra, seu prestígio e suas tradições.”

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LEIS E DECRETOS
LEI N 7.498/86, DE 25 DE JUNHO DE 1986 I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e
Enfermagem e dá outras providências. registrado pelo órgão competente;
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da
conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em
Enfermagem e dá outras providências.
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no
O presidente da República.
Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
Art. 8º – São Auxiliares de Enfermagem:
sanciono a seguinte Lei:
I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem
Art. 1º – É livre o exercício da Enfermagem em todo o
conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei e
território nacional, observadas as disposições desta Lei.
registrado no órgão competente;
Art. 2º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14
somente podem ser exercidas por pessoas legalmente
de junho de 1956;
habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o
com jurisdição na área onde ocorre o exercício.
inciso III do Art. 2º da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente
1955, expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de
pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar
dezembro de 1961;
de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático
graus de habilitação.
de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional
Art. 3º – O planejamento e a programação das instituições e
de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da
serviços de saúde incluem planejamento e programação de
Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de Saúde nas
Enfermagem.
Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº
Art. 4º – A programação de Enfermagem inclui a prescrição
23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778,
da assistência de Enfermagem.
de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de
Art. 5º – (vetado)
outubro de 1959;
§ 1º (vetado)
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem,
§ 2º (vetado)
nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de
Art. 6º – São enfermeiros:
1967;
I – o titular do diploma de enfermeiro conferido por
VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola
instituição de ensino, nos termos da lei;
ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em
II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no
enfermeira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.
III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a
Art. 9º – São Parteiras:
titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou
I – a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº
de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola
8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na
estrangeira segundo as leis do país, registrado em virtude
Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil
II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou
como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou
equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro,
de Obstetriz;
segundo as leis do país, registrado em virtude de
IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores,
intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois)
obtiverem título de Enfermeiro conforme o disposto na alínea
anos após a publicação desta Lei, como certificado de
―‖d‖‖ do Art. 3º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de
Parteira.
1961.
Art. 10 – (vetado)
Art. 7º – São técnicos de Enfermagem:
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de
enfermagem, cabendo-lhe:
I – privativamente:
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a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de
básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de anestesia local, quando necessária.
serviço e de unidade de enfermagem; Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do
suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no
prestadoras desses serviços; planejamento da assistência de Enfermagem, cabendo-lhe
c) planejamento, organização, coordenação, execução e especialmente:
avaliação dos serviços da assistência de enfermagem; § 1º Participar da programação da assistência de
d) (VETADO); Enfermagem;
e) (VETADO); § 2º Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as
f) (VETADO); privativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo
g) (VETADO); único do Art. 11 desta Lei;
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria § 3º Participar da orientação e supervisão do trabalho de
de enfermagem; Enfermagem em grau auxiliar;
i) consulta de enfermagem; § 4º Participar da equipe de saúde.
j) prescrição da assistência de enfermagem; Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços
risco de vida; auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica participação em nível de execução simples, em processos
e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
de tomar decisões imediatas; § 1º Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
II – como integrante da equipe de saúde: § 2º Executar ações de tratamento simples;
a) participação no planejamento, execução e avaliação da § 3º Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
programação de saúde; § 4º Participar da equipe de saúde.
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos Art. 14 – (vetado)
planos assistenciais de saúde; Art. 15 – As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei,
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas quando exercidas em instituições de saúde, públicas e
de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de privadas, e em programas de saúde, somente podem ser
saúde; desempenhadas sob orientação e supervisão de Enfermeiro.
d) participação em projetos de construção ou reforma de Art. 16 – (vetado)
unidades de internação; Art. 17 – (vetado)
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e Art. 18 – (vetado)
de doenças transmissíveis em geral; Parágrafo único. (vetado)
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam Art. 19 – (vetado)
ser causados à clientela durante a assistência de Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pública
enfermagem; direta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e Federal e dos Territórios observarão, no provimento de
puérpera; cargos e funções e na contratação de pessoal de
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; Enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta Lei.
i) execução do parto sem distocia; Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo
j) educação visando à melhoria de saúde da população. promoverão as medidas necessárias à harmonização das
Parágrafo único. As profissionais referidas no inciso II do art. situações já existentes com as diposições desta Lei,
6º desta lei incumbe, ainda: respeitados os direitos adquiridos quanto a vencimentos e
a) assistência à parturiente e ao parto normal; salários.
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de Art. 21 – (vetado)
providências até a chegada do médico; Art. 22 – (vetado)

15
Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tarefas de Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo
Enfermagem, em virtude de carência de recursos humanos de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua
de nível médio nesta área, sem possuir formação específica publicação.
regulada em lei, será autorizado, pelo Conselho Federal de Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Enfermagem, a exercer atividades elementares de Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em
Enfermagem, observado o disposto no Art. 15 desta Lei. contrário.
Parágrafo único – A autorização referida neste artigo, que Brasília, em 25 de junho de 1986, 165º da Independência e
obedecerá aos critérios baixados pelo Conselho Federal de 98º da República
Enfermagem, somente poderá ser concedida durante o José Sarney
prazo de 10 (dez) anos, a contar da promulgação desta Lei. Almir Pazzianotto Pinto
Art. 24 – (vetado) Lei nº 7.498, de 25.06.86
Parágrafo único – (vetado) publicada no DOU de 26.06.86
Seção I – fls. 9.273 a 9.275

DECRETO N 94.406/87 III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a


Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica ou
dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola
providências estrangeira segundo as respectivas leis, registrado em
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no
Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira
Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que
Obstétrica ou de Obstetriz;
dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores,
providências
obtiveram título de Enfermeira conforme o disposto na letra
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe
―‖d‖‖ do Art. 3º. do Decreto-lei Decreto nº 50.387, de 28 de
confere o Art. 81, item III, da Constituição, e tendo em vista
março de 1961.
o disposto no Art. 25 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de
Art. 5º. São técnicos de Enfermagem:
1986,
I – o titular do diploma ou do certificado de técnico de
Decreta:
Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e
Art. 1º – O exercício da atividade de Enfermagem,
registrado no órgão competente;
observadas as disposições da Lei nº 7.498, de 25 de junho
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente
de 1986, e respeitados os graus de habilitação, é privativo
conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em
de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no
Enfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional
Brasil como diploma de técnico de Enfermagem.
inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva
Art. 6º São Auxiliares de Enfermagem:
região.
I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem
Art. 2º – As instituições e serviços de saúde incluirão a
conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei e
atividade de Enfermagem no seu planejamento e
registrado no órgão competente;
programação.
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14
Art. 3º – A prescrição da assistência de Enfermagem é parte
de junho de 1956;
integrante do programa de Enfermagem.
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o item
Art. 4º – São Enfermeiros:
III do Art. 2º. da Lei nº 2.604, de 17 de setembro de1955,
I – o titular do diploma de Enfermeiro conferido por
expedido até a publicação da Lei nº 4.024, de 20 de
instituição de ensino, nos termos da lei;
dezembro de 1961;
II – o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático
Enfermeira Obstétrica, conferidos nos termos da lei;
de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço Nacional
de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da

16
Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de Saúde nas c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos
Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela
23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº 8.778, instituição de saúde;
de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº 3.640, de 10 de d) participação em projetos de construção ou reforma de
outubro de 1959; unidades de internação;
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar,
nos termos do Decreto-lei nº 299, de 28 de fevereiro de inclusive como membro das respectivas comissões;
1967; f) participação na elaboração de medidas de prevenção e
VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola controle sistemático de danos que possam ser causados aos
ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em pacientes durante a assistência de Enfermagem;
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no g) participação na prevenção e controle das doenças
Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem. transmissíveis em geral e nos programas de vigilância
Art. 7º – São Parteiros: epidemiológica;
I – o titular de certificado previsto no Art. 1º do nº 8.778, de h) prestação de assistência de enfermagem à gestante,
22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº 3.640, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
de 10 de outubro de 1959; i) participação nos programas e nas atividades de
II – o titular do diploma ou certificado de Parteiro, ou assistência integral à saúde individual e de grupos
equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto
segundo as respectivas leis, registrado em virtude de risco;
intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 26 de junho j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
de1988, como certificado de Parteiro. l) execução e assistência
Art. 8º – Ao enfermeiro incumbe: obstétrica em situação de emergência e execução do parto
I – privativamente: sem distocia;
a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura m) participação em programas e atividades de educação
básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia sanitária, visando à melhoria de saúde do indivíduo, da
de serviço e de unidade de Enfermagem; família e da população em geral;
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de n) participação nos programas de treinamento e
suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente nos
prestadoras desses serviços; programas de educação continuada;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e o) participação nos programas de higiene e segurança do
avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem; trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças
d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria profissionais e do trabalho;
de Enfermagem; p) participação na elaboração e na operacionalização do
e) consulta de Enfermagem; sistema de referência e contra-referência do paciente nos
f) prescrição da assistência de Enfermagem; diferentes níveis de atenção à saúde;
g) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada
risco de vida; à assistência de saúde;
h) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica r) participação em bancas examinadoras, em matérias
e que exijam conhecimentos científicos adequados e específicas de Enfermagem, nos concursos para provimento
capacidade de tomar decisões imediatas; de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e
II – como integrante da equipe de saúde: Auxiliar de Enfermagem.
a) participação no planejamento, execução e avaliação da Art. 9º – Às profissionais titulares de diploma ou certificados
programação de saúde; de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, além das
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos atividades de que trata o artigo precedente, incumbe:
planos assistenciais de saúde; I – prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;
II – identificação das distócias obstétricas e tomada de
providências até a chegada do médico;

17
III – realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação IV – prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e
de anestesia local, quando necessária. zelar por sua segurança, inclusive:
Art. 10 – O Técnico de Enfermagem exerce as atividades a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos
Enfermagem, cabendo-lhe: e de dependência de unidades de saúde;
I – assistir ao Enfermeiro: V – integrar a equipe de saúde;
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão VI – participar de atividades de educação em saúde,
das atividades de assistência de Enfermagem; inclusive:
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao
pacientes em estado grave; cumprimento das prescrições de Enfermagem e médicas;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na
geral em programas de vigilância epidemiológica; execução dos programas de educação para a saúde;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção VII – executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de
hospitalar; pacientes:
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que VIII – participar dos procedimentos pós-morte.
possam ser causados a pacientes durante a assistência de Art. 12 – Ao Parteiro incumbe:
saúde; I – prestar cuidados à gestante e à parturiente;
f) na execução dos programas referidos nas letras ―‖i‖‖ e II – assistir ao parto normal, inclusive em domicílio; e
―‖o‖‖ do item II do Art. 8º. III – cuidar da puérpera e do recém-nascido.
II – executar atividades de assistência de Enfermagem, Parágrafo único – As atividades de que trata este artigo são
excetuadas as privativas do Enfermeiro e as referidas no Art. exercidas sob supervisão de Enfermeiro Obstetra, quando
9º deste Decreto: realizadas em instituições de saúde, e, sempre que possível,
III – integrar a equipe de saúde. sob controle e supervisão de unidade de saúde, quando
Art. 11 – O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades realizadas em domicílio ou onde se fizerem necessárias.
auxiliares, de nível médio atribuídas à equipe de Art. 13 – As atividades relacionadas nos arts. 10 e 11
Enfermagem, cabendo-lhe: somente poderão ser exercidas sob supervisão, orientação e
I – preparar o paciente para consultas, exames e direção de Enfermeiro.
tratamentos; Art. 14 – Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:
II – observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao I – cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da
nível de sua qualificação; Enfermagem;
III – executar tratamentos especificamente prescritos, ou de II – quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as
rotina, além de outras atividades de Enfermagem, tais como: atividades da assistência de Enfermagem, para fins
ministrar medicamentos por via oral e parenteral; estatísticos;
realizar controle hídrico; Art. 15 – Na administração pública direta e indireta, federal,
fazer curativos; estadual, municipal, do Distrito Federal e dos Territórios será
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema exigida como condição essencial para provimento de cargos
e calor ou frio; e funções e contratação de pessoal de Enfermagem, de
e) executar tarefas referentes à conservação e aplicação de todos os graus, a prova de inscrição no Conselho Regional
vacinas; de Enfermagem da respectiva região.
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em Parágrafo único – Os órgãos e entidades compreendidos
doenças transmissíveis; neste artigo promoverão, em articulação com o Conselho
g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de Federal de Enfermagem, as medidas necessárias à
diagnóstico; adaptação das situações já existentes com as disposições
h) colher material para exames laboratoriais; deste Decreto, respeitados os direitos adquiridos quanto a
i) prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-operatórios; vencimentos e salários.
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar; Art. 16 – Este Decreto entra em vigor na data de sua
l) executar atividades de desinfecção e esterilização; publicação.

