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1° Módulo: Introdução
Está intimamente ligada com a gestão de recursos públicos. Esta área ganhou maior visibilidade
com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base Conceitual Tendo
como objetivo reunir em um único documento os vários atos normativos anteriores que
regulavam a padronização conceitual da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, de forma a
tornar claro o processo de convergência, principalmente no que se refere aos prazos
estabelecidos, a STN publicou, em 21 de novembro de 2013, a Portaria 634, dispondo sobre as
regras gerais acerca das diretrizes, das normas e dos procedimentos contábeis aplicáveis aos
Entes da Federação, com vistas à consolidação das contas públicas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, sob a mesma base conceitual. De acordo com a Portaria STN
634, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e as Demonstrações Contábeis
Aplicadas ao Setor Público (DCASP) deverão ser adotados por todos os Entes da Federação até o
término do exercício de 2014.
Outra exigência é que a consolidação nacional e por esfera de governo das contas de 2014, a ser
realizada em 2015, bem como as dos exercícios seguintes, deverão observar, integralmente, as
regras relativas ao PCASP e às DCASP, estabelecidas pelo MCASP. Caso não haja observação
desses prazos, a STN não dará quitação à obrigação prevista no § 1o do art. 51 da Lei
Complementar 101, de 2000, impedindo que os Municípios, até que a situação seja regularizada,
receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. Essa exigência foi ratificada pela
publicação da Portaria STN 86, publicada em fevereiro de 2014, estabelecendo regras para o
recebimento dos dados contábeis e fiscais dos Entes da Federação no exercício de 2014. Portanto,
diante desse novo ambiente em que se insere a contabilidade municipal, a presente cartilha
apresentará os fundamentos dessas mudanças e como esses procedimentos devem ser
operacionalizados.
Princípio da Entidade:
Princípio da Oportunidade
As variações do patrimônio das entidades do Município (como, por exemplo, pagamento de folha,
compra de bens móveis etc.) devem ser reconhecidas tempestivamente em sua totalidade,
independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência. Naturalmente,
caso as formalidades legais não sejam observadas, o ordenador de despesa será responsabilizado.
Registro pelo Valor Original As transações governamentais (como o pagamento de dívida, o
recebimento de um bem em doação etc.) devem ser registradas pelo valor que melhor represente
sua realidade econômica, seja esse valor de entrada (custo histórico) ou de saída (valor de
mercado, valor justo etc.) 12 Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma
nova Base Conceitual
Princípio da Competência
Princípio da Prudência
O plano de contas é um elenco de contas que permite registrar todos os eventos que acontecem
no âmbito da prefeitura, desde o registro da Lei Orçamentária Anual (LOA) até quaisquer ganhos
e perdas relativos aos bens e direitos pertencentes ao Município. Até recentemente, cada
Município possuía seu próprio elenco de contas, e o contabilista municipal tinha total liberdade
para alterar, excluir ou incluir contas nesse elenco. A partir das novas regras, até o final de 2014,
uma nova estrutura de contas padronizada deve ser observada por todos os Entes públicos
federados, intitulada Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP).
É importante ressaltar que o PCASP deve ser utilizado por todos os poderes de cada Ente da
Federação, seus fundos, órgãos, autarquias, inclusive especiais, e fundações instituídas e mantidas
pelo poder público. Para as empresas estatais dependentes, a utilização é facultativa.
O novo elenco de contas apresenta oito classes de contas, segregado em três sistemas de
informações: natureza de informação patrimonial (NIP), natureza de informações orçamentárias
(NIO) e natureza de informações de controle (NIC), conforme Quadro 2.
Segundo o disposto na Portaria STN 634/2013, o PCASP estabelece conceitos básicos, regras para
registro dos atos e fatos e estrutura contábil padronizada, em conformidade com os dispositivos
legais vigentes e observadas as NBCASP. A Portaria STN 634/2013 também esclarece que a
estrutura do PCASP deve possibilitar sua utilização por todos os Entes da Federação, permitir a
elaboração das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), bem como a
geração de base de dados para a consolidação das contas públicas.
Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base Conceitual Atributos
“P” e “F” A lógica contábil do PCASP distingue as contas permanentes (que recebem atributo P)
das contas financeiras (que recebem atributo F). De acordo com o MCASP, essa classificação é
importante para que se faça a apuração do superávit financeiro, necessário para a abertura de
créditos adicionais no exercício seguinte, conforme disposto no art. 43 da Lei 4.320/1964.
