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Introdução à Gestão e Apuração da Ética

Módulo I - Estrutura das Comissões de Ética

Bem-vindo(a) ao primeiro módulo do Curso de Introdução à Gestão e


Apuração da Ética.

Neste módulo iremos abordar os seguintes temas:

Introdução

1. Conceitos Iniciais

2. Composição das Comissões de Ética

3. Secretaria-Executiva da Comissão de Ética

4. Competências de uma Comissão de Ética

5. Dever do Dirigente

6. Sistema de Gestão da Ética

Encerramento
Introdução

O presente curso de Introdução à Gestão e Apuração da Ética


Pública, na modalidade a distância - EAD, tem como objetivo oferecer aos
membros, secretários-executivos e demais servidores das Comissões de Ética
que compõem a Rede de Ética do Poder Executivo federal uma alternativa
de treinamento em caráter permanente e de fácil acesso, bem como servir
de referência a todos os integrantes do Sistema de Gestão da Ética do
Poder Executivo federal.

Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:

 Identificar conceitos básicos de ética;

 Conhecer um breve histórico sobre a evolução da Ética Pública no


Brasil.

 Elencar os principais normativos relacionados ao trabalho das


comissões de ética;

 Enunciar características dos mandatos dos membros de uma comissão


de ética, bem como fatores para nomeação, renúncia ou deposição;

 Descrever as competências e atribuições das comissões de ética; e

 Reconhecer a finalidade do Sistema de Gestão da Ética.


1. Conceitos Iniciais

"A virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos


tornamos os que fazemos repetidamente.” - Aristóteles

Conceitos Básicos

O que é Ética?

A palavra "Ética" vem do termo grego ethos, que tem dois


significados diferentes. Um primeiro significado é o de casa ou morada. O
segundo é de hábito ou comportamento que resulta da repetição
constante.

O que têm a ver esses dois sentidos etimológicos de ethos? Como isso
pode nos ajudar a entender o que é ética?

Pode-se dizer que a casa do ser humano é algo que o separa do


mundo natural, é o lugar que o abriga das ameaças e desafios do mundo
(chuva, animais ferozes etc.). Nesse sentido, a ética tem a ver com algo que
é próprio de todo ser humano, enquanto um ser que se distingue do restante
da natureza.

O outro sentido de ethos complementa aquele na medida em que o


hábito ou costume são resultados de uma ação repetitiva, mas que não é
meramente instintiva como no caso dos animais não humanos. Pelo hábito,
o ser humano acumula e põe em prática um conhecimento que vem da sua
própria experiência e de outros.

A Ética das Virtudes de Aristóteles

O conceito de virtude tem origem na Grécia com a palavra areté,


que também pode ser traduzida como excelência. Foi traduzida para o latim
como virtus, que é a sua raiz em português. Virtude, segundo Aristóteles, é
uma disposição adquirida para fazer o bem. A virtude é a mediana entre
dois vícios, é a excelência da doutrina, ou seja, o “justo meio” está acima
dos extremos; o cume, do ponto de vista de um valor, enquanto assinala a
afirmação da razão sobre o irracional. Assim, a virtude está no encontrar
qual é o meio termo para cada indivíduo nas suas ações, porém, para isso,
deve-se ter uma disposição de caráter por parte destes.
De acordo com Aristóteles, as virtudes se aperfeiçoam com o hábito.

Não se pretende com esta breve explanação exaurir os vários


conceitos históricos sobre ética, nem, tampouco, apresentar todas as
correntes filosóficas sobre o tema. Caso queira saber mais sobre os
fundamentos históricos e filosóficos da Ética, te convidamos a conhecer o
curso Ética e Serviço Público, também oferecido pela Escola Nacional de
Administração Pública – Enap.
Breve Histórico

O período anterior à Gestão da Ética Pública no Brasil foi marcado por


um cenário de insatisfações da sociedade civil em relação às imperfeições
dos sistemas políticos, especialmente quanto ao comportamento das
autoridades públicas.

Havia comportamentos gerados pela dificuldade de separação das


esferas pública e privada e uma iminente necessidade de se prevenir desvios
de conduta praticados em detrimento de valores éticos.

Aliado a isso, organismos internacionais aprovaram convenções


multilaterais contra a corrupção, das quais o Brasil é signatário:

Legenda: #paracegover Ilustração de um conjunto de quatro caixas. Na primeira fileira, três


caixas conectadas por sinal de soma, cada uma fazendo referência às Convenções
Multilaterais Contra Corrupção que inspiraram a base legal da Ética Pública: Organização
dos Estados Americanos – OEA (1996), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico – OCDE (1997) e Organização das Nações Unidas – ONU (2003). Na segunda
fileira, uma caixa com o texto: Gestão da Ética Pública.
Nesse contexto, tendo como base a insatisfação da sociedade com a
atuação da administração pública, foi editado o Decreto nº 1.171, de 22 de
junho de 1994, que aprovou o Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal.

Em continuidade, em 1999, com a criação da Comissão de Ética


Pública, começou a ser instituído o que atualmente se conhece como o
Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo federal, conforme será
estudado neste curso.

Em cumprimento aos compromissos firmados nos acordos bilaterais e


espelhando-se em boas práticas internacionais, foi instituído o Código de
Conduta da Alta Administração Federal, em 21 de agosto de 2000, que
colaborou grandemente com o estabelecimento do arcabouço normativo e
estrutural da Ética Pública no Brasil, estabelecendo valores e regras a serem
respeitadas pelas altas autoridades das organizações públicas e por aqueles
que, de qualquer maneira, atuem em seu nome ou promovendo seus
interesses.

Posteriormente, tendo como uma das finalidades a promção de


atividades integradas que disponham sobre a conduta ética, foi instituído,
por meio do Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, o Sistema de
Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, conferindo-se à Comissão de
Ética Pública da Presidência da República a competência para coordenar,
avaliar e supervisionar o Sistema, integrado também pelas Comissões de
Ética Setoriais das entidades e órgãos do Poder Executivo federal.
O que é a Comissão de Ética?

Para respondermos a essa e outras perguntas, primeiro, precisamos


resgatar alguns dos normativos que compõem a base legal para criação
das Comissões de Ética.

Vamos lá?!

Legenda: #paracegover Ilustração de um conjunto de sete hexágonos conectados, cada


um com uma referência às normas que servem de base legal ao Sistema de Gestão da
Ética.

Constituição Federal de 1988

Em seu art. 37, estabelece os princípios constitucionais que devem ser


obedecidos pela Administração Pública, dentre eles: Legalidade,
Impessoalidade, Publicidade, Eficiência e Moralidade.

Código de Conduta da Alta Administração Federal

O Código de Conduta da Alta Administração Federal - CCAAF foi


instituído em agosto de 2000.
É um conjunto de normas às quais se sujeitam as mais altas autoridades
da Administração Pública federal - ministros, secretários de estado,
secretários, presidentes e diretores de fundações, autarquias, agências
executivas, empresas públicas e de economia mista - no seu
relacionamento com pessoas ou entidades do setor privado.

Lei nº 8.112 de 1990

Ao abordar os deveres dos servidores públicos ressalta a necessidade


de o servidor ter uma conduta compatível com a moralidade
administrativa. (Artº. 116, IX).

Decreto nº 1.171 de 1994

Institui o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder


Executivo Federal.

O código busca balizar a conduta dos servidores para que eles sigam
um padrão ético no desempenho de suas funções.

É um instrumento de conscientização dos servidores, não só dos


deveres de ordem legal, mas também dos deveres e da conduta
esperada em relação à comunidade profissional, à coisa pública e ao
cidadão.

Decreto nº 6.029 de 2007

Instituiu o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal.

Além disto, trata das competências, organização e funcionamento


das Comissões de Ética e da Comissão de Ética Pública.

Resolução CEP nº 10 de 2008

Estabelece as normas de funcionamento e de rito processual,


delimitando competências, atribuições, procedimentos e outras
providências no âmbito das Comissões de Ética.
Podemos perceber que, ao longo do tempo, o arcabouço legal que
abrange o trabalho feito pelas Comissões de Ética foi sendo ampliado. Para
fins didáticos, vamos explorar os referidos normativos por tema, não pela
ordem cronológica ou numérica de seus artigos.

Antes de avançarmos em nossos estudos, além de identificarmos os


aspectos legais, que serão detalhados mais à frente, precisamos ainda
relacionar alguns dos atores e instrumentos que integram o Sistema de
Gestão da Ética.

Acesse o Link da página da Comissão de Ética Pública para consultar


a legislação na íntegra.

Legenda: #paracegover Ilustração de três quadrados alinhados, cada um com uma


expressão (Comissão de Ética Pública, Comissões de Ética e Código de Ética).

Comissão de Ética Pública - Tem como missão zelar pelo cumprimento do


Código de Conduta da Alta Administração Federal e da Lei de Conflito de
Interesses , para orientar as autoridades a conduzirem-se de acordo com
suas normas, inspirando assim o respeito no serviço público e a promoção da
ética na Administração Pública.

Atua como instância consultiva do Presidente da República e dos Ministros


de Estado em matéria de Ética Pública.

Comissões de Ética - Responsáveis por orientar e aconselhar os agentes


públicos sobre a ética profissional que se espera do servidor, tanto no
tratamento com as pessoas como no cuidado com o patrimônio público.
Deve fiscalizar o cumprimento do Código de Ética , e orientar e aconselhar
os servidores sobre a ética profissional, no âmbito de sua atuação.

Todos os órgãos e entidades da Administração Pública federal direta e


indireta devem constituir uma Comissão de Ética.

Código de Ética - O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do


Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto Nº 1.171 de 1994, surge
como um instrumento de conscientização dos servidores, não só dos deveres
de ordem legal, mas também dos deveres e da conduta esperada em
relação à comunidade profissional, à coisa pública e ao cidadão.

A seguir, falaremos um pouco mais sobre o Código de Ética Profissional


do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

O Código de Ética

Aprovado pelo Decreto no 1.171 de 1994, busca balizar a conduta dos


servidores para que eles sigam um padrão ético no desempenho de suas
funções e é um dos principais instrumentos de trabalho dos membros de
Comissão de Ética.

Dividido em 2 capítulos, reúne no primeiro: as regras deontológicas; os


principais deveres do servidor público; e as vedações. No segundo, fornece
os dispositivos para a criação e o funcionamento de Comissões de Ética nos
órgãos e instituições do Poder Executivo federal.

Veja abaixo uma descrição sobre a estrutura do Decreto que trata do


Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal.
Capítulo I
Seção I: Regras Deontológicas:
As regras deontológicas consistem em princípios ou valores que
norteiam a conduta do agente público, tais como a dignidade, o decoro, o
zelo, a eficácia. A consciência dos princípios morais deve atuar como o
principal fator para orientar o agente público, seja no exercício do cargo ou
função, ou fora dele.
Seção II: Principais Deveres do Servidor Público
Destaca que é dever dos agentes públicos divulgar e informar a todos
os integrantes da sua classe sobre a existência do código de ética.
Temos que recordar que estamos tratando de uma norma de 1994 e
muitas coisas mudaram no serviço público desde então. Uma delas é que
hoje cada vez mais temos agentes públicos de diferentes cargos
trabalhando em um mesmo local de trabalho e, em alguns casos, há
coexistência de servidores públicos, empregados públicos, estagiários e
terceirizados. Dessa forma, a divulgação da existência dessas normas deve
ser feita a todos, sem distinção.
Seção III: Vedações ao Servidor Público
Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se
por agente público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de
qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária
ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado
direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as
autarquias, fundações públicas, entidades paraestatais, empresas públicas e
sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o
interesse do Estado.
A sanção aplicável ao agente público por uma Comissão de Ética é
a censura, e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado
por todos os seus integrantes, com ciência do servidor faltoso.
Capítulo II

Seção Única : Comissões de Ética


Fornece os dispositivos para a criação e o funcionamento de Comissões de
Ética nos órgãos e instituições do Poder Executivo federal.
Destaca-se que:
 Todos os órgãos e entidades da Administração Pública federal direta
e indireta devem constituir uma Comissão de Ética;
 A CE deve fornecer os registros sobre conduta ética dos servidores,
para o efeito de instruir e fundamentar promoções e demais
procedimentos próprios da carreira do servidor público; e
 A CE deve ser integrada por servidores ou empregados titulares de
cargo efetivo ou emprego permanente.