18
Art. 17 – Revogam-se as disposições em contrário. Dec. nº 94.406, de 08.06.87
Brasília, 08 de junho de 1987; publicado no DOU de 09.06.87
José Sarney seção I – fls. 8.853 a 8.855
Eros Antonio de Almeida

O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das violência contra a mulher que for atendida em serviços de
atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 saúde públicos e privados;
de julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,
pela Resolução Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente;
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de
da Lei 5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso;
elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá- CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001,
lo, quando necessário, ouvidos os Conselhos Regionais; que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo
Enfermagem deve submeter-se aos dispositivos assistencial em saúde mental;
constitucionais vigentes; CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990,
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
Humanos, promulgada pela Assembleia Geral das Nações recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
Unidas (1948) e adotada pela Convenção de Genebra dos serviços correspondentes;
(1949), cujos postulados estão contidos no Código de Ética CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na
do Conselho Internacional de Enfermeiras (1953, revisado Assembleia Extraordinária de Presidentes dos Conselhos
em 2012); Regionais de Enfermagem, ocorrida na sede do Cofen, em
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Brasília, Distrito Federal, no dia 18 de julho de 2017, e
Direitos Humanos (2005); CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem Federal de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária,
do Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de RESOLVE:
Ética dos Profissionais de Enfermagem (1993, reformulado Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de
em 2000 e 2007), as normas nacionais de pesquisa Enfermagem, conforme o anexo desta Resolução, para
(Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS nº observância e respeito dos profissionais de Enfermagem,
196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012, e as que poderá ser consultado através do sítio de internet do
normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres Cofen (www.cofen.gov.br).
humanos; Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e
de Ética dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na Parteiras, bem como aos atendentes de Enfermagem.
1ª Conferência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho
CONEENF, ocorrida no período de 07 a 09 de junho de Federal de Enfermagem.
2017, em Brasília – DF, realizada pelo Conselho Federal de Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho
Enfermagem e Coordenada pela Comissão Nacional de Federal de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos
Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Conselheiros Efetivos do Conselho Federal ou mediante
Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016; proposta de 2/3 dos Conselhos Regionais.
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de
(Lei Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a ampla discussão com a categoria, coordenada pelos
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos Conselhos Regionais, sob a coordenação geral do Conselho
do § 8º do art. 226 da Constituição Federal e a Lei nº Federal de Enfermagem, em formato de Conferência
10.778, de 24 de novembro de 2003, que estabelece a Nacional, precedida de Conferências Regionais.
notificação compulsória, no território nacional, nos casos de Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e
vinte) dias a partir da data de sua publicação no Diário

19
Oficial da União, revogando-se as disposições em contrário, fevereiro de 2007.
em especial a Resolução Cofen nº 311/2007, de 08 de Brasília, 6 de novembro de 2017
.
MANOEL CARLOS N. DA SILVA O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em
COREN-RO Nº 63592 consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-
Presidente científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades com
MARIA R. F. B. SAMPAIO competência para promoção do ser humano na sua
COREN-PI Nº 19084 integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da
Primeira-Secretária Bioética, e participa como integrante da equipe de
Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas,
ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 0564/2017 com ênfase nas políticas de saúde que garantam a
universalidade de acesso, integralidade da assistência,
PREÂMBULO resolutividade, preservação da autonomia das pessoas,
O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código participação da comunidade, hierarquização e
de Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou- descentralização político-administrativa dos serviços de
se por princípios fundamentais, que representam saúde.
imperativos para a conduta profissional e consideram que a O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento
Enfermagem é uma ciência, arte e uma prática social, próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e
indispensável à organização e ao funcionamento dos aplicadas e é executado pelos profissionais na prática social
serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e cotidiana de assistir, gerenciar, ensinar, educar e
e a restauração da saúde, a prevenção de agravos e pesquisar.
doenças e o alívio do sofrimento; proporciona cuidados à CAPÍTULO I – DOS DIREITOS
pessoa, à família e à coletividade; organiza suas ações e Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança
intervenções de modo autônomo, ou em colaboração com técnica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem
outros profissionais da área; tem direito a remuneração justa discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e
e a condições adequadas de trabalho, que possibilitem um pressupostos legais, éticos e dos direitos humanos.
cuidado profissional seguro e livre de danos. Sobretudo, Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de
esses princípios fundamentais reafirmam que o respeito aos riscos e danos e violências física e psicológica à saúde do
direitos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que trabalhador, em respeito à dignidade humana e à proteção
inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à dos direitos dos profissionais de enfermagem.
igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da
e a ser tratada sem distinção de classe social, geração, dignidade profissional, do exercício da cidadania e das
etnia, cor, crença religiosa, cultura, incapacidade, reivindicações por melhores condições de assistência,
deficiência, doença, identidade de gênero, orientação trabalho e remuneração, observados os parâmetros e limites
sexual, nacionalidade, convicção política, raça ou condição da legislação vigente.
social. Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho e transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e
Federal de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são liberdade, observando os preceitos éticos e legais da
conferidas pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de profissão.
julho de 1973, aprova e edita esta nova revisão do CEPE, Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de
exortando os profissionais de Enfermagem à sua fiel Organizações da Categoria e Órgãos de Fiscalização do
observância e cumprimento. Exercício Profissional, atendidos os requisitos legais.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos,
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do ético-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que
cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e dão sustentação à prática profissional.
culturais em resposta às necessidades da pessoa, família e Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa,
coletividade. família e coletividade, necessárias ao exercício profissional.

20
Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais
forma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de detenha habilidades e competências técnico-científicas e
desagravo público em decorrência de ofensa sofrida no legais.
exercício profissional ou que atinja a profissão. Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de mídias sociais durante o desempenho de suas atividades
forma fundamentada, quando impedido de cumprir o profissionais.
presente Código, a Legislação do Exercício Profissional e as Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de
Resoluções, Decisões e Pareceres Normativos emanados sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não
pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem. ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, coletividade.
às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da
bem como participar de sua elaboração. relação profissional/usuários quando houver risco à sua
Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de integridade física e moral, comunicando ao Coren e
Enfermagem, bem como de comissões interdisciplinares da assegurando a continuidade da assistência de Enfermagem.
instituição em que trabalha. CAPÍTULO II – DOS DEVERES
Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso,
que tenha conhecimento em razão de seu exercício equidade, resolutividade, dignidade, competência,
profissional. responsabilidade, honestidade e lealdade.
Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência,
quando o local de trabalho não oferecer condições seguras no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e
para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação posição ideológica.
vigente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética
devendo formalizar imediatamente sua decisão por escrito dos Profissionais de Enfermagem e demais normativos do
e/ou por meio de correio eletrônico à instituição e ao Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Conselho Regional de Enfermagem. Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de
Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como Enfermagem no desempenho de atividades em
instrumento metodológico para planejar, implementar, organizações da categoria.
avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de
coletividade. Enfermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam
Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, dispositivos éticos-legais e que possam prejudicar o
no âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou exercício profissional e a segurança à saúde da pessoa,
indiretamente relacionada ao exercício profissional da família e coletividade.
Enfermagem. Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de
Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e Enfermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de
extensão que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade do
sua responsabilidade profissional. profissional em cumprir o presente Código e a legislação do
Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, exercício profissional.
pesquisa e extensão, respeitando a legislação vigente. Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações,
Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em notificações, citações, convocações e intimações do Sistema
pesquisa, extensão e produção técnico-científica. Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do
sociais e meios eletrônicos para conceder entrevistas, exercício profissional e prestar informações fidedignas,
ministrar cursos, palestras, conferências, sobre assuntos de permitindo o acesso a documentos e a área física
sua competência e/ou divulgar eventos com finalidade institucional.
educativa e de interesse social. Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de
Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrer o
exercício profissional.

21
Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao das atividades profissionais decorrentes de movimentos
Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. reivindicatórios da categoria.
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos
ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. casos de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos ser prestados os cuidados mínimos que garantam uma
legíveis, número e categoria de inscrição no Conselho assistência segura, conforme a complexidade do paciente.
Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos
documentos, quando no exercício profissional. decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e
número e categoria de inscrição no Coren, devendo constar Médica na qual não constem assinatura e número de
a assinatura ou rubrica do profissional. registro do profissional prescritor, exceto em situação de
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura urgência e emergência.
deverá ser certificada, conforme legislação vigente. § 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as executar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de
informações inerentes e indispensáveis ao processo de identificação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo
cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível, esclarecer com o prescritor ou outro profissional, registrando
completa e sem rasuras. no prontuário.
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o
Enfermagem, em consonância com sua competência legal. cumprimento de prescrição à distância, exceto em casos de
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas urgência e emergência e regulação, conforme Resolução
e fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e vigente.
segurança do paciente. Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a competentes, ações e procedimentos de membros da
respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes
acerca da assistência de Enfermagem. de imperícia, negligência e imprudência ao paciente, visando
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, a proteção da pessoa, família e coletividade.
benefícios, riscos e consequências decorrentes de exames e Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a
de outros procedimentos, respeitando o direito de recusa da qualidade de vida à pessoa e família no processo do nascer,
pessoa ou de seu representante legal. viver, morrer e luto.
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e
discriminação de qualquer natureza. terminais com risco iminente de morte, em consonância com
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados
pessoa ou de seu representante legal na tomada de paliativos disponíveis para assegurar o conforto físico,
decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde, segurança, psíquico, social e espiritual, respeitados a vontade da
tratamento, conforto, bem-estar, realizando ações pessoa ou de seu representante legal.
necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais. Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da coletividade em casos de emergência, epidemia, catástrofe
pessoa no que concerne às decisões sobre cuidados e e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, quando
tratamentos que deseja ou não receber no momento em que convocado.
estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante
suas vontades. consentimento prévio do paciente, representante ou
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da responsável legal, ou decisão judicial.
pessoa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não
pós-morte. haja capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na
Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições ausência do representante ou responsável legal.
que ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas
atividades profissionais, independentemente de ter sido

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praticada individual ou em equipe, por imperícia, extensão, devidamente aprovados nas instâncias
imprudência ou negligência, desde que tenha participação deliberativas.
e/ou conhecimento prévio do fato. Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa
Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a envolvendo seres humanos.
responsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais
praticado(s) individualmente. no processo de pesquisa, em todas as etapas.
Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se
em razão da atividade profissional, exceto nos casos julgar técnica, científica e legalmente apto para o
previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com desempenho seguro para si e para outrem.
o consentimento escrito da pessoa envolvida ou de seu Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação
representante ou responsável legal. vigente relativa à preservação do meio ambiente no
§ 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.
conhecimento público e em caso de falecimento da pessoa CAPÍTULO III – DAS PROIBIÇÕES
envolvida. Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código
§ 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de de Ética e à legislação que disciplina o exercício da
ameaça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em Enfermagem.
atividade multiprofissional, quando necessário à prestação Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua
da assistência. competência técnica, científica, ética e legal ou que não
§ 3º O profissional de Enfermagem intimado como ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à
testemunha deverá comparecer perante a autoridade e, se coletividade.
for o caso, declarar suas razões éticas para manutenção do Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou
sigilo profissional. jurídicas que desrespeitem a legislação e princípios que
§ 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de disciplinam o exercício profissional de Enfermagem.
responsabilização criminal, independentemente de Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante
autorização, de casos de violência contra: crianças e de qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa,
adolescentes; idosos; e pessoas incapacitadas ou sem família e coletividade, quando no exercício da profissão.
condições de firmar consentimento. Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de decorrência de fatos que envolvam recusa ou demissão
responsabilização criminal em casos de violência doméstica motivada pela necessidade do profissional em cumprir o
e familiar contra mulher adulta e capaz será devida, presente código e a legislação do exercício profissional; bem
independentemente de autorização, em caso de risco à como pleitear cargo, função ou emprego ocupado por
comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com colega, utilizando-se de concorrência desleal.
conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável. Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal
Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão de qualquer instituição ou estabelecimento congênere,
quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes quando, nestas, não exercer funções de enfermagem
meios de comunicação e publicidade. estabelecidas na legislação.
Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa,
técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma
profissionais de Enfermagem sob sua supervisão e de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou
coordenação. benefícios de qualquer natureza para si ou para outrem.
Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de
ético-políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da mecanismos de coação, omissão ou suborno, com pessoas
pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo de
profissão. vantagem.
Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo,
desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e para impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas
ou qualquer tipo de conceito ou preconceito que atentem

