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O presente trabalho é mais uma realização do Curso ADSUMUS que tem por
finalidade levar aos candidatos do Concurso para o Processo Seletivo Unificado
de Praças RM-2 Marinha do Brasil 2022 esta Apostila contém todo o conteúdo
bibliográfico de PORTUGUÊS, HISTÓRIA NAVAL e FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA
PÚBLICA, LEGISLAÇÃO MILITAR-NAVAL e RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA,
estabelecido para o referido processo seletivo previsto no Aviso de Convocação
nº 09/2021.
Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes; porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por
onde quer que andares. (Josué 1:9)”
I. SEMÂNTICA ......................................................................................................................................................................... 2
II. FONEMAS X LETRAS ........................................................................................................................................................... 6
III. REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA ............................................................................................................................... 10
IV. USO DO HÍFEN - TABELA ESQUEMÁTICA – SÍNTESE DAS REGRAS .................................................................................. 12
V. ORTOGRAFIA – USO CORRETO DAS LETRAS .................................................................................................................... 13
VI. USO CORRETO DAS PALAVRAS ....................................................................................................................................... 15
VII. OS ELEMENTOS DA MORFOLOGIA................................................................................................................................. 19
VIII. SUBSTANTIVO ............................................................................................................................................................... 21
IX. ADJETIVO......................................................................................................................................................................... 27
X. ARTIGO ............................................................................................................................................................................. 30
XI. NUMERAL ........................................................................................................................................................................ 31
XII. CONCEITOS DE PRONOMES ........................................................................................................................................... 31
XIII. VERBOS ......................................................................................................................................................................... 42
XIV. ADVÉRBIOS ................................................................................................................................................................... 47
XV. CONECTIVOS – PREPOSIÇÕES E CONJUNÇÕES .............................................................................................................. 50
PARTE II – ANÁLISE SINTÁTICA - XVI. PERÍODO SIMPLES ................................................................................................... 56
XVII. PERÍODO COMPOSTO .................................................................................................................................................. 61
XVIII. CONCORDÂNCIA VERBAL ............................................................................................................................................ 64
XIX. CONCORDÂNCIA NOMINAL .......................................................................................................................................... 67
XX. REGÊNCIA NOMINAL ...................................................................................................................................................... 69
XXI. REGÊNCIA VERBAL ........................................................................................................................................................ 70
XXII. CRASE ........................................................................................................................................................................... 72
XXIII. PONTUAÇÃO ............................................................................................................................................................... 76
XXIV. COLOCAÇÃO PRONOMINAL........................................................................................................................................ 79
PARTE III - COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ................................................................................................. 81
VERBOS UTILIZADOS EM PROVA.......................................................................................................................................... 86
COESÃO E COERÊNCIA ......................................................................................................................................................... 89
SISTEMA LINGUÍSTICO, FALA E NORMA............................................................................................................................... 92
LINGUAGEM CÓDIGO........................................................................................................................................................... 94
FIGURAS DE LINGUAGEM .................................................................................................................................................... 96
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I. SEMÂNTICA
1. Conceito de Semântica
A semântica é o ramo da linguística que estuda os significados e/ou sentido dos vocábulos da língua.
- Semântica Descritiva: denominada de semântica sincrônica, essa classificação indica o estudo da significação das
palavras na atualidade.
- Semântica Histórica: denominada de semântica diacrônica, se encarrega de estudar o significado das palavras em
determinado espaço de tempo.
2. Sinônimos e Antônimos
Os sinônimos e os antônimos designam palavras (substantivos, adjetivos, verbos, complementos, etc.), que segundo seu
significado, ora se assemelham (sinônimos) e ora são opostas (antônimos).
2.1 Sinônimos
Do grego, o termo sinônimo (synonymós) é formado pelas palavras “syn” (com); e “onymia” (nome), ou seja, no modo
literal significa aquele que está com o nome ou mesmo semelhante a ele. Não obstante, a sinonímia é o ramo da
semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante, sendo muito
utilizadas nas produções dos textos, uma vez que a repetição das palavras empobrece o conteúdo.
Sinônimos Perfeitos: são as palavras que compartilham significados idênticos, por exemplo: léxico e vocabulário; morrer e
falecer; após e depois.
Sinônimos Imperfeitos: são as palavras que compartilham significados semelhantes e não idênticos, por exemplo: feliz e
alegre; cidade e município; córrego e riacho.
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2.2 Antônimos
Do grego, o termo antônimo corresponde a união das palavras “anti” (algo contrário ou oposto) e “onymia” (nome). A
antonímia é o ramo da semântica que se debruça nos estudos sobre as palavras antônimas. Do mesmo modo que os
sinônimos, os antônimos são utilizados como recursos estilísticos na produção dos textos.
3. Homônimos e Parônimos
Os Homônimos e os Parônimos são termos que fazem parte do estudo da semântica (significado das palavras). As
palavras homônimas possuem a mesma pronúncia (às vezes, a mesma escrita) e significados distintos; as palavras
parônimas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, entretanto, possuem significados diferentes.
3.1 Homônimos
As palavras homônimas são classificadas em:
Homógrafas: são palavras iguais na grafia e diferentes na pronúncia, por exemplo: colher (verbo) e colher (substantivo);
jogo (substantivo) e jogo (verbo); denúncia (substantivo) e denuncia (verbo).
Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e diferentes na grafia, por exemplo: concertar (harmonizar) e consertar
(reparar); censo (recenseamento) e senso (juízo); acender (atear) e ascender (subir).
Perfeitas: são palavras iguais na grafia e iguais na pronúncia, por exemplo: caminho (substantivo) e caminho (verbo); cedo
(verbo) e cedo (advérbio de tempo); livre (adjetivo) e livre (verbo).
3.2 Parônimos
Os parônimos são as palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, entretanto, diferem no sentido. Por isso, é
muito importante tomar conhecimento desses termos para que não haja confusão.
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Eminente (elevado) e iminente (prestes a ocorrer)
Flagrante (evidente) e fragrante (perfumado)
Fluir (transcorrer, decorrer) e fruir (desfrutar)
Imergir (afundar) e emergir (vir à tona)
Inflação (alta dos preços) e infração (violação)
Infligir (aplicar pena) e infringir (violar)
Mandado (ordem judicial) e mandato (procuração)
Osso (parte do corpo) e ouço (verbo ouvir)
Peão (aquele que anda a pé, domador de cavalos) e pião (brinquedo)
Precedente (que vem antes) e procedente (proveniente de; que possui fundamento)
Ratificar (confirmar) e retificar (corrigir)
Recrear (divertir) e recriar (criar novamente)
Tráfego (trânsito) e tráfico (comércio ilegal)
Soar (produzir som) e suar (transpirar)
4. Polissemia
A Polissemia representa a multiplicidade de significados de uma palavra. Do grego polis, significa "muitos", enquanto
sema refere-se ao "significado".
Portanto, um termo polissêmico é aquele que pode apresentar significados distintos de acordo com o contexto. Apesar
disso, eles têm a mesma etimologia e se relacionam em termos de ideia.
Vejamos alguns exemplos no qual as mesmas palavras são utilizadas em diferentes contextos:
Exemplo 1
a) A letra da música do Chico Buarque é incrível.
b) A letra daquele aluno é inteligível
c) Meu nome começa com a letra D.
Logo, constatamos que a palavra "letra" é um termo polissêmico, visto que abarca significados distintos dependendo de
sua utilização. Assim, na frase 1, a palavra é utilizada como "música, canção". Na 2 significa "caligrafia". Já na oração 3
indica a "letra do alfabeto". Apesar dos muitos significados, todos se relacionam com a ideia de escrita.
Exemplo 2
a) A boca da garrafa de cerveja está com ferrugem.
b) O seu João continua mandando bocas para a vizinha do 1.º D.
c) E que tal se você fechasse a boca?
Na oração 1 a boca da garrafa é a abertura do recipiente, enquanto na 2, tem o sentido de provocação. Apenas na oração
3 é feita referência à parte do corpo. Todos, nos entanto, se relacionam com a função da boca: abertura, fala.
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Exemplo 1 – Temos Polissêmicos
a) A praia parecia um formigueiro no sábado.
b) O paciente queixou-se ao médico do formigueiro nas mãos.
c) Foi todo picado logo depois de pisar num formigueiro.
Na oração 1, formigueiro tem o sentido de multidão, na oração 2, tem o sentido de coceira. E, finalmente, na oração 3, o
formigueiro refere-se à toca das formigas. Todos se relacionam com a ideia de multidão, muitas formigas passando dão a
sensação de comichão, por exemplo.
5. Hiperônimos e Hipônimos
Hiperônimos são palavras de sentido genérico que têm mai abrangência que os vocábulos mais específicos (no caso, os
hipônimos)
Legume é hiperônimo de batata e cenoura.
Comprou flores e deu as rosas para a mulher.
Hipônimos são, hierarquicamente, mais específicos que os hiperônimos.
Maçã e morango são hipônimos de frutas.
Vinha um ônibus , mas o pedestre não vou o veículo.
6. Conotação e Denotação
A Conotação e a Denotação são as variações de significados que ocorrem no signo linguístico. O signo linguístico é
composto de um significante (letras e sons) e um significado (conceito, ideia).
Sentido conotativo é a linguagem em que a palavra é utilizada em sentido figurado, subjetivo ou expressivo. Ele depende
do contexto em que é empregado, sendo muito utilizado na literatura. Isso porque, no meio literário, muitas palavras tem
forte carga de sensações e sentimentos.
Sentido denotativo é a linguagem em que a palavra é utilizada em seu sentido próprio, literal, original, real, objetivo.
Exemplos
Aquele homem é um cachorro. (linguagem conotativa, sentido figurado)
O cachorro da vizinha fugiu essa manhã. (linguagem denotativa, sentido próprio)
Nesse exemplo, podemos notar que a palavra cachorro é utilizada em dois sentidos diferentes: conotativo e denotativo.
Na primeira frase o termo refere-se ao caráter do homem "cachorro", numa linguagem conotativa que indica que o
homem é mulherengo ou infiel. Na segunda frase o termo está empregado de forma denotativa, ou seja, no sentido real e
original da palavra cachorro: animal doméstico.
O sentido denotativo é, muitas vezes, caracterizado como o sentido do dicionário, ou seja, o primeira acepção da palavra.
Contudo, depois da acepção denotativa há uma abreviação, normalmente entre parênteses (fig), que indica o sentido
figurado da palavra, ou seja, o sentido conotativo.
Segundo o dicionário online de português (dicio.com.br), a palavra cachorro significa: “s.m. Cão novo. (...) Fig. Pop.
Homem desaforado, de mau caráter ou mau gênio; indivíduo desprezível, canalha."
6. Ortoépia
Ortoépia ou Ortoepia trata da pronúncia correta das palavras. Cotidianamente, e de forma natural, pronunciamos
palavras de forma incorreta, que fogem à norma culta, de modo que essa parte da fonologia trata da pronúncia de acordo
com a gramática normativa.
Assim, são inúmeros os exemplos de cacoépia (erros de pronúncia), como se segue.
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7. Curiosidades
Essa é a maior palavra da língua portuguesa: pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. Não precisa contar. Ela
tem 46 letras! Segundo o Dicionário Online de Português, ela significa algo relacionado com a doença que ataca os
pulmões, causada pela inalação ou inspiração de cinzas vulcânicas, das cinzas provenientes de vulcões. Refere-se à
pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose (doença).
Além dessa, há várias palavras difíceis de falar especialmente em virtude de sua extensão. Muitas delas estão ligadas às
áreas de Biologia e Química: Paraclorobenzilpirrolidinonetilbenzimidazol e Piperidinoetoxicarbometoxibenzofenona,
com 43 e 37 letras, respectivamente, são nomes de substâncias químicas; Hipopotomonstrosesquipedaliofobia também é
o nome de uma doença e tem 33 letras.
Anticonstitucionalissimamente é o maior de todos os advérbios. Tem 29 letras.
1. Um fonema é a menor unidade sonora (fonológica) de uma língua que estabelece contraste de significado para
diferenciar palavras. Por exemplo, a diferença entre as palavras TATO e PATO, quando faladas, está apenas no primeiro
fonema: /t/ na primeira e /p/ na segunda. Já nas palavras PATA e TAPA, houve uma inversão de fonemas de modo a
formar uma nova palavra: /p/ /t/ na primeira e /t/ /p/ na segunda.
O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua escrita, representamos os fonemas por meio de sinais
chamados letras. Portanto, letra é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exemplo, a letra s representa
o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra s representa o fonema /z/ (lê-se zê).
Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode
ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.
Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por exemplo, pode representar /s/
(texto), /z/ (exibir), /chê/ (enxame), /ks/ (táxi), /c/ (auxílio), /Ø/ (excelente).
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3. Regras de Separação Silábica
4. Encontros Vocálicos
4.1) Ditongo
Quando um conjunto composto por uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) é pronunciado numa mesma sílaba, o
encontro vocálico é classificado como ditongo.
ATENÇÃO
Palavras como AMAM, ARMAZÉM e CUPOM também possuem ditongo! Você não vê a semivogal, mas as pronuncia: em
AMAM, AM sai com som de /ãu/; em ARMAZÉM, EM sai com som de /~ei/; em CUPOM, OM sai com som de /õu/
4.2.) Hiato
É o encontro de duas vogais fortes, por esse motivo não pertencentes à mesma sílaba.
saúde = sa – ú – de burocracia = bu – ro – cra – ci – a
maresia = ma – re – si – a seriado = se – ri – a – do
ATENÇÃO
A diferença entre ditongo e hiato está essencialmente na separação silábica decorrente da força da(s) vogal(is). Enquanto
naquele vogal e semivogal permanecem juntas na sílaba, neste as duas vogais se separam. Observe os pares "sai" / "sa-í",
"sa-bi-a" / "sá-bia".
4.3) Tritongo
É a junção de um grupo composto por uma vogal e duas semivogais numa única sílaba; sempre na ordem SV + V + SV;
nenhuma outra forma de tritongo será possível.
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4.3.1) Tritongo oral
Quando a pronúncia ocorre com passagem de ar apenas pela boca. Ex.: Uruguai, iguais.
ATENÇÃO
Palavras como IGUAL e DESÁGUAM/DESÁGUEM também possuem tritongo! Você não vê as semivogais, mas as pronuncia:
em IGUAL, o L sai com som de /u/; em DESÁGUAM, AM sai com som de /ão/.
5. Encontros Consonantais
É o agrupamento de duas ou mais consoantes, desde que sem vogal intermediária e representando dois ou mais sons
distintos.
6. Dígrafos
O dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em
Português, temos vinte dígrafos catalogados – dez consonantais e dez vocálicos.
ATENÇÃO
Na palavra "aquífero", a letra U é pronunciada, assim como em "quase". Atente que, nos grupos em que a letra U é
normalmente pronunciada, não teremos dígrafo. Outros casos: linguística, seriguela, cinquenta.
Nos casos em que as letras S e X representarem o fonema /s/, não teremos dígrafo, e sim encontro consonantal. Exemplo:
cas-ca; ex-cur-são.
ATENÇÃO
Os grupos AM, EM e OM, quando aparecem no final de uma palavra, formam ditongos nasais, e não dígrafos.
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7. Classificação quanto ao número de sílabas
7.1) Monossílabo
Palavras compostas por uma única sílaba. Exemplos: pá, mel, fé, sol.
7.2) Dissílabo
Palavras compostas por duas sílabas. Exemplos: ca-sa, me-sa, lá-pis.
7.3) Trissílabo
Palavras compostas por três sílabas. Exemplos: ci-da-de, a-tle-ta.
7.4) Polissílabo
Palavras compostas por mais de três sílabas. Exemplos: es-co-la-ri-da-de, ha-bi-li-da-de.
8. Classificação quanto à tonicidade das sílabas
8.1) Monossílabo átono
Palavras de uma sílaba fraca, ou seja, pronunciada sem ênfase. Estes podem ser Artigos (o, a, um), Pronomes Pessoais
Oblíquos (se, te, ti, lhe, o, a), Pronome relativo (que, qual), Conjunção (e, ou, ma) ou Preposição (dos, de, a, na).
8.2) Monossílabo tônico
Palavras de uma sílaba tônica, ou seja, pronunciadas com ênfase, que podem ser verbos (li, vi, ter, ser, dê), substantivos
(sol, mar, flor, mel), adjetivos (mau, bom, má), Pronomes (eu, tu, nós), Advérbios (lá, cá, bem).
8.3) Oxítonas
A sílaba tônica é a última. Exemplos: Picolé; Ruim; Cateter; Alguém; Parabéns; Feijão; Nobel; Mister; Sutil.
8.4) Paroxítonas
A sílaba tônica é a penúltima. Exemplos: Safári; Sabonete; Álbum; Colégio; Vírus; Órgão; Imã; Móveis; Tórax; Varinha.
8.5) Proparoxítonas
A sílaba tônica é a antepenúltima e sempre será acentuada. Exemplos: Lâmpada; Árvore; Exército; Quilômetro; Médico;
Mágico; Pássaro; Péssimo; Xícara; Óculos;
9. Acentos Gráficos
9.1) Acento agudo
O acento agudo (´) é usado na maioria dos idiomas para assinalar geralmente uma vogal aberta ou longa. Exemplos:
tráfego, café, moído, sólido, úmido.
9.2) Acento grave
O acento grave (`) é usado para marcar o fenômeno da crase, ou seja, a junção de um A preposição e um A artigo ou
pronome demonstrativo. Exemplos: Vou à festa; Dirijo-me àquela aluna.
9.3) Acento circunflexo
O acento circunflexo (^) é usado em português e tem função de marcar a posição da sílaba tônica. No caso específico do
português, aparece sobre as vogais a, e, o quando são tônicas na última ou antepenúltima sílaba e têm timbre fechado.
Exemplos: lâmpada, pêssego, supôs.
9.4) Til
O til (~) não é um acento gráfico. Serve para indicar a nasalização das vogais - atualmente somente nos ditongos ão, ãe, õe
e isoladamente na vogal ã, mas no passado podia aparecer também sobre a vogal e. Também aparece, em vocábulos
oriundos do espanhol, sobre a letra n para indicar /nh/, como em "Saenz Peña". Exemplo: limão, mãe, põe.
9.5) Trema
O trema (¨) é um sinal gráfico usado em português até o acordo ortográfico de 1990 sobre a letra u nos grupos que, qui,
gue e gui quando fossem pronunciados, como em freqüência e ungüento. Hoje só é utilizado em palavras estrangeiras ou
seus derivados - Müller ou Mülleriano.
9.6) Cedilha
A cedilha (,) é usada geralmente para indicar que uma consoante deve ser pronunciada de forma sibilante. Em português,
aparece sob a letra c (ç) apenas antes das vogais A, O e U. Exemplos: pirraça, cansaço, açúcar.
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III. REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA
1) Regra das Proparoxítonas
Todas as proparoxítonas são acentuadas, sem exceção.
Exemplos: Sábado; Maiúscula; Ínterim; Período;
As palavras derivadas do Latim também são acentuadas: álibi, déficit, hábitat, ínterim e máxime, portanto, devem ter
acento.
Cuidado com os vocábulos cuja presença/ausência do acento forma palavras diferentes: pratica / prática; medico /
médico; trânsito, transito
Atenção!
Palavras como Revólver e Tórax continuam sendo acentuadas quando passadas para o plural, mas a regra de acentuação
muda: se, no singular, elas são paroxítonas terminadas, respectivamente, em R e X, no plural elas passam a ser
proparoxítonas (Revólveres e Tóraxes).
Palavras como Pólen e Hífen, quando grafadas no plural, perderão o acento gráfico visto que palavras paroxítonas
terminadas em ENS não são acentuadas. Exemplo: Polens, Hifens, Itens
Observe que os verbos derivados de TER e VIR levarão acento também no singular. Isso acontece devido à regra da
acentuação das oxítonas terminadas em EM.
De acordo com o Decreto nº 6.583 (Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa), os hiatos EE e OO perdem seus
respectivos acentos. Sendo assim, passamos a escrever voo, enjoo, magoo, leem, deem, veem e creem sem acento.
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IV. USO DO HÍFEN - Tabela esquemática – Síntese das regras
Palavras compostas ou formadas por justaposição: O hífen é mantido nas palavras compostas nas quais os termos
mantêm significado próprio, mantendo inclusive o acento: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, médico-
cirurgião, tenente-coronel, tio-avô, alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano,
porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, euro-africano, primeiro-
ministro, primeiro-sargento, segunda-feira; conta-gotas, guarda-chuva.
Nos topônimos: O hífen é utilizado nos topônimos começados por Grã e Grão, cujo primeiro termo seja uma
flexão verbal ou cujos termos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-
Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-
Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
Observação: Outros topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen: A dos
Francos, América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc.
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Exceção: Guiné-Bissau e Timor-Leste mantêm o hífen, mesmo não estando no caso acima por configurarem exceções
consagradas pelo uso.
Nas locuções: Nas locuções em geral não se usa o hífen. O Acordo fornece vários exemplos:
a) substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) adverbiais: à parte, à vontade, de mais, depois de amanhã, em cima, por isso;
e) prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de,
enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
Exceção: nos casos consagrados pelo uso o hífen é mantido - água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-
perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
Nas colocações pronominais: O hífen continua a ser usado nas colocações enclíticas e mesoclíticas: amá-lo, dá-
se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos, dar-se-vos-á
Emprego de G ou J
Emprego de S, Ç, SS, SC e X
Existem diversas formas para a representação do fonema /S/. Observe:
Casos S Ç SS SC X Exemplos
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03. Ao invés de / Em vez de
Exemplos
a) Vou a São Paulo em vez de BH. c) Estudei química em vez de matemática.
b) Ele era grande ao invés de pequeno. d) Subiu a escada ao invés de descer.
Exemplos
a) Obrigada! Sua ajuda veio ao encontro do que eu c) Discutimos, pois suas ideias vão de encontro às
precisava. minhas.
b) Brigaram porque a opinião dele ia de encontro ao que d) Estamos satisfeitos porque sua decisão vem ao
ela acreditava. encontro das nossas reivindicações.
Exemplos
a) Conseguimos por meio de muito trabalho.
b) Olhava através de janelas bem pequenas.
06. Em princípio / A princípio
Exemplos
a) A princípio, pensei como você, mas logo mudei de ideia.
b) Em princípio, todo homem é igual perante a lei.
Exemplos
a) Me avise, senão vou esquecer. c) Se não puder, nos avise antes.
b) Não fez senão o prometido. d) Não houve um senão no evento,
Exemplos
a) Cancelamos a reunião na medida em que a negociação havia sido adiada.
b) A produtividade aumenta à medida que a equipe usa a ferramenta.
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09. Trás / Traz
Exemplos
a) Irei ao evento a fim de praticar o networking. c) Temos uma grande ideia afim.
b) Estou a fim de sair com aquela menina. d) As duas amigas têm pensamentos afins.
Exemplos
a) Ele não fez o que pedi, tampouco o que você pediu.
b) O fim de semana foi delicioso, mas durou tão pouco.
Exemplos
a) Acordo mal humorada. c) Hoje é um mau dia para conversarmos.
b) Mal cheguei, tinha trabalho na mesa. d) João é um mau menino que pratica o mal.
Exemplos
a) Muito obrigado, disse o rapaz na cerimônia. c) Muito obrigados, disseram eles na cerimônia.
b) Muito obrigada disse a moça na cerimônia. d) Muito obrigadas, disseram as moças.
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15. Acerca de / A cerca de / Há cerca de / Cerca de / A cerca
Exemplos
a) Deveríamos discutir mais acerca de política. d) A cerca de arame farpado foi cortada.
b) Moro a cerca de 3Km daqui. e) Estamos a cerca de dez quilômetros do estádio.
c) Eu me formei há cerca de 15 anos. f) Há cerca de dez pessoas na sala de espera.
Exemplos
a) João ganha em seu trabalho 83 reais por hora.
b) Por ora, terminemos a aula por aqui.
"Quiz" existe e se refere a um jogo feito com perguntas e respostas. "Quis" é uma conjugação do verbo "querer", e, assim
como todas as outras conjugações, é escrita com S.
Exemplos
a) Joana não quis participar do quiz em seu colégio.
b) Se você quiser vir, será muito bem recebido.
c) Não pensei que ele quisesse chegar tão cedo à aula.
“Onde” se refere a um lugar em que alguém ou alguma coisa se encontra naquele momento. “Aonde” é formado pela
preposição “a”, porque indica movimento de destino - quem vai vai a algum lugar. “De onde” indica movimento de
origem, por isso é grafado com a preposição "de".
Exemplos
a) Onde estou? Estou em casa!
b) Aonde vou? Vou ao curso!
c) De onde saí? Da escola.
Também pode ser utilizado quando assume o valor de "pelo qual" e suas variantes.
Exemplo: O caminho por que passei era de pedra.
A aluna por que estou apaixonado é muito simpática.
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b) Por quê (Separado e com acento circunflexo)
É usado no fim das frases interrogativas diretas ou de maneira isolada. Antes de um sinal de pontuação ainda assim
mantém o sentido interrogativo ou exclamativo. O “por quê” mantém o sentido de “por qual motivo”.
Exemplos: O almoço não foi servido por quê?
Andar a pé, por quê, João?
Andar a pé, por quê, se eu não estou bem?
A vogal temática é a vogal que, em alguns casos, une-se ao radical, preparando-o para receber as desinências: com-e-r.
O tema é o acréscimo da vogal temática ao radical, pois na língua portuguesa é impossível a ligação do radical com,
com a desinência r, por isso é necessário o uso do tema e.
As desinências estão apoiadas ao radical para marcar as flexões gramaticais. Podem ser nominais ou verbais:
As nominais indicam flexões de gênero e número dos nomes (gat-a e gato-s).
Já as verbais indicam tempo e modo (modo-temporais / fal-á-sse-mos) ou pessoa e número (número-pessoais / fal-á-
sse-mos) dos verbos.
Os afixos são morfemas derivacionais (gramaticais) agregados ao radical para formar palavras novas. Os afixos da língua
portuguesa são o prefixo, colocado antes do radical (infeliz) e o sufixo, colocado depois do radical (felizmente)
A vogal e consoante de ligação são elementos mórficos insignificativos que surgem para facilitar ou até possibilitar a
pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z-inho, pobre-t-ão, rat-i-cida, rod-o-via)
Já os alomorfes são as variações que os morfemas sofrem (amaria - amaríeis; feliz - felicidade).
1.1 Morfemas
São unidades mínimas de significação, integrantes da palavra, que não admitem subdivisão em unidades significativas
menores. Quanto à significação, podem ser:
morfemas lexicais (lexemas ou semantemas) de significação externa, ou seja, cujo significado está ligado ao mundo
objetivo, indicando o significado da palavra.
morfemas gramaticais (gramemas ou formantes) de significação interna, relacionados ao universo linguístico, isto é,
tem significado ligado somente ao sistema gramatical da língua.
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2. Processos de Formação de Palavras
As palavras estão em constante processo de evolução, o que torna a língua um fenômeno vivo que acompanha o
homem. Por isso alguns vocábulos caem em desuso (arcaísmos), enquanto outros nascem (neologismos) e outros mudam
de significado com o passar do tempo.
Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das palavras encontramos a seguinte divisão:
palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor)
palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha)
palavras simples - só possuem um radical (couve, flor)
palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-flor, aguardente)
Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conhecimento dos seguintes processos de formação:
2.1 Composição
Processo em que ocorre a junção de dois ou mais radicais. São dois tipos de composição.
justaposição: quando não ocorre a alteração fonética (girassol, sexta-feira);
aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de elementos (pernalta, de perna + alta).
2.2 Derivação
Processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o acréscimo de afixos. São cinco tipos de derivação.
prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-útil);
sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva (clara-mente);
prefixal e sufixal: acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primitiva (des+leal+dade, in+feliz+mente).
parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, à palavra primitiva (em + lata + ado). Esse
processo é responsável pela formação de verbos, de base substantiva ou adjetiva;
regressiva, regressão ou deverbal: redução da palavra primitiva. Nesse processo forma-se substantivos abstratos por
derivação regressiva de formas verbais (ajuda / de ajudar);
imprópria ou conversão: é a alteração da classe gramatical da palavra primitiva ("o jantar" - de verbo para substantivo;
"é um judas" - de substantivo próprio a comum).
3. Flexão Verbal
Número: singular ou plural;
Pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;
Tempo: referência ao momento em que se fala;
Voz: ativa, passiva, reflexiva e reflexiva reciproca;
modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização de um fato ou
incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
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3.1 Morfologia dos Verbos
3.1.1 Conjugação Verbal
Há três conjugações para os verbos da língua portuguesa:
1ª conjugação: -ar •• 2ª conjugação: -er •• 3ª conjugação: -ir.
Obs.: O verbo pôr e seus derivados pertencem à 2ª conjugação, por se originarem do antigo verbo poer.
Importante: os neologismos serão sempre formados na primeira conjugação com o sufixo AR (“deletar”, “startear”,
“cervejar”, “sapucar”, “butar”, “internetear” e tantos outros)
VIII. SUBSTANTIVO
É a palavra que nomeia seres, objetos, qualidades, ações, estados, sentimentos e idéias. É flexionado em gênero e
número; já o grau do substantivo se dá por derivação sufixal.
- Biforme: é aquele que possui duas formas para indicar o gênero, uma para o masculino e outra para o feminino:
menino/menina; burguês/burguesa; professor/professora; homem/mulher.
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Atenção 1. Há alguns substantivos que possuem os dois gêneros, mas que guardam, entre si, apenas um sentido
aproximado: chinelo/chinela; banheiro/banheira; cinto/cinta; cerco/cerca; jarro/jarra; casco/casca.
Atenção 2. Há, ainda, outros substantivos que apenas aparentemente apresentam os dois gêneros, mas que, na verdade,
são oriundos de radicais distintos e, por isso, a significação é diferente: prato/prata; caso/casa; mico/mica; colo/cola;
bolo/bola; tesouro/tesoura.
- Comum de dois: é aquele que apresenta uma só forma para o masculino e o feminino, porém, com artigos: o (a)
imigrante, o(a) indígena, o(a) paciente, o(a) artista.
- Sobrecomum: é aquele que apresenta um só gênero para indicar tanto os seres do sexo masculino como os do feminino:
a criança, a testemunha, o algoz, o indivíduo, a presa.
- Epiceno: é aquele invariável em gênero que designam nomes de certos animais: a formiga, a onça, a cobra, o gavião -
macho e fêmea: onça macho/fêmea, crocodilo macho/fêmea.
Formação do feminino dos substantivos biformes
1) Substantivos terminados em –o átono formam o feminino ao substituir a desinência por –a. Exemplos: gato - gata, lobo
- loba, menino - menina.
2) Substantivos terminados em consoantes formam o feminino com o acréscimo do –a. Exemplos: freguês - freguesa, deus
- deusa, contador - contadora.
3) Substantivos terminados em –ão podem formar o feminino de três formas:
3.1) Mudando o final –ão para –oa. Exemplos: ermitão - ermitoa, leitão - leitoa, patrão - patroa;
3.2) Mudando o final –ão para –ã. Exemplos: anão - anã, campeão - campeã, cidadão - cidadã;
3.3) Mudando o final –ão para –ona. Exemplos: espertalhão - espertalhona, folião - foliona, pobretão – pobretona.
4) Substantivos terminados em –or formam normalmente o feminino com o acréscimo da desinência –a, –eira ou –triz.
Exemplos: leitor - leitora, arrumador - arrumadeira, imperador - imperatriz.
5) Substantivos que referem-se a títulos de nobreza formam o feminino com as terminações–esa, –essa e –isa. Exemplos:
barão - baronesa, abade - abadessa, sacerdote - sacerdotisa.
6) Substantivos terminados em–e são uniformes, mas há exceções em que é acrescentado o –a ao fim da palavra.
Exemplos: elefante - elefanta, governante - governanta, gigante - giganta.