Entre as Regras Deontológicas, em seu artigo 2º, o Código dispõe que


o servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua
conduta, consoante as regras contidas no art. no 37, caput, e § 4°, da
Constituição Federal.

Legenda: #paracegover fotografia de um homem com semblante confuso, coçando a


cabeça com a mão direita.
Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto.

Percebe-se, então, com clareza, que a ética deverá estar presente no


dia-a-dia do desempenho das funções públicas, servindo como guia para
orientar a conduta dos servidores.

Recapitulando:

1. Há um código de conduta que deve ser seguido por todos os


servidores e empregados públicos do Poder Executivo federal;

2. Deve haver uma CE em cada órgão e entidade pública federal; e

3. A CE deve fiscalizar o cumprimento do código, e orientar e aconselhar


sobre a ética profissional, conforme o capítulo I do Decreto nº 1.171,
de 22 de junho de 1994.

Na sequência, falaremos sobre como são compostas as Comissões de


Ética.
2. Composição das Comissões de Ética

"A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a


humanidade." - Friedrich Nietzsche

A Comissão deve ser integrada por três servidores ou empregados


titulares de cargo efetivo ou emprego permanente, pertencentes ao quadro
permanente do órgão ou entidade, bem como seus respectivos suplentes.

Deve ainda possuir um secretário-executivo, do qual falaremos


especificamente, mais adiante.

Sobre os mandatos...

Os mandatos dos membros são de três anos e não coincidentes, para


evitar a saída de todos os membros de uma só vez, o que prejudicaria a
continuidade e a memória da comissão.

Isso significa que os membros não podem iniciar seus mandatos ao


mesmo tempo.

Por isso, na primeira formação, os mandatos deverão ser de um, dois e


três anos. Após a primeira formação, os próximos integrantes já deverão ter
mandatos de três anos.

Veja a linha do tempo abaixo. Ela ilustra como ficariam as formações


de uma comissão, hipoteticamente, criada em 2010. Analise:

Legenda: #paracegover Gráfico de barras horizontais com a linha do tempo de nomeação


de membros titulares e suplentes, para uma comissão hipoteticamente criada em 2010.
Na portaria de nomeação, deverão constar os nomes dos membros e
de seus RESPECTIVOS suplentes, ou seja, o nome do suplente deve estar
atrelado ao do membro titular que ele representa.

O Decreto nº 6.029 de 2007, e a Resolução CEP nº 10 de 2008, trazem


algumas regras importantes sobre os mandatos.

Clique nos pontos marcados na imagem abaixo, para mais informações


sobre a composição das comissões de ética.

Legenda: #paracegover Fotografia de um grupo de sete pessoas, três homens e quatro


mulheres, em pé, olhando em direção à câmera, em uma ambiente de trabalho.

Presidente

O Presidente da Comissão de Ética deve ser escolhido mediante regra


estabelecida no Regimento Interno da Comissão. Na CEP, o Presidente é
escolhido por eleição entre os membros.
Representante Local

Muitas instituições têm unidades regionais ou filiais espalhadas por todo


país. Então, para facilitar e auxiliar nas suas ações educativas e de
comunicação, elas poderão designar representantes locais.

Os representantes locais são indicados pela CE e designados pelo


dirigente máximo da instituição.

Eles são responsavéis por auxíliar os trabalhos da CE, mas seu papel
limita-se à COMUNICAÇÃO e EDUCAÇÃO.

Secretaria-Executiva

A Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, que terá


como finalidade contribuir para a elaboração e o cumprimento do plano de
trabalho da gestão da ética estabelecido pelos membros e prover apoio
técnico e material necessário ao cumprimento das atribuições da CE.

A Secretaria-Executiva deverá ser chefiada por um servidor ou


empregado do quadro permanente do órgão ou entidade que deve
ocupar cargo de direção compatível com sua estrutura, sem que haja
aumento de despesa; O secretário-executivo será indicado pelos membros
da Comissão de Ética e designado pelo dirigente máximo do órgão ou da
entidade; e Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro da CE.

A Secretaria-Executiva poderá contar com outros integrantes, além do


Secretário-Executivo, com a finalidade de fornecer o suporte administrativo
necessário ao desenvolvimento ou exercício das atribuições do Secretário.

Recondução dos Titulares

É permitida uma única recondução. O titular que já exerceu o


mandato por duas vezes, ou seja, exerceu por três anos e foi reconduzido,
não pode exercer novo mandato como suplente.
Recondução dos Suplentes

Os membros suplentes das Comissões de Ética têm direito a ser


reconduzidos (uma única vez) e nomeados como membros titulares (e
também reconduzidos uma única vez).

Não há impedimento para que o suplente, concluído o seu mandato


original e até mesmo o período de recondução, seja nomeado como
membro titular da Comissão de Ética, com direito a uma única recondução.

Substituição do Presidente

O Presidente da Comissão será substituído pelo membro mais antigo,


em caso de impedimento ou vacância.

Havendo vacância, o cargo será preenchido temporariamente, até


que a nova escolha seja efetuada pelos membros.

Ausências

Na ausência de membro titular, o respectivo suplente deve


imediatamente assumir suas atribuições.

Para saber mais...

O Decreto nº 6.029 de 2007, e a Resolução CEP nº 10 de 2008, trazem


mais algumas regras sobre os mandatos.

 O ato formal da designação dos membros das CEs é feito pelo


dirigente máximo da instituição;

 Não havendo servidores públicos no órgão ou na entidade em


número suficiente para compor a CE, poderão ser escolhidos
servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do
quadro permanente da Administração Pública;
 O dirigente máximo não poderá ser membro de CE; e

 A atuação na Comissão de Ética é considerada prestação de


relevante serviço público e não enseja qualquer remuneração,
devendo ser registrada nos assentamentos funcionais do servidor.

Os membros das comissões de ética deixam de compor a comissão


em três casos:

Legenda: #paracegover Ilustração de três quadrados alinhados, cada um com uma


expressão (Fim do mandato, Renúncia voluntária, Desvio disciplinar ou ético).

Fim do mandato - O mandato chega ao fim após 3 anos, desde que não
seja a primeira formação da comissão.

Renúncia voluntária - É o ato formal de desistir ou deixar o cargo. Deixar a


posição após o término do mandato ou optar por não buscar recondução
não é considerado renúncia.

Desvio disciplinar ou ético - Desde que o desvio ético que seja reconhecido
pela Comissão de Ética Pública – CEP.
Mas, e na hipótese de renúncia voluntária, como fica o mandato do
novo membro?

Ele irá complementar o mandato?

§ 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exercido após


o transcurso da metade do período estabelecido no mandato
originário, o membro da Comissão de Ética que o exercer
poderá ser conduzido imediatamente ao posterior mandato
regular de 3 (três) anos, permitindo-lhe uma única recondução
ao mandato regular.

Observe o quadro explicativo abaixo. Ele ilustra o que estabelece o


art. 11, § 3º, da Resolução nº 10/2018 da CEP:

Legenda: #paracegover Ilustração de um boneco, sem distinção facial, com duas setas
apontando para um relógio cada. O primeiro relógio faz referência a período superior a 18
meses para o fim do mandato, indicando que o suplente poderá assumir o período restante
e ser reconduzido para novo período de três anos. O segundo relógio faz referência a
período inferior a 18 meses para o fim do mandato, indicando que o suplente poderá
assumir o período restante, ser nomeado para mandato próprio de três anos e ser
reconduzido para novo período de três anos.
Há alguns precedentes da Comissão de Ética Pública que tratam
sobre a recondução (retorno ou permanência do servidor como membro)
da comissão. Veja abaixo.

Legenda: #paracegover Ilustração de três quadrados alinhados, cada um com uma dupla
de bonecos, sem distinções faciais, segurando uma folha de papel. Cada dupla tem, entre
si, duas setas, cada uma apontando para um dos dois membros.

I - O titular que já exerceu o mandato por duas vezes, ou seja, exerceu


por três anos e foi reconduzido, não pode continuar a exercer novo
mandato como suplente. (Ata CEP 177- jan/2017- Processo nº
00191.010189/2016-14)

II - Os membros suplentes das Comissões de Ética têm direito a ser


reconduzidos (uma única vez) e nomeados como membros titulares (e
também reconduzidos uma única vez). (Ata CEP 157 -maio/2015- Protocolo
nº 24.712/2015)

III - Não há impedimento para que o suplente, concluído o seu


mandato original e até mesmo o período de recondução, seja nomeado
como membro titular da Comissão de Ética, com direito a uma única
recondução. (Ata CEP 157 -maio/2015- Protocolo nº 24.712/2015)
Resumindo:

Legenda: #paracegover Ilustração de seis hexágonos, alinhados, com três na linha de cima
e três na linha de baixo. Cada hexágono contem uma frase: 1 – Suplente (três anos); 2 –
Reconduzido como suplente (três anos) 3 – Poderá se tornar titular (e ser reconduzido); 4 –
Titular (três anos); 2 – Reconduzido como titular (três anos) 3 – Não poderá se tornar suplente.
3. Secretaria-Executiva da Comissão de Ética

"A dimensão ética começa quando entra em cena o outro." -


Umberto Eco

Apoio técnico

Os membros de CE não necessitam ter dedicação exclusiva à


comissão. Eles desempenham suas funções como membro de CE, sem
prejuízo de outras atribuições dentro da instituição.

O apoio técnico aos trabalhos da CE é prestado pela sua Secretaria-


Executiva. A figura da Secretaria aparece tanto no Decreto 6.029/2007, art.
7º, quanto na Resolução CEP nº 10/2008, art. 4º.

 A Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, que terá


como finalidade contribuir para a elaboração e o cumprimento do
plano de trabalho da gestão da ética estabelecido pelos membros e
prover apoio técnico e material necessário ao cumprimento das
atribuições da CE;

 A Secretaria-Executiva deverá ser chefiada por um servidor ou


empregado do quadro permanente do órgão ou entidade que deve
ocupar cargo de direção compatível com sua estrutura, sem que haja
aumento de despesa;

 O Secretário-Executivo será indicado pelos membros da Comissão de


Ética e designado pelo dirigente máximo do órgão ou da entidade; e

 Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro da CE.

A Secretaria-Executiva poderá contar com outros integrantes, além do


Secretário-Executivo, com a finalidade de fornecer o suporte administrativo
necessário ao desenvolvimento ou exercício das atribuições do Secretário.
Veja na imagem abaixo algumas das principais informações sobre a
composição de uma Comissão de Ética, já estudadas até aqui.

Legenda: #paracegover Ilustração de um círculo grande com a expressão Comissão de


Ética ao centro. Ao redor do círculo grande, setas ligando ele a cinco círculos pequenos,
identificando os elementos da Comissão: 1 – Secretaria Executiva; 2 – Pessoal; 3 –
Equipamentos; 4 – Estrutura Física; 5 – Representantes locais. O círculo com a palavra Pessoal
tem setas ligando ele a mais dois círculos menores, identificando: 1 – Membros Titulares; e 2 –
Membros Suplentes.

Secretário- Executivo

Não tem mandato;

Não pode ser membro da Comissão.


Pessoal

As CEs são compostas por:

03 Membros Titulares;

03 Membros Suplentes.

Membros

O ato formal da designação dos membros das CEs é feito pelo


dirigente máximo da instituição;

Mandatos de 3 anos, exceto na primeira formação, quando obdecerá


regras específicas;

O dirigente máximo do órgão não poderá ser membro da CE.

Suplentes

Nomeação do suplente é atrelada à do seu respectivo titular, inclusive


no que se refere à duração dos mandatos;

Na ausência de membro titular, o respectivo suplente deve assumir as


atribuições;

Podem ser reconduzidos (1 vez) e nomeados como membros titulares


(e também reconduzidos 1 vez).

Representantes Locais

Indicados pelos membros da CE e designados pelos dirigentes


máximos dos órgãos;

Seu papel limita-se à COMUNICAÇÃO e EDUCAÇÃO;

Vale destacar que o Decreto nº 6029/2007 dispõe que as atividades da


CE são prioritárias tanto em sua execução pelos membros quanto em
seu atendimento pelo órgão.
Estrutura Física

É imprescindível que as comissões tenham um espaço para guardar


documentos reservados e em que possam se reunir sem interferência
externa, além de poderem receber denunciantes, denunciados e
testemunhas sem qualquer constrangimento para as partes.