A título de exemplo, de acordo com Manual, caso uma unidade tenha obrigação a pagar que não
esteja amparada por crédito orçamentário, ou seja, não tenha sido empenhada, esta deverá ser
registrada como um passivo permanente (P) no momento do fato gerador. Quando a obrigação
a pagar for empenhada, deve-se proceder à baixa do passivo permanente (P) em contrapartida
ao passivo financeiro (F), conforme o art. 105 da Lei 4.320/1964.
Regras de Funcionamento
A relação das contas, a estrutura e as regras de funcionamento do PCASP estão dispostas na Parte
IV – Plano de Contas do MCASP. De acordo com a regra estabelecida, o sistema contábil da
prefeitura deve incorporar os códigos e a nomenclatura do PCASP, podendo detalhar as contas
somente nos níveis posteriores ao nível utilizado na relação de contas do PCASP.
Pela nova estrutura do Balanço Financeiro, deverão ser apresentadas as destinações ordinárias e
as destinações vinculadas. No caso do detalhamento das vinculações, deverá ser feito de acordo
com as características específicas de cada Ente, como, por exemplo, as vinculações para a
previdência social, transferências obrigatórias para outro Ente e outras vinculações constitucionais
e legais, conforme Figura 2.
Para atender ao MCASP, as contas de Ativo e de Passivo devem ser classificadas em “Circulante”
e “Não Circulante”, com base, respectivamente, nos atributos de conversibilidade e exigibilidade,
e o resultado do período deve ser segregado dos resultados acumulados de períodos anteriores,
além de outros itens, conforme Figura 4.
De acordo com o DCASP, outros três demonstrativos devem ser anexados ao Balanço Patrimonial:
um que trata das compensações, outro que trata da apuração do superávit/déficit financeiro e
um terceiro que trata do controle das destinações. No caso do demonstrativo que trata da
apuração do superávit/déficit financeiro, é observado o disposto no art. 105 da Lei 4.320/1964,
que separa o Ativo e o Passivo em dois grandes grupos em função da dependência ou não de
autorização orçamentária para a realização dos itens que o compõem, conforme Figura 5.
Com relação ao demonstrativo que trata do registro das compensações, devem ser incluídos os
atos potenciais do ativo e do passivo que possam, imediata ou indiretamente, vir a afetar o
patrimônio, como, por exemplo, direitos e obrigações conveniadas ou contratadas e
responsabilidade por valores, títulos e bens de terceiros, conforme Figura 6.
Para atendimento dos novos mandamentos legais, deve ainda ser elaborado o demonstrativo que
evidencia o controle das destinações, relativo ao mecanismo denominado destinação de recursos
(DR) ou fonte de recursos (FR), conforme Figura 7.
Esse demonstrativo identifica se os recursos são vinculados ou não e, no caso dos vinculados,
indica a sua finalidade nesse anexo, podem ser apresentadas algumas fontes com déficit e outras
com superávit financeiro, de maneira que o total seja igual ao superávit financeiro apurado no
balanço patrimonial do exercício.
De acordo com o MCASP, as informações dos fluxos de caixa são úteis para proporcionar aos
usuários da informação contábil instrumento para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa
e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez. A Demonstração dos Fluxos de
Caixa deve ser elaborada pelo método direto e evidenciar as movimentações havidas no caixa e
seus equivalentes, nos seguintes fluxos:
Segundo o MCASP, a Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido será obrigatória apenas
para as empresas estatais dependentes e para os Entes que as incorporarem no processo de
consolidação das contas.
Para atender ao MCASP, a demonstração das mutações do patrimônio líquido deve apresentar a
estrutura contemplada na Figura 9.
6° Módulo: Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP)
De acordo com a Portaria STN 634/2014, as estruturas das DCASP devem ser observadas
obrigatoriamente pelos Entes da Federação, de modo a permitir a evidenciação e a consolidação
das contas públicas em âmbito nacional, em consonância com os procedimentos do PCASP.
Conforme apresentado anteriormente, a DCA deverá ser elaborada pelos Municípios que já
adotaram a estrutura de oito classes de contas do PCASP ao longo do exercício de 2013, conforme
modelos estabelecidos pela STN.
