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ALUNO(A):___________________________________________________________________________

PROFESSORAS: AÍDA ALOISE, EDUARDA VIEIRA, MARIA EDUARDA VIEIRA

PROPOSTA DE REDAÇÃO 1

Você deve criar um título e produzir um texto dissertativo/argumentativo com o mínimo de 20 e o máximo
de 30 linhas. Antes de fazer sua opção pelo tema, leia os fragmentos a seguir. Eles podem despertar
ideias para desenvolver o seu trabalho.

TEMA: A ditadura do produtivismo na sociedade contemporânea. (SSA)

Então Nós Dançamos E aí você diz a si mesmo que o pior já passou, pois
Então nós dan– pior do que isso só seria a morte
Então nós dan– Quando você finalmente acredita ter controle da
Então nós dan– situação, que nada mais vai dar errado, a vida dá
errado de novo
Quem fala de estudo, fala de trabalho É a música ou são os problemas?
Quem fala de trabalho, fala de dinheiro Os problemas ou a música?
Quem fala de dinheiro, fala de gastos Isso destrói suas entranhas
Quem fala de empréstimos, fala de dívidas
E então você começa a rezar para que isso chegue
Quem fala de dívidas, fala de oficial de justiça ao fim, mas este é o seu corpo
E também de estar na merda Este não é o céu
Quem fala de amor, fala também de crianças Então você para de tampar os ouvidos
Fala de eternidade e fala de divórcio E grita ainda mais alto
Mas isso persiste
Quem fala dos seus parentes, fala de tristeza, Então nós cantamos
porque os problemas quase nunca vêm sozinhos E só então, quando tiver acabado
Quem fala de crise, fala do mundo, fala da fome e
do Terceiro Mundo Então nós dançamos (...)
Quem fala de cansaço, fala também de acordar
surdo do dia anterior Então nós dançamos (...)
Então nós saímos para esquecer todos os E tudo continua (...)
problemas
Alors On Danse - Stromae
Então nós dançamos (...)
PROPOSTA DE REDAÇÃO 2

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da
língua portuguesa sobre o tema:  Os impasses da maternidade precoce no Brasil. Apresente
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I
GRAVIDEZ PRECOCE (NA ADOLESCÊNCIA): CAUSAS

As principais causas da gravidez precoce devem-se a vários fatores diferentes, mas podem incluir:

Primeira menstruação muito cedo;


Desinformação sobre gravidez e métodos contraceptivos;
Baixo nível financeiro e social;
Famílias com outros casos de gravidez precoce;
Conflitos e mau ambiente familiar.

Disponível em: https://www.tuasaude.com/gravidez-precoce/

TEXTO II
Tendências da maternidade precoce

Desde o final da década de 70 que se assiste a uma descida consistente da maternidade precoce. Esta
tendência acompanha com algum atraso a diminuição do número de nascimentos no conjunto da
população que se manifesta a partir da década de 60 (Bandeira, 1996). Apesar de ter reagido mais
lentamente, a tendência de redução dos nascimentos das mulheres de menos de 20 anos processa-se a
um ritmo mais acelerado. Tomando como referência as duas décadas que separam os censos de 1981 e
2001, a variação no total de nascimentos é de –28,8%, enquanto, a maternidade precoce regista uma
variação de –59,4%.3

Outra forma de avaliar esse decréscimo mais acentuado consiste em comparar o peso relativo dos
nascimentos das mulheres de menos de 20 anos no conjunto dos nascimentos (Figura 1). No final da
década de 70, a maternidade precoce regista valores acima de 10%, que descem, duas décadas depois,
para cerca de metade. Observando o declive da descida, não se pode deixar de verificar a existência de
dois períodos. Após uma desaceleração linear ao longo de mais

de uma década assiste-se, a partir da segunda parte da década de 90, a uma quebra do ritmo, sugerindo
que, no futuro, a redução do peso percentual da maternidade precoce registará progressos menos
significativos, ou poderá mesmo estagnar, no caso de não se verificar um aumento da fecundidade dos
grupos etários mais velhos.
Um aspecto necessário na caracterização da evolução da maternidade precoce consiste na sua
desagregação pelo espectro etário. Evidentemente, a relação é positiva, ou seja, os nascimentos
aumentam à medida que

a idade se eleva. São acontecimentos raros ou relativamente raros abaixo de 15 anos, nunca
ultrapassando as duas centenas ao longo do período de observação, mas atingindo a ordem dos
milhares na parte

superior do intervalo etário. Devido a estas dimensões numéricas desequilibradas, agregaram-se as


classes etárias abaixo de quinze anos, conservando as outras desagregadas.

Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/95297/1/06.pdf

TEXTO III
IBGE divulga índices sobre gravidez na adolescência

Em pesquisa, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou dados sobre gravidez na adolescência
e comentou fatores que contribuem para estes números expressivos. O alto índice está na faixa etária entre 15 e
19 anos, com mais de 400 mil casos registrados.