Os membros da CE e servidores da SE devem ter acesso a todos os


recursos necessários para execução de suas atividades, incluindo
equipamentos de TI, serviços de comunicação e estrutura física.

Equipamentos

As Secretarias-Executivas devem contar com o material necessário


para o desenvolvimento de suas ações. Computador, telefone,
armário, mesa, cadeira, além de materiais de consumo como papel,
caneta, tonner são exemplos de materiais e equipamentos utilizados
por boa parte das comissões hoje.
4. Competências de uma Comissão de Ética

"A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma vez


possuído". – Confúcio

Aplicação do Código de Ética

O Decreto nº 6.029, de 2007, atribui às Comissões de Ética a


competência para aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto 1.171, de 1994. Para
conhecer, na íntegra, as competências das CEs acesse:

 Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, (Art. 7º e art.


12);

 Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, (Capítulo II, incisos


XVI, XXII e XXIV);

 Resolução CEP nº 10, de 29 de setembro de 2008, (Art. 2º).

Apresentamos abaixo os principais tópicos, para facilitar seus estudos.

I. EDUCAR E PREVENIR

 Submeter à Comissão de Ética Pública propostas para


o aperfeiçoamento do Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal;

 Recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade


a que estiver vinculada, o desenvolvimento de ações objetivando
a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas de ética
e disciplina;

 Orientar e aconselhar sobre a conduta ética do servidor, inclusive no


relacionamento com o cidadão e no resguardo do patrimônio
público;
 Submeter ao dirigente máximo do órgão ou entidade sugestões de
aprimoramento ao código de conduta ética da instituição;

 Dar ampla divulgação ao regramento ético; e

 Dar publicidade aos seus atos.

Legenda: #paracegover fotografia de uma mulher de óculos e cabelo curto, sorridente,


escrevendo em um flipchart, diante de um grupo de seis alunos, quatro homens e duas
mulheres, assistindo sua apresentação.

II. ATENDER CONSULTAS

 Responder a consultas que lhes forem dirigidas;

 Atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito


de seu respectivo órgão ou entidade; e

 Dirimir dúvidas a respeito da interpretação das normas de conduta


ética e deliberar sobre os casos omissos, observando as normas e
orientações da CEP.

III. INVESTIGAR

 Apurar, mediante denúncia ou de ofício, fato ou conduta em


desacordo com as normas éticas pertinentes;

 Receber denúncias e representações contra servidores por suposto


descumprimento às normas éticas, procedendo à apuração;
 Instaurar processo para apuração de fato ou conduta que possa
configurar descumprimento ao padrão ético recomendado aos
agentes públicos;

 Convocar servidor e convidar outras pessoas a prestar informação;

 Requisitar às partes, aos agentes públicos e aos órgãos e entidades


federais informações e documentos necessários à instrução de
expedientes;

 Requerer informações e documentos necessários à instrução de


expedientes a agentes públicos e a órgãos e entidades de outros
entes da federação ou de outros Poderes da República;

 Realizar diligências e solicitar pareceres de especialistas; e

 Esclarecer e julgar comportamentos com indícios de desvios éticos.

Legenda: #paracegover fotografia de uma mulher de cabelo curto, sorridente, com a mão
esquerda levantada, sentada em uma mesa, com computador e material de escritório,
escrevendo com um lápis em um caderno.

IV- REPREENDER E CENSURAR

 Aplicar a censura ética ao servidor e encaminhar cópia do ato à


unidade de gestão de pessoal, podendo também:

o Sugerir ao dirigente máximo a exoneração de ocupante de


cargo ou função de confiança;

o Sugerir ao dirigente máximo o retorno do servidor ao órgão ou


entidade de origem;
o Adotar outras medidas para evitar ou sanar desvios éticos,
lavrando, se for o caso, o Acordo de Conduta Pessoal e
Profissional – ACPP; e

o Sugerir ao dirigente máximo a remessa de expediente ao setor


competente para exame de eventuais transgressões de
naturezas diversas.

V. REPRESENTAR E ADMINISTRAR

 Arquivar os processos ou remetê-los ao órgão competente quando,


respectivamente, não seja comprovado o desvio ético ou configurada
infração cuja apuração seja da competência de órgão distinto;

 Notificar as partes sobre suas decisões;

 Elaborar e propor alterações no código de ética ou de conduta


próprio e no regimento interno da respectiva Comissão de Ética;

 Requisitar agente público para prestar serviços transitórios técnicos ou


administrativos à Comissão de Ética, mediante prévia autorização do
dirigente máximo do órgão ou entidade;

 Elaborar e executar o plano de trabalho de gestão da ética;

 Representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Ética do


Poder Executivo Federal a que se refere o art. 9º do Decreto nº 6.029
de 2007;

Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Poder Executivo


Federal, integrada pelos representantes das Comissões de
Ética de que tratam os incisos I, II e III do art. 2o, com o
objetivo de promover a cooperação técnica e a
avaliação em gestão da ética.
 Supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta
Administração Federal e comunicar à Comissão de Ética Pública – CEP
situações que possam configurar descumprimento às suas normas.
Foco na Prevenção

Ao instituir que cada órgão e entidade tenha uma Comissão de Ética,


o Decreto nº 1.171/1994, atribui às Comissões a missão de orientar e
aconselhar sobre a ética profissional do servidor no tratamento com as
pessoas e com o patrimônio público.

As CEs desempenham várias funções, mas seu papel primordial é o


educativo.

Assim, disseminar o código de conduta e inspirar o respeito à ética no


serviço público é a principal função de uma Comissão de Ética.

Para saber mais sobre o trabalho e atuação das Comissões de Ética, visite
a Página da CEP na internet e conheça os trabalhos vencedores do
Concurso de Boas Práticas na Gestão da Ética.
5. Dever do Dirigente

"Se suas ações inspiram outros a sonhar mais, aprender mais,


fazer mais e tornar-se mais, você é um líder". - John Quincy
Adams

Assegurar as condições de trabalho...

O Decreto nº 6.029/2007, em seus art. 6º e 8°, traz os deveres dos


dirigentes máximos na Gestão da Ética, destancado suas atribuições, a
saber:

Deveres dos órgãos

É dever do titular de entidade ou órgão da Administração Pública


federal, direta e indireta:

 Assegurar as condições de trabalho para que as Comissões de Ética


cumpram suas funções, inclusive para que do exercício das atribuições
de seus integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou dano; e

 Conduzir, em seu âmbito, a avaliação da gestão da ética, conforme


processo coordenado pela Comissão de Ética Pública.

Deveres das instâncias superiores

O Dirigente máximo é a maior autoridade dentro da estrutura do


órgão ou da entidade a quem compete nomear os membros da Comissão e
seu Secretário-Executivo. Comumente, o Dirigente máximo é o Ministro de
Estado, Presidente ou Diretor-Presidente da entidade, ou Reitor da Instituição
de Ensino, a depender do órgão ou entidade.
Compete às instâncias superiores dos órgãos e entidades do Poder
Executivo federal, abrangendo a administração direta e indireta:

 Observar e fazer observar as normas de ética e disciplina;

 Constituir Comissão de Ética;

 Garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para que a


Comissão cumpra suas atribuições; e

 Atender com prioridade às solicitações da CEP.


6. Sistema de Gestão da Ética

"Basicamente, a Gestão significa influenciar a ação. Gestão é


sobre ajudar as organizações e as unidades fazerem o que tem
que ser feito, o que significa ação." - Henry Mintzberg

Sistema de Gestão da Ética

Em fevereiro de 2007, foi criado o Sistema de Gestão da Ética do Poder


Executivo Federal, por meio do Decreto nº 6.029 de 2007, com a finalidade
de promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do
Poder Executivo federal. Fazem parte do Sistema todas as Comissões de
Ética instituídas pelo Decreto nº 1.171 de 1994 e a Comissão de Ética Pública
da Presidência da República (CEP).

O Decreto atribuiu à CEP o papel de coordenadora do Sistema,


competindo-lhe a ação de supervisionar, auxiliar e apoiar as Comissões de
Ética das entidades do Poder Executivo federal.

Além de criar o Sistema, o Decreto trouxe mais competências para


todos que fazem parte dele, para as Comissões de Ética Setoriais (CEs), e
também para a CEP:

 Integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética


pública;

 Contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a


transparência e o acesso à informação como instrumentos
fundamentais para o exercício de gestão da ética pública;

 Promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a


compatibilização e interação de normas, procedimentos
técnicos e de gestão relativos à ética pública; e

 Articular ações com vistas a estabelecer e efetivar


procedimentos de incentivo e incremento ao desempenho
institucional na gestão da ética pública do Estado brasileiro.
A Gestão da Ética no Poder Executivo federal envolve compromisso
institucional, adoção dos normativos éticos, elaboração do plano de
trabalho, organização e funcionamento das CEs, infraestrutura, educação
para ética, divulgação interna e externa sobre normas de
conduta, monitoramento, avaliação, apuração e aplicação de penalidade,
no caso de infração ética.

E quem são os responsáveis pela gestão da ética?


Veja os quadros a seguir:

DECRETO nº DECRETO nº
RES. CEP nº
INSTÂNCIA ATRIBUIÇÕES 1.171, de 6.029, de
10, de 2008
1994 2007

Coordenar o Sistema de
Gestão da Ética do - Art. 4º, IV -
Executivo Federal

Aplicar o Código de
CEP Conduta da Alta - Art. 4º, II -
Administração Federal
Dirimir dúvidas com
relação ao Código do - Art. 4º, III -
Servidor Federal

DECRETO nº DECRETO nº
RES. CEP nº
INSTÂNCIA ATRIBUIÇÕES 1.171, de 6.029, de
10, de 2008
1994 2007
Observar e fazer
observar a Ética e a - Art. 8º, I -
Disciplina
ALTA DIREÇÃO Art. 2º;
Constituir Comissão de Art. 3°,
DOS ÓRGÃOS Capítulo II, Art. 8º, II
Ética caput e § 1°
OU ENTIDADES XVI
Garantir condições de Art. 2º; Art.
trabalho à Comissão de Capítulo II, 6º, I; Art. Art. 3°, § 2°
Ética/integrantes XVI 8º, III
Avaliar a Gestão da
- Art. 6º, II -
Ética
Art. 2°, XXV,
Formalizar a
art. 3°, § 3°,
designação de - -
art. 4° e art.
representantes locais
10°, § 2°
DECRETO nº DECRETO nº
RES. CEP nº
INSTÂNCIA ATRIBUIÇÕES 1.171, de 6.029, de
10, de 2008
1994 2007
Aprovar o Plano de
- Art. 7º, § 1º Art. 2º, XXIV
Trabalho
Aplicar o Código de Ética
Profissional do Servidor
Art. 2º Art. 7º, II Art. 2º, II
Público civil do Poder
Executivo Federal
Supervisionar a
observância do Código de
- Art. 7º, IV Art. 2º, IV
Conduta da Alta
Administração Federal

COMISSÃO Cumprir sua função Capítulo II, Art. 7º, I , Art. 2º, I,
DE ÉTICA Consultiva XVI II,“b” VI,VII,XIX
Art. 2º, II,
Cumprir sua função Capítulo II, Art. 7º, II,
“c”; Art. 17
Educativa e Preventiva XVI “d”
caput
Cumprir sua função Capítulo II, Art. 7º, II, Art. 2º, II,
investigativa XVI, XXIV “c” “b”, VIII, IX
Art. 2º,XV,
Cumprir sua função Capítulo II, Art. 12 , §
“a”,”b”, “c”,
Repressiva XXII 5º, I, II, III
“d”
Cumprir sua função
- Art. 7º, III Art. 2º, III
Representativa
DECRETO nº DECRETO nº RES. CEP
INSTÂNCIA ATRIBUIÇÕES 1.171, de 6.029, de nº 10, de
1994 2007 2008
Elaborar e cumprir o Art. 4º
Plano de Trabalho - Art. 7º, § 1º caput e
§§ 1° e 2°
Coordenar ações de Art. 10, VIII
SECRETARIA-
comunicação e - -
EXECUTIVA
educação ética
Coordenar o trabalho Art. 10, V
dos representantes - -
locais
Coordenar o Art. 10, III,
assessoramento técnico - Art. 7º, § 1º IV, V, VI
e administrativo
Apoio à Comissão de Art. 4°, §
Ética - - 4° e art.
10°, § 1°

Chegamos ao fim do primeiro módulo. Agora você já sabe como as


CEs surgiram, como são formadas e quais são suas
competências. Queremos saber:

 Sua comissão está completa?

