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UNIVERSIDADE WUTIVI - UNITIVA

DIREITO CONSTITUCIONAL EaD

Tema
ORGANIZAÇÃO DO PODER POLÍTICO

Discente: Quine Francisco Guambe

Docente: Arsénio Zandamela

Maputo,Outubro de 2021
Índice
Tema.....................................................................................................................................................0
RESUMO................................................................................................................................................2
PALAVRAS-CHAVES:...............................................................................................................................2
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................3
A Separação e interdependência de poderes dos órgãos de soberania no âmbito do artigo 134o da
CRM (2018)............................................................................................................................................4
1.1 Princípio da separação e interdependência de poderes na CRP (Constituição da Republica
Portuguesa)...........................................................................................................................................4
1.2 Princípio da Separação e interdependência de poderes da Republica Federal de Brasil..............5
Responsabilidade Criminal do Presidente da República, no âmbito do artigo 152o da CRM (2018),
para o contexto moçambicano..............................................................................................................6
Considerações Finais.............................................................................................................................8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS.............................................................................................................9

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RESUMO
O Poder Judiciário é um conjunto de elementos pessoais e materiais inter-
relacionados, que tem a finalidade especifica de assegurar o desempenho da função
jurisdicional de um determinado Estado, (Texeira, 1993; Caminha, 2008).

Para que se denomine um qualquer Estado como de Direito Democrático e se


pretenda a efectiva observância da sua Constituição é essencial a existência e o
adequado cumprimento do Princípio da Separação e Interdependência de Poderes.

A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se na abordagem qualitativa associada


a pesquisa teórica e bibliográfica, sobre a temática “separação e interdependência de
poderes dos órgãos de soberania no âmbito do artigo 134o da CRM (2018) no
contexto moçambicano e comparado com a Constituição de Portugal e do Brasil no
que tange a esta temática. Assim como responsabilidade Criminal do Presidente da
República, no âmbito do artigo 152o da CRM (2018) para o contexto moçambicano,
comparado com a Constituição de Portugal e do Brasil .

INTRODUÇÃO

Moçambique passou a consagrar um regime político guiado por ideais democráticos onde
todos os cidadãos são chamados a participar de forma activa e permanentemente na vida
política do país, traduzindo assim um direito e dever dos cidadãos à participação para ampliar
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e consolidar a democracia em todos os níveis da sociedade. Ao abordar este assunto, parte-se
da perspectiva de que o poder político tem de ser limitado, para garantir o respeito pelos
direitos fundamentais. Esse Estado de direito democrático, para assim o ser, pressupõe o
respeito (e a aplicação), pelo próprio Estado, de alguns princípios, mesmo com o fim de
limitar o poder político. Trata-se, por exemplo, do princípio da separação ou divisão de
poderes do Estado, (Goveia, 2010:77).

O respeito integral aos direitos do homem, por sua vez, é inalcançável quando o poder
político supremo não pertence ao povo. Portanto, o objectivo deste trabalho é abordar a
separação e interdependência de poderes dos órgãos de soberania no âmbito do artigo 134o
da CRM (2018) no contexto moçambicano e compara-los com a Constituição de Portugal e
do Brasil no que tange a esta temática. Assim como responsabilidade Criminal do Presidente
da República, no âmbito do artigo 152o da CRM (2018) para o contexto moçambicano,
comparado com a Constituição de Portugal e do Brasil também no que tange a esta temática.

1- A Separação e interdependência de poderes dos órgãos de soberania no âmbito


do artigo 134o da CRM (2018)

Os órgãos de soberania assentam nos princípios de separação e interdependência de poderes


consagrados na Constituição e devem obediência à Constituição e às leis. Em Moçambique a
divisão horizontal dos três poderes do Estado consiste, fundamentalmente, na repartição entre
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as diferentes funções do Estado (Legislativa, Executiva e Judicial), funções essas que devem
ser confiadas a órgãos independentes com a finalidade de evitar a sua concentração.
Entretanto o primeiro factor aqui proposto sobre a excessiva concentração de poderes a favor
da figura do Presidente da República, há que salientar que, do ponto de vista dos sistemas de
governo, Moçambique é um sistema presidencialista com total ausência de um mecanismo de
“prestação de contas” por parte do chefe de governo e chefe de estado (Presidente da
República) perante a Assembleia da República, sendo apenas os membros do governo que
são fiscalizados, ficando assim de fora a chefia do governo. Portanto dos estudos feitos sobre
a separação de poderes em Moçambique, demonstra que, depois da transição do regime
absolutista para o regime liberal, a separação dos poderes foi convertida de teoria para
princípio fundamental e referência material das Constituições.

