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« Tecido Ósseo »

INTRODUÇÃO
• O tecido ósseo é o componente princi-
pal do esqueleto e serve de suporte para
os tecidos moles; protege os órgãos vitais
e a medula óssea (formadora das células
do sangue); e além disso funcionam
como depósito de cálcio, fosfato e outros
íons.
• Absorvem toxinas e metais pesados, mi-
nimizando seus efeitos adversos em outros
tecidos.
• É um tipo de tecido conjuntivo especial-
zado, formado por células e material ex-
tracelular calcificado (matriz óssea).
• Tecido rígido devido a presença de ma-
triz óssea mineralizada (cálcio, fosfato e
magnésio).
• Matriz rica em fibras colágenas tipo I,
que fornecem certa flexibilidade ao osso.
• A células do tecido ósseo pertencem a
Figura 2: Componentes do tecido ósseo. Na imagem
duas linhagens diferentes: destacam-se três osteoclastos situados na superfície da
→ Células da linhagem osteoblástica: for- matriz óssea. São células grandes, multinucleadas, com
madas pelos osteoblastos e osteócitos, citoplasma intensamente acidófilo. Osteócitos estão
presentes no interior da matriz, e osteoblastos, em sua
são derivadas de células osteoprogenito-
superfície. (Microscopia óptica. HE. Médio aumento.)
ras.
→ Células da linhagem osteoclástica: são
os osteoclastos, originados de monócitos
CÉLULAS DO TECIDO ÓS SEO
produzidos na medula hematopoética.
« OSTEOBLASTOS »
• Presentes nas superfícies ósseas, lado a
lado, em um arranjo que lembra um epité-
lio simples.
• Responsáveis pela formação óssea (sin-
tetizam a parte orgânica da matriz óssea,
que inclui colágeno tipo I, proteoglicanos
e glicoproteínas).
• São capazes de concentrar fosfato de
cálcio, participando da mineralização da
Figura 1: Componentes do tecido ósseo. A figura mostra matriz óssea.
uma trabécula óssea formada por matriz óssea acidófila
(corada em rosa), no interior da qual estão osteócitos
• Após sintetizar a matriz extracelular, os-
situados em cavidades da matriz, chamadas lacunas. A teoblasto é aprisionado pela matriz orgâ-
superfície das trabéculas é recoberta por osteoblastos nica recém-sintetizada e passa a ser cha-
cúbicos ou achatados e por um osteoclasto no qual se
observam dois ou três núcleos. (Microscopia óptica.
mada de osteócito. A matriz deposita-se
Hematoxilina-eosina [HE]. Médio aumento.) ao redor do corpo da célula e de seus
prolongamentos e passa por deposição
de cálcio, formando lacunas que contêm
os osteócitos e os canalículos (túneis com-
postos pelos prolongamentos celulares PERIÓSTEO E ENDÓSTEO
dos osteócitos). • A superfície externa (periósteo) e inter-
• Osteoide: matriz óssea recém-formada, na (endósteo) dos ossos é recoberta por
adjacente aos osteoblastos ativos e ainda uma camada composta de tecido com-
não calcificada. juntivo e de células osteogênicas.
• O endósteo e principalmente o periós-
« OSTEÓCITOS » teo são importantes para a nutrição do
• Células achatadas encontradas no inte- tecido ósseo em função da existência de
rior da matriz óssea. vasos sanguíneos em seu interior.
• Ocupam lacunas no interior da matriz.
Onde cada lacuna contém apenas um
osteócito.
• Os osteócitos são responsáveis por man-
ter a matriz extracelular.
• Responsáveis pela regulação dos níveis
de minério no tecido ósseo.
• Nas lacunas partem vários canalículos
que contêm prolongamentos dos osteóci-
tos, os quais fazem contato com prolon-
gamentos de osteócitos adjacentes por
meio de junções comunicantes, por onde
podem passar pequenas moléculas e íons
de um osteócito para o outro.
• Não existe difusão de substâncias atra-
vés da matriz calcificada do osso, pois es-
ta é impermeável, e por esse motivo a nu-
trição dos osteócitos depende dos canalí-
culos.