 Já comunicou à CEP as informações sobre sua comissão?

 As informações sobre sua comissão deverão ser


encaminhadas à CEP pelo e-
mail eticacadastro@presidencia.gov.br

Mas, você deve estar se perguntando: Afinal, o que faz a Comissão de


Ética Pública?

A resposta estará no próximo módulo!

Até lá!
Encerramento

Chegamos ao final do módulo 1!

Você deve fechar esta tela e acessar novamente o menu inicial do


curso, mas antes disso, verifique se você alcançou os objetivos de
aprendizagem previstos para este módulo e, em caso de dúvidas, retorne
para a leitura das lições.

 Elencar os principais normativos relacionados ao trabalho das


comissões de ética;

 Enunciar características dos mandados dos membros de uma


comissão de ética, bem como fatores para nomeação,
renúncia ou deposição;

 Descrever as competências e atribuições das comissões de


ética; e

 Reconhecer a finalidade do Sistema de Gestão da Ética.

Agora sim, feche a tela e acesse novamente o menu inicial do curso.


Introdução à Gestão e Apuração da Ética

Módulo II - Estrutura das Comissões de Ética

Bem-vindo (a) ao Módulo 2!

Neste módulo, falaremos sobre o papel da CEP enquanto órgão central do


Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal.

Neste módulo iremos abordar os seguintes temas:

Introdução

1. A Comissão de Ética Pública

2. Competências e atividades da CEP

3. Código de Conduta

4. Lei do Conflito de Interesses

Encerramento
Introdução

Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:

 Caracterizar a Comissão de Ética Pública, apontando a legislação que


fundamenta sua atuação;

 Identificar as competências e atribuições da Comissão de Ética


Pública;

 Apontar mecanismos para a promoção da ética na Administração


Pública federal;

 Distinguir as instâncias responsáveis pela aplicação da Lei de Conflito


de Interesses.
1. A Comissão de Ética Pública

"O conteúdo do seu caráter é algo que você deve escolher. Dia
após dia, o que pensa e o que faz é o que define no que você
se transforma. Sua integridade é seu destino, é a luz que guia seu
caminho.” - Heráclito de Éfeso

Promover a ética

Criada em 26 de maio de 1999, a Comissão de Ética Pública-CEP


visa promover a ética no âmbito do Poder Executivo federal, objetivando o
fortalecimento institucional e o combate aos desvios de conduta, mediante
o estabelecimento de um efetivo padrão de postura ética, e, dessa forma,
prevenir eventuais conflitos de interesses ou outras transgressões de natureza
ética.

A CEP está vinculada ao Presidente da República. Tem como missão


“Zelar pelo cumprimento do Código de Conduta da Alta Administração
Federal (CCAAF), orientar as autoridades para que se conduzam de acordo
com suas normas e inspirar, assim, o respeito à ética no serviço público”.

Em agosto de 2000, com objetivo de prestar apoio técnico e


administrativo aos trabalhos da Comissão, foi criada uma Secretaria-
Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, com
estrutura, recursos humanos e materiais necessários ao cumprimento de suas
atribuições.

A estrutura regimental da Presidência da República passou por


recente alteração: a partir do Decreto nº 10.380, de 28 de maio de 2020, a
Secretaria-Executiva da Comissão de Ética Pública - SECEP permanece com
sua atribuição técnica vinculada à CEP, mas, administrativamente, passou a
integrar a Secretaria de Controle Interno da Secretaria-Geral da Presidência
da República (CISET/SG/PR).
Composição da CEP

A Comissão de Ética é integrada por sete brasileiros que preencham


os requisitos de idoneidade moral, reputação ilibada e notória experiência
em administração pública, designados pelo Presidente da República,
para mandatos de três anos, não coincidentes, permitida uma única
recondução.

A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer remuneração para


seus membros e os trabalhos nela desenvolvidos são considerados prestação
de relevante serviço público.

A CEP conta com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Secretaria de


Controle Interno da Secretaria-Geral da Presidência da República, à qual
compete prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos da
Comissão.

Para mais informações sobre a composição da CEP, veja a imagem


abaixo:

Legenda: #paracegover Ilustração de um conjunto de sete hexágonos conectados, em


formato de flor. No hexágono central está escrito: Composição da CEP. Nos outros seis
hexágonos, em sentido horário: 1 – trabalhos nela desenvolvidos são considerados
prestação de relevante serviço público e não ensejam remuneração; 2 – mandato de 3
anos, não coincidentes, permitida uma única recondução; 3 – o presidente tem voto de
qualidade nas deliberações da Comissão; 4 – sete brasileiros designados pelo Presidente da
República; 5 - requisitos para nomeação no cargo: idoneidade moral, reputação ilibada e
notória experiência em administração pública; e 6 – um dos membros exercerá o cargo de
presidente da CEP durante um ano.
2. Competências e atividades da CEP

''Não cesses antes de modelar tua própria estátua até que se


manifeste em ti o divino resplendor da virtude e consigas ver a
moderação assentada sobre um trono sagrado.'' - Plotino

Engloba diversas atividades

Com a publicação do Código de Conduta da Alta Administração


Federal (CCAAF), em 2000, a CEP tornou-se responsável pela
implementação e monitoramento do Código.

Com o Decreto 6.029 de 2007, a comissão ganhou novas atribuições,


dentre as quais, a coordenação, avaliação e supervisão do Sistema de
Gestão da Ética, do qual faz parte.

Em 2013, a Lei n° 12.813, que dispõe sobre conflito de interesses e


impedimentos posteriores ao exercício do cargo, ampliou as competências
da CEP. Falaremos sobre o assunto mais à frente.

Competências da CEP
O Decreto no 6.029/2007, que institui o Sistema de Gestão da Ética do Poder
Executivo Federal, estabelece, em seu arto. 4º, as competências da
Comissão de Ética Pública.

I - atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de


Estado em matéria de ética pública;
II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração
Federal, devendo:
a) submeter ao Presidente da República medidas para
seu aprimoramento;
b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas,
deliberando sobre casos omissos; e
c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo
com as normas nele previstas, quando praticadas pelas autoridades a
ele submetidas.
III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal de que trata
o Decreto no 1.171/1994;
IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública
do Poder Executivo Federal;
V - aprovar o seu regimento interno da CEP; e
VI - escolher o Presidente da CEP.

Note que há muitas semelhanças entre as atribuições da CEP e as das


CEs. A grande diferença é o âmbito de atuação.

A CEP desenvolve diversas ações para capacitação dos membros e


secretários-executivos das Comissões de Ética dos órgãos e entidades. Entre
elas destacam-se:

 Seminário Ética na Gestão, realizado anualmente, desde 2001;

 Curso de Gestão e Apuração da Ética Pública, realizado desde 2002; e

 Concurso de Boas Práticas, desde 2015.

Esses ações de disseminação visam incentivar o desenvolvimento da


gestão da ética pública nas instituições.

Legenda: #paracegover fotografia de uma mulher de óculos e cabelo cacheado, vestindo


um terninho, sorridente, em pé em frente a um flipchart, diante de um grupo de seis alunos,
quatro homens e duas mulheres, assistindo sua apresentação.
Visitas Técnicas

Em 2009, foi aprovado o Projeto Básico de Visitas Técnicas, buscando


atender às demandas estabelecidas pelo Decreto nº 6.029, de 2007:

Art. 4º Compete à CEP:


(...) IV- coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da
Ética Pública do Poder Executivo Federal;
A partir de então, a Comissão de Ética Pública tem incluído
anualmente em seu plano de trabalho a realização de visitas de supervisão
às Comissões de Ética dos órgãos e entidades do Poder Executivo federal,
com a finalidade de verificar o estágio em que se encontra a
implementação desse sistema, além de orientar e auxiliar as Comissões de
Ética locais.

Questionário de Avaliação

A Comissão de Ética Pública promove uma avaliação anual da


implantação da gestão da ética no Poder Executivo federal. Para tanto, é
enviado aos órgãos e entidades do Poder Executivo federal o Questionário
de Avaliação, que aborda aspectos como compromisso institucional, plano
de trabalho, regramento ético, infraestrutura, educação ética,
comunicação, aconselhamento, salvaguardas, monitoramento, apurações,
avaliação da gestão, e etc.

De acordo com o Decreto nº 6.029, de 2007, é dever do titular de


entidade ou órgão da Administração Pública federal, direta e indireta
conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da ética conforme processo
coordenado pela Comissão de Ética Pública.

Objetivos do Questionário de Avaliação:

1. Identificar ações voltadas à gestão da ética.


2. Aferir o impacto dessas ações na organização.
3. Priorizar ações com melhores resultados.
4. Redimensionar ações pouco eficazes.
5. Definir indicadores de desempenho.
3. Código de Conduta

"Nosso caráter é o resultado da nossa conduta". - Aristóteles

O objetivo do Código de Conduta da Alta Administração Federal


(CCAAF) é nortear o comportamento dos integrantes da alta administração
federal, prevenindo condutas incompatíveis com o padrão ético almejado
para o serviço público.

Ao mesmo tempo, confere maior segurança ao administrador público


ao explicitar regras e práticas de conduta, protegendo-o de acusações
infundadas.

É importante destacar que, assim como há um Código de


Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, para
os servidores em geral, há também, o Código de Conduta da Alta
Administração Federal - CCAAF, para as altas autoridades.

Objetivos do Código (CCAAF)


 Tornar claras as regras éticas de conduta das autoridades da alta
administração pública federal, para que a sociedade possa aferir a
integridade e a lisura do processo decisório governamental;
 Contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões éticos da
Administração Pública federal, a partir do exemplo dado pelas
autoridades de nível hierárquico superior;
 Preservar a imagem e a reputação do administrador público, cuja
conduta esteja de acordo com as normas éticas estabelecidas neste
Código;
 Estabelecer regras básicas sobre conflitos de interesses públicos e
privados e limitações às atividades profissionais posteriores ao exercício
de cargo público;
 Minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o dever
funcional das autoridades públicas da Administração Pública federal;
 Criar mecanismo de consulta, destinado a possibilitar o prévio e pronto
esclarecimento de dúvidas quanto à conduta ética do administrador.
Autoridades abrangidas
As normas do CCAAF se aplicam aos agentes públicos que ocupam os
cargos mais relevantes do Poder Executivo federal no Brasil, com exceção
do Presidente e do Vice-Presidente da República.
Estão submetidos ao Código:
 Ministros de Estado;
 Titulares de cargos de natureza especial, secretários-executivos;
 Autoridades equivalentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores – DAS, nível 6 (seis);
 Presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, fundações
mantidas pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de
economia mista.

Declaração Confidencial de Informação – DCI


Com a instituição do CCAAF, as autoridades submetidas ao Código
passaram a ter a obrigatoriedade de apresentar informações a respeito de
seu patrimônio, bem como esclarecimentos sobre suas atividades públicas e
privadas que possam suscitar conflito de interesses no exercício do cargo ou
emprego público.
A Resolução CEP nº 12/2018, aprovou o modelo de Declaração
Confidencial de Informações (DCI), na qual a autoridade lista seus bens e
informações específicas que possam, eventualmente, gerar conflito com o
interesse público. Cumpre lembrar que tal Resolução revogou outras que
tratavam do mesmo tema.
O que deve constar na DCI:
1. Dados pessoais;
2. Atividades desenvolvidas nos últimos 12 meses;
3. Atividades paralelas;
4. Bens, direitos e dívidas, indicando, por exemplo, participações
societárias; e
5. Situações que suscitem conflito de interesses (informando, por
exemplo, sobre parentes nos setores público e privado).
A autoridade deve enviar à CEP a declaração em até 10 dias a contar
da posse, por meio físico ou por e-mail . Tem, ainda, o dever de comunicar à
CEP qualquer alteração relevante nas informações prestadas, podendo,
para esse fim, apresentar nova DCI.

Após análise da declaração enviada, caso seja constatada situação


ensejadora de potencial conflito de interesse, são expedidas notificações
sugerindo a adoção de medidas para sanar possíveis inadequações.

Legenda: #paracegover fotografia de duas mãos, cada uma segurando uma peça de
quebra-cabeça, tentando encaixar as peças no centro.

Como você, membro de uma Comissão de Ética, pode ajudar a CEP


nessa tarefa?

