Você está na página 1de 15

UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

Formas de tratamento no Português:


- Nominais e pronominais
- Verbais

Victorino Castro Morais, 81231714


:

Nampula, Março de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM NUTRIÇÃO

Formas de tratamento no Português:


- Nominais e pronominais
- Verbais

Trabalho de Campo da disciplina de Técnicas


Victorino Castro Morais, 81231714
de Expressão Oral e Escrita a ser submetido na
Coordenação do Curso de Licenciatura em
Nutrição do 1º ano, da UnISCED, leccionado
pelo docente: Wiliam Zona

Nampula, Março de 2023

2
Índice
Introdução..........................................................................................................................4

Objectivos..........................................................................................................................4

Metodologia.......................................................................................................................4

Formas de tratamentos.......................................................................................................5

Conceito.............................................................................................................................5

O uso dos pronomes de tratamento...................................................................................5

Lista dos Pronomes de Tratamento...................................................................................6

Funções de Formas de Tratamento....................................................................................7

Formas de Tratamento e Endereçamento..........................................................................9

Concordância de género..................................................................................................10

Concordância de pessoa..................................................................................................10

A pessoa do emissor........................................................................................................10

Abreviatura das formas de tratamento.............................................................................11

Vossa Magnificência.......................................................................................................11

Formas de tratamento formais e informais na actualidade..............................................11

Conclusão........................................................................................................................14

Bibliografia......................................................................................................................15

3
Introdução
Os pronomes de tratamento são palavras que exprimem o distanciamento e a
subordinação em que uma pessoa voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de
agradá-la e desejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego abusivo poderá
afectar negativamente a dignidade da pessoa que os emprego.

Além disso, os pronomes de tratamento caracterizam-se por apropriarem-se das


estruturas conjugais dos pronomes pessoais. Mais do que simples direccionamentos, as
formas de tratamento são engrenagens linguísticas que designam uma série de
significados na relação com o falante.

Objectivos
Objectivo geral

Conceitualizar as formas de tratamento;

Objectivos específicos

Utilizar correctamente as formas de tratamento;


Identificar as entidades a partir das formas de tratamento.

Metodologia
A metodologia usada durante a pesquisa para a elaboração deste trabalho foi
fundamentada, basicamente na referência bibliográfica. Trata-se de um método de
abordagem qualitativa do tipo descritivo exploratório e de paradigma histórico,
portanto, sobre a elaboração do trabalho foi possível com o uso da consulta documental
e bibliográfica, obedecendo as regras de elaboração de trabalhos científicos.

4
Formas de tratamentos

Conceito
Segundo Cunha e Cintra (2002), denominam-se pronomes de tratamento certas palavras
e locuções que valem por verdadeiros pronomes pessoais como: você, o senhor, Vossa
Excelência.

Portanto Haverkate (1994), diz que pronome de tratamento são palavras ou sintagmas
usados pelo falante de uma língua com o objectivo de dirigir-se ou referir-se a outra
pessoa estando em uma relação de interacção comunicativa, seja ela uma relação
hierárquica ou de respeito. Além disso, os pronomes de tratamento caracterizam-se por
apropriarem-se das estruturas conjugais dos pronomes pessoais. Mais do que simples
direccionamentos, as formas de tratamento são engrenagens linguísticas que designam
uma série de significados na relação com o falante.

O uso dos pronomes de tratamento


Os pronomes de tratamento possuem contextos específicos de uso.

Goffman (1982), indica que todo tipo de pronome (pessoal, possessivo, demonstrativo,
indefinido etc.) segue regras gramaticais estabelecidas na língua portuguesa padrão que
norteiam o seu uso. No caso dos pronomes de tratamento, algumas regras devem ser
levadas em consideração:

Os pronomes de tratamento costumam levar em conta os títulos ou qualidades das


pessoas a quem nos dirigimos ou sobre quem falamos, como idade, cargo ocupado etc
(Faria, 2009),

Segundo Faria (2009), na maioria dos pronomes de tratamento, utiliza-se a flexão no


feminino, como em Vossa Alteza, Vossa Mercê, Vossa Eminência. Note que o termo
“Vossa” concorda com o título que vem a seguir.