« OSTEOCLASTO »
• Os osteoclatos são derivados de monó-
citos que, no interior do tecido ósseo, fun- Figura 3: Secção longitudinal de uma diáfise na qual se
dem-se para formar os osteoclastos multi- observa, além do osso, o periósteo e o endósteo. O
periósteo é uma membrana de tecido conjuntivo
nucleados. relativamente espessa, cujas células mais internas,
• São células móveis, gigantes, multinu- próximas ao osso, são osteogênicas. O endósteo é uma
cleadas e extensamente ramificadas. lâmina muito delgada, geralmente formada por uma
camada de células. (Microscopia óptica. HE. Pequeno
• Responsáveis pela reabsorção do teci- aumento.)
do ósseo.
• Possui citoplasma de aspecto granuloso « PERIÓSTEO »
(algumas vezes contendo vacúolos), fra- • A camada mais externa do periósteo
camente basófilo nos osteoclastos jovens contém principalmente fibras colágenas
e muito acidófilo nos maduros. e fibroblastos.
• As fibras de Sharpey são feixes de fibras
• Situam-se na superfície do tecido ósseo colágenas do periósteo que penetram o
ou em túneis no interior das peças ósseas. tecido ósseo e prendem firmemente o
• Nas áreas de reabsorção de tecido ós- periósteo ao osso.
seo, os osteoclastos são encontrados fre- • A camada interna do periósteo, justa-
quentemente ocupando pequenas de- posta ao tecido ósseo. É mais celularizada
pressões da matriz escavadas pela ativi- e apresenta células osteoprogenitoras,
dade dessas células e conhecidas como morfologicamente semelhantes aos fibro-
lacunas de Howship. blastos.
→ Essas células se multiplicam por mitose TECIDO ÓSSEO LAMELAR E NÃO LAMELAR
e se diferenciam em osteoblastos, desem- • Existem dois tipos de tecido ósseo, sendo
penhando papel importante no cresci- eles o imaturo, primário ou não lamelar; e
mento dos ossos por aposição. o maduro, secundário ou lamelar.
• O tecido ósseo cresce somente por • Ambos contêm os mesmos tipos celula-
aposição, que é muito importante para o res e os constituintes da matriz são muito
crescimento, remodelação e recupera- semelhantes.
ção do osso após traumatismos mecâni-
cos.

« ENDÓSTEO »
• Reveste as superfícies internas do osso.
• Geralmente é constituído por uma ca-
mada delgada de células osteogênicas
achatadas, que reveste as cavidades do
osso esponjoso, o canal medular, os ca-
nais de Havers e os de Volkmann.

OSSO COMPACTO E ESPONJOSO


• Ao observar macroscopicamente um
osso serrado, é possível visualizar que sua
superfície é formada por tecido ósseo sem
cavidades visíveis (osso compacto), e in-
teriormente por uma parte com muitas
cavidades intercomunicantes (osso es-
ponjoso).
• Essa classificação é principalmente ma-
croscópica e não histológica, pois os Figura 5: Corte longitudinal de uma diáfise em que se
componentes do osso compacto e os observam osso primário, imaturo ou não lamelar e osso
secundário, maduro ou lamelar. O primeiro tipo tem
tabiques que separam as cavidades do muitos osteócitos dispersos desordenadamente pela
osso esponjoso possuem a mesma es- matriz, e o segundo conta com poucos osteócitos, com
trutura histológica básica. seus eixos organizados em linhas, por estarem
associados a lamelas ósseas. A matriz do osso primário é
heterogênea, com “manchas”, e a do osso secundário
é homogênea. (Microscopia óptica. Tricrômico de
Mallory. Pequeno aumento.)