Sempre que uma autoridade abrangida pela CEP for nomeada em


seu órgão ou entidade, a sua CE pode lembrá-la da necessidade de
preenchimento e envio da DCI para a CEP, conforme dispositivo da
Resolução CEP nº12, de 2019:

Art. 4º Os representantes das Comissões de Ética de que trata o


Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, prestarão apoio ao
cumprimento do disposto nesta Resolução, informando às
autoridades mencionadas no art. 1º, sempre que houver
nomeação(...)
Parágrafo único. As Comissões de Ética deverão enviar
mensagem eletrônica à CEP demonstrando o cumprimento do
disposto no caput.
O formulário de DCI está disponível no sítio eletrônico da CEP.
4. Lei do Conflito de Interesses

"A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se


consulta." - - Blaise Pascal

Prejuízo para o interesse coletivo

No intuito de reforçar a atuação na defesa da transparência e da


ética pública, a Lei nº 12.813/2013 veio dispor acerca do conflito de
interesses no exercício do cargo ou emprego e impedimentos posteriores ao
exercício do cargo ou emprego do Poder Executivo federal.

Vale destacar que o simples confronto entre o interesse público e o


privado não configura efetivamente uma situação de conflito. Para que haja
essa caracterização, é necessário que esse confronto implique prejuízo para
o interesse coletivo ou para o desempenho da função pública.

O que é o Conflito de Interessse ?

Art. 3º Para os fins desta Lei, considera-se:

I - conflito de interesses: a situação gerada pelo confronto entre


interesses públicos e privados, que possa comprometer o
interesse coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o
desempenho da função pública; e
II - informação privilegiada: a que diz respeito a assuntos sigilosos
ou aquela relevante ao processo de decisão no âmbito do
Poder Executivo federal que tenha repercussão econômica ou
financeira e que não seja de amplo conhecimento público.

Competências

Com o advento da Lei nº 12.813/2013, a CEP teve seu âmbito de


competência ampliado. Assim, compete a CEP:
Responder a consultas

Manifestar-se sobre a existência ou não de conflito de interesses nas


consultas a ela submetidas.

Autorizar o exercício de atividade privada

Autorizar o ocupante de cargo ou emprego no âmbito do Poder


Executivo federal a exercer atividade privada, quando verificada a
inexistência de conflito de interesses ou sua irrelevância.

Dispensar quarentena

Dispensar a quem haja ocupado cargo ou emprego no âmbito do


Poder Executivo federal de cumprir o período de impedimento a que se
refere o inciso II do art. 6º da Lei nº 12.813/2013 (quarentena), quando
verificada a inexistência de conflito de interesses ou sua irrelevância.

As situações que configuram conflito de interesses estão previstas no


artigo 5º da Lei nº 12.813/2013, incisos de I ao VII.

Veja a descrição dessas situações abaixo:

I - divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito


próprio ou de terceiro, obtida em razão das atividades
exercidas;
II - exercer atividade que implique a prestação de serviços ou a
manutenção de relação de negócio com pessoa física ou
jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou
de colegiado do qual este participe.
III - exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da
sua natureza seja incompatível com as atribuições do cargo ou
emprego, considerando-se como tal, inclusive, a atividade
desenvolvida em áreas ou matérias correlatas.
IV - atuar, ainda que informalmente, como procurador
(facilitador), consultor, assessor ou intermediário de interesses
privados junto aos órgãos ou entidades da Administração
Pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
V - praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de
que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até
o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em
seus atos de gestão.
VI - receber presente de quem tenha interesse em decisão do
agente público ou de colegiado do qual este participe, fora dos
limites e condições estabelecidos em regulamento.
VII - prestar serviços, ainda que eventuais, a empresa cuja
atividade seja controlada, fiscalizada ou regulada pelo ente ao
qual o agente público está vinculado.

A lei sobre conflito de interesses determina que, em caso de dúvida


sobre como prevenir ou impedir situações que configurem conflito de
interesse, o agente público deverá consultar a Comissão de Ética Pública ou
a Controladoria-Geral da União- CGU, a depender do cargo ocupado,
como veremos a seguir:

Como saber a quem devo consultar?

"Para delimitar a ação dos dois órgãos de fiscalização e


avaliação o normativo estabeleceu que cada órgão atuará de
acordo com o cargo ocupado pelo agente público
potencialmente sujeito ao conflito, de acordo com o quadro ao
lado." (Fonte: CGU)
Legenda: #paracegover um infográfico que separa a atuação da CEP a esquerda e da
CGU a direita. Para CEP: Ministros, Cargos de natureza especial, Dirigentes estatais e
Ocupantes de DAS níveis 6 e 5 ou equivalentes. Para CGU: Demais ocupantes de cargo
público do Poder Executivo federal.

Legenda: #paracegover fotografia de um homem, de barba, usando óculos, com braços


cruzados e semblante pensativo.

Fazendo a sua parte...

A Portaria Interministerial MP/CGU nº 333/2013, dispõe que é


possível que a Comissão de Ética seja o ponto de contato da CGU para
tratar de conflito de interesses.

Este normativo prevê que as comissões podem efetuar análise


preliminar acerca da existência ou não de potencial conflito de interesses,
autorizar o exercício de atividade privada, entre outros.

Veja as regras na integra, abaixo:


“Art. 4º A consulta sobre a existência de conflito de interesses e o pedido de
autorização para o exercício de atividade privada deverão ser dirigidos à
unidade de Recursos Humanos do órgão ou entidade do Poder Executivo
federal onde o servidor ou empregado público esteja em exercício”.

Art. 5º Cabe à unidade de Recursos Humanos:

I - receber as consultas sobre a existência de conflito de interesses e os


pedidos de autorização para o exercício de atividade privada dos
servidores e empregados públicos e comunicar aos interessados o
resultado da análise;
II - efetuar análise preliminar acerca da existência ou não de
potencial conflito de interesses nas consultas a elas submetidas;
III - autorizar o servidor ou empregado público no âmbito do Poder
Executivo federal a exercer atividade privada, quando verificada a
inexistência de potencial conflito de interesses ou sua irrelevância; e
IV - informar os servidores ou empregados públicos sobre como
prevenir ou impedir possível conflito de interesses e como resguardar
informação privilegiada, de acordo com as normas, procedimentos e
mecanismos estabelecidos pela CGU.

Parágrafo único. Os Secretários-Executivos e equivalentes, no âmbito dos


Ministérios, ou os dirigentes máximos das entidades do Poder Executivo
federal, poderão designar outra autoridade, órgão ou comissão de ética,
criada no âmbito do referido órgão ou entidade, para exercer as
atribuições previstas nos incisos II a IV do caput deste artigo.”

"Observe que, embora a atribuição seja inicialmente da área de


recursos humanos , os dirigentes máximos do seu órgão podem
determinar a atuação da comissão nesta matéria.

Por isso, procure conhecer o que está descrito nos fluxos de


trabalho de sua intituição e, caso não haja, inclua esse tema
para discussão em seu plano de trabalho". (Fonte: CGU)

E onde o servidor fará a consulta sobre o potencial conflito de


interessse?
Veja informações sobre o sistema SeCI, a seguir.
Sistema Eletrônico de Prevenção de Conflitos de Interesses (SeCI)

"Para agilizar a comunicação entre o agente público e o


Governo Federal no âmbito da Lei de Conflito de Interesses , a
Controladoria-Geral da União desenvolveu o SeCI - Sistema
Eletrônico de Prevenção de Conflitos de Interesses.
O SeCI permite ao servidor ou empregado público federal faça
consultas e peça autorização para exercer atividade privada,
acompanhe as solicitações em andamento e interponha
recursos contra as decisões emitidas, tudo de forma simples e
rápida.
Para receber as consultas, seu órgão deverá cadastrar a
unidade designada para proceder à análise preliminar sobre a
existência de conflito. Esse unidade pode ser uma Comissão de
Ética, Unidade de RH, ou outra, determinada pelo dirigente
máximo de sua instituição". (Fonte: CGU)

Caso sua CE seja designada para tratar do assunto, verifique se a


comissão já está cadastrada no SeCI. Desse modo, a cada consulta
realizada por um servidor, a unidade responsável pela análise será notificada
automaticamente, no e-mail cadastrado junto à CGU.

Todas as manifestações recebidas pelo sistema devem ser respondidas


em um prazo de 15 dias. Para saber mais informações sobre o sistema,
acesse o sítio eletrônico da CGU.
Encerramento

Chegamos ao final do módulo 2!

Mas antes de passar para o próximo, verifique se você alcançou os


objetivos de aprendizagem previstos para este módulo e, em caso de
dúvidas, retorne para a leitura das lições.

 Caracterizar a Comissão de Ética Pública, apontando a


legislação que fundamenta sua atuação;
 Identificar as competências e atribuições da Comissão de Ética
Pública;
 Apontar mecanismos para a promoção da ética na
Administração Pública federal; e
 Distinguir as instâncias responsáveis pela aplicação da Lei do
Conflito de Interesses.

Agora sim, podemos encerrar o módulo!


Introdução à Gestão e Apuração da Ética

Módulo III - Formalidades do Processo de Apuração Ética

Bem-vindo(a) ao terceiro módulo do Curso de Introdução à Gestão e


Apuração da Ética.

Neste módulo iremos abordar os seguintes temas:

Introdução

1. Formalidades Processuais

2. Acesso aos Autos

3. Publicação da Ementa

4. Encaminhamento da Decisão à CEP

5. Denúncia

Encerramento
Introdução

Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:

 Distinguir o Procedimento Preliminar do Processo de Apuração Ética;

 Identificar as etapas do rito processual para apuração de infração


ética; e

 Identificar os possíveis desfechos de uma investigação de conduta


ética.
1. Formalidades Processuais

"O ser humano não pode deixar de cometer erros; é com


os erros que os homens de bom senso aprendem a
sabedoria para o futuro". - Plutarco

Como funciona o Processo Ético?

O rito processual, ou seja, o procedimento adotado em cada fase do


processo, está previsto na Resolução CEP nº 10/2008.

Faremos aqui um apanhado geral de algumas questões relevantes


para as formalidades do processo.

Vamos lá?!

Formalidades Processuais

A apuração de infração ética será formalizada por procedimento


preliminar, que deverá observar as regras de autuação, compreendendo
numeração, rubrica da paginação[1], juntada de documentos em ordem
cronológica[2] e demais atos de expediente administrativo.

A autuação de processos éticos é similar ao processo administrativo,


quanto às suas formalidades de procedimento. Assim, o processo ético
conterá:
 Autuação;
 Numeração;
 Rubrica;
 Juntada;
 Ordem Cronológica;
 Demais atos.
Rubrica da paginação: Isso não se aplica aos processos eletrônicos. Porém
[1]

continua válido para processos físicos digitalizados.


[2]Ordem cronológica: Nem sempre isso vai ser possível para os usuários do
Sistema Eletrônico de Informações – SEI!, mas qualquer juntada de documentos
em ordem não cronológica deve estar devidamente fundamentada.
2. Acesso aos Autos

“Não tenha medo de pensar diferente dos outros, tenha medo


de pensar igual e depois descobrir que todos estavam errados.” -
Eça de Queiroz

Quais as garantias do denunciado?

O art. 13 do Decreto nº 6.029/2007 prevê que até a conclusão final,


todos os expedientes de apuração de infração ética terão chancela de
“reservado”.

Isso significa que, em regra, durante o processo, somente a Comissão e


o denunciado têm acesso aos autos.

Desse modo, é GARANTIDO AO DENUNCIADO, antes da conclusão do


processo:

 Conhecer o teor da acusação;

 Ter vistas dos autos no recinto da Comissão de Ética; e

 Obter cópias do processo, mediante solicitação formal.

Legenda: #paracegover fotografia de uma mulher com cabelo preso em coque, com a
mão direita segurando uma figura de balão de fala acima da cabeça, com a mão
esquerda no queixo, com um dedo nos lábios, com semblante pensativo.
Mas e o denunciante?!

Em regra, até a conclusão final, o denunciante não tem acesso aos


autos.