Nas duas últimas décadas, a incidência de casos tem aumentado significativamente e ao mesmo tempo, tem
diminuído a média de idade das adolescentes grávidas. Quando uma adolescente engravida, geralmente ela se vê
numa situação não planejada e até mesmo indesejada. Na maioria das vezes, a gravidez na adolescência ocorre
entre a primeira e a quinta relação sexual.

Para a estudante A.B., de 15 anos, ao engravidar, não teve problemas em comentar com seus amigos e recebeu
todo o apoio de seus familiares. Para especialistas, comentou o IBGE, a maternidade antes dos 16 anos é
desaconselhável por sua falta maturidade física, funcional e emocional.

Além disso, existem fatores de complicações, como aborto espontâneo, parto prematuro, maior incidência de
cesárea, ruptura dos tecidos da vagina durante o parto, dificuldades na amamentação e depressão, também
contribuem para os riscos de uma gravidez mal vivida e até mesmo doenças sexualmente transmissíveis.

Ainda hoje encontramos rapazes e moças totalmente desinformados em relação aos conhecimentos sobre o
funcionamento do corpo humano, e aos métodos para evitar a gravidez. A falta de informação correta faz com
que jovens usem métodos como tabelinha e o coito interrompido, que não exigem consulta médica.

Em 2007 ocorreram quase três milhões de nascimentos no país, dos quais 594.205 correspondem a 21,3% das
mães entre as idade de 10 e 19 anos. No entanto, a tendência da gravidez na adolescência é de redução. Isto
ocorre por conta das campanhas em relação ao uso de preservativo, da disseminação da informação sobre os
métodos anticoncepcionais.

Disponível: https://comuniverso.wordpress.com/
SIMULADO (28 QUESTÕES: 16 DE PORTUGUÊS + 12 LITERATURA)

TEXTO 1
Ter mais e ter menos
Vários leitores me escreveram para acusar os "tempos modernos", em que "ter" é mais importante do que
"ser". Hoje, o que temos nos define, à condição, claro, de ostentá-lo o suficiente para que os outros saibam:
constatando nossos "bens", eles reconheceriam nosso valor social.
Essa seria a razão da cobiça de todos e, em última instância, da facilidade com a qual todos nos tornamos
criminosos. A partir dessa constatação, alguns de meus correspondentes tentam explicar uma diferença entre
ricos e pobres em matéria de crime. O argumento básico funciona mais ou menos assim: 1) para ser alguém, na
nossa sociedade, é preciso ter e ostentar bens; 2) quem vale menos na consideração social (o desfavorecido, o
excluído, o miserável) teria um anseio maior de conquistar aqueles bens que aumentariam seu valor aos olhos dos
outros.
Em suma, precisamos ter para ser – e, se formos pouco relevantes ou invisíveis socialmente, só poderemos
querer ter mais e com mais urgência. À primeira vista, faz sentido. Mas, antes de desenvolver o raciocínio, uma
palavra em defesa da modernidade.
Tudo bem, uma sociedade em que as diferenças são decididas pelo "ter" (vale mais quem tem mais)
pode parecer um pouco sórdida. Acharíamos mais digna uma sociedade na qual valeria mais quem "é" melhor,
não quem acumulou mais riquezas.
O problema é que, em nosso passado recente, as sociedades organizadas pelo "ser" já existiram, e não foram
exatamente sociedades para onde a gente voltaria alegremente – eu, ao menos, não gostaria de voltar para lá.
Geralmente, uma sociedade organizada pelo "ser" é uma sociedade imóvel. Por exemplo, no antigo regime,
você podia nascer nobre, perder todos os bens de sua família, inclusive a honra, e continuaria nobre, porque você
já era nobre. Inversamente, você podia nascer numa sarjeta urbana e enriquecer pelo seu trabalho ou pela sua
sabedoria, e nem por isso você se tornaria nobre, porque você não o era. Ou seja, em matéria de mobilidade
social, as sociedades nas quais o que importa é o "ser" são sociedades lentas, se não paradas, e as sociedades nas
quais o que importa é o "ter" são sociedades nas quais a mudança é possível, se não encorajada.
É bom lembrar disso quando criticamos nossa "idolatria" consumista ou nossa vaidade. Podemos sonhar
com uma sociedade organizada pelas qualidades supostamente intrínsecas a cada um (haveria os sábios, os
generosos, os fortes etc.), mas a alternativa real a uma sociedade do "ter" são sociedades em que castas e
dinastias exercem uma autoridade contra a qual o indivíduo não pode quase nada.
Voltemos agora à observação de que, numa sociedade do "ter" como a nossa, os que têm menos seriam, por
assim dizer, famintos – e, portanto, propensos a querer a qualquer custo. Eles recorreriam ao crime porque sua
dignidade social depende desse "ter" – para eles, ter (como navegar) é preciso.
Agora, o combustível de uma sociedade do "ter" é uma mistura de cobiça com vaidade. Por cobiça,
preferimos os bens materiais a nossas eventuais virtudes, mas essa cobiça está a serviço da vaidade. A riqueza que
acumulamos não vale "em si", ela vale para ser vista e reconhecida pelos outros: é a inveja deles que afirma nossa
desejada "superioridade". Em outras palavras, os bens que desejamos são indiferentes; o que importa é o
reconhecimento que esperamos receber graças a eles. Por consequência, nenhum bem pode nos satisfazer, e a
insatisfação é parte integrante de nosso modelo cultural.
Não é que estejamos insatisfeitos porque nos falta alguma coisa (aí seria fácil, bastaria encontrá-la). Somos
(e não estamos) insatisfeitos porque o reconhecimento dos outros é imaterial, difícil de ser medido e nunca
suficiente. A procura por bens é infinita ou, no mínimo, indefinida, como é indefinida a procura pelo
reconhecimento dos outros.
Os bens que conquistamos (roubando ou não, tanto faz) não estabelecem nenhum "ser", apenas
alimentam, por um instante, um olhar que gratificaria nossa vaidade. Não existe uma acumulação a partir da qual
nós nos sentiríamos ao menos parcialmente acalmados em nossa busca por esse reconhecimento. Ao contrário, é
provável que a cobiça e a vaidade cresçam com o "ter". Ou seja, é bem possível que a tentação do crime seja
maior para quem tem mais do que para quem tem menos.