7) Outros Casos: Avô - avó; Cônego - canonisa; Cônsul - consulesa; Czar - czarina; Frade - freira; Herói - heroína; Maestro -
maestrina; Poeta - poetisa; Profeta - profetisa; Rapaz - rapariga ou moça; Rei - rainha; Réu - ré.
Substantivos utilizados no gênero masculino: o açúcar; o afã; o ágape; o alvará; o anátema; o aneurisma; o antílope; o
apêndice; o apetite; o algoz; o bóia-fria; o caudal; o cataclismo; o cônjuge; o champanha; o clã; o cola-tudo; o cós; o coma;
o guaraná; o gengibre; o herpes; o lança-perfume; o haras; o lotação; o derma; o diagrama; o dó; o diadema; o decalque; o
epigrama; o eclipse; o estigma; o estratagema; o eczema; o formicida; o magma; o matiz; o magazine; o milhar; o nó-cego;
o pijama; o pé-frio; o plasma; o pão-duro; o sósia; o talismã; o toalete; o telefonema; o tira-teimas; o xérox; o quilograma;
o plasma; o apostema; o epigrama; o telefonema; o estratagema; o dilema; o teorema; o apotegma; o trema; o eczema; o
edema; o magma; o anátema; o estigma; o axioma; o tracoma; o hematoma.
Substantivos utilizados no gênero feminino: a abusão; a acne; a bacanal; a benesse; a bólide; a couve; a couve-flor; a cal;
a cataplasma; a comichão; a derme; a aguarrás; a dinamite; a debênture; a ênfase; a echarpe; a entorse; a enzima; a
faringe; a ferrugem; a fênix; a alface; a apendicite; a gênese; a grafite; a ioga; a libido; a matinê; a marmitex; a mascote; a
mídia; a nuança; a omoplata; a aguardente; a alcunha; a ordenança; a omelete; a própolis; a patinete; a quitinete; a
sentinela; a soja; a vernissagem
Substantivos falsos biformes, sem relação de oposição entre masculino e feminino: barco/barca (= barco grande);
jarro/jarra (um tipo especial de jarro); cerco/cerca (= objeto construído para estabelecer o cerco); grito/grita (= grande
quantidade de gritos); lenho/lenha (= pedaços de lenhos utilizados para produzir fogo); linho/linha (= fio de linho ou, por
extensão, de outro material); manto/manta (= grande manto); mato/ mata (= grande quantidade de árvores frondosas);
ribeiro/ribeira (= terreno às margens do ribeiro).
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Substantivos utilizados no gênero masculino ou no feminino sem mudança de sentido
o/a ágape: refeição que celebra o rito eucarístico
o/a agravante: que agrava sobrecarrega
o/a aluvião: sedimento deixado pelas águas, inundação
o/a amálgama: liga metálica que contém mercúrio
o/a avestruz: ave
o/a caudal: que jorra ou escorre em abundância.
o/a dengue: doença causada pelo mosquito aedes aegypt
o/a diabetes ou diabete: doença
o/a ilhós: aro circular de metal ou plástico
o/a íris: espectro luminoso produzido pela difração da luz branca
o/a laringe: cavidade que contém as cordas vocais
o/a preá: pequeno roedor
o/a sabiá: ave
o/a soprano: voz feminina mais aguda
o/a suéter: agasalho de lã
o/a tapa: pancada dada com a mão
o/a usucapião: aquisição de algo que se dá pela posse prolongada
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terminados em -x ficam invariáveis: as xérox, os tórax...
terminados em -n: hífen, abdômen (-s, -es)...
terminados em -zinho ou -zito: fogãozinho (fogõe(s)+zinho+s = fogõezinhos), papeizitos...
terminados apenas em plural: os óculos, as fezes, o/ os lápis, o/ os ônibus...
muda significado quando flexionado: costa (-s) (litoral/ dorso), féria (-s) (dinheiro/ lazer)...
metafônicos (-oso/posto): amistosos, dispostos, cornos, fornos, mornos, poços, trocos, socorros...
A maioria dos substantivos e adjetivos que terminam em –ão faz o plural em –ões. Vejamos:
Observações:
1.ª Neste grupo se incluem os monossílabos tónicos chão, grão, mão e vão, que fazem no plural chãos, grãos, mãos e vãos.
2.ª Artesão, quando significa «artífice», faz no plural artesãos; no sentido de «adorno arquitectónico», o seu plural pode
ser artesãos ou artesões.
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Outras palavras aceitam mais de uma forma de se fazer o plural, como os seguintes casos:
alão - alãos, alões, alães cirurgião – cirurgiões e cirurgiães refrão – refrães e refrãos
alazão - alazães e alazões corrimão – corrimãos e corrimões rufião – rufiões e rufiães
aldeão – aldeões, aldeãos e deão - deães e deões sacristão -sacristães e sacristãos
aldeães ermitão – ermitãos, ermitães e sultão – sultões, sultãos e sultães
anão – anões e anãos ermitões truão - truães, truões
ancião – anciãos, anciães e anciões faisão – faisães e faisões Verão – verões e verãos
artesão – artesães e artesãos guardião - guardiães e guardiões vilão – vilãos e vilões
castelão – castelãos e castelões hortelão – hortelãos e hortelões zangão – zangões e zangãos
Há substantivo que só se usam no plural: alvíssaras, anais, arredores, bodas, cócegas, condolências, esponsais, exéquias,
férias, fezes, lápis, núpcias, pêsames, primícias, olheiras, víveres e todos os naipes do baralho: copas, espadas, ouros e
paus.
Há substantivos que mudam de sentido quando usados no plural, especialmente os nomes de metais e os substantivos
abstratos, que se tornam concretos no plural;
Nota: Nestes substantivos também é possível a flexão apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-piscas, pula-pulas.
Nota: Nestes substantivos também é possível a flexão dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, públicos-alvos,
elementos-chaves.
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Nos substantivos compostos preposicionados:
cana-de-açúcar - canas-de-açúcar; pé de moleque - pés de moleque.
pôr do sol - pores do sol; Flexão apenas do segundo elemento
fim de semana - fins de semana;
Nos substantivos compostos formados por tema verbal ou palavra invariável + substantivo ou adjetivo:
bate-papo - bate-papos; ex-namorado - ex-namorados;
quebra-cabeça - quebra-cabeças; vice-presidente - vice-presidentes.
arranha-céu - arranha-céus;
Formação do grau
Analítico: Na forma analítica, acrescenta-se ao substantivo um adjetivo que dê a indicação de aumento (ex. enorme,
grande, imenso) ou diminuição (ex. insignificante, minúsculo, pequeno).
Exemplos:
Copo grande – copo pequeno Trabalho enorme - trabalho insignificante
Pedra colossal - pedra minúscula Vaso enorme – vaso fino
Sintético: na forma sintética, há também um acréscimo ao substantivo. Desta vez, é um sufixo que dá a indicação de
aumento ou diminuição.
Há substantivos que com o tempo adquiriram significado próprio e que não são mais considerados com grau aumentativo
ou diminutivo: célula, glóbulo, gotícula, opúsculo, óvulo, película, retículo, versículo, cartão, cartaz, caixão, portão,
pastilha, folhinha...
Grau exprimindo depreciação: gentalha/gentinha; beiçorra; chorão; jornaleco. Grau exprimindo afetividade: paizinho;
paizão; filhinho; amigão.
IX. ADJETIVO
É a palavra variável que modifica a compreensão do substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, um estado, um modo
de ser, um aspecto ou uma aparência exterior. É, portanto, a palavra que trabalha em função do substantivo.
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2.2 Locução adjetiva
Pode-se usar, no lugar de um adjetivo, uma expressão formada por mais de uma palavra para caracterizar o substantivo:
amor de mãe = amor materno; dever de pai = dever paterno; obediência de filho = filial; união de irmão = fraterna.
- preposicão + substantivo (este é o caso mais comum): rosto de anjo (angelical); homem sem cabelo (calvo).
- preposição + advérbio: jornal da tarde (vespertino): porta da frente (frontal).
OBS.: Nem sempre a locução adjetiva possui um adjetivo correspondente: a janela de cima; meninos de rua; artigo de
primeira; respostas sem-pés-nem-cabeça.
- superlativo absoluto: considera a característica sem compará-la à de outro ser. Também se divide em dois tipos:
a) absoluto sintético: é aquele em que o adjetivo acaba sempre na terminação “ÍSSIMO(A)”, “ÍLIMO(A)” ou
“ÉRRIMO(A)”. Esta montanha é altíssima. Estou paupérrimo. A prova foi dificílima.
b) absoluto analítico: é aquele em que o adjetivo é modificado por um advérbio de intensidade. SÃO SEMPRE DUAS
PALAVRAS. Maria está muito triste. Esta montanha é muito alta. Ele é forte demais. Ele é bastante forte.
ATENÇÃO: 1 – para se fazer a distinção entre comparativo e superlativo relativo, tenha em mente o seguinte: o
comparativo tem QUE, mas não tem ARTIGO; o superlativo (relativo) tem ARTIGO, mas não tem QUE.
2. Os adjetivos terminados em “OR” apresentam uma característica pessoal: maior = mais grande; menor = mais pequeno;
melhor = mais bom; pior = mais ruim. SÓ POSSO usar MAIS e MENOS quando estiver comparando qualidades:
Paulo é mais bom que você = ERRADO; Paulo é mais bom que mau = CERTO.
Minha casa é mais grande que a sua = ERRADO; Minha casa é mais grande que pequena = CERTO
3. A repetição do próprio adjetivo pode funcionar como um intensificador, substituindo um advérbio de intensidade: O gol
foi lindo, lindo = o gol foi muito lindo. Os olhos eram verdes, verdes = os olhos eram muito verdes. O mesmo ocorre com
construções do seguinte tipo: Era linda de morrer =muito linda. Era feio como o diabo = muito feio.
4. Grau exprimindo afetividade, desprezo, ironia, e não tamanho: O gato era feiozinho. O vestido estava apertadinho.
Você está gordinho. Não me venha com esse dinheirinho.
5. A posição do adjetivo pode causar diferença de sentido da frase: grande homem (caráter) – homem grande (estatura);
mulher boa (gentil, fisicamente) – boa mulher (caráter); um simples homem (mero) – um homem simples (não complexo).
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3. Adjetivos terminados em -m e -ão passam respectivamente a -n e -an:
comum – comuníssimo / vão – vaníssimo /
Há ainda os adjetivos que não têm sua forma alterada, como é o caso daqueles terminados em -u, -l (com exceção da
terminação -vel) e -r:
cru – cruíssimo / difícil – dificílimo / regular - regularíssimo
Além desses casos, existem ainda os adjetivos que se prendem às formas latinas, também conhecidas como formas
eruditas. Veja os exemplos:
livre – libérrimo sábio – sapientíssimo
inimigo – inimicíssimo soberbo – superbíssimo
humilde – humílimo pessoal – personalíssimo
cristão – cristianíssimo mísero – misérrimo
amargo – amaríssimo pobre – paupérrimo
fiel – fidelíssimo célebre - celebérrimo
Atenção: As palavras terminadas em -io apresentam, na forma sintética, dois is, e essa regra, embora nem sempre seja
respeitada na modalidade escrita, deve ser preservada:
cheio – cheiíssimo vário – variíssimo
feio – feiíssimo sério - seriíssimo
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X. ARTIGO
Precede o substantivo para determiná-lo, mantendo com ele relação de concordância. Assim, qualquer expressão ou
frase fica substantivada se for determinada por artigo (O 'conhece-te a ti mesmo' é conselho sábio). Em certos casos,
serve para assinalar gênero e número (o/a colega, o/os ônibus).
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XI. NUMERAL
Numeral é a palavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como cardinal (1,
2, 3), ordinal (primeiro, segundo, terceiro), multiplicativo (dobro, duplo, triplo), fracionário (meio, metade, terço). Além
desses, ainda há os numerais coletivos (dúzia, par).
Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando e
modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e designando seres, terão
valor substantivo. [Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o primeiro desta vez. (valor substantivo)].
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1.1.1 Classificação de pronomes adjetivos
A classificação em pronome adjetivo não invalida outras classificações como possessivo, demonstrativo,…
Aquela caneta é azul. (pronome demonstrativo adjetivo)
Meu filho é indisciplinado. (pronome possessivo adjetivo)
Antes de classificarmos, vamos ver aqui quais são as pessoas do discurso que irão compor boa parte deste capítulo. Elas se
definem pelo seu posicionamento frente ao ato comunicativo, ou seja:
- primeira pessoa, representando aquela que fala (eu/nós);
- segunda pessoa, representando aquela com quem se fala (tu/vós);
- terceira pessoa, demarcada por aquela de quem se fala (ele/eles/ela/elas).
Apesar de os pronomes de tratamento se referirem, em boa parte, à pessoa com quem se fala, a conjugação referente a
esses pronomes virá sempre em terceira pessoa.
É errado dizer “Ela comprou este caderno para eu.” ou “Ela comprou este caderno para tu.”. Não se pode usar preposição
com os pronomes retos eu e tu. Com preposições têm que ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: mim e ti.
- Ela comprou este caderno para mim.
- Ela comprou este caderno para ti.
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2.2 Pronomes pessoais oblíquos
Os pronomes pessoais do caso oblíquo assumem, majoritariamente, a função de objeto direto ou objeto indireto,
podendo ser tônicos ou átonos.
Conforme o verbo a que estão ligados, os pronomes pessoais oblíquos átonos podem sofrer alterações.
Quando a forma verbal termina em -r, -s ou -z, os pronomes oblíquos átonos assumem as formas lo, la, los, las:
- Ela vai seduzi-lo rapidamente.
- E o bolo? Tu fazê-lo bem?
- Os papéis? Ele trá-los amanhã de manhã.
Quando a forma verbal termina em -m ou noutro som nasal, os pronomes oblíquos átonos assumem as formas no, na,
nos, nas:
- Fizeram-nos esperar muito!
- Eles esperam-na apenas amanhã.
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2.3 Pronomes de tratamento
Pronomes de tratamento (ou axiônimos) estão incluídos no grupo dos pronomes pessoais e são formas mais corteses e
reverentes de nos dirigirmos à pessoa com quem estamos falando ou de quem estamos falando. São, majoritariamente,
utilizados em tratamentos formais, quando o interlocutor ocupa cargos ou posições sociais elevadas e prestigiadas.
Além do uso de Vossa Senhoria, Vossa Alteza, Vossa Majestade,…, também é possível o uso de Sua Senhoria, Sua Alteza,
Sua Majestade,… A diferença no uso dessas duas formas é muito simples: usamos o pronome vossa quando estamos
falando diretamente com a pessoa e usamos o pronome sua quando estamos falando sobre a pessoa
- Vossa Senhoria quer que eu lhe entregue os ofícios agora?
- Lamento informar que Sua Senhoria, o diretor da autarquia, não pode estar presente hoje neste evento.
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2.4. Pronomes Possessivos
Pronomes possessivos indicam, principalmente, uma relação de posse, ou seja, indicam que alguma coisa pertence a uma
das pessoas do discurso. A forma que o pronome possessivo assume concorda com a pessoa gramatical a que se refere
(1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa do discurso) e varia em gênero (masculino e feminino) e número (plural e singular) de acordo com
aquilo que é possuído.
No caso do pronome possessivo determinar vários substantivos, deverá concordar em gênero e número com o
substantivo que estiver mais próximo: Nós trouxemos nossas roupas, sapatos e equipamento.
É facultativa a utilização de um artigo definido antes dos pronomes possessivos adjetivos, sem que isso altere o sentido
original da frase:
Meu irmão é muito bonito. O diretor não ouviu minha intervenção.
O meu irmão é muito bonito. O diretor não ouviu a minha intervenção.
Contudo, é obrigatória a utilização de um artigo definido antes dos pronomes possessivos substantivos.
Meu irmão é muito bonito; o seu não.
O diretor não ouviu sua intervenção, mas ouviu a nossa.
Em algumas situações, os pronomes pessoais oblíquos podem assumir valores equivalentes aos pronomes possessivos:
- A chuva molhou-te o cabelo. (Molhou o teu cabelo).
- Agarrei-lhe a mão. (Agarrei a sua mão).
A utilização dos pronomes possessivos na 3.ª pessoa do singular ou do plural (seu, sua, seus, suas) pode originar dúvidas
quando ao elemento possuidor. Para evitar ambiguidades, utilizam-se as formas contraídas dele, dela, deles, delas.
- A professora proibiu que o aluno utilizasse seu dicionário. (O dicionário é da professora ou do aluno?)
- A professora proibiu que o aluno utilizasse o dicionário dele. (O dicionário é do aluno)
- A professora proibiu que o aluno utilizasse o dicionário dela. (O dicionário é da professora)
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Atenção!
Na frase “Seu Antônio, o senhor chegará hoje ou manhã?”, a palavra seu não é um pronome possessivo, é uma alteração
fonética da palavra senhor.
Exemplos:
- Eu moro nesta casa.
- Não gosto dessa sua maneira de ser.
- Entregue seu teste àquele professor.
O, a, os, as: Quando acompanharem os pronomes que e qual, podendo ser substituídos por aquele, aquela, aqueles,
aquelas, aquilo.
- Não entendi o que foi dito pelo apresentador. (aquilo que foi dito).
- Essa mochila não é a que eu comprei. (aquela que eu comprei).
Mesmo, mesma, mesmos, mesmas, próprio, própria, próprios, próprias: reforçam pronomes pessoais e se referem alguma
coisa citada anteriormente.
- Ela mesma resolveu o assunto.
- Foram os próprios responsáveis que fizeram a confusão.
Tal, tais, semelhante, semelhantes: referem-se a um nome anteriormente citado e transmitem um sentido completo (tal)
ou incompleto (semelhante), podendo ser substituídos por aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo, esse, essa, esses,
essas, isso, este, esta, estes, estas, isto. Estes dois pronomes podem ser utilizados ironicamente.
- Não tenha semelhante atitude. (aquela atitude)
- Em tais momentos, não devemos reagir de cabeça quente. (nesses momentos)
Pronomes demonstrativos adjetivos e substantivos
Os pronomes demonstrativos podem ser classificados ainda em pronome demonstrativo adjetivo, quando acompanha,
determina e modifica os substantivos, e em pronome demonstrativo substantivo, quando substitui o substantivo numa
frase.
- Aquela caneta é azul. (pronome demonstrativo adjetivo)
- O meu filho é aquele. (pronome demonstrativo substantivo)
Os pronomes interrogativos existentes são: que, quem, qual e quanto, sendo que os pronomes que e quem são invariáveis,
o pronome qual pode variar em número para quais e o pronome quanto pode variar em gênero e número para quanta,
quantos e quantas.
O pronome interrogativo quanto se refere a coisas ou a pessoas. Transmite uma ideia de quantificação.
- Quanto mais terei que aturar?
- Quantas inscrições são precisas para que a atividade se realize?
Os pronomes interrogativos podem ainda ser usados em exclamações que simbolizem uma interrogação com admiração e
espanto.
- Que confusão!
- Quem diria!
- Quanta barbaridade!
Os vocábulos onde, aonde, quando e como, nas perguntas, são advérbios interrogativos com os respectivos valores de
lugar, lugar, tempo e modo. Não confunda com os pronomes relativos.
- Onde está você agora?
- Aonde iremos com tantos projetos?
- Gostaria de saber quando será a nossa próxima partida de futebol.
- Precisava apenas saber como ele chegou até aqui sem dinheiro.
Os pronomes relativos podem vir precedidos de preposição de acordo com a regência verbal dos verbos da oração.
Quem: Refere-se somente a pessoas, nunca a coisas. Vem sempre antecedido de preposição quando tem um antecedente
explícito.
Este é o garoto a quem sempre amei.
É esta a professora de quem você falou?
Onde: É utilizado para indicar um lugar, podendo ser substituído por: em que, no qual, na qual, nos quais e nas quais.
Pode ser utilizado juntamente com preposições, formando as palavras aonde e donde para transmitir noções de
movimento.
Este é o apartamento onde vivi quando pequena.
O hotel onde ficamos era cinco estrelas.
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Qual e suas flexões: Vem sempre precedido de um artigo. Emprega-se depois de preposições com duas sílabas ou mais e
de locuções prepositivas.
Pensei nisso naquela noite de tempestade, durante a qual não consegui dormir.
Li um livro sobre o qual nunca tinha ouvido falar nada.
Quanto e suas flexões: Aparece depois dos pronomes indefinidos nada, tudo, tanto, todos, bem como suas flexões.
Compre tanto quanto for preciso.
Ele não fez tudo quanto havia prometido.
Cujo e suas flexões: Aparece entre dois substantivos e transmite uma ideia de posse, sendo equivalente a: do qual, da
qual, dos quais, das quais, de que e de quem. Deve concordar em gênero e número com a coisa possuída.
Escolheram os alunos cujas notas foram exemplares.
Preferem atletas cujo condicionamento físico está excelente.
Os antecedentes com os quais os pronomes relativos se relacionam podem ser um substantivo, um pronome, um adjetivo,
um advérbio ou uma oração. Contudo, com os pronomes quem e onde, é possível que sejam utilizados na frase sem o
antecedente, chamando-se então de pronomes relativos indefinidos.
- Quem copiou na prova, foi reprovado.
- Onde não morava ninguém, eu fiz a minha lojinha.
Existem pronomes indefinidos invariáveis, pronomes indefinidos variáveis em gênero e número e pronomes indefinidos
variáveis apenas em número.
Pronomes indefinidos invariáveis: alguém; ninguém; outrem; tudo; nada; cada; algo.
Pronomes indefinidos variáveis em gênero e número: algum, alguns, alguma, algumas; nenhum, nenhuns, nenhuma,
nenhumas; todo, todos, toda, todas; outro, outros, outra, outras; muito, muitos, muita, muitas; pouco, poucos, pouca,
poucas; certo, certos, certa, certas; vário, vários, vária, várias; tanto, tantos, tanta, tantas; quanto, quantos, quanta,
quantas.
Pronomes indefinidos variáveis em número: qualquer, quaisquer; bastante, bastantes.
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Pronomes indefinidos adjetivos
Outros pronomes indefinidos são utilizados apenas como pronomes indefinidos adjetivos, acompanhando o substantivo
na oração. É o caso dos pronomes certo, cada e qualquer.
- Certas atitudes são incompreensíveis.
- Qualquer escolha será longamente ponderada.
- Cada pessoa deverá seguir o seu próprio caminho.
O pronome cada, na ausência de um substantivo, poderá vir acompanhado de um numeral pronome, como um e qual:
cada um ou cada qual.
- Cada um deverá seguir o seu próprio caminho.
- Cada qual deverá seguir o seu próprio caminho.
Ninguém e alguém: o pronome indefinido ninguém assume sempre um sentido negativo, enquanto o pronome indefinido
alguém assume um sentido afirmativo. Ambos se referem a pessoas.
Com certeza, ninguém seguiu este caminho. (sentido negativo)
Com certeza, alguém seguiu este caminho. (sentido afirmativo)
Nada e algo: o pronome indefinido nada assume sempre um sentido negativo, enquanto o pronome indefinido algo
assume um sentido afirmativo. Ambos se referem a coisas.
Não pretendia nada, além de uma vida descansada. (sentido negativo)
Queria sempre algo novo. (sentido afirmativo)
Nada: o pronome indefinido nada significa principalmente coisa nenhuma, mas pode significar alguma coisa em frases
interrogativas negativas. Pode ainda assumir a função de advérbio quando acompanhado de um substantivo.
Não quero nada, obrigado! (coisa nenhuma)
Você não viu nada de estranho ontem? (alguma coisa)
Não fiquei nada feliz com meu resultado na prova. (advérbio)
Certo: o pronome certo apenas atua como pronome indefinido quando anteposto ao substantivo, particularizando alguma
coisa. Quando posposto ao substantivo assume a função de um adjetivo, sinônimo de correto, certeiro, garantido,
combinado, apropriado, entre outros.
Certos alunos ficam para sempre na memória dos professores. (pronome indefinido)
O diretor tomou decisões certas. (adjetivo)
Qualquer: o pronome indefinido qualquer tem como principal função generalizar uma situação. Contudo, assume um
valor depreciativo quando posposto a um artigo indefinido ou a um substantivo próprio.
Qualquer ajuda será bem-vinda. (sentido generalizador)
Ele é apenas um qualquer. Nem me vou preocupar com suas opiniões. (sentido depreciativo)
Todo e tudo: os pronomes indefinidos todo e tudo indicam totalidades afirmativas. O pronome todo, no singular, indica a
totalidade das partes. No plural, indica uma totalidade numérica. O pronome tudo representa, normalmente, um termo
absoluto.
Ele comeu o bolo todo. (totalidade das partes)
Todos os alunos realizaram a prova. (totalidade numérica)
Já fizemos tudo. (termo absoluto)
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Outro: o pronome indefinido outro pode indicar um momento passado ou um momento futuro, como nas expressões
outro dia (passado) e no outro dia (futuro).
Outro dia fui ver a exposição de pintura de minha tia.
No outro dia, depois de regressar de viagem, irei ver a exposição de pintura de minha tia.
XIII. VERBOS
Definição: Verbo é a palavra que indica ação, praticada ou sofrida pelo sujeito, fato de que o sujeito participa
ativamente, estado ou qualidade do sujeito, fenômeno da natureza.
Obs.: O verbo pôr e seus derivados pertencem à 2ª conjugação, por se originarem do antigo verbo poer.
2. O modo indicativo
2.1 Presente
Indica fato que ocorre no dia-a-dia, corriqueiramente.
Ex. Todos os dias, caminho no Calçadão. Estudo no Dedicação. Confio em meus amigos.
2.2 Pretérito
Indica fatos que já ocorreram.
A) Pretérito Perfeito
Indica fato que ocorreu no passado em determinado momento, observado depois de concluído.
Ex. Ontem caminhei no Calçadão.
Estudei no Dedicação no ano passado.
Confiei em pseudo-amigos.
B) Pretérito Imperfeito
Indica fato que ocorria com frequência no passado, ou fato que não havia chegado ao final no momento em que estava
sendo observado.
Ex. Naquela época, todos os dias, eu caminhava no Calçadão.
Eu estudava no Dedicação, quando conheci Magali.
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C) Pretérito Mais-que-perfeito
Indica fato ocorrido antes de outro no Pretérito Perfeito ou Imperfeito do Indicativo.
Ex. Ontem, quando você foi ao Calçadão, eu já caminhara 6 Km.
Eu já estudara no Dedicação, quando conheci Magali.
Eu confiara naquele amigo que mentia a mim.
2.3 Futuro
Indica fatos que vão ou não ocorrer depois do momento da fala.
A) Futuro do Presente
Indica fato que, com certeza, ocorrerá.
Ex. Amanhã caminharei no Calçadão pela manhã.
Estudarei no Dedicação, no ano que vem.
Eu confiarei mais uma vez naquele amigo que mentiu a mim.
B) Futuro do Pretérito:
Indica uma hipótese futura, dependente de outro anterior a ele. Sozinho, indica uma cortesia ou desejo.
Ex. Eu caminharia todos os dias, se não trabalhasse tanto.
Estudaria no Dedicação, se morasse em Londrina.
Eu confiaria mais uma vez naquele amigo, se ele me prometesse não mais me trair.
Você gostaria de tomar um café? Eu preferiria suco!
3. O modo subjuntivo
3.1 Presente
Indica desejo atual, dúvida que ocorre no momento da fala.
Ex. Espero que eu caminhe bastante no ano que vem.
O meu desejo é que eu estude no Dedicação ainda.
Duvido de que eu confie nele novamente.
3.3 Futuro
Indica hipótese futura.
Ex. Quando eu começar a caminhar todos os dias, sentir-me-ei melhor.
Quando eu estudar no Dedicação, aprenderei mais coisas.
Quando ele me prometer que não me trairá mais, voltarei a confiar nele.
4. O modo Imperativo
IMPERATIVO AFIRMATIVO
tu canta vende parte
você cante venda parta
nós cantemos vendamos partamos
vós cantai vendei parti
vocês cantem vendam partam
IMPERATIVO NEGATIVO
tu não cantes não vendas não partas
você não cante não venda não parta
nós não cantemos não vendamos não partamos
vós não canteis não vendais não partais
vocês não cantem não vendam não partam
5. As formas nominais
Não exprimem com exatidão o tempo em que se dá o fato expresso – completam o esquema dos tempos simples. São
três:
5.1 Infinitivo
São as formas terminadas em ar, er ou ir. Infinitivo Impessoal (falar), Infinitivo Pessoal (falar eu, falares tu, etc.).
5.2 Gerúndio
São as formas terminadas em ndo (falando).
5.3 Particípio
São as formas terminadas em ado ou ido (falado, partido).
Obs.: Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particípio irregular aberto, coberto, dito,
escrito, feito, posto, visto e vindo. Os particípios regulares gastado, ganhado e pagado estão corretos, mas estão caindo
ao desuso - sendo substituídos frequentemente pelos irregulares gasto, ganho e pago.
Formas Rizotônicas: São as estruturas verbais com a sílaba tônica dentro do radical. São elas: eu, tu, ele e eles do
presente do indicativo, eu, tu, ele e eles do presente do subjuntivo, tu, você e vocês do imperativo afirmativo e tu, você e
vocês do imperativo negativo.
Formas Arrizotônicas: São as estruturas verbais com a sílaba tônica fora do radical. São todas as outras estruturas verbais,
com exceção das rizotônicas.
8. Verbos defectivos
a) Verbo defectivo, da 3ª conjugação. Faltam-lhe a 1ª pessoa do singular do Presente do Indicativo e as formas derivadas
dela. Colorir, abolir, aturdir (atordoar), brandir (acenar, agitar a mão), banir, carpir, delir (apagar), demolir, exaurir
(esgotar, ressecar), explodir, fremir (gemer), haurir (beber, sorver), delinquir, extorquir, puir (desgastar, polir), ruir,
retorquir (replicar, contrapor), latir, urgir (ser urgente), tinir (soar), pascer (pastar).
b) Verbo defectivo, da 3ª conjugação; Falir. Faltam-lhe as formas rizotônicas do Presente do Indicativo e as formas delas
derivadas. Como ele, conjugam-se aguerrir (tornar valoroso), adequar, combalir (tornar debilitado), embair (enganar),
empedernir (petrificar, endurecer), esbaforir-se, espavorir, foragir-se, remir (adquirir de novo, salvar, reparar,
indenizar, precaver, recuperar-se de uma falha), renhir (disputar), transir (trespassar, penetrar).
Nota: o verbo adequar, diferentemente de todos os outros defectivos nas formas rizotônicas, é conjugado no Presente do
Subjuntivo nas duas primeiras pessoas do plural, ou seja: que nós adequemos, que vós adequeis, consequentemente o
Imperativo Afirmativo também é conjugado de modo diferente: adequemos nós, adequai vós.
9. Vozes Verbais
Voz verbal é a flexão do verbo que indica se o sujeito pratica, ou recebe, ou pratica e recebe a ação verbal.
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9.2 Voz Passiva
A voz passiva sintética é formada por verbo transitivo direto, pronome se (partícula apassivadora) e sujeito paciente. Ex.
Entregam-se encomendas. Alugam-se casas. Compram-se roupas usadas.
A voz passiva analítica é formada por sujeito paciente, verbo auxiliar ser ou estar, verbo principal indicador de ação no
particípio - ambos formam locução verbal passiva - e agente da passiva. Ex. As encomendas foram entregues pelo próprio
diretor. As casas foram alugadas pela imobiliária. As roupas foram compradas por uma elegante senhora.
Voz ativa
A torcida aplaudiu os jogadores. Sujeito = a torcida.
Verbo transitivo direto = aplaudiu. Objeto direto = os jogadores.
Voz passiva
Os jogadores foram aplaudidos pela torcida. Sujeito = os jogadores.
Locução verbal passiva = foram aplaudidos. Agente da passiva = pela torcida.
Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as locuções verbais, constituídas de
verbos auxiliares mais gerúndio ou infinitivo. São conjuntos de verbos que, numa frase, desempenham papel equivalente
ao de um verbo único. Nessas locuções, o último verbo, chamado principal, surge sempre numa de suas formas nominais;
as flexões de tempo, modo, número e pessoa ocorrem nos verbos auxiliares. Observe os exemplos: Estou lendo o jornal.