Porém, a CEP possui entendimento que traz exceção à regra. Veja


abaixo:

Exceção: Denunciante-Vítima
Processo n.º 00191.000306/2018-01
Comissão de Ética do IFES
Relator: Conselheiro Mauro de Azevedo Menezes
195ª Reunião Ordinária da Comissão de Ética Pública, realizada no dia 30 de
julho de 2018.
O relator apresentou voto, nos seguintes termos:
Não há nos normativos éticos a obrigatoriedade de a Comissão de
Ética comunicar o denunciante acerca da conclusão do Procedimento
Preliminar ou do Processo de Apuração Ética. Contudo, nos casos em que
este colegiado deliberar pelo arquivamento de denúncia que seja
manifestamente improcedente, o denunciante deverá ser cientificado,
conforme art. 23 da Resolução nº 10/2008:
(...)
Nos processos éticos, em regra, o denunciante não figura como parte, não
havendo, por essa razão, a obrigatoriedade de a Comissão de Ética
notificá-lo e nem lhe fornecer dados, informações e/ou documentos
pertinentes aos atos de expediente de apuração ética. Conforme o artigo
13 do Decreto nº 6.029/2007, os autos do processo ético serão reservados
até a sua conclusão:
(...)
Dessa forma, uma vez encerradas as apurações e concluído o processo, o
denunciante terá direito a vistas e cópias dos autos, com exceção de
documentos que mantenham alguma restrição legal de acesso, tais como
no caso de informações bancárias ou fiscais, informações pessoais, ou
classificadas como sigilosas.
Por outro lado, nos casos em que o denunciante é vítima, o tratamento
quanto ao acesso aos autos e comunicação sobre o andamento do
processo é o mesmo feito ao denunciado, conforme precedente abaixo,
datado de outubro de 2017:
(...)
Assim, somente na condição de vítima, o denunciante deverá
ser comunicado acerca dos atos do processo ético, podendo, inclusive, ter
acesso aos autos durante o seu curso, haja vista o dever de tratamento
isonômico às partes.
Todavia, uma vez requeridas informações pelo denunciante quando já
acessíveis em razão da publicação de conteúdos prevista no artigo 13 do
Decreto nº 6.029/2007, a instância ética haverá de provê-lo com tais dados.
O Colegiado, pela unanimidade dos presentes, anuiu ao voto proferido pelo
relator.
3. Publicação da Ementa

"A educação é a arte de tornar o homem ético". - Friedrich


Hegel

Investigação de Conduta Ética

Conforme artigo 17 da Resolução nº 10/2008, a decisão final sobre


investigação de conduta ética que resultar em sanção, em recomendação
ou em Acordo de Conduta Pessoal e Profissional será resumida e publicada
em ementa, com a omissão dos nomes dos envolvidos e de quaisquer outros
dados que permitam a identificação:

“Art. 17: A decisão final sobre investigação de conduta ética que


resultar em sanção, em recomendação ou em Acordo de
Conduta Pessoal e Profissional será resumida e publicada em
ementa, com a omissão dos nomes dos envolvidos e de
quaisquer outros dados que permitam a identificação".
Ao final do processo, a Comissão de Ética deverá publicar uma
ementa omitindo os nomes dos envolvidos e de quaisquer outros dados de
identificação, nos seguintes casos: Censura Ética, Recomendação e ACPP.

Legenda: #paracegover Ilustração de três quadrados alinhados, cada um com uma


expressão (Recomendação, Censura Ética e ACPP).
A Recomendação é uma orientação de caráter prático direcionada a
servidores, unidades, chefias e dirigente máximo.

A depender do caso concreto, a CE poderá realizar recomendações


gerais aos servidores, aos setores, à chefia, ao dirigente máximo.

A Censura Ética é a sanção imposta pela Comissão de Ética, devendo


ser registrada nos assentamentos funcionais do apenado, mediante envio de
comunicação, em caráter reservado, à unidade de Gestão de Pessoas, de
acordo com a Resolução CEP nº 10, de 2008:

Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em penalidade


a detentor de cargo efetivo ou de emprego permanente na
Administração Pública, bem como a ocupante de cargo em
comissão ou função de confiança, será encaminhada à
unidade de gestão de pessoal, para constar dos assentamentos
do agente público, para fins exclusivamente éticos.
O Acordo de Conduta Pessoal e Profissional apresenta objetivo
educativo e não punitivo. É o momento que oportuniza reflexão e
aperfeiçoamento funcional ao servidor do ponto de vista deontológico.

O prosseguimento do processo poderá ensejar a aplicação de


censura.

A publicação da ementa tem caráter pedagógico e educativo.

 Conterá decisão resumida acerca de sanção, recomendação


ou ACPP;

 Não poderá conter a identificação dos envolvidos; e

 Será publicada no sítio eletrônico ou boletim interno do órgão ou


entidade.
4. Encaminhamento da Decisão à CEP

"A dimensão ética começa quando entra em cena o


outro". - Umberto Eco

Compartilhamento de Informações

O art. 22 do Decreto nº 6.029/ 2007 menciona um banco de dados de


sanções aplicadas pelas comissões de ética setoriais, a ser mantido pela
CEP, para fins de consulta de órgãos ou entidades, nos casos de nomeação
para cargo em comissão ou de alta relevância.

Fazem parte do banco de dados as censuras aplicadas pelas


Comissões e pela própria CEP.

A Resolução CEP nº 13/2018, que dispõe sobre o envio de informações,


pelas comissões de Ética, para compor o banco de dados de sanções
previsto no art. 22 do Decreto nº 6.029/2007, orienta como deve ser feita a
comunicação da aplicação de censura à CEP:

“Art. 2º No caso de aplicação de sanção, as Comissões de Ética


deverão encaminhar à Comissão de Ética Pública (CEP), no
prazo de 30 dias após a decisão final, as seguintes informações:
I - nome completo do agente público;
II - número de inscrição do agente público no Cadastro de
Pessoas Físicas - CPF;
III - fundamento legal da aplicação da sanção; e
IV - data da aplicação da sanção.
Parágrafo único. As informações de que trata o caput deverão
ser encaminhadas para o endereço eletrônico:
esticacadastro@presidencia.gov.br ou para o endereço
Palácio do Planalto, Anexo I-B, sala 102
CEP 70,150-900 – Brasília-DF
anexando-se cópia da decisão final devidamente assinada.
Qual a finalidade do envio à CEP?

Ao comunicar a CEP sobre as censuras impostas, cria-se um banco de


sanções para consulta por órgãos e entidades da Administração Pública
federal, em casos de nomeação de cargo em comissão ou de alta
relevância pública.

Se o processo tiver como desfecho uma Censura Ética, a Comissão encaminhará para a
CEP a decisão final, que conterá o nome e CPF do censurado, os dados legais
(fundamentos) e os dados de aplicação da sanção, para formação de banco de dados de
sanções.
5. Denúncia
"O dever moral nos impõe preferir a verdade". - Aristóteles

Quem são as pessoas que podem fazer uma denúncia à Comissão de Ética?
Podem realizar denúncia: Cidadão, agente público, pessoa jurídica de
direito privado, associação ou entidade de classe.

O que é agente público?


Entende-se por agente público todo aquele que, por força de lei, contrato
ou qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente,
temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira.
Dessa forma, são agentes públicos: servidor ou empregado público, cargo
comissionado, terceirizado, estagiário e demais vínculos precários.

Por quais meios uma denúncia pode ser feita?


O acesso do denunciante à Comissão de Ética poderá ser:
 Presencial;
 Via Postal;
 Por correio eletrônico;
 Peticionamento Eletrônico (SEI);
 Por fax, se houver; e
 Por meio da Ouvidoria do Órgão.

É recomendável que as Comissões de Ética divulguem o endereço físico e


eletrônico para atendimento e recebimento de demandas. (art. 22, §1º,
Resolução CEP nº 10/2008).
No caso de atendimento presencial, a CE deve observar o seguinte (§2º e
3º, do art. 22, da Resolução CEP nº 10/2008):
 Reduzir a termo a declaração com assinatura do denunciante;
 Anexar provas, se houver;
 Entregar o comprovante de recebimento da denúncia ou
representação ao denunciante.
Quanto ao recebimento de denúncias diretamente pelas Comissões de
Ética, há decisão firmada pela CEP no sentido de que mesmo com o
funcionamento do canal único da Ouvidoria (Fala.br), as CEs podem
continuar recebendo denúncias diretamente:
Processo n.º 00191.000270/2018-58
"(...) quando os agentes públicos do órgão ou entidade, na condição
de agentes públicos apenas, desejarem, em matéria ética, denunciar,
solicitar, sugerir, elogiar etc, poderão fazê-lo diretamente à Comissão
de Ética local."
"(...) com vistas à divulgação de informação sobre os canais de
acesso à Comissão de Ética, não se deve retirar das páginas na
intranet ou internet as formas de contato pertinentes, sendo suficiente
que haja aviso para que usuários externos usem preferencialmente o
sistema de ouvidoria para o registro de sua manifestação e que suas
eventuais manifestações recebidas diretamente pela Comissão serão
igualmente inseridas no sistema."

A Comissão de Ética pode instaurar o Procedimento Preliminar sem o


recebimento de uma denúncia?
Sim.
O Procedimento Preliminar para apuração de conduta que, em tese,
configure infração ao padrão ético poderá ser instaurado pela Comissão de
Ética, de ofício ou mediante representação ou denúncia.
A instauração, de ofício, de expediente de investigação deve
ser fundamentada pelos integrantes da Comissão de Ética e apoiada
em notícia pública de conduta ou em indícios capazes de lhe dar
sustentação.

E a denúncia anônima?!
Quando o autor da demanda não se identifica, a Comissão de Ética
poderá acolher os fatos narrados para fins de instauração, de ofício, de
procedimento investigatório, desde que contenha indícios suficientes da
ocorrência da infração ou, em caso contrário, determinar o arquivamento
sumário.
Se uma CE receber uma denúncia anônima, deverá analisar se há, nos
fatos narrados, os indícios suficientes da ocorrência da infração. Em caso
positivo, a CE instaurará de ofício o Procedimento Preliminar (PP).

Agora que entendemos alguns conceitos iniciais é hora de iniciar o


estudo das fases do Procedimento de Apuração Ética.
Vamos para o módulo IV?
Encerramento

Chegamos ao final do módulo 3!

Mas antes de passar para o próximo, verifique se você alcançou os


objetivos de aprendizagem previstos para este módulo e, em caso de
dúvidas, retorne para a leitura das lições.

 Distinguir o Procedimento Preliminar do Processo de Apuração


Ética;
 Identificar as etapas do rito processual para apuração de
infração ética; e
 Identificar os possíveis desfechos de uma investigação de
conduta ética.

Agora sim, podemos encerrar o módulo!


Introdução à Gestão e Apuração da Ética

Módulo IV - Fases do Processo Ético

Bem-vindo(a) ao último módulo do Curso de Introdução à Gestão e


Apuração da Ética.

Nesse módulo iremos abordar os seguintes temas:

Introdução

1. Fases do Procedimento de Apuração

2. Juízo de Admissibilidade

3. Fases do Procedimento Preliminar (PP)

4. Etapas do PAE

Encerramento
Introdução

Ao final deste módulo você deverá ser capaz de:

 Identificar fases que compõem o Procedimento Preliminar (PP);

 Identificar etapas que compõem o Processo de Apuração Ética (PAE);

 Conceituar Juízo de Admissibilidade; e

 Identificar requisitos de uma denúncia.


1. Fases do Procedimento de Apuração

"Não há fenômenos morais, mas apenas uma


interpretação moral de fenômenos." - Friedrich Nietzsche

Momentos do Processo Ético

Conseguimos visualizar dois momentos distintos do processoético, são


eles: Procedimento Preliminar e Processo de Apuração Ética.

Veja nos quadros abaixo as etapas que compõem o processo ético.


Essas fases serão detalhadas mais adiante.

O Procedimento Preliminar (PP) compreende as seguintes fases:


a) Juízo de admissibilidade;
b) Instauração;
c) Provas documentais e, excepcionalmente, manifestação do
investigado e realização de diligências urgentes e necessárias;
d) Relatório;
e) Proposta de ACPP;
f) Decisão preliminar determinando o arquivamento ou a
conversão em Processo de Apuração Ética.

O Processo de Apuração Ética (PAE) compreende as seguintes fases:


a) Instauração;
b) Instrução complementar, compreendendo:
1. Realização de diligências;
2. Manifestação do investigado (defesa prévia); e
3. Produção de provas;
c) Relatório; e
d) Deliberação e decisão, que declarará improcedência,
conterá sanção, recomendação a ser aplicada ou proposta de
ACPP.

Vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma dessas fases?