Contardo Calligaris. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2015/05/1634384-ter-mais-e-termenos.shtml. Acesso em:


27/06/15. Adaptado.

01. O autor do Texto 1 defende, fundamentalmente, a ideia de que


a) nos tempos atuais, quem exibe bens materiais consegue obter mais vantagens e prestígio social.
b) os mais pobres desejam conquistar bens materiais a fim de atender as suas necessidades básicas.
c) quem recorre ao crime para obter bens deveria ter justificadas as suas ações ilegais, visto que apenas anseia por
dignidade.
-d) para se tornarem mais dignos, os cidadãos deveriam valorizar mais o “ser” do que o “ter”.
e) a busca pelo “ter”, na verdade, é uma busca pelo “ser” e está fadada ao fracasso, porque o “ser” é intangível.

02. Para desconstruir a ideia amplamente difundida de que “valeria mais quem ‘é’ melhor, não quem
acumulou mais riquezas”, o autor utiliza o seguinte argumento:
a) a vontade de querer ter mais está relacionada a um desejo profundo de ser aceito pelo outro.
-b) as sociedades que defendem o “ter” em detrimento do “ser” devem ser consideradas indignas.
c) as sociedades orientadas pelo “ser” costumam manter-se estagnadas, sem permitir a ascensão de outros
membros.
d) o sonho de uma sociedade organizada, conforme as qualidades de seus membros, levaria à superação da ‘idolatria
consumista’.
e) a conquista de bens materiais é importante, porque permite que cheguemos ao que realmente importa: o “ser”.

03. Ao longo do Texto 1, o autor se vale de algumas estratégias linguísticas para revelar seus pontos de
vista em relação ao tema de que trata. Acerca dessas estratégias, é CORRETO afirmar que:

a) com a forma verbal selecionada no trecho: “Essa seria a razão da cobiça de todos e, em última instância, da
facilidade com a qual todos nos tornamos criminosos.” (2º parágrafo), o autor pretende fazer uma afirmação
categórica.
b) a afirmação de que “uma sociedade em que as diferenças são decididas pelo ‘ter’ (vale mais quem tem mais) pode
parecer um pouco sórdida.” (4º parágrafo) revela certeza, convicção por parte do autor.

-c) com a alteração na forma pronominal, de ‘a gente’ para ‘eu’, no trecho: “e não foram exatamente sociedades
para onde a gente voltaria alegremente – eu, ao menos, não gostaria de voltar para lá.” (5º parágrafo), o autor emite
explicitamente sua opinião.
d) o trecho “Geralmente, uma sociedade organizada pelo ‘ser’ é uma sociedade imóvel.” (6º parágrafo) é introduzido
por um advérbio que situa temporalmente a opinião do autor.

e) no trecho: “numa sociedade do ‘ter’ como a nossa, os que têm menos seriam, por assim dizer, famintos – e,
portanto, propensos a querer a qualquer custo.” (8º parágrafo), o autor empregou a expressão destacada para
indicar que estava trazendo para o texto uma citação literal.