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contra a dignidade da pessoa humana, bem como dificultar o Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a
exercício profissional. outro profissional, exceto em caso de emergência, ou que
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para estiverem expressamente autorizados na legislação vigente.
praticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros
tanto em ambientes onde exerça a profissão, quanto profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no
naqueles em que não a exerça, ou qualquer ato que infrinja descumprimento da legislação referente aos transplantes de
os postulados éticos e legais. órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução assistida
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e ou manipulação genética.
difamação de pessoa e família, membros das equipes de Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no
Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, exercício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer
trabalhadores de outras áreas e instituições em que exerce natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer
sua atividade profissional. membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção expressões que tenham por consequência atingir a
penal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e dignidade ou criar condições humilhantes e
legais, no exercício profissional. constrangedoras.
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela que não possa comprovar.
legislação vigente. Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o patrimônio das organizações da categoria.
profissional deverá decidir de acordo com a sua consciência Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou
sobre sua participação, desde que seja garantida a de conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área
continuidade da assistência. profissional.
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou
antecipar a morte da pessoa. fatos, e inserir imagens que possam identificar pessoas ou
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de instituições sem prévia autorização, em qualquer meio de
emergência ou naquelas expressamente autorizadas na comunicação.
legislação, desde que possua competência técnica-científica Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou
necessária. inverídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à
Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de pessoa, família ou coletividade.
urgência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que
desde que não ofereça risco a integridade física do não executou, bem como permitir que suas ações sejam
profissional. assinadas por outro profissional.
Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos
à saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu a terceiros que não estão diretamente envolvidos na
representante ou responsável legal, exceto em iminente prestação da assistência de saúde ao paciente, exceto
risco de morte. quando autorizado pelo paciente, representante legal ou
Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, responsável legal, por determinação judicial.
ação da droga, via de administração e potenciais riscos, Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas
respeitados os graus de formação do profissional. declarações sobre o exercício profissional quando solicitado
Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam pelo Conselho Regional de Enfermagem e/ou Comissão de
estabelecidos em programas de saúde pública e/ou em Ética de Enfermagem.
rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a
situações de emergência. outro membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos
Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer de emergência.
natureza que comprometam a segurança da pessoa. Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas
a outros membros da equipe de saúde.

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Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de das normas do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de
enfermagem, previstas na legislação, para acompanhantes Enfermagem.
e/ou responsáveis pelo paciente. Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos infração ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para
casos da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado. sua prática, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s)
Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência obtiver benefício.
prestada aos pacientes sob seus cuidados realizados por Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da
alunos e/ou estagiários sob sua supervisão e/ou orientação. análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s)
Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, omissivo(s), e do(s) resultado(s).
público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e
em razão do cargo ou do exercício profissional, bem como conduzido nos termos do Código de Processo Ético-
desviá-lo em proveito próprio ou de outrem. Disciplinar vigente, aprovado pelo Conselho Federal de
Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, Enfermagem.
pesquisa e extensão, em que os direitos inalienáveis da Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema
pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados ou Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o
ofereçam quaisquer tipos de riscos ou danos previsíveis aos que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de
envolvidos. 1973, são as seguintes:
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e I – Advertência verbal;
segurança da pessoa, família e coletividade. II – Multa;
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem III – Censura;
como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente IV – Suspensão do Exercício Profissional;
estabelecidos. V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o § 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao
participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a infrator, de forma reservada, que será registrada no
autorização prévia. prontuário do mesmo, na presença de duas testemunhas.
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção § 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de
técnico-científica ou instrumento de organização formal do 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria
qual não tenha participado ou omitir nomes de coautores e profissional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do
colaboradores. pagamento.
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não § 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada
publicadas, sem referência do autor ou sem a sua nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos
autorização. Regionais de Enfermagem e em jornais de grande
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico- circulação.
científicas, das quais tenha ou não participado como autor, § 4º A suspensão consiste na proibição do exercício
sem concordância ou concessão dos demais partícipes. profissional da Enfermagem por um período de até 90
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer (noventa) dias e será divulgada nas publicações oficiais do
constar seu nome como autor ou coautor em obra técnico- Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem,
científica. jornais de grande circulação e comunicada aos órgãos
CAPÍTULO IV – DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES empregadores.
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e § 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da
disciplinares, bem como a aplicação das respectivas Enfermagem por um período de até 30 anos e será
penalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das divulgada nas publicações do Sistema Cofen/Conselhos
sanções previstas em outros dispositivos legais. Regionais de Enfermagem e em jornais de grande
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, circulação.
omissão ou conivência que implique em desobediência e/ou § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no
inobservância às disposições do Código de Ética dos prontuário do infrator.
Profissionais de Enfermagem, bem como a inobservância

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§ 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua
profissional terá sua carteira retida no ato da notificação, em espontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as
todas as categorias em que for inscrito, sendo devolvida consequências do seu ato;
após o cumprimento da pena e, no caso da cassação, após II – Ter bons antecedentes profissionais;
o processo de reabilitação. III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave
Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, ameaça;
multa, censura e suspensão do exercício profissional, são da IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
responsabilidade do Conselho Regional de Enfermagem, V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
serão registradas no prontuário do profissional de VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
Enfermagem; a pena de cassação do direito ao exercício fatos.
profissional é de competência do Conselho Federal de Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:
Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo I – Ser reincidente;
primeiro, da Lei n° 5.905/73. II – Causar danos irreparáveis;
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver III – Cometer infração dolosamente;
origem no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
cassação do exercício profissional, terá como instância V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
superior a Assembleia de Presidentes dos Conselhos de impunidade ou a vantagem de outra infração;
Enfermagem. VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou
imposição consideram-se: violação do dever inerente ao cargo ou função ou exercício
I – A gravidade da infração; profissional;
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração; VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
III – O dano causado e o resultado; IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a
IV – Os antecedentes do infrator. desconstrução de fato que se relacione com o apurado na
Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, denúncia durante a condução do processo ético.
graves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a CAPÍTULO V – DA APLICAÇÃO DAS
circunstância de cada caso. PENALIDADES
§ 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente
integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem poderão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver
causar debilidade ou aquelas que venham a difamar infração a mais de um artigo.
organizações da categoria ou instituições ou ainda que Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos
causem danos patrimoniais ou financeiros. de infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28,
§ 2º São consideradas infrações moderadas as que 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48,
provoquem debilidade temporária de membro, sentido ou 47, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65,
função na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89,
morais, patrimoniais ou financeiros. 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, 101 e 102.
§ 3º São consideradas infrações graves as que provoquem Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações
perigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ao que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35,
ou função, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62,
que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,
financeiros. 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94,
§ 4º São consideradas infrações gravíssimas as que 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.
provoquem a morte, debilidade permanente de membro, Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de
sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa. infrações ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42,
Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes: 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66,
67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83,
84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 99, 100, 101 e 102.

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Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício
aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido Profissional é aplicável nos casos de infrações ao que está
nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83,
64, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 94, 96 e 97.
83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95.

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A ORIGEM DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA
No século 19, destaca-se o papel da ciência, e seu avanço torna-se necessário. O
crescimento da nova ordem econômica — o capitalismo — traz consigo o processo de
industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da
técnica. Há, então, um impulso muito grande para o desenvolvimento da ciência, enquanto um
sustentáculo da nova ordem econômica e social, e dos problemas colocados por ela.
Para uma melhor compreensão, retomemos algumas características da sociedade feudal e
capitalista emergente, sendo esta responsável por mudanças que marcariam a história da
humanidade.
Na sociedade feudal, com modo de produção voltado para a subsistência, a terra era a
principal fonte de produção. A relação do senhor e do servo era típica de uma economia fechada,
na qual uma hierarquia rígida estava estabelecida, não havendo mobilidade social. Era uma
sociedade estável, em que predominava uma visão de um universo estático — um mundo natural
organizado e hierárquico, em que a verdade era sempre decorrente de revelações. Nesse mundo
vivia um homem que tinha seu lugar social definido a partir do nascimento. A razão estava
submetida à fé como garantia de centralização do poder. A autoridade era o critério de verdade.
Esse mundo fechado e esse universo finito refletiam e justificavam a hierarquia social
inquestionável do feudo.
O capitalismo pôs esse mundo em movimento, com a necessidade de abastecer mercados
e produzir cada vez mais: buscou novas matérias-primas na Natureza; criou necessidades;
contratou o trabalho de muitos que, por sua vez, tornavam-se consumidores das mercadorias
produzidas; questionou as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero de seus lugares há
tantos séculos estabilizados.
O universo também foi posto em movimento. O Sol tornou-se o centro do universo, que
passou a ser visto sem hierarquizações. O homem, por sua vez, deixou de ser o centro do
universo (antropocentrismo), passando a ser concebido como um ser livre, capaz de construir seu
futuro. O servo, liberto de seu vínculo com a terra, pôde escolhei seu trabalho e seu lugar social.
Com isso, o capitalismo tornou todos os homens consumidores, em potencial, das mercadorias
produzidas,
O conhecimento tornou-se independente da fé. Os dogmas da Igreja foram questionados.
O mundo se moveu. A racionalidade do homem apareceu, então, como a grande possibilidade de
construção do conhecimento.
A burguesia, que disputava o poder e surgia como nova classe social e econômica
defendia a emancipação do homem para emancipar-se também. Era preciso quebrar a idéia de

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universo estável para poder transformá-lo. Era preciso questionar a Natureza como algo dado
para viabilizar a exploração em busca de matérias-primas.
Estavam dadas as condições materiais para o desenvolvimento da ciência moderna. As
idéias dominantes fermentaram essa construção: o conhecimento como fruto da razão; a
possibilidade de desvendar a Natureza e suas leis pela observação rigorosa e objetiva. A busca
de um método rigoroso, que possibilitasse a observação para a descoberta dessas leis, apontava
a necessidade de os homens construírem novas formas de produzir conhecimento — que não era
mais estabelecido pelos dogmas religiosos e/ou pela autoridade eclesial. Sentiu-se necessidade
da ciência.
Nesse período, surgem homens como Hegel, que demonstra a importância da História
para a compreensão do homem, e Darwin, que enterra o antropocentrismo com sua tese
evolucionista. A ciência avança tanto, que se torna um referencial para a visão de mundo. A partir
dessa época, a noção de verdade passa, necessariamente, a contar com o aval da ciência. A
própria Filosofia adapta-se aos novos tempos, com o surgimento do Positivismo de Augusto
Comte, que postulava a necessidade de maior rigor científico na construção dos conhecimentos
nas ciências humanas. Desta forma, propunha o método da ciência natural, a Física, como
modelo de construção de conhecimento.
É em meados do século 19 que os problemas e temas da Psicologia, até então estudados
exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, também, investigados pela Fisiologia e pela
Neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram também essa área levaram à formulação
de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os
sentimentos humanos eram produtos desse sistema.
É preciso lembrar que esse mundo capitalista trouxe consigo a máquina. Ah! A máquina!
Que criação fantástica do homem! E foi tão fantástica que passou a determinar a forma de ver o
mundo. O mundo como uma máquina; o mundo como um relógio. Todo o universo passou a ser
pensado como uma máquina, isto é, podemos conhecer o seu funcionamento, a sua regularidade,
o que nos possibilita o conhecimento de suas leis. Esta forma de pensar atingiu também as
ciências do homem.
Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os
mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem — seu cérebro. Assim, a
Psicologia começa a trilhar os caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia.
Algumas descobertas são extremamente relevantes para a Psicologia. Por exemplo, por
volta de 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de
diversos fatores sobre as células cerebrais.