Marta veio correndo: o noivo acabara de chegar. Ninguém poderá sair antes do término da sessão.
A língua portuguesa apresenta uma grande variedade dessas locuções, conseguindo exprimir por meio delas os mais
variados matizes de significado. Ser (estar, em algumas construções) é usado nas locuções verbais que exprimem a voz
passiva analítica do verbo. Poder e dever são auxiliares que exprimem a potencialidade ou a necessidade de que
determinado processo se realize ou não. Veja: Pode ocorrer algo inesperado durante a festa. Deve ocorrer algo
inesperado durante a festa.
Outro auxiliar importante é querer, que exprime vontade, desejo. Veja: Quero ver você hoje. Também são largamente
usados como auxiliares: começar a, deixar de, voltar a, continuar a, pôr-se a, ir, vire estar, todos ligados à noção
de aspecto verbal.
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XIV. ADVÉRBIOS
1. Conceito de Advérbios
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou outro advérbio. São flexionados em grau
(comparativo e superlativo) e divididos em: advérbios de modo, intensidade, lugar, tempo, negação, afirmação, dúvida.
Exemplos:
De maneira alguma vamos te deixar sozinha. Jamais reatarei meu namoro com ele.
Não vou e ponto. Não saiu de casa naquela tarde.
Os alunos tampouco escutam os professores.
Exemplos:
Faço assim. Estava andando depressa por causa da chuva.
É melhor conversar com ele. Fala pouco.
Fui bem na prova. Sua voz é quase inaudível.
Exemplos:
Sim, vou sair. Certamente passearemos nesse domingo.
Realmente ela precisava de ajuda. Ele seguramente gostou do presente de aniversário.
Deveras é o melhor orador.
Exemplos:
Falamos amanhã. Ontem estivemos numa reunião de trabalho.
Nunca digas isso. Sempre estamos juntos.
É tarde.
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Exemplos:
Comeu demasiado naquele almoço. Escreve bem.
Ela gosta bastante dele.
Exemplos:
Estou aqui. Minha casa é ali.
Pendure o quadro acima. O livro está embaixo da mesa.
O carro vinha detrás.
Exemplos:
Provavelmente irei ao banco. Provavelmente os adversários ganharão o jogo.
Quiçá chova hoje. Eles disseram que talvez viriam.
Acaso eu disse que você podia sair?
Há também os advérbios, também chamados, em algumas gramáticas brasileiras, como palavras denotativas que
exprimem exclusão (só, somente, salvo, exclusivamente, apenas), inclusão (também, inclusivamente, ainda, mesmo, até) e
ordem (ultimamente, depois, primeiramente).
Fazendo referência a uma oração, na qual dois ou mais advérbios terminados em “-mente” modificam a mesma palavra,
podemos contar com o recurso de tornar o discurso mais conciso, mais elegante – representado pelo procedimento de
juntar tal sufixo ao último deles, somente.
Exemplos:
Elegante e simpaticamente cumprimentava a todos que por ali passavam.
Ela agiu calma(mente) e reservadamente.
Porém, no caso de o emissor se prestar ao serviço de realçar as circunstâncias expressas pelos advérbios, o ideal é omitir a
conjunção e acrescentar o referido sufixo a cada um deles.
Exemplos:
Carinhosamente, respeitosamente ele chegou para animar a plateia.
Ferozmente, enfurecidamente o cão latia para as crianças que o rodeavam
Os Advérbios Interrogativos são utilizados nas interrogações diretas e indiretas relacionados com as circunstâncias de
modo, tempo, lugar e causa. São eles: como, onde, aonde, donde (de onde), por que, quando.
Exemplos:
Como faço isto? / Quero saber como devo fazer isto.
Onde você está? / Gostaria de saber onde você está.
Aonde vamos? / Queria saber onde vamos.
Donde vem esta carta? / Gostaria de saber donde vem esta carta.
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3. Flexão dos Advérbios
Os advérbios são consideradas palavras invariáveis pois, à exceção da palavra “todo”, não sofrem flexão de número
(singular e plural) e gênero (masculino, feminino); porém, são flexionadas nos graus comparativo e superlativo.
Superioridade sintético: formado por "melhor que” ou “pior que" (do que).
Exemplos: Na prova, Carla saiu melhor que (do que) Cristina.
De saúde, Talita está pior que (do que) eu.
Importante: antes de particípios não se devem usar as formas irregulares do comparativo de superioridade (melhor, pior)
não se devem usar as formas irregulares do comparativo de superioridade (melhor, pior), e sim as formas analíticas (mais
bem, mais mal).
Exemplos: Ele está mais bem informado do que eu (e não “melhor informado).
Ele está mais bem informado do que eu (e não “melhor informado).
Sintético, quando é formado por sufixos ou por meio de uma repetição do advérbio.
Exemplo:
Isabel fala baixíssimo. João saiu agorinha.
Estou muitíssimo feliz. Parto logo, logo.
Isabel fala baixinho João chegou cedo, cedo.
4. Locução Adverbial
Locução adverbial é uma expressão formada por uma ou mais palavras que, juntas, têm a função de advérbio. É dessa
forma que alteram o sentido de um verbo, de um adjetivo ou mesmo de um advérbio.
As preposições iniciam a maior parte das locuções adverbiais, que são formadas pela união com um substantivo, adjetivo
ou advérbio.
Exemplos:
Preposição + substantivo: O incentivo chegará com certeza
Preposição + adjetivo: Choverá em breve
Preposição + advérbio: O caminho é por ali
4.1 Classificação
As locuções adverbiais são muito numerosas e, entre outras, podem ser classificadas como:
- lugar: a distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta, por aqui.
- tempo: às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, às vezes, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer
momento, de tempos em tempos, hoje em dia.
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- modo: de cor, em vão, em geral, de soslaio, frente a frente, de viva voz.
- quantidade: em excesso, de todo, de muito, por completo.
- afirmação: sem dúvida, de fato, por certo, com certeza.
- negação: de modo algum, de forma alguma, de jeito nenhum, de forma nenhuma.
- intensidade: de muito, de pouco, de todo, em excesso.
- dúvida: com certeza, quem sabe, por certo.
- inclusão: além disso.
Além destas classificações, dentro dos contextos, outras possibilidades também podem ser verificadas:
- finalidade: eu me esforcei para vencer. - meio: viajamos de avião.
- companhia: fomos com os amigos. - concessão: saímos, apesar da chuva.
- causa: o animalzinho morreu de sede. - preço: compramos o presente por cem reais.
- assunto: ele falava sobre você. - condição: não saia sem dinheiro.
- matéria: os artesanatos são feitos de barro. - conformidade: agiremos conforme o regulamento.
- instrumento: ele se feriu com a faca.
2. Preposição
Preposição é a palavra invariável que liga dois termos da oração numa relação de subordinação donde, geralmente, o
segundo termo subordina o primeiro.
Exemplos:
O navio veio de São Paulo.
A cinco quilômetros daqui passa uma estrada.
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preposição a + a primeira vogal do pronome aquilo.
Apenas na linguagem coloquial ou cotidiana, seja ela falada ou escrita, aparecem as reduções pra (para a) e pro (para o).
Importante relembrar que essas palavras não pedem acento, já que se trata de palavras átonas. por exemplo: Este é um
país que vai pra frente.
3. Conjunção
Conjunção é um termo que liga duas orações ou duas palavras de mesmo valor gramatical, estabelecendo uma relação
entre eles.
Exemplos:
Ele joga futebol e basquete. (dois termos semelhantes)
Eu iria ao jogo, mas estou sem companhia. (duas orações)
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Adversidade: Estudo e não aprendo. (conjunção adversativa, equivalente a “mas”)
Conclusão: Dê mais uma palavra e verá o que acontece. (conjunção conclusiva equivalente a “logo”)
Valor semântico é o sentido atribuído às palavras mediante o seu contexto. Muitas vezes, as mesmas palavras têm
significados distintos.
Vejamos os exemplos:
Tinha uma vizinha que era uma cobra!
O caseiro encontrou uma cobra no sítio.
A palavra cobra usada nos dois exemplos diferem no seu significado. No primeiro deles, a pessoa não está contente com a
vizinha, que segundo ela é uma pessoa má, cuja convivência é difícil. No segundo, a palavra tem o sentido literal, ou seja,
de um réptil.
Os conectivos são essenciais para ligar as ideias no texto colaborando com a coesão textual. A aplicação da conjunção ou
mesmo da locução conjuntiva como elementos conectores, depende do tipo de relação que é estabelecida entre as duas
orações.
Confira abaixo os tipos de conectivos, acompanhados de exemplos:
4.1. Prioridade e relevância
Esses conectores são muito usados no início das frases para apresentar uma ideia. Eles também podem oferecer
relevância ao que está sendo apresentado. Principais conectivos: Em primeiro lugar; antes de mais nada; antes de tudo;
em princípio; primeiramente; acima de tudo; principalmente; primordialmente; sobretudo; a priori; a posteriori;
precipuamente.
Exemplo: Primeiramente devemos atentar ao conceito de pluralidade cultural.
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4.5. Continuação ou adição
Para acrescentar algo ao texto, e que esteja relacionado com o que anteriormente foi apresentado, usamos os conectivos
de continuação ou adição. Principais conectivos: Além disso; demais; ademais; outrossim; ainda mais; por outro lado;
também; e; nem; não só; como também; não apenas; bem como.
Exemplo: Suzana foi professora na Universidade de Minas Gerais no período da Ditadura Militar. Além disso, foi
coordenadora do Departamento de Artes vinculado à Secretaria de Cultura do município de Belo Horizonte.
4.6. Dúvida
Para inserir no texto uma dúvida ou probabilidade utilizamos esses conectivos. Principais conectivos: Talvez;
provavelmente; possivelmente; quiçá; quem sabe; é provável; não certo; se é que.
Exemplo: É provável que Tomás não venha trabalhar hoje.
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4.14. Contraste, oposição, restrição, ressalva
Os conectivos de oposição, como o próprio nome indica, servem para opor ideias ou conceitos num período. Principais
conectivos: Pelo contrário; em contraste com; salvo; exceto; menos; mas; contudo; todavia; entretanto; no entanto;
embora; apesar de; ainda que; mesmo que; posto que; ao passo que; em contrapartida.
Exemplo: Embora o Brasil seja um país diverso, podemos encontrar singularidades em muitas regiões do país.
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PARTE II – ANÁLISE SINTÁTICA
XVI. PERÍODO SIMPLES
1. Frase, Período e Oração
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou
fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.
Normalmente a frase é composta por dois termos - o sujeito e o predicado - mas não obrigatoriamente, pois, em
Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove.
Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de
pontuação.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita a partir de seus elementos constituintes,
elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global:
frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma pergunta. / Que queres fazer?
frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! - Faça-o sair!
frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo. / Que dia difícil!
frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já chegou.
A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) quando encerra um pensamento completo e vem limitada
por ponto-final, ponto-de-interrogação, ponto-de-exclamação e por reticências.
Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco.
Acima temos três orações correspondentes a três períodos simples ou a três frases. Mas nem sempre oração é
frase: "convém que te apresses" apresenta duas orações mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz
um pensamento completo.
Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se organiza ao redor de um verbo. A oração possui
sempre um verbo (ou locução verbal), que implica, na existência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado um
sujeito.
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa forma, Rua! é uma frase, não é uma oração.
Já em "Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do meu bem", temos uma frase e três orações: As
duas últimas orações não são frases, pois em si mesmas não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto,
membros de frase.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
completo. O período pode ser simples ou composto.
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove.
A existência é frágil.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.
Quero uma linda rosa.
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2.1 Sujeito
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.
a) "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.";
b) "Minhas primeiras lágrimas caíram dos teus olhos".
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e primeira referem-se ao conceito básico expresso em
lágrima. Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito
se relaciona com o verbo, estabelecendo a concordância.
A função do sujeito é basicamente desempenhada por substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração.
Pronomes substantivos, numerais e quaisquer outras palavras substantivadas (derivação imprópria) também podem
exercer a função de sujeito.
a) Ele já partiu;
b) Os dois sumiram;
c) Um sim é suave e sugestivo.
Um sujeito é expresso quando é visto na frase e facilmente identificável pela concordância verbal. Esse sujeito que
aparece na frase é chamado de determinado pode ser simples ou composto.
O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no
plural; pode também ser um pronome indefinido.
a) Nós nos respeitamos mutuamente;
b) A existência é frágil;
c) Ninguém se move;
d) O amar faz bem.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência ao sujeito oculto, elíptico ou desinencial, isto é, ao
núcleo do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras.
O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se pode identificar claramente a que o predicado da oração
se refere. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário teríamos uma oração sem sujeito.
a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
a.1) Bateram à porta;
a.2) Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não
apresentam complemento direto:
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado, articulam-se a partir de m verbo impessoal. A mensagem
está centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem sujeito com:
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a) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
a.1) Amanheceu repentinamente;
a.2) Está chuviscando.
b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:
b.1) Está tarde.
b.2) Ainda é cedo.
b.3) Já são três horas, preciso ir;
b.4) Faz frio nesta época do ano;
b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;
b.6) Deve fazer meses que ele partiu.
2.2 Predicado
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração contém a informação nova para o ouvinte.
Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:
a) Chove muito nesta época do ano;
b) Houve problemas na reunião.
Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se declara a respeito desse sujeito.
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);
b) Passou-me (predicado) uma idéia estranha (sujeito) pelo pensamento (predicado).
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se considerar
também se as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres de opinião.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta
ou indiretamente ao verbo.
A existência (sujeito) é frágil (predicado).
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o
sujeito e a palavra a ele relacionada.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da
oração por meio de um verbo.
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não indica um processo. O verbo une o sujeito ao
predicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito.
"Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas."
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando
como elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.
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O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predicado
verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao complemento verbal.
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, indicando processos. É também sempre por intermédio do
verbo que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
a) O dia amanheceu ensolarado;
b) As mulheres julgam os homens inconstantes
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação.
Esse predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro nominal: “O dia amanheceu” e “O dia estava
ensolarado”.
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o complemento homens como o predicativo inconstantes.
O objeto direto cognato ocorre quando o objeto direto possui um núcleo cujo radical é o mesmo do verbo regido por
ele.
a) João morreu uma morte dolorosa e sofrida.
b) Esses alunos vivem uma vida de reis.
O objeto direto pleonástico ocorre quando o objeto é antecipado na frase e retomado posteriormente por meio de um
pronome oblíquo átono que o repete.
a) Amigos, não os tenho.
b) Meus alunos, eu os ajudo em tudo que precisarem.
O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
b) Os homens pedem-lhes amor sincero;
c) Gosto de música popular brasileira.
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O objeto direto pleonástico ocorre quando o objeto é antecipado na frase e retomado posteriormente por meio de um
pronome oblíquo átono que o repete.
a) Amigos, não os tenho.
b) Meus alunos, eu os ajudo em tudo que precisarem.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome
que completa por intermédio de preposição e possui valor sempre passivo:
a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;
b) A arte é necessária à vida;
c) Moramos longe de todos.
d) A entrega dos prêmios ocorrerá mês que vem.
O termo que complementa uma locução verbal na voz passiva chama-se agente da passiva. O agente da passiva se liga
a essa locução verbal para atribuir um autor à ação e vem acompanhado de "por" (mais comum), "de" ou "com".
a) O ladrão foi preso por dois policiais.
b) O presidente é respeitado pelo povo.
c) O jardim está cercado de flores.
d) As ruas ficaram cobertas com lama.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de
um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercer o papel
de adjunto adverbial.
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
60
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva,
pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também atuam como
adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.
O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do
objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima. O poeta deixou-a.
O poeta português deixou uma obra inacabada. O poeta deixou-a inacabada.
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se
apenas ao substantivo.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a idéia contida num termo que
exerça qualquer função sintática.
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo:
Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:
a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas, permite-nos interpretar nossa relação com o mundo.
b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, arte, ação.
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso forma o carnaval.
d) especificativo: A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.
O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas
esse papel na linguagem.
As orações coordenadas podem ser Sindéticas ou Assindéticas. Nas sindéticas é utilizada conjunção coordenativa,
enquanto nas assindéticas, não.
Exemplos: Não coma bolo quente;/ ficará com dores de barriga. (Temos duas orações coordenadas assindéticas)
Vou sair/ e já volto! (Temos uma Oração Coordenada Assindética e uma Oração Coordenada Sindética)
A classificação das orações coordenadas sindéticas é feita de acordo com a conjunção coordenativa que inicia o período, a
saber:
Aditivas: Chegamos à praia e nadamos.
Adversativas: Eles queriam sair, porém estava chovendo.
Alternativas: Ora gosta de vestidos, ora gosta de sapatos.
Conclusivas: São adolescentes, logo irão namorar.
Explicativas: Não saia de casa agora, porque o trânsito estava parado.
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2. Períodos Compostos por Subordinação
Período Composto por Subordinação é aquele cujas orações dependem sintaticamente uma da outra para que façam
sentido. É o contrário do que acontece com o período composto por coordenação, em que as orações independem em
termos sintáticos.
Exemplos:
Não saímos porque estava chovendo. (Período Composto por Subordinação Adverbial)
Quero que ele volte! (Período Composto por Subordinação Substantiva)
O aluno que faltou ficou sem grupo. (Período Composto por Subordinação Adjetiva)
O período composto por subordinação é formado pela oração principal (sem conectivo) e pela oração subordinada (com
conectivo). A oração subordinada tem uma função sintática em relação à oração principal e, justamente por esse motivo,
é chamada de subordinada.
Existem 3 tipos de orações subordinadas, as quais são classificadas de acordo com a função que exercem:
As orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática dos pronomes relativos. Exerce a função sintática de
adjunto adnominal de um termo da oração principal, sendo introduzida por pronome relativo (que, qual/s, como,
quanto/a/s, cujo/a/s, onde). Estes pronomes relativos podem ser precedidos de preposição.
As subordinadas adjetivas dividem-se em restritivas e explicativas.
As restritivas restringem o sentido da oração principal, sendo indispensáveis. Apresentam sentido particularizante do
antecedente.
O professor castigava os alunos que se comportavam mal.
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As explicativas tem a função de explicar o sentido da oração principal, sendo dispensável. Apresentam sentido
universalizante do antecedente.
Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou muito impacto.
Geralmente, as orações explicativas vêm separadas da oração principal por vírgulas ou travessões.
Os pronomes relativos que introduzem as orações subordinadas adjetivas desempenham funções sintáticas. Para esse
tipo de análise, deve-se substituir o pronome relativo por seu antecedente e proceder a análise como se fosse um período
simples.
O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros - sujeito
Os trabalhos que faço me dão prazer - objeto direto
Os filmes a que nos referimos são italianos - objeto indireto
O homem rico que ele era hoje passa por mazelas - predicativo do sujeito
O filme a que fizeram referência foi premiado - complemento nominal
Cujo sempre funciona como adjunto adnominal; onde como adjunto adverbial de lugar; quem sempre se referirá a
seres vivos e como será adjunto adverbial de modo.
O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso – adjunto adnominal
O bandido por quem fomos atacados fugiu – agente da passiva
A escola onde estudamos foi demolida – adjunto adverbial
O modo como foi feita a casa denunciava a tragédia – adjunto adverbial de modo
Há períodos que são formados por orações coordenadas e por orações subordinadas. Assim, esse período apresenta
oração independente ao mesmo tempo que apresenta oração dependente em termos sintáticos.
Exemplo: Eu estudava e trabalhava enquanto meu pai se divertia.
Eu estudava - oração coordenada assindética
e trabalhava - oração coordenada sindética aditiva
enquanto meu pai se divertia - oração subordinada adverbial
- coordenativa adversativa quando a conjunção recai na ação que não necessariamente é o resultado da ação anterior, ou
seja, na segunda ação: João estudou muito, mas tirou nota baixa.
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4.2 Coordenativa Explicativa ou Subordinativa Causal?
As conjunções coordenativas explicativas introduzem orações que explicam a anterior, ou seja, não são a causa da ação
anterior; já as conjunções subordinativas causais introduzem uma oração que causa a ação anterior.
Vejamos na prática.
- Volte cedo, porque a rua é perigosa. Após orações sem conectivos feitas com verbos no imperativo, sempre teremos
conjunção coordenativa explicativa, e não subordinativa causal.
- Choveu muito, porque a rua está alagada. Temos uma conjunção coordenativa explicativa. Percebemos que o fato de a
rua estar alagada não causou a ação de chover muito, ou seja, classificamos
- A rua está alagada, porque choveu muito. Temos uma conjunção subordinativa causal. Percebemos que o fato de a rua
estar alagada foi claramente causado pela ação de chover muito.
Outros exemplos:
- Não almoço, porque não tenho fome. (Causal)
- O Manuel tem dinheiro, porque comprou um carro novo. (Explicativa)
- O Vítor domina o vocabulário, visto que lê muito. (Causal)
- Sobe, que te quero mostrar uns livros. (Explicativa)
- Aplaudiram o orador, pois o discurso foi brilhante. (Causal)
- O discurso foi brilhante, pois aplaudiram o orador. (Explicativa)
Não é a falta de conectivo que determina a existência de uma oração reduzida, e sim a forma nominal do verbo.
Classificam-se em reduzida de particípio, gerúndio ou infinitivo, em função da forma verbal que apresentam.
As reduzidas de infinitivo podem vir ou não precedidas de preposição e, geralmente, são substantivas ou adverbiais,
raramente adjetivas. As orações adverbiais, em geral, vêm precedidas de preposição. Entretanto, as proporcionais e as
comparativas são sempre desenvolvidas.
Algumas orações reduzidas de infinitivo merecem atenção: vem depois dos verbos deixar, mandar, fazer, ver, ouvir,
olhar, sentir e outros verbos causativos e sensitivos. Deixei-os fugir (= que eles fugissem) - orações subordinada
substantiva objetiva direta. Este é o único caso em que o pronome oblíquo exerce função sintática de sujeito (caso de
sujeito de infinitivo).
As reduzidas de gerúndio são geralmente adverbial, raramente adjetiva e coordenada aditiva. A maioria das reduzidas
adverbiais são temporais. Não há consecutiva, comparativa e final reduzida de gerúndio.
A reduzida de particípio, geralmente adjetiva ou adverbial, também sendo mais comuns as temporais. Eventualmente,
uma oração coordenada pode vir como reduzida de gerúndio.
2) Expressões partitivas como: parte de, uma porção de, o grosso de, o resto
de, metade de e equivalentes, o verbo poder+a ir para o singular ou plural.
Ex: A maioria das pessoas correram. (ou correu)
A maioria correu.
3) Expressões perto de, cerca de, mais de e menos de levam o verbo a concordar com o numeral.
Ex: Perto de cem pessoas o aplaudiram.
Mais de um sujeito correu na salvação do pescoço-pelado.
Obs: Mais de um levará o sujeito para o plural apenas quando houver idéia de reciprocidade, ou aparecer repetida.
7) Sujeito formado por pronome interrogativo ou indefinido seguidos de (dentre nós ou vós) o verbo pode ficar na 3° do
plural ou concordar com o pronome pessoal.
Ex: Qual de nós receberá o prêmio?
Obs: Se o pronome estiver no plural, a concordância pode ser também com o pronome pessoal.
Ex: Quais de nós voltaremos?
Quais de vós voltarão?
8) Quando o substantivo é um nome próprio usado com artigo plural, a concordância se faz com o artigo.
Ex: Alegrias de Nossa Senhora tem a sua história.
Os Estados Unidos assinaram o tratado.
9) Concordância do verbo SER
- Se o sujeito é representado pelos pronomes interrogativos quem ou que, o verbo ser concorda com o predicativo.
Ex: Quem eram os pretendentes ao cargo?
Que são as tristezas da vida?
10) Sujeito formado por o, tudo, nada, isto, isso, aquilo: o verbo ser concorda com o sujeito ou com o predicativo.
Ex: Tudo são flores - Tudo é flores
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DICA: Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo não concordará com o predicativo. Se o predicativo
for parte do corpo, haverá duas possibilidades.
Ex: Ovídio é muitos poetas ao mesmo tempo, e todos excelentes.
Eu era olhos e coração.
Santinha eram dois olhos míopes, quatro incisivos claros à boca.
12) Dar, Bater Tocar e Soar, em relação a horas, concordam com o numeral. (p. 521)
Ex: Já deram três horas
Bateram doze horas no relógio
Obs.: Quando há o sujeito relógio (ou sino, sineta, etc.), o verbo naturalmente concorda com ele:
Ex: O sino da Matriz bateu seis horas
O relógio de uma das igrejas bateu duas horas.
13) O verbo ser é invariável em expressões numéricas que indiquem a totalidade do tipo é o preço, é muito, é pouco, é
suficiente, é a distância.
Ex: Dez contos?! Não será demais?
Cem reais é pouco.
Trinta quilômetros é a distância.
Mas o verbo pode ir para o plural quando os infinitivos exprimem ideias nitidamente contrárias.
Em sua vida se alternam rir e chorar.
Para o singular, se o fato expresso pelo verbo só pode ser atribuído a um dos sujeitos, isto é, se há ideia alternativa.
Ex.: Fui devagar, mas o pé ou o espelho traiu-me.
Nem tormenta nem tormento nos poderia parar.
18) Um ou outro e nem um nem outro usados como pronomes substantivos ou pronomes adjetivos pedem o verbo no
singular.
Ex: Só um ou outro menino usava sapatos.
Nem um nem outro havia idealizado previamente este contato.
Obs.: Quando a expressão nem um nem outro se emprega como pronome substantivo não é raro o verbo ir para o plural.
Ex: Nem um nem outro desejavam questionar.
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19) Um e outro verbo no plural ou singular.
Ex: Um e outro esportista vencerá
Um e outro esportista vencerão
Verbo concorda com o primeiro, quando se pretende realçá-lo em detrimento do segundo (o segundo é reduzido à
condição de adjunto adverbial de companhia).
Ex: A viúva, com o resto da família, mudara-se para Vila Isabel.
2) Quando o adjetivo se referir a dois ou mais substantivos do mesmo gênero e no singular e vier posposto, toma o gênero
deles e vai facultativamente, para o singular ou plural.
Ex.: Disciplina, ação e coragem digna ou dignas.
Observação: Adjetivo anteposto ao substantivo concorda com o mais próximo.
Ex.: Sinto eterno amor e gratidão.
3) Quando o adjetivo se referir a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes e no singular e vier posposto, poderá ir
para o masculino plural ou concordar com o mais próximo.
Ex.: Escolhestes lugar e hora maus.
Escolheste lugar e hora má.
4) Quando o adjetivo se referir a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes e no plural e vier posposto, tomará o
plural masculino ou concordará com o mais próximo.
Ex.: Rapazes e moças estudiosos ou estudiosas.
Primos, primas e irmãos educadíssimos.
5) Pode o adjetivo ainda concordar com o mais próximo quando os substantivos são ou podem ser considerados
sinônimos.
Ex.: Gratidão e reconhecimento profundo ou profundos.
6) Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo substantivo determinado pelo artigo, ocorrem dois tipos de
concordância.
Ex.: Estudo as línguas inglesa e francesa.
Estudo a língua inglesa e a francesa.
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7) As palavras “mesmo”, “próprio” e “só” (quando equivale a sozinho) concordam em gênero e número com a palavra a
que se referem. A palavra “só”, quando equivale a “somente”, é advérbio e invariável.
8) As palavras “anexo”, “incluso”, “junto”, “bastante” e “nenhum” concordam com os substantivos a que se referem.
Ex.: Segue anexa a cópia do documento. Bastantes pessoas ignoram esse plural.
Vão inclusos os requerimentos. Homens nenhuns, nenhumas causas.
Seguem juntas as notas.
9) As palavras “meio” e “meia”, como adjetivo, concordam em gênero e número com o substantivo que modificam, mas,
como advérbio, “meio” permanece invariável.
Observação: Estão nesse caso palavras como pouco, muito, bastante, barato, caro, longe.
10) As palavras “dado” e “visto” e qualquer outro particípio concordam com o substantivo a que se referem.
11) As expressões “um e outro” e “nem um nem outro” são seguidas de um substantivo singular.
Ex.: Aprovei um e outro ato.
Uma e outra coisa duraram.
Observação: Quando “um e outro” for seguido de adjetivo, o substantivo fica no singular e o adjetivo vai para o plural.
Ex.: Uma e outra parede sujas.
Um e outro lado escuros.
12) A palavra “possível” em “o mais ... possível”, “o pior ... possível”, “o melhor ... possível”, mantém-se invariável; porém
com o plural “os mais”, “os menos”, “os piores”, “os melhores”, a palavra “possível” vai para o plural.
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13) A palavra “obrigado” concorda com o nome a que se refere.
b) O predicativo do objeto, se o objeto direto for simples, o adjetivo predicativo concorda em gênero e número com o
objeto; se o objeto for composto, o adjetivo predicativo deverá flexionar-se no plural e no gênero do objeto.
Ex.: Trouxeram-na desmaiada.
A justiça declarou criminosas a atriz e suas amigas.
16) Dois ou mais numerais ordinais precedidos de artigo determinando o substantivo, este ficará no singular ou no plural;
mas se apenas o primeiro vier com artigo, o substantivo irá para o plural.
Ex.: Já estudei a primeira e a segunda série ou séries do 1º. grau.
Já estudei a primeira e segunda séries do 1º. grau.
Substantivos:
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
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Adjetivos:
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios:
Longe de Perto de
Obs.: Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.
1. ASPIRAR
a) VTD = sorver, respirar Gosto de aspirar o ar puro do campo.
b) VTI (prep. A) = desejar, almejar O escriturário aspira ao cargo de gerente.
2. ASSISTIR
a) VTI (A) = ver, presenciar Vou assistir ao jogo.
b) VTD = socorrer, ajudar O médico assistiu o enfermo.
c) VTI (A) = caber, ter direito Não assiste ao professor reclamar tanto.
d) VI (EM) = morar, residir Ele assiste no Rio de Janeiro.
3. CHAMAR
a) VTD = convocar, solicitar a presença Chamei o jovem à minha presença.
b) VTI (POR) = invocar, pedir ajuda Chamei por Deus.
c) VTD ou VTI = qualificar, nomear, apelidar Chamei-o patriota (de patriota) // Chamei-lhe patriota (de patriota).
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4. CUSTAR
a) VTI (sempre na 3ª pessoa) = ser difícil, ser penoso Custou-me (a) entender este assunto.
b) VTDI = acarretar A imprudência custou-lhe lágrimas amargas.
c) VI = estabelecer preço Este rádio custou vinte reais.
5. ESQUECER/LEMBRAR
a) VTD Esqueceu o livro.
b) VTI (DE) = verbo pronominal Esqueceu-se do livro.
c) VTI = a coisa esquecida torna-se sujeito, e a pessoa torna-se objeto indireto Esqueceu-me o livro.
6. IMPLICAR
a) VTD = acarretar, trazer consequência Teu nervosismo implicou a tua reprovação.
b) VTI (COM) = antipatizar Ela implica muito com o seu irmão.
c) VTD e VI com a preposição EM, quando significar envolver alguém Implicou o advogado em negócios ilícitos.
7. INFORMAR/AVISAR/CIENTIFICAR/NOTIFICAR
a) VTDI Informei a prova ao aluno. // Informei o aluno da prova.
9. PAGAR/PERDOAR/AGRADECER/OFERECER/DAR/ DOAR/ENTREGAR
VTD = coisa // VTI (A) = pessoa Paguei a dívida ao credor. // Perdoou a dívida ao devedor
10. PREFERIR
a) VTDI (A) Prefiro cinema a televisão. (certo) // Prefiro o cinema à televisão. (certo) // Prefiro mais cinema do que
televisão. (errado)
11. PROCEDER
a) VTI (A) = dar início, realizar O chefe procedeu à reunião.
b) VI (DE) = originar-se, provir O trem procedia de São Lourenço.
c) VI (sem prep.) = comportar-se Zezinho não procedeu como devia.
d) VI (sem prep.) = ter fundamento Tal atitude não procede neste recinto.