Emprega-se o termo “Vossa” quando se fala directamente com a pessoa, quando é o


interlocutor, portanto, na 2ª pessoa. Já o termo “Sua” quando se fala da pessoa, quando

5
ela é o tema, portanto, na 3ª pessoa. Com relação à flexão verbal, em ambos os casos,
será sempre feita na 3ª pessoa (Lima, 2006). Veja nos exemplos abaixo:

a) Vossa Excelência decidiu a medida a ser tomada?


b) Sua Excelência, o Presidente, decidiu a medida a ser tomada.
c) Vossa Santidade é um homem de muita fé.
d) Sua Santidade, o Papa, é um homem de muita fé.
e) Você sabe o que tem para o almoço?"

Segundo Rodrigues (2002), as formas de tratamento se constituem nos modos pelos


quais nos dirigimos às autoridades, quer por meio de correspondência oficial, quer de
forma verbal em actos solenes.

Inúmeras são as situações em que devemos nos expor ou apresentar os nossos saberes,
perante os outros.

O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na Língua


Portuguesa.

Os pronomes de tratamento são usados para se dirigir às pessoas com quem se fala (2.ª
pessoa). Eles representam as formas educadas, de acordo com a idade ou cargo
ocupados, e assumem o papel de pronomes pessoais.

Você (v.) é um pronome de tratamento que é, todavia, utilizado em situações informais.

Exemplo:

Você deveria mudar essa roupa para ir à festa.

Lista dos Pronomes de Tratamento


Pronome Abreviaturas Utilização
Singular Plural
Senhor(es) e Senhora(s) sr. e sra. srs. e sras. Tratamento formal.
Você(s) v. v. Tratamento informal.
Vossa(s) Alteza(s) V.A. VV. AA. Príncipes e princesas,
duques e duquesas.
Vossa(s) Eminência(s) V. Ema., V. V. Emas., V. Cardeais.
Em.a ou V. Em.as ou V.
Em.a Em.as
Vossa(s) Excelência(s) V. Ex.a ou V. V. Ex.as ou Altas autoridades:
Ex.a V. Ex.as Presidente da República,
ministros, deputados,

6
embaixadores.
Vossa Excelentíssima V. Ex.a V. Ex.as Bispos e arcebispos.
Reverendíssima Rev.ma Rev.mas
Vossa(s) V. Mag.a. ou V. Mag.as ou Reitores de universidades.
Magnificência(s) V. Mag.a V. Mag.as
Vossa(s)Majestade(s) V. M. VV. MM. Reis e rainhas, imperadores
e imperatrizes.
Vossa Reverência V. Rev.a V. Rev.as Sacerdotes e outras
autoridades religiosas do
mesmo nível.
Vossa(s) V. Revma., V. V. Revma., Sacerdotes e outras
Reverendíssima(s) Rev.ma ou V. V. Rev.mas autoridades religiosas do
Rev.ma ou Rev.mas mesmo nível.
Vossa Santidade V. S. - Papa.
Vossa(s) Senhoria(s) V. S.a ou V. S.as ou Oficiais, funcionários
V.S.a V.S.as graduados e tratamento
comercial.

Estas formas aplicam-se à 2ª pessoa, àquela com quem falamos; para a 3ª pessoa aquela
de quem falamos, usam-se as formas Sua Alteza, Sua

Eminência, etc. Mas as últimas podem empregar-se com valor das primeiras, como
expressão de máxima cerimónia, mormente quando seguidas de aposto que contenha um
título determinado por artigo (Rodrigues, 2002).

Assim, em lugar de:

Vossa Excelência Senhor Ministro aprova a medida?

É lícito dizer-se

Sua Excelência, o Senhor Ministro, aprova a medida?

Em princípio, os pronomes de tratamento da 2ª pessoa devem acompanhar o verbo para


evitar confusão com o sujeito da terceira.

a) Seu irmão cantava, e você o acompanhava.


b) Vossa Reverência já leu este livro?

Funções de Formas de Tratamento


Quando duas ou mais pessoas conversam, uma pode dirigir-se à outra empregando um
nome ou um pronome, que cumprirão a função de apelar ou chamar a atenção do
interlocutor (Saraiva, 2002).

7
O tratamento é um sistema de significação que contempla diversas modalidades de
dirigir-se a uma pessoa.

Trata-se de um código social que, quando se transgride, pode causar prejuízo no


relacionamento entre os interlocutores.

Por formas de tratamento designamos tanto os termos que se referem ao par


falante/ouvinte, como os vocativos usados para chamar a atenção do destinatário.

