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NOTA DE AULA

Autor(a): Arnon Arruda Simões


Curso: Direito
Disciplina: Ética Profissional
Título: O Estatuto Ético do Ministério Público

O ESTATUTO ÉTICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - UNIDADE 4

A ética profissional é indispensável para a boa convivência em


sociedade, sobretudo, para o exercício das funções relacionadas à administração da
justiça, como, por exemplo, a do membro do Ministério Público.

Nesse contexto, o estudo da ética profissional se mostra imprescindível


para todos no mundo jurídico, desde acadêmicos até juristas de longa carreira. Por
isso, o aluno do curso deverá se aprofundar no tema, afim de construir um
conhecimento sólido da legalidade, mas também do Direito como um todo,
propiciando-lhe uma visão integral do assunto.

O Ministério Público foi alçado a funções ainda mais relevantes pela


Constituição Federal de 1988. Foi-se o tempo que o Ministério Público se limitava ser
o titular da ação penal.

Historicamente, o Ministério Público era conhecido por sua função


policialesca de deflagrador da ação criminal contra quem fosse acusado penalmente.
Todavia, isso mudou.
A Constituição da República, ao tratar das funções institucionais do
Ministério Público apresenta instituição com funções relevantíssimas para o país.
Vejamos:

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial


à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis.

Ou seja, ao Ministério Público cabe uma plêiade de atribuições,


atribuições essas que são fundamentais para o próprio estado democrático. Por isso,
hoje, vê-se uma atuação agigantado do Parquet.

Importante destacar que o Ministério Público não integra nenhum dos


poderes do Estado, de sorte que não está subordinado ao Executivo, Legislativo, nem
mesmo ao Judiciário.

Em função disso, alguns doutrinadores chegam a considerar o Ministério


Público como sendo uma espécie de quarto poder da República. Consideração essa
apenas para fins didáticos, vez que tecnicamente, não há quatro poderes, apenas os
três aludidos no parágrafo anterior.

O Ministério é regido por alguns princípios, dentre os quais, a unidade,


segundo o qual o MP é uma instituição uma, não havendo vários ministérios públicos,
mas o Ministério Público.

Isso não significa que o Ministério Público não esteja dividido em


especialização de funções, para melhor prestar o serviço público. O MP, acerca da
especialização, está divido em estadual e da União.

Acerca disso, a CRFB/1988 prescreve:


Art. 128. O Ministério Público abrange:

I - o Ministério Público da União, que compreende:

a) o Ministério Público Federal;

b) o Ministério Público do Trabalho;

c) o Ministério Público Militar;

d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

II - os Ministérios Públicos dos Estados.

A mesma Constituição da República instituiu o Conselho Nacional do


Ministério Público que, cumprindo suas atribuições constitucionais, editou o Código de
Ética para os Membros do Ministério Público da União e dos Estados

Em seu artigo 1º, Código de Ética para os Membros do Ministério Público


da União e dos Estados preleciona:

Art. 1º O Código de Ética dos membros do Ministério Público da


União e dos Estados é um dos instrumentos de realização dos
princípios e normas de conduta da Instituição e será aplicado a
todos os seus membros.

E a exigência dos deveres éticos dos membros do Ministério Público


dizem respeito não apenas à atuação funcional dos seus membros, mas também às
suas respectivas vidas privadas.
Vide trecho do código de ética mencionado:

Art. 4º [...]
§1º. Os padrões éticos de que trata este artigo são exigidos dos
membros do Ministério Público também na relação entre suas
atividades públicas e privadas, de modo a prevenir eventuais
conflitos de interesses.

O próprio código em questão apresenta suas finalidades. Verbis:

Art. 3º O Código de Ética dos membros do Ministério Público da


União e dos Estados tem por finalidades:

I – especificar as regras éticas de conduta dos membros do


Ministério Público;

II – contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões éticos do


Ministério Público;

III – preservar a imagem e a reputação dos membros do


Ministério Público;

IV – propiciar, no campo ético, regras específicas sobre conflito


de interesses públicos e privados e limitações às atividades
profissionais no exercício do cargo;

V – criar mecanismo de consulta geral, destinado a possibilitar


o prévio e pronto esclarecimento de dúvidas quanto à
conduta ética dos membros do Ministério Público;
VI – estimular, no campo ético, o intercâmbio de experiências e
conhecimentos entre os setores público e privado;

VII – dotar os órgãos correicionais dos Ministérios Públicos da


União e dos Estados e o Conselho Nacional do Ministério
Público de mecanismos padronizados para atuação na
prevenção e correção de condutas atentatórias à ética no
âmbito das respectivas instituições e atribuições.

Ademais, é importante observar que as ações judicias e extrajudiciais do


Ministério Público têm peso muito grande na vida dos particulares, de modo que a
atuação do membro ministerial deve ser extremamente ética, sob pena de permitir a
existência de abusos indevidos.

Vê-se, portanto, que a ética profissional não é meramente uma faculdade


do membro do Ministério Público, mas seu dever funcional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso
em 30 jan. 2023.

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. CÓDIGO DE ÉTICA PARA OS


MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO E DOS ESTADOS. Disponível
em: https://edsonbelo.com.br/arquivos/2.pdf. Acesso em 30 jan. 2023.

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