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A Neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência,
por não estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. Por exemplo,
quando alguém queima a mão em uma chapa quente, primeiro tira-a da chapa para depois
perceber o que aconteceu. Esse fenômeno chama-se reflexo, e o estímulo que chega à medula
espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais superiores, recebe uma ordem para a resposta,
que é tirar a mão.
O caminho natural que os fisiologistas da época seguiam, quando passavam a se
interessar pelo fenômeno psicológico enquanto estudo científico, era a Psicofísica. Estudavam,
por exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das cores. As cores eram estudadas como
fenômeno da Física, e a percepção, como fenômeno da Psicologia.
Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei no campo da Psicofísica. É a
Lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua
mensuração. Segundo Fechner e Weber, a diferença que sentimos ao aumentarmos a
intensidade de iluminação de uma lâmpada de 100 para 110 watts será a mesma sentida quando
aumentamos a intensidade de iluminação de 1000 para 1100 watts, isto é, a percepção aumenta
em progressão aritmética, enquanto o estímulo varia em progressão geométrica.
Essa lei teve muita importância na história da Psicologia porque instaurou a possibilidade
de medida do fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. Dessa forma,
os fenômenos psicológicos vão adquirindo status de científicos, porque, para a concepção de
ciência da época, o que não era mensurável não era passível de estudo científico.
Outra contribuição muito importante nesses primórdios da Psicologia científica é a de
Wilhelm Wundt (1832-1926). Wundt cria na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o primeiro
laboratório para realizar experimentos na área de Psicofisiologia. Por esse fato e por sua extensa
produção teórica na área, ele é considerado o pai da Psicologia moderna ou científica.
Wundt desenvolve a concepção do paralelismo psicofísico, segundo a qual aos fenômenos
mentais correspondem fenômenos orgânicos. Por exemplo, uma estimulação física, como uma
picada de agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na mente deste indivíduo.
Para explorar a mente ou consciência do indivíduo, Wundt cria um método que denomina
introspeccionismo. Nesse método, o experimentador pergunta ao sujeito, especialmente treinado
para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu interior por uma estimulação sensorial
(a picada da agulha, por exemplo).

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A PSICOLOGIA ENTRE OS GREGOS: OS PRIMÓRDIOS

A história do pensamento humano tem um momento áureo na Antiguidade, entre os


gregos, particularmente no período de 700 a.C. até a dominação romana, às vésperas da era
cristã.Os gregos foram o povo mais evoluído nessa época. Uma produção minimamente
planejada e bem-sucedida permitiu a construção das primeiras cidades-estados (pólis). A
manutenção dessas cidades implicava a necessidade de mais riquezas, as quais alimentavam,
também, o poderio dos cidadãos (membros da classe dominante na Grécia Antiga). Assim,
iniciaram a conquista de novos territórios (Mediterrâneo, Ásia Menor, chegando quase até a
China), que geraram riquezas na forma de escravos para trabalhar nas cidades e na forma de
tributos pagos pelos territórios conquistados.
As riquezas geraram crescimento, e este crescimento exigia soluções práticas para a
arquitetura, para a agricultura e para a organização social. Isso explica os avanços na Física, na
Geometria, na teoria política (inclusive com a criação do conceito de democracia).
Tais avanços permitiram que o cidadão se ocupasse das coisas do espírito, como a
Filosofia e a arte. Alguns homens, como Platão e Aristóteles, dedicaram-se a compreender esse
espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou a especular em torno
do homem e da sua interioridade.
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma Psicologia.
O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa
razão. Portanto, etimologicamente, psicologia significa ―estudo da alma‖. A alma ou espírito era
concebido como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de
amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Os filósofos pré-socráticos (assim chamados por antecederem Sócrates, filósofo grego)
preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção. Discutiam
se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já existe. Havia uma
oposição entre os idealistas (a idéia forma o mundo) e os materialistas (a matéria que forma o
mundo já é dada para a percepção).
Mas é com Sócrates (469-399 a.C.) que a Psicologia na Antiguidade ganha consistência.
Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma,
postulava que a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao homem
sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade. Ao definir a razão como
peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito
explorado pela Psicologia. As teorias da consciência são de certa forma, frutos dessa primeira
sistematização na Filosofia.

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O passo seguinte é dado por Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates. Esse filósofo
procurou definir um ―lugar‖ para a razão no nosso próprio corpo.
Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula
seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o corpo. Este elemento de ligação era
necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria
(o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da
história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem ser
dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida.
Tudo aquilo que cresce se reproduz e se alimenta possui a sua psyché ou alma. Desta
forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os vegetais teriam a alma vegetativa, que
se define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma
sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores
e a alma racional, que tem a função pensante.
Esse filósofo chegou a estudar as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações.
Esse estudo está sistematizado no Da anima, que pode ser considerado o primeiro tratado em
Psicologia.
Portanto, 2 300 anos antes do advento da Psicologia científica, os gregos já haviam
formulado duas ―teorias‖: a platônica, que postulava a imortalidade da alma e a concebia
separada do corpo, e a aristotélica, que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de
pertencimento ao corpo.

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A PSICOLOGIA E O MISTICISMO
A Psicologia, como área da Ciência, vem se desenvolvendo na história desde 1875,
quando Wilhelm Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório de Experimentos em
Psicofisiologia, em Leipzig, na Alemanha. Esse marco histórico significou o desligamento das
idéias psicológicas de idéias abstratas e espiritualistas, que defendiam a existência de uma alma
nos homens, a qual seria a sede da vida psíquica. A partir daí, a história da Psicologia é de
fortalecimento de seu vínculo com os princípios e métodos científicos. A idéia de um homem
autônomo, capaz de se responsabilizar pelo seu próprio desenvolvimento e pela sua vida,
também vai se fortalecendo a partir desse momento.
Hoje, a Psicologia ainda não consegue explicar muitas coisas sobre o homem, pois é uma
área da Ciência relativamente nova (com pouco mais de cem anos). Além disso, sabe-se que a
Ciência não esgotará o que há para se conhecer, pois a realidade está em permanente
movimento e novas perguntas surgem a cada dia, o homem está em movimento e em
transformação, colocando também novas perguntas para a Psicologia. A invenção dos
computadores, por exemplo, trouxe e trará mudanças em nossas formas de pensamento, em
nossa inteligência, e a Psicologia precisará absorver essas transformações em seu quadro
teórico.
Alguns dos ―desconhecimentos‖ da Psicologia têm levado os psicólogos a buscarem
respostas em outros campos do saber humano. Com isso, algumas práticas não-psicológicas têm
sido associadas às práticas psicológicas. O tarô, a astrologia, a quiromancia, a numerologia, entre
outras práticas adivinhatórias e/ou místicas, têm sido associadas ao fazer e ao saber psicológico.
Estas não são práticas da Psicologia. São outras formas de saber — de saber sobre o
humano — que não podem ser confundidas com a Psicologia, pois:
• não são construídas no campo da Ciência, a partir do método e dos princípios científicos;
• estão em oposição aos princípios da Psicologia, que vê não só o homem como ser autônomo,
que se desenvolve e se constitui a partir de sua relação com o mundo social e cultural, mas
também o homem sem destino pronto, que constrói seu futuro ao agir sobre o mundo. As práticas
místicas têm pressupostos opostos, pois nelas há a concepção de destino, da existência de
forças que não estão no campo do humano e do mundo material.
A Psicologia, ao relacionar-se com esses saberes, deve ser capaz de enfrentá-los sem
preconceitos, reconhecendo que o homem construiu muitos ―saberes‖ em busca de sua
felicidade. Mas é preciso demarcar nossos campos. Esses saberes não estão no campo da
Psicologia, mas podem se tornar seu objeto de estudo.
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É possível estudar as práticas adivinhatórias e descobrir o que elas têm de eficiente, de
acordo com os critérios científicos, e aprimorar tais aspectos para um uso eficiente e racional.
Nem sempre esses critérios científicos têm sido observados e alguns psicólogos acabam por usar
tais práticas sem o devido cuidado e observação. Esses casos, seja daquele que usa a prática
mística como acompanhamento psicológico, seja o do psicólogo que usa desse expediente sem
critério científico comprovado, são previstos pelo código de ética dos psicólogos e, por isso,
passíveis de punição. No primeiro caso, como prática de charlatanismo e, no segundo, como
desempenho inadequado da profissão.
Entretanto, é preciso ponderar que esse campo fronteiriço entre a Psicologia científica e a
especulação mística deve ser tratado com o devido cuidado. Quando se trata de pessoa,
psicóloga ou não, que decididamente usa do expediente das práticas místicas como forma de tirar
proveito pecuniário ou de qualquer outra ordem, prejudicando terceiros, temos um caso de polícia
e a punição é salutar. Mas muitas vezes não é possível caracterizar a atuação daqueles que se
utilizam dessas práticas de forma tão clara. Nestes casos, não podemos tornar absoluto o
conhecimento científico como o ―conhecimento por excelência‖ e dogmatizá-lo a ponto de correr o
risco de criar um tribunal semelhante ao da Santa Inquisição. E preciso reconhecer que pessoas
que acreditam em práticas adivinhatórias ou místicas têm o direito de consultar e de serem
consultadas, e também temos de reconhecer, nós cientistas, que não sabemos muita coisa sobre
o psiquismo humano e que, muitas vezes, novas descobertas seguem estranhos e insondáveis
caminhos. O verdadeiro cientista deve ter os olhos abertos para o novo.
Enfim, nosso alerta aqui vai a dois sentidos:
• Não se deve misturar a Psicologia com práticas adivinhatórias ou místicas que estão baseadas
em pressupostos diversos e opostos ao da Psicologia.
• ―Mente é como pára-quedas: melhor aberta.‖ É preciso estar aberto para o novo, atento a novos
conhecimentos que, tendo sido estudados no âmbito da Ciência, podem trazer novo saberes, ou
seja, novas respostas para perguntas ainda não respondidas.
A Ciência, como uma das formas de saber do homem, tem seu campo de atuação com
métodos e princípios próprios, mas, como forma de saber, não está pronta e nunca estará. A
Ciência é, na verdade, [pg. 27] um processo permanente de conhecimento do mundo, um
exercício de diálogo entre o pensamento humano e a realidade, em todos os seus aspectos.
Nesse sentido, tudo o que ocorre com o homem é motivo de interesse para a Ciência, que deve
aplicar seus princípios e métodos para construir respostas.

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AS PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA NO SÉCULO 20
A Psicologia enquanto um ramo da Filosofia estudava a alma. A Psicologia científica nasce
quando, de acordo com os padrões de ciência do século 19, Wundt preconiza a Psicologia ―sem
alma‖. O conhecimento tido como científico passa então a ser aquele produzido em laboratórios,
com o uso de instrumentos de observação e medição. Se antes a Psicologia estava subordinada
à Filosofia, a partir daquele século ela passa a ligar-se a especialidades da Medicina, que
assumira, antes da Psicologia, o método de investigação das ciências naturais como critério
rigoroso de construção do conhecimento.
Essa Psicologia científica, que se constituiu de três escolas — Associacionismo,
Estruturalismo e Funcionalismo —, foi substituída, no século 20, por novas teorias.
As três mais importantes tendências teóricas da Psicologia neste século são consideradas
por inúmeros autores como sendo o Behaviorismo ou Teoria (Estímulo-Resposta), a Gestalt e a
Psicanálise.
• O Behaviorismo, que nasce com Watson e tem um desenvolvimento grande nos Estados
Unidos, em função de suas aplicações práticas, tornou-se importante por ter definido o fato
psicológico, de modo concreto, a partir da noção de comportamento (behavior).
• A Gestalt, que tem seu berço na Europa, surge como uma negação da fragmentação das ações
e processos humanos, realizada pelas tendências da Psicologia científica do século 19,
postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade. A Gestalt é a
tendência teórica mais ligada à Filosofia.
• A Psicanálise, que nasce com Freud, na Áustria, a partir da prática médica, recupera para a
Psicologia a importância da afetividade e postula o inconsciente como objeto de estudo,
quebrando a tradição da Psicologia como ciência da consciência e da razão.
Nos próximos três capítulos, desenvolveremos cada uma dessas principais tendências teóricas, a
partir da apresentação de alguns de seus conceitos básicos. Em um quarto capítulo,
apresentaremos a Psicologia Sócio-Histórica como uma das vertentes teóricas em construção na
Psicologia atual.