1.1 Princípio da separação e interdependência de poderes na CRP (Constituição da


Republica Portuguesa)

Na Constituição da República Portuguesa, o princípio da Separação e Interdependência de


Poderes encontra-se plasmado como fundamental no Estado de Direito Democrático, nos
termos do seu art. 2º, ocupando um papel primordial na Organização do Poder Político, de
acordo com o art. 111º e sendo considerado como um limite material, que deverá ser
respeitado numa revisão constitucional (art. 288, j). Deve-se contudo, realçar que o que está
em causa não é uma separação de poderes do Estado visto que este é Unitário e o Poder é uno
e indivisível, pertencendo a este mesmo Estado (Arts 3º, 6 e 288º, a) da CRP). Existe sim,
uma separação de funções dos Órgãos integrados nesse. É por tal motivo que a Constituição
estipula de “separação e interdependência dos Órgãos de Soberania” (arts. 111º, nº 1 e 288º,
alínea j) e “separação e interdependência de poderes” (art. 2º da CRP) 4 . Este princípio é de
tal modo relevante nos Estados de Direito que implícita ou explicitamente, surge estipulado
nos diplomas com maior importância jurídica, actuais ou históricos e alvo das mais diversas
doutrinas, desde Aristóteles. Aparece por exemplo subjacente no terceiro parágrafo do
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que preceitua “Considerando
que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que
o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão”.

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1.2 Princípio da Separação e interdependência de poderes da Republica Federal de
Brasil

O princípio da separação dos poderes surge, pela primeira vez, como teoria política, no
pensamento de John Locke (1632-1704). Este denominou os três poderes indispensáveis às
sociedades políticas, quais sejam: Legislativo, Executivo e Federativo. Para Locke, o
Poder Legislativo tem a competência de fixar as leis com o objectivo de preservar a
sociedade política e os seus membros. As leis elaboradas têm força para se estabilizarem
com o tempo, mas requerem, contudo, execução continuada. Para cuidar da execução
das leis há necessidade, em muitos casos, de um Poder Executivo separado do Poder
Legislativo. O Poder Federativo compreende o poder de guerra e paz, de firmar ligas e
promover alianças e todas as transacções externas. Porém, para a preservação da sociedade
política há somente um único poder supremo, que é o Legislativo, ao qual todos os outros

poderes estão subordinados.

A divisão dos poderes foi consagrada como princípio formal fundamental na Declaração
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (artigo 16) que se expressa na criação
de instituições independentes e autónomas cujas funções diferenciadas objectiva o
afastamento do despotismo do antigo regime e garantir a liberdade e os direitos
fundamentais. Para os deputados de 1789, a separação dos poderes era um dogma, a
ponto de ser positivado na Declaração o princípio de que uma sociedade que não
garantisse a separação dos poderes não tinha Constituição.

2- Responsabilidade Criminal do Presidente da República, no âmbito do artigo


152o da CRM (2018), para o contexto moçambicano

A Responsabilidade criminal do Presidente da Republica no âmbito do artigo 152 da


CRM(2018). 1.O Presidente da República pode responder perante o Tribunal Supremo Por
crimes praticados no exercício das suas funções durante o mandato, assim como Pelos crimes

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praticados fora do exercício das suas funções como cidadão2, Este pode também responder
perante os tribunais comuns, no termo do mandato3. Cabendo à Assembleia da República
requerer ao Procurador-Geral da República o exercício da acção penal contra o Presidente da
República4, por proposta de pelo menos um terço e aprovada por maioria de dois terços dos
deputados da Assembleia da República. Fica suspenso das suas funções a partir da data do
trânsito em julgado do despacho de pronúncia ou equivalente e a sua condenação e que
implicara a destituição do cargo, o tribunal, em plenário, pode proferir acórdão no prazo
máximo de sessenta dias5. Caso havendo acórdão condenatório o Presidente da República
não pode voltar a candidatar-se a tal cargo ou ser titular de órgão de soberania ou de
autarquia local6.