As formas de tratamento abrangem tanto os chamados pronomes pessoais de tratamento


quanto as formas nominais, isto é, o uso de nomes próprios, títulos, apelidos e outras
formas nominais que identifiquem a pessoa referida.

Portanto Saraiva (2002), a linguagem é um veículo para a interacção com outras


pessoas, por isso é utilizada diariamente e, muitas vezes, as pessoas não reconhecem o
quanto ela é importante. Como não se pode desvincular a linguagem da sociedade, é
preciso conhecer o conjunto de normas que regulam o comportamento adequado dos
membros de um meio social. Por isso cada sociedade estabelece regras que regulam
esses comportamentos.

As formas de tratamento fazem parte dessas regras sociais que sancionam determinados
comportamentos como adequados ou inadequados.

Quando duas ou mais pessoas conversam, uma pode dirigir-se à outra empregando um
nome ou um pronome, que cumprirão a função de apelar ou chamar a atenção do
interlocutor. O tratamento é, pois, um sistema de significação que contempla diversas
modalidades de dirigir-se a uma pessoa. Trata-se de um código social que, quando se
transgride, pode causar prejuízo no relacionamento entre os interlocutores.

Por formas de tratamento designamos tanto os termos que se referem ao par


falante/ouvinte, como os vocativos usados para chamar a atenção do destinatário.

Com efeito, as formas de tratamento abrangem tanto os chamados pronomes pessoais de


tratamento quanto as formas nominais, isto é, uso de nomes próprios, títulos, apelidos e
outras formas nominais que identifiquem a pessoa referida.

Entendemos por formas de tratamento, palavras ou sintagmas que o usuário da língua


emprega para dirigir-se e/ou referir à outra pessoa.

Estabelecemos quatro níveis para essas formas de tratamento, a saber:

8
1. Formas pronominalizadas, isto é, palavras e expressões que equivalem a
verdadeiros pronomes de tratamento, como as formais você, o senhor, a senhora.
2. Formas nominais, constituídas por nomes próprios, nomes de parentesco, nomes
de funções (como professor, doutor, etc.).
3. Formas vocativas, isto é, palavras desligadas da estrutura argumental do
enunciado e usadas para designar ou chamar a pessoa com quem se fala.
Normalmente, essas são acompanhadas por pronomes pessoais explícitos ou
implícitos.
4. Outras formas referenciais, isto é, palavras usadas como referência à pessoa de
quem se fala.

Normalmente, as sociedades estão divididas hierarquicamente, por isso o tratamento que


recebe um membro da sociedade depende do papel que desempenha e de suas
características: idade, sexo, posição familiar, hierarquia profissional, grau de intimidade,
etc. Sendo assim, cada qual deve tratar o outro de acordo com as posições relativas que
ambos ocupam na escala social. É considerado descortês o fato de uma pessoa se dirigir
a um superior hierárquico com excessiva familiaridade. Caso esse fato ocorra, o
superior poderá imaginar que o interlocutor deseja algum favor ou que, habitualmente,
transgride as normas sociais (Saraiva, 2002). Da mesma forma, é inadequado dirigir-se
a um amigo íntimo de maneira formal. Se de fato ocorrer, pode ser um claro sinal de
desejo de distanciamento da relação amistosa ou de artificialidade no comportamento
social.

Segundo Cintra (1972), “o uso das formas de tratamento é a expressão linguística da


estrutura que vigora em um determinado meio social”. O emprego dos tratamentos não
depende propriamente do sistema linguístico, mas da forma como a sociedade está
organizada. Sabemos que a sociedade está sujeita a mudanças. No Brasil pós-ditadura
militar, houve profundas mudanças na sociedade, especialmente em relação à liberação
dos costumes. É evidente que os tratamentos acompanharam essas mudanças e, não
raro, reflectem os costumes mais liberais que vêm caracterizando a sociedade brasileira
dos últimos tempos (lima, 2006).

Formas de Tratamento e Endereçamento


Umas das características do estilo da correspondência oficial e empresarial é a polidez,
entendida como o ajustamento da expressão às normas de educação ou cortesia.

9
A polidez se manifesta no emprego de fórmulas de cortesia (“Tenho a honra de
encaminhar” e não, simplesmente, “Encaminho…”; “Tomo a liberdade de sugerir…”
em vez de, simplesmente, “Sugiro…”); no cuidado de evitar frases agressivas ou
ásperas (até uma carta de cobrança pode ter seu tom amenizado, fazendo-se menção, por
exemplo, a um possível esquecimento…); no emprego adequado das formas de
tratamento, dispensando sempre atenção respeitosa a superiores, colegas e subalternos.

