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Cooperativa de crédito é uma sociedade de pessoas com forma e natureza jurídica próprias,
sem fins lucrativos, constituída para prestar serviços aos seus associados.
A Cooperativa de crédito é uma sociedade de pessoas com forma e natureza jurídica próprias,
sem fins lucrativos, constituída para prestar serviços aos seus associados.
Tendo em vista os grandes avanços regulatórios recentes, especialmente por meio da emissão
da Resolução CMN 4.434/2015, as cooperativas de crédito podem atender todos os públicos,
sem restrições quanto ao escopo associativo. Assim, um dos grandes objetivos hoje, para as
cooperativas de crédito, é ampliar a sua atuação, especialmente nos grandes centros urbanos,
expansão que vinha sendo adiada ou impedida, tendo em vista os entraves legais e normativos.
MEDEIROS. Marcelo Correa. Tributação e Contabilidade nas Cooperativas de Crédito . Palhoça : UnisulVirtual, 2016.
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Com essa alteração, qualquer cooperativa financeira do país, mesmo que hoje atue apenas com
o público rural, ou com alguma categoria profissional específica (médicos, policiais, advogados,
professores, funcionários públicos…), poderá passar a atuar com todos os públicos, a exemplo
das atuais cooperativas de livre admissão de associados, desde que aprovado pelos associados
em assembleia geral que proponha a mudança estatutária. Essa mudança, se vier a ser adotada
de forma maciça pelas cooperativas, principalmente pelas que atuam em grandes centros
urbanos (especialmente nas capitais e principais regiões metropolitanas), poderá aumentar
significativamente a quantidade de associados nas cooperativas financeiras.
•• empréstimos pessoais;
•• financiamentos de bens duráveis;
•• saneamento financeiro;
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Legalmente as cooperativas de crédito não podem operar diretamente com a poupança, porém,
nos sistemas de cooperativas de crédito que possuem o Banco Cooperativo, é possível captar
recursos através do seu respectivo banco, onde a cooperativa realiza o papel de intermediador
dessas operações, e depois recebe parte desses recursos captados, na forma de linhas de crédito
específicas com juros reduzidos, para financiar as atividades dos seus associados.
•• Recebimento de contas.
•• Débitos automáticos em conta corrente.
•• Fornecimento de Cartões de afinidade e de crédito.
•• Seguro de vida solidário.
•• Títulos de Capitalização.
Outras operações e atividades podem ser realizadas pelas cooperativas de crédito, tendo uma
regulamentação específica.
CAPÍTULO VI
DOS LIMITES DE EXPOSIÇÃO POR CLIENTE
Art. 23. A cooperativa de crédito deve observar os seguintes limites
de exposição por cliente:
I - nas aplicações em depósitos e títulos e valores mobiliários de
responsabilidade ou de emissão de uma mesma entidade, empresas
coligadas e controladora e suas controladas:
25% (vinte e cinco por cento) do PR; e
II - nas operações de crédito e de concessão de garantias em favor
de um mesmo cliente, bem como nos créditos decorrentes de
operações com derivativos:
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CAPÍTULO III
DA CLASSIFICAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO E DAS
CONDIÇÕES ESTATUTÁRIAS DE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS
Art. 15. A cooperativa de crédito singular, de acordo com as
operações praticadas, se classifica nas seguintes categorias:
I - cooperativa de crédito plena: a autorizada a realizar as operações
previstas no art. 17;
II - cooperativa de crédito clássica: a autorizada a realizar as
operações previstas no art. 17, observadas as restrições contidas no
art. 18; e
III - cooperativa de crédito de capital e empréstimo: a autorizada a
realizar as operações previstas no art. 17, exceto as previstas em seu
inciso I, observadas as restrições contidas no art. 18. Resolução nº
4.434, de 5 de agosto de 2015 Página 9 de 26.
