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Diretrizes da Contabilidade Pública

1° Módulo: Introdução

A Contabilidade Pública é o ramo da contabilidade que se dedica ao estudo do patrimônio dos


entes públicos, entendidos como aqueles que são regidos pelo direito público interno. A
contabilidade pública, também chamada de contabilidade governamental, não deve ser
confundida com a contabilidade nacional, pois esta é uma disciplina da economia, cujo objeto
são as chamadas contas nacionais, como por exemplo, o produto interno bruto (PIB), cuja
metodologia desenvolvida pela ONU faz uso do universal método das partidas dobradas.

No Brasil, a contabilidade pública advém diretamente da legislação. O principal dispositivo legal


é a Lei 4.320/64, embora na sua maior parte ela traga regulamentação orçamentária e financeira
— e não patrimonial ou contábil.

Está intimamente ligada com a gestão de recursos públicos. Esta área ganhou maior visibilidade
com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

2° Módulo: Novo Ambiente da Contabilidade Aplicada ao Setor Público

Em 2007, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), em uma perspectiva modernizadora e de


apoio ao aperfeiçoamento da gestão pública, apresentou as Orientações Estratégicas para a
Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil, consubstanciadas em diretrizes relacionadas à
promoção e ao desenvolvimento conceitual, à convergência às normas internacionais e ao
fortalecimento institucional da Contabilidade. Entre as iniciativas adotadas pelo CFC na direção
do desenvolvimento conceitual da Contabilidade aplicada ao setor público, foi publicada a
interpretação dos Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público (Resolução CFC
1.111/2007), e propostas as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
(NBCASP), com efetiva implantação em 2010.

Para viabilizar a operacionalização desse processo de mudança no âmbito da contabilidade


pública brasileira, o CFC vem mantendo, desde então, uma parceria institucional com a Secretaria
do Tesouro Nacional (STN), entidade responsável por promover a gestão da implantação, no
âmbito da Federação, dos procedimentos contábeis das entidades do setor público, por meio de
normativos e orientações técnicas, consubstanciados nos seguintes instrumentos: Manual de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), Instruções de Procedimentos Contábeis (IPC)
e Notas Técnicas.

Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base Conceitual Tendo
como objetivo reunir em um único documento os vários atos normativos anteriores que
regulavam a padronização conceitual da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, de forma a
tornar claro o processo de convergência, principalmente no que se refere aos prazos
estabelecidos, a STN publicou, em 21 de novembro de 2013, a Portaria 634, dispondo sobre as
regras gerais acerca das diretrizes, das normas e dos procedimentos contábeis aplicáveis aos
Entes da Federação, com vistas à consolidação das contas públicas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, sob a mesma base conceitual. De acordo com a Portaria STN
634, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) e as Demonstrações Contábeis
Aplicadas ao Setor Público (DCASP) deverão ser adotados por todos os Entes da Federação até o
término do exercício de 2014.

Outra exigência é que a consolidação nacional e por esfera de governo das contas de 2014, a ser
realizada em 2015, bem como as dos exercícios seguintes, deverão observar, integralmente, as
regras relativas ao PCASP e às DCASP, estabelecidas pelo MCASP. Caso não haja observação
desses prazos, a STN não dará quitação à obrigação prevista no § 1o do art. 51 da Lei
Complementar 101, de 2000, impedindo que os Municípios, até que a situação seja regularizada,
receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. Essa exigência foi ratificada pela
publicação da Portaria STN 86, publicada em fevereiro de 2014, estabelecendo regras para o
recebimento dos dados contábeis e fiscais dos Entes da Federação no exercício de 2014. Portanto,
diante desse novo ambiente em que se insere a contabilidade municipal, a presente cartilha
apresentará os fundamentos dessas mudanças e como esses procedimentos devem ser
operacionalizados.

3° Módulo: Princípios de Contabilidade para o Setor Público

Para que a Contabilidade possa representar adequadamente as transações governamentais, é


necessário que seus registros sejam suportados por fundamentos (princípios) que possibilitem a
adequada interpretação dos fenômenos patrimoniais do setor público. São seis os Princípios de
Contabilidade que suportam esses registros: Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo
Valor Original, Competência e Prudência.

Princípio da Entidade:

Os bens, os direitos e as obrigações dos Municípios constituem o patrimônio público, que é o


objeto da Contabilidade. O Princípio da Entidade se afirma para o Município pela autonomia e
responsabilização do patrimônio a ele pertencente, sendo obrigatória a prestação de contas pelos
gestores municipais. Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base
Conceitual 11.
Princípio da Continuidade

O Princípio da Continuidade pressupõe que as entidades do Município (Secretaria da Saúde,


Secretaria da Educação etc.) continuarão existindo enquanto perdurar sua finalidade. Esse
pressuposto enseja que diversos procedimentos contábeis sejam adotados, como, por exemplo,
a depreciação dos bens, considerando que estes contribuirão para as atividades da entidade ao
longo dos anos, mas que possuem vida útil limitada.

Princípio da Oportunidade

As variações do patrimônio das entidades do Município (como, por exemplo, pagamento de folha,
compra de bens móveis etc.) devem ser reconhecidas tempestivamente em sua totalidade,
independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência. Naturalmente,
caso as formalidades legais não sejam observadas, o ordenador de despesa será responsabilizado.
Registro pelo Valor Original As transações governamentais (como o pagamento de dívida, o
recebimento de um bem em doação etc.) devem ser registradas pelo valor que melhor represente
sua realidade econômica, seja esse valor de entrada (custo histórico) ou de saída (valor de
mercado, valor justo etc.) 12 Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma
nova Base Conceitual

Princípio da Competência

As transações governamentais devem ser registradas no momento de sua ocorrência,


independentemente do seu recebimento ou pagamento. Por exemplo, mesmo que uma despesa
não tenha sido empenhada, se o serviço já foi prestado pelo fornecedor essa obrigação deve ser
registrada na Contabilidade, em razão da existência do fato gerador (entrega do serviço).

Princípio da Prudência

As estimativas de valores que afetam o patrimônio do Município devem preferir montantes


menores para os Ativos (bens e direitos) e maiores para os Passivos (obrigações) em alternativas
igualmente válidas. As registrar as transações no âmbito municipal, os contabilistas devem adotar
procedimentos pautados nesses Princípios de Contabilidade, sempre dialogando com os
auditores do seu Tribunal de Contas quanto aos prazos a serem observados.

4° Módulo: Normas Brasileiras de Contabilidade do Setor Público

As Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) contemplam desde


os conceitos básicos até as regras de consolidação de balanços a serem observadas no âmbito
do Setor Público brasileiro, tendo atualmente onze normas publicadas (Quadro 1).

Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base Conceitual


Com a publicação das NBCASP, foi possível entender os conceitos que devem ser observados na
Contabilidade Municipal sob uma nova base conceitual. As 11 normas podem ser consultadas em
sua integralidade no link http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/ Default.aspx, devendo ser
identificada no campo da palavra-chave a sigla: NBC T SP 16. Para observar os Princípios de
Contabilidade sob a perspectiva do setor público e atender ao disposto nas NBCASP, além do
reconhecimento dos ativos e passivos no momento do fato gerador, os seguintes procedimentos
passam a ser obrigatórios:
• registro mensal da depreciação dos bens móveis e imóveis (de uso);
• registro mensal da amortização de despesas pagas antecipadamente (tais como assinatura de
periódicos e benfeitorias em propriedade de terceiros);
• registro mensal e baixa de encargos de férias e 13o salário por competência;
• registro mensal e baixa de provisões (tanto do Ativo como do Passivo);
• registro de ativos intangíveis produzidos (tais como programas de computador, softwares e
produtos desenvolvidos pelo Município);
• registro de créditos a receber decorrentes de transações com terceiros, oriundas de receitas e
de valores a recuperar de despesas, entre outros;
• registro periódico da reavaliação do ativo imobilizado (anual ou quadrienal);
• registro da redução valor recuperável (impairment) do ativo imobilizado;
• reconhecimento mensal dos riscos de recebimento de créditos e consequente baixa;
• ajuste mensal dos créditos e dívidas prefixadas a valor presente;
• reconhecimento dos encargos incorridos referentes a créditos e dívidas pós- -fixadas;
• ajuste mensal dos itens de estoques pelo valor de mercado ou de aquisição;
• ajuste tempestivo dos resíduos e refugos pelo valor realizável líquido;
• ajuste tempestivo das participações em empresas e consórcios;
• incorporação tempestiva, no imobilizado, de gastos adicionais ou complementares posteriores
que tragam benefícios econômicos futuros; Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade
Municipal sob uma nova Base Conceitual
• incorporação tempestiva dos bens de infraestrutura e dos demais bens de uso comum ao valor
de construção ou de acordo com laudo técnico.

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5° Módulo: Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)

O plano de contas é um elenco de contas que permite registrar todos os eventos que acontecem
no âmbito da prefeitura, desde o registro da Lei Orçamentária Anual (LOA) até quaisquer ganhos
e perdas relativos aos bens e direitos pertencentes ao Município. Até recentemente, cada
Município possuía seu próprio elenco de contas, e o contabilista municipal tinha total liberdade
para alterar, excluir ou incluir contas nesse elenco. A partir das novas regras, até o final de 2014,
uma nova estrutura de contas padronizada deve ser observada por todos os Entes públicos
federados, intitulada Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP).

A STN, com o apoio do Grupo Técnico de Procedimentos Contábeis, é responsável pela


administração do PCASP, a quem compete extinguir, especificar, desdobrar, detalhar e codificar
contas. Ou seja, o contabilista municipal não poderá proceder como antes, devendo se reportar
à STN caso tenha necessidade de alterar, excluir ou incluir alguma conta no PCASP.

É importante ressaltar que o PCASP deve ser utilizado por todos os poderes de cada Ente da
Federação, seus fundos, órgãos, autarquias, inclusive especiais, e fundações instituídas e mantidas
pelo poder público. Para as empresas estatais dependentes, a utilização é facultativa.

O novo elenco de contas apresenta oito classes de contas, segregado em três sistemas de
informações: natureza de informação patrimonial (NIP), natureza de informações orçamentárias
(NIO) e natureza de informações de controle (NIC), conforme Quadro 2.

Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base Conceitual


Fonte: Parte IV do MCASP – PCASP 2013 (adaptado).

Segundo o disposto na Portaria STN 634/2013, o PCASP estabelece conceitos básicos, regras para
registro dos atos e fatos e estrutura contábil padronizada, em conformidade com os dispositivos
legais vigentes e observadas as NBCASP. A Portaria STN 634/2013 também esclarece que a
estrutura do PCASP deve possibilitar sua utilização por todos os Entes da Federação, permitir a
elaboração das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), bem como a
geração de base de dados para a consolidação das contas públicas.

Diretrizes e Procedimentos da Contabilidade Municipal sob uma nova Base Conceitual Atributos
“P” e “F” A lógica contábil do PCASP distingue as contas permanentes (que recebem atributo P)
das contas financeiras (que recebem atributo F). De acordo com o MCASP, essa classificação é
importante para que se faça a apuração do superávit financeiro, necessário para a abertura de
créditos adicionais no exercício seguinte, conforme disposto no art. 43 da Lei 4.320/1964.

A título de exemplo, de acordo com Manual, caso uma unidade tenha obrigação a pagar que não
esteja amparada por crédito orçamentário, ou seja, não tenha sido empenhada, esta deverá ser
registrada como um passivo permanente (P) no momento do fato gerador. Quando a obrigação
a pagar for empenhada, deve-se proceder à baixa do passivo permanente (P) em contrapartida
ao passivo financeiro (F), conforme o art. 105 da Lei 4.320/1964.

Regras de Funcionamento

A relação das contas, a estrutura e as regras de funcionamento do PCASP estão dispostas na Parte
IV – Plano de Contas do MCASP. De acordo com a regra estabelecida, o sistema contábil da
prefeitura deve incorporar os códigos e a nomenclatura do PCASP, podendo detalhar as contas
somente nos níveis posteriores ao nível utilizado na relação de contas do PCASP.

É importante que os contabilistas municipais verifiquem se o plano de contas adotado na


prefeitura atende aos códigos e à nomenclatura contemplados no PCASP. A versão atualizada da
relação de contas do PCASP será disponibilizada no site <www. tesouro.fazenda.gov.br>.

5.1 Balanço Orçamentário

O Balanço Orçamentário tem o papel de demonstrar as receitas e despesas orçamentárias


previstas em confronto com as receitas e despesas orçamentárias realizadas. Para atender ao
MCASP, a estrutura do Balanço Orçamentário da prefeitura deve evidenciar as receitas e as
despesas orçamentárias por categoria econômica, confrontar o orçamento inicial e as suas
alterações com a execução, demonstrar o resultado orçamentário e discriminar as receitas por
fonte (espécie) e as despesas por grupo de natureza, conforme Figura 1.
5.2 Balanço Financeiro

O papel do Balanço Financeiro é demonstrar a receita e a despesa orçamentárias bem como os


recebimentos e os pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com os saldos em
espécies provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte. Para
atender ao MCASP, a estrutura do Balanço Financeiro deve trazer um quadro com duas seções:
Ingressos (Receitas Orçamentárias e Recebimentos Extraorçamentários) e Dispêndios (Despesa
Orçamentária e Pagamentos Extraorçamentários), que se equilibram com a inclusão do saldo em
espécie do exercício anterior na coluna dos ingressos e o saldo em espécie para o exercício.

Pela nova estrutura do Balanço Financeiro, deverão ser apresentadas as destinações ordinárias e
as destinações vinculadas. No caso do detalhamento das vinculações, deverá ser feito de acordo
com as características específicas de cada Ente, como, por exemplo, as vinculações para a
previdência social, transferências obrigatórias para outro Ente e outras vinculações constitucionais
e legais, conforme Figura 2.

5.3 Demonstração das Variações Patrimoniais

Cabe a Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) evidenciar as alterações verificadas no


patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, quantitativas e qualitativas,
e indicar o resultado patrimonial do exercício. Para atender ao MCASP, a DVP deve apresentar a
estrutura contemplada na Figura 3.
5.4 Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial tem como papel evidenciar, qualitativa e quantitativamente, a situação


patrimonial da entidade municipal, por meio de contas representativas do patrimônio público.

Para atender ao MCASP, as contas de Ativo e de Passivo devem ser classificadas em “Circulante”
e “Não Circulante”, com base, respectivamente, nos atributos de conversibilidade e exigibilidade,
e o resultado do período deve ser segregado dos resultados acumulados de períodos anteriores,
além de outros itens, conforme Figura 4.

De acordo com o DCASP, outros três demonstrativos devem ser anexados ao Balanço Patrimonial:
um que trata das compensações, outro que trata da apuração do superávit/déficit financeiro e
um terceiro que trata do controle das destinações. No caso do demonstrativo que trata da
apuração do superávit/déficit financeiro, é observado o disposto no art. 105 da Lei 4.320/1964,
que separa o Ativo e o Passivo em dois grandes grupos em função da dependência ou não de
autorização orçamentária para a realização dos itens que o compõem, conforme Figura 5.

Na apuração do superávit/déficit financeiro, são confrontados o saldo do Ativo Financeiro


(créditos e valores realizáveis independentemente de autorização legislativa) com o saldo do
Passivo Financeiro (que compreende as dívidas fundadas e outros que independam de
autorização orçamentária). Essa informação é importante porque o superávit financeiro apurado
em balanço patrimonial do ano anterior é fonte para abertura dos créditos suplementares e
especiais, conforme art. 43 da Lei 4 320/1964.

Com relação ao demonstrativo que trata do registro das compensações, devem ser incluídos os
atos potenciais do ativo e do passivo que possam, imediata ou indiretamente, vir a afetar o
patrimônio, como, por exemplo, direitos e obrigações conveniadas ou contratadas e
responsabilidade por valores, títulos e bens de terceiros, conforme Figura 6.

Para atendimento dos novos mandamentos legais, deve ainda ser elaborado o demonstrativo que
evidencia o controle das destinações, relativo ao mecanismo denominado destinação de recursos
(DR) ou fonte de recursos (FR), conforme Figura 7.

Esse demonstrativo identifica se os recursos são vinculados ou não e, no caso dos vinculados,
indica a sua finalidade nesse anexo, podem ser apresentadas algumas fontes com déficit e outras
com superávit financeiro, de maneira que o total seja igual ao superávit financeiro apurado no
balanço patrimonial do exercício.

5.5 Demonstração dos Fluxos de Caixa

De acordo com o MCASP, as informações dos fluxos de caixa são úteis para proporcionar aos
usuários da informação contábil instrumento para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa
e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez. A Demonstração dos Fluxos de
Caixa deve ser elaborada pelo método direto e evidenciar as movimentações havidas no caixa e
seus equivalentes, nos seguintes fluxos:

a) das operações: compreende os ingressos, inclusive decorrentes de receitas originárias e


derivadas, e os desembolsos relacionados com a ação pública e os demais fluxos que não se
qualificam como de investimento ou financiamento;
b) dos investimentos: inclui os recursos relacionados à aquisição e à alienação de ativo não
circulante, bem como recebimentos em dinheiro por liquidação de adiantamentos ou
amortização de empréstimos concedidos e outras operações da mesma natureza;

c) dos financiamentos: inclui os recursos relacionados à captação e à amortização de empréstimos


e financiamentos. Para atender ao MCASP, a demonstração dos fluxos de caixa deve apresentar a
estrutura contemplada na Figura 8.
5.6 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Segundo o MCASP, a Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido será obrigatória apenas
para as empresas estatais dependentes e para os Entes que as incorporarem no processo de
consolidação das contas.

Entre outras informações, a DMPL objetiva demonstrar o déficit ou o superávit patrimonial do


período, cada mutação no patrimônio líquido, reconhecida diretamente nele, o efeito decorrente
da mudança nos critérios contábeis e os efeitos decorrentes da retificação de erros cometidos em
exercícios anteriores.

Para atender ao MCASP, a demonstração das mutações do patrimônio líquido deve apresentar a
estrutura contemplada na Figura 9.
6° Módulo: Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP)

De acordo com o MCASP, as Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP)


assumem papel fundamental por representarem importantes saídas de informações geradas pela
Contabilidade Aplicada ao Setor Público, promovendo a transparência dos resultados
orçamentário, financeiro, econômico e patrimonial do setor público.

As DCASP definidas no campo de aplicação da contabilidade do setor público, incluindo as


exigidas pela Lei 4.320/1964 são: Balanço Orçamentário (BO), Balanço Financeiro (BF),
Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP), Balanço Patrimonial (BP), Demonstração dos
Fluxos de Caixa (DFC) e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).

De acordo com a Portaria STN 634/2014, as estruturas das DCASP devem ser observadas
obrigatoriamente pelos Entes da Federação, de modo a permitir a evidenciação e a consolidação
das contas públicas em âmbito nacional, em consonância com os procedimentos do PCASP.

6.1 Preenchimento da Declaração de Contas Anuais (DCA)

Conforme apresentado anteriormente, a DCA deverá ser elaborada pelos Municípios que já
adotaram a estrutura de oito classes de contas do PCASP ao longo do exercício de 2013, conforme
modelos estabelecidos pela STN.
No Balanço Patrimonial, devem ser informados os valores relativos aos Ativos Circulantes e Não
Circulantes (Classe 1) e aos Passivos Circulantes e Não Circulantes (Classe 2), complementado
pelas contas que compõem a apuração do superávit/déficit financeiro (Ativo Financeiro/Ativo
Permanente e Passivo Financeiro/Passivo Permanente).

O preenchimento do Balanço Orçamentário é composto por vários anexos, com informações


sobre as receitas realizadas e respectivas deduções (Anexo I-C), sobre as despesas orçamentárias
empenhadas, liquidadas, pagas e inscritas ou não em restos a pagar (Anexo I-D), sobre as
despesas por função empenhadas, liquidadas, pagas e inscritas ou não em restos a pagar (Anexo
I-E), sobre as despesas orçamentárias e seus restos a pagar não processados pagos, restos a pagar
não processados cancelados, restos a pagar processados pagos e restos a pagar processados
cancelados (Anexo I-F) e, finalmente, sobre as despesas por função e seus restos a pagar não
processados pagos, restos a pagar não processados cancelados, restos a pagar processados
pagos e restos a pagar processados cancelados (Anexo I-G). Como são vários os modelos dos
anexos do Balanço Orçamentário a ser enviado via DCA, eles podem ser conferidos no site:

http://www.cnm. org.br/contadores/legislacao.php.

Com relação ao preenchimento da Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP) do DCA,


também seguem as contas contempladas no PCASP, segregadas e Variações Patrimoniais
Diminutivas (VPD) e Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA), sendo apresentados ao final o
resultado patrimonial do exercício e as Variações Patrimoniais Qualitativas do período.

A partir dos modelos estabelecidos pela STN para preenchimento dos anexos que compõem a
DCA, é possível perceber que não se trata de apenas um “De Para” entre os saldos das contas
utilizadas pelo Município e os valores que devem compor a DCA. É importante que o Município
esteja efetivamente utilizando os novos procedimentos contábeis, inclusive em relação à adoção
do regime contábil de competência, registrando contabilmente as transações governamentais no
momento do fato gerador.

6.2 Preenchimento do Quadro de Dados Contábeis Consolidados (QDCC)

Para os Municípios que não implantaram o PCASP e as DCASP em 2013, os gestores devem
preencher os anexos contemplados no QDCC Basicamente, a principal diferença em relação à
DCA é que no QDCC o Município continua utilizando em seus registros contábeis a estrutura do
Plano de Contas composta por seis classes. No Balanço Patrimonial, devem ser informados os
valores relativos aos Ativos Financeiros e Não Financeiro e aos Passivos Financeiros e Não
Financeiros, bem como os valores registrados em contas do Ativo Compensado e do Passivo
Compensado. No QDCC, o preenchimento do Balanço Orçamentário também é composto pelos
mesmos anexos que serão apresentados no DCA, distinguindo apenas em relação ao conjunto de
contas onde os valores deverão ser informados.

No Balanço Orçamentário do QDCC, devem ser enviadas informações sobre as receitas realizadas
e respectivas deduções (Anexo I-C), sobre as despesas orçamentárias empenhadas, liquidadas,
pagas e inscritas ou não em restos a pagar (Anexo I-D), sobre as despesas por função
empenhadas, liquidadas, pagas e inscritas ou não em restos a pagar (Anexo I-E), sobre as despesas
orçamentárias e seus restos a pagar não processados pagos, restos a pagar não processados
cancelados, restos a pagar processados pagos e restos a pagar processados cancelados (Anexo I-
F) e, finalmente, sobre as despesas por função e seus restos a pagar não processados pagos,
restos a pagar não processados cancelados, restos a pagar processados pagos e restos a pagar
processados cancelados (Anexo I-G). Como também são vários os anexos do Balanço
Orçamentário do QDCC, eles podem ser conferidos no site:

https://siconfi.tesouro.gov.br/siconfi/pages/public/conteudo/conteudo.jsf?id=42.