12. QUERER
a) VTD = querer, desejar O bebê queria a chupeta.
b) VTI (A) = estimar, gostar Quero muito a meu irmão.
13. RESPONDER
a) VTDI (A) = coisa e pessoa Respondi o telegrama ao amigo.
b) VTI (A) = pessoa Respondi ao meu pai.
c) VTI (A) = com relação à pergunta Ele respondeu às próprias perguntas.
d) VTD = com relação ao que foi respondido Ele respondeu que não iria à praia.
14. VISAR
a) VTD = mirar, ver O caçador visou o tigre.
b) VTD = rubricar, dar visto O gerente visou o cheque.
c) VTI = almejar, ter como objetivo Visamos ao bom ensino da linguagem.
15. MORAR/RESIDIR/SITUAR
a) VI (EM) Ela reside na rua Dr. Nilo Peçanha. (certo).
Ela reside à rua Dr. Nilo Peçanha. (errado)
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16. NAMORAR
a) VTD Namorei a gerente. (certo) // Namorei com a gerente (errado)
17. CRER/ACREDITAR/PENSAR
a) VTI (EM) Creio em você. // Acredito em você. // Penso em você.
b) VTD = objeto direto oracional Creio que seremos aprovados. // Acredito que seremos aprovados. // Penso que
seremos aprovados.
18. PISAR
a) VTD Pisei a grama. (certo) // Pisei na grama. (errado).
19. OBEDECER/DESOBEDECER
a) VTI (A) Obedeço a meu pai. // Desobedeço a meu pai.
* São estes os principais verbos que, quando TI, não aceitam LHE/LHES como complemento, estando em seu lugar
preposição e pronome ele (a/s) - aspirar, visar, assistir (ver), aludir, referir-se, anuir , gostar, confiar (creditar) e preferir.
* Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar, informar, lembrar, noticiar, notificar, prevenir são TD e I, admitindo
duas construções: Quem informa, informa algo a alguém ou Quem informa, informa alguém de algo.
* Segundo Pasquale Cipro-Neto e Ulysses Infante, seguem verbos que podem ser usados como TD ou TI, sem alteração de
sentido: abdicar (de), acreditar (em), almejar (por), ansiar (por), anteceder (a), atender (a), atentar (em, para), cogitar (de,
em), consentir (em), deparar (com), desdenhar (de), gozar (de), necessitar (de), preceder (a), precisar (de), presidir (a),
renunciar (a), satisfazer (a), versar (sobre).
XXII. CRASE
1. Conceito
Antes de qualquer coisa, é importante frisar que a crase não é acento, e sim a representação gráfica da superposição
de duas vogais – no caso da língua portuguesa, possível somente na junção de dois "as" - o primeiro é uma preposição; o
segundo, pode ser um artigo definido, um pronome demonstrativo a(as) ou aquele(a/s),e aquilo. O acento gráfico que
marca este fenômeno é o grave (`).
O domínio da crase depende de o aluno conhecer a regência de alguns verbos e nomes.
Isso quer dizer que, para que a crase ocorra, ela obrigatoriamente deverá vir antes de palavra no feminino.
Nota do professor: Sabe aqueles exemplos que você aprendia como crase por estar subentendida a expressão “à moda
de”?
Comi um bife à (moda de) Oswaldo Aranha.
Ela usava um salto à (moda de) Luís XV.
Marta fez um gol à (moda de) Pelé.
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Tome cuidado com os casos em que a expressão “moda” não está subentendida e, consequentemente, não haverá
crase.
Comi um frango a (moda de) passarinho. Marta dedicou seu gol a (moda de) Pelé.
Repare que são sempre os mesmos exemplos e raramente vêm em provas de concurso militar.
Assim, pense na crase majoritariamente vindo sempre antes de uma palavra no feminino ou com sentido feminino
(marcas famosas de produtos femininos, por exemplo), nunca antes de uma palavra masculina.
3. Quando Há Crase?
Em locuções prepositivas, adverbiais ou conjuntivas femininas.
à queima-roupa, às cegas, às vezes, à beça, à medida que, à proporção que, à procura de, à vontade.
Atenção 2: Em alguns casos, a crase evita ambigüidades entre adjunto adverbial de instrumento e objeto direto.
Sou péssimo para desenhar à mão. (a lápis)
Quando as palavras "rua", "loja", "rádio" ou “emissora” estiverem subentendidas e, no uso comum, sejam utilizados
os devidos artigos.
Maria dirigiu-se à Globo (Eu vejo a Globo [TV]).
Na expressão devido à (s) + palavra feminina ocorre a crase.
Devido às circunstâncias, desisti das aulas. (aos casos)
Atenção 2: quando a expressão “uma hora” se referir a “qualquer hora”, não haverá crase.
a) Esse edifício cairia a uma hora qualquer.
Antes de topônimos que exijam artigo definido ou, caso não exijam artigo, estejam determinados.
a) Iremos à França.
b) Iremos à Bahia.
c) Iremos a Curitiba.
d) Iremos à bela Curitiba.
Atenção: Quando o topônimo não estiver determinado, usa-se o teste da troca do verbo para chegar. Se nesta troca
aparecer chego da, há crase; se for chego de, não há crase.
a) Iremos a Curitiba. Chegamos de Curitiba.
b) Iremos a Salvador. Chegamos de Salvador.
c) Iremos à Bahia. Chegamos da Bahia
- Com os demonstrativos aquele (s), aquela (s) e aquilo, basta verificar se, por regência, alguma palavra pede a
preposição que irá se fundir com o "a" inicial do próprio pronome. Uma dica é trocar aquele (a/s) por este (a/s) e aquilo
por isto, se antes aparecer a, há crase.
a) Enviei presentes àquela menina. (a esta)
b) A matéria não relaciona aqueles problemas.(este)
c) Não se de ênfase àquilo. (a isto)
- O pronome demonstrativo a(s) aparece antes de que ou de e pode ser trocado por aquela(s). Deve-se fazer o teste
da troca por um masculino similar e verificar se aparece ao(s).
a) Esta estrada é paralela à que corta a cidade (o caminho é paralelo ao que corta a cidade).
b) Conheço a moça de azul, não a de branco.
Antes dos pronomes relativos "que" e "quem" não ocorre crase. Já o pronome qual(is) admite crase. Uma dica é
trocar o substantivo feminino anterior ao pronome por um masculino, se aparecer ao(s) há crase.
a) A menina a que me refiro não estudou.
b) A professora a quem me refiro é bonita.
b) A fama à qual almejo não é difícil.
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7. Quadro Bizurado Sobre a Crase
Antes de cidades, Foi à Itália (voltou da Itália). Foi a Roma (voltou de Roma).
estados, países Chegou à Paris dos poetas (voltou da Foi a Paris (voltou de Paris).
Paris dos poetas).
Todas elas podem vir com crase: Meio ou Instrumento:
Às vezes, às pressas, à primeira vista, À vela/a vela; à bala/a bala; à
Locuções adverbiais,
à medida que, à noite, à custa de, à vista/a vista; à mão/a mão.
conjuntivas ou prepositivas de
procura de, à beira de, à tarde, à (Prefira crase quando for
base feminina
vontade, às cegas, às escuras, às preciso evitar ambiguidade:
claras. Receber à bala).
Referiu-se àquilo;
Aquele, aqueles, aquilo,
Foi àquele restaurante;
aquela, aquelas
Dedicou-se àquela tarefa.
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XXIII. PONTUAÇÃO
1. O uso da pontuação
Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até mesmo, silêncio - que só estão presentes na
oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.
Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e esclarecer o sentido de frases, a fim de
dissipar qualquer tipo de ambiguidade.
Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser empregada:
Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as unhas.
Atenção 2: as vírgulas não podem isolar o sujeito do verbo. Veja os dois exemplos abaixo.
O pintor Rafael, italiano, nasceu em Urbino.
O pintor Rafael italiano, nasceu em Urbino. (errado)
O pintor Rafael, italiano nasceu em Urbino. (errado)
Para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso etc.):
Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos.
Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.
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Para isolar os adjuntos adverbiais:
A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.
Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase declarativa de um período simples ou composto.
Desejo-lhe uma feliz viagem.
A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com primor.
O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas: fev. = fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia. Não são
usados após siglas: UERJ, IBAMA, FMI, CRVG.
Os pontos feitos ao longo de um texto são chamados simplesmente de “ponto” ou, também, “ponto continuativo”. Os
pontos que encerram uma das ideias de um texto e finalizam um parágrafo são chamados “ponto parágrafo”. O ponto que
é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.
Separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma doidivanas.
É muito utilizado em orações coordenadas assindéticas com sentido de acréscimo de ideias.
Eu fui à festa; ele, à igreja; ela, à escola.
Em um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar Lucila.
Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos, notas, apostos ou observações.
NOTA: A invocação em correspondências, sejam elas sociais ou comerciais é seguida de dois-pontos ou de vírgula,
tanto faz.
Querida amiga:
Prezados senhores,
O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
- Não obrigado. A que horas janta-se?
- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- O senhor sai a passeio depois do jantar?
- Não. (José de Alencar)
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação exclamativa, que
normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante, Jacinto!
- Então janta, homem!
(Eça de Queiroz)
O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:
Oh! Valha-me Deus!
Indicar que a frase foi interrompida com a finalidade de provocar dúvida, hesitação, surpresa ou um entrave à
escrita ou fala do autor.
Quanto à Joana, ela... você sabe...
Inconstuit... Inconstitiu... Como se fala, mesmo?
“Sou de Angra, mas...” Mal terminei essa frase, interromperam meu discurso com um enorme grito.
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Indicar uma enumeração de fatos, ações ou artigos, normalmente utilizado no lugar da expressão “etc”.
Peguei as roupas, os objetos, as camisas...
Ande, fale, pense, viva, deseje...
Intercalam, num texto, qualquer indicação acessória (explicação, circunstância, nota, ironia...) e, ao final dele, indica
autoria, ano ou outra informação sobre o texto.
Deus (ou talvez o Diabo?) me deu esse amor maduro. (Drummond).
Maria (a vilã da novela) era assustadora. (também podendo utilizar vírgulas ou travessões)
Ganhara muito dinheiro na loteria (grande coisa!).
Não digo nada, espero o vendaval passar. (1989).
Isola palavras ou frases (travessão duplo) ou isola a parte final de um enunciado, dando-lhe ênfase.
Ninguém – ninguém mesmo! – via aquelas formas.
Todos juntos tem grande força – a força de uma vida.
Também serve para enumerar itens quando estes são colocados em forma de listagem.
Precisaremos também de:
- cozinheiros; - açougueiros;
- paneleiros; - padeiros.
Isolar do contexto frases ou palavras de outros autores/personagens ou, então, evidenciar determinados
termos, tais como gírias, neologismos, arcaísmos, estrangeirismo, dentre outros.
Deus disse: “faça-se a luz”. E a luz se fez.
Utilize a função “deletar” do seu celular.
Vou “internetear” bastante nesse final de semana.
Estou “out” para vocês.
1. Próclise
Usamos a próclise nos seguintes casos:
(1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.
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(2) Advérbios
- Aqui se tem paz.
- Sempre me dediquei aos estudos.
- Talvez o veja na escola.
(3) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.
- Quando se trata de comida, ele é um “expert”.
- É necessário que a deixe na escola.
- Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos.
(8) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo) em que o sujeito aparece antes do verbo.
- Deus o abençoe! - Deus te abençoe, meu filho!
- Macacos me mordam! - Como ela se ilude!
(2) Com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito sem nenhuma atrativa.
- Eu te darei o céu, meu bem.
- Joana me entregaria os livros essa semana.
(3) Com o verbo iniciando oração reduzida de gerúndio.
- Saiu nos deixando por instantes.
Atenção: quando se tratar de locução verbal com verbo no gerúndio, verificar as regras específicas para esse caso.
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2. Mesóclise
Usada quando o verbo estiver no futuro do presente (vai acontecer – amarei, amarás, …) ou no futuro do pretérito (ia
acontecer mas não aconteceu – amaria, amarias, …)
3. Ênclise
Usamos a ênclise nos seguintes casos:
(5) Junto ao infinitivo não flexionado, precedido da preposição a, em se tratando dos pronomes o, a, os, as:
(2) Assim como frases em que haja uma palavra denominada atrativa.
- Ninguém mexeu-se....... (errada)
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(2) Com verbo conjugado no infinitivo, independente de palavra atrativa.
- Corri para defendê-lo / Corri para o defender.
- Calei-me para não contrariá-lo. / Calei-me para não o contrariar
Locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar + infinitivo, gerúndio ou particípio.
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PARTE III - COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
TEXTO
São as construções que envolvem as frases, orações, períodos, parágrafos...
Pode vir em forma tradicional ou charges, cartuns, sinais
É uma unidade básica de organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral.
Um (a) escultura, quadro, símbolo, sinal de trânsito, foto, filme ou uma novela são formas textuais.
TEXTO – É um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir
interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). O texto designa uma manifestação linguística expressa por
meio das ideias ou argumentos de um autor. Essas ideias serão interpretadas pelo leitor de acordo com seus
conhecimentos linguísticos, culturais, sociais, históricos.
CONTEXTO – Um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se
com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa
interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase
for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
O contexto é uma circunstância essencial na produção de textos. Ele corresponde ao conjunto de conjunturas (materiais
ou abstratas) que rodeiam um acontecimento ou fato.
Para compreendermos a mensagem de um texto, precisamos estar a par do contexto ao qual pertence. Isso para que a
mensagem transmitida pelo locutor (autor, emissor) seja inteligível para o interlocutor (leitor, receptor).
Nesse sentido, uma piada pode não fazer sentido, quando por exemplo está contextualizada numa determinada cultura, a
qual não faz parte do seu repertório interpretativo.
Compreensão de Textos: Significa entendimento. Os testes de compreensão exigem do candidato uma postura muito
voltada para o que está escrito, para o que está explícito. De forma geral, significa coletar dados do texto.
Pode também receber o nome de INTELECÇÃO.
Interpretação: Interpretação significa dedução, inferência, conclusão. As questões de interpretação não pretender cobrar
o que está escrito, mas o que se pode entender daquilo que está escrito.
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Três erros capitais na análise de textos
1 – Extrapolação: É o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são fatos
reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao que está relatado.
2 – Redução: É o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o
texto como um todo para se ater apenas à parte dele.
3 – Contradição: É o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom que se tome cuidado com
algumas palavras, como: “pode”, “deve”, “não”, verbo “ser”, etc.
INTERTEXTO – Comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. A
esse tipo de recurso denominamos “intertexto”
INTERTEXTUALIDADE
=> Entende-se a criação de um texto a partir de outro pré-existente. Suas fu Suas funções dependem muito dos
textos/contextos em que ela é inserida, ou seja, dependendo da situação.
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PARÁFRASE
Explicações:
a) Certos alunos = qualquer aluno Alunos certos = aluno correto
b) Alunos determinados = alunos decididos Determinados alunos = qualquer
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E o que é analisar ?
O que se pretende com a análise textual?
• identificar o gênero e a tipologia;
• verificar o significado das palavras;
• contextualizar a obra no espaço e tempo;
• esclarecer fatos históricos do texto;
• conhecer dados biográficos do autor;
• relacionar o título ao texto;
• levantar o problema abordado;
• apreender a ideia central do texto;
• aprender as ideias secundárias do texto;
• buscar a intenção do texto;
• verificar a coesão e coerência textual;
• reconhecer se há intertextualidade.
• levantar elementos para a compreensão e, posteriormente, fazer julgamento crítico.
TIPOS DE DISCURSO
=> Os personagens que participam da história evidentemente falam. É o que se conhece como discurso, que pode ser:
1) Direto
=> O narrador apresenta a fala do personagem, integral, palavra por palavra. Geralmente se usam dois pontos e travessão.
Ex.: O funcionário disse ao patrão:
- Espero voltar no final do expediente.
Rui perguntou ao amigo:
- Posso chegar mais tarde?
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2) Indireto
=> O narrador incorpora à sua fala a fala do personagem. O sentido é o mesmo do discurso direto, porém é utilizada uma
conjunção integrante (que ou se) para fazer a ligação.
Ex.: O funcionário disse ao patrão que esperava voltar no final do expediente.
Rui perguntou ao amigo se poderia chegar mais tarde.
Obs.: O conhecimento desse assunto é muito importante para as questões que envolvem as paráfrases. Cuidado, pois,
com o sentido. Procure ver se está sendo respeitada a correlação entre os tempos verbais e entre determinados
pronomes. Abaixo, outro exemplo, bem elucidativo.
Minha colega me afirmou:
- Estarei aqui, se você precisar de mim.
Minha colega me afirmou que estaria lá se eu precisasse dela.
O sentido é, rigorosamente, o mesmo. Foi necessário fazer inúmeras adaptações.
3) Indireto livre
=> É praticamente uma fusão dos dois anteriores. Percebe-se a fala do personagem, porém sem os recursos do discurso
direto (dois pontos e travessão) nem do discurso indireto (conjunções que ou se).
Ex.: Ele caminhava preocupado pela avenida deserta. Será que vai chover, logo hoje, com todos esses compromissos!?
IMPORTANTE: Em um texto pode haver mais de uma tipologia, sabendo-se que apenas uma prevalecerá.
TIPOLOGIA TEXTUAL
A - Descritivo: Ressalta características, podendo ser físicas e/ou psicológicas, seja de um objeto, de uma pessoa, de um
ambiente, de um animal. Predomina o uso de adjetivos, qualificando o elemento descrito.
Ex.: Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-se um lago de
águas cristalinas. Através delas, vemos dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta desse lago pairam, imponentes,
árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas gerações.
B - Narrativo: É o contar de uma situação verídica ou não. Pode ser fábula, conto, relato, crônica, depoimento, piada,
novela ou romance.
Ex.1: O rapaz, depois de estacionar seu automóvel em um pequeno posto de gasolina daquela rodovia, perguntou a um
funcionário onde ficava a cidade mais próxima. Ele respondeu que havia um vilarejo a dez quilômetros dali.
b. ( )Ex.2: O rapaz, depois de estacionar seu automóvel em um pequeno posto de gasolina daquela rodovia, perguntou:
Onde fica a cidade mais próxima?
Há um vilarejo a dez quilômetros daqui respondeu o funcionário.
O objetivo aqui foi mostrar que, mesmo em um exercício de tipologia textual, pode ser solicitada a distinção ente
discurso direto e indireto.
Ex.: Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício da Avenida Paulista. De lá avistava todos
os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das
arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com
majestosas mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se, por
alto, imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do
progresso.
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D – Narrativo-Descritivo: Junção de características com predominância dos elementos narrativos.
Ex.1: As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa
censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e
Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário
próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do trabalho.
Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos.
Ex.2: O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado. Ele se sentia inseguro, apesar de
ter um bom currículo, mas sempre ficava assim quando estava por ser testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar
de extrema seriedade e começou a lhe fazer perguntas variadas. O interrogatório parecia sem fim. Porém, aquela
sensação desagradável acabou quando ele foi informado de que o lugar era seu.
E – Dissertativo-Argumentativo – Tem o objetivo de convencer o leitor, persuadi-lo a concordar com a ideia ou ponto de
vista exposto, isso se faz por intermédio de argumentação, utilizando-se de dados, estatísticas, provas, opiniões relevantes
etc.
Ex.1: Acredita-se firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos
problemas econômicos, por todos há muito conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de
alterar a realidade, se as autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma
comunidade de cidadãos conscientes.
Ex.2: A televisão aliena o homem por requisita-lo inteiramente para si, uma vez que as informações que traz são
bombardeadas em frações de segundos, não permitindo o menor desvio de sua atenção e nem uma reflexão mais
aprofundada devido à rapidez e à quantidade de informações.
Ex.: Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que o homem vem causando ao meio
ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os
efeitos nocivos da poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspectos a serem
mencionados. Os que se preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações temem que a ambição
desmedida do homem acabe por tornar esta terra inabitável.
G – Injunção (Prescrição): Usa-se para pedir, recomendar ou ordenar. Ex.: manual de instruções.
- Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma indicação e não uma ordem.
- Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação dada no texto é uma imposição.
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COESÃO E COERÊNCIA
COESÃO – é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em
outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome
oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.
=> Três princípios básicos são necessários para compreendermos melhor o que é coerência textual:
1) Princípio da Não-contradição: Um texto deve apresentar situações ou ideias lógicas que não se contradigam;
2) Princípio da Não-tautologia: A tautologia nada mais é do que um vício de linguagem que repete ideias com palavras
diferentes ao longo do texto, o que compromete a transmissão da informação;
3) Princípio da Relevância: Informações fragmentadas, incompletas, tornam as ideias do texto incoerentes, ainda que
cada fragmento apresente certa coerência individual. Se as ideias não dialogam entre si, então elas são irrelevantes. É
importante ressaltar que o uso adequado dos conectivos também colabora na construção de um texto coerente, pois a
coesão textual é um importante mecanismo de estruturação do texto.
Coesão textual
=> Para que um texto apresente coesão, devemos escrever de maneira que as ideias se liguem umas às outras, formando
um fluxo lógico e contínuo.
1. Coesão referencial: Ocorre quando se utilizam expressões que retomam ou antecipam nossas ideias:
=> onde: indica a noção de "lugar" e pode substituir outras palavras. Ex.: São Paulo é uma cidade onde a poluição atinge
níveis muito altos. [No caso, "onde" retoma a palavra "cidade".]
=> cujo: pode estabelecer uma relação de posse entre dois substantivos. Lavei a escada cujos degraus estavam sujos..
=> que: pode substituir (e evitar a repetição de) palavras ou de uma oração inteira. Ex.: Pedro Álvares Cabral descobriu o
Brasil, o que permitiu aos portugueses ampliarem seu império marítimo.
=> esse (a), isso: podem conectar duas frases, apontando para uma ideia que já foi mencionada no texto. Ex.: O
presidente de uma ONG tem inúmeras funções a cumprir. Essas responsabilidades, no entanto, podem ser divididas com
outros membros .
=> este(a), isto: podem conectar duas frases, apontando para uma ideia que será mencionada no texto.
Ex.: O que me fascina em Machado de Assis é isto: sua ironia.
* Cuidado com o uso da palavra através, que só deve ser usado em caso de se atravessar algum espaço determinado ou o
tempo
2. Coesão lexical: Permite evitar a repetição de palavras e, também, unir partes de um texto. Pode ser alcançada
utilizando-se:
=> Sinônimos: Ex.: O presidente do Palmeiras, Silvano Eustáquio, afirmou que o time tem todas as condições de ser
campeão. Segundo o dirigente, com Miudinho, o gol palmeirense será impenetrável. Na opinião do cartola, a torcida só
terá alegrias.
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=> Perífrases: Ex.: O Rio de janeiro continua lindo. A cidade maravilhosa atrai turistas nos estádios de futebol é sempre
necessária, pois as torcidas às vezes agem com violência. Na verdade, não é mais possível a realização de qualquer
campeonato sem a presença de elementos treinados para garantir não só a ordem, mas também proteger a segurança
dos cidadãos que desejam acompanhar o jogo em tranquilidade.
=> Termos simbólicos: Inácio tinha dúvidas se iria para a Igreja, mas o apelo da cruz foi forte.
3. Coesão sequencial: Estabelece relações lógicas entre as ideias do texto. Para tanto, utilizamos os chamados conectivos.
Vamos explorar este assunto com riqueza de detalhes quando estudarmos “CONJUNÇÕES”.
Cuidado com conectivos que podem apresentar diferentes sentidos de acordo com o contexto em que estejam inseridos.
Notem que, apesar de o conectivo ser o mesmo nas três sentenças (“como”), as relações de sentido estabelecidas são
completamente diferentes. Nunca deixem de levar o contexto em consideração!
Coesão recorrencial: Esse tipo de coesão se caracteriza pela repetição de algum tipo de elemento anterior. Essa repetição
não funciona como na coesão referencial, quando fazemos alusão a um mesmo referente, mas sim como uma
“lembrança” de um mesmo padrão. Ela pode aparecer de várias formas:
=> A recorrência nesse caso dá uma ideia de continuidade. Não é uma repetição vocabular vista como desnecessária, mas
sim enfática.
COERÊNCIA X COESÃO
Coerência: É a organização de ideias que mantém a lógica no raciocínio do início ao fim. Faz com que o texto não seja
uma sucessão de frases apenas e não apresente contradições, encadeando harmonicamente o que é escrito.
Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do décimo andar e não sofreu nenhum
arranhão." é coerente, na medida que a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a
anormalidade do fato narrado.
Resumindo, podemos dizer que a coesão é a ligação, a união entre partes de um texto; Coerência é o sentido lógico, o
nexo.
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REESCRITURA
=> As conjunções causais ou explicativas são trocadas pelas consecutivas ou conclusivas quando há a inversão da frase. E
vice-versa.
Ex.: Estudei muito, por isso fui aprovado. (conclusão) / Fui aprovado, pois estudei muito (explicação)
=> As conjunções adversativas são substituídas pelas concessivas em situações idênticas ao caso anterior.
Nos demais casos, só o contexto pode nos direcionar para o uso correto do conectivo.
Estudou muito, mas não foi aprovado. (adversativa)
Não foi aprovado, embora tenha estudado muito.
2) Pronomes possessivos
Ex.: Pedro, chegou a sua maior oportunidade. Sua = Pedro (de Pedro)
3) Pronomes demonstrativos
Os demonstrativos estão entre os mais importantes conectores da língua portuguesa. Frequentemente se criam
questões de interpretação ou compreensão com base em seu emprego. Veja os casos seguintes.
a) O filho está demorando, e isso preocupa a mãe. Isso = O filho está demorando.
b) Isto preocupa a mãe: o filho está demorando. Isto = o filho está demorando.
Parecidos, não é mesmo? A diferença é que isso (esse, esses, essa, essas) é usado para fazer referência a coisas ou
fatos passados no texto. Isto (este, estes, esta, estas) refere-se a coisas ou fatos que ainda aparecerão. Embora se faça
uma certa confusão hoje em dia, o seu emprego adequado é exatamente o que acabamos de expor.
c) O homem e a mulher estavam sorrindo. Aquele porque foi promovido; esta por ter recebido um presente.
Aquele = homem esta = mulher
4) Pronomes indefinidos
Ex.: Naquela época, os homens, as mulheres, as crianças, todos acreditavam na vitória.
todos = homens, mulheres, crianças
5) Pronomes relativos
Ex.: Havia ali pessoas que me ajudavam. que = pessoas
6) Pronomes interrogativos
Ex.: Quem será responsabilizado? O rapaz do almoxarifado, por não ter conferido os materiais.
Quem = rapaz do almoxarifado
7) Substantivos
Ex.: José e Helena chegaram de férias. Crianças ainda, não entendem o que aconteceu com o professor.
Crianças = José e Helena
8) Advérbios
Ex.: A faculdade ensinou-o a viver. Lá se tornou um homem. Lá = faculdade
9) Preposições
As preposições ligam palavras dentro de uma mesma oração. Em casos excepcionais, ligam duas orações. Elas não
possuem referentes no texto, simplesmente estabelecem vínculos.Ex.: Preciso de ajuda.Morreu de frio
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SISTEMA LINGUÍSTICO, FALA E NORMA
=> As noções de certo e errado, bem e mal mudaram. Assim como tudo, a língua também mudou. Muitos de nós já
escutamos alguma conversa, em lugar público e formamos alguma impressão sobre o que as pessoas estão falando e
sobre o modo como falam. Essa impressão nos faz identificar socialmente a pessoa que está falando, descobrindo a
origem geográfica e talvez até a classe social do falante.
=> Imagine alguém dizer “Farta muito pra “chegá ?” Percebemos, ao ouvir esse enunciado, uma diferença entre a palavra
“falta”, e a forma como a pessoa falou, Em razão desses traços da fala, muitas pessoas poderiam concluir que o falante
vem do meio rural e/ou que possui baixa escolaridade. É possível fazer essas suposições visto que toda língua varia, não
existe lugar ou comunidade em que todas as pessoas falem da mesma maneira. E, também, porque essas variações são
reflexos de diferenças sociais, tais como origem geográfica e classe social.
=> No consenso popular, não existe a noção de que não há falar “certo” ou falar “errado”. A maioria das pessoas não
consegue conceber que existem variações linguísticas ou, se percebem que existem, pensam que devem ser evitadas.
Essas variações podem ser geográficas, de sotaques, de classes e ainda históricas, a variação temporal da língua;
=> Dessa forma, ocorre a discriminação das pessoas que falam de forma diferente da norma utilizada por uma elite
linguística. Essa elite é formada por pessoas em situação econômica mais favorável que outras e, por conseguinte, com
maior escolaridade. As pessoas se prendem, então, a conceitos de que a língua é imutável. De que só existe uma
variedade aceitável. E, muitas vezes, praticam preconceitos linguísticos e geram exclusões.
1- Linguagem; Toda forma de comunicação. É a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias,
opiniões e sentimentos. Num sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais
que se valem os indivíduos para comunicar-se.
Não Verbal: Utiliza outros métodos de comunicação: a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, corporal, uma
figura, a expressão facial, um gesto...
2 - Língua: Conjunto de signos que o homem utiliza para transmitir sentido. É composta por regras gramaticais que
possibilitam que determinado grupo de falantes consiga comunicar-se e compreender-se.
Quando se cria uma língua particular em relação a determinados grupos apenas, temos um dialeto.
Língua comum: É a língua-padrão do país, aceita pelo povo e imposta pelo uso.
Língua regional: É a língua comum, porém com tonalidade regionais na fonética e no vocabulário, sem, no
entanto quebrar a estrutura comum. Quando se quebrar essa estrutura aparecerão os dialetos.
Língua popular: É a fala espontânea do povo, eivada de plebeísmo, isto é, de palavras vulgares, grosseiras e gírias;
é tanto mais incorreta quanto mais inculta a camada social que a usa.
Língua culta: É usada pelas pessoas instruídas, orienta-se pelos preceitos da gramática normativa e caracteriza-se pela
correção e riqueza vocabular.
Língua literária: É a língua culta em sua forma mais artificial, usada pelos poetas e escritores brasileiros em suas
obras.
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Língua falada: Utiliza apenas signos vocais, a expressão oral; é a mais comunicativa e insinuante, porque as
palavras são subsidiadas pela sonoridade e inflexões da voz, pelo jogo fisionômico, gesticulação e mímica; é
prolixa e evanescente.
Língua escrita: É o registro formal da língua, a representação da expressão oral, utiliza-se de signos gráficos e de
normas expressas; não é tão insinuante quanto a falada, mas é sóbria, exata e duradoura.
Fatores regionais: Há diferença no português falado por um habitante da região Nordeste e outro da região
Sudeste do Brasil, ou até na mesma região. No RS, por exemplo, há diferenças entre a língua utilizada por um
cidadão que vive na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
Fatores culturais: A escolarização e a formação cultural colaboram para os diferentes usos da língua.
Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.
Fatores contextuais: Nosso modo de falar varia de acordo com a situação em que nos encontramos: quando
conversamos com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se estivéssemos discursando em uma
solenidade de formatura.
Fatores profissionais: O exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua
chamadas línguas técnicas. Essas formas têm uso restrito numa conversa de engenheiros, químicos, profissionais
da área de direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e outros especialistas.
Fatores naturais: Influência da idade e do sexo. Uma criança não utiliza a língua igual a um adulto, daí falar-se em
linguagem infantil e linguagem adulta.
Fala: É a forma espontânea de usar a Língua. É um ato individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala,
pode escolher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e sua necessidade.