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O SENSO COMUM: CONHECIMENTO DA REALIDADE

Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por excelência: é a vida do
cotidiano. É no cotidiano que tudo flui que as coisas acontecem que nos sentimos vivos, que
sentimos a realidade. Neste instante estou lendo um livro de Psicologia, logo mais estarei numa
sala de aula fazendo uma prova e depois irei ao cinema. Enquanto isso tem sede e tomo um
refrigerante na cantina da escola; sinto um sono irresistível e preciso de muita força de vontade
para não dormir em plena aula; lembro-me de que havia prometido chegar cedo para o almoço.
Todos esses acontecimentos denunciam que estamos vivos. Já a ciência é uma atividade
eminentemente reflexiva. Ela procura compreender, elucidar e alterar esse cotidiano, a partir de
seu estudo.
Quando fazemos ciência, baseamo-nos na realidade cotidiana e pensamos sobre ela.
Afastamo-nos dela para refletir e conhecer além de suas aparências. O cotidiano e o
conhecimento científico que temos da realidade aproximam-se e se afastam: aproximam-se
porque a ciência se refere ao real; afastam-se porque assistemático. A ciência abstrai a realidade
para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se da realidade, transformando-a em objeto
de investigação — o que permite a construção do conhecimento científico sobre o real.
Para compreender isso melhor, pense na abstração (no distanciamento e trabalho mental)
que Newton teve de fazer para, partindo da fruta que caía da árvore (fato do cotidiano), formular a
lei da gravidade (fato científico).
Ocorre que, mesmo o mais especializado dos cientistas, quando sai de seu laboratório,
está submetido à dinâmica do cotidiano, que cria suas próprias ―teorias‖ a partir das teorias
científicas, seja como forma de ―simplificá-las‖ para o uso no dia-a-dia, ou como sua maneira
peculiar de interpretar fatos, a despeito das considerações feitas pela ciência. Todos nós —
estudantes, psicólogos, físicos, artistas, operários, teólogos — vivemos a maior parte do tempo
esse cotidiano e as suas teorias, isto é, aceitamos as regras do seu jogo.
O fato é que a dona de casa, quando usa a garrafa térmica para manter o café quente,
sabe por quanto tempo ele permanecerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo
complicado e, muitas vezes, desconhecendo completamente as leis da termodinâmica. Quando
alguém em casa reclama de dores no fígado, ela faz um chá de boldo, que é uma planta
medicinal já usada pelos avós de nossos avós, sem, no entanto, conhecer o princípio ativo de
suas folhas nas doenças hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico. E nós mesmos, quando
precisamos atravessar uma avenida movimentada, com o tráfego de veículos em alta velocidade,
sabemos perfeitamente medir a distância e a velocidade do automóvel que vem em nossa
direção. Até hoje não conhecemos ninguém que usasse máquina de calcular ou fita métrica para

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essa tarefa. Esse tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado
de senso comum. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa
vida no dia-a-dia seria muito complicada.
A necessidade de acumularmos esse tipo de conhecimento espontâneo parece-nos óbvia.
Imagine termos de descobrir diariamente que as coisas tendem a cair, graças ao efeito da
gravidade; termos de descobrir diariamente que algo atirado pela janela tende a cair e não a
subir; que um automóvel em velocidade vai se aproximar rapidamente de nós e que, para fazer
um aparelho eletrodoméstico funcionar, precisou de eletricidade.
O senso comum, na produção desse tipo de conhecimento, percorre um caminho que vai
do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para geração. Assim,
aprendemos com nossos pais a atravessar uma rua, a fazer o liquidificador funcionar, a plantar
alimentos na época e de maneira correta, a conquistar a pessoa que desejamos e assim por
diante.
E é nessa tentativa de facilitar o dia-a-dia que o senso comum produz suas próprias
―teorias‖; na realidade, um conhecimento que, numa interpretação livre, poderíamos chamar de
teorias médicas, físicas, psicológicas etc.
SENSO COMUM: UMA VISÃO-DE-MUNDO
Esse conhecimento do senso comum, além de sua produção característica, acaba por se
apropriar, de uma maneira muito singular, de conhecimentos produzidos pelos outros setores da
produção do saber humano. O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais
especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão de
mundo.
O que estamos querendo mostrar a você é que o senso comum integra de um modo
precário (mas é esse o seu modo), o conhecimento humano. E claro que isto não ocorre muito
rapidamente. Leva certo tempo para que o conhecimento mais sofisticado e especializado seja
absorvido pelo senso comum, e nunca o é totalmente. Quando utilizamos termos como ―rapaz
complexado‖, ―menina histérica‖, ―ficar neurótico‖, estamos usando termos definidos pela
Psicologia científica. Não nos preocupamos em definir as palavras usadas e nem por isso
deixamos de ser entendidos pelo outro. Podemos até estar muito próximos do conceito científico,
mas, na maioria das vezes, nem o sabemos. Esses são exemplos da apropriação que o senso
comum faz da ciência.

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CIÊNCIA E SENSO COMUM.
Quantas vezes, no nosso dia-a-dia, ouvimos o termo psicologia? Qualquer um entende um
pouco dela. Poderíamos até mesmo dizer que ―de psicólogo e de louco todo mundo tem um
pouco‖. O dito popular não é bem este (―de médico e de louco todo mundo tem um pouco‖), mas
parece servir aqui perfeitamente. As pessoas em geral têm a ―sua psicologia‖.
Usamos o termo psicologia, no nosso cotidiano, com vários sentidos. Por exemplo, quando
falamos do poder de persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de ―psicologia‖ para vender
seu produto; quando nos referimos à jovem estudante que usa seu poder de sedução para atrair
o rapaz, falamos que ela usa de ―psicologia‖; e quando procuramos aquele amigo, que está
sempre disposto a ouvir nossos problemas, dizemos que ele tem ―psicologia‖ para entender as
pessoas.
Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no
cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por
isso deixa de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas, normalmente,
têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia
científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de
vista psicológico.
É a Psicologia científica que pretendemos apresentar a você. Mas, antes de iniciarmos o
seu estudo, faremos uma exposição da relação ciência/senso comum; depois falaremos mais
detalhadamente sobre ciência e, assim, esperamos que você compreenda melhor a Psicologia
científica.
1) Aristóteles.
Discípulo de Platão e preceptor de Alexandre Magno, Aristóteles foi um filósofo grego do
século V a.C. cujo trabalho se estende por todas as áreas da filosofia e ciência conhecidas no
mundo grego, sendo ainda o autor do primeiro sistema abrangente de filosofia ocidental.
Sua obra filosófica, organizada no Corpus Aristotelicum, chegou até nossos dias graças ao
trabalho dos compiladores e estudiosos da era escolástica. Seguindo a ordem destas
compilações, o primeiro passo no estudo da obra de Aristóteles são os trabalhos compilados sob
o título Física, um compêndio de trabalhos nos quais Aristóteles estabeleceu uma interpretação
sistemática da natureza e dos fenômenos físicos que permaneceu até o Iluminismo e a
formulação da Mecânica Clássica.
Um dos aspectos mais marcantes da Física é a introdução de um quinto elemento, o éter
(aithēr), que seria uma substância de origem divina, compondo a abóbada celeste visível,
planetas e estrelas. Esta hipótese influenciou diversos pensadores, mantendo-se viva até o final
do século XIX. Aristóteles também explora o movimento, os fenômenos ópticos, mudança e

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espontaneidade e a causalidade, sugerindo que a razão de todas as coisas pode ser atribuída a
quatro tipos de causas:
1. Causa material
2. Causa formal
3. Causa eficiente
4. Causa final
Os estudos formais em lógica, que fazem parte da Física, foram introduzidos na estrutura da
lógica formal moderna no final do século XIX.
Na Metafísica, Aristóteles dedica-se ao estudo dos objetos imateriais em geral. Respondendo
a muitos de seus contemporâneos e abrindo caminho para desenvolvimentos posteriores, tendo
influenciado a filosofia da idade média e através desta fundado a disciplina Metafísica.
Aristóteles examina os conceitos de substância e essência, concluindo que uma substância é
a combinação daquilo que a compõe, a matéria, e aquilo que a distingue como tal, a forma. Desta
maneira explorando também os conceitos de potencialidade e atualidade.
Utilizando o exemplo de uma mesa, temos a forma atual da mesa, aquilo que a distingue
enquanto tal, diferenciando-a de uma cadeira ou um banco, esta é a atualidade da mesa. Por
outro lado, uma mesa pode ser construída com aço ou madeira, de tal maneira que a madeira
que constitui a mesa possui tão somente o potencial para ser mesa.
Este posicionamento leva Aristóteles a retomar a discussão platônica acerca da distinção
entre universais e particulares. Embora concorde com seu mestre acerca da existência de formas
universais, Aristóteles discorda da existência daquilo que Platão chamou de "universais não
instanciados", aqueles que não possuem correlato particular. Platão defende que, embora talvez
não exista um particular "bom", ainda há o universal "bom". Para Aristóteles, todos os universais
são instanciados, como um particular ou como uma relação, que existe, existiu ou existirá, algo a
que o universal possa ser predicado. Esta questão continua ativa na filosofia atual, sendo Sir
Bertrand Russell o maior critico de Aristóteles, no que concerne este ponto, no século XX.
No campo da ética e moral, a obra Ética a Nicomâco, além de diversos tratados, é um marco
importante no estudo e desenvolvimento da ética como disciplina filosófica. Baseada em seu pai,
Nicomâco, a obra traz uma abordagem prática das virtudes como o caminho para o pleno
desenvolvimento humano, do ponto de vista ético, defendendo que o objetivo é ser bom, não
apenas saber o que é bom. Ainda, segundo Aristóteles, um caráter virtuoso nos aproxima da
felicidade.
Diversos aspectos da produção filosófica de Aristóteles continuam a ser matéria de estudo e
investigação. Ainda, graças ao trabalho de Aristóteles temos acesso ao pensamento de

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vários filósofos pré-socráticos, cujas obras não sobreviveram até nosso tempo, mas sobreviveram
o bastante para serem citadas, criticadas ou comentadas por Aristóteles.

2) Sócrates

Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 a.C., e tornou-se um dos principais
pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje por
filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de outro importante filósofo grego:
Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da
alma humana.
Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais sábios e
inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de levar o
conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de conhecimentos e
sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar o conhecimento sobre as
coisas do mundo e do ser humano.
Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus discípulos: Platão
e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus pensamentos.
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas
ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos aspectos da cultura
grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no
desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos.
Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a atenção de muitos
jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o
aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais
conservadora de Atenas começa a encarar Sócrates como um inimigo público e um agitador em
potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e
provocar mudanças na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um
veneno chamado cicuta, em 399 AC.
Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates:
- A vida que não passamos em revista não vale a pena viver
- A palavra é o fio de ouro do pensamento.
- Só sei que nada sei.
- Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.
- É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.
- Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem.
- A ociosidade é que envelhece não o trabalho.
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- O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.
- Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado.
- Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes.
- Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados.
- O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia.
- A verdade não está com os homens, mas entre os homens.
- Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, ponderar
prudentemente e decidir imparcialmente.
- Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir.
- Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.
- Todo o meu saber consiste em saber que nada sei.
- Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.

3) René Descarte.