04. “Não existe uma acumulação a partir da qual nós nos sentiríamos ao menos parcialmente acalmados em nossa
busca por esse reconhecimento. Ao contrário, é provável que a cobiça e a vaidade cresçam com o ‘ter’. Ou seja, é
bem possível que a tentação do crime seja maior para quem tem mais do que para quem tem menos.” Assinale a
alternativa que representa uma síntese das ideias que se apresentam nesse parágrafo conclusivo do Texto 1.

a) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.”


b) “Dinheiro na mão é vendaval...”
c) “Quem aqui faz aqui paga.”
d) “Quem dá aos pobres empresta a Deus.”
-e) “Quem mais tem mais quer.”

05. Quanto aos recursos empregados na construção linguística do texto, que cooperam para a compreensão
de seu conteúdo, analise as proposições a seguir.

I. No trecho: “Essa seria a razão da cobiça de todos e, em última instância, da facilidade com a qual todos nos
tornamos criminosos.” (2º parágrafo), a expressão destacada reitera a ideia de inclusão já anunciada pela conjunção
que a antecede, “e”.

II. A expressão “Em suma”, que inicia o 3º parágrafo, introduz uma espécie de síntese dos parágrafos anteriores, e
também sinaliza para o leitor uma reiteração das ideias veiculadas.

III. A expressão “Tudo bem”, que inicia o 4º parágrafo, confere ao texto um coloquialismo que se mostra inadequado
ao gênero em que ele se realiza.

IV. No 6º parágrafo, a expressão “ou seja” é responsável por introduzir uma ideia de conclusão ou resumo do
conteúdo veiculado anteriormente, no mesmo parágrafo.

Estão CORRETAS, apenas:

a) I e II. b) I, II e III. -c) I, II e IV. d) II e IV. e) III e IV

06. Acerca de alguns recursos coesivos do Texto 1, analise as proposições a seguir.

I. No trecho: “eles reconheceriam nosso valor social” (1º parágrafo), a palavra destacada refere-se a “Vários
leitores”.

II. Os segmentos: “Essa seria a razão da cobiça de todos” e “a partir dessa constatação” (2º parágrafo) retomam
referências anteriores do texto, promovendo a sua continuidade temática.

III. Em: “Por cobiça, preferimos os bens materiais a nossas eventuais virtudes” (9º parágrafo), está explicitada uma
relação semântica de causa.
IV. No trecho: “Por consequência, nenhum bem pode nos satisfazer (...).” (9º parágrafo), o conectivo sublinhado,
além de explicitar a introdução de uma consequência, instaura um nexo coesivo com valor semântico de conclusão.

Estão CORRETAS:

a) I, II e III, apenas. b) I e III, apenas. -c) II e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas e) I, II, III e IV.

07. A fim de alcançar seus propósitos comunicativos, o autor utiliza algumas relações sintático-semânticas. Acerca
dessas relações, assinale a alternativa CORRETA.

a) No trecho: “constatando nossos ‘bens’, eles reconheceriam nosso valor social.” (1º parágrafo), podemos
reconhecer uma relação de proporcionalidade.

-b) No trecho: “À primeira vista, faz sentido. Mas, antes de desenvolver o raciocínio, uma palavra em defesa da
modernidade.” (3º parágrafo), o termo destacado sinaliza mudança na orientação argumentativa do texto.

c) No trecho: “as sociedades nas quais o que importa é o ‘ter’ são sociedades nas quais a mudança é possível, se não
encorajada.” (6º parágrafo), o segmento destacado esclarece ao leitor o significado do termo ‘sociedades’.

d) No trecho: “Em outras palavras, os bens que desejamos são indiferentes;” (9º parágrafo), a expressão destacada
sinaliza para o leitor que o autor pretende concluir o texto.
e) No trecho: “Somos (e não estamos) insatisfeitos porque o reconhecimento dos outros é imaterial, difícil de ser
medido e nunca suficiente.” (10º parágrafo), o conectivo destacado introduz uma condição.

08. No que se refere a alguns aspectos formais presentes no Texto 1, analise o que se afirma a seguir.

I. A regência do verbo ‘preferir’ está de acordo com a norma-padrão, no trecho: “Por cobiça, preferimos os bens
materiais a nossas eventuais virtudes” (9º parágrafo), apesar de, no português brasileiro, haver uma tendência a
seguir outra norma para esse verbo.

II. O trecho “os que têm menos seriam, por assim dizer, famintos” (8º parágrafo) exemplifica um caso em que,
segundo a norma-padrão da língua, o verbo ‘ter’ pode ficar no plural, em concordância com ‘os’, ou no singular, em
concordância com ‘que’.

III. Se o trecho “são sociedades em que castas e dinastias exercem uma autoridade contra a qual o indivíduo não
pode quase nada” fosse substituído por “são sociedades em que castas e dinastias exercem uma autoridade à qual o
indivíduo não pode opor-se”, o sinal indicativo de crase seria obrigatório.