2.1 Responsabilidade Criminal do Presidente da República Portuguesa artigo


130.ºCRP.

1. O Presidente da República Portuguesa, responde perante o Supremo Tribunal de Justiça


Por crimes praticados no exercício das suas funções, 2.A iniciativa do processo cabe à
Assembleia da República, mediante proposta de um quinto e deliberação aprovada por
maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções. 3.A condenação implica a
destituição do cargo e a impossibilidade de reeleição. 4.O Presidente da República responde
perante os tribunais comuns por crimes estranhos praticados ao exercício das suas funções
depois de findo o mandato.

2.2 Responsabilidade Criminal do Presidente da República Federal de Brasil artigo 85

São crimes de responsabilidade do Presidente da Republica os actos que atentam contra a


constituição Federal e, especialmente, contra:

i. A existência de união
ii. O livre exercício do poder legislativo, do poder judiciário, do Ministério público e
dos poderes constitucionais das unidades da federação;
iii. O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
iv. A segurança interna do Pais;
v. A probidade na administração
vi. A lei orçamentária
vii. O cumprimento das leis e das divisões judiciais.

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Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecera as normas de processo e
julgamento. Admitida a acusação contra o presidente da República por dois terços da Câmara
de deputados, será ele submetido a julgamento. Admitida a acusação contra o Presidente da
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal, nas infracções penais comuns, ou perante o Senado
Federal, nos crimes de responsabilidade Art. 86.

1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I. Nas infracções penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo


Tribunal Federal;

II. Nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infracções comuns, o Presidente da


República não estará sujeito a prisão.

4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por
actos estranhos ao exercício de suas funções.

Considerações Finais

Diante de todos os factos aqui levantados sobre a separação e interdependência de poderes


dos órgãos de soberania e responsabilidade Criminal dos Presidentes das Repúblicas de
Moçambique, Portugal e Brasil. Conclui-se que a separação dos poderes surge no momento
liberal como uma das alternativas de divisão do poder, e que junto com o constitucionalismo
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e com o reconhecimento dos direitos fundamentais, representa o maior e mais firme
contributo para o modelo de Estado de Direito hoje existente. Sem prejuízo de outras
formulações da separação dos poderes. O juiz deve ser independente porque precisa portar-se
como guardião da constituição e de seus valores. Contudo, fez se também, uma análise da
independência do poder judicial moçambicano.

Em Portugal: Parece-nos que o Tribunal Constitucional de Portugal, teve e cada vez terá
uma importância maior na defesa e respeito da Constituição, sendo este Órgão o principal
garante desta224. Todavia, como já defendia “Montesquieu”, é muito difícil evitar os abusos
pois a «experiência eterna» mostra que todo o homem investido no poder tende a abusar dele
até que encontre limites” 226. E é portanto necessário que o poder limite o próprio poder e
para que um poder seja limitado é preciso que haja outro poder capaz de o limitar.

Em Brasil: O princípio da separação dos poderes não foi histórica e originariamente um


modelo binário a compreender que cada poder tem um escopo teórico fechado, em que as
funções Executiva, Legislativa e Judiciária eram incomunicáveis. Ao contrário, a
doutrina clássica admitia o exercício de funções compartilhadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

Caminha, Inaura de Oliveira. Restruturação do poder judiciário no estado do ceará:


mudanças promovidas pela lei no 13.956/07 no departamento de serviços judiciários de
apoio. Fortaleza /Ceará. 2008
Goveia, J. B. Manual de Direito Constitucional, Vol. I. (3ª Ed.). Coimbra: Almedina. 2010

8
SAMUELSON, Paul & NORDHAUS, William, Economia, 16ª edição, Mc Graw Hill,
Amadora, 1999. SANTOS, Boaventura de Sousa, A Crítica da Razão Indolente – contra o
desperdício da experiência, vol. I, Afrontamento, Porto, 2000. SCHARPF, Fritz, “Legitimacy
in the Multi-level European Policy” in The Twilight of Constitutionalism?, ed. Petra
Dobner/Martin Loughlin, Oxford University Press, 2010.

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