« TECIDO ÓSSEO PRIMÁRIO OU


IMATURO »
• O tecido ósseo primário (não lamelar) é
sempre o primeiro a ser formado, tanto no
desenvolvimento embrionário como na
reparação das fraturas.
• Tecido temporário e substituído por teci-
do secundário (lamelar).
• As fibras colágenas se dispõem irregular-
mente, sem orientação definida.
Figura 4: Distribuição de osso do tipo compacto na
• Possui menor quantidade de minerais
superfície de um osso longo e osso do tipo esponjoso no (maior penetração dos RX).
seu interior. Observe o disco epifisário, delgada faixa de • Maior proporção de osteócitos do que
cartilagem hialina situada entre a diáfise e a epífise.
(Microscopia óptica. HE. Vista panorâmica.)
o tecido ósseo secundário.
«TECIDO ÓSSEO SECUNDÁRIO OU Havers, que contém vasos sanguíneos e
MADURO» nervos.
• O tecido ósseo secundário (lamelar) é a → Os canais de Havers comunicam-se
variedade mais encontrada no adulto. entre si, com a cavidade medular e com
• Formado por fibras colágenas organiza- a superfície externa do osso por meio de
das em lamelas, que têm de 3 a 7 µm de transversais ou oblíquos à diáfise, situados
espessura, são planas ou têm forma de no inteior, chamados de canais de
anéis. Volkmann (não são envolvidos por
• As lacunas que contém osteócitos estão lamelas ósseas concêntricas)
geralmente situadas entre as lamelas → O tecido ósseo lamelar formado por
ósseas, mas algumas vezes estão dentro sistemas de Havers é característico da
das lamelas. Devido a essa disposição, no diáfise dos ossos longos, embora sistemas
osso lamelar os osteócitos se dispõem em de Havers pequenos sejam encontrados
fileiras, ao contrario do osso não lamelar, no osso compacto de outros locais.
em que se dispõem sem organização
aparente.
• Lamelas planas: se dispõem paralela-
mente umas às outras, formando pilhas de
lamelas de tecido ósseo.
• Lamelas curvas: em forma de anéis se
dispõem em camadas concêntricas em
torno de um canal central.
• A diáfise dos ossos é quase toda com-
posta de osso lamelar. Suas lamelas ós-
seas organizam-se em arranjo bastante
característico, formando quatro arranjos
principais: os sistemas de Havers, sistemas
intermediários e sistemas circunferenciais
interno e externo.
• Os sistemas circunferenciais interno e
externo, e os intermediários são compos-
tos de pilhas de lamelas planas ou leve-
mente curvas paralelas entre si.
→ Sistema circunferencial interno: situado
na parte interna do osso, em volta do
canal medular e em contato com o
Figura 6: Representação de trecho da diáfise de um
endósteo. osso longo. Quatro tipos de arranjo de lamelas ósseas no
→Sistema circunferencial externo: situado osso lamelar da diáfise: os sistemas de Havers e os
mais externo ao osso, próximo ao sistemas de lamelas circunferenciais externas, internas e
intermediárias. Dois sistemas de Havers estão
periósteo. apresentados em detalhes: no alto à esquerda está
• Os sistemas de Havers ou ósteons são mostrada a orientação diversa das fibras colágenas em
formados por conjuntos de lamelas orga- cada lamela; à direita em cima e à direita ao lado, há
um sistema de Havers formado por três lamelas, que
nizadas concentricamente. mostra um capilar sanguíneo central no interior do canal
→ Estabelecem comunicação entre as de Havers.
lacunas, onde estão os osteócitos com o
canal de Havers.
→ Cada um desses sistemas é um cilindro
longo, às vezes bifurcado, em geral para-
lelo à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas
ósseas concêntricas.
→ No centro desse cilindro ósseo existe um
canal revestido de endósteo, o canal de
• Os centros de ossificação crescem ra-
dialmente e se fundem e substituem a
membrana conjuntiva preexistente.
• Ex: fechamento da fontanela.
• Nos ossos chatos do crânio, principal-
mente após o nascimento, há predomínio
da formação sobre a reabsorção de teci-
do ósseo nas superfícies interna e externa.
Assim, formam-se as duas tábuas de osso
compacto, enquanto o centro permane-
ce esponjoso.
Figura 7: Parte de um sistema de Havers formado por
várias lamelas ósseas concêntricas. Entre lamelas
adjacentes há lacunas habitadas por osteócitos (não
mostrados na figura). Numerosos canalículos partem de
cada lacuna e estabelecem comunicação com
canalículos de outras lacunas. Os mais próximos do
centro do sistema abrem-se no canal de Havers e são o
local de entrada e saída de nutrientes, gases e
metabólitos para os osteócitos do sistema.