IV. No trecho: “Por consequência, nenhum bem pode nos satisfazer, e a insatisfação é parte integrante de nosso
modelo cultural.”, ao grafar o termo destacado sem trema, o autor demonstrou atender as orientações do último
Acordo Ortográfico. Outras palavras que passaram a ser grafadas sem o trema após a vigência desse documento
foram ‘questão’, ‘distinguir’ e ‘extinguir’.

Estão CORRETAS:

a) I e III, apenas. -B) I e IV, apenas. C) II e IV, apenas. D) II, III e IV, apenas. E) I, II, III e IV.
09. O Texto 2 dialoga com o leitor apresentando-se como um “cartaz”. Para aceitar essa identidade do
gênero cartaz como verdadeira, o leitor deve considerar, principalmente:
a) a composição gráfica e o funcionamento discursivo do texto.
b) a descrição física – dimensões e especificações do papel.
c) a apresentação em forma de discurso em primeira pessoa.
d) o formato ‘diálogo explícito com o leitor’ – receptor da mensagem.
-e) a escolha do tema e sua abordagem criativa e inovadora.

10. Dentre os valores e/ou opiniões veiculados pelo Texto 2, encontra-se a defesa de que
a) é vital proteger-se do vírus HIV, pois ele pode ser tão destrutivo para um cartaz quanto para o corpo humano.
-b) relações sexuais sem preservativos só deveriam ocorrer com parceiros comprovadamente livres do HIV.
c) deveria ser um direito das pessoas soropositivas não revelar sua condição de saúde a quem quer que fosse.
d) o preconceito contra as pessoas soropositivas tem diminuído bastante com a divulgação de cartazes.
e) uma pessoa portadora do vírus HIV preserva seu direito de ser um cidadão socialmente atuante.
TEXTO 2
COMPREENDER O BRASIL É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL

Ouvimos muitos comentários de analistas sociais e também do senso comum (sobretudo) de que o grande mal
do Brasil é o “jeitinho brasileiro”, que é atrelado à corrupção. Pois bem, a observação não é de todo errada, mas
esconde outro truísmo aparente. Os males do Brasil enquanto nação e enquanto Estado assentam-se em dois
pilares: o genocídio indígena e a escravidão africana.
Advém daí o machismo e a cultura do estupro: as índias foram as primeiras a serem violentadas pelo
colonizador europeu, o que acabou naturalizando essa abominável prática de invasão do corpo do outro, tempos
depois aplicando-se o mesmo “método” no corpo da mulher negra e da mulher branca. Os escravocratas, em uma
sociedade patriarcal, tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa: bela,
recatada e do lar, e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.
Advém daí o racismo: o colonizador branco, com a chancela da religião cristã e da ciência, arrogou para si a
superioridade racial branca, em detrimento do negro, do indígena e do asiático. Nem o questionável 13 de maio
nem o estado democrático de direito superou isso. Isso é reproduzido hoje em nível societário. Quem mais morre
nas periferias das cidades brasileiras são negros. Alguém cantou num passado recente “todo camburão tem um
pouco de navio negreiro”.
Advém daí o paternalismo: transplantamos para nossas relações humanas as antigas relações típicas de
senhor escravo, não na acepção nietzschiana (moral do senhor/moral do escravo), mas na acepção eugênica
herdada do darwinismo social de Spencer, que hierarquizou as raças, estando essas associadas ao processo
civilizatório de aculturação do indígena, método descrito de forma primorosa por Alfredo Bosi em “As flechas do
Sagrado”. Os jesuítas arrogaram para si a responsabilidade por “cuidar do indígena”, inculcando no colonizado a
dependência contínua na esteira da “benevolência” mal intencionada. Mal sabiam os colonizadores que as etnias
também negociavam, como enunciou Eduardo Viveiros de Castro em “A inconstância da alma selvagem”: os
tupinambás jamais abriram mão do que lhes era essencial, a guerra.
Advém daí o genocídio negro: desde 1982 até 2014 foram 1,2 milhões de negros mortos pela polícia nas
periferias, dados da Anistia Internacional. O negro de hoje é o escravizado de ontem e o corpo reificado de
anteontem. Na imprensa de hoje, a morte de um jovem branco de classe média suscita debates em torno da
violência, ao passo que a morte de um negro é mais uma estatística. Do mesmo modo que a violência contra a
mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes mais, pois aprendemos com a “globeleza” que o corpo
negro feminino é o veículo do pecado e que o corpo feminino deve ser submetido à vontade do corpo masculino,
estando apto desde sempre a servi-lo.
Advém daí o genocídio indígena, ainda em curso. Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e
Centro-Oeste do país. A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico
de quem consente porque se cala. Advém daí a corrupção, pois, no processo colonizatório, legitimou-se a prática
de que tudo tem seu preço, quando até mesmo o corpo do outro poderia ser negociado, outrora o escravizado,
tempos depois o trabalhador fabril, hoje qualquer alma vulnerável ao consumismo em busca de status. Resumo
da ópera: a corrupção é um subciclo de dois ciclos maiores: genocídio e escravidão. Por isso esses dois temas
interessam a todos os brasileiros. Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo ou como nação.
Victor Martins.
Disponível em: http://www.circulopalmarino.org.br/2016/05/compreender-o-brasil-e-dificil-mas-nao-impossivel.