93
cociente e quociente maltrapilho e maltrapido tesoura e tesoira
coisa e cousa maquiagem e maquilagem tesouro e tesoiro
cota e quota limpar e alimpar toicinho e toucinho
cotidiano e quotidiano marimbondo e maribondo transvestir e travestir
cotizar e quotizar melancólico e merencório trilhão e trilião
cuspe e cuspo menosprezo e menospreço vasculhar e basculhar
degelar e desgelar mobiliar, mobilhar e mobilar várzea, várgea
demonstrar e demostrar neblina e nebrina vargem e varge
dependurar e pendurar nenê, neném e nenen volibol e voleibol
enfarte, infarto, enfarte parênteses e parêntesis
LINGUAGEM - CÓDIGO
LINGUAGEM: É TODO SISTEMA ORGANIZADO DE SIGNOS QUE SERVE COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO ENTRE OS
INDIVÍDUOS.
Conclui-se ser possível falar em linguagem do trânsito, linguagem matemática, linguagem dos gestos, sinais, da música
e outras.
LÍNGUA: Refere-se ao idioma. É a linguagem verbal usada por um grupo de indivíduos que constituem uma comunidade.
FALA: É a maneira particular de usar a língua em uma determinada região. Possui níveis que são o comum ou o literário;
coloquial ou formal e popular ou erudito.
Existem diferentes estratégias de persuasão, que põem estes elementos em destaque. A esse destaque, damos o nome
de funções da linguagem.
1. EMOTIVA OU EXPRESSIVA: Põe o emissor e seus sentimentos em destaque. O emissor deixa no texto a sua marca
manifestada por emoções, opiniões. Ex.: As cartas pessoais, as canções sentimentais.
Ex.: “Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou.” (Legião Urbana)
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FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA: Põe em destaque o receptor , cujo comportamento se quer influenciar ou alterar.
Isto acontece quando se emite uma ordem,ou se faz um pedido, uma apelo, uma súplica, uma sugestão. É função nas
mensagens publicitárias. Pode ser imperativa.
“Vem pra caixa você também, vem”
FUNÇÃO POÉTICA OU CONOTATIVA: Realça fundamentalmente a mensagem. Apresenta uma maneira especial de
elaborar o código, a fim de obter um efeito estético, através até de desvios de normas e de neologismos (novos
vocábulos) . Existe preocupação com a escolha de vocábulos cuja sonoridade está a serviço da significação pretendida na
mensagem. Esta preocupação é artística ou literária e pode ser em prosa ou em verso.
“Uma tigresa de unhas negras ... E íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza ... Que me aconteceu” (Caetano Veloso)
FUNÇÃO REFERENCIAL (ou DENOTATIVA): Também é chamada de cognitiva ou informativa. Está centralizada
principalmente no referente, procurando fornecer informações, transmitir a mensagem com clareza e objetividade, com
as palavras sendo empregadas em seu sentido real.
Ex.: “Com a utilização de computadores e da técnica do DNA, O FBI descobriu que o Imperador foi vítima de um crime
cuidadosamente planejado. Os pesquisadores americanos chegaram a essa conclusão após analisarem uma mecha de
cabelo pertencente a um colecionador francês.
FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: Enfatiza o próprio código da linguagem. Ela se volta para si mesma, visando a tradução do
código. É o que acontece nos dicionários, textos que estudam outros textos, nos poemas que cuidam da rima, nos filmes
que tratam de cinema etc.
“Esta canção é mais que uma canção... Quem dera fosse uma declaração de amor... “
FUNÇÃO FÁTICA: Destaca o canal de comunicação. Por ela, verifica-se se o contato emissor / receptor continua efetivo.
Inicia ou fecha um diálogo.
Alô, está me ouvindo? E aí, cara!?
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FIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE PALAVRA: As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele
convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.
Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por
conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns verbos -
parecer, assemelhar-se e outros. Exemplos: "Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher como se
fosse lógico." (Chico Buarque);
Metáfora: Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da
subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o
conectivo não está expresso, mas subentendido.
Exemplo: "Minha vida é um livro.” “O mundo é uma bola.”
Metonímia: Quando há substituição de uma palavra por outra, o continente pelo conteúdo e -versa: Antes de sair,
tomamos um cálice (o conteúdo de um cálice) de licor.
- a causa pelo efeito e vice-versa: "E assim o operário ia / Com suor e com cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa
aqui / Adiante um apartamento." (Vinicius de Moraes).
- o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa do legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado).
- o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu coração (sentimento, sensibilidade).
- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pelos revolucionários.
- a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura).
- o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo (guloso, glutão).
Catacrese: É um tipo de especial de metáfora, "é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum
vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito linguístico, já fora do âmbito
estilístico." (Othon M. Garcia).
São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de alho / montar em burro / céu da boca / cabeça
de prego / mão de direção / ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no banco.
Sinestesia: Consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas
(gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Exemplo: "A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no
reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia (sensações táteis], quase
irreal." (Augusto Meyer)
Antonomásia: Quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a distingue. Na linguagem
coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo
etc.) do nome próprio.
Exemplos: "Pelé (= Edson Arantes do Nascimento) / O poeta dos escravos (= Castro Alves)
FIGURAS DE SOM
Chamam-se figuras de som os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura
"imitar" sons produzidos por coisas ou seres.
Aliteração: Quando há repetição da mesma consoante Exemplo: "Toda gente homenageia Januária na janela." "Pedro
pedreiro penseiro esperando o trem. " (Chico Buarque).
Exemplo: "Sou Ana, da cama / da cana, fulana, bacana / Sou Ana de Amsterdam." (Chico Buarque).
96
Paronomásia: Quando há reprodução de sons semelhantes em palavras de significados diferentes.
Exemplo: "Berro pelo aterro pelo desterro / berro por seu berro pelo seu erro / quero que você ganhe que você me
apanhe / sou o seu bezerro gritando mamãe." (Caetano Veloso).
FIGURAS DE PENSAMENTO
Referem-se ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
Paradoxo: ideias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira.
Oxímoro é outra designação para paradoxo.
Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente;
Eufemismo: expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplo:
Descansa nos braços do Senhor.
Gradação: Quando há uma sequência de palavras que intensificam uma mesma ideia
Hipérbole: Quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.
Exemplo: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!"
Ironia: Quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou
orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
Exemplo: "Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: / um amor." (Mário de
Andrade).
FIGURAS DE SINTAXE
As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua
ordem, possíveis repetições ou omissões. Elas podem ser construídas por:
a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
d) ruptura: anacoluto;
e) concordância ideológica: silepse.
Assíndeto: Quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou
separadas por vírgulas.
Exemplo: "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se,
fundindo-se." (Machado de Assis).
Elipse: Quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode
ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. Exemplo: "Veio sem pinturas, em vestido leve,
sandálias coloridas." (elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias...).
Zeugma: Quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição.
Exemplo: "O bem representa a luz; o mal, as trevas"
b) Pleonasmo vicioso: É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas.
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do
descobrimento do sentido real das palavras.
Exs: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio
exclusivo / principal protagonista.
Polissíndeto: Quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical
(geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.
Exemplo: "E onde houver dúvidas, que eu leve a fé; e onde houver erro, que eu leve a verdade”. (Oração de São
Francisco).
Sínquise: Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado. Ex: "A
grita se alevanta ao Céu, da gente. " (A grita da gente se alevanta ao Céu ) (Camões).
Hipálage: Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a um objeto é
atribuída a outro, na mesma frase.
Exemplo: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de Queiros).
Anacoluto: Quando há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A
construção do período deixa um ou mais termos - que não apresentam função sintática definida -desprendidos dos
demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
Exemplo: "Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas." (Alcântara Machado).
Silepse: Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia a elas associada.
a) Silepse de gênero: Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
Exemplo: "Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito." (Guimarães Rosa).
b) Silepse de número: Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Ex: Corria gente de todos lados, e gritavam." (Mário Barreto).
c) Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou
escreve se inclui no sujeito enunciado.
Exemplo: "Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas." (Machado de Assis).
98
H
I
S
T
Ó
R
I
A
Diretoria de Ensino da Marinha
Serviço de Documentação da Marinha
Introdução à História
Marítima Brasileira
2006
3
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
S U M Á R I O ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
APRESENTAÇÃO 9
INTRODUÇÃO 11
CAPÍTULO I
A História da Navegação
– Sinopse 16
– Os navios de madeira: construindo embarcações e navios 18
– O desenvolvimento dos navios portugueses 19
– O desenvolvimento da navegação oceânica: os instrumenos e as cartas de marear 20
– A vida a bordo dos navios veleiros 22
CAPÍTULO II
A Expansão Marítima Européia e o Descobrimento do Brasil
– Sinopse 24
– Fundamentos da organização do Estado português e a expansão ultramarina 26
– O reconhecimento da costa brasileira 38
– As expedições guarda-costas 39
– A expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa 40
CAPÍTULO III
Invasões Estrangeiras ao Brasil
– Sinopse 44
– Invasões francesas no Rio de Janeiro e no Maranhão 47
– Invasores na foz do Amazonas 50
– Invasões holandesas na Bahia e em Pernambuco 50
– Corsários franceses no Rio de Janeiro no século XVIII 58
– Guerras, tratados e limites no Sul do Brasil 58
CAPÍTULO IV
Formação da Marinha Imperial Brasileira
– Sinopse 66
– A vinda da Família Real 68
– Política externa de D. João e a atuação da Marinha: a co quista de Caiena e a
ocupação da Banda Oriental 68
– Guerra de Independência 73
7
CAPÍTULO V
A Atuação da Marinha nos Conflitos da Regência
e do Início do Segundo Reinado
– Sinopse 82
– Conflitos internos 86
– Conflitos externos 89
CAPÍTULO VI
A Atuação da Marinha na Guerra da Tríplice Aliança
contra o Governo do Paraguai
– Sinopse 104
– O bloqueio do Rio Paraná e a Batalha Naval do Riachuelo 108
– Navios encouraçados e a invasão do Paraguai 113
– Curuzu e Curupaiti 115
– Caxias e Inhaúma 116
– Passagem de Curupaiti 116
– Passagem de Humaitá 117
– O recuo das forças paraguaias 118
– O avanço aliado e a Dezembrada 118
– A ocupação de Assunção e a fase final da guerra 119
CAPÍTULO VII
A Marinha na República
– Sinopse 124
– Primeira Guerra Mundial 128
– Segunda Guerra Mundial 141
CAPÍTULO VIII
O Emprego Permanente do Poder Naval
– O Poder Naval na guerra e na paz 162
GLOSSÁRIO 173
BIBLIOGRAFIA 180
8
INTRODUÇÃO
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O mar sempre teve uma importância fundamental na
história do Brasil. Do mar, de Portugal, veio Pedro Álvares
Cabral, em 1500, para encontrar o nosso País. Do mar, vieram
as invasões francesas, holandesas e as incursões inglesas nos
séculos XVI e XVII. O mar também foi o principal meio em
que se transportaram colonos e funcionários administrativos
portugueses para o Brasil durante o período colonial. 1
De 7 de abril de 1831, quando D. Pedro I abdi-
Durante a Guerra da Independência do Brasil, a então cou do trono, até 23 de junho de 1840, quando a
Assembléia votou a maioridade de D. Pedro II, acla-
recém-criada Esquadra brasileira teve papel primordial nas mando-o Imperador do Brasil.
mãos do Primeiro Almirante Lorde Thomas Cochrane,
bloqueando os portos conflagrados e combatendo os
lusitanos. As tropas de Dom Pedro I, que lutaram contra as
juntas governativas da Bahia, Maranhão, Pará e Banda Oriental
– aliadas das Cortes (parlamento) portuguesas – foram
transportadas pelo mar.
No período regencial1, o mar novamente foi o caminho
natural para o transporte de tropas para as províncias
insurgentes que ameaçavam se separar do Império. Naquela
ocasião, as estradas que ligavam as principais cidades do Brasil
eram muito rudimentares, daí a enorme importância
estratégica que o mar adquiriu mais uma vez.
Com a Proclamação da República e o aumento da
tecnologia náutica, a importância do mar ficou ainda mais
evidente. Do mar aumentaram as nossas importações e
escoaram os nossos produtos para o exterior. Também do
mar vieram nossos inimigos: os submarinos alemães que
atacaram os navios mercantes que transportavam nossas
mercadorias, tanto na Primeira como na Segunda Guerra
Mundiais. Naquela oportunidade houve a necessidade
premente de se proteger as comunicações marítimas.
Aparece aqui o primeiro conceito importante. Procure
escrever em um papel à parte essa nova definição. Entende-
se por comunicações marítimas os caminhos existentes no
mar para o comércio exterior ou interno, isto é, as rotas por
onde trafegam os navios, desde seus portos de origem até os
de destino. Elas não são vias físicas, somente se materializando
quando existirem navios, tanto de transporte ou de guerra,
navegando com suas cargas.
Cada nação atribui determinada importância às
11
comunicações marítimas segundo o seu grau de
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dependência. Sua importância econômica e militar
determinará o esforço a ser realizado para a manutenção
dessas rotas abertas e livres de ataque do inimigo. Para o País
a proteção dessas comunicações tem sido fundamental.
Hoje em dia o mar assume uma importância cada vez
maior para o Brasil. Nosso comércio é transportado quase
que exclusivamente por ele. Do mar extraímos o petróleo,
tão importante para o desenvolvimento do País, e os peixes,
que servem de alimento aos brasileiros e proporcionam
melhores condições de vida aos nossos pescadores.
Enfim, o mar é fundamental para a sobrevivência do País.
Devemos cada vez mais desenvolver o nosso Poder Marítimo
para nos projetarmos no cenário internacional. Surge o
segundo conceito de nossa discussão: o que vem a ser o Poder
Marítimo de uma nação? Anote aí mais uma vez.
Poder Marítimo é a capacidade que resulta da
integração dos recursos que dispõe o Brasil para a utilização
do mar e também das águas interiores, quer como instrumento
de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento
econômico e social, visando a conquistar e a manter os
objetivos nacionais.
Esse conceito pode parecer teórico demais, mas não é.
Vejamos agora quais os elementos constitutivos desse Poder
Marítimo.
Esses elementos, que constituem o nosso Poder
Marítimo, são componentes das expressões do poder da
Nação, relacionados com a capacidade de utilização do mar e
hidrovias interiores. Há situações em que um certo recurso
ou organização é componente do Poder Marítimo quando
vinculado ao uso do mar e deixa de sê-lo fora dessa situação.
Assim, tudo ou quase tudo que se relaciona com o mar faz
parte do Poder Marítimo.
Quais os elementos que constituem o nosso Poder
Marítimo?
– A Marinha Mercante, com suas facilidades, serviços
e organizações relacionadas com os transportes marítimo
e fluvial. Dessa maneira, o navio mercante, a companhia
de navegação e os representantes marítimos fazem parte
desse Poder.
12
– A infra-estrutura hidroviária, incluindo-se os portos,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
os terminais, os meios e as instalações de apoio e controle.
Assim, todos os portos brasileiros fazem parte desse Poder.
– A indústria naval com seus estaleiros de construção e
reparos e setor de navipeças.
– A indústria bélica de interesse do aprestamento
naval.
– A indústria de pesca com suas embarcações, terminais
e indústrias de processamento de pescado.
– As organizações e os meios de pesquisa e desen- 2
Parte da arte da guerra que trata do planejamento
volvimento tecnológico de interesse para o uso do mar e águas e da realização de: a) projeto e desenvolvimento,
obtenção, armazenamento, transporte, distribuição,
interiores e de seus recursos, aí se incluindo as universidades reparação, manutenção e evacuação de material
(para fins operativos ou administrativos); b) recru-
e os centros de pesquisa voltados para o mar. tamento, incorporação, instrução e adestramento,
– As organizações e os meios de exploração (sondagem, designação, transporte, bem-estar, evacuação,
hospitalização e desligamento de pessoal; c) aquisi-
pesquisa, estudo) e explotação (retirada de recursos para fins ção ou construção, reparação, manutenção e ope-
ração de instalações e acessórios destinados a aju-
de utilização) dos recursos do mar, seu leito e subsolo, inclusive dar o desempenho de qualquer função militar;
d) contrato ou prestação de serviços.
as que operam embarcações de apoio offshore (movimento
terra para o mar).
– O pessoal que desempenha atividades relacionadas
com o mar e hidrovias interiores e os estabelecimentos
destinados à formação e ao treinamento.
– O Poder Naval.
O que seria esse elemento? Anote mais um conceito no
seu caderno de estudos.
13
características de mobilidade, permanência, versatilidade e
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
flexibilidade.
Vejamos o que significa cada uma dessas características.
A mobilidade representa a capacidade de deslocar-se
prontamente e a grandes distâncias, mantendo elevado nível
de prontidão em condições de emprego. Assim, quando uma
força naval se desloca rapidamente para uma área conflagrada
a característica por ela utilizada é a mobilidade.
A permanência indica a possibilidade de operar
continuamente por longos períodos em áreas distantes e de
grandes dimensões com independência.
A versatilidade permite regular o poder de destruição e
alterar a postura militar, mantendo a aptidão para executar
uma grande gama de tarefas. Um exemplo dessa característica
é a utilização de uma força naval como instrumento de
combate, ao mesmo tempo em que ela pode transformar-se
em instrumento da paz por meio de apoio a populações
atingidas por sinistros naturais, como furacões e tsunamis.
A última característica importante para um Poder Naval
com credibilidade é a flexibilidade, que pode ser sintetizada
pela capacidade de organizar grupamentos operativos de
diferentes valores, em função da missão recebida. Por
exemplo, um grupo de navios varredores pode limpar as minas
de um campo marítimo, assim como pode, devido ao seu
armamento, realizar uma patrulha no mar territorial
reprimindo a pesca ilegal.
Agora você já sabe o que é Poder Naval.
Com esses conceitos bem estabelecidos, a partir desse
momento você irá passear pela História Marítima Brasileira.
Inicialmente vamos investigar a História da Navegação,
abordando a evolução dos navios, dos instrumentos náuticos
e das chamadas cartas de marear.
Nos capítulos dois e três, discutiremos a expansão
marítima européia e o descobrimento do Brasil, abordando a
conjuntura político-social ibérica durante o chamado período
colonial brasileiro. Nesses capítulos serão descritos o
reconhecimento da costa brasileira pelos primeiros
navegadores que aqui chegaram, o envio de expedições
guarda-costas ao litoral da terra descoberta e a atuação de
invasores que atacaram em nossas costas. A reação a essas
incursões dependeu do emprego do Poder Naval português,
em alguns casos com apoio espanhol.
14
No capítulo quatro, iremos analisar a formação da
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Marinha Imperial e sua importância para o Brasil. Nesse
ponto discutiremos a transmigração da Família Real
portuguesa para o Brasil, devido à invasão dos exércitos
de Napoleão Bonaparte na Península Ibérica, com a
conseqüente abertura dos portos e a discussão das
questões de fronteira nas áreas das Guianas e da Banda
Oriental. Em seguida, será apresentada a Guerra da
Independência, sob o ponto de vista naval e suas repercussões
para a história do País.
O capítulo cinco discutirá a atuação da Marinha nos
conflitos internos e externos, abordando a Guerra
Cisplatina, as revoltas regenciais e a guerra contra Oribe e
Rosas. No capítulo seguinte, será apresentada a Guerra da
Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai, conflito
importante na história da Marinha do Brasil. Nessa parte
serão discutidas questões logísticas e estratégicas da guerra
e suas conseqüências para o Poder Naval brasileiro.
No capítulo sete, serão analisados o panorama político
que levou à República e a situação da Marinha durante
aquele episódio e, em seguida, discutidas questões relativas
à Marinha no final do século XIX e meados do XX –
incluindo nessa parte a atuação na Primeira Guerra Mundial,
a Marinha entre guerras e, por fim, a participação na
Segunda Guerra Mundial.
No capítulo oito, serão apresentadas considerações
sobre o emprego permanente do Poder Naval a partir da
Segunda Guerra Mundial e as principais tendências seguidas
pela Marinha até o final do século XX. Por fim, serão discutidas
as possibilidades de atuação do Poder Naval e os desafios
que se apresentam para o desenvolvimento de nosso Poder
Marítimo .
15
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
66
integrantes da Brigada Real da Marinha encarregados da artilharia
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e da defesa dos navios.5
Vamos ver neste capítulo o que ocorreu quanto ao
estabelecimento da Marinha na Corte e a política externa de D.
João, caracterizada pela invasão da capital da Guiana Francesa,
Caiena, e a ocupação da Banda Oriental, atual Uruguai.
No campo interno veremos a Revolta Nativista de 1817,
movimento separatista ocorrido em Pernambuco, onde a Marinha
atuou na sua repressão, bloqueando o porto de Recife.
Com o retorno de D. João VI para Portugal, permaneceu no
Brasil seu filho D. Pedro, que passou a sofrer pressão vinda da
Corte de Portugal para que regressasse a Lisboa. Como 5
O desembarque no Rio de Janeiro da Brigada Real
da Marinha, em 7 de março de 1808, é considerado
conseqüência, temos o Dia do Fico (09/01/1822) e, posteriormente, o marco zero da história dos Fuzileiros Navais.
após novas pressões, D. Pedro proclama a nossa Independência.
Para concretizar a nossa Independência e levar a todos os
recantos do litoral brasileiro a notícia do dia 7 de setembro, foi
necessário organizar uma força naval capaz de atingir todas as
províncias, e fazer frente aos focos de resistência à nova ordem.
67
A vinda da Família Real
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Corte no Rio de Janeiro
Ribeira das Naus de Salvador, depois Arsenal de Óleo sobre tela de Miranda Júnior.
Marinha da Bahia, fundado no final do século XVI. Alvará de 1736.
Apesar das dificuldades, o estaleiro de Salvador A seguir, foram sucessivamente criadas ou estabelecidas várias
desenvolveu-se rapidamente, tornando-se o mais
importante centro de construção naval do Brasil repartições necessárias ao funcionamento do Ministério da Marinha,
durante todo o período colonial, e mesmo até me- tais como: Quartel-General da Armada, Intendência e Contadoria,
ados do século XIX. Além de Salvador e do Rio de
Janeiro, a construção naval desenvolveu-se também Arquivo Militar, Hospital de Marinha, Fábrica de Pólvora e Conselho
em vários outros pontos do nosso litoral: Belém, Supremo Militar6.
Recife, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, São Paulo
e Santa Catarina; sendo que os de Recife e Belém A Academia Real de Guardas-Marinha, que também
existiram como arsenais de Marinha. acompanhou a Família Real, teve sua instalação nas dependências
do Mosteiro de São Bento, se tornando desta feita o primeiro
estabelecimento de ensino superior no Brasil.
No tocante à infra-estrutura já existente no Rio de Janeiro,
observamos que o Arsenal Real da Marinha, localizado então ao
pé do morro do Mosteiro de São Bento, cuja criação data de 29
de dezembro de 1763, teve sua capacidade ampliada para poder
apoiar a recém-chegada Esquadra7.
68
Determinou então a Corte ao Capitão-General da Capitania do
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Grão-Pará, Tenente-Coronel José Narciso Magalhães de Meneses,
que ocupasse militarmente as margens do Rio Oiapoque. Ordem
recebida, tratou de arregimentar pessoal e material, se valendo
inclusive (diante dos escassos recursos existentes nos cofres da
capitania) de subscrição popular.
Em outubro de 1808, a força estava pronta. Sob o comando
do Tenente-Coronel Manuel Marques d’Elvas Portugal, compunha-
se de duas companhias de granadeiros, duas companhias de
caçadores e uma bateria de artilharia, totalizando 400 homens com
armas. Para conduzir essa força ao lugar de destino, aprestou-se
uma esquadrilha composta por dez embarcações8. A 3 de 8
Escuna General Magalhães (capitânia); Cúteres Vin-
gança e Leão; três barcas-canhoneiras; Sumaca Ninfa;
novembro, a esquadrilha foi acrescida de três navios vindos da dois obuseiros; Iate Santo Antônio; e a Lancha São
Corte: Corveta inglesa Confidence (comando do Capitão-de-Mar- Narciso.
69
O governador de Caiena, Victor Hughes, tratou, em vão, de
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
preparar a resistência, levantando baterias, fortificando os melhores
pontos estratégicos e guarnecendo os fortes. As forças de ataque
foram ganhando terreno, apertando cada vez mais o cerco à capital
Caiena, até sua rendição final, a 12 de janeiro de 1809. A importância
dessa operação recai na condição de ter sido o primeiro ato
consistente de política externa de D. João realizada por meio
militar, contando com forças navais e terrestres anglo-luso-brasileira.
A ocupação portuguesa da Guiana Francesa durou mais de
oito anos. Embora temporária, foi de grande valia para a fixação
dos limites do País, porquanto, na ocasião de sua devolução, em
10
De Portugal veio uma Divisão de Voluntários
Reais, sob o comando do Tenente-Coronel Carlos 1817, ficaram tacitamente estabelecidos os limites do Oiapoque.
Frederico Lecor, embarcados em dez navios. O
comboio, que entrou no Rio de Janeiro no dia 30 de
março de 1816, trazia a última tropa de Lisboa. A Banda Oriental
11
José Gervásio Artigas se intitulava Chefe dos
Orientais e Protetor dos Povos Livres. Outro movimento importante de D. João na política externa
foi a ocupação da Banda Oriental. Na operação, foi de grande
12
Fragatas Graça e Príncipe Real, Charrua
Voador, Brigues Lebre, Providente e Atrevido.
importância o papel que desempenhou a Marinha, não só no
transporte das tropas, desde Portugal10 (já liberado do domínio
francês), como também em todo o desenrolar da ocupação.
O movimento de independência da América espanhola
provocou o aparecimento de novas nações americanas, cada qual
com lideranças individuais. Foi o caso do Uruguai, então chamado
de Banda Oriental, que se recusava a fazer parte das Províncias
Unidas do Rio da Prata, encabeçada por Buenos Aires. Seu líder
José Gervásio Artigas11 arregimentou as camadas populares contra
o domínio espanhol e para o ideal da anexação promovido por
Buenos Aires. Neste intento invadiu as fronteiras portenhas e
brasileiras, o que ocasionou o acordo entre as duas últimas para
uma ação conjunta contra Artigas.
A 12 de junho de 1816, partiu do Rio de Janeiro uma Divisão
Naval, composta de uma fragata, uma corveta, cinco naus (das
quais uma era inglesa e outra francesa) e de seis brigues, capitaneada
pela Nau Vasco da Gama, onde achavam-se embarcados o Chefe-
de-Divisão Rodrigo José Ferreira Lobo, responsável pelas atividades
navais da expedição, e o Tenente-Coronel Carlos Frederico Lecor,
então nomeado Governador e Capitão-General da Praça e
Capitania de Montevidéu.
A Divisão Naval foi se
reunir com o 1o Escalão,
c o m p o s t o p o r seis na-
vios12, que já havia seguido
para Santa Catarina em
janeiro.
Aportando a Divisão
na Ilha de Santa Catarina a Embarque na Praia Grande
26 de junho, decidiu Lecor Fonte: O Exército na História do Brasil:
Reino Unido e Império
seguir por terra com sua
70
tropa para o Rio Grande do Sul e, então, iniciar a invasão, visto que
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
as condições climáticas só eram favoráveis à navegação no Rio
da Prata em outubro. Seguiu então à frente dos seus 6 mil
comandados, margeando o mar até as proximidades de
Maldonado. A Esquadra, por sua vez, rumou em direção ao Rio
da Prata, devendo antes estacionar naquele porto.
Do Rio de Janeiro, a 4 de agosto, partiu nova flotilha,
composta por quatro navios 13 com a missão de operar em
combinação com a Divisão dos Voluntários Reais. A 22 de
novembro de 1816, deu-se o desembarque em Maldonado pelas
forças navais de Rodrigo José Ferreira Lobo. Com a ocupação do 13
Era composta da Corveta Calipso (capitânia), sob
cidade, e a vitória pelas forças terrestres em Índia Morta, o caminho o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra D. José
para Montevidéu ficou livre. Lecor encontrava-se acampado no Manuel de Meneses; Escuna Tártara, comando do
Primeiro-Tenente Vitorino A. J. Gregório; Brigue
passo de São Miguel, quando recebeu uma deputação de Real Pedro, comando do Segundo-Tenente José da
Montevidéu que apresentou-lhe as chaves da cidade e seu Costa Couto; e Transporte Patrimônio, comando do
Mestre Antonio Francisco Firmo.
submisso respeito e completa adesão ao governo de D. João VI.
Nessa época, o governo das Províncias do Rio da Prata não 14
Também nos portos de Buenos Aires e de
Baltimore (EUA), armaram-se a princípio muitos
mais apoiava a intervenção armada do Brasil na Banda Oriental, corsários contra nós; porém devido a reclamações
deixando-nos em campo sozinhos. do governo português, tal irregularidade cessou.
Não foi imediata a completa submissão da Banda Oriental.
Ainda por alguns anos, fez José Artigas tenaz resistência à
dominação portuguesa, até sua derrota final na Batalha de
Taquarembó, a 22 de janeiro de 1820.
Durante esse período, os partidários de Artigas valiam-se de
corsários que, com base na Colônia de Sacramento14, ocasionavam
grandes prejuízos ao comércio de nossa Marinha Mercante. Com
recursos navais reduzidos para liquidar a nova ameaça, o comando
português empregou tropas terrestres para tentar destruir as bases
inimigas. Assim, o Tenente-Coronel Manuel Jorge Rodrigues,
auxiliado por forças navais, atacou e conquistou Colônia, Paissandu
e outros locais às margens do Uruguai, tendo em Sacramento
conseguido aprisionar vários corsários que aí se encontravam.
Para as operações realizadas no Rio Uruguai, foi constituída
uma pequena flotilha, sob o comando do Capitão-Tenente Jacinto
Roque Sena Pereira, formada pela Escuna Oriental e Barcas Cossaca,
Mameluca e Infante D. Sebastião. Esta flotilha prestou auxílio
inestimável às forças de terra, tanto na tomada de Arroio de La
China, quanto na tomada de Calera de Barquin, Perucho Verna e
Hervidero. Em Perucho Verna, doze embarcações inimigas, uma
lancha artilhada e um escaler foram apresados.
No mar, o último episódio em que a força naval atuou,
ocorrido em 15 de junho de 1820, foi o aprisionamento do corsário
General Rivera, com a recuperação dos mercantes Ulisses e
Triunfantes, pela Corveta Maria da Glória, comandada pelo Capitão-
de-Fragata Diogo Jorge de Brito.
A 31 de julho de 1821, em assembléia formada por deputados
representantes de todas as localidades orientais, foi aprovada por
71
unanimidade a incorporação da Banda Oriental à Coroa portuguesa,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
fazendo parte do domínio do Brasil com o nome de Província
Cisplatina.
72
A Revolta Nativista de 1817
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e a atuação da Marinha
73
O retorno de D. João VI
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
para Portugal
A Independência
Princesa D. Leopoldina, esposa de D. Pedro, Em 7 de setem-
investida das funções de Princesa Regente do
Brasil, reúne o Conselho de Estado em 2 de
bro de 1822, o Príncipe
setembro de 1822 e ouve de José Bonifácio de D. Pedro declarava a
Andrada e Silva os argumentos pela imediata
proclamação da Independência do Brasil.
Independência do Brasil.
Motivada por esta reunião,a princesa teria Porém, só as províncias
enviado a carta que, lida às margens do Ipiranga,
levou D. Pedro ao definitivo rompimento com
do Rio de Janeiro, São
Lisboa. Paulo e Minas Gerais
Óleo sobre tela de Georgina de Albuquerque.
Acervo do Museu Histórico Nacional.
atenderam de imediato
à conclamação emanada
das margens do Ipiranga.
74
Até pela proximidade
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
geográfica, estas manti-
veram-se fiéis às decisões
emanadas do Paço 20
mesmo após a partida de
D. João VI. As capitais das
províncias ao Norte do
País mantiveram sua li-
gação com a metrópole,
pois as peculiaridades da
navegação a vela e a falta
de estradas as punham 20
Paço Imperial foi a sede administrativa
mais próximas desta do do governo durante o período do reinado de
que do Rio de Janeiro. D. João VI e por todo o Império, localiza-se na
Praça XV de Novembro, no centro da cidade
Mormente o expressivo do Rio de Janeiro.
com Lisboa.