CAPÍTULO IV
DAS OPERAÇÕES
Art. 17. A cooperativa de crédito pode realizar as seguintes
operações e atividades, além de outras estabelecidas na
regulamentação em vigor:
I - captar, exclusivamente de associados, recursos e depósitos sem
emissão de certificado;
II - obter empréstimos e repasses de instituições financeiras nacionais
ou estrangeiras, inclusive por meio de depósitos interfinanceiros;
III - receber recursos oriundos de fundos oficiais e, em caráter
eventual, recursos isentos de remuneração ou a taxas favorecidas, de
qualquer entidade, na forma de doações, empréstimos ou repasses;
IV - conceder créditos e prestar garantias, somente a associados,
inclusive em operações realizadas ao amparo da regulamentação do
crédito rural em favor de associados produtores rurais;
V - aplicar recursos no mercado financeiro, inclusive em depósitos à
vista e depósitos interfinanceiros, observadas as restrições legais e
regulamentares específicas de cada aplicação;
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A par das disposições legais e das exigências regulamentares específicas atinentes à escrituração,
observam-se, ainda, os princípios fundamentais de contabilidade, cabendo à instituição:
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2.0.0.00.00 – 4 Permanente
3.0.0.00.00 – 1 Compensação
9.0.0.00.00 – 3 Compensação
1. O funcionamento completo de cada título e cada conta assim como seu funcionamento poderá ser obtido no site do
Banco Central do Brasil junto ao Plano de Contas do Sistema Financeiro Nacional (Cosif) (<http://www.cosif.com.br/mostra.
asp?arquivo=elencocontas>).
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D – Depósitos à vista
C – Pagamento em Trânsito de Sociedades Ligadas
C – Pagamento em Trânsito de Terceiros
Função: Registrar os pagamentos efetuados por conta de sociedade ligadas, em trânsito, na
agência destinatária.
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•• Adiantamentos a Depositantes
D – Depósitos à Vista
C – Caixa ou outra conta adequada
Função: Registrar a ocorrência do saldo devedor na conta do cliente.
D – Adiantamento a Depositantes
C – Depósitos à Vista
Função: Registrar a transferência diária da totalidade dos adiantamentos para a adequada
conta de depósito, sem alteração do registro individual dos saldos devedores.
D – Depósitos à Vista
C – Adiantamento a Depositantes
Função: Registrar a reversão no dia útil imediato do lançamento global anterior.
•• Encerramento de Contas
D – Depósitos à Vista
C – Depósitos à Vista
Função: Registrar a transferência do saldo da conta por uso indevido de cheque.
D- Depósitos à Vista
C - Caixa
Função: Registrar acatamento de cheque e retirada do valor.
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D – Títulos Descontados
C - Rendas de Títulos descontados
Função: Registrar Receitas sobre títulos vencidos - juros de mora, comissão de permanência e
outros encargos apropriados mensalmente.
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D - Empréstimos
C - Rendas de Empréstimos
Função: Registrar apropriação mensal de receitas nas operações com encargos pós-fixados.
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D – Empréstimos ou
C - Rendas de Empréstimos ou
D – Títulos Descontados
C – Rendas de Títulos Descontados
Função: Registrar apropriação de Rendimentos de Créditos em Atraso. Apropriação das rendas
enquanto for obrigatório pela legislação tributária e pelas normas do Banco Central do Brasil.
A Lei nº. 5.764/71, além de disciplinar a forma e natureza jurídica próprias das sociedades
cooperativas em seu art. 4º define serem obrigatórios 05 (cinco) livros sociais e outros fiscais
e contábeis, obrigatórios. A mesma Lei estabelece os Fundos Obrigatórios em seu art. 28 e
define ser direito, obrigação e competência da Assembleia Geral dos Associados o controle, a
análise e aprovação das Contas da Administração e, em seu art. 44, inciso I, estabelece quais
as Demonstrações Contábeis exigíveis na prestação de contas.
Finalmente, em seu art. 92, estabelece ser atribuição do Banco Central do Brasil, a fiscalização
e controle das Cooperativas e Seções de Crédito, do Banco Nacional de Habitação a
atribuição de fiscalizar e controlar as Cooperativas Habitacionais e as demais, fiscalizadas e
controladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Ao Conselho
2. Esses foram apenas alguns lançamentos que, dependendo de cada cooperativa e suas contas específicas, poderão
ser usados. O modelo completo você poderá encontrar no site do Banco Central (<http://www.cosif.com.br/mostra.
asp?arquivo=esqind>).
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Recentemente, a Lei nº 11.638/07, modificou alguns artigos da Lei nº 6.404/76. E o fez com
maestria e inteligência, ao equiparar a contabilidade brasileira com outras do mundo globalizado.
•• O da obrigatoriedade.
•• O da aplicabilidade.
Não estamos isolados com nossas empresas. Participamos de e com outras empresas
do mundo todo. Nossa obrigação mínima é, pelo menos, nos igualarmos a elas quer em
administração, controle e financeiro, quer contabilmente.
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São decorridos 26 anos de adaptação e convivência. Não será de forma alguma ingrato
seguirmos também as mudanças que a Lei nº 11.638/07 vem operando.