2. Juízo de Admissibilidade

"Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que


nos é dado." - J.R.R. Tolkien

Os requisitos da denúncia

Antes de instaurar o Procedimento Preliminar, é necessário que a


Comissão de Ética faça uma análise sobre a denúncia. Tal verificação tem
como base o artigo 21 da Resolução nº 10/2008 que diz que a
representação ou a denúncia devem conter os seguintes requisitos:

1. Descrição da conduta

A descrição da conduta está clara?


É possível compreender os fatos narrados na denúncia?
A conduta narrada configura uma falta ética?
2. Indicação de autoria

Há identificação de quem cometeu a conduta?


Pela narrativa, é possível identificar quem cometeu a falta ética?
3. Apresentação dos elementos de prova

Há documentos que comprovem os fatos?


Há menção sobre como os fatos podem ser provados (documentos,
registros, testemunhas)?
Quais provas poderiam ser juntadas?

Evitando o denuncismo

Observa-se que, muitas vezes, a denúncia chega até a Comissão sem


nenhum fundamento - sabemos que existem denúncias vazias e sem
robustez. É justamente para evitar o ‘denuncismo’ e a má-fé, que são
estabelecidos requisitos mínimos para admissibilidade da denúncia.
Portanto, ao receber uma denúncia, a Comissão de Ética deve,
primeiramente, fazer o denominado Juízo de Admissibilidade.

Lembramos que esse o Juízo de Admissibilidade é feito pela CE e não pela


Secretaria-Executiva.

Observe o fluxograma abaixo para compreender a dinâmica


decorrente do Juízo de Admissibilidade

Legenda: #paracegover Imagem de um fluxograma, com três etapas. No primeiro quadro,


‘a esquerda, uma desenho de um grupo de três pessoas conversando, sentadas a uma
mesa com a legenda juízo de admissibilidade. Do primeiro quadro saem duas setas. A
primeira, vai para um quadro com desenho de um checklist com a pergunta “Cumpre os
requisitos?” E, em seguida, Instauração de PP. A segunda seta aponta para um quadro com
outro checklist com a pergunta “não cumpre os requisitos?” e, em seguida, o desenho de
uma caixa com muitos papéis e a palavra “Arquivado”.

Caso a Comissão decida pelo arquivamento, deve-se dar ciência da


decisão ao denunciante (art. 23, §2º), quando possível.
3. Fases do Procedimento Preliminar (PP)

"Nosso caráter é o resultado da nossa conduta". -


Aristóteles

O início do processo

Procedimento Preliminar (PP) é a fase inicial a que se submete uma


denúncia de infração ética.

Assim que a denúncia chega à Comissão, ela passa por um juízo de


admissibilidade, por meio do qual os membros analisam se ela preenche os
requisitos para ser admitida.

Se a denúncia não indica o fato/conduta a ser apurado, não indica a


autoria ou suspeitos, ou não apresenta elementos de prova, ela será
arquivada.

Caso a denúncia seja admitida, ela se torna um processo inicial e


investigatório, chamado de Procedimento Preliminar.

Nesse procedimento, o denunciado poder ser notificado para se


manifestar e apontar seus meios de provas. A notificação e a manifestação
são facultativas.

Após a manifestação do denunciado, se a Comissão entender que


deve levar a apuração adiante, o Procedimento Preliminar se converte
em Processo de Apuração Ética.

Concluído o Procedimento Preliminar, a denúncia poderá seguir dois


caminhos, quais sejam:

 Arquivamento;

 Conversão em PAE.

No âmbito das Comissões de Ética a apuração de denúncias possui


algumas fases. Clique nos itens para ter uma visão geral de cada uma delas.
Legenda: #paracegover Imagem de uma sequência de seis hexágonos enfileirados, ligados
por uma linda. Cada hexágono representa uma etapa do processo e tem uma palavra no
centro: Juízo de Admissibilidade, Instauração, Provas documentais, Relatório, Proposta de
ACPP, Decisão Preliminar.

Juízo de Admissibilidade

O juízo de admissibilidade consiste na atividade pela qual a CE analisa


se foram preenchidos os requisitos mínimos exigidos para dar andamento à
apuração da denúncia.

Funciona como um mecanismo de filtragem em relação às demandas


propostas diariamente perante a CE, a fim que somente denúncias que
preencham os requisitos exigidos sejam admitidas, e a análise do mérito seja
realizada.

Fase realizada antes de se instaurar o Procedimento Preliminar.

Instauração

Se o processo for físico, haverá a abertura de forma similar a um


processo administrativo.

O processo terá capa, número, termo de abertura e encerramento,


numeração de páginas, etc.

Se o processo for eletrônico, deverão ser seguidas as regras de


documentação do órgão ou entidade.
Lembramos que é necessário verificar a classificação dos documentos,
de modo a não abrir o acesso dos autos a qualquer pessoa.

Provas documentais

Inicialmente, está prevista somente a inclusão de provas do tipo


documental.

Caso haja necessidade e urgência, pode-se realizar outras diligências


cabíveis, incluindo até mesmo a manifestação do investigado.

Relatório

Após todas as etapas, a CE fará um relatório.

Em termos gerais, pode-se dizer que o relatório irá contar a história


resumida do processo até o momento.

Normalmente, é designado um dos membros da comissão para a


elaboração desse documento, o relator do caso.

No relatório, a CE deve fazer o recorte ético (enquadramento da


conduta). O recorte ético é a aplicação do Código de ética ao caso
concreto.

Por vezes, a comissão poderá receber uma denúncia de um fato ou


conduta que não implique infração ao Código de Ética.

Nesses casos, o recorte ético irá indicar que não se trata de matéria
afeta à comissão e o relatório apontará para o arquivamento do feito.

Entretanto, em outros casos, a comissão receberá denúncia de fato ou


conduta que viole as normas éticas e, nessa situação, deverá ser registrado
no relatório quais dispositivos do Código de Ética foram infringidos.
É com base no relatório que a Comissão deliberará sobre:

 Arquivamento;

 Conversão do PP em PAE; ou

 Proposição de ACPP.

Acordo de Conduta Pessoal e Profissional

Depois de elaborado o relatório, a CE irá refletir sobre a proposição de


Acordo de Conduta Pessoal e Profissional (ACPP).

O ACPP não é uma sanção!

É um acordo realizado com o consentimento da Comissão de Ética e


do denunciado, em que este se compromete a seguir algumas orientações,
sob supervisão da comissão, por um tempo determinado, de, no máximo 2
(dois) anos.

Entendemos, portanto, que o ACPP é um benefício.

A assinatura do ACPP não será divulgada e não constará nos


assentamentos funcionais do servidor.

A intenção do ACPP é alertar o denunciado sobre os comportamentos


adequados que devem ser seguidos pelos agentes públicos.

Além disso, a finalidade do ACPP é, também, evitar a conversão do PP


em PAE.

Às vezes o denunciado não teve a intenção de praticar aquela


conduta antiética ou mesmo o fez por falta de conhecimento. Nesse
momento, vem o ACPP com finalidade educativa, pedagógica.

A proposta de ACPP abrange duas vontades: a do denunciado e a da


Comissão de Ética.
Decisão preliminar

Concluídas todas as etapas necessárias para que a Comissão possa


deliberar, a CE poderá decidir pelo arquivamento ou pela conversão em
PAE.

O arquivamento pode se dar por:

 Improcedência;

 Insuficiência de provas;

 Prescrição; e

 Incompetência (por matéria ou por pessoa).

Sobre a proposta de ACPP

O denunciado não é obrigado a assinar o ACPP. Se ele se recusar a


assinar o Acordo de Conduta, haverá a continuidade do Procedimento
Preliminar.

É importante ressaltar que a Comissão de Ética deve sempre deixar


bem claro ao denunciado que esse acordo não é uma sanção, mas
somente um compromisso que será acordado com o serviço público, por um
tempo estipulado.

Legenda: #paracegover Imagem de ponto de interrogação, dentro da silhueta de uma


pessoa, com a seguinte pergunta: É possível firmar ACPP sem a presença pessoal do
compromissário?
Na ata da sua 145ª Reunião, em 19 de maio de 2014, a CEP deliberou
no sentido de que é possível firmar o ACPP por telefone, em casos
excepcionais, da seguinte maneira:

1. A CE encaminha a correspondência (Ofício da CE) ao compromissário


com a minuta do acordo, definido dia e hora para realizar uma
conversa telefônica/videoconferência, visando à realização do ACPP.

2. A conversa telefônica será feita por meio de “viva-voz”, com a


presença de dois membros da CE.

3. Após a leitura do Termo de Acordo, havendo a concordância ou


pequenas alterações, a CE envia pelo e-mail institucional a versão final
para assinatura e solicita a devolução do Acordo assinado pelo
correio.

Qual a consequência do Acordo de Conduta ?

A assinatura do Acordo de Conduta Pessoal e Profissional (ACPP)


sobresta o processo.

Sobrestamento é suspensão do processo de apuração da denúncia.


Em outras palavras, a partir do momento em que o denunciado assina o
ACPP, o Procedimento Preliminar fica pendente, aguardando o término de
sua vigência.

O sobrestamento do Procedimento Preliminar pode ocorrer por até 2


anos (art. 23, §5º, da Resolução CEP nº 10, de 2008). Sabendo-se que o ACPP
terá a vigência de até 02 anos, pode-se firmar um acordo de 1 ano, 6 meses,
3 meses, etc. A Comissão de Ética irá decidir o prazo razoável de vigência.
Legenda: #paracegover Imagem de ponto de interrogação, dentro da silhueta de uma
pessoa, com a seguinte pergunta: Quem vai acompanhar o acordo da ACPP?

A CE poderá designar uma pessoa, podendo ser um membro da


própria comissão, para acompanhar o cumprimento do acordo.

A designação desse supervisor deverá constar do ACPP.

Deve-se orientar a essa pessoa que os assuntos da CE são reservados,


devendo o supervisor manter o sigilo e a discrição.

Não se aplica ACPP:

1. Às condutas enquadradas no inciso XV, do Decreto nº 1.171/1994;

XV - É vedado ao servidor público;


a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e
influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para
outrem;
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou
de cidadãos que deles dependam;
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro
ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua
profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular
de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance
ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões
ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com
os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente
superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de
ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou
vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer
pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro
servidor para o mesmo fim;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar
para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento
em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado,
qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno
de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de
terceiros;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a
moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
empreendimentos de cunho duvidoso.

2. Às condutas consideradas graves.


Publicidade do ACPP

De acordo com a Ata da 176ª Reunião Ordinária, de 15/12/2016, da


CEP, a publicidade do ACPP somente ocorrerá após a conclusão do
procedimento, por meio da publicação de ementa.

Isto é, se o procedimento preliminar ainda não chegou ao fim, não


poderá ser publicada a ementa de ACPP em vigência. Nesse caso, em
regra, somente se dará acesso aos autos ao denunciado, visto que o
processo ainda está sob chancela de RESERVADO.

Atenção: Durante o período de acompanhamento não deve se


encaminhar cópia do ACPP à autoridade superior.

O que é prescrição?

A prescrição é a perda do direito da Administração Pública de


processar e punir o agente público, em razão do decurso do tempo.

Fundamentação: Art. 16 do Decreto nº 6.029/2007, por analogia ao Art.


142 da Lei nº 8.112/90.

1. A Comissão de Ética, ao ter conhecimento inequívoco de


determinado fato, disporá de 2 (dois) anos para instaurar o
processo ético.
2. Após a instauração, o prazo prescricional poderá ser interrompido
e, depois dos 140 dias, poderá ser reiniciado, por mais 2 anos.
3. Nas hipóteses puníveis com recomendação de exoneração do
cargo, entende-se que o prazo prescricional será de 5 (cinco) anos.
4. Se a conduta for, ao mesmo tempo, uma falta considerada delito
criminoso e um desrespeito aos normativos éticos que regem o
comportamento do agente público, o prazo prescricional dessas
transgressões éticas será o estipulado na lei criminal.
Fonte: Comissão de Ética Pública em sua 204ª Reunião Ordinária,
conforme Processo nº 00191.000592/2017-16

A suspensão prescricional de processo administrativo equivale à


paralisação da contagem do tempo de sua prescrição por algum motivo
superveniente no decorrer do processo e a sua posterior retomada a partir
da contagem já realizada.