A resistência mais forte estava justamente em Salvador,
Bahia, onde essa guarnição era mais numerosa. No sul, a recém-
incorporada Província Cisplatina viu as guarnições militares que lá
ainda estavam dividirem-se perante a causa da Independência,
enquanto o comandante das tropas de ocupação, General Carlos
Frederico Lecor, colocou-se ao lado dos brasileiros, seu
subcomandante, D. Álvaro da Costa de Souza Macedo, e a maior
parte das tropas defenderam o pacto com Lisboa.
A situação que se descortinava no Brasil parecia cada vez
mais desfavorável ao processo de Independência. Mesmo que as
forças brasileiras, constituídas de militares e milícias patrióticas
forçassem e sitiassem as guarnições portuguesas, o mar era uma
via aberta para o recebimento de reforços. Por esta via, Portugal
aumentou sua força com tropas, suprimentos e navios de guerra à
guarnição de Salvador comandada pelo Governador das Armas da
Província Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo.
75
manter a unidade territorial brasileira, pois eram por meio do mar
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
que as províncias litorâneas, onde estava concentrada a maior parte
da população e da força produtiva brasileira, se interligavam e
comercializavam seus produtos. A rápida formação de uma Marinha
de Guerra nacional constituía-se no melhor meio de transportar
e concentrar tropas leais e suprimentos para as áreas de embate
com os portugueses.
Este conjunto de navios de guerra, a Esquadra, impediria que
chegassem aos portos das cidades brasileiras ocupadas pelos
portugueses os reforços que Portugal enviasse, interceptando e
combatendo os navios que os trouxessem. Privando as guarnições
O conceito de dissuasão será exposto no
21
portuguesas de mais soldados e armas vindos por mar, as
Capítulo VIII – O Emprego Permanente do
Poder Naval. bombardeando com canhões embarcados e transportando
soldados brasileiros para reforçar os patriotas que lutavam
contra os portugueses no interior, a Marinha Brasileira contribuiu
para a Independência do Brasil, permitindo que do território da
colônia portuguesa na América emergisse um só país, com um
grande território.
O nascimento da Marinha Imperial, portanto, se deu nesse
regime de urgência, aproveitando os navios que
tinham sido deixados no porto do Rio de Janeiro
pelos portugueses, que estavam em mal estado de
conservação, e os oficiais e praças da Marinha
portuguesa que aderiram à Independência. Os navios
foram reparados em um intenso trabalho do Arsenal
de Marinha do Rio de Janeiro e foram adquiridos
outros, tanto pelo governo como por subscrição
pública. E as lacunas encontradas nos corpos de
oficiais e praças foram completadas com a
contratação de estrangeiros, sobretudo experientes
remanescentes da Marinha inglesa. A
necessidade de se dispor da Força Naval como
Nau Pedro I. um eficiente elemento operativo e como um fator de
Navio capitânia da primeira Esquadra do Brasil
independente. Exemplo maior dos vários navios dissuasão 21para as pretensões de reconquista portuguesa fez com
da Marinha portuguesa que se encomtravam no que o governo imperial brasileiro contratasse Lorde Thomas
porto do Rio de Janeiro em mal estado de
conservação e foram reparados pelo Arsenal de Cochrane, um brilhante e experiente oficial de Marinha inglês,
Marinha da Corte (Arsenal de Marinha do Rio de como Comandante-em-Chefe da Esquadra.
Janeiro). Na Marinha Portuguesa era nomeada
Martin de Freitas e fez parte da Esquadra que
transportou a Família Real para o Brasil em Operações Navais
1808.
Óleo sobre tela de Eduardo de Martino
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha. A 1o de abril de 1823, a Esquadra brasileira comandada por
Cochrane, deixava a Baía de Guanabara com destino à Bahia, para
bloquear Salvador e dar combate às forças navais portuguesas que
lá se concentravam sob o comando do Chefe-de-Divisão Félix dos
Campos. A primeira tentativa de dar combate aos navios
portugueses foi desfavorável à Cochrane, tendo enfrentado, além
do inimigo, a indisposição para luta dos marinheiros portugueses
nos navios da Esquadra, muitos dos quais guarneciam os canhões
com uma inabilidade próxima ao motim. Depois de reorganizar
76
suas forças e expurgar os elementos desleais, e a despeito das
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Forças Navais portuguesas, Cochrane colocou Salvador sob
bloqueio naval, capturando os navios que provinham o
abastecimento da cidade, que já se encontrava sitiada por terra
pelas forças brasileiras.
Pressionados pelo desabastecimento, as tropas portuguesas
abandonaram a cidade em 2 de julho, em um comboio de mais de
70 navios, escoltados por 17 navios de guerra. Este foi
acompanhado e fustigado pela Esquadra brasileira, destacando-se
a atuação da Fragata Niterói, comandada pelo Capitão-de-Fragata
John Taylor, que, apresando vários navios, atacou o comboio
português até a foz do Rio Tejo.
77
permite concluir, a luta pelo poder provincial entre brasileiros e
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
portugueses recém-adeptos da Independência levou que o
contingente da Marinha naquelas cidades atuasse tanto num
sentido apaziguador, mesmo diplomático, como trazendo a
ordem pela força das armas.
As operações navais na Cisplatina assemelharam-se às
realizadas na Bahia, sendo empreendido um bloqueio naval
conjugado com um cerco por terra a Montevidéu, isolando as
tropas portuguesas comandadas por D. Álvaro Macedo. Em março
de 1823, a Força Naval no Sul, comandada pelo Capitão-de-Mar-
e-Guerra Pedro Antônio Nunes, foi reforçada com a chegada de
navios vindos do Norte-Nordeste do Império, a tempo de se opor
à tentativa portuguesa de romper o bloqueio em 21 de outubro. A
batalha que se seguiu, embora violenta, terminou sem a vitória de
nenhum dos oponentes, mas configurou-se como uma vitória
estratégica das forças brasileiras com a manutenção do bloqueio.
O desabastecimento provocado pelo bloqueio e pelo cerco por
terra, somado a desalentadora notícia
que Montevidéu era a última resistência
GUERRA DE INDEPENDÊNCIA
Deslocamento das Forças Navais brasileiras
portuguesa na ex-colônia, provocou a
que possibilitou a expulsão das forças portuguesas evacuação do contingente português da
Cisplatina em novembro de 1823.
Confederação do Equador
Ainda no reinado de D. Pedro I, uma
revolta na Província de Pernambuco
colocou em perigo a integridade territorial
do Império. A Marinha atuou contra a
Confederação do Equador a partir de abril
de 1824, que congregou, no seu ápice,
também as províncias da Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará. Porém, o
aumento do combate à revolta só se deu
com o envio da Força Naval comandada
por Cochrane, onde foi embarcada a 3a
Brigada do Exército Imperial, com 1.200
homens, comandada pelo Brigadeiro
Francisco Lima e Silva. As tropas foram
desembarcadas em Alagoas e seguiriam
por terra para a província rebelada;
enquanto a Força Naval alcançou Recife
em 18 de agosto de 1824, instituindo
severo bloqueio naval. Com a Marinha e
o Exército atuando conjuntamente, as
forças rebeldes de Recife foram
derrotadas em 18 de setembro.
78
C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
DATA EVENTO
79
DATA EVENTO
FIXAÇÃO
80
SAIBA MAIS
HISTÓRIA geral do Brasil. Org. de Maria Yedda Linhares. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1990.
HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975- . v.2.
t.2. e v.3. t.1.
PÁGINAS NA INTERNET
81
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
82
O embate entre portugueses e brasileiros na Assembléia Geral
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Legislativa transpareceu na imprensa, que atacou o absolutismo
do Imperador, e foi para as ruas, onde partidários do monarca
entraram em choque com defensores do Partido Brasileiro.
Preocupava D. Pedro I não somente a oposição ao seu reinado,
que crescia entre os brasileiros, mas também a situação política
em Portugal, onde tinha pretensão de ascender ao trono.
Pressionado pela população, em 7 de abril de 1831, D. Pedro I
abdicou do trono em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara,
que tinha apenas cinco anos de idade. Como o herdeiro não tinha
idade para assumir o trono, instalou-se no Brasil um governo
regencial. O Poder Executivo seria composto por três membros,
uma regência trina, conforme determinava a Carta Constitucional.
Posteriormente, a regência seria constituída de uma só pessoa, a
regência una.
No período regencial, o conturbado ambiente político da
Corte se refletiu nas províncias do Império em movimentos
armados que explodiram por todos os principais centros regionais,
desde 1831 até os anos de consolidação do reinado de D. Pedro
II. A Marinha da Independência e da Guerra Cisplatina, constituída
por elevado número de navios de grande porte, foi sendo
transformada em uma Marinha de unidades menores, próprias para
enfrentar as conflagrações nas províncias e ajustadas às limitações
orçamentárias.
Revoltas deflagradas em diversas províncias foram abafadas
pelo governo regencial com a utilização da Marinha e do Exército.
A Marinha se fez mais presente nos combates no Pará
(Cabanagem), no Rio Grande do Sul (Guerra dos Farrapos ou
Revolução Farroupilha), na Bahia (Sabinada), no Maranhão e Piauí
(Balaiada) e em Pernambuco (Revolta Praieira), esta já anos após a
coroação de D. Pedro II.
Em todas estas revoltas, a Marinha não enfrentou nenhum
grande inimigo no mar. Embora na Guerra dos Farrapos os rebeldes
tenham formado uma pequena flotilha de embarcações armadas,
que foi prontamente combatida e vencida, a Marinha se fez
presente no rápido transporte de tropas do Exército Imperial da
Corte e de outras províncias até as áreas conflagradas. Também
dependeu do transporte por mar, em grande parte realizado pela
Marinha, o abastecimento das tropas que lutavam nas províncias
rebeladas, pois não existiam estradas que ligassem a Corte às
províncias do Norte e do Sul.
A Marinha também cumpriu ações de bloqueio nos portos
ocupados pelos rebeldes, evitando que recebessem qualquer
abastecimento vindo do mar, como armas e munições desviadas
de outras províncias ou compradas no estrangeiro. Finalmente,
militares da Marinha Imperial atuaram diversas vezes em
desembarques, lutando com grupos rebelados lado a lado com
tropas do Exército, da Guarda Nacional e milicianos.
83
Fragata Imperatriz, navio com 54 canhões que operou na Escuna Rio da Prata (esquerda) e Corveta Dorrego. Detalhe do desenho de
Marinha Imperial entre 1824 a 1845. Com 46 metros de Gaston Roullet.
comprimento e 12,20 metros de boca, era um exemplo A Escuna Rio da Prata, com 23 metros de comprimento e armada com dez
tipico dos grandes navios que formavam a Esquadra brasileira canhões, representa os pequenos navios de guerra utilizados para auxiliar no
no Primeiro Reinado. sufocamento das diversas insurreições que se abateram sobre as províncias do
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha. Império do Brasil durante o período regencial.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.
84
sobre Buenos Aires visando a isolar a capital adversária de
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
abastecimento vindo do exterior e impedir que embarcações
argentinas transportassem tropas e armamento para reforçar
argentinos e orientais que lutavam contra as tropas brasileiras no
território uruguaio.
Além do bloqueio, a Força Naval brasileira combateu a
Esquadra argentina até seu desmembramento, privando o
adversário do principal e primeiro braço do Poder Naval. Os navios
da Marinha que não foram deslocados para aquela guerra não
deixaram de se envolver no conflito. A Marinha defendeu as linhas
de comunicação marítimas, dando combate aos corsários armados
pela Argentina e pelos rebeldes uruguaios que atacaram a
navegação mercante brasileira ao longo de toda a nossa costa.
A próxima guerra que o Brasil se envolveria no Rio da Prata
seria contra Juan Manuel de Rosas, governador da Província de
Buenos Aires e Manuel Oribe, presidente da República Oriental
do Uruguai e líder do Partido Blanco. Tendo como seus aliados os
governadores das províncias argentinas de Entre Rios e Corrientes
e o Partido Colorado uruguaio, o Império brasileiro se interpôs a
uma tentativa de união de seus vizinhos do sul, que enfraqueceria
a posição brasileira no Rio da Prata e se tornaria uma ameaça na
fronteira do Rio Grande do Sul, há pouco pacificado e impedido de
se separar do Brasil na Guerra dos Farrapos.
Coube à Marinha um grande momento neste curto conflito:
a Passagem de Tonelero. Pela primeira vez se utilizando navios a
vapor em um conflito externo, a Força Naval brasileira ultrapassou sob
os disparos dos canhões das
tropas Juan Manuel de Rosas
o ponto fortificado adversário MARINHA IMPERIAL BRASILEIRA
no Rio Paraná, o Passo de CONFLITOS INTERNOS E EXTERNOS DE 1831 A 1852
Tonelero, e conduziu as tropas
aliadas rio acima para uma
INTERNOS
posição de desembarque
favorável, onde foi possível o CABANAGEM
SABINADA
EXTERNOS
GUERRA CISPLATINA
GUERRA CONTRA
ORIBE E ROSAS
85
Conflitos internos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Cabanagem
86
Guerra dos Farrapos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Guerra dos Farrapos, rebelião no sul do Império que durou
dez anos, de 1835 a 1845, atingiu uma região de fronteira já
conturbada por conflitos externos. A Marinha novamente atuaria
em cooperação com o Exército no transporte e abastecimento
das tropas e apoiando ações em terra com o fogo dos canhões
embarcados.
Porém, na Guerra dos Farrapos os navios de guerra
estiveram envolvidos em pequenos combates navais com os
farroupilhas. Os combates não ocorreram em mar aberto, mas
em águas restritas, como as Lagoas dos Patos e Mirim. O primeiro
combate naval da Guerra dos Farrapos opôs o Iate Oceano, da
Marinha Imperial, e o Cúter Minuano, dos revoltosos, na Lagoa
Mirim, quando o navio rebelde foi posto a pique.
A pequena Força Naval que os farroupilhas mantinham na
Lagoa dos Patos foi completamente vencida em agosto de 1839,
quando o Chefe-de-Divisão John Pascoe Grenfell, comandante das
Forças Navais no Rio Grande, apresou dois lanchões rebeldes em
Camaquã. A rebelião rio-grandense estendeu-se para Santa
Catarina, onde os farroupilhas formaram uma pequena Força Naval
com navios mercantes apresados e lanchões remanescentes das
operações na Lagoa dos Patos e Mirim, que foi vencida pela Marinha
em um combate no porto de Laguna. Foi neste conflito regional
que pela primeira vez a Marinha brasileira empregou um navio
movido a vapor em operações de guerra.
Sabinada
Balaiada
87
combateriam os rebeldes isoladamente ou apoiariam forças em
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
terra. A partir de 1840 e até o final da Balaiada, o Capitão-Tenente
Joaquim Marques Lisboa atuaria em cooperação com o então
Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, que
comandava a Divisão Pacificadora do Norte, reunida para debelar
a revolta. A união dos futuros patronos das forças singulares de
mar e terra no combate à Balaiada simboliza uma situação
recorrente em todos os conflitos internos durante a Regência e o
Segundo Império: a atuação conjunta da Marinha e do Exército na
manutenção da ordem constituída e da unidade do Império.
Revolta Praieira
88
Conflitos externos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Guerra Cisplatina
89
Para se opor à sublevação, nitidamente suportada pela
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Argentina, o Brasil desenvolveu uma campanha militar na Banda
Oriental entre os anos de 1825 e 1828. Além de tropas, deslocou
vários meios navais da Esquadra recém-formada na Guerra de
Independência para o Estuário da Prata, comandadas pelo Vice-
Almirante Rodrigo Lobo. Com o fortalecimento das forças de
Lavalleja na Banda Oriental, as Províncias Unidas do Rio da Prata
oficializaram seu apoio à revolta, declarando anexada a Banda
Oriental ao território argentino, o que significava uma declaração
de guerra ao Governo Imperial brasileiro.
Destacaremos aqui a participação brasileira na guerra naval,
que teve como seu principal palco o Estuário do Rio da Prata. A
ênfase no aspecto naval não indica que as operações de guerra
conduzidas pelos Exércitos em terra tenham sido menos
importantes para a história da Guerra Cisplatina. O Exército
Brasileiro e as forças de Lavalleja, somadas ao Exército argentino,
confrontaram-se em diversas batalhas, mas até o final da guerra,
em 1828, nenhum dos oponentes alcançou uma nítida vantagem
na guerra terrestre.
A batalha mais significativa da Guerra Cisplatina, a Batalha do
Selo uruguaio comemorativo dos 175 anos da Batalha Passo do Rosário, ou Ituzaingó, como os argentinos e uruguaios a
de Ituzaingó (ou Batalha do Passo do Rosário). chamam, ocorrida em 20 de fevereiro de 1827, teve resultados
Fonte: http//pt:wikipedia.org
tão indecisos como toda a guerra terrestre que se travou na
Província Cisplatina. Nenhum dos lados conseguiu impor-se sobre
o outro, não sendo possível apontar vitoriosos nem derrotados.
Contudo, a função desta obra é destacar a participação da Marinha
brasileira na nossa história. Assim, descreveremos as operações
navais realizadas na Guerra Cisplatina.
A Marinha Imperial brasileira na Guerra Cisplatina lutou com
a Força Naval argentina, mas também atuou contra os corsários
que, com Patentes de corso emitidas pelas Províncias Unidas do
Rio da Prata e pelo próprio Exército de Lavalleja, atacavam os
navios mercantes brasileiros por toda a nossa costa.
O embate entre a Esquadra brasileira e a Esquadra argentina
teve lugar no estuário do Rio da Prata e nas suas proximidades –
região com grande número de bancos de areia que dificultava a
navegação. Isto ajudou os argentinos a desenvolver uma variação
naval da guerra de guerrilha. Os navios argentinos atacavam e,
quando repelidos, escapavam da perseguição dos navios brasileiros
pelos estreitos canais que se formavam entre os vários bancos de
areia da região, em sua maioria desconhecidos dos marinheiros
brasileiros.
Como primeira ação de guerra, a Força Naval brasileira no
Rio da Prata, comandada pelo Vice-Almirante Rodrigo Lobo,
estabeleceu um bloqueio naval no Rio da Prata, pretendendo
impedir qualquer ligação marítima entre as Províncias Unidas e os
rebeldes de Lavalleja, e dos dois adversários com o exterior. O
90
inimigo a ser confrontado pela Força Naval brasileira era liderado
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
pelo experiente irlandês William George Brown, comandante
da pequena Esquadra sediada em Buenos Aires, desde as lutas
pela independência daquele país. O adversário, apesar de contar
com um menor número de navios de guerra, tinha suas ações
facilitadas não só pelo conhecimento da conformação
hidrográfica4 do estuário do Rio da Prata, como também por
permanecer operando próximo ao seu porto base, o
ancoradouro de Los Pozos, em Buenos Aires, onde seus navios
eram abastecidos e reparados.
Nos primeiros meses da guerra, o bloqueio naval imposto
pela Esquadra brasileira provocou o primeiro embate entre as 4
Hidrografia é a topografia marítima, ciência utiliza-
forças navais. O Combate de Colares ocorreu em 9 de fevereiro da para a produção de plantas da costa e ilhas,
chamadas de cartas náuticas.
de 1826, quando a Esquadra argentina, composta de 14 navios,
deixou seu ancoradouro para empreender uma ação de desgaste
à Força Naval brasileira em bloqueio, também composta de 14
navios. As forças navais adversárias, dispostas em colunas, trocaram
tiros de canhão a grande distância uma da outra, causando p e r d a s
h u m a n a s e avarias
materiais reduzidas
de parte a parte. A
Esquadra argentina
se retirou para o
refúgio de Los Pozos
e a Força Naval
brasileira foi fundear
entre os Bancos de
Ortiz e Chico.
Combate Naval de Colares. O passo poste-
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
rior do comandante
das forças argen-
tinas teria conseqüências muito mais significativas para os
destinos da guerra no mar e em terra se bem-sucedido. Seu
alvo era a Colônia de Sacramento, uma praça fortificada situada
na margem esquerda do Rio da Prata e guarnecida por 1.500
homens chefiados pelo Brigadeiro Manoel Jorge Rodrigues,
complementados por uma pequena força de quatro navios,
comandada pelo Capitão-de-Fragata Frederico Mariath. Sete
navios da Esquadra argentina, capitaneados pela Fragata 25 de
Mayo, romperam o bloqueio brasileiro ao largo de Buenos Aires
e fizeram vela para a Colônia de Sacramento, simultaneamente
aquela praça era cercada por tropas.
Devido ao maior poder de combate da Força Naval
Argentina perante a flotilha brasileira que defendia a Colônia, as
tripulações e os canhões dos navios brasileiros foram
desembarcados e incorporados às defesas de terra. Em 26 de
fevereiro de 1826, os navios argentinos e as tropas de cerco
91
iniciaram o bombardeio, respondido pelas fortificações da Colônia
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
do Sacramento, que inutilizaram um dos navios adversários.
Repelido o primeiro ataque, os defensores da Colônia do
Sacramento enviaram uma escuna para pedir auxílio às forças navais
brasileiras estacionadas em Montevidéu, esperando que o socorro
chegasse o mais rápido possível àquela praça sitiada.
O Vice-Almirante Rodrigo Lobo não acudiu de imediato a
cidade acossada pelo inimigo. Na noite de 1o de março, a Força
Naval argentina, reforçada por seis canhoneiras, tentou
desembarcar 200 homens naquela praça. Depois de severa luta,
os atacantes argentinos foram repelidos, com a perda de duas
5
Expediente comum nas guerras no mar no tem-
canhoneiras e muitos homens, não sem antes conseguirem
po dos navios a vela, utilizando-se da bandeira incendiar um dos nossos navios. Os navios argentinos só desistiram
de outra nação um navio de guerra ocultava sua
identidade perante o inimigo. Este ardil foi utili-
do cerco em 12 de março, escapando da Esquadra brasileira, que
zado pelo Capitão-de-Fragata John Taylor quan- chegara com atraso em defesa de Sacramento.
do no comando da Fragata Niterói na épica per-
seguição aos navios portugueses em retirada, na
A Força Naval argentina empreendia ações mais ousadas
Guerra da Independência. contra a Esquadra brasileira. De uma troca de tiros sem muitas
conseqüências, em fevereiro, tentou a conquista de uma praça
fortificada na margem esquerda do Rio da Prata que, se conquistada,
transformaria-se em um importante ponto de abastecimento das
tropas uruguaias e argentinas.
Uma das missões da Esquadra argentina era justamente a
manutenção do abastecimento dos exércitos que lutavam na
Província Cisplatina. Como obstáculo, antepunha-se a Esquadra
brasileira comandada pelo Almirante Rodrigo Lobo que, apesar da
ineficiência desse início de bloqueio naval (pelos primeiros embates
navais da guerra, observa-se que a Esquadra argentina
movimentava-se com relativa facilidade), mantinha-se superior em
número às forças navais comandadas por Brown.
O Comandante da Esquadra argentina William Brown reuniu
sua capitânia, a Fragata 25 de Mayo, e dois brigues em uma audaciosa
ação para capturar navios que se dirigissem a Montevidéu, tentando
aumentar o tamanho de sua Esquadra e tomar alguma carga de
valor em navios mercantes. Em 10 de abril de 1826, conseguiu
capturar a pequena Escuna Isabel Maria. No dia seguinte, ao
perseguir um navio mercante, a Fragata 25 de Mayo aproximou-se
muito do porto de Montevidéu, onde foi reconhecida pelos navios
da Esquadra brasileira, mesmo arvorando a bandeira francesa5.
Saiu em sua perseguição a Fragata Niterói, comandada pelo
Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton, ambos, navio e
comandante, veteranos da Guerra de Independência e recém-
chegados para reforçar a Força Naval brasileira no Rio da Prata.
Acompanharam o encalço à capitânia argentina quatro outros
pequenos navios, mas o combate se concentrou nos navios de
maior porte, com a Fragata Niterói trocando disparos com a Fragata
25 de Mayo e com um dos brigues que a acompanhava. Com o cair
da noite, os navios argentinos, com graves avarias, retiraram-se
92
para Buenos Aires, dando por encerrado o embate que ficou
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
conhecido como o Combate de Montevidéu.
Após o malogro da tentativa de capturar navios ao largo do
porto de Montevidéu, William Brown planejou outra ação para
reforçar sua esquadra com navios brasileiros capturados.
Combate de Montevidéu.
Em primeiro plano a Fragata Niterói,
à direita o navio capitânia argentino,
a Fragata 25 de Mayo no momento
em que perde o joanete do mastro
grande.
Aquarela do Almirante Trajano
Augusto de Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação
da Marinha.
93
imobilizados empenharam-se em um duelo de artilharia. A Niterói
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
conseguiu livrar-se do encalhe. A seguir, a 25 de Mayo também
escapou do Banco de Ortiz e se reuniu ao restante da Esquadra
argentina. O Combate do Banco de Ortiz acabou sem grandes
perdas para ambos os adversários, mas mostrou o perigo que os
bancos de areia do Estuário do Rio da Prata representavam para
as Esquadras em luta.
Em 13 de maio de 1826, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes,
o Barão do Rio da Prata, substituiu o Almirante Rodrigo Lobo, que
tinha se mostrado pouco capaz no comando da Força Naval do
Império do Brasil em operações de guerra no Rio da Prata. A
primeira medida tomada pelo Almirante Pinto Guedes foi
estabelecer uma nova disposição das forças navais que reforçasse
o bloqueio naval. Dividiu suas forças em quatro divisões, sob o
comando de oficiais capazes e experientes, devendo em todas as
oportunidades engajar o inimigo, obrigando-o a aceitar a luta. A 1a
Divisão, reunindo os maiores e mais poderosos navios que estavam
no Rio da Prata, formaria a linha exterior do bloqueio, impedindo
que navios entrassem no Rio da Prata para abastecer a Argentina e
seu Exército lutando na Cisplatina e tentando capturar os corsários
que transitassem pela região. A 2a Divisão, constituída de navios
mais leves, manobreiros e numerosos, operaria no interior do
estuário, efetuando um rigoroso bloqueio naval entre a Colônia
de Sacramento, Buenos Aires e a Enseada de Barregã, isolando a
Esquadra argentina no seu ancoradouro e tentando impedir o
abastecimento por mar da capital argentina. A 3a Divisão, composta
de pequenos navios adequados à navegação fluvial, defenderia a
Colônia do Sacramento e patrulharia os Rios Uruguai, Negro e
Paraná, que formavam a fronteira natural entre as Províncias Unidas
do Rio da Prata e a Província Cisplatina, impedindo que as forças
de Lavalleja e o Exército argentino fossem supridos desde o
território argentino. A 4a Divisão era formada por navios em reparo,
e foi mantida em Montevidéu, para atuar como uma força de
reserva. A reorganização das forças navais brasileiras mostrou sua
eficiência na contenção dos movimentos da Esquadra adversária.
Em 15 de maio de 1826, as três linhas de bloqueio
determinadas pelo novo comandante da Força Naval brasileira no
Rio da Prata já se achavam em posição. Em 23 de maio, a Esquadra
argentina decidiu testar a resistência da Força Naval brasileira
responsável pelo bloqueio de Buenos Aires, a 2a Divisão da Esquadra
Imperial, chefiada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton.
Os navios brasileiros engajaram-se no Combate das Balizas
Exteriores, mesmo com o risco de encalharem nos bancos de
areia em torno de Buenos Aires. Os navios argentinos perceberam
a resolução da força bloqueadora e voltaram ao seu ancoradouro,
em Los Pozos. Dois dias depois, o navio capitânia da 2a Divisão, a
Fragata Niterói, navegando sozinha, atraiu a Esquadra argentina para
94
o combate, mas, novamente, a troca de tiros não causou danos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
significativos a nenhum dos lados.
Mesmo a nova estratégia de bloqueio, mais agressiva, não se
mostrava eficiente na destruição dos navios argentinos, que se
mantinham protegidos no ancoradouro de Los Pozos.
No começo de junho de 1826, buscando um engajamento
decisivo, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes planejou atacar a
Esquadra inimiga dentro de Los Pozos. Para isso, a 2a Divisão foi
reunida à 3a Divisão da Esquadra Imperial, composta por navios
menores que poderiam transpor os bancos de areia que protegiam
o ancoradouro de Buenos Aires.
Em 7 de junho, antes que as duas forças brasileiras se
reunissem, cinco navios de transporte argentinos, escoltados por
navios de guerra, largaram de Buenos Aires com soldados e
suprimentos para apoiar as tropas argentinas que lutavam junto
aos cisplatinos. Ao mesmo tempo, o resto da Esquadra argentina,
comandada por Brown, fez vela para atrair a atenção da força
brasileira. Nem a 2a Divisão, junto a Buenos Aires, nem a 3a, ainda
em águas da Colônia de Sacramento, alcançaram os navios de
transporte argentinos.
Em 11 daquele mês, as 2a e 3a Divisões, comandadas por
Norton, executaram o plano de ataque e investiram contra a
Esquadra argentina em Los Pozos. Novamente, os bancos de areia
protegeram os navios argentinos. O comandante da Força Naval
brasileira, Norton, desistiu do ataque que seria infrutífero. Apesar
dos insucessos da ação planejada, a Escuna Isabel Maria, apresada
pelos argentinos, foi recuperada.
Considerando o malogro do último ataque brasileiro à
Esquadra argentina como sua vitória, Brown preparou uma nova
investida à 2a Divisão, determinado a livrar Buenos Aires do bloqueio
naval. Protegidos pela noite, em 29 de julho de 1826, 17 navios da
Esquadra argentina tentaram surpreender os navios sob o comando
do Capitão-de-Mar-e-Guerra James Norton. Porém, alertados por
uma escuna que fazia a vigilância, os brasileiros responderam ao
ataque. O combate tornou-se confuso; a mesma noite que
escondia os atacantes, prejudicava a precisão dos disparos e a
identificação do inimigo. A possibilidade de atingir navios amigos
determinou que ambos os lados suspendessem a luta.
Ao alvorecer, o combate recomeçou. O Comandante da
Esquadra argentina Brown conduziu seu navio capitânia, a Fragata
25 de Mayo, na direção dos navios brasileiros, mas só foi
acompanhado pela Escuna Rio de La Plata. Os dois navios argentinos
receberam todo o peso dos disparos dos canhões brasileiros e
ficaram completamente inutilizados. O chefe das forças argentinas
foi obrigado a transferir-se sob fogo para um navio argentino que
ousou aproximar-se. O restante da Esquadra argentina retirou-se
para a segurança de seu ancoradouro. O Combate de Lara-Quilmes
95
foi a última tentativa da Esquadra argentina de destruir os navios
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
da 2a Divisão da Esquadra Imperial e desmantelar o bloqueio naval
brasileiro em torno de Buenos Aires.
Depois dessa expressiva vitória das forças navais brasileiras,
no começo do ano de 1827, a 3a Divisão, composta pelos menores
navios da Esquadra brasileira, comandada pelo Capitão-de-Fragata
Jacinto Roque Sena Pereira, foi derrotada no Combate de Juncal.
96
para as forças argentinas, sempre em busca de navios para reforçar
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
sua já diminuída Esquadra. Cinco navios inimigos aproximaram-se
da corveta, que estava acompanhada apenas da Escuna Dois de
Dezembro, e tentaram a abordagem. A tripulação da Maceió repeliu
o inimigo com o fogo de seus 20 canhões. Por fim, os navios
argentinos recuaram, mas a missão da Divisão Auxiliadora ainda
não terminara. Os navios brasileiros da 3a Divisão permaneciam
presos no Rio Uruguai.
No início de fevereiro de 1827, a 3a Divisão desceu o Rio
Uruguai para combater a Força Naval argentina que o bloqueava.
Com ajuda da Divisão Auxiliadora, planejou-se colocar o inimigo
entre os canhões das duas divisões brasileiras.
Em 8 de fevereiro, começava o Combate de Juncal, nome
tomado da Ilha fluvial de Juncal, segmento do Rio Uruguai onde os
navios da 3a Divisão foram derrotados pela Força Naval argentina,
pois não receberam o esperado apoio da Divisão Auxiliadora, que
permaneceu longe do local da batalha.
O bloqueio naval mais rigoroso realizado desde maio de
1826 pela 2a Divisão da Esquadra Imperial mantinha a maior
parte do tempo a Esquadra argentina confinada em seu
ancoradouro. Porém, a Esquadra brasileira não conseguia uma
vitória definitiva frente ao inimigo, não evitando pequenas
incursões que, algumas vezes, mostravam-se desastrosas, como
o combate fluvial em Juncal.
Já nesse período da guerra no mar, o governo de Buenos
Aires concentrava seu esforço na guerra de corso, que afetava o
comércio marítimo do Império brasileiro. Mesmo a Esquadra
argentina, já muito debilitada depois do Combate de Lara-
Quilmes, cedia seus navios para campanhas de corso na costa
brasileira. E foi com esse propósito que os quatro principais
navios argentinos tentaram romper o bloqueio brasileiro na noite
de 6 de abril de 1827.
A Força Naval argentina, composta pelos Brigues República,
Congresso e Independência, e pela Escuna Sarandi, comandada pelo
próprio comandante da Esquadra argentina, William Brown, foi
interceptada pelos navios da 2a Divisão quando tentava contornar
o bloqueio naval brasileiro.
Neste último grande encontro entre as forças adversárias,
conhecido como Combate de Monte Santiago, a 2a Divisão
brasileira, reforçada pelos navios das outras duas divisões
bloqueadoras, fustigou os navios argentinos com os seus canhões,
que, encurralados entre a força brasileira e os bancos de areia,
foram sendo destroçados. Os Brigues República e Independência
foram abordados e capturados pelos brasileiros. O Brigue Congresso
e a Escuna Sarandi, navios menores e mais leves, conseguiram passar
pelos bancos de areia e refugiaram-se em Buenos Aires, ainda assim
bastante atingidos pelos canhões brasileiros e com muitos mortos
e feridos a bordo.
97
Foi o golpe final contra a Esquadra argentina e a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
demonstração de que o bloqueio naval organizado pelo Almirante
Rodrigo Pinto Guedes foi efetivo no combate ao inimigo.
As grandes perdas argentinas no Combate de Monte
Santiago, em abril de 1827, ratificaram a opção pela guerra de
corso. Durante todo o conflito, as Províncias Unidas armaram
corsários. Alguns corsários eram armados no porto de Buenos
Aires e conseguiam romper o bloqueio naval brasileiro; outros
vinham das bases de corsários de Carmen de Patagones e San Blas,
em território das Províncias Unidas do Rio da Prata, e havia mesmo
os que, recebendo as patentes de corso do governo de Buenos
Aires em portos do exterior,
daí largavam para acossar os
navios mercantes nas costas
brasileiras.
A guerra de corso em-
preendida contra o nosso
comércio marítimo (à época,
como hoje, essencial para
economia nacional) foi mais
efetiva contra o esforço de
guerra brasileiro do que a
Esquadra argentina. A ope-
ração ofensiva que a Marinha
Imperial brasileira realizou com
o bloqueio naval no Prata
Combate Naval de Monte Santiago (7 e 8 de coexistiu com a ação defensiva na vigilância das extensas águas
abril de 1827). territoriais brasileiras, defendendo nosso comércio marítimo dos
Desenho de Gaston Roullet segundo as indicações
do Barão do Rio Branco. corsários.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha. Exemplos da ação da Marinha Imperial no combate aos
corsários foram as duas incursões da Esquadra sediada no Rio da
Prata às bases corsárias de Carmen de Patagones e San Blas, na
região da Patagônia. Ambas ocorreram em 1827 e pretendiam
destruir esses verdadeiros ninhos de corsários e recapturar alguns
dos navios mercantes que estes tinham tomado.
Contudo, as condições hidrográficas da costa argentina da
Patagônia, completamente desconhecida dos brasileiros, e,
especialmente na incursão a Carmen de Patagones, a falta de
informação sobre as defesas a serem enfrentadas determinaram o
fracasso das duas expedições.
Entretanto, o combate aos corsários foi mais efetivo no
bloqueio naval empreendido a outra de suas “bases”, a localizada
no Rio Salado. Outros corsários também foram batidos no mar
pela Marinha Imperial, como o Brigue Niger, capturado em março
de 1828, e o Brigue General Brandsen, destruído por navios
brasileiros após longa campanha de corso.
98
A indefinição da campanha terrestre e o esgotamento
econômico e militar de ambos os contendores levaram o Brasil a
aceitar a mediação da Grã-Bretanha para o fim da guerra. A
Convenção Preliminar de Paz foi assinada entre o Império do Brasil
e as Províncias Unidas do Rio da Prata em 27 de agosto de 1828.
O acordo estipulava que ambos os lados renunciariam a suas
pretensões sobre a Banda Oriental, que se tornaria um país
independente: a República Oriental do Uruguai.
O término da Guerra Cisplatina não seria o fim dos conflitos
na região. A Marinha Imperial brasileira permaneceria guarnecendo
a segurança do Império do Brasil no Rio da Prata.
Aprisionamento do navio corsário Gobernador Dorrego em 24 de agosto de 1828, no que foi último combate naval antes da vigência da
Convenção Preliminar de Paz. O corsário Gobernador Dorrego foi uma fragata mercante francesa de nome Mandarine que adquiriu patente
de corso das Províncias Unidas do Rio da Prata e, sob o comando de Jean Soulin, juntou-se a dois outros navios corsário, o General Rondeau
e Argentina, para empreender uma campanha de corso sobre as costas da Província do Rio Grande do Sul. Foram interceptados pela Esquadra
brasileira ainda no Rio da Prata e o Gobernador Dorrego, depois de ter sua mastreação destruída pela Fragata Piranga, Corveta Bertioga (que
aparece a direita na pintura), Brigue Caboclo e Escuna Rio da Prata, foi capturado e incorporado à Marinha Imperial.
Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho.
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha.
99
Guerra contra Oribe e Rosas
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Terminada a revolta que sublevou as Províncias do Rio
Grande e de Santa Catarina, o Império brasileiro pôde retomar
a vigilância na fronteira sul e ater-se ao conflito que crescia na
área do Rio da Prata. Mesmo com o fim da Guerra Cisplatina e
a independência da República Oriental do Uruguai, as lideranças
políticas argentinas continuavam com a pretensão de restituir o
mando de Buenos Aires sobre o território do Vice-Reinado do
Prata.
O projeto de anexação do Uruguai ao território argentino
encontrou em Juan Manuel de Rosas liderança máxima da
Confederação Argentina desde 1835 e em Manuel Oribe, líder
do partido de oposição ao governo uruguaio (o Partido Blanco),
seus executores.
O Império brasileiro, que se opunha frontalmente à anexação,
apoiava o governo constituído do Uruguai, exercido pelo Partido
Colorado. A situação política no Uruguai aproximava-se a de uma
guerra civil, com tropas partidárias de Oribe e apoiadas por Rosas
cercando a capital, Montevidéu.
Em 1851, o Governo brasileiro procedeu uma aliança com
o governo uruguaio e com um oposicionista de Rosas, o governador
da Província argentina de Entre Rios, Justo José de Urquiza, para
defender o Uruguai do ataque das forças de Rosas e Oribe.
A ação da Marinha novamente seria realizada em estreita
colaboração com o Exército Imperial. O comando da Força Naval
foi entregue ao Chefe-de-Esquadra John Pascoe Grenfell, veterano
das lutas na Independência e na Cisplatina.
Chefe-de-Esquadra John Pascoe Grenfell, Somente com a intervenção da força terrestre, as tropas
comandante da Força Naval que irrompeu pelo
passo fortificado de Tonelero.
que cercavam Montevidéu capitularam e Manuel Oribe foi
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha derrotado. A Esquadra brasileira, disposta ao longo do Rio da Prata,
impediu que as tropas vencidas pudessem evacuar para a margem
direita, o lado argentino.
Tendo pacificado o Uruguai, a força brasileira e seus aliados
platinos voltaram-se contra Rosas, que mantinha-se como uma
ameaça à estabilidade da região. Nessa nova ação militar coube à
Marinha a tarefa de transportar as tropas aliadas pelo Rio Paraná
até a localidade de Diamante, para ali desembarcá-las.
A Força Naval brasileira, composta por quatro navios com
propulsão a vapor e três navios a vela, tinha como obstáculo o
Passo de Tonelero, nas proximidades da Barranca de Acevedo,
onde o inimigo instalara uma fortificação guarnecida por 16 peças
de artilharia e 2.800 homens. Devido à pouca largura do rio naquele
trecho, os navios brasileiros seriam obrigados a passar a menos de
400 metros daquela fortificação, recebendo o peso da artilharia
inimiga. A solução encontrada pelo Chefe-de-Esquadra Grenfell
100
foi o emprego conjunto dos navios a vela e a vapor na operação
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de transposição daquele obstáculo.
Os navios a vela, mais artilhados (pois tinham artilharia
postada por todo seu costado, substituída nos navios a vapor pelas
rodas laterais), foram rebocados pelos navios a vapor, mais rápidos
e ágeis nas manobras.
Tonelero foi vencida em 17 de dezembro de 1851, com as
tropas desembarcando em Diamante com sucesso.
Naquela localidade, os navios a vapor auxiliaram também na
transposição do rio pelas tropas oriundas das províncias argentinas
aliadas que tinham marchado até aquela posição.
O Exército de Buenos Aires foi derrotado pelas tropas
brasileiras e de seus aliados platinos, em fevereiro de 1852. A
Passagem de Tonelero representou a única operação ofensiva
realizada pela Marinha Imperial naquele conflito.
Contudo, o emprego da Força Naval no transporte de tropas
para a área do conflito e, notadamente depois de Tonelero, na
transposição das tropas aliadas da margem uruguaia para território
argentino, no Rio da Prata e Rio Paraná, constituiu fator essencial
para o sucesso das ações militares desenvolvidas pelos aliados
contra Rosas e Oribe.
101
C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
DATA EVENTO
102
F I X A Ç Ã O
1– Quais foram duas das principais ações efetuadas pela Marinha Imperial brasileira no
combate às revoltas internas da Regência e início do reinado de D. Pedro II?
2– Durante o reinado de D. Pedro I, quais eram as duas principais forças políticas contrárias?
3– Cite uma das atividades militares desenvolvidas pela Marinha Imperial Brasileira na Guerra
Cisplatina.
4– Qual foi a área de atuação da Marinha comum aos dois conflitos externos que o Brasil se
envolveu no período entre o reinado de D. Pedro e o início do reinado de seu herdeiro,
D. Pedro II?
5– Por que uma das atividades essenciais que a Marinha provia em qualquer operação militar
durante as várias revoltas eclodidas nas províncias durante o período das regências era o
transporte e abastecimento das tropas que combatiam os rebeldes?
SAIBA MAIS
ALBUQUERQUE, Antonio Luiz Porto e. História do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de
Documentação da Marinha, 1985.
HISTÓRIA geral do Brasil. Org. de Maria Yedda Linhares. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1990.
MARTINS, Hélio Leôncio ; BOITEUX, Lucas Alexandre. Campanha naval na Guerra Cisplatina.
In: HISTÓRIA naval brasileira. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1975-
v.3. t.1.
PÁGINAS NA INTERNET
Museu Histórico Nacional: http://www.museuhistoriconacional.com.br/
103
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
104
O Paraguai estava se mobilizando para uma possível guerra
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
desde o início de 1864. López se julgava mais forte – o que
provavelmente era verdadeiro, no final de 1864 e início de 1865
– e acreditava que teria o apoio dos blancos uruguaios e do
argentino Urquiza. Tal não ocorreu. Ele superestimou o poderio
econômico e militar do Paraguai e subestimou o potencial do
Poder Militar brasileiro e a disposição para a luta do Brasil.
105
Os seguintes atos de
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
hostilidade do Paraguai
levaram à assinatura
do Tratado da Tríplice
Aliança contra o Governo do
Paraguai, pelo Brasil,
Argentina e Uruguai 1, em Assinatura da Tríplice Aliança entre o General
Venâncio Flores (Uruguai), Dr. Francisco
1 de maio de 1865:
o
Otaviano (Brasil) e o Presidente da Argentina
Bartolomeu Mitre
· o apresamento do Vapor
brasileiro Marquês de Olinda, que viajava para Mato Grosso
Entre outros itens importantes, o Tratado da Tríplice
transportando o novo presidente dessa província, em 12 de
1
106
Os navios brasileiros, no entanto, mesmo os de propulsão
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mista, eram adequados para operar no mar e não nas condições
de águas restritas e pouco profundas que o teatro de operações
nos Rios Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era
um perigo sempre presente. Além disso, esses navios, com casco
de madeira, eram muito vulneráveis à artilharia de terra,
posicionada nas margens.
Era uma época de freqüentes inovações tecnológicas no
hemisfério norte e a Guerra Civil Americana trouxera muitas
novidades para a guerra naval e, especificamente, para o combate
O Pirabebe, um pequeno navio fluvial, tinha a
nos rios. Sua influência, logo depois dessa primeira fase de navios
4
107
O bloqueio do Rio Paraná e a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Batalha Naval do Riachuelo
O Paraguai enviou duas
colunas de tropas invasoras, uma
destinada ao Rio Grande do Sul e
outra para o sul, em território
argentino, acompanhando o Rio
Paraná.
Foi designado comandante das
Forças Navais Brasileiras em Operação
o Almirante Joaquim Marques Lisboa,
Visconde de Tamandaré. A estratégia
naval adotada foi a de negar o acesso
ao território paraguaio através do Almirante Tamandaré
Acervo do Serviço de
bloqueio. Tamandaré, logo no início, Documentação da Marinha
tratou também de organizar a difícil
logística que o teatro de operações exigia. Os rios eram as principais
vias de comunicação da região, e navios e embarcações teriam
que transportar os suprimentos para as tropas, o carvão para servir
como combustível dos próprios navios e,
muitas vezes, soldados, cavalos e armamento.
Com o avanço das tropas paraguaias ao
longo do Rio Paraná, ocupando a Província
de Corrientes, Tamandaré resolveu designar
seu chefe de estado-maior, o Chefe-de-
Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva,
para assumir o comando da Força Naval
brasileira, que subira o rio para efetivar o
bloqueio do Paraguai. Ele queria mais ação.
Barroso partiu em 28 de abril de 1865, na
Fragata Amazonas, e assumiu o cargo em Bela
Vista. Sua primeira missão foi um ataque à
Cidade de Corrientes, então ocupada pelos
paraguaios. O desembarque das tropas
Batalha Naval do Riachuelo aliadas em Corrientes ocorreu com bom
Óleo sobre tela de Victor Meireles
Acervo do Museu Histórico Nacional êxito no dia 25 de maio.
Não era, sabidamente, possível manter a posse dessa cidade
na retaguarda das tropas invasoras, principalmente naquele
momento da luta, em que os paraguaios mantinham uma ofensiva
vitoriosa, e foi preciso, logo depois, evacuá-la. Mas, o ataque deteve
o avanço paraguaio para o Sul. Ficou evidente que a presença da
Força Naval brasileira deixava o flanco direito dos invasores, que
se apoiava no Rio Paraná, sempre muito vulnerável. Para os
paraguaios, era necessário destruí-la e isto levou Solano López a
planejar a ação que levaria à Batalha Naval do Riachuelo.
108
Os preparativos para o ataque aos navios brasileiros foram
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
realizados sob a orientação direta do próprio López. O plano
consistia em surpreender os navios brasileiros fundeados, abordá-
los e, após a vitória, rebocá-los para Humaitá. Por isso, os navios
paraguaios estavam superlotados com tropas.
Tirando o máximo proveito do terreno ao longo do Rio
Paraná, ele mandou, também, assentar canhões nas barrancas da
Ponta de Santa Catalina, que fica imediatamente antes da foz do
Riachuelo5, e reforçar com tropas de infantaria o Rincão de
Lagraña6, que lhe fica rio abaixo.
Da extremidade Sul do Rincão de Lagraña, que tem uma 5
17 quilômetros distante ao Sul da cidade de
barranca mais elevada, os paraguaios podiam atirar, de cima, sobre Corrientes, portanto, em território argentino ocu-
os conveses dos navios brasileiros que escapassem, descendo o pado pelo Paraguai.
109
Mezza se atrasara
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
devido a problemas na
propulsão de um de seus
navios, o Ibera, que acabou
sendo deixado para trás. As
chatas que rebocava tinham
uma pequena borda-livre, Em destaque o Vapor Araguari
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
fazendo água quando os
navios aumentavam a velocidade procurando recuperar o tempo
perdido.
Ele decidiu não largar as chatas, pois sua presença na batalha
8
Coube a iniciativa desse primeiro combate aos era uma determinação de López, e, chegando tarde, desistiu de
paraguaios. A força brasileira somente conseguiu iniciar o combate com a abordagem. Julgava que não havia
pressão nas caldeiras para se movimentar às
10h50min, aproximadamente. surpreendido os brasileiros e é acusado de ter, assim, perdido sua
melhor chance de vitória. A surpresa, na realidade, foi maior até
do que se poderia supor. Era uma manhã de domingo, parte das
guarnições estava em terra para trazer lenha, com o propósito de
poupar carvão. É sempre difícil manter um estado prolongado de
alerta quando as ameaças não se fazem freqüentemente sensíveis.
Alertada, a Força Naval brasileira se preparou para o iminente
combate, as tripulações assumindo seus postos, despertando o
fogo das fornalhas das caldeiras com carvão e largando as amarras.
Às 9h25min, dispararam-se os primeiros tiros de artilharia. Passou,
logo em seguida, a força paraguaia, em coluna, pelo través da
brasileira, ainda imobilizada, indo, logo depois, rio abaixo, para as
proximidades da margem esquerda, logo após o local onde
estavam as baterias de terra. Fechou-se, assim, a armadilha em
uma extensão de uns seis quilômetros, ao longo de um trecho do
Paraná, junto à foz do Riachuelo8.
Pouco tempo depois, a coluna brasileira, com o Belmonte à
“O Brasil espera que frente, seguido pelo Jequitinhonha e por outros navios, avistou as
cada um cumpra o seu
dever.”
barrancas de Santa Catalina. Somente mais adiante, já com as
barrancas pelo través, era possível ter a visão completa da curva
do Rincão de Lagraña, rio abaixo da foz do Riachuelo, onde estavam
parados os navios e as chatas da força paraguaia. A vegetação
“Sustentar o fogo que a impedia que se soubesse que as barrancas de Santa Catalina
vitória é nossa.”
estavam artilhadas.
Barroso resolveu deter a Amazonas, reservando-a para
interceptar uma possível fuga dos paraguaios rio acima. Alguns
navios brasileiros não entenderam a manobra e ficaram indecisos.
Sinais de Barroso Como conseqüência, o Jequitinhonha encalhou num banco, sob as
baterias de terra, e o Belmonte, à frente, prosseguiu sozinho,
recebendo o fogo concentrado da artilharia do inimigo e tendo
que encalhar, propositadamente, após completar a passagem para
não afundar, devido às avarias sofridas em combate.
Para reorganizar sua força naval, Barroso avançou com a
Amazonas, assumiu a liderança dos navios que estavam a ré do
Belmonte e, seguido por eles, completou a passagem sob o fogo
110
dos canhões paraguaios e da fuzilaria de terra. Afastou-se,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
depois, descendo o Rio Paraná com apenas seis dos seus nove
navios, porque o Parnaíba, com o leme avariado, também não
conseguira passar. Completou-se assim, às 12h10min, a primeira
fase da batalha.
Então, Barroso mostrou toda a sua coragem, decidindo
regressar para o interior da armadilha de Riachuelo. Foi necessário
descer o rio até um lugar onde o canal permitia fazer a volta com
os navios e, cerca de uma hora depois, ele estava novamente em
frente à ponta sul do Rincão de Lagraña.
Até aquele instante, o resultado era altamente insatisfatório
para o Brasil. O Belmonte fora de ação, o Jequitinhonha encalhado,
para sempre, e o Parnaíba sendo abordado e dominado pelo
inimigo, apesar de resistência heróica de brasileiros, como o Guarda-
Marinha Guilherme Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio Dias, que
lutaram até a morte.
Tirando, porém, vantagem do porte da Amazonas e contando
com a perícia do prático argentino que tinha a bordo, Barroso
usou seu navio para abalroar os paraguaios e vencer a batalha. Foi
um improviso, seu navio não tinha a proa propositadamente
reforçada para ser empregada como aríete.
Repetindo aqui as próprias palavras do Chefe-de-Divisão
Barroso, na parte que transmitiu ao Visconde de Tamandaré, assim
se deu a batalha (grafia de época):
111
Quatro navios paraguaios conseguiram fugir e, com a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
aproximação da noite, os navios brasileiros que os perseguiam
regressaram, para evitar encalhes em território inimigo. Além disto,
apesar de não comentarem, na época, não seria sensato abordar
um navio lotado com tropas.
Antes do pôr-do-sol de 11 de junho, a vitória era brasileira.
Foi uma batalha naval, em alguns aspectos, decisiva.
9
Tamandaré explicou sua ordem de recuar a força
naval pela necessidade dela estar sempre próxima à
frente do exército inimigo.
10
López ordenara o regresso da coluna que avança-
ra junto ao Rio Paraná, logo após a derrota das
forças que invadiram o Rio Grande do Sul, em
Uruguaiana. Só então foi possível recuperar, defini-
tivamente, a cidade de Corrientes. Em dezembro
de 1865, os Exércitos Aliados estavam acampados
em locais próximos a essa cidade e a Força Naval Batalha Naval do Riachuelo
brasileira, sob o comando de Barroso, também Óleo sobre tela de Eduardo de Martino
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
estava fundeada nas imediações.
112
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Passagem de Mercedes Passagem de Cuevas
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
Navios encouraçados e
a invasão do Paraguai
Os navios encouraçados começaram a chegar à frente de
combate em dezembro de 1865. O Encouraçado Brasil,
encomendado após a Questão Christie11 na França, foi o primeiro
que chegou a Corrientes em dezembro de
186512.
No Arsenal de Marinha da Corte, no Rio
de Janeiro, iniciara-se a construção de outros
navios encouraçados, especificados para lutar
naquele teatro de operações fluviais. O projeto
e a construção estavam a cargo de brasileiros,
como os engenheiros Napoleão Level e Carlos
Braconnot. Destacou-se, também, o Capitão-
de-Fragata Henrique Antônio Baptista,
especialista em armamento, que também
chefiara o recebimento e trouxera o
Encouraçado Brasil da França.
Durante a guerra, foram incorporados à Encouraçado Brasil – Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
Armada brasileira 17 navios encouraçados,
113
incluindo alguns classificados como monitores, que obedeciam a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
características de projeto inovadoras, desenvolvidas poucos anos
antes na Guerra Civil Americana.
Em 21 de fevereiro de 1866, Tamandaré chegou a Corrientes
e assumiu o comando da Força Naval, mantendo Barroso como
seu chefe de estado-maior. Em 17 de março, os navios
suspenderam para iniciar as operações rio acima. Quatro dos
encouraçados já estavam disponíveis nessa força. Um deles tinha
o nome de Barroso, e outro o de Tamandaré. Era uma grande
homenagem, em vida, aos dois ilustres chefes.
A ofensiva aliada para a invasão do Paraguai necessitava
de apoio naval. Passo da Pátria foi uma operação conjunta de
forças navais e terrestres. Coube, inicialmente, à Marinha fazer
os levantamentos hidrográficos, combater as chatas paraguaias
e bombardear o Forte de
Itapiru e o acampamento
inimigo. Em março de 1866,
já estavam disponíveis nove
navios encouraçados, inclu-
sive três construídos no
Brasil: Tamandaré, Barroso e
Rio de Janeiro. A reação da
artilharia paraguaia ceifou
vidas preciosas, como a do
Encouraçado Barroso
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha Tenente Mariz e Barros,
comandante do Tamandaré.
Houve, depois, perfeita cooperação entre as forças, na grande
operação de desembarque que ocorreu em 16 de abril de 1866.
Enquanto parte da Força Naval bombardeava a margem direita do
Rio Paraná, de modo a atrair a atenção do inimigo, os
transportes avançaram e entraram no Rio Paraguai.
Os navios transportaram inicialmente cerca de 45 mil
homens, de um efetivo de 66 mil (38 mil brasileiros, 25 mil
argentinos e 3 mil uruguaios), artilharia, cavalos e material. O
General Osório foi o primeiro a desembarcar em território inimigo.
Com a invasão, os paraguaios abandonaram Itapiru e Passo da Pátria
e, após tentativas infrutíferas de derrotar o invasor em Estero
Bellaco e Tuiuti, concentraram suas defesas nas fortificações que
barravam o caminho: Curuzu, Curupaiti e Humaitá.
114
Curuzu e Curupaiti
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Em 31 de agosto de 1866, as tropas comandadas pelo
General Manoel Marques de Souza, o Barão de Porto Alegre,
desembarcaram na margem esquerda para atacar Curuzu e, no
dia seguinte, os navios começaram a bombardear a fortificação.
Em 2 de setembro, o navio encouraçado Rio de Janeiro foi
atingido por duas minas flutuantes e afundou com perda de vidas
humanas.
Curuzu foi conquistada pelo Barão de Porto Alegre, apoiado
pelo fogo naval, em 3 de setembro.
O próximo ataque foi a Curupaiti. O Presidente argentino,
General Bartolomeu Mitre, comandante das Forças da Tríplice
Aliança, assumiu pessoalmente o comando da operação. Apesar
do intenso bombardeio naval, o ataque aliado, ocorrido em 22 de
setembro, levou à maior derrota da Tríplice Aliança nessa guerra.
Seguiram-se acusações e críticas, que causaram uma crise
entre Mitre e Tamandaré. O preparo da operação, sem dúvida,
fora insuficiente e as dificuldades do ataque incorretamente
avaliadas. Como Mitre permaneceria exercendo o comando geral
dos Exércitos Aliados, o governo brasileiro aceitou o pedido de
afastamento feito anteriormente por Tamandaré. Ele e
Barroso foram substituídos, não mais participando das
operações dessa guerra.
115
Caxias e Inhaúma
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O Marquês de Caxias, General Luís Alves de Lima e Silva,
futuro Duque de Caxias e Patrono do Exército Brasileiro, foi
designado para o cargo de Comandante-em-Chefe das Forças
Brasileiras em Operações contra o Governo do Paraguai.
O comando da Força Naval coube ao Chefe-de-Esquadra
Joaquim José Ignácio, futuro Visconde de Inhaúma, que assumiu
seu cargo, substituindo Tamandaré, em 22 de dezembro de 1866.
Ele estava subordinado a Caxias, mas não a Mitre.
Caxias empregou com maestria a Força Naval de Inhaúma,
13
Caxias e Inhaúma eram amigos e sua amizade e para apoiar sua ofensiva ao longo do Rio Paraguai, até a ocupação
confiança mútua contribuíram para o excelente re-
sultado das operações combinadas. Ambos possuí- da cidade de Assunção; bombardeando fortificações; fazendo
am, também, uma boa experiência política, o que reconhecimentos pelo rio; transportando tropas de uma margem
ajudou no, às vezes, difícil relacionamento com os
aliados da Tríplice Aliança. para a outra, para contornar o flanco inimigo; e fazendo o apoio
logístico necessário13.
Passagem de Curupaiti
Há meses que a Força Naval bombardeava diariamente
Curupaiti, tentando diminuir seu poder de fogo e abalar o moral
dos defensores.
Em 15 de agosto de 1867, já promovido a Vice-Almirante,
Joaquim Ignácio comandou a Passagem de Curupaiti, enfrentando
o fogo das baterias de terra e
Duque de Caxias obstá-culos no rio. Pelo feito,
Acervo do Serviço de
Documentação da Marinha re-cebeu, logo depois, o título
de Barão de Inhaúma. Partici-
param da passagem dez navios
encouraçados que, em se-
guida, fundearam um pouco
abaixo de Humaitá e
Passagem de Curupaiti
começaram a bombardeá-la. Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho
A posição desses navios, Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
porém, expunha-os aos tiros
das fortificações paraguaias e Inhaúma considerava que ainda não
era o momento de forçar Humaitá. Caxias apoiou esta decisão.
O apoio logístico a essa Força Naval operando entre
Curupaiti e Humaitá era muito difícil e exigiu que os brasileiros
fizessem o caminho pela margem direita do Rio Paraguai, no Chaco.
Visconde de Inhaúma Logo depois construiu-se uma pequena ferrovia nesse caminho,
Acervo do Serviço de
Documentação da Marinha para transportar as provisões necessárias.
Para apoiar o material das forças em combate, construíra-se
um arsenal em Cerrito, próximo à confluência dos Rios Paraguai e
Paraná. Graças a ele, foi possível fazer essa estrada de ferro.
Ultrapassar Humaitá com uma força naval e mantê-la rio
acima exigiria também uma base de suprimentos rio acima. Caxias,
116
após reorganizar as forças terrestres brasileiras, iniciou, em julho
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de 1867, a marcha de flanco e ocupou Tayi, no Rio Paraguai, acima
de Humaitá, que serviria depois para apoiar os navios.
Em dezembro de 1867, os três primeiros monitores
construídos no Arsenal de Marinha da Corte chegaram à frente de
combate. Esses monitores, por suas características, seriam
importantes para o prosseguimento das operações.
Em 14 de janeiro de 1868, Mitre precisou reassumir a
presidência da Argentina e passou definitivamente o comando-em-
chefe dos Exércitos da Tríplice Aliança para Caxias.
Passagem de Humaitá
Na madrugada de 19 de fevereiro de 1868, iniciou-se a
Passagem de Humaitá.
A Força Naval de Inhaúma intensificou o bombardeio e a
Divisão Avançada, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra
Delfim Carlos de Carvalho, depois Almirante e Barão da
Passagem, avançou rio acima.
Essa divisão era formada por seis
navios: os Encouraçados Barroso,
Tamandaré e Bahia e os Moni-
tores Rio Grande, Pará e Alagoas.
Eles acometeram a passa-
gem formando três pares com-
postos, cada um, por um encou-
raçado e um monitoramarrado ao
seu contrabordo.
Após a passagem, três dos
seis navios tiveram que ser
encalhados, para não afundarem
devido às avarias sofridas no
percurso. O Alagoas foi atingido
por mais de 160 projéteis.
Estava, no entanto, vencida
Humaitá, que aos poucos seria
desguarnecida pelos paraguaios.
Solano López decidiu que era
necessário retirar-se com seu
exército para uma nova posição
defensiva, mais ao norte.
117
O recuo das forças paraguaias
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Na madrugada de 3 de março de 1868, López se
retirou de Humaitá com cerca de 12 mil homens. Os aliados
fecharam o cerco.
Em 25 de julho, os últimos defensores abandonaram
Humaitá, que foi ocupada pelos aliados. Era preciso reforçar o
cerco para evitar que eles se juntassem ao grosso do
Exército paraguaio. Para isso, os aliados criaram uma flotilha
de escaleres, lanchas e canoas para bloquear a passagem dos
fugitivos pela Lagoa Verá.
Almirante Saldanha da Gama
14
118
Não se rendendo, apesar de seu exército estar praticamente
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
aniquilado, ele conseguiu prolongar a guerra por mais de um ano,
na região montanhosa do Norte de seu país, na chamada Campanha
da Cordilheira, causando enormes sacrifícios a todos os envolvidos,
principalmente ao povo paraguaio15.
A ocupação de Assunção e
a fase final da guerra
Como não havia mais obstáculos até Assunção, ela foi
ocupada pelos aliados e a Força Naval fundeou em frente à cidade, 15
A Guerra da Tríplice Aliança contra o governo do
Paraguai só foi superada na América em número de
em janeiro de 1869. mortes pela Guerra Civil Americana.