Um dos mais importantes filósofos do período moderno, René Descartes foi


um racionalista francês do século 17, geralmente lembrado pela ênfase na autoridade da razão
em filosofia e ciências naturais, bem como pelo desenvolvimento de métodos de verificação. Para
Descartes a filosofia seria como uma árvore, na qual a metafísica forma a raiz, a física o tronco e
as diversas ciências os galhos, sendo que o mais alto grau de sabedoria estaria na moral, que
pressupõem conhecimento das diversas ciências, sendo as principais a ética, a mecânica e a
medicina.
Sua obra mais famosa, considerada a fundação da filosofia moderna, é o tratado Discurso
sobre o Método, que produziu uma revolução na filosofia e ciência. A partir desta obra, Descartes
procurou encontrar um conjunto de princípios que pudessem ser conhecidos sem qualquer
dúvida. Para investigar tal possibilidade, procedeu à análise por meio de um método próprio
conhecido como "dúvida hiperbólica", ou "dúvida metafísica‖, mais frequentemente referida como
"ceticismo metodológico", que consiste em rejeitar qualquer ideia da qual se possa duvidar, para
então, após análise, restabelecer ou reconstruir estas ideias de modo a criar uma base sólida
para o conhecimento.
Este processo levou a sua famosa conclusão "cogito ergo sum", traduzida como "penso, logo
existo", pois ao eliminar tudo de que se podia duvidar chegou concluiu que a dúvida era evidência
da existência do sujeito. Aceitando assim que, o pensamentos existe e ,em seguida, indivíduos
pensantes existem, uma vez que o pensamento não pode ser separado daquele que pensa.
Uma vez que os sentidos já haviam sido rejeitados como confiáveis, Descartes conclui que o
único conhecimento do qual não se pode duvidar é "eu sou uma coisa pensante".
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Desta forma, o autor estabelece um sistema baseado exclusivamente no raciocínio dedutivo,
guiando-se pela razão, que rejeita a percepção como fonte primária de conhecimento. Posição
que seria atacada e contestada fortemente pelos filósofos do Empirismo Britânico,
especialmente John Locke e David Hume.
No entanto, considerando que as percepções do mundo externo, em comparação ao mundo
interno, vêm a nós sem que as procuremos ativamente, muitas vezes mesmo contra nossa
vontade, Descartes aceita que deve haver algo para além da mente humana, já que a origem de
tais percepções é externa aos sentidos. Considera, portanto que, tais percepções devem ser
evidência da existência do mundo externo, rejeitando assim o ceticismo acerca do mundo
exterior. A argumentação que defende este ponto está intimamente ligada a prova ontológica para
a existência de um Deus benevolente, na medida em que Descartes defende a impossibilidade da
mente humana ser tomada por um gênio maligno que faça os sentidos nos engajarem.
Descartes foi ainda um defensor do dualismo mente/corpo, mas diferente de defensores
anteriores do dualismo, Descartes defendeu que a relação não é unidirecional. Sua hipótese era
de que, o corpo funciona como uma máquina enquanto a mente é imaterial e não segue as leis da
natureza. Mente e corpos seriam conectados pela glândula pineal, através da qual a mente
comanda o corpo, mas também o corpo influência a mente, de forma que a relação é bidirecional,
sendo possível explicar os momentos em que agimos pelas paixões.
No campo da ética, Descartes defendeu que a virtude consiste no raciocínio adequado, que
deveria guiar nossas ações, sendo que a condição mental, que hoje chamaríamos de saúde
mental, e o conhecimento em geral possuem ambos grande influencia neste processo, motivo
pelo qual aconselhou ainda que um estudo completo da moral deveria incluir o estudo do corpo.
Argumentou em favor da existência de um Deus, mas também da vontade livre e portanto da
responsabilidade humana por suas ações.

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PSICOLOGIA HOSPITALAR

A psicologia hospitalar se propõe em ser uma área de conhecimento que visa fornecer suporte
ao sujeito em adoecimento, a fim de que este possa atravessar essa fase com maior resiliência.
Nesse sentido, é um campo de entendimento e tratamento dos aspectos biológicos em torno do
adoecimento, não somente doenças psicossomáticas, mas todo e qualquer tipo de enfermidade.
Comumente, o processo de adoecimento traz em seu bojo uma desorganização da sua vida,
de modo que provoca várias transformações em sua subjetividade, ou seja, o sujeito sai do
conforto de seu lar e se depara com a hospitalização, muda seus hábitos, perde sua identidade e,
muitas vezes, acaba virando um número de prontuário.
Nesse momento, junto a toda equipe multidisciplinar, surge à figura do psicólogo que tem esse
intuito de escutar e acolher o sofrimento do indivíduo frente as suas principais dificuldades no que
tange a essa fase. Enquanto a medicina visa curar a patologia, a psicologia hospitalar buscar
ressignificar a posição do sujeito frente à doença.
O trabalho da psicologia hospitalar é de possibilitar voz a esse sujeito, fazer surgir a palavra.
O instrumento de trabalho desse profissional é a escuta e a palavra, a partir desse enfoque o
psicólogo visa minimizar o sofrimento psíquico do paciente em adoecimento.
As atividades do psicólogo no hospital situam-se em atendimentos psicoterapêuticos,
psicoterapia de grupo, profilaxia e psicoeducação, atendimentos em ambulatórios, enfermarias e
UTI, avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico, consultoria e interconsulta e atuação em equipe
multidisciplinar.
O Trabalho do Psicólogo Hospitalar
O objetivo principal do psicólogo hospitalar é auxiliar o paciente em seu processo de
adoecimento, visando à minimização do sofrimento provocado pela hospitalização. Esse
profissional deve prestar assistência ao paciente, bem como seus familiares e a equipe de
serviço, sendo que este deve levar em consideração um leque amplo de atuações, tendo em vista
a pluralidade das demandas.
De acordo com a definição do órgão que rege o exercício profissional do psicólogo no Brasil, o
CFP (2003a), o psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar tem sua função centrada nos
âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, atuando em instituições de saúde e realizando
atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de
psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento;
enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica;
psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria.
Chiattone (2000) ressalta, contudo, que, muitas vezes, o próprio psicólogo não tem
consciência de quais sejam suas tarefas e papel dentro da instituição, ao mesmo tempo em que o
43
hospital também tem dúvidas quanto ao que esperar desse profissional. Se o psicólogo
simplesmente transpõe o modelo clínico tradicional para o hospital e verifica que este não
funciona como o esperado (situação bastante freqüente), isso pode gerar dúvidas quanto à
cientificidade e efetividade de seu papel. Desse modo, segundo a autora, o distanciamento da
realidade institucional e a inadequação da assistência mascarada por um falso saber pode gerar
experiências malsucedidas em Psicologia Hospitalar.
O psicólogo deve estar cônscio de seu papel na instituição hospitalar, visto que sua atuação
não abrange somente a hospitalização em si, no que tange a patologia, mas, sobretudo, as
seqüelas e conseqüências emocionais decorrentes do adoecimento. Nessa perspectiva o
psicólogo deve atuar de modo preventivo, evitando o agravamento do problema.
A Psicologia Hospitalar - objetivo e limites
Para (Alamy, 1991) podemos conceituar Psicologia hospitalar como o ramo da Psicologia
destinado ao atendimento de pacientes portadores de alguma alteração orgânico-física, que seja
responsável pelo desequilíbrio em uma das instâncias biopsicossocial, bem como uma Psicologia
dirigida a pacientes internados em hospitais gerais sem deixar de se estender aos ambulatórios e
consultórios, com sua atenção voltada para as questões emergenciais advindas da doença e/ou
hospitalização, do processo do adoecer e do sofrimento causado por estas, visando o minimizar
da dor emocional do paciente e de sua família.
Como o fato da psicologia hospitalar ser uma área que lida diretamente com a subjetividade e
sofrimento do outro, é essencial que o psicólogo entenda os limites de sua atuação para não se
tornar um dos elementos invasivos provenientes da hospitalização.
Embora o paciente esteja necessitando de atendimento é necessário balizar a vontade ou não
paciente de receber assistência, a vontade do sujeito deve ser respeitada. Assim, pode-se pensar
em uma atuação que respeita a condição humana e caminhe dentro dos princípios morais e
éticos.
De outra parte, é também muito importante observar-se o fato de que, ao atuar em uma
instituição, o psicólogo, ao contrário da prática isolada de consultório, tem que ter bastante claros
os limites institucionais de sua atuação. Na instituição o atendimento deverá ser norteado a partir
dos princípios institucionais (ANGERAMI, 1984).
A psicologia hospitalar não deve se colocar no contexto hospitalar como uma força solitária.
Deve, acima de tudo, colaborar com seus objetivos para promover a humanização e a
transformação social no ambiente hospitalar, sem ficarem presas somente às teorizações que
isolam os conflitos mais amplos.
Desafios e Possibilidades

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O estado precário da saúde da população é um entrave dentro do saber psicológico, pois
exige do profissional uma revisão de seus valores pessoais, acadêmicos e emocionais. Nesta
perspectiva, o contexto hospitalar difere do contexto de aprendizagem e orientação acadêmica,
uma vez que ali se percebe uma realidade desumana nas condições de saúde da população que
é alvo constante de injustiças sociais e aspira por um tratamento hospitalar digno. Os doentes são
não raros obrigados a aceitar como normais, todas as formas de agressão com as quais se
deparam em busca da saúde (ANGERAMI-CAMON,1995).
É um desafio para o profissional adentrar em um contexto onde quem predomina é a área
médica, onde há limites institucionais regidos por regras, condutas e normas. Além do que o
serviço muitas vezes é muito deficiente e deve-se considerar que o atendimento psicológico
afasta-se do modelo clínico tradicional, e muitas vezes, leva o profissional a fazer os
atendimentos em macas, nos corredores, exigindo a construção de uma nova postura
profissional.
A inserção do psicólogo no contexto hospitalar tem a possibilidade de atuar no contexto de
trabalho nas equipes inter e multidisciplinares, promovendo a humanização, qualidade de vida e
assistência psicológica ao sujeito hospitalizado, a família e a equipe de saúde.
Angerami-Camon (1988) reflete sobre o trabalho do psicólogo junto ao paciente, à família, à
equipe de saúde diante de situações específicas dentro do hospital. Ele defende a importância da
trajetória hospitalar do paciente (diagnóstico e prognóstico), pois isto revela o tipo de trabalho a
ser desenvolvido pelo psicólogo. Assim, as intervenções precisam observar que a estruturação do
atendimento considera questões específicas da sintomatologia abordada em sua totalidade. Outra
atuação seria a prestação de esclarecimentos aos profissionais sobre as questões emocionais do
indivíduo internado. Além disso, junto à família, o psicólogo hospitalar precisa perceber que a
mesma vive um momento de ansiedade, o qual envolve o restabelecimento físico do paciente.
A psicologia hospitalar é uma área que se propõe a trabalhar com o sofrimento da pessoa em
fase de sua hospitalização, não objetiva curar a patologia em si, mas dar mecanismos para que
esse sujeito ressignifique seu adoecimento e aprenda a lidar melhor com essa transição. Assim,
temos uma psicologia hospitalar que se constrói a cada dia em sua prática, e que tem como
técnica, possibilitar o surgimento da palavra naquele que sofre, isto é, amenizar o sofrimento e
auxiliar no campo preventivo para que o caso não evolua. Nesse sentido, é um trabalho que lida
diretamente com a subjetividade do outro e que necessita largamente de um compromisso ético
com a condição humana.

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TOC – TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é um transtorno comum, crônico e


duradouro. É caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. Obsessões são
pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como
intrusivos e indesejados. Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais em que
um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com
regras que devem ser aplicadas rigidamente.

O Transtorno Obsessivo Compulsivo é considerado uma doença mental grave. Ela está
entre as dez maiores causas de incapacitação, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
Estima-se que cerca de 4 milhões de brasileiros sofram com a doença.

TOC – Sinais e sintomas

Pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo podem ter sintomas de obsessões,


compulsões ou ambos. Esses sintomas podem interferir em todos os aspectos da vida, como
trabalho, escola e relacionamentos pessoais.

