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PORTUGUÊS JURÍDICO

CARLOS ANDRÉ

PRONOMES DE TRATAMENTO Emprego dos Pronomes de Tratamento

Breve História dos Pronomes de Tratamento Como visto, o emprego dos pronomes de trata-
mento obedece a secular tradição. São de uso consa-
O uso de pronomes e locuções pronominais de grado:
tratamento tem larga tradição na língua portuguesa.
De acordo com Said Ali, após serem incorporados ao Vossa Excelência, para as seguintes autorida-
português os pronomes latinos tu e vos, "como tra- des:
tamento direto da pessoa ou pessoas a quem se diri-
gia a palavra", passou-se a empregar, como expedi- a) do Poder Judiciário:
ente lingüístico de distinção e de respeito, a segunda
pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierar- Ministros dos Tribunais Superiores;
quia superior. Prossegue o autor: Membros de Tribunais;
Juízes;
"Outro modo de tratamento indireto consistiu em Auditores da Justiça Militar.
fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou quali-
dade eminente da pessoa de categoria superior, e não b) do Poder Executivo;
a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de
seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa se- Presidente da República;
nhoria (...); assim usou-se o tratamento ducal Vice-Presidente da República;
de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia Ministros de Estado;
eclesiástica vossa reverência, vossa paternida- Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
de, vossa eminência, vossa santidade." Distrito Federal;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
A partir do final do século XVI, esse modo de Embaixadores;
tratamento indireto já estava em voga também para Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu-
os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mer- pantes de cargos de natureza especial;
cê evoluiu para vosmecê, e depois para o colo- Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
quial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em Prefeitos Municipais.
desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego
de pronomes de tratamento indireto como forma de
dirigirmo-nos às autoridades.
c) do Poder Legislativo:
Concordância com os Pronomes de Tratamento
Deputados Federais e Senadores;
Os pronomes de tratamento (ou de segunda Ministro do Tribunal de Contas da União;
pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades Deputados Estaduais e Distritais;
quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a co-
municação), levam a concordância para a terceira O vocativo a ser empregado em comunicações
pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Se-
que integra a locução como seu núcleo sintático: nhor, seguido do cargo respectivo:
"Vossa Senhoria nomeará o substituto"; "Vos-
sa Excelência conhece o assunto". Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Naci-
Da mesma forma, os pronomes possessivos onal,
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribu-
terceira pessoa: "Vos- nal Federal.
sa Senhoria nomeará seu substituto" (e não "Vos-
sa ... vosso..."). As demais autoridades serão tratadas com o
vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pro-
nomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo Senhor Senador,
da pessoa a que se refere, e não com o substantivo Senhor Juiz,
que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor Senhor Ministro,
for homem, o correto é "Vossa Excelência está atare- Senhor Governador,
fado", "Vossa Senhoria deve estar satisfeito"; se for
mulher, "Vossa Excelência está atarefada", "Vossa O emprego do superlativo ilustríssimo para as
Senhoria deve estar satisfeita". autoridades que recebem o tratamento de Vossa Se-
nhoria e para particulares. É suficiente o uso do pro-
nome de tratamento Senhor.

Acrescente-se que doutor não é forma de trata-


mento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscri-

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minadamente. Como regra geral, empregue-o apenas EXERCÍCIOS


em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal
grau por terem concluído curso universitário de dou-
torado. É costume designar por doutor os bacharéis, QUESTÃO 01
especialmente os bacharéis em Direito e em Medici- Nas redações jurídica e oficial, a impessoalidade refe-
na. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a re-se ao emprego adequado de estruturas formais,
desejada formalidade às comunicações. como a utilização de pronomes de tratamento para
determinada autoridade, à polidez e à civilidade no
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificên- enfoque dado ao assunto que se pretende comunicar.
cia, empregada por força da tradição, em comunica-
ções dirigidas a reitores de universidade. Correspon-
de-lhe o vocativo: QUESTÃO 02
A formalidade de tratamento empregada para se diri-
Magnífico Reitor,(...) gir ao destinatário de uma comunicação oficial varia
de acordo com a relação existente entre quem a ex-
Os pronomes de tratamento para religiosos, de pede e quem a recebe. Isso equivale a dizer que a
acordo com a hierarquia eclesiástica, são: hierarquia presente entre os interlocutores é determi-
nante para a escolha adequada dos pronomes de
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao tratamento adotados no texto.
Papa. O vocativo correspondente é:

Santíssimo Padre, (...) QUESTÃO 03


De acordo com o Manual de Redação da Presidência
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reveren-
da República, o emprego dos pronomes de tratamen-
díssima, em comunicações aos Cardeais. Correspon-
to obedece à secular tradição. É de uso consagrado o
de-lhe o vocativo:
pronome “Vossa Excelência” para as seguintes autori-
dades:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...)
a) Auditor da Receita Federal
b) Presidente Nacional da OAB.
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em
c) Delegado de Polícia.
comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa
d) Procurador de Estado.
Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssi-
e) Defensor Público.
ma para Monsenhores, Cônegos e superiores religio-
sos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes,
QUESTÃO 04
clérigos e demais religiosos.
Em comunicações dirigidas a chefes de poder, o voca-
tivo adequado é “Excelentíssimo Senhor”, seguido do
Fechos para Comunicações
nome do cargo correspondente.
O fecho das comunicações oficiais possui, além
da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar
QUESTÃO 05
o destinatário. Os modelos para fecho que vinham
sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do A Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992,
Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze estabelece normas para o emprego das formas de
padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, tratamento em redação oficial. Segundo essa Instru-
este Manual estabelece o emprego de somente dois ção Normativa, em uma comunicação ao Presidente
fechos diferentes para todas as modalidades de co- do TRT 18ª Região, o vocativo a ser empregado, se-
municação oficial: guido do respectivo cargo, é:

a) para autoridades superiores, inclusive o Pre- a) Ilustre Senhor Presidente do TRT 18ª Região
sidente da República: b) Senhor Presidente do TRT 18ª Região
c) Digníssimo Presidente do TRT 18ª Região
Respeitosamente, d) Excelentíssimo Senhor Presidente do TRT 18ª Re-
gião
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de
hierarquia inferior: QUESTÃO 06
Se um advogado dirigir correspondência oficial ao
Atenciosamente, procurador da República, ele deverá empregar, na
redação desse documento, o pronome de tratamento
Vossa Senhoria e o vocativo Senhor, acompanhado do
nome do procurador da República.

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QUESTÃO 07 pronome “Vossa Excelência” para as seguintes autori-


A Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992, dades do Poder Legislativo:
estabelece normas para o emprego das formas de
tratamento em redação oficial. Segundo essa Instru- a) Secretários-Executivos de Ministérios e demais
ção Normativa, em uma comunicação a um Juiz, o ocupantes de cargos de natureza especial.
vocativo a ser empregado, seguido do respectivo b) Auditores da Justiça Militar.
cargo, é: c) Secretários de Estado dos Governos Estaduais.
d) Deputados Federais e Senadores.
a) Ilustre Senhor Juiz e) Embaixadores.
b) Senhor Juiz
c) Digníssimo Juiz QUESTÃO 14
d) Excelentíssimo Senhor Juiz A Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992,
estabelece normas para o emprego das formas de
QUESTÃO 08 tratamento em redação oficial. Segundo essa Instru-
A Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992, ção Normativa, em uma comunicação a um Vereador,
estabelece normas para o emprego das formas de o vocativo a ser empregado, seguido do respectivo
tratamento em redação oficial. Segundo essa Instru- cargo, é:
ção Normativa, em uma comunicação a um Governa-
dor de Estado, o vocativo a ser empregado, seguido a) Ilustre Senhor Vereador
do respectivo cargo, é: b) Senhor Vereador
c) Digníssimo Vereador
a) Ilustre Senhor Governador d) Excelentíssimo Senhor Vereador
b) Senhor Governador
c) Digníssimo Governador QUESTÃO 15
d) Excelentíssimo Senhor Governador A Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992,
estabelece normas para o emprego das formas de
QUESTÃO 09 tratamento em redação oficial. Segundo essa Instru-
Em “Senhor Juiz, está claro que Vossa Excelência ção Normativa, em uma comunicação a um Presidente
corrobora a decisão tomada por seus pares”, o vocati- da Câmara de Vereadores, o vocativo a ser emprega-
vo e o pronome de tratamento estão empregados de do, seguido do respectivo cargo, é:
acordo com as normas das comunicações oficiais.
a) Ilustre Senhor Presidente da Câmara de Vereado-
QUESTÃO 10 res
Dada a necessidade de se conferir formalidade à re- b) Senhor Presidente da Câmara de Vereadores
dação oficial, o uso do tratamento digníssimo (DD) é c) Digníssimo Presidente da Câmara de Vereadores
indicado nas comunicações dirigidas a autoridades d) Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara de
superiores do Ministério Público. Vereadores
QUESTÃO 11
QUESTÃO 16
A Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 1992,
estabelece normas para o emprego das formas de É consagrado pela tradição o emprego do pronome de
tratamento em redação oficial. Segundo essa Instru- tratamento Vossa Excelência em correspondências
ção Normativa, em uma comunicação a um Secretário oficiais dirigidas ao presidente do TSE.
de Segurança Pública, o vocativo a ser empregado,
seguido do respectivo cargo, é: QUESTÃO 17