No Balanço Patrimonial, devem ser informados os valores relativos aos Ativos Circulantes e Não
Circulantes (Classe 1) e aos Passivos Circulantes e Não Circulantes (Classe 2), complementado
pelas contas que compõem a apuração do superávit/déficit financeiro (Ativo Financeiro/Ativo
Permanente e Passivo Financeiro/Passivo Permanente).
http://www.cnm. org.br/contadores/legislacao.php.
A partir dos modelos estabelecidos pela STN para preenchimento dos anexos que compõem a
DCA, é possível perceber que não se trata de apenas um “De Para” entre os saldos das contas
utilizadas pelo Município e os valores que devem compor a DCA. É importante que o Município
esteja efetivamente utilizando os novos procedimentos contábeis, inclusive em relação à adoção
do regime contábil de competência, registrando contabilmente as transações governamentais no
momento do fato gerador.
Para os Municípios que não implantaram o PCASP e as DCASP em 2013, os gestores devem
preencher os anexos contemplados no QDCC Basicamente, a principal diferença em relação à
DCA é que no QDCC o Município continua utilizando em seus registros contábeis a estrutura do
Plano de Contas composta por seis classes. No Balanço Patrimonial, devem ser informados os
valores relativos aos Ativos Financeiros e Não Financeiro e aos Passivos Financeiros e Não
Financeiros, bem como os valores registrados em contas do Ativo Compensado e do Passivo
Compensado. No QDCC, o preenchimento do Balanço Orçamentário também é composto pelos
mesmos anexos que serão apresentados no DCA, distinguindo apenas em relação ao conjunto de
contas onde os valores deverão ser informados.
No Balanço Orçamentário do QDCC, devem ser enviadas informações sobre as receitas realizadas
e respectivas deduções (Anexo I-C), sobre as despesas orçamentárias empenhadas, liquidadas,
pagas e inscritas ou não em restos a pagar (Anexo I-D), sobre as despesas por função
empenhadas, liquidadas, pagas e inscritas ou não em restos a pagar (Anexo I-E), sobre as despesas
orçamentárias e seus restos a pagar não processados pagos, restos a pagar não processados
cancelados, restos a pagar processados pagos e restos a pagar processados cancelados (Anexo I-
F) e, finalmente, sobre as despesas por função e seus restos a pagar não processados pagos,
restos a pagar não processados cancelados, restos a pagar processados pagos e restos a pagar
processados cancelados (Anexo I-G). Como também são vários os anexos do Balanço
Orçamentário do QDCC, eles podem ser conferidos no site:
https://siconfi.tesouro.gov.br/siconfi/pages/public/conteudo/conteudo.jsf?id=42.
7° Módulo: Siconfi
Para permitir o recebimento das contas anuais de 2013, o Siconfi possibilitará aos Entes
federativos que encaminhem suas informações em dois modelos distintos: Declaração de Contas
Anuais (DCA), para os Entes que implantaram o PCASP e as DCASP em 2013, e o Quadro de Dados
Contábeis Consolidados (QDCC), para os demais Entes.
A Portaria esclarece que, para efeitos de abrangência dos dados encaminhados, tanto o QDCC
quanto a DCA deverão conter os dados consolidados de todos os poderes e órgãos da
administração direta e das entidades da administração indireta, definidos no § 3o do art. 1o da
Lei Complementar 101, de 2000.
Ao longo do ano de 2014, os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO), os
Relatórios de Gestão Fiscal (RGF) e o Cadastro de Operações de Crédito (COC) continuam a ser
encaminhados ao SISTN, conforme Quadro 3.
É importante ressaltar que os processos de validação e homologação dos dados no Siconfi serão
diferentes do processo atualmente existente no SISTN, pois a validação dos dados ocorrerá de
forma automática, onde o Siconfi verificará possíveis erros em totalizadores e as regras inerentes
à consistência dos demonstrativos contábeis componentes do DCA.
Em relação ao certificado digital, poderá ser qualquer um do tipo A3, conforme o padrão ICP
Brasil, ressaltando que podem ser utilizados os tokens enviados pelo governo federal (Ministério
da Saúde) aos Estados e aos Municípios em razão da implantação do Sistema de Informações
sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops).