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PREPARAÇÃO DE COMPLEXOS DE COBRE E DE PRATA – Grupo 11

Prof. Mendelssolm Kister de Pietre

Alunos:
Luís Paulo Fonseca Porto

Milena do Nascimento Nogueira

Marina Gomes Paes

VOLTA REDONDA – RJ
2023
Introdução

O grupo 11 é formado pelos elementos químicos cobre (Z= 29), prata (Z = 47)
ouro (Z = 79), e roentgênio (Z = 111). O último foi batizado com esse nome em
tributo ao físico alemão Roentgen, que descobriu os raios-x no final do século XIX
enquanto estudava os fenômenos de luminescência. Esse elemento é sintetizado
em laboratório a partir da fusão nuclear de níquel e bismuto. O cobre é usado em
larga escala na geração e transmissão de energia devido às suas propriedades
como condutividade elétrica e resistência à corrosão. A prata é um dos poucos
elementos que ocorrem naturalmente como metal na natureza, é utilizada em ligas
metálicas, jóias, painéis solares e os antigos filmes fotográficos, na época em que
revelavam-se fotos. O ouro é muito utilizado em jóias por ser inerte. Porém, é
possível obter um composto solúvel de ouro chamado ácido cloroáurico reagindo
ouro com uma mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico.1

Esses elementos possuem baixa reatividade. São maleáveis e possuem


ductilidade, ou seja, propriedade que indica o grau de deformação que o material
suporta até sua quebra. O cobre, a prata e o ouro não se oxidam por H+, o que
demonstra um caráter nobre. Esses possuem configuração eletrônica (n-1)d10ns1 e
são capazes de formar complexos.1

As principais características das estruturas geométricas dos complexos foram


identificadas por Alfred Werner, autor da Teoria de Werner, a primeira a tentar
explicar a ligação dos complexos, os compostos de coordenação. Essa teoria foi
proposta antes mesmo da descoberta do elétron e antes da Teoria Eletrônica de
Valência. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1913 por esse feito.7

Complexos ou compostos de coordenação são uma espécie formada por um


átomo central em que se ligam outros íons ou ligantes por ligações coordenadas. O
ligante é um íon ou molécula que forma ligação covalente com o cátion ou átomo
metálico neutro. Neste caso, o átomo central é considerado o ácido de Lewis, o
receptor de par de elétrons e as moléculas que se ligam são bases de Lewis,
doadoras de par de elétrons.2,7
Objetivo

Preparação do sulfato de cobre(II) pentahidratado – CuSO4.5H2O, discutir a


troca de ligantes e preparação de um complexo de Prata.

Metodologia

Para a realização do experimento desta prática utilizou-se forma de ferro,


tubos de ensaios, pipeta de pasteur, capela de exaustão, bico de bunsen, palito de
fósforo, garra de madeira, espátula e pinça de platina todos fornecidos pelo
laboratório sem precedência de fornecedor. Também utilizou-se reagentes como
permanganato de potássio, iodeto de potássio 0,1 mol/L, tetracloreto de carbono,
dióxido de manganês, ácido sulfúrico concentrado e 1 mol/L, iodo sólido, brometo de
sódio sólido e zinco em pó, todos fornecidos pelo laboratório sem precedência de
fornecedor.
Experimento 1 - Do Cobre para o Cu(NO3)2 - (ataque de agente
oxidante)

Adicionou-se um fio de cobre a dois tubos de ensaio distintos, numerando-os.


Ao tubo 1, em uma capela de exaustão, adicionou-se 2 mL de HCl 0,5 mol/L e
observou-se a reação. Ainda na capela adicionou-se 2 mL de HNO3 concentrado ao
tubo 2 e observou-se a formação de gás.
Adicionou-se 100 mL de água destilada a um béquer de 250 mL e verteu-se a
solução do tubo 2 para o béquer. Observou-se a reação e anotou-se os dados
observados.

Experimento 1.1 - Verificação de propriedades do cloro

Adicionou-se a um tubo de ensaio uma ponta de espátula de brometo de


sódio, juntamente a 3 mL de água destilada. Com a solução obtida no experimento
anterior, a água de cloro, adicionou-a ao tubo de ensaio até que o mesmo se
tornasse amarelo.
Adicionou-se ao tubo de ensaio 1 mL de tetracloreto de carbono e agitou-se a
mistura.
Repetiu-se o experimento porém desta vez substituiu-se o brometo de sódio
por iodeto de potássio.

Experimento 2 - Complexos de Cobre


Experimento 2.1 - Preparação do CuSO4 * 5 H2O

Adicionou-se a um erlenmeyer de 250 mL cerca de 1,5 g de CuO (II) e 20 mL


de ácido sulfúrico a 20%. Agitou-se a mistura com um bastão de vidro, adicionando
ácido suficiente para dissolver possíveis partículas de CuO não solubilizadas.
Adicionou-se 20 mL de etanol ao erlenmeyer até a formação de precipitado.
Filtrou-se o precipitado e secou-se o composto. Separou-se o precipitado em duas
porções.

Experimento 2.2 - Reação do CuSO4 * 5 H2O

Dissolveu-se metade do sulfato de cobre penta-hidratado preparado no item


2.1 em 30 mL de solução básica, composta por 20 mL de água destilada e 10 mL de
hidróxido de amônio concentrado.
Resfriou-se a solução em um banho de gelo e em seguida adicionou-se
lentamente cerca de 30 mL de etanol enquanto promovia-se agitação com o auxílio
de um bastão de vidro. Após a agitação cessar, repousou-se a solução no banho de
gelo novamente por alguns minutos. Após o repouso e a deposição das partículas
no fundo do recipiente, filtrou-se a mistura e secou-a ao ar ambiente.

Experimento 3 - Complexos de prata

Adicionou-se a dois tubos de ensaio distintos cerca de 5 gotas de nitrato de


prata 0,1 mol/L juntamente com 1 mL de água destilada e cerca de 10 gotas de
cloreto de sódio, por fim, misturou-se os conteúdos em cada tubo e numerou-se os
tubos.
Ao tubo 1 adicionou-se gota-a-gota solução de cloreto de sódio e agitou-se a
solução resultante a fim de observar o efeito da adição em excesso.
Ao tubo 2 adicionou-se algumas gotas de hidróxido de amônio 0,2 mol/L.
Observou-se a reação ocorrida e anotou-se os dados.
A um terceiro tubo, tubo 3, adicionou-se 5 gotas de nitrato de prata
juntamente a 1 mL de água destilada. Posteriormente adicionou-se 5 gotas de
iodeto de potássio 0,1 mol/L e por fim, em uma capela de exaustão adicionou-se 5
gotas de solução de hidróxido de amônio. Observou-se a reação nos 3 tubos e
anotou-se os resultados obtidos.

Resultados e discussão

Experimento 1 - Do Cobre para o Cu(NO3)2 - (ataque de agente


oxidante)

No tubo 1, contendo cobre metálico e ácido clorídrico, não observou-se


reação, isso ocorreu devido ao potencial de redução padrão do cloro, que é maior
que o potencial de redução padrão do cobre. O potencial de redução padrão do
cloro é +1,36 e o do cobre é +0,34, analisando os potenciais nota-se que o cobre
não é um bom redutor para esta reação, logo não ocorre corrosão do metal,
tampouco sua reação com o ácido.
Já no tubo 2, notou-se a formação de gás quase de maneira imediata à
adição de ácido nítrico concentrado. O gás formado se trata do dióxido de
nitrogênio, NO2. Após a corrosão do fio de cobre notou-se que a solução aquosa,
antes incolor, tornou-se esverdeada. O ácido nítrico é um ótimo agente oxidante
visto que o íon nitrato em sua molécula sofre redução espontânea, oxidando o metal
no processo, corroendo-o.
As reações dos fios de cobre com seus respectivos ácidos é descrita abaixo
pelas equações:
Cu (s) + HCl (aq) → sem reação
3 Cu (s) + 8 HNO3 (conc) → 2 NO(g) + 3 Cu(NO3)2 (aq) + 4 H2O (l)

A solução esverdeada, que continha íons Cu²+ foi transferida para um béquer com
água, onde notou-se a coloração azul resultante da mistura. Isso ocorreu por conta
da complexação do cobre com as moléculas de água. A reação observada é dada
por:
Cu+2 (aq) + 6 H2O(l) → [Cu(H2O)6] +2 (aq)

Experimento 2 - Complexos de Cobre


Experimento 2.1 - Preparação do CuSO4 * 5 H2O

Adicionou-se a um erlenmeyer de 250 mL cerca de 1,5 g de CuO (II) e 20 mL


de ácido sulfúrico a 20%. Agitou-se a mistura com um bastão de vidro, adicionando
ácido suficiente para dissolver possíveis partículas de CuO não solubilizadas.
Adicionou-se 20 mL de etanol ao erlenmeyer até a formação de precipitado.
Filtrou-se o precipitado e secou-se o composto. Separou-se o precipitado em duas
porções.
Ao adicionar ácido sulfúrico ao óxido de cobre nota-se uma coloração azul
escura na solução, de acordo com a adição de ácido sulfúrico para dissolver o resto
de óxido de cobre ocorre o clareamento da solução. Ao fim da solubilização do
óxido de cobre houve a adição de etanol, que induziu a precipitação de um sólido
azul claro e opaco. A reação ocorrida entre o óxido de cobre com o ácido sulfúrico é
descrita pela equação:

CuO(s) + H2SO4 (aq) → CuSO4 . 5 H2O(l)

Experimento 2.2 - Reação do CuSO4 * 5 H2O

Após a dissolução do sulfato de cobre penta hidratado preparado no


experimento anterior, observou-se que a cor tornou-se de um azul pálido a um azul
intenso. De maneira análoga à solução preparada na etapa anterior, houve a
precipitação do complexo após a adição de etanol. O tratamento da solução em
banho de gelo aumenta a velocidade da precipitação. A reação ocorrida é dada por:

CuSO4 ∙5 H2O(s) + 4 NH4OH(aq) → [Cu(NH3)4 ∙SO4]∙H2O (s) + 4 H2O (l)

A substituição dos ligantes provoca distorções na simetria do complexo,


desta forma a cor do complexo é alterada.

Experimento 3 - Complexos de prata

Ao adicionar as gotas de nitrato de prata nos tubos 1 e 2, não observou-se


reação. Contudo ao adicionar em ambos os tubos gotas de solução de cloreto de
sódio, observou-se que a solução presente nos dois tubos gerou um precipitado
branco, o cloreto de prata, um sólido cristalino muito pouco solúvel em água.
Ao adicionar mais da solução cloreto de sódio no tubo 1 de forma lenta e
agitar vigorosamente observou-se que a solução ficou incolor, visto que o cloreto
adicionado desloca o equilíbrio em direção à formação de nitrato. A reação de
equilíbrio é dada por:
AgNO3(aq) + NaCl ⇋ NaNO3(aq) + AgCl(s)

Ao adicionar hidróxido de amônio ao tubo 2 que continha AgCl precipitado, foi


observado que o precipitado foi diluído, isto porque a amônia dissolve o precipitado
para formar o complexo diaminoargenato que é solúvel em água. Isso é possível
visualizar através da equação:
AgCl(s) + 2 NH3(aq) → [Ag(NH3)2] + (aq) + Cl- (aq)

Em um outro tubo, também contendo nitrato de prata dissolvido em água,


quando adicionou-se o iodeto de potássio (KI), houve a formação de um precipitado
de cor amarelo-limão com cheiro muito forte, sendo esse precipitado o iodeto de
prata (AgI) e formação de nitrato de potássio (KNO3). Ao adicionar a amônia
observou-se a formação de precipitado no fundo do tubo e a solução ficou um
amarelo pálido.
AgNO3(aq) + KI(aq) → AgI(s) + KNO3(aq)
Conclusão

Ao final da prática realizada sobre o grupo 11 abrangendo os metais cobre e


prata, foi possível concluir com os resultados obtidos que ambos os metais têm
tendência de formar complexos em seus produtos finais com determinadas
colorações indicando seus caráteres iônicos e covalentes. Essas colorações estão
relacionadas com os estados de oxidação. Pelos experimentos, foi testemunhado a
alta reatividade do cobre com o ácido nítrico e o caráter de formação de produtos da
prata com diversos tipos de reagentes. Portanto, foi possível observar as diferentes
solubilidades e formações de complexos.