11. Do ponto de vista temático, o Texto 1 se constrói tendo como foco a abordagem:

a) das maléficas consequências da corrupção para a imagem do Brasil.


b) do senso comum de que o grande mal do nosso país é o jeitinho brasileiro.
-c) do preconceito generalizado que marcou o processo colonizatório brasileiro.
d) do forte potencial que tem o Brasil para avançar como povo ou como nação.
e) das causas históricas que explicam as principais mazelas do nosso país.
12. O autor do Texto 1 traz vários argumentos para a defesa de seus pontos de vista. Assinale a
alternativa que sintetiza CORRETAMENTE um desses argumentos.

-a) A raiz de todos os males da Nação é o ‘jeitinho brasileiro’, o maior responsável pela cultura da corrupção que
impera no país.
b) A violência física contra as mulheres, nos nossos dias, tem origem no genocídio indígena e na escravidão africana.
c) O grande índice de morte de negros nas periferias é decorrência da falta de engajamento social, tanto do Estado
como da religião cristã.
d) A hierarquização das raças, causa do paternalismo, foi criada pela Igreja, que, sob a justificativa da fé, queria
expandir o seu domínio.
e) Nos dias atuais, a violência tornou-se um ciclo que atinge, na mesma proporção, jovens de raça gênero e classe
social diferentes

13. No Texto 1, o autor emprega diferentes recursos para argumentar a favor de seus pontos de vista. Analise, nas
proposições abaixo, a correspondência entre o recurso empregado e o efeito obtido.

I. Aspas – marca discordância e ironia, como em: “método” (2º parágrafo); “cuidar do indígena” e “benevolência” (4º
parágrafo).

II. Iniciar vários parágrafos com a mesma forma (“Advém daí...”) – indica persistência para convencer o leitor.

III. Aportar vozes socialmente reconhecidas ao texto (Como as de Bosi e Castro, no 4º parágrafo) – aufere prestígio e
autoridade ao discurso.

IV. Seleção vocabular erudita (como em ‘truísmo’, no 1º parágrafo; e em ‘nietzschiana’, no 4º parágrafo) – delimita o
público leitor a intelectuais e especialistas.

Estão CORRETAS, apenas:


a) I e II. b) I e III. -c) II e III. d) II e IV. e) III e IV

14. Quanto aos aspectos semânticos do vocabulário empregado no Texto 1, assinale a alternativa que identifica
CORRETAMENTE o efeito de sentido obtido com o uso do termo destacado.
a) “(...) a observação esconde outro truísmo”, isto é, ‘esconde outra obviedade’.
-b) “(...) não na acepção nietzschiana”, ou seja, ‘não na filosofia nietzschiana’.
c) “(...) mas na acepção eugênica”, quer dizer, ‘mas na acepção helênica’.
d) “Os jesuítas arrogaram”, ou seja, ‘Os jesuítas negligenciaram’.
e) “o corpo reificado de anteontem”, isto é, ‘o corpo reverenciado de anteontem.’.
15. Acerca das relações lógico-discursivas que se identificam no Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.
a) Já no título se identifica uma relação comparativa, explicitada pelos termos ‘difícil’, de um lado, e ‘impossível’, de
outro.
b) Uma relação concessiva pode ser evidenciada no trecho: “Os escravocratas, em uma sociedade patriarcal,
tornaram legítima também a decisão sobre o corpo da mulher, inclusive da sua esposa.” (2º parágrafo)
-c) No trecho: “Do mesmo modo que a violência contra a mulher é naturalizada e contra a mulher negra duas vezes
mais, pois aprendemos com a ‘globeleza’ que o corpo negro feminino é o veículo do pecado (...)” (5º parágrafo), o
termo destacado introduz um segmento explicativo.
d) O trecho: “A imprensa fala pouco, o silêncio cemiterial em torno do tema é um crime confesso, típico de quem
consente porque se cala.” (6º parágrafo) exemplifica uma relação semântica consecutiva.
e) Uma relação proporcional se encontra no trecho: “Enquanto não encararmos isso, não avançaremos como povo
ou como nação.”. (8º parágrafo).

16. No que se refere a alguns aspectos formais presentes no Texto 1, analise as proposições a seguir.

I. No trecho: “(...) e da sua ama de leite (a mãe preta), cujo leite afro acalentava seu filho branco.” (2º parágrafo), a
substituição da forma verbal ‘acalentava’ por ‘nutria’ acarretará a seguinte alteração na regência: ‘(...) e da sua ama
de leite (a mãe preta), em cujo leite afro nutria seu filho branco.’.