Com relação ao preenchimento da Demonstração das Variações Patrimoniais, o QDCC mantém a


apuração entre as quatro contas de resultado já utilizadas ao longo dos anos pelos Municípios,
devendo ser informados valores relativos às Variações Patrimoniais Ativas e Variações Patrimoniais
Passivas, decorrentes e independentes da Execução Orçamentária, mantendo o regime misto
previsto no art. 35 da Lei 4 320/1964.

7° Módulo: Siconfi

A partir da necessidade da Secretaria do Tesouro Nacional em criar um sistema para reunir em


um mesmo ambiente as informações contábeis e fiscais de todos os Entes federados, substituindo
o atual Sistema de Coleta de Dados Contábeis dos Entes da Federação (SISTN), foi criado o
Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi). De acordo com
informações do site da STN, na prática, o Siconfi é um sistema estruturante responsável por coleta,
tratamento e divulgação de informações contábeis, orçamentárias, financeiras, fiscais,
econômicas, de operações de crédito e de estatísticas de finanças públicas dos Entes da
Federação.

Adicionalmente, o Siconfi tem como objetivo aprimorar a transparência da gestão pública na


utilização de recursos, bem como pautar as decisões de médio e longo prazo, uma vez que as
informações coletadas serão publicadas de forma mais acessível e parametrizável tanto para os
gestores públicos como para a sociedade como um todo.

Entrega das Contas

Anuais Dado o caráter de evolução contínua do Siconfi, em 17 de fevereiro de 2014, a STN


publicou a Portaria STN 86, com o objetivo de disciplinar a entrega das contas anuais referentes
ao exercício de 2013 e estabelecer regras para o recebimento dos dados contábeis e fiscais dos
Entes da Federação no exercício de 2014.

Para permitir o recebimento das contas anuais de 2013, o Siconfi possibilitará aos Entes
federativos que encaminhem suas informações em dois modelos distintos: Declaração de Contas
Anuais (DCA), para os Entes que implantaram o PCASP e as DCASP em 2013, e o Quadro de Dados
Contábeis Consolidados (QDCC), para os demais Entes.

A Portaria esclarece que, para efeitos de abrangência dos dados encaminhados, tanto o QDCC
quanto a DCA deverão conter os dados consolidados de todos os poderes e órgãos da
administração direta e das entidades da administração indireta, definidos no § 3o do art. 1o da
Lei Complementar 101, de 2000.
Ao longo do ano de 2014, os Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO), os
Relatórios de Gestão Fiscal (RGF) e o Cadastro de Operações de Crédito (COC) continuam a ser
encaminhados ao SISTN, conforme Quadro 3.

É importante ressaltar que os processos de validação e homologação dos dados no Siconfi serão
diferentes do processo atualmente existente no SISTN, pois a validação dos dados ocorrerá de
forma automática, onde o Siconfi verificará possíveis erros em totalizadores e as regras inerentes
à consistência dos demonstrativos contábeis componentes do DCA.

De acordo com a Portaria, o processo de homologação ocorrerá automaticamente pelo Siconfi


após a validação dos dados, a confirmação destes pelo contabilista responsável e assinatura, por
meio de certificação digital, do Chefe do Poder Executivo do Ente.

Em relação ao certificado digital, poderá ser qualquer um do tipo A3, conforme o padrão ICP
Brasil, ressaltando que podem ser utilizados os tokens enviados pelo governo federal (Ministério
da Saúde) aos Estados e aos Municípios em razão da implantação do Sistema de Informações
sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops).

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