Referências

¹ RUSSELL, J. B. In: RUSSELL, J. B. Química geral. vol 2, 2. ed. p. 390 São Paulo:
Makron Books, 2000

2
Lee, J.D. Química Inorgânica não tão concisa. Tradução da 8ª Edição Inglesa. São
Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda, 2008. Cap. 16

3
ATKINS, P.W.; JONES, L. Princípios de Química. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman,
2007. Cap. 16

4
Tabela de potenciais de redução padrão. Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Disponível em: https://dqi.iq.ufrj.br/tabela_de_potenciais.pdf.

5
Teoria de Coordenação de Werner. Disponível em:
https://www.infoescola.com/quimica/teoria-de-coordenacao-de-werner/

Perguntas

1- Seria possível preparar o CuSO4.5H2O por reação direta do cobre metálico com
ácido sulfúrico? Justifique.
Esta reação não poderia acontecer, pois o cobre não desloca H dos ácidos por ser
mais eletropositivo que o hidrogênio, o H2SO é um oxidante fraco que somente a
quente consegue oxidar o cobre metálico. Portanto não seria possível ocorrer a
oxirredução da reação química entre o cobre e o ácido sulfúrico.

2- Por quê não se pode adicionar a água no ácido?


Não se pode adicionar água no ácido, pois a reação é exotérmica, ou seja, ocorre
uma grande liberação de calor, que faz com que a temperatura se eleve ao ponto de
ocorrer uma reação violenta, de acordo com a reatividade e afinidade da reação,
onde parte do ácido pode ser projetada para fora do recipiente, podendo até atingir
a pessoa que está conduzindo o recipiente. É recomendado adicionar aos poucos o
ácido à água.

3- Compare e explique as cores dos compostos de cobre obtidos.


Sabendo que a configuração do cobre em seu estado de oxidação 2+ é [Ar] 3d°,
observa-se que ele possui os orbitais 12g preenchidos, porém, seus orbitais e estão
parcialmente preenchidos, o que indica transições do tipo d-d entre orbitais. A
coloração dos compostos formados a partir do cobre em seu estado de oxidação 2+
está diretamente ligada ao seu desdobramento de campo cristalino ao receber os
ligantes em seus respectivos eixos. Quando o complexo de cobre formado possui
uma coloração pouco intensa, isso indica que ele possui um centro de inversão,
devido a sua geometria. Quando o complexo formado apresenta uma coloração
intensa e bem definida, neste caso, pode-se dizer que este não possui centro de
inversão definido. Além destes fatores, os ligantes presentes na substância
resultante influenciam diretamente na absorção e emissão de luz no espectro
visível. A água atuando como ligante, absorve a luz no espectro visível
aproximadamente na região de coloração laranja e emite a cor azul mais clara como
conjugado. O ligante amônia (NHs) absorve a luz no espectro visível
correspondente à cor vermelha e emite a cor azul mais escura.

4- Por que o AgCl é insolúvel em água e o NaCl é solúvel?


Os cloretos são substâncias iônicas que, geralmente, são sólidos solúveis em água.
O NaCI (cloreto de sódio) ao ser solubilizado em água os íons Na sofrem atração
pela parte mais eletronegativa da molécula de água, o oxigênio, já os íons CI são
atraídos pelos íons H* da água, fazendo com que a molécula de cloreto de sódio
seja quebrada e solubilizada, \ resultando em Na (aq) + CI (aq). No caso do AgCI
(cloreto de prata), que é uma exceção entre os cloretos, não ocorre o mesmo que
no NaCi, pois sua ligação iônica entre Ag e CI é consideravelmente forte,
impossibilitando a sua solubilização em agua.

5- Qual o papel do álcool no processo?


A adição de solventes orgânicos, como o álcool, auxilia no processo de precipitação
de substâncias. No experimento da prática em questão, a utilização do etanol se da
pela propriedade de diminuição da constante de precipitação que é gerada pelo uso
do etanol na reação de produção dos cristais de sulfato de letrampinocobre (l).

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