II. No trecho: “Quem mais morre nas periferias das cidades brasileiras são negros.” (3º parágrafo), a forma verbal
destacada está no plural em concordância com o predicativo plural ‘negros’.

III. No trecho: “Ouvimos muitos comentários (...) de que o grande mal do Brasil é o ‘jeitinho brasileiro’, que é atrelado
à corrupção.” (1º parágrafo), o sinal indicativo de crase é opcional, já que o verbo ‘atrelar’, no contexto em que se
insere, pode também ser transitivo direto.

IV. O segmento destacado no trecho: “Ruralistas e posseiros o fazem à luz do dia no Norte e Centro-Oeste do país.”
(6º parágrafo) exemplifica um caso de próclise; a forma enclítica correspondente é ‘fazem-no’.

Estão CORRETAS:

a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) I, III e IV, apenas. -d) II e IV, apenas. e) I, II, III e IV.
LITERATURA

O bonde abre a viagem,


No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.

(ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Vila Rica, 1993.)

17. O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos
geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de
Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre:

a) a solidão e a multidão.
b) a carência e a satisfação.
c) a mobilidade e a lentidão.
d) a amizade e a indiferença.
e) a mudança e a estagnação.

Leia o seguinte trecho do conto "Amor", de Clarice Lispector.


“O mundo se tornara de novo um mal-estar. Vários anos ruíam, as gemas amarelas escorriam. Expulsa de seus
próprios dias, parecia-lhe que as pessoas da rua eram periclitantes, que se mantinham por um mínimo equilíbrio à
tona da escuridão – e por um momento a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir.
Perceber uma ausência de lei foi tão súbito que Ana se agarrou ao banco da frente, como se pudesse cair do
bonde, como se as coisas pudessem ser revertidas com a mesma calma com que não o eram.”

20. Com base nesta leitura, é correto afirmar:

a) No trecho "a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir", emerge a força do
fantástico, traço tão significativo neste conto como em todos os demais contos de Laços de família.

b) No trecho "como se as coisas pudessem ser revertidas com a mesma calma com que não o eram", percebe-se
uma referência à súbita paixão que invade a protagonista, provocando o desequilíbrio familiar e o desejo de viver ao
lado do amante.
c) No trecho "Expulsa de seus próprios dias", revela-se o conflito da protagonista ao se defrontar, no espaço urbano,
com uma cena comum que desencadeia uma reavaliação de sua vida íntima e doméstica.

d) No trecho "parecia-lhe que as pessoas da rua eram periclitantes", destaca-se a atmosfera de mistério que provoca
a aproximação entre esse conto e as histórias policiais com sua ambientação urbana.

e) No trecho "Vários anos ruíam", sobressai uma marca destacada dos contos da autora: apresentar narrativas cuja
ação se estende por uma longa duração de tempo.

Confidência do Itabirano De Itabira trouxe prendas diversas que ora te


Alguns anos vivi em Itabira. ofereço:
Principalmente nasci em Itabira. esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
Noventa por cento de ferro nas calçadas. este couro de anta, estendido no sofá da sala de
Oitenta por cento de ferro nas almas. visitas;
E esse alheamento do que na vida é porosidade e este orgulho, esta cabeça baixa...
[comunicação. Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, Hoje sou funcionário público.
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem Itabira é apenas uma fotografia na parede.
mulheres e Mas como dói!
[sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, (ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro:
é doce herança itabirana. Nova Aguilar, 2003.)

21. Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas,
penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é
feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema
Confidência do itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções
artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima:

a) representa as primeiras ideias do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos
linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados
históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a
forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as
prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela
terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
TEXTO

TEXTO
Notícias de Espanha de pedra esmagando ramos,
é seco e sujo silêncio
Aos navios que regressam em que se escuta vazar
marcados de negra viagem, como no fundo da mina
aos homens que neles voltam um caldo grosso e vermelho.
com cicatrizes no corpo [...]
ou de corpo mutilado, cansado de vã pergunta,
peço notícias de Espanha. farto de contemplação,
[...] quisera fazer do poema
Ninguém as dá. O silêncio não uma flor: uma bomba
sobe mil braças e fecha-se e com essa bomba romper
entre as substâncias mais duras. o muro que envolve Espanha.
Hirto silêncio de muro,
de pano abafando boca, (ANDRADE, Carlos Drummond de.)

22. Tanto o poema quanto a pintura:


a) constituem relatos de uma experiência vivida em campo de batalha.
b) tematizam aspectos ligados ao universo da fantasia e dos sonhos.
c) retratam cenas cujos referentes são os horrores da guerra.
d) revelam uma preocupação de cunho subjetivo e individualista.
e) denotam um desejo de escapismo e negação do real por parte do artista.
Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outra palavra,
não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar,
mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai
suspendeu a resposta [...]

A terceira Margem, Guimarães Rosa.