Concordância de género
Com as formas de tratamento, faz-se a concordância com o sexo das pessoas a que se
referem:

 Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a assistir ao III Seminário da


FALE.
 Vossa Excelência será informada (mulher) a respeito das conclusões do III
Seminário da FALE.

Concordância de pessoa
Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão, as formas de tratamento exigem verbos
e pronomes referentes a elas na terceira pessoa:

Vossa Excelência solicitou…

Vossa Senhoria informou…

Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria e sua equipe para… Na oportunidade,


teremos a honra de ouvi-los…

A pessoa do emissor
O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo, poderá utilizar a primeira pessoa do
singular ou a primeira do plural (plural de modéstia).

Não pode, no entanto, misturar as duas opções ao longo do texto:

 Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência…


 Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência…
 Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência…
 Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência…

10
 Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua (Excelência, Senhoria, etc.)

Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento directo – usa-se para dirigir-se a pessoa
com quem se fala, ou a quem se dirige a correspondência (equivale a você): Na
expectativa do atendimento do que acaba de ser solicitado, apresento a Vossa Senhoria
nossas atenciosas saudações.

Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pessoa de quem se fala (equivale a ele
fala): Na abertura do Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor da PUCRS falou sobre
o Plano Estratégico.

Abreviatura das formas de tratamento


Segundo Lima (2006), “a forma por extenso demonstra maior respeito, maior
deferência, sendo de rigor em correspondência dirigida ao Presidente da República”.
Fique claro, no entanto, que qualquer forma de tratamento pode ser escrita por extenso,
independentemente do cargo ocupado pelo destinatário.

Vossa Magnificência
É assim que manuais mais antigos de redacção ensinam a tratar os reitores de
universidades. Uma forma muito cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e
pronunciar, e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento tão grande entre a
pessoa do reitor e o corpo docente e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a
fórmula> Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser simplesmente Senhor
Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor.

Formas de tratamento formais e informais na actualidade


Conforme observado no caso de você, dois itens lexicais passaram a ser um, e este, por
sua vez, passou por muitas transformações através dos tempos. Essas transformações
não são involuntárias e nem são impulsionadas por factores extremamente internos da
língua. Ao contrário, são os factores ou forças externos à língua que fazem a
engrenagem da mudança linguística acontecer.

Saussure, em seus estudos, já deixa claro que o estudo da linguagem requer considerar
apuração de dados externos à língua, ainda que ele, para analisar o sistema, tenha
recortado de seus estudos os elementos externos:

11
Nossa definição da língua supõe que eliminamos dela tudo o que lhe seja
estranho ao organismo, ao seu sistema: tudo quanto se designa pelo
termo “linguística externa”. Essa Linguística se ocupa, todavia, de coisas
importantes. E é sobretudo nelas que se pensa quando se aborda o estudo
da linguagem. (Saussure, 2012, p. 53)
É perceptível, com a recomendação de Saussure, que ele mesmo já considerava que o
estudo língua em uso (ou da linguagem) requer o reconhecimento de forças externas ao
sistema. O linguista ainda afirma serem língua e a fala objectos complementares, ou
seja, para se entender a fala, a língua se faz necessária, mas a língua é estabelecida pela
fala. É importante lembrar que a fala é um objecto cujos elementos são externos ao
sistema da língua. Saussure também diz que a fala vem sempre antes, com relação à
História, entendida, neste caso, como fatos, acontecimentos e fenômenos humanos, de
que trata a narrativa histórica.

Sem dúvida, esses dois objectos estão estreitamente ligados e se implicam mutuamente;
a língua é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os seus efeitos; mas
esta é necessária para que a língua se estabeleça; historicamente, o fato da fala vem
sempre antes. (Saussure, 2012, p. 51)

A língua está em constante transformação. Essa transformação é motivada por forças


externas e, portanto, é insuficiente estudar a linguagem só no âmbito do sistema, na
língua fechada em si. As questões históricas que envolvem o uso da língua precisam ser
entendidas para, assim, compreender as mudanças no próprio sistema. Então, língua é
produto e instrumento da fala, como reitera Saussure (2012): Existe, pois,
interdependência da língua e da fala; aquela é ao mesmo tempo o instrumento e o
produto desta.