Os sintomas do TOC envolvem alterações do comportamento (rituais ou compulsões,


repetições, evitações), dos pensamentos (preocupações excessivas, dúvidas, pensamentos de
conteúdo impróprio ou ―ruim‖, obsessões) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa,
depressão). Portadores da doença sofrem de muitos medos, como por exemplo o de contrair
doenças ou cometer alguma falha. Em virtude desses medos, evitam as situações que possam
provocá-los – comportamento chamado de evitação. As evitações, embora não específicas do
TOC, são, em grande parte, as responsáveis pelas limitações que o transtorno acarreta.

Obsessões

São pensamentos repetidos, impulsos ou imagens mentais que causam ansiedade. Os


sintomas comuns incluem:

 Medo de germes ou contaminação, lavando as mãos excessivamente.


 Preocupar-se excessivamente com limpeza.
 Revisar diversas vezes portas, janelas, gás ou o ferro de passar roupas antes de sair de
casa ou dormir.
 Pensamentos proibidos ou indesejados envolvendo sexo, religião e danos
 Pensamentos agressivos em relação aos outros ou a si próprio
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 Ter coisas simétricas ou em uma ordem perfeita

Compulsões

São comportamentos repetitivos que uma pessoa com TOC sente o desejo de fazer em
resposta a um pensamento obsessivo. As compulsões comuns incluem:

 Limpeza excessiva e / ou lavagem das mãos


 Ordenação e organização das coisas de uma maneira específica e precisa
 Repetidamente verificar as coisas, tais como verificar repetidamente para ver se a porta
está bloqueada ou que o forno está desligado
 Contagem Compulsiva

Nem todos os rituais ou hábitos são compulsões. Todo mundo verifica as coisas às vezes.
Mas uma pessoa com TOC geralmente:

 Não pode controlar seus pensamentos ou comportamentos, mesmo quando esses


pensamentos ou comportamentos são reconhecidos como excessivos
 Gasta pelo menos 1 hora por dia nesses pensamentos ou comportamentos
 Não obtém prazer ao realizar os comportamentos ou rituais, mas pode sentir breve alívio
da ansiedade que os pensamentos causam
 Experimenta problemas significativos em sua vida diária devido a esses pensamentos ou
comportamentos
 Alguns indivíduos com TOC também têm um distúrbio Tic. Os tiques motores são
movimentos súbitos, breves e repetitivos, como piscar os olhos e outros movimentos dos
olhos, grimacing facial, encolhimento do ombro e empurrão da cabeça ou do ombro.
 Os tiques vocais comuns incluem sons repetitivos de limpar a garganta, cheirar ou grunhir.

Os sintomas podem vir e ir, aliviar ao longo do tempo, ou piorar. As pessoas com TOC podem
tentar ajudar a si mesmas, evitando situações que desencadeiam suas obsessões, ou podem
usar álcool ou drogas para se acalmarem. Embora a maioria dos adultos com TOC reconheça
que o que eles estão fazendo não faz sentido, alguns adultos e a maioria das crianças não
percebem que seu comportamento está fora do comum. Pais ou professores tipicamente
reconhecem sintomas de TOC em crianças.

Se você acha que tem TOC, fale com seu médico sobre seus sintomas. Se não tratado, o
TOC pode interferir em todos os aspectos da vida.

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Fatores de risco

TOC é uma desordem comum que afeta adultos, adolescentes e crianças em todo o
mundo. A maioria das pessoas é diagnosticada por cerca de 19 anos, geralmente com uma idade
mais precoce de início em meninos do que em meninas, mas o início após os 35 anos pode
acontecer.

As causas do TOC são desconhecidas, mas os fatores de risco incluem:

Genética

Estudos relacionados a gêmeos e família têm mostrado que as pessoas com parentes de
primeiro grau (como um pai, irmão ou criança) que têm o transtorno estão em maior risco de
desenvolver TOC próprios. O risco é maior se o familiar de primeiro grau desenvolveu TOC como
uma criança ou adolescente. Pesquisas em andamento continuam a explorar a conexão entre
genética e TOC e podem ajudar a melhorar o diagnóstico e tratamento do TOC.

Estrutura e funcionamento do cérebro

Estudos de imagem têm mostrado diferenças no córtex frontal e estruturas subcorticais do


cérebro em pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo. Parece haver uma conexão entre
os sintomas de TOC e anormalidades em certas áreas do cérebro, mas essa conexão não é
clara. A investigação está ainda em curso. Compreender as causas ajudará a determinar
tratamentos específicos e personalizados para tratar o TOC.

Meio Ambiente

Pessoas que sofreram abuso (físico ou sexual) na infância ou outro trauma tem um risco
maior de desenvolver TOC. Em alguns casos, as crianças podem desenvolver sintomas de TOC
ou o próprio Transtorno após uma infecção estreptocócica – isso é chamado Distúrbios
Neuropsiquiátricos Auto-Imunes Pediátricos Associados a Infecções Estreptocócicas (PANDAS).

Tratamentos e Terapias

O Transtorno Obsessivo Compulsivo é tipicamente tratado com medicação, psicoterapia ou


uma combinação dos dois. Embora a maioria dos pacientes com TOC responda bem ao
tratamento, alguns pacientes continuam sentindo os sintomas.

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Às vezes, as pessoas com TOC também têm outros distúrbios mentais, como ansiedade
ou depressão. Podem acreditar equivocadamente que uma parte de seu corpo é anormal. É
importante considerar esses outros distúrbios ao tomar decisões sobre o tratamento. Além disso,
é muito importante saber como escolher um bom psicólogo.

Medicação

Os inibidores da reabsorção de serotonina (IRSs) e os inibidores seletivos da recaptação da


serotonina (ISRS) são usados para ajudar a reduzir os sintomas do TOC. Exemplos de
medicamentos que têm sido comprovadamente eficazes tanto em adultos como em crianças com
TOC incluem clomipramina, que é membro de uma classe mais antiga de antidepressivos
―tricíclicos‖ e vários mais recentes ―inibidores selectivos da recaptação da serotonina‖ (ISRS),
incluindo:

 Fluoxetina
 Fluvoxamina
 Sertralina

IRSs frequentemente requerem doses diárias mais elevadas no tratamento de TOC do que
de depressão, e pode levar de 8 a 12 semanas para começar a trabalhar, mas alguns pacientes
experimentam melhora rápida. Se os sintomas não melhorarem com esses tipos de
medicamentos, a pesquisa mostra que alguns pacientes podem responder bem a uma medicação
antipsicótica (como a risperidona). Embora a pesquisa mostre que uma medicação antipsicótica
pode ser útil no gerenciamento de sintomas para pessoas que têm TOC e um transtorno tique, a
pesquisa sobre a eficácia dos antipsicóticos para tratar o Transtorno Obsessivo Compulsivo é
mista.

Antes de Iniciar o Tratamento com Remédios

 Fale com o seu médico e certifique-se de que compreender os riscos e os benefícios dos
medicamentos prescritos.
 Não pare de tomar um medicamento antes de falar com o seu médico.
 Parar um medicamento pode levar ao agravamento dos sintomas de TOC. Outros efeitos
de retirada desconfortáveis ou potencialmente perigosos também são possíveis.
 Informe qualquer preocupação sobre os efeitos colaterais ao seu médico imediatamente.
Você pode precisar de uma alteração na dose ou em uma medicação diferente.

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Psicoterapia

A psicoterapia pode ser um tratamento eficaz para adultos e crianças com TOC. Pesquisas
mostram que certos tipos de psicoterapia, incluindo a terapia cognitiva comportamental (TCC)
podem ser tão eficazes quanto a medicação para muitos indivíduos. A terapia é eficaz na redução
de comportamentos compulsivos no TOC, mesmo em pessoas que não respondem bem à
medicação.

Se você ou um ente querido apresentam sinais do Transtorno Obsessivo Compulsivo,


procure um psicólogo. Um profissional experiente poderá ajudá-lo a controlar as obsessões e
compulsões. É importante trabalhar as crenças e o medo presente neste quadro.

50
APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA NAS DIFERENTES ÁREAS
A Psicologia é ao mesmo tempo uma ciência que nos permite aprender coisas
fundamentais sobre o comportamento humano e animal e uma prática profissional que permite
aplicar esses conhecimentos para resolver problemas e promover o desenvolvimento humano em
toda a suas potencialidades.
Por ser uma ciência tão ampla a Psicologia mantém relações com muitas áreas do
conhecimento e diferentes facetas da nossa vida como Saúde, Educação, Trabalho,
Comunidades, Esporte, Trânsito, Justiça.
Assim, quando usamos os conhecimentos da Psicologia nessas áreas, nós criamos o que
se chamam de áreas de atuação ou subcampos da Psicologia. Também é possível dizer que se
trata de Psicologia Aplicada a outro campo.
A Psicologia Aplicada seria, portanto, o oposto de Psicologia Teórica ou Científica que
estudaria a mente e o comportamento humano de forma mais geral enquanto a Psicologia
Aplicada ou Prática utiliza esses conhecimentos para resolver e entender problemas específicos
que envolvem outras áreas do conhecimento.
Essa relação entre ciência e profissão é uma das melhores peculiaridades da Psicologia,
pois estimula o avanço contínuo de ambos os aspectos. As teorias são testadas na prática e
fornecem dados que permitem a confirmação, refutação de algumas teorias e a elaboração de
novas teorias.
A seguir irei apresentar algumas das principais áreas de atuação dos psicólogos:
Além disso, muitos psicólogos ensinam psicologia em instituições acadêmicas, de escolas
de ensino médio à pós-graduação em universidades.
Psicologia Clínica
Psicólogos clínicos integram conhecimentos da ciência psicológica e conhecimentos
clínicos com o objetivo de entender, prevenir e aliviar o sofrimento ou a disfunção de base
psicológica (cognitivos, emocionais e comportamentais) e promover o bem-estar subjetivo e o
desenvolvimento pessoal.
Embora a avaliação psicológica e a psicoterapia sejam centrais na prática dos psicólogos
clínicos, eles também se envolvem em pesquisas, ensino, consultoria, depoimentos forenses, e
desenvolvimento de programas de saúde e administração.
Psicólogos clínicos avaliam e tratam distúrbios mentais, emocionais e comportamentais.
Estes distúrbios vão desde crises de curto prazo, como as dificuldades resultantes de conflitos de
adolescentes, até condições crônicas mais graves, como esquizofrenia.
Alguns psicólogos clínicos tratam exclusivamente problemas específicos, tais como fobias
ou depressão. Outros se concentram em populações específicas como, por exemplo, os jovens;

51
pessoas idosas, crianças; famílias ou casais; grupos étnicos minoritários; gay, lésbica, bissexuais
e transgêneros.
Psicólogos clínicos também colaboram com médicos sobre problemas físicos que têm
causas psicológicas subjacentes e participam de equipes multidisciplinares, por exemplo, em
casos de câncer, obesidade e doenças autoimunes.
Os Psicólogos clínicos são formados e treinados dentro quadros teóricos que orientam
suas práticas tais como: abordagens psicodinâmicas (psicanálise), humanista, cognitivo-
comportamental (TCC), abordagem centrada na pessoa, análise do comportamento, ou
Gestaltterapia.
Psicologia Cognitiva
Os psicólogos cognitivos estudam processos envolvidos na aquisição do conhecimento, o
que chamamos de processos cognitivos, tais como: a percepção, memória, pensamento,
linguagem, memória e resolução de problemas.
Os psicólogos cognitivos estão interessados em questões, por exemplo, entender a forma
como a mente representa a realidade, como as pessoas aprendem, e como as pessoas
adquirem, compreendem e produzem a linguagem oral e a escrita. Os psicólogos cognitivos
também estudam a atenção, memória, o raciocínio, criatividade, julgamento e a tomada de
decisões.
Frequentemente os psicólogos cognitivos colaboram com neurocientistas para
compreender as bases biológicas da cognição ou com pesquisadores em outras áreas da
psicologia para entender melhor os vieses cognitivos no pensamento de pessoas com depressão,
por exemplo.
Por esta razão, embora a Psicologia Cognitiva seja uma área de atuação é também a base
para muitas outras áreas e seus conhecimentos são utilizados e em muitas áreas de atuação da
Psicologia como: psicologia educacional, psicologia social, psicologia da personalidade,
psicologia anormal, psicologia do desenvolvimento e economia.
Psicologia Comunitária
Psicólogos comunitários trabalham para fortalecer as capacidades das comunidades,
instituições, organizações e sistemas sociais mais amplos para atender às necessidades
individuais e coletivas.
Em vez de ajudar as pessoas a lidar com as circunstâncias negativas (por exemplo,
trauma, pobreza), os psicólogos comunitários ajudarem a capacitar as pessoas a mudar estas
condições, evitar problemas, e desenvolver comunidades mais fortes.
Exemplos de intervenções em psicologia comunitária incluem o apoio às vítimas do
furacão, em parceria com os bairros, contribuir para a prevenção de crimes e prevenção de