Não nos esqueçamos que o próprio Conselho Federal de Contabilidade já ensaiou com a
Resolução CFC nº 1.028/05 mudanças da até então em vigor Resolução nº 751/93.
Em artigo elaborado em março de 2008, Milton da Silva Pereira diz que “a Lei 11.638/07 abriu
definitivamente as “portas” para a convergência às normas internacionais de contabilidade”.
Importante ressaltar que a Lei n° 11.638, de 2007, deve ser aplicada às cooperativas de
crédito naquilo que não for contraditório com as normas do Conselho Monetário Nacional
e o Banco Central do Brasil, como forma de, além de dar maior transparência aos seus
associados, equiparar-se com as normas internacionais de contabilidade.
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Outro fundo legal é o Fates, calculado em percentual mínimo de 5% da sobra líquida do exercício,
destinado à aplicação em assistência técnica, educacional e social de seus associados e
familiares, que podem ser desenvolvidos por meio de convênios. Também é indivisível.
Sabemos que, em razão de sua natureza não lucrativa, as cooperativas de crédito submetem-
se a regime diferenciado de tributação.
A ausência de lucro, a par da previsão legal (art. 3º da Lei Cooperativista), sustenta-se, por
princípio, na circunstância de as atividades essenciais das cooperativas restringirem-se aos
associados, ou de derivarem, imediatamente, do relacionamento com eles.
Assim, o pagar menos pelos recursos captados dos associados ou o cobrar mais pelos
empréstimos concedidos a eles não afetará senão os próprios donos (também “clientes” ou
usuários das soluções), já que os excedentes, direta ou indiretamente, revertem em favor deles
mesmos. Não há um terceiro nessa relação – acionista, por exemplo –, interessado no resultado.
Por isso, não tem sentido falar em lucro nesse caso. Diferente é a situação de um banco
convencional. Aqui temos um grupo de pessoas donas do capital e um grande contingente de
clientes (usuários das soluções), que são terceiros ou estranhos aos donos. Aqueles – os acionistas
-, focados no lucro, têm o máximo de interesse de que se pague menos aos investimentos dos
clientes e se cobre mais desses ao tomarem empréstimos. São, portanto, propósitos antagônicos.
Por isso, no caso das cooperativas de crédito, o resultado das atividades realizadas
diretamente com os associados, incluindo a prestação de serviços propriamente ditos
(geradora de tarifas ou comissões) ou executadas por derivação desse relacionamento (caso
das aplicações em bancos), não está sujeito à incidência tributária.
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Finalmente, quanto aos juros pagos às quotas-partes de capital dos associados, hoje
limitados à taxa Selic (em razão do engessamento provocado pela Lei Complementar 130),
embora a prática seja a de reter IRRF à alíquota de 15%, há inúmeras demandas judiciais em
que se discute a exação. A matéria ainda não foi definitivamente resolvida, comportando, até
aqui, manifestações contra a tributação (em sua maioria) e a favor da incidência. Os tribunais
superiores ainda não tiveram oportunidade de se pronunciar a respeito.
Bem, ao que se sabe, como movimento ainda isolado, a Receita Federal do Brasil está
pretendendo tributar, na FONTE, as sobras devolvidas aos associados (o resultado que fica
internalizado na cooperativa, na forma de fundos e reservas, por exemplo, não é considerado
tributável). Setores do Fisco entendem que a sobra destinada (entregue) ao associado
implica ganho de capital, sujeita, assim, à incidência de imposto de renda por ocasião do seu
pagamento (crédito em conta, conversão em novas quotas-partes de capital etc.). Para colocar
as cooperativas no compromisso, como substitutas tributárias – responsáveis pela retenção na
fonte do imposto -, a autoridade fiscal, no caso concreto, socorreu-se da Lei n° 8.981/95, que
disciplina a incidência do imposto de renda sobre aplicações financeiras de renda fixa.
É senso comum entre os operadores do cooperativismo de crédito, e até aqui também do próprio
Fisco, que, de conformidade com as leis que regem as atividades das cooperativas de crédito, as
sobras não são tributáveis, pouco importa o destino que se lhe dê.
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No caso concreto da autuação de que se tem notícia, a autoridade fiscal, ao impor o ônus da
(não) retenção à cooperativa, referiu – unicamente – a Lei 8.981/95, que, no §4º, “c”, do art. 65
diz se sujeitarem ao recolhimento do imposto de renda na fonte os “[…] rendimentos auferidos
pela entrega de recursos à pessoa jurídica, sob qualquer forma e a qualquer título […]”. Essa
lei, como já mencionado, é a que disciplina a retenção e o recolhimento do imposto de renda
na fonte incidente sobre aplicações financeiras de renda fixa.