23. Assinale a alternativa correta.

a) O título do conto faz referência explícita aos rios intermitentes da Região Nordeste.

b) A forma como o pai se despede da família revela segurança com relação à atitude tomada.

c) No primeiro parágrafo, o narrador-personagem condena a atitude do pai.

d) Ao mencionar a estranheza do fato, o narrador evidencia que o pai ficara louco.

e) A atitude da mãe denota o desinteresse que sempre manifestou com relação ao marido.

24. No poema Morte e vida severina, podem-se reconhecer as seguintes características da poesia de João Cabral
de Melo Neto:

a) sátira aos coronéis do Nordeste e versos inflamados.


b) experimentalismo concretista e temática urbana.
c) memorialismo nostálgico e estilo oral.
d) personagens da seca e linguagem disciplinada.
e) descrição da paisagem e intenso subjetivismo

25. Trata-se do último livro publicado por Clarice Lispector, em vida, em 1977. A personagem protagonista é
Macabéa, que acumula em seu corpo franzino todas as formas de repressão cultural, o que a deixa alheada de si e
da sociedade. As afirmações acima referem-se à obra:

a) A hora da estrela.

b) Perto do coração selvagem.

c) A mação no escuro.

d) A paixão segundo G.H.

e) Laços de família.
Ele se aproximou e com a voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
― E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
― Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa, antes que ele mudasse de ideia.
― E se me permite, qual é mesmo a sua graça?
― Macabea.
― Maca ― o quê?
― Bea, foi ela obrigada a completar.
― Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
― Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu
vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser
chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo — parou um instante retomando o
fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor
― pois como o senhor vê eu vinguei… pois é…
[…]
Numa das vezes em que se encontraram ela afinal perguntou-lhe o nome.
― Olímpico de Jesus Moreira Chaves ― mentiu ele porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome
dos que não têm pai. […]
― Eu não entendo o seu nome ― disse ela. ― Olímpico?
Macabea fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era
assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia
responder. Disse aborrecido:
― Eu sei mas não quero dizer!
― Não faz mal, não faz mal, não faz mal… a gente não precisa entender o nome.

Clarice Lispector.

26. Neste excerto, as falas de Olímpico e Macabéa:

a) aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição cultural entre a mulher nordestina e o
homem do sul do País.

b) demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagens, reflexo da privação econômica de que são
vítimas.

c) beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido de humor e sátira social.

d) registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios antagônicos do Bem e do Mal.

e) suprimem, por seu caráter ridículo, a percepção do desamparo social e existencial das personagens.

Vei, a Sol

Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de
madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim
mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não
havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as
formigas jaquitaguas ruivinhas. Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de
tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu. Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito. — Vá
tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os brasileiros
empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

(ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.)
27. O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “Vei, a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de
Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo
narrador, é possível identificar:

a) resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.

b) ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.

c) referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.

d) descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.

e) uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular
nacional.

O trovador

Sentimentos em mim do asperamente


dos homens das primeiras eras...
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...
Sou um tupi tangendo um alaúde!

(ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade)

28. Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de
Andrade. Em O trovador, esse aspecto é:

a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval, remete
à brasilidade.

b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens
e pesquisas folclóricas.

c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio”
(v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).

d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional que seria proposta
no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade.

e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho
brasileiro por suas raízes indígenas

"Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins, o
tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente"

(Carlos Drummond de Andrade - Mãos Dadas)

29. A leitura dos versos acima nos leva à seguinte interpretação:

a) O autor reafirma a temática do Romantismo com expressões "suspiros ao anoitecer", "paisagem vista da janela"

b) Embora use a negação em uma série de versos, o poeta concebe um mundo em ilhas onde pretende viver.

c) A matéria ou os temas de escolha do poeta estão relacionados com a época em que ele vive, ou seja, a atualidade.

d) os temas escolhidos pelo autor devem incluir, obrigatoriamente, a mulher e a natureza.

e) Devido ao emprego excessivo de negações e de verbos no futuro, não se pode precisar a intenção do poeta.

“Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia
água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira
a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.”

(Clarice Lispector, “Amor”, em Laços de família. 20ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990, p. 39.)

30. Ao caracterizar a personagem Ana, a expressão “piedade de leão” reúne valores opostos, remetendo
simultaneamente à compaixão e à ferocidade. É correto afirmar que, no conto “Amor”, essa formulação:

a) revela um embate de natureza social, já que a pobreza do cego causa náuseas na personagem.
b) expressa o dilema cristão da alma pecadora diante de sua incapacidade de fazer o bem.
c) indica um conflito psicológico, uma vez que a personagem não se sente capaz de amar.
d) alude a um contraste moral e existencial que provoca na personagem um sentimento de angústia.
e) a culpa que a protagonista sente (quando se lembra das crianças no Jardim) é a culpa da pecadora incapaz de
fazer o bem.

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