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Agrupamento de Escolas de Cabeceiras de Basto

Escola Básica e Secundária de Cabeceiras de Basto

Renascimento, Humanismo e Classicismo

O Renascimento é um movimento cultural que se desenvolve em Itália desde o


séc. XVI, o qual consiste na renovação das artes e das letras, do pensamento, das
ciências e do ensino, que originou profundas transformações sociais, políticas e
económicas nos países da Europa.

O Humanismo é o fundamento cultural do Renascimento: consiste no estudo


das humanidades, das “litterae humaniores”, isto é, no estudo da gramática, da retórica,
da poética, da história a da filosofia moral; no conhecimento e no culto dos autores
gregos e latinos, cujas obras foram em muitos casos redescobertas, estudadas, editadas,
lidas e interpretadas de modo novo.

O Classicismo é o movimento estético que vai buscar à antiguidade greco-


romana, à sua civilização e cultura, as fontes de inspiração e os seus modelos. Desponta
nos meados do século XV, desabrochando em força a partir do século XVI, embora
durante muitos anos coexistam a arte medieval e a arte clássica. Introduzem-se novas
formas, novas espécies, novos géneros. O maravilhoso ocidental é substituído pela
mitologia pagã. Com base nos modelos clássicos greco-romanos, este movimento tem
as suas normas e estas visam a harmonia, a simplicidade, o equilíbrio, a precisão, o
sentido das proporções em qualquer realização artística, na literatura como na música,
na pintura como na arquitetura. Refira-se, como exemplo na pintura, Leonardo da Vinci
e Rafael.

CARACTERÍSTICAS DA LÍRICA CAMONIANA

Lírica camoniana

1-Medida Velha:
-De influência da poesia tradicional portuguesa nomeadamente da trovadoresca e
palaciana.

-Algumas composições poéticas: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas…


-redondilha menor (cinco sílabas métricas) e maior (sete sílabas métricas).

-Temas tradicionais e populares da Medida Velha:


-a menina que vai à fonte;
-o verde dos campos e dos olhos;
-o amor simples e natural;
-a saudade e o sofrimento;
-a dor e a mágoa;
-o ambiente cortesão com as suas “cousas de folgar” e as futilidades;
-a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena
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(a “Bárbara, escrava”);
-a infelicidade presente e a felicidade passada.

2-Medida Nova:
-Poesia de influência renascentista nomeadamente de Dante e Petrarca.
-Algumas composições poéticas: sonetos, odes, canções, éclogas…
-decassílabos.
-O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a
morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano;
-A conceção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação
com a temática amorosa e com o tratamento dado à Natureza (“locus amoenus”), oscila
igualmente entre o polo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior),
representado pelo modelo de Laura e o modelo renascentista de Vénus.

Principais Temáticas Camonianas (Medida Velha e Nova):


-o amor platónico e o amor baixo e rude;
- a saudade;
-a mulher idealizada e a mulher de influência africana e asiática;
-a natureza;
-a mudança;
-o Destino;
-o desconcerto pessoal;
-o desconcerto do mundo.

Áreas temáticas:
• o amor - amor físico vs amor platónico; a divisão interior do sujeito poético causada
pelo conflito amoroso; o poder transformador do amor e os seus efeitos contraditórios.
• a mulher - retrato da mulher perspetivada na conceção de Petrarca e Dante; a amada
surge umas vezes como ser angélico, outras como ser maléfico; a mulher ideal é
inacessível e intocável.
• a Natureza - encarada como fonte de recursos expressivos, sempre ligada à poesia
amorosa; o “locus amoenus”.
• a saudade - faz sofrer mas inspira; a ausência da amada é insuportável e divide o
sujeito poético.
• o tempo e a mudança - a mudança é cíclica e o tempo anula qualquer esperança.
• o Destino - é sobretudo na sua vida amorosa que Camões sente a presença maléfica do
Destino: tentando lutar contra a má fortuna, o sujeito poético recorda, muitas vezes, o
bem passado.

Variedade formal:

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• vilancete, cantiga, esparsa, trova (influência tradicional) – Medida Velha;
• soneto, canção, ode, elegia, écloga (influência clássica/renascentista) – Medida Nova.

Verso:
• Medida Velha: verso de 5 sílabas métricas (redondilha menor) e verso de 7 sílabas
métricas (redondilha maior):
• Medida Nova: verso decassílabo com acento na 6a e 10ª sílabas (heroico) ou na 4ª, 8ª e
10ª sílabas (sáfico).

Linguagem e estilo:
• adjetivação expressiva;
• pontuação emotiva (exclamações, interrogações);
• expressividade de tempos e modos verbais;
• uso de vocabulário erudito;
• recurso à mitologia;
• predomínio de metáforas, apóstrofes, hipérboles, anáforas, hipérbatos, etc.;
• alternância entre ritmo rápido e lento.

Sintetizando:
• A obra lírica camoniana é marcada por uma dualidade: por um lado, a poesia de
caráter trovadoresco dos cancioneiros (Medida Velha), por outro, as novas composições
introduzidas pelo Renascimento (Medida Nova).
• Como poeta do Renascimento, a sua produção lírica é uma expressão desse “dolce stil
nuovo.”
• Trabalhou quase todos os géneros restaurados: a écloga, a ode, a elegia e as formas
fixas novas – o soneto e a canção.
• A sua poesia é sustentada em polos antagónicos: mulher ideal e perfeita / mulher
feiticeira; amor espiritual / amor sensual; humildade / orgulho; inocência / sentimento
de culpa; natureza como espelho da alma / natureza contrastante com o estado de alma.
• Petrarca e Dante são os seus principais mestres.

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