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•• Aliás, a confirmação de que esse tema ainda tem de ser tratado em legislação
própria, voltada exclusivamente para a tributação das cooperativas –, como, de
resto, impõe a Constituição Federal, no art. 146, III, “c” -, é o fato de a matéria
compor o Projeto de Lei Ordinária n° 3.723/2008, iniciativa essa que, no seu
princípio, reuniu, em trabalho conjunto, representantes das cooperativas – de cuja
composição fizemos parte – e do governo (Receita Federal do Brasil). O projeto
em questão, que precisa ser revisto substancialmente em vários aspectos (em
razão de seu descolamento quanto aos encaminhamentos iniciais do grupo),
nos seus artigos 10 e 11, §1º, prevê a tributação das sobras devolvidas aos
associados, atribuindo às cooperativas o dever da retenção na fonte.
•• Em síntese, por ora, excetuando-se as hipóteses de abuso de forma
(contratação de remuneração irreal para os depósitos a prazo, com intuito de
complementá-la, sem tributação, com as sobras), falta respaldo legal para o
Fisco exigir das cooperativas de crédito que retenham, na fonte, o imposto de
renda sobre as sobras devolvidas aos associados. Com isso, a iniciativa de
autuar cooperativas com esse propósito, hoje, reveste-se de total arbitrariedade.
Como instituição financeira, a cooperativa de crédito está sujeita aos riscos decorrentes da
sua atividade fim: risco de liquidez, de crédito, de mercado, operacional e de imagem. Mitigar
esses riscos e alinhar o processo de gestão às características próprias do tipo societário é
desafio presente dos seus líderes e administradores.
Esse último, dependente de uma estrutura que leva em consideração os seguintes pressupostos:
•• posicionamento;
•• escala mínima para enfrentar os competidores;
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Outras diferenças relevantes, as quais não estão relacionadas a aspectos de nomenclatura são:
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•• capital social;
•• reserva de sobras;
•• sobras acumuladas.
A conta Capital, denominada capital social nas entidades cooperativas, serve para possibilitar
a prestação de serviço, ou seja, para as instalações e equipamentos necessários. Ele é
dividido em quotas partes que devem ser registradas de forma individualizada por se tratar de
sociedade de pessoas, segregando o capital subscrito e o capital a integralizar. O valor unitário
da quota parte não poderá ser superior ao maior salário mínimo vigente no país, contudo,
normalmente o valor da quota-parte é estabelecido em um R$ 1,00 (um real). Nenhum
associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do total de quotas-parte.
•• livre adesão do associado, quando de sua admissão, pelo valor das quotas-
partes fixado no estatuto social;
•• pela subscrição de novas quotas-partes, pela retenção estatutária sobre a
produção ou serviço, pela capitalização de sobras e pela incorporação de
reservas, exceto as reservas indivisíveis;
•• retirada do associado, por demissão, eliminação ou exclusão.
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Para a formação do capital social poder-se-á estipular que o pagamento das quotas-parte
seja realizado mediante prestações periódicas, independentemente de chamada, por meio de
contribuições ou outra forma estabelecida a critério dos respectivos órgãos executivos federais.
Nas cooperativas de crédito, as sobras líquidas devem ser distribuídas aos seus associados
conforme os volumes dos serviços por eles utilizados junto à cooperativa, dentro do exercício
social, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral.
Os fundos previstos na legislação ou nos estatutos sociais, pela norma, são denominados
Reservas. As Reservas obrigatórias (Legal e FATES), de Incentivos Fiscais e Reavaliação são
indivisíveis entre os cooperados.
Esse fundo também é composto pela reversão das rendas não operacionais, os auxílios ou
doações sem destinação específica e os créditos não reclamados após o decurso de três
(três) anos da demissão, exclusão ou eliminação. Os prejuízos verificados no decorrer do
exercício serão cobertos com recursos provenientes do Fundo de Reserva e, se este for
insuficiente, mediante rateio entre os cooperados, na razão direta dos serviços usufruídos.
Além dos previstos, a Assembleia Geral poderá criar outros fundos, inclusive rotativos, com
recursos destinados a fins específicos, fixando o modo de formação, aplicação e liquidação.
O resultado líquido decorrente do ato não cooperativo, quando positivo, deve ser destinado
para a Reserva de Assistência Técnica, Educacional e Social, não podendo ser objeto de
rateio entre os associados.