a) Ilustre Senhor Secretário de Segurança Pública ( ) O tratamento Vossa Senhoria (V.S.ª) é utilizado
b) Senhor Secretário de Segurança Pública para oficiais até coronel e funcionários graduados
c) Digníssimo Secretário de Segurança Pública como diretores, chefes de departamento, chefes de
d) Excelentíssimo Senhor Secretário de Segurança divisão e chefes de seção.
Pública ( ) Vossa Excelência (V.Ex.ª) o presidente Juscelino
Kubitschek de Oliveira inaugurou Brasília em 1960.
QUESTÃO 12 ( ) Dirijo-me a Vossa Senhoria (V.S.ª), senhor dire-
Embora não haja uma forma rígida para a estrutura tor, para elogiar o vosso discurso.
do correio eletrônico, deve-se empregar nesse docu- ( ) Sua Excelência a presidente Dilma Rousseff tran-
mento linguagem compatível com as regras da comu- quilizou os repórteres, dizendo que não faltaria ener-
nicação oficial. Assim, em correio eletrônico destinado gia à população.
a um conselheiro da OAB, por exemplo, é permitido o
emprego do vocativo “Prezado Senhor Conselheiro” e Assinale a alternativa que apresenta a sequência
do fecho “Cordialmente”. CORRETA.

QUESTÃO 13 a) V F V F. b) V F F V. c) F V V F.
d) F V F V.
De acordo com o Manual de Redação da Presidência
da República, o emprego dos pronomes de tratamen-
to obedece à secular tradição. É de uso consagrado o

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QUESTÃO 18
Por estar de acordo com as regras de concordância do QUESTÃO 21
padrão culto da linguagem, a frase Vossa Excelência
indicareis a vossa nova secretária seria adequada
para compor a redação de documento oficial.

QUESTÃO 19
Com base no Manual de Redação da Presidência da
República (MRPR), assinale a opção correta acerca do
tipo de linguagem e dos pronomes de tratamento
adequados à comunicação oficial.

a) O uso de linguagem rebuscada e formal nas reda-


ções oficiais decorre da exigência do emprego da
norma padrão nesse tipo de correspondência.
b) As normas de concordância referentes a pronomes
de tratamento, como “Vossa Senhoria” e “Vossa Exce-
lência”, são diferenciadas, já que, embora correspon-
dam à segunda pessoa gramatical — aquela com
quem se fala —, o verbo responsável por predicar tais
pronomes flexiona-se na terceira pessoa.
c) A forma de tratamento adequada a ministros de
Estado é “Excelentíssimo Senhor”.
d) Emprega-se a forma de tratamento “Digníssimo”
para denotar respeito à pessoa com quem se fala; seu
uso, no entanto, é facultativo.
e) Em comunicações oficiais, deve predominar o uso
da linguagem técnica, dada a especificidade dos as-
suntos tratados nesses textos.

QUESTÃO 20
Por se referirem à segunda pessoa gramatical, ou
seja, à pessoa com quem se fala no discurso, os pro-
nomes de tratamento requerem concordância na se-
gunda pessoa, estando, portanto, de acordo com a
prescrição gramatical e conforme as normas de reda-
ção de documentos oficiais o seguinte trecho: Vossa
Excelência deveis incluir tais questões em vosso dis-
curso.

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GABARITO

QUESTÃO 01 ERRADO
QUESTÃO 02 ERRADO
QUESTÃO 03 EM SALA
QUESTÃO 04 CERTO
QUESTÃO 05 D
QUESTÃO 06 CERTO
QUESTÃO 07 B
QUESTÃO 08 B
QUESTÃO 09 CERTO
QUESTÃO 10 ERRADO
QUESTÃO 11 B
QUESTÃO 12 ERRADO
QUESTÃO 13 D
QUESTÃO 14 B
QUESTÃO 15 B
QUESTÃO 16 CERTO
QUESTÃO 17 EM SALA
QUESTÃO 18 ERRADO
QUESTÃO 19 B
QUESTÃO 20 ERRADO
QUESTÃO 21 ERRADO

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