“Acerca das hipóteses de suspensão dos prazos de prescrição,


inclusive por ocasião dos recessos escolares nas Instituições
Federais de Ensino Superior. Não há suspensão no prazo de
prescrição, sendo que esse prazo começa a correr da data em
que o fato se tornou conhecido e fica interrompido com a
instauração de procedimento para a apuração de eventual
falta ética, até a decisão final proferida por autoridade
competente (§ 1º e § 3º do art. 142 da Lei nº 8.112/90)
reiniciando-se passados 140 (cento e quarenta) dias da
interrupção pela instauração do citado procedimento.“

Fonte: Protocolo nº 20.235/2014. Suspensão da prescrição.

Pedido de reconsideração do PP

É facultado ao denunciado a interposição de pedido de


reconsideração dirigido à própria Comissão de Ética, no prazo de dez dias,
contados da ciência da decisão, com a competente fundamentação.

Desse modo, o pedido de reconsideração deve ser interposto pelo


denunciado, dirigido à CE, no prazo de 10 dias, a contar da ciência da
decisão preliminar.
Legenda: #paracegover Imagem de ponto de interrogação, dentro da silhueta de uma
pessoa, com a seguinte pergunta: Existe a possibilidade de prorrogação do prazo para
recurso?

A CEP entendeu que, semelhantemente ao que acontece na defesa


prévia, é possível a prorrogação do prazo para interposição do pedido de
reconsideração por igual período, desde que haja requerimento justificado
(Ata da 177ª RO, de 30/01/2017, CEP)."

Atenção: o pedido de reconsideração é dirigido à própria CE. Não há a


possibilidade de recurso perante a CEP.

A Comissão de Ética decidiu converter o PP em PAE, e agora?


Siga para nossa última lição!
4. Etapas do PAE
"Age de tal forma que a máxima de sua ação seja uma lei
universal." - Kant

Investigação e punição do infrator


O Processo de Apuração Ética (PAE) é a fase de investigação e
punição do infrator. Nessa fase, o denunciado e as testemunhas são ouvidos,
os documentos e outros meios de prova são analisados e a Comissão chega
a uma conclusão sobre a infração ética.
Caso seja comprovado que o denunciado não é culpado, o PAE é
finalizado com a absolvição do agente.
Caso não haja provas suficientes que sustentem a culpabilidade do
denunciado, o PAE é arquivado por insuficiência de provas.
Por fim, se for comprovado que o denunciado realmente praticou a
conduta infratora ao Código de Ética, ele pode ser punido com a Censura
Ética, ou firmar um Acordo de Conduta Pessoal e Profissional (ACPP), a
critério da comissão, conforme o caso.
Vamos detalhar as etapas deste processo:

Legenda: #paracegover Imagem de uma sequência de sete hexágonos enfileirados,


ligados por uma linda. Cada hexágono representa uma etapa do processo e tem uma
palavra no centro: Instauração do PAE, Instrução Complementar (subdividido em
Realização de Diligências, Manifestação do Investigado e Produção de Provas), Relatório,
Alegações Finais, Decisão, Pedido de Reconsideração e Encaminhamentos)
Instauração do PAE

A instauração do PAE é realizada com abertura de processo (que, nos


casos de autos físicos, pode seguir em anexo ao volume aberto para o PP),
numeração de páginas, termo de abertura e encerramento de volume, etc.

Veja que no PAE não há mais juízo de admissibilidade. A


admissibilidade foi estabelecida e confirmada no PP. É a partir do relatório
de conversão do PP em PAE, em regra, que a comissão deliberará pela
instauração do PAE.

Instrução Complementar

A instrução complementar é o momento em que a CE vai reunir todas


as provas possíveis e suficientes para a formação do seu convencimento
sobre os fatos.

Esse momento compreende:

1. Realização de diligências;

2. Manifestação do investigado (defesa prévia); e

3. Produção de provas.
Realização de Diligências

A Comissão de Ética tem prerrogativa para solicitar documentos a


outros setores do órgão (gestão de pessoas, Procuradoria Jurídica, setor
financeiro, etc).

Importante: pedidos de documentos e informações devem ser


atendidos de forma prioritária, conforme art. 8º, IV, do Decreto nº 6.029, de
2007, e art. 18 da Resolução CEP nº 10/2008.

No âmbito do próprio órgão, a Comissão de Ética terá acesso a todos


os documentos necessários aos trabalhos, dando tratamento específico
àqueles protegidos por sigilo legal (§2º, art. 18 da Resolução CEP nº 10, de
2008).

Manifestação do Investigado

Após a abertura do PAE, é dever da Comissão de Ética notificar o


denunciado para que ele apresente a sua defesa prévia.

O prazo para a apresentação de defesa prévia é de 10 dias.

O denunciado poderá solicitar a prorrogação do prazo para a CE,


mediante requerimento justificado. A CE poderá deferir o pedido de dilação
de prazo, por igual período, mediante justificativa do investigado.

Produção de Provas

Nesse momento, a CE poderá, se necessário, produzir as seguintes


provas:

 Inquirição de testemunhas

 Exame pericial

Falaremos um pouco mais sobre testemunhas e provas periciais, em


seguida.
Relatório

Se nada mais houver a ser produzido, e entendendo a CE que o


conjunto de provas é suficiente para convencimento, será elaborado um
relatório parcial.

Nesse relatório deverá constar o registro das principais ocorrências no


andamento do processo.

Além disso, a CE apresentará uma conclusão parcial sobre a questão.

Alegações Finais

Após a elaboração do relatório, a CE deverá notificar o denunciado


para apresentar as alegações finais.

A finalidade das alegações finais é oportunizar a manifestação do


denunciado acerca de fatos novos apresentados, posteriormente à referida
manifestação pública.

O prazo para apresentá-las é de 10 dias.

Embora a apresentação das alegações finais seja facultativa, a noti


cação para a sua apresentação é obrigatória, dada a necessidade de a
Comissão de Ética oferecer oportunidade ao denunciado para a
apresentação das suas razões finais.

Considerando que a apresentação das alegações finais é facultativa,


sua ausência não impede o seguimento do processo.

Decisão

As deliberações da Comissão de Ética serão tomadas por voto da


maioria de seus membros. Em caso de empate, haverá o voto de qualidade
proferido pelo Presidente da CE.
O membro suplente não tem o direito a voto. Participa das
deliberações em substituição ao membro titular que não está presente e
vota nos processos submetidos à Comissão enquanto permanecer a
substituição.

A depender do caso concreto, a CE poderá realizar recomendações


gerais aos servidores, aos setores, à chefia, ao dirigente máximo.

Pedido de Reconsideração

Assim como no PP, aqui no PAE também é facultada ao denunciado a


interposição de pedido de reconsideração dirigido à própria Comissão de
Ética, no prazo de dez dias, contados da ciência da decisão, com a
competente fundamentação.

O pedido de reconsideração:

 É interposto pelo denunciado;

 É dirigido à CE;

 Possui o prazo de 10 dias a contar da ciência da decisão,


para interposição.

Semelhantemente ao que acontece na defesa prévia, é possível a


prorrogação do prazo para interposição do pedido de reconsideração por
igual período, desde que haja requerimento justificado (Ata da 177ª RO, de
30/01/2017, CEP)."

Atenção: assim como no PP, o pedido de reconsideração é dirigido à


própria CE. Não há a possibilidade de recurso à CEP.
Encaminhamentos

Após a decisão pela punição, deve-se proceder aos seguintes passos:

 Notificação do denunciado;

 Notificação do denunciante;

 Encaminhamento ao RH;

 Encaminhamento à CEP; e

 Ementa para divulgação interna.

Sobre o defensor dativo

Quando o denunciado não apresentar a defesa no prazo, a CE terá


que agir, pois a defesa prévia é obrigatória. Ou seja, o processo não poderá
prosseguir sem a defesa do denunciado.

Tendo em vista que a defesa prévia é obrigatória, a sua ausência


implicará nomeação de alguém para realizar uma defesa para o
denunciado, o que denominamos defensor dativo.

O defensor dativo vai entrar em cena quando o denunciado:

1. Foi comprovadamente notificado; e

2. Não apresentou defesa prévia e nem enviou procurador


legalmente constituído.

Nesse caso, a CE irá nomear um servidor, preferencialmente escolhido


entre servidores do quadro permanente, para acompanhar a apuração. O
defensor dativo não poderá conduzir-se contrariamente aos interesses do
investigado.

Resumindo: No caso de ausência de apresentação de defesa prévia,


o defensor dativo atuará para a apresentação da defesa no lugar do
denunciado, bem como irá acompanhar o processo.
Sobre testemunhas e outras provas

O denunciado poderá apresentar até 4 testemunhas, mas a CE


poderá indeferir qualquer delas, desde que justificada em uma das seguintes
hipóteses:

1. Pedido formulado em desacordo com o que dispõe o artigo;

2. O fato está suficientemente comprovado (documento,


confissão, outro meio de prova); e

3. O fato não pode ser provado por testemunha.

Caso a CE venha indeferir uma testemunha, o denunciado poderá


formalizar um pedido de substituição de testemunhas, desde que, antes da
audiência de inquirição. Caberá à CE analisar se irá deferir a substituição.

Exceção:
Se, para a elucidação dos fatos, for necessária a oitiva da testemunha
suspeita ou impedida, a CE pode admitir o depoimento, atribuindo-lhe o
valor de mero informante.

Legenda: #paracegover Imagem de um Ponto de interrogação, dentro da silhueta de uma


pessoa, com a seguinte pergunta: Em que casos ocorre o impedimento de uma
testemunha?
Ocorre o impedimento quando a testemunha:

1. Tiver interesse direto ou indireto no feito;

2. Estiver participando ou venha a participar, em outro processo


administrativo ou judicial, como perito, testemunha ou
representante legal do denunciante, denunciado ou
investigado, ou de seus respectivos cônjuges, companheiros ou
parentes até o terceiro grau;

3. Estiver litigando judicial ou administrativamente com o


denunciante, denunciado ou investigado, ou com os respectivos
cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou

4. For cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau do


denunciante, denunciado ou investigado.

Legenda: #paracegover Imagem de um Ponto de interrogação, dentro da silhueta de uma


pessoa, com a seguinte pergunta: Em que casos ocorre o suspeição de uma testemunha?
Ocorre a suspeição quando a testemunha:

1. For amigo íntimo ou notório desafeto do denunciante,


denunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges,
companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou

2. For credor ou devedor do denunciante, denunciado ou


investigado, ou de seus respectivos cônjuges, companheiros ou
parentes até o terceiro grau.

O que é uma Prova Pericial?

A prova pericial é aquela que depende de conhecimento especial


técnico. Ou seja, a prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

A CE poderá indeferir a prova pericial nas seguintes situações:

1. A comprovação não depende de conhecimento especial


de perito; e

2. A prova é protelatória ou não interessa ao esclarecimento


do fato.

Além das indicações de provas trazidas pelo denunciado e


denunciante, a CE ainda pode (art. 28):

1. Inquirir testemunhas;

2. Realizar diligências;

3. Solicitar perícias.
A promoção da ética é um trabalho diário

O Processo de Apuração Ética termina aqui. Mas o trabalho das


Comissões continua.

A promoção da ética é um trabalho diário, que exige o envolvimento


de todos os membros (titulares e suplentes), dos servidores da secretaria-
executiva, representantes locais e de todas as unidades de apoio da
entidade.

A comunicação direta com os servidores; a presença (física ou virtual)


da comissão em reuniões, palestras e apresentações nas unidades; e o
engajamento da direção do órgão são fundamentais para que o trabalho
da Comissão seja bem sucedido.

Se sua comissão ainda está começando o trabalho de estruturação,


procure a Secretaria-Executiva da Comissão de Ética Pública e peça apoio.
Peça sua inclusão no Fórum Virtual da Rede de Ética do Poder Executivo
Federal - um espaço para manter contato com membros de outras
comissões, trocar experiências e informações, e se manter informado sobre
cursos e eventos.

Sucesso e boa sorte!


Encerramento

Chegamos ao final do módulo 4!

Mas antes de partir para aprofundar os estudos, verifique se você


alcançou os objetivos de aprendizagem previstos para este módulo e, em
caso de dúvidas, retorne para a leitura das lições.

 Identificar etapas que compõem o Procedimento Preliminar (PP);


 Identificar etapas que compõem o Processo de Apuração Ética
(PAE);
 Conceituar Juízo de Admissibilidade; e
 Identificar os requisitos de uma denúncia.

Agora sim, podemos encerrar!

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