Quando negativo, deve ser levado à Reserva Legal e, se insuficiente sua cobertura, será rateado
entre os associados. Assim como as perdas apuradas no exercício, não cobertas pela Reserva
Legal, também serão rateadas entre os associados, conforme disposições estatutárias e legais,
e registradas individualmente em contas do Ativo, após deliberação da Assembleia Geral.
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O termo harmonização algumas vezes tem sido associado incorretamente com “padronização”
de normas contábeis. Porém, harmonização é um processo que busca preservar as
particularidades inerentes a cada país, contudo, permite reconciliar os sistemas contábeis
com os de outros países, de modo a melhorar a troca de informações a serem interpretadas
e compreendidas. Já padronização é um processo de uniformização de critérios, o qual não
admite flexibilização (NIYAMA, 2005).
Inclusive, países como Argentina e Paraguai, já estão mais avançados nessa discussão.
Por isso, ao se ter a capacidade de regularmente contar com dados íntegros e comparáveis,
que revelem de maneira adequada sua condição financeira, consegue-se uma melhor
administração delas e uma maior proteção dos interesses dos associados cooperativistas. O
efeito mais importante de tal ação poderia ser um aumento da participação dos associados
cooperativistas nos processos de controle e seguimento de suas cooperativas, que ainda se
apresentam como uma das fraquezas do sistema, e também o fortalecimento e ampliação do
conceito e da cultura cooperativista.
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I - Nível I: representado pelo patrimônio líquido, acrescido do saldo das contas de resultado
credoras e depósito em conta vinculada para suprir deficiência de capital.
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II - Nível II: representado pela soma dos valores correspondentes às reservas de reavaliação,
às reservas para contingências e às reservas especiais de lucros relativas a dividendos
obrigatórios não distribuídos.
O capital do Nível II é limitado a 100% do Nível I e o montante das reservas de reavaliação fica
limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do PR.
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Essa situação também pode ser evidenciada por meio do cálculo do índice de adequação de
capital, conforme exemplos a seguir:
Apr - Ativo Ponderado Pelo Risco = total do produto dos títulos do Ativo Circulante
e Realizável a Longo Prazo (código 1.0.0.00.00-7 do COSIF) pelos fatores de risco
correspondentes + produto do Ativo Permanente (código 2.0.0.00.00-4 do COSIF) pelo
fator de risco correspondente + produto dos títulos de Coobrigações e Riscos em Garantias
Prestadas (código 3.0.1.00.00-4 do COSIF) pelos fatores de risco correspondentes. A
Resolução n° 2.099, de 17 de agosto de 1994, apresenta a Tabela de classificação dos Ativos
composta pelos Fatores de Ponderação de Risco para o APR (Resolução n° 2.099 – BCB):
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Vamos ver a aplicabilidade dessas normas num caso prático hipotético de uma cooperativa
de crédito singular.
Primeiramente, será calculado o Índice da Basileia de acordo com as leis brasileiras e sem
a aplicação da NIC 32. Em seguida, será feito o mesmo cálculo, porém, com a aplicação da
NIC 32, ou seja, retirando-se as contribuições dos associados (capital social) do Patrimônio
Líquido. Em terceiro lugar, o cálculo será feito novamente, mas dessa vez considerando a
limitação de 50% do capital social.
CONTAS DO BALANÇO 20 x 0
Total PL 193.488.991
Reservas 105.068.950
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Nível I
Nível II
Total do PR 227.784.668
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Disponibilidades 0% 927.929 0
Operações de Crédito
Outros Créditos
O cálculo do índice da Basileia nas cooperativas resulta em valores muito satisfatórios, pois
esse precisa ser maior que 11%. Assim a nossa cooperativa de crédito modelo está acima do
padrão exigido.
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Para se aplicar a NIC 32, retira-se o Capital Social do PL (pois esse passa e ser
classificado no passivo), porém, como todas as cooperativas já apresentam uma cláusula
de capital mínimo em seus Estatutos Sociais, os valores designados nessa cláusula
serão considerados no patrimônio líquido. A diferença do cálculo do Índice da Basileia,
considerando a aplicação da NIC 32, diverge do cálculo anterior somente no valor do
Patrimônio de Referência do Nível I, assim temos:
Nível I
Nível II
Total do PR 140.364.627
Pelos resultados dos índices de Basileia acima, pode–se que, mesmo desconsiderando quase todo
o valor do capital social do PL (considerando apenas o capital mínimo no PL, sendo um milhão de
reais da Credimodelo), ainda assim, a cooperativa atingiu um valor acima do exigido (11%).
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