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bullying e ajudar a mudar as comunidades a identificarem suas próprias necessidades e
buscarem por mudanças em políticas públicas.
Aconselhamento Psicológico
Psicólogos que realizam aconselhamento ajudam as pessoas a reconhecer seus pontos
fortes e recursos para lidar com os problemas cotidianos e adversidade grave. Eles fazem
aconselhamento/psicoterapia, ensino e investigação científica com indivíduos de todas as idades,
famílias e organizações (por exemplo, escolas, hospitais, empresas).
Avaliação Psicológica
A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com pessoas ou
grupos de pessoas que envolvem a integração de informações provenientes de diversas fontes,
dentre elas, testes, entrevistas, observações e análise de documentos. A testagem psicológica,
portanto, pode ser considerada uma etapa da avaliação psicológica, que implica a utilização de
teste(s) psicológico(s) de diferentes tipos.
Os psicólogos trabalham com a avaliação psicológica como uma fonte dinâmica de
informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com a finalidade de
subsidiar os trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo, dentre eles, saúde,
educação, trabalho e outros setores em que ela se fizer necessária. Trata-se de um estudo que
requer um planejamento prévio e cuidadoso de acordo com a demanda e os fins aos quais a
avaliação se destina.
Psicologia do Desenvolvimento
Os psicólogos do desenvolvimento estudam as mudanças cognitivas, comportamentais e
emocionais que ocorrem durante a vida.
Durante muito tempo o foco primário de Psicólogos Desenvolvimentais eram as crianças e
adolescentes, porque essas fases constituem um período crucial no desenvolvimento e porque
estes períodos são repletos de mudanças muito claras e rápidas.
Mais recentemente os Psicólogos do Desenvolvimento concentram seus estudos no Ciclo
Vital, incluindo não apenas as crianças e adolescentes, mas sim o acompanhamento do
desenvolvimento dos seres humanos desde a gestação, passando pela infância e adolescência
até adultos, idosos e a morte.
Os Psicólogos Desenvolvimentais estão se tornando cada vez mais interessados em
envelhecimento, especialmente em pesquisar e desenvolver maneiras de ajudar as pessoas mais
velhas a continuarem o mais independente possível e com a maior qualidade de vida possível.
Psicólogos do Desenvolvimento examinam as mudanças através de uma ampla gama de
tópicos, incluindo: habilidades motoras, desenvolvimento cognitivo, funções executivas,

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compreensão moral, a aquisição da linguagem, a mudança social, a personalidade, o
desenvolvimento emocional, autoconceito e formação da identidade.
Psicologia Educacional
Psicólogos educacionais estudam cientificamente a aprendizagem humana nos mais
diferentes contextos, seja em escolas, comunidades ou famílias.
O campo da psicologia educacional envolve o estudo da memória, a formação de
conceitos, e as diferenças individuais (por meio da Psicologia Cognitiva e da Psicologia do
Desenvolvimento) em conceituar novas estratégias para os processos de aprendizagem em
humanos.
A Psicologia educacional foi construída sobre as bases de teorias do condicionamento
operante, funcionalismo, estruturalismo, construtivismo, psicologia humanista, a psicologia da
Gestalt, e a teoria de processamento de informação.
Os Psicólogos Educacionais podem realizar o estudo dos processos de aprendizagem, a
partir de perspectivas tanto cognitivas como comportamentais, que permitem aos pesquisadores
entender as diferenças individuais na inteligência, no desenvolvimento da cognição, afeto,
motivação, autorregulação e autoconceito, bem como o seu papel na aprendizagem.
O campo da psicologia da educação depende fortemente de métodos quantitativos,
incluindo testes e medição, para melhorar as atividades educativas relacionadas ao design de
métodos de ensino, gestão de sala de aula e avaliação, que servem para facilitar processos de
aprendizagem em vários contextos educativos em toda a vida.
O campo da Psicologia educacional contribui com uma vasta gama de especialidades
dentro dos estudos educacionais, incluindo design instrucional, tecnologia educacional,
desenvolvimento do currículo, a aprendizagem organizacional, educação especial e de gestão de
sala de aula.
Escola e educação estão intimamente relacionadas, mas não são sinônimos; o mesmo
vale para a psicologia escolar e para a psicologia educacional. A Psicologia educacional é um
campo mais amplo do que a Psicologia Escolar, e uma pessoa que opta por um programa de
psicologia educacional pode ou não pretende exercer a profissão de psicólogo escolar.
Psicologia Escolar
Psicólogos escolares geralmente oferecem serviços aos estudantes através de escolas e
podem inclusive ser membros de equipes escolares. Psicólogos escolares prestam diversos
serviços que podem incluir a administração de testes de inteligência e de outras habilidades
envolvidas na aprendizagem como memória e atenção, bem como intervenções de
aconselhamento e planejamento.

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Psicólogos escolares estão envolvidos em diversos serviços psicológicos para crianças,
adolescentes e famílias em escolas e outras configurações aplicadas. Eles avaliar e aconselhar
os estudantes, consultar com os pais e funcionários da escola, e realizar intervenções
comportamentais, quando apropriado.
Psicólogos escolares oferecem suporte à capacidade de aprender dos alunos e aos
professores dos alunos contribuem para à capacidade de ensinar. Eles aplicam conhecimentos
de saúde mental, aprendizagem e comportamento, para ajudar as crianças e jovens a serem bem
sucedidos academicamente, socialmente, comportamentalmente, e emocionalmente. Psicólogos
escolares fazem parcerias com as famílias, os professores, administradores escolares e outros
profissionais para criar ambientes seguros, saudáveis e de apoio de aprendizagem que
fortaleçam as ligações entre a família, a escola e a comunidade.
Psicologia Industrial, Organizacional e do Trabalho.
Atuam em atividades relacionadas a analise e desenvolvimento organizacional, visando à
qualidade no processo produtivo e saúde do trabalhador;
Psicologia de Trânsito
Atuam no âmbito da circulação humana, realizando avaliações psicológicas, estudos e
ações socioeducativas em todos os segmentos sociais que o trânsito está inserido;
Psicologia Jurídica
Atuam no âmbito da justiça colaborando no planejamento e execução de políticas de
cidadania, direitos humanos, avaliação psicológica, prevenção e combate da violência;
Psicologia do Esporte
Psicólogos do esporte ajudam os atletas a refinar o seu foco em metas de competição,
tornar-se mais motivados, e aprender a lidar com a ansiedade e o medo do fracasso que muitas
vezes acompanham a competição.
Eles atuam junto ao esporte competitivo e de alto rendimento, a fim de aperfeiçoar
aspectos psicológicos e desempenho relacionado à saúde global do atleta;
Psicometria e Psicologia Matemática
Psicólogos que usam métodos quantitativos e a psicometria para a concepção de
experimentos e análise de dados psicológicos. Alguns desenvolvem novos métodos para a
realização de análises; outros criam estratégias de investigação para avaliar o efeito dos
programas sociais e educacionais e de tratamento psicológico. Eles desenvolvem e avaliar
modelos matemáticos para os testes psicológicos. Eles também propõem métodos para avaliar a
validade e precisão de testes psicológicos.
Psicologia Hospitalar

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Atua em instituições de saúde participando na prestação de serviços de nível secundário
ou terciário da atenção à saúde;
Psicopedagogia
Atua na investigação e intervenção nos processos de aprendizagem de habilidades e
conteúdos acadêmicos;
Psicomotricidade
Psicólogos nessa área atuam nas áreas de Educação, Reeducação e Terapia
Psicomotora, utilizando se de recursos para o desenvolvimento, prevenção e reabilitação do ser
humano;
Psicologia Social
Os psicólogos sociais estudam como a vida mental e o comportamento de uma pessoa é
moldado por interações com outras pessoas. Eles estão interessados em todos os aspectos das
relações interpessoais, incluindo ambas as influências individuais e de grupo, e buscam maneiras
de melhorar tais interações. Por exemplo, suas pesquisas ajudam-nos a compreender como as
pessoas formam as atitudes para com os outros e, quando estes são nocivos, como no caso de
preconceitos fornecendo insights sobre maneiras de mudar eles.
Os psicólogos sociais são encontrados em uma variedade de configurações, desde em
instituições acadêmicas(onde ensinam e realizam pesquisas), até em agências de publicidade
(Onde estudam atitudes e preferências dos consumidores), e em empresas e agências do
governo (onde ajudam com uma variedade de problemas em organização e gestão).
Neuropsicologia
Neuropsicólogos exploram as relações entre o cérebro e os comportamentos. Eles podem
estudar, por exemplo, como o cérebro cria e armazena memórias, ou como doenças e lesões do
cérebro afetam a emoção, a percepção, e comportamentos. Eles projetam tarefas e testes para
estudar as funções normais do cérebro com imagens técnicas como a tomografia por emissão de
pósitrons (PET) e a ressonância magnética funcional (fMRI).
Neuropsicólogos clínicos também avaliam e tratam as pessoas e estão trabalhando com
equipes de saúde para ajudar na recuperação de pessoas sobreviventes de lesões traumáticas
no cérebro para que possam retomar a vida produtiva.
Psicologia Ambiental
Psicólogos ambientais estudam a dinâmica das interações entre pessoas e o meio
ambiente. Eles definem o termo meio ambiente de forma muito ampla, incluindo tudo os que são
natural no planeta, bem como ambientes construídos, configurações sociais, culturais, grupos e
ambientes informacionais. Eles examinam o comportamento evoluindo em várias escalas e de
diversos processos (por exemplo, localização, globalização).

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Psicólogos ambientais exploram questões como a gestão de recursos e o efeito do
estresse ambiental na saúde humana. Eles também promovem comportamentos conscientização
e de preservação ambiental.
Psicologia Evolucionista
Psicólogos evolucionistas estudam como princípios evolutivos, tais como mutação, seleção
e adaptação influenciam em nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Psicólogos
evolucionistas estão particularmente interessados em como os comportamentos ontogenéticos
reproduzem e foram selecionados filogeneticamente e o impacto desses comportamentos em
nosso contexto atual. Por exemplo, alguns comportamentos que eram altamente adaptativos no
nosso passado evolutivo podem não ser mais adaptativos no mundo moderno.
Psicologia Experimental
Psicólogos Experimentais estão interessados em uma ampla gama de fenômenos
psicológicos, incluindo processos cognitivos, psicologia comparativa (comparações de diferentes
especíes) e aprendizagem e condicionamento. Eles estudam tanto animais humanos e não-
humanos com relação a suas capacidades para detectar o que está acontecendo em um
ambiente particular e para adquirir e manter as respostas para o que está acontecendo.
Os psicólogos experimentais trabalham com o método empírico (coleta dados) e a
manipulação das variáveis dentro do laboratório como uma forma de compreender certos
fenômenos e produzir o avanço do conhecimento científico. Além de trabalhar em ambientes
acadêmicos, psicólogos experimentais trabalharem em lugares tão diversos como de fabricas,
jardins zoológicos, e empresas de engenharia.
Psicologia Hospitalar
É o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do
adoecimento. Objetivo: Subjetividade, ajudar o paciente a fazer uma travessia da experiência do
adoecimento. Trata-se de um conjunto de ações psicoterapêuticas capaz de eliminar, diminuir ou
prevenir riscos á saúde mental e intervir em programas sanitários decorrentes da patologia
orgânica, da hospitalização, dos tratamentos medicamentosos e cirúrgicos e da reabilitação.

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