Entender que o pai da linguística moderna já observava a língua como um fenómeno


social é suporte essencial para que se discuta acerca das formas de tratamento utilizadas
na actualidade, uma vez que, para entendê-las, é preciso observar a língua não só como
um fato fechado em si, mas como fato ligado às necessidades dos usuários. É a história
humana, com seus factores psicossociais, que impulsiona as mudanças e os novos usos
dos itens linguísticos. É com base nessa concepção de língua que se analisam aqui as
formas de tratamento mano, meu, parça, tio.

Fávero (2017) afirma, com relação às formas de tratamento, que cortesia (ou polidez) é
um conjunto de normas, em uma comunidade, que regulam o comportamento de seus

12
membros, mas que, além dessa concepção tradicional, a cortesia está ligada a
fenômenos cognitivos (Escadel – Vidal), custo benefício (Leech) e preservação da face
(Goffman, Brown, Levinson e Kerbrat - Orecchioni). Pode-se compreender, mais uma
vez, que a perspectiva acerca das formas de tratamento não pode ser feita somente pelo
viés da língua, excluindo factores externos.

Com base nisso, trata-se aqui das formas de tratamento sob o olhar da variação
linguística e também pelo paradigma da gramaticalização. No que diz respeito à
variação linguística, serão abordados os conceitos vistos em Ilari e Basso (2014) e em
Martelotta (2011). E, no que diz respeito ao paradigma da gramaticalização, os
conceitos observados em Gonçalves e Santos (2011) e Gonçalves, Lima-Hernandes e
Casseb-Galvão (2011). No que se refera aos aspectos de linhas mais tradicionais, serão
mencionados Azeredo (2008), Cegalla (2004), Cunha (2010), Tufano (1985), cujos
conceitos acerca das formas de tratamento serão apresentados no desenvolver da análise
a seguir.

Para se entender precisamente os fenómenos linguísticos, é preciso verificar as


motivações que levam o falante a compreender e se apropriar de determinados usos da
língua, em uma posição que coloque o falante em um lugar de protagonismo ou sujeito
da pesquisa.

13
Conclusão
Pronomes de tratamento são palavras ou expressões que usamos para nos referir às
pessoas, em consideração ao cargo que exercem, posição social, ou ainda, para indicar
formalidade e respeito.

Os pronomes de tratamento correspondem a pronomes pessoais e o verbo


correspondente é conjugado na 3ª pessoa.

As formas de tratamento fazem parte dessas regras sociais que sancionam determinados
comportamentos como adequados ou inadequados.

Quando duas ou mais pessoas conversam, uma pode dirigir-se à outra empregando um
nome ou um pronome, que cumprirão a função de apelar ou chamar a atenção do
interlocutor. O tratamento é, pois, um sistema de significação que contempla diversas
modalidades de dirigir-se a uma pessoa. Trata-se de um código social que, quando se
transgride, pode causar prejuízo no relacionamento entre os interlocutores.

14
Bibliografia
AZEREDO, J. C. (2013). Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2013.

CINTRA, L. F. L. (1972). Sobre formas de tratamento na língua portuguesa. Lisboa:


Horizonte.

CUNHA, C. & CINTRA, L. F. L. (2002). Nova Gramática do Português


Contemporâneo. (17ª Ed.). Lisboa: Edições João Sá da Costa.

FARIA, R. (2009). O fenómeno da delicadeza linguística em Português e em Inglês –


Tese de doutoramento, Lisboa: Faculdade de Ciências Humanas da Universidade
Católica Portuguesa.

FÁVERO, L. L (2017). Formas de tratamento e cortesia no diálogo de jovens do


Português brasileiro. PUC/USP/CNPq.

GOFFMAN, E. (1982). Interaction Ritual, essays on face-to-face behavior. Nova


Iorque: Doubleday & Company, Inc.

LIMA, J. P. (2006). Pragmática Linguística. Lisboa: Editorial Caminho.

MATTOSO CÂMARA J., J. (1979). História e estrutura da língua portuguesa. (2ª


Ed.). Rio de Janeiro: Padrão – livraria editora LTDA.

RODRIGUES, D. F. (2002). Cortesia Linguística - Tese de doutoramento, Lisboa:


Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

SARAIVA, M. C. P. (2002). Estudo de Formas de Tratamento no Português Europeu


Contemporâneo: contributos para um manual didáctico - Dissertação de Mestrado,
Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

SAUSSURE, C. (2012). Gramática do Português Contemporâneo. São Paulo: L&PM.

15

Você também pode gostar