TIPOS DE OSSIFICAÇÕE S

« OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA »
• A ossificação intramembranosa ocorre
no interior de membranas de tecido me-
senquimal durante a vida intrauterina e
de membrana de tecido conjuntivo na
vida pós-natal. Figura 8: Etapas da ossificação intramembranosa.
• Processo formador dos ossos frontal e Células osteogênicas originadas das células do
mesênquima formam conjuntos chamados blastemas
parietal, e das partes do occipital, tempo-
ósseos. Depois de diferenciadas em osteoblastos,
ral e maxilares superior e inferior. sintetizam matriz orgânica óssea. Esta é, em seguida,
• Contribui para o crescimento dos ossos mineralizada, aprisionando osteoblastos que se
curtos e para o aumento em espessura transformam em osteócitos. Simultaneamente novas
células osteogênicas são adicionadas à periferia do
dos ossos longos. osso inicial, proporcionando seu crescimento
• O local da membrana onde a ossifica-
ção começa chama-se centro de ossifi-
cação primária. O processo tem inicio pe- « OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL »
la diferenciação de células mesênquima- • A ossificação endocondral tem início
tosas que se transformam em grupos de sobre uma peça de cartilagem hialina,
osteoblastos e sintetizam o osteoide (ma- cujo formato é semelhante ao do osso
triz ainda não mineralizada), que logo se que se vai formar, porém de tamanho
mineraliza. menor.
• Formação de pontes ou traves, onde • Principal responsável pela formação
seus espaços são preenchidos por células dos ossos curtos e longos.
mesenquimais, células osteoprogenitoras • Consiste dois processos:
e vasos sanguíneos, o que confere ao 1) As células da cartilagem hialina sofrem
osso uma estrutura esponjosa. várias modificações, inclusive a hipertrofia
→ As células mesenquimatosas presentes dos condrócitos. A matriz cartilaginosa si-
nesses espaços dão origem à medula ós- tuada entre os condrócitos hipertróficos
sea. reduz-se a finos tabiques e sofre calcifica-
ção. Assim, ocorre a morte dos condróci-
tos por apoptose.
2) As cavidades previamente ocupadas diferenciam em osteoblastos, que
pelos condrócitos são invadidas por capi- formam uma camada contínua sobre os
lares sanguíneos e células osteogênicas restos da matriz cartilaginosa calcificada,
vindas do tecido conjuntivo adjacente. onde os osteoblastos depositam a matriz
Essas células se diferenciam em osteo- óssea.
blastos, que depositarão matriz óssea so-
bre os tabiques de cartilagem calcifica-
da. Os osteócitos derivados dos osteo-
blastos são envolvidos por matriz óssea;
dessa maneira, aparece tecido ósseo on-
de antes havia tecido cartilaginoso, sem
que ocorra transformação deste tecido
naquele.

« DISCO EPIFISÁRIO »
• O disco epifisário é um disco de carti-
lagem hialina situado entre a epífise e a
diáfise, que não foi penetrado por tecido
ósseo durante a ossificação.
• É responsável pelo crescimento longitu-
dinal do osso após sua histogênese inicial. Figura 9: Corte longitudinal de osso longo na altura do
disco epifisário, o qual está seccionado transversalmen-
• Seu desaparecimento, por ossificação, te. Acima do disco, observa-se uma parte da epífise. Em
determina a parada do crescimento seguida, as diversas zonas da cartilagem epifisária até a
longitudinal dos ossos. zona de ossificação, abaixo da qual se situa a diáfise.
(Microscopia óptica. HE. Vista panorâmica.)
• No disco epifisário, distinguem-se cinco
zonas:
→ Zona de cartilagem em repouso: carti-
lagem hialina sem qualquer alteração
morfológica.
→ Zona de cartilagem seriada: os condor-
citos dividem-se rapidamente e formam
colunas paralelas de células achatadas e
empilhadas no sentido longitudinal do
osso.
→ Zona de cartilagem hipertrófica: com-
drócitos muito volumosos, com depósitos
citoplasmáticos de glicogênio e lipídeos.
A matriz fica reduzida a tabiques delga-
dos situados entre as células hipertróficas.
Os condrócitos entram em apoptose.
→ Zona de cartilagem ossificada: zona
estreita em que ocorre a mineração dos
delgados tabiques de matriz
cartilaginosa. É constituída pelos tabiques
e pelos espaços entre eles, ocupados por
restos de condrócitos.
→ Zona de ossificação: zona em que é
formado tecido ósseo. Capilares
sanguíneos e células osteoprogenitoras
originadas do periósteo invadem os
espaços deixados pelos condrócitos
mortos. As células osteoprogenitoras se

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