Em fevereiro, o Chefe-de-Esquadra Elisário Antônio dos
Santos assumiu o comando da Força Naval. Ficaram no Paraguai
os navios de menor calado, mais úteis para atuar nos afluentes.
Uma Força Naval subiu o Rio Paraguai até território brasileiro, em
Mato Grosso. Houve um último combate no Rio Manduvirá. Seguiu-
se a Campanha da Cordilheira, em que a Marinha não mais
confrontou o inimigo.
Em 1870, o Paraguai estava derrotado e seu povo dizimado.
A Guerra foi muito importante para a consolidação dos
Estados Nacionais na região do Rio da Prata. Foi durante o conflito
que a unidade da Argentina se consolidou. Para o Brasil, foi um
grande desafio que mobilizou o País e uniu sua população. Foi lá
que os brasileiros das diferentes regiões do País se conheceram
melhor, passando a se respeitar e a se entender.
119
C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
DATA EVENTO
12/11/1864 O governo paraguaio apreende o Navio Mercante brasileiro
Marquês de Olinda, quando este navegava 30 milhas acima de
Assunção, rumo ao Mato Grosso levando o novo presidente dessa
província.
05/04/1865 Parte de Buenos Aires uma Força Naval brasileira para bloquear o
Rio Paraná.
120
02/09/1866 A Marinha perde o Encouraçado Rio de Janeiro, posto a pique pela
explosão de duas minas flutuantes.
13/02/1868 Os Monitores Pará, Rio Grande e Alagoas forçam durante a noite a Passagem
de Curupaiti, indo reunir-se aos encouraçados que se destinavam a passar
Humaitá. (2a Passagem de Curupaiti).
01/08/1868 Combate na Lagoa Verá entre chalanas paraguaias e escaleres dos navios
brasileiros.
121
01/10/1868 Os Encouraçados Bahia, Barroso, Tamandaré e Silvado forçam as baterias
de Angostura, ao mesmo tempo que os encouraçados restantes
bombardeam o acampamento inimigo.
122
FIXAÇÃO
4 – Qual o nome dos dois rios onde ocorreu grande parte do conflito?
SAIBA MAIS
MARTINS, Hélio Leôncio. A estratégia naval brasileira da Guerra do Paraguai: com algumas
observações sobre ações táticas e o apoio logístico. Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro,
v.117, n.7/9, p.59-86, jul./set. 1997.
123
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Marinha na República
Sinopse
1
Encilhamento se refere ao processo
Os primeiros anos da República foram marcados pela
especulativo que ocorreu na Bolsa de Valores progressiva desmobilização da Esquadra brasileira. As revoltas que
do Rio de Janeiro. Podem ser incluídos no
Encilhamento outros problemas econômicos que
assolaram a Nação e o desgaste econômico conhecido como
ocorreram no período, especialmente a brusca Encilhamento1 provocaram o gradativo desmantelamento das
desvalorização cambial, provocando grande nú-
mero de falências e recessão econômica. Essa
unidades da Força Naval. A situação interna do País se refletia nos
política foi idealizada por Rui Barbosa, Ministro orçamentos insuficientes que negavam à Marinha os recursos
da Fazenda de então. necessários à modernização dos meios flutuantes e à criação de
uma infra-estrutura de apoio.
Essa situação se manteve por toda a década final do século
XIX. A sucessão de quatro ministros da Marinha em apenas seis
anos contribuiu negativamente para a elaboração de um programa
naval condizente com o litoral e os interesses a serem defendidos.
Em 15 de novembro de 1902, o Almirante Júlio de Noronha2
assumiu a pasta da Marinha, encontrando uma Força Naval
composta de navios reformados, sendo, na sua maioria, modelos
obsoletos frente às classes mais modernas que estavam em
processo de construção pelas potências industriais da época.
Em 1904, o Ministro das Relações Exteriores, Barão do Rio
Branco, percebeu que a Marinha, apesar de querer se equipar com
os melhores meios, não alcançava um nível aceitável de Força
Armada para o porte do Brasil. Apresentou então ao Almirante
Júlio de Noronha pessoas interessadas em oferecer navios ou
indicar estaleiros para a construção daqueles que fariam parte do
Programa Naval que o almirante imaginava.
2
O Almirante Júlio de Noronha assumiu o Mi- Procurando satisfazer a justa aspiração brasileira em constituir
nistério da Marinha em 1902, durante o gover- uma Marinha bem aparelhada, o Deputado Dr. Laurindo Pitta
no de Rodrigues Alves, passando a pasta, em
1906, ao Almirante Alexandrino Faria de Alencar. apresentou à Câmara, em julho de 1904, um projeto que continha
o programa naval do Almirante Júlio de Noronha, o qual poderia
atender a tais expectativas. Em um discurso entusiasmado, propôs
a aprovação de orçamento que financiasse os navios requisitados.
Pitta encabeçou então uma grande luta nos bastidores da política
nacional com a finalidade de obter a aprovação, no Congresso
Nacional, do projeto que reorganizaria toda a Esquadra brasileira.
Sendo o projeto finalmente aprovado, quase que por
unanimidade, ele se transformou no Decreto no 1.296, de 14
de novembro de 1904.
124
Segundo o próprio Laurindo Pitta, em seu discurso, por
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ocasião da apresentação do seu projeto de reaparelhamento naval,
encouraçados, cruzadores, torpedeiras não eram invenções
modernas, eram aperfeiçoamentos que a ciência e a indústria
adaptavam aos navios. O encouraçado era o pesado e bem artilhado
navio de linha, o cruzador era a leve e ligeira fragata e o torpedeiro,
o brulote3, destinado a incendiar as antigas naus.
O Programa de 1904, de autoria de Júlio de Noronha,
apresentava a vantagem de ser um plano de conjunto, ou seja,
incluía a criação de um moderno arsenal e um porto militar, que
juntamente com os navios formaria um tripé de sustentação da 3
Brulote – Embarcação carregada de matérias
Marinha brasileira. Foi o Almirante Júlio de Noronha quem fez inflamáveis e explosivas destinada a levar fogo
nascer a campanha de remodelação da Esquadra, que deveria aos navios inimigos.
125
Como conseqüência direta do Programa Alexandrino, a
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Esquadra de 1910, assim chamada por haver chegado ao Brasil
nesse ano a maior parte de seus componentes, representou um
verdadeiro revigoramento militar e tecnológico da Marinha
brasileira. Dessa forma, o Brasil passou a possuir uma frota de alto-
mar ofensiva, podendo levar a outros rincões o Pavilhão Nacional
e, principalmente, apoiar a ação diplomática do governo brasileiro
em qualquer local que se fizesse necessário.
A incorporação de navios Encouraçado Minas Gerais
como os Encouraçados Minas Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
5
Recebeu o nome de Agincourt na Marinha ingle-
Gerais e São Paulo, pertencentes
sa, sob as ordens do Almirante Sir John Jellicoe na à classe dos dreadnoughts mais
Batalha da Jutlândia, travada entre a Grã-Bretanha
e a Alemanha durante a 1a Guerra Mundial.
poderosos do mundo, encheu
de orgulho e confiança os brasi-
leiros. Além dessas embarcações,
também chegaram os Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul e os
Contratorpedeiros Amazonas, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Alagoas, Sergipe, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.
126
cruzadores, e flotilhas de contratorpedeiros e de submarinos.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Porém, com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o
Ministro da Marinha Alexandrino de Alencar determinou que as
principais unidades operativas de superfície fossem reorganizadas
em três divisões a fim de patrulhar as águas costeiras dentro de
cada área de responsabilidade, sendo criadas as Divisões Navais do
Sul (São Francisco do Sul), Centro (Rio de Janeiro) e Norte (Belém).
Dessa maneira, a Marinha iria enfrentar os seus dois principais
desafios no Século XX. As duas grandes guerras mundiais.
127
Primeira Guerra Mundial
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Antecedentes
128
A Alemanha, depois de uma fracassada ofensiva no teatro
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de operação ocidental, se viu exausta com as perdas sofridas, vindo
a assinar o Armistício com os aliados no mês de novembro de 1918.
O preparo do Brasil
129
No mês de maio, o segundo navio brasileiro, o Tijuca, foi
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
torpedeado nas proximidades de Brest na costa francesa. Seis dias
depois seguiu-se o Mercante Lapa. Antes ele fora abordado por
um submarino alemão, mandando que a tripulação deixasse o vapor
para depois torpedeá-lo. Esses três ataques levaram o Presidente
Wenceslau Braz a decretar o arresto de 45 navios dos impérios
centrais aportados no Brasil e a revogação da neutralidade. Muitos
deles encontravam-se danificados por sabotagem dos próprios
tripulantes. Isso não impediu que o Brasil utilizasse 15 deles e
repassasse 30 por afretamento para a França. Um fato curioso foi
o arresto da Canhoneira alemã Eber, surta no porto de Salvador.
Tratava-se de navio militar e não de vapor mercante, como os 45
navios arrestados. Antes de ser abordada por autoridades
brasileiras, e percebendo essa medida, os tripulantes queimaram
esse vaso de guerra e conseguiram se transferir para outro navio
mercante que se evadiu dos portos nacionais com o armamento e
os homens especializados, que seriam ainda úteis à Marinha alemã
no conflito.
Quatro meses se passaram até que um novo navio brasileiro
fosse atacado e afundado, dessa feita foi o Vapor Tupi nas mediações
do Cabo Finisterra. O caso tornou-se grave na medida em que o
comandante e o despenseiro foram aprisionados por um
submarino alemão e nunca mais se teve notícia de seus destinos.
Oito dias depois, 26 de outubro de 1917, o Brasil reconhecia
e proclamava o estado de guerra com o Império alemão.
Como estava o Brasil naquela oportunidade para enfrentar
os germânicos?
O governo brasileiro tinha consciência de que a grande
ameaça seria o submarino alemão, ávido por atacar os nossos
navios mercantes que mantinham o comércio com outros países
em pleno desenvolvimento. Além disso, naquela oportunidade, não
existiam estradas ligando o Sul e Sudeste com o Norte e Nordeste.
Todas as comunicações entre essas regiões eram feitas por mar,
daí nossa grande vulnerabilidade estratégica. Tanto a Marinha
Mercante como a de Guerra seriam as grandes protagonistas
brasileiras nesse confronto.
A Marinha Mercante brasileira era modesta, no entanto,
desde os primeiros anos do século, os governos que se sucederam
procuraram aparelhá-la, o que foi auspicioso, pois teríamos na
guerra um teste fundamental para a manutenção de nosso fluxo
comercial. No início do conflito – quando o Brasil ainda mantinha
irrestrita neutralidade –, diversos países envolvidos na guerra, ávidos
para cobrir as perdas provocadas por afundamentos, ofereceram
propostas de compras de muitos de nossos mercantes.
Propostas de compras do Lloyd Brasileiro, maior companhia
de navegação do período, foram comuns. Entretanto, o governo
130
nacional, premido pela necessidade de manter o comércio com
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
outros países e de escoar o nosso principal produto, o café,
principalmente para os Estados Unidos, impediu todas essas
tentativas de arrendamento. Ao final essa ação veio a ser
fundamental para o Brasil.
Nossa Marinha de Guerra era centrada na chamada
Esquadra de 1910, com navios relativamente novos construídos
na Inglaterra sob o Plano de Construção Naval do Almirante
Alexandrino Faria de
Alencar, Ministro da
Marinha, como an-
teriormente mencio- Cruzadores leves e velozes que tinham a tarefa de
7
131
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
132
Com o estado de guerra declarado, os ataques aos mercantes
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
brasileiros continuaram. Em 2 de novembro, nas proximidades da
Ilha de São Vicente, na costa africana, foram torpedeados mais
dois navios, o Guaíba e o Acari. Depois de atingidos, seus
comandantes conseguiram os encalhar, salvando-se a carga, não
impedindo, no entanto, que vidas brasileiras fossem perdidas.
Outro ataque, já no ano de 1918, aconteceu ao Mercante
Taquari da Companhia de Comércio e Navegação, na costa inglesa.
Desta feita o navio foi atingido por tiros de canhão, tendo tempo
de arriar as baleeiras que, no entanto, foram metralhadas,
provocando a morte de oito tripulantes. 8
As potências centrais eram compostas pelo Impé-
Esses ataques insuflaram ainda mais a opinião pública brasileira rio Alemão, pela Austro-Hungria e pela Turquia.
que, influenciada por campanhas jornalísticas e declarações de
diversos homens públicos, exigiu um comprometimento maior
com a causa Aliada, com a participação efetiva no esforço bélico
contra as Potências Centrais8.
Desde o início do conflito, a participação da Marinha no
confronto baseou-se no patrulhamento marítimo do litoral
brasileiro com três divisões navais, como já mencionado, distribuídas
nos portos de Belém, Rio de Janeiro e São Francisco do Sul. Esse
serviço tinha por finalidade colocar a navegação nacional, a aliada e
a neutra ao abrigo de possíveis ataques de navios alemães de
qualquer natureza nas nossas águas.
A Divisão Naval do Norte era composta dos Encouraçados
guarda-costas Deodoro e Floriano, dos Cruzadores Tiradentes e
República, de dois contratorpedeiros, três avisos e duas
canhoneiras. Sua sede era Belém.
A Divisão Naval do Centro compunha-se dos Encouraçados
Minas Gerais e São Paulo e de seis contratorpedeiros, com sede no
Rio de janeiro.
Por fim, a Divisão Naval do Sul era composta dos Cruzadores
Barroso, Bahia e Rio Grande do Sul, de um iate e dois
contratorpedeiros, com sede em São Francisco do Sul.
A Marinha possuía também três navios mineiros; uma flotilha
de submersíveis, com um tênder, três pequenos submarinos
construídos na Itália e uma torpedeira; as Flotilhas do Mato Grosso,
Amazonas e de aviões de guerra; e, por fim, navios soltos.
133
A Divisão Naval em Operações de Guerra
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O governo de Wenceslau Braz decidiu enviar uma divisão
naval para operar sob as ordens da Marinha britânica, na ocasião a
maior e mais poderosa do mundo. Logicamente, os navios
escolhidos deveriam ser da Esquadra adquirida oito anos antes na
própria Inglaterra, pois eram os mais modernos que o Brasil
possuía. No entanto, devido aos avanços tecnológicos provocados
pela própria guerra, esses navios se tornaram obsoletos
rapidamente. Em que pese tal fato, a escolha da alta administração
naval recaiu nos dois cruzadores (Rio Grande do Sul e Bahia), em
9
O Cruzador-Auxiliar Belmonte fora um dos navios quatro contratorpedeiros (Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa
alemães apresados logo após a declaração de guerra
pelo Brasil. Levava o nome de Valesia.
Catarina), um rebocador (Laurindo Pitta) e um cruzador-auxiliar
(Belmonte)9, ao todo oito navios.
Contra quem iríamos lutar? A Alemanha, apesar de
possuir uma Esquadra menor que a Inglaterra, possuía uma
frota muito agressiva e motivada, que se batera com valentia
até aquele momento.
No início da guerra os alemães se
lançaram à guerra de corso utilizando
navios de superfície, no estilo de
corsários independentes que atacavam
os mercantes navegando solitários.
Essa estratégia, com o decorrer da
guerra, foi abandonada. Preferiu-se a
Cruzador Rio Grande do Sul
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha guerra submarina, que mostrou-se
muito mais eficiente. Esses submarinos
não chegaram a atuar nas nossas costas
como aconteceu na Segunda Guerra
Mundial, no entanto atacaram nossos
navios nas costas européias e os
afundaram sem trégua.
Há que se notar que a Marinha
brasileira era dependente de supri-
mentos vindos do exterior. Não
existiam estaleiros capacitados, nem
Contratorpedeiro Piauí fábricas de munição e estoques Divisão Naval em Operações de Guerra
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha logísticos adequados. Dessa forma, a Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
preparação da Divisão Naval em
Operações de Guerra (DNOG), como ficou conhecida essa
pequena força, foi muito dificultada por limitações que não eram
só da Marinha, mas também do Brasil. Como critério de escolha,
abriu-se o voluntariado para os seus componentes e foi escolhido
um contra-almirante ainda muito jovem, com 51 anos de idade,
habilidoso e com grande experiência marinheira, na ocasião
comandante da Divisão de Cruzadores com base no porto de
134
Santos, o Almirante Pedro Max Fernando de Frontin, irmão do
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
engenheiro Paulo de Frontin10.
A principal tarefa a ser cumprida por essa divisão seria
patrulhar uma área marítima contra os submarinos alemães,
compreendida entre Dakar no Senegal e Gibraltar, na entrada do
Mediterrâneo, com subordinação ao Almirantado inglês.
A preparação dos navios ainda no Brasil requereu muitos
recursos de toda a ordem. Entre os pontos a serem corrigidos
estava a deficiência de abastecimento, principalmente a escassez
de combustível, o carvão. Dava-se preferência a um tipo de carvão
proveniente da Inglaterra, o tipo cardiff ou dos Estados Unidos da 10
O Engenheiro Paulo de Frontin teve destacado
América. O carvão nacional, por possuir grande quantidade de papel nas reformas urbanas empreendidas pelo
enxofre, era contra-indicado e esse ponto nevrálgico preocupou Prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro, tendo
sido nomeado chefe da Comissão Construtora da
os chefes navais durante toda a comissão da DNOG. Avenida Central em 1903.
Depois de três meses de adestramento contínuo com as
tripulações, os navios suspenderam do Rio de Janeiro em grupos
pequenos para se juntarem na Ilha de Fernando de Noronha.
Inicialmente, os contratorpedeiros deixaram a Guanabara no dia 7
de maio de 1918, seguidos no dia 11
pelos dois cruzadores. Em 6 de julho,
suspendeu do Rio de Janeiro o
Cruzador Auxiliar Belmonte e, dois dias
depois, o Rebocador Laurindo Pitta.
Esses navios ficaram responsáveis de
transportar o carvão necessário para a
DNOG, daí sua grande importância
logística.
No dia 1o de agosto a Divisão unida
suspendeu de Fernando de Noronha
com destino a Dakar, passando por
Almirante Pedro Max Fernando de Frontin
Freetown. Comandante da DNOG
O propósito dessa primeira Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
derrota até Freetown era destruir
os submarinos inimigos que se
encontravam na rota da DNOG. O
armamento naquela ocasião para se
neutralizar esses submarinos era
bastante primitivo, não se comparando
com nada que se viu na Segunda Guerra
Mundial. Existiam hidrofones primitivos e bombas de profundidade
de 40 libras, que eram lançadas pela borda no local provável onde
se encontrava o submarino. É interessante mencionar que o
próprio submarino, naquela oportunidade, não possuía capacidade
de permanecer mergulhado durante longo período de tempo, o Rebocador Laurindo Pitta
que era uma grande limitação. Normalmente, os ataques contra Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
mercantes eram realizados utilizando-se os canhões localizados
135
em seus conveses. A maior possibilidade de se destruir esses
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
submarinos acontecia quando o inimigo vinha à superfície para
destruir o alvo ou por canhão ou mesmo com o uso de torpedos.
Nessa travessia inicial, alguns rebates de “prováveis submarinos”
foram dados, porém não tiveram confirmação.
Outro ponto interessante na travessia Fernando de
Noronha–Freetown era a faina de transferência de carvão em alto-
mar. Esses recebimentos aconteciam em quaisquer condições de
tempo e de mar e obrigavam a atracação dos navios ao Cruzador-
Auxiliar Belmonte e a utilização do Rebocador Laurindo Pitta para
auxílio nas aproximações. Foram manobras perigosas que
Pandemia que teve o seu ápice no segundo se-
11 demandaram muita capacidade marinheira dos tripulantes, além
mestre de 1918, não só na África, mas em todo o da natural vulnerabilidade durante os abastecimentos, quando os
mundo, inclusive no Brasil.
submarinos inimigos poderiam aproveitar a baixa velocidade dos
navios para o ataque torpédico. A tensão reinante durante esses
eventos era enorme, sem contar com as difíceis condições em
que eram realizadas. Os navios ficavam literalmente negros de
carvão e todos trabalhavam do nascer do sol até o término do
abastecimento.
Depois de oito dias de travessia, a DNOG chegou ao porto
de Freetown, onde se agregou ao Esquadrão britânico. Nessa
cidade, os navios permaneceram por 14 dias, reabastecendo-se e
sofrendo os reparos necessários à continuação da missão.
Em 23 de agosto de 1918, a Divisão suspendeu em direção a
Dakar, tendo essa derrota sido muito desconfortável para as
tripulações dos navios devido ao mau tempo reinante. Na véspera
da chegada a esse porto africano, no período noturno, foi avistado
um submarino navegando na superfície. Imediatamente foi atacado
pela força brasileira, no entanto o submarino conseguiu lançar um
contra-ataque contra o Cruzador-Auxiliar Belmonte, quase atingindo
seu intento, uma vez que a esteira fosforescente do torpedo foi
perfeitamente observada a 20 metros da popa do navio brasileiro.
A 26 de agosto, os navios aportavam em Dakar e aí começariam
as grandes provações dos tripulantes nacionais.
Todo esse martírio teria início quando o navio inglês Mantua
iniciou uma rotina observada por nossos marinheiros que o viam
suspender de quando em vez para o alto-mar regressando em
seguida. Logo após, soube-se que essas saídas eram para lançar
ao mar os corpos dos homens de sua tripulação que haviam
contraído a terrível “gripe espanhola”11. Possivelmente o Mantua
foi o responsável pela transmissão da moléstia que vitimaria diversos
tripulantes que nunca retornariam ao Brasil.
No início de setembro as primeiras vítimas brasileiras eram
atingidas pela gripe mortal. Os sintomas eram quase sempre os
mesmos. Fraqueza generalizada, seguida de grande aumento de
temperatura, com transpiração excessiva. Depois de três ou quatro
dias de grande mal-estar, seguia-se tosse com expectoração
136
sangüínea e congestão pulmonar. Alguns iniciavam as convulsões e
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
os soluços, outros se debatiam em agonia, todos ávidos por água
para debelar a sede incontrolável. Dentro de pouco tempo a morte
se abatia derradeira e incontrolável.
A permanência em Dakar deveria ser curta. No entanto,
devido a gravidade da situação sanitária com a gripe, os navios lá
permaneceram mais tempo. A tudo isso somou-se o impaludismo
e as febres biliares africanas. Dos navios atingidos pelas doenças, o
mais afetado foi o Cruzador-Auxiliar Belmonte que, entre seus 364
tripulantes, contaram-se 154 doentes. Substituições foram
solicitadas ao Brasil, que vieram no Paquete Ásia para completar
os claros com as moléstias apontadas. 12
Total de marinheiros brasileiros enterrados no
Foram vitimados 156 brasileiros12 da DNOG pela “gripe cemitério de Dakar. Outros vieram a falecer mais
tarde, não podendo-se, desta feita, precisar o nú-
espanhola”. mero exato de perdas por causa da gripe.
Os navios britânicos e brasileiros em Freetown e Dakar
ficaram inoperantes em face das condições
sanitárias reinantes, estando a defesa do
estreito entre Dakar e Cabo Verde somente
a cargo de dois pequenos navios
portugueses. Com grande esforço pessoal,
a DNOG conseguiu logo depois designar o
Piauí e o Paraíba para a u x i l i a r e m o s
portugueses naquela área de operações.
Em 3 de novembro, a DNOG largou
de Dakar em direção a Gibraltar, sem o Rio
Grande do Sul, o Rio Grande do Norte, o
Belmonte e o Laurindo Pitta, os dois primeiros
avariados e os dois seguintes designados para
outras missões. Sete dias depois os navios
da Divisão faziam sua entrada em Gibraltar. Cemitério São João Batista
No dia seguinte, o Armistício foi assinado, dando a Grande Guerra Mausoléu erguido em homenagem aos mortos
da Divisão Naval em Operações de Guerra
como terminada. Nossa missão de guerra findara, no entanto nossa (DNOG)
Divisão prolongou sua permanência na Europa, já que foi convidada Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
para participar das festividades promovidas pelos vitoriosos. Por
cerca de seis meses nossos navios permaneceram em águas
européias participando das comemorações pela vitória, e visitando
países que tomaram parte naquele grande conflito.
A vitória dos aliados seria confirmada em Paris, em 28 de
junho de 1919, quando se reuniram os representantes de 32 países
e assinaram o Tratado de Versalhes, que foi imposto à Alemanha
derrotada.
Em 9 de junho de 1919, depois de parar Recife por breves
dias, os navios da DNOG entravam na Baía de Guanabara, porto-
sede da Divisão Naval. Acabara assim, a participação da Marinha
na Primeira Guerra Mundial.
137
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
13
Relatório do Ministro da Marinha, Almirante
Protógenes Pereira Guimarães encaminhado ao
presidente da República em junho de 1932.
14
Incluíam-se nesse programa três submarinos ad- Chegada da DNOG no Rio de Janeiro.
quiridos na Itália (Tupi, Timbira e Tamoio) dois navi- Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
os hidrográficos (Jaceguai e Rio Branco), um navio-
escola (Almirante Saldanha), três contratorpedeiros
(Marcílio Dias, Mariz e Barros e Greenhalgh), dois
monitores (Paraguassu e Parnaíba) e um navio-tan-
que fluvial (Potengi), entre outros.
O Período entre Guerras
138
equilibrada, dentro das possibilidades financeiras e técnicas do País,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
podendo ministrar adestramento satisfatório e de intervir em
operações limitadas, mais no campo interno que externo. Devemos
reconhecer, no entanto, que tal modesta iniciativa foi um marco
de coragem, pois utilizou a incipiente indústria brasileira na tentativa
de se reconstituir em termos nacionais um Poder Naval com alguma
credibilidade.
Em 1935, foi iniciada uma grande reforma no Encouraçado
Minas Gerais, que constou da substituição de suas caldeiras e do
aumento do alcance de seus canhões de 305 mm.
139
Esquadra:
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
– Divisão de Encouraçados: Minas Gerais e São Paulo.
Navio isolado:
– Navio-Escola Almirante Saldanha.
Flotilha Fluviais:
Dispondo o Brasil de imensas bacias potamográficas, as forças
fluviais sempre representaram um papel importante em nossa
concepção estratégica. Em 1940, elas eram assim constituídas:
140
– Flotilha de Mato Grosso: Monitores Parnaíba, Paraguaçu e
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Pernambuco; Avisos Oiapoque e Voluntários; e Navio-Tanque Potengi.
141
começaram a ser ignoradas. A Alemanha crescia e, por isso,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
necessitava de mercado para os seus produtos e de colônias onde
pudesse adquirir matérias-primas.
Por outro lado, também dispostos a destruírem a ordem
colonial vigente, Japão e Itália adotaram, na década de 1930, uma
política expansionista contra a qual a Liga das Nações mostrou-se
impotente. Cobiçando as matérias-primas e os vastos mercados
da Ásia, o Japão reiniciou sua investida imperialista em 1931,
conquistando a Manchúria, região rica em minérios que pertencia
à China. Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini invadiu a Etiópia.
Em 1936, a Alemanha nazista começou a mostrar suas intensões
ocupando a Renânia (região situada entre a França e a Alemanha),
indo juntar-se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil Espanhola a
favor do General Franco. Neste ano de 1936, Itália, Alemanha e
Japão assinaram um acordo para combater o comunismo
internacional (Pacto Anti-Comintern), formalizando o Eixo Roma-
Berlim-Tóquio.
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética firmaram
entre si um Pacto de Não Agressão, que estabelecia, secretamente,
a partilha do território polonês entre as duas nações. Hitler se
sentiu à vontade para agir, invadindo a Polônia e dando início à
Segunda Guerra Mundial, que se alastrou por toda a Europa.
142
ameaçando os navios de bandeiras neutras que tentassem adentrar
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
portos norte-americanos.
A primeira perda brasileira foi o NM Cabedelo, que deixou o
porto de Filadélfia, nos Estados Unidos, com carga de carvão, em
14 de fevereiro de 1942. Naquele momento ainda não existia o
sistema de comboios nas Antilhas. O navio desapareceu
rapidamente sem dar sinais, podendo ter sido torpedeado por um
submarino alemão ou italiano. Ele foi considerado perdido por ação
do inimigo, uma vez que o tempo reinante era bom e claro.
143
A única exceção nesse período foi o NM Comandante Lira,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
torpedeado no litoral brasileiro, ao largo do Ceará, pelo Submarino
italiano Barbarigo. Foi o único navio a ser salvo, graças ao pronto
auxílio dado pelo Rebocador
da Marinha brasileira Heitor Rebocador Heitor Perdigão
Perdigão e por alguns navios
norte-americanos.
O NM Barbacena e NM
Piave, torpedeados pelo Subma-
rino alemão U-155 ao largo da
Ilha de Trinidad, em 28 de julho
de 1942, foram as últimas perdas
ocorridas por ação do inimigo enquanto o Brasil ainda se mantinha
formalmente como país neutro.
Em 28 de janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações
diplomáticas com os países que compunham o Eixo. A colaboração
militar entre o Brasil e os Estados Unidos, que desde meados de
1941 já era notória, intensificou-se com a assinatura de um acordo
político-militar em 23 de maio de 1942.
Neste período deslocava-se para o saliente nordestino
brasileiro a Força-Tarefa 3 da Marinha norte-americana, tendo o
governo Vargas colocado os portos de Recife, Salvador e,
posteriormente, Natal à disposição das forças norte-americanas.
As atitudes cada vez mais claras de alinhamento do Brasil
com os países aliados levaram o Alto Comando alemão a planejar
uma operação contra os principais portos brasileiros.
Posteriormente, por ordem de Hitler, esta ofensiva submarina foi
reduzida em tamanho, mas não em intensidade, com o envio de
um submarino ao litoral com ordens para atacar nossa navegação
de longo curso e de cabotagem.
Capitão-de-Corveta Harro Schacht No cair da tarde de 15 de agosto de 1942, o Submarino
alemão U-507, comandando pelo Capitão-de-Corveta Harro
Schacht, torpedeou o Paquete
Baependi, que navegava ao largo Submarino U-507
da costa de Alagoas com destino
ao Recife. O velho navio foi ao
fundo levando 270 almas de um
total de 306 tripulantes e passa-
geiros embarcados, inclusive
parte da guarnição do 7o Grupo
de Artilharia de Dorso do
Exército Brasileiro que iria reforçar as defesas do Nordeste.
Algumas horas depois, o U-507 encontrou o Paquete
Araraquara navegando escoteiro e inteiramente iluminado e o
afundou com dois torpedos, vitimando 131 das 142 pessoas a bordo.
Na madrugada do dia 16, foi a vez do Paquete Aníbal Benévolo,
também utilizado nas linhas de cabotagem.
144
Em 17 de agosto, na altura do Farol do Morro de São Paulo,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ao Sul de Salvador, o U-507 torpedeou o Paquete Itagiba, que tinha,
entre os seus 121 passageiros, o restante do 7o Grupo de Artilharia
de Dorso.
Nesse mesmo dia, o NM Arará foi torpedeado quando
recolhia náufragos dos primeiros alvos do submarino germânico.
A última vítima do Comandante Schacht foi a Barcaça Jacira,
pequena embarcação que foi posta a pique em 19 de agosto.
A ação de cinco dias do submarino alemão U-507 levou a
pique seis embarcações dedicadas às linhas de cabotagem,
vitimando 607 pessoas, chocando a opinião pública brasileira e
levando o governo a declarar o estado de beligerância com a
Alemanha em 22 daquele mês e, finalmente, o estado de guerra
contra esse país, a Itália e o Japão em 31 de agosto de 1942.
Com comboios organizados ainda de maneira incipiente,
foram afundados os navios mercantes Osório e Lages, em 27 de
setembro de 1942, seguindo-se o afundamento do pequeno NM
Antonico, que navegava escoteiro ao largo da costa da Guiana
Francesa. Este ataque alemão ficou tragicamente gravado na mente
dos protagonistas, pois o U-516 com sua artilharia metralhou os
náufragos nas baleeiras, após o pequeno navio ter sido posto a
pique, matando e ferindo muitos deles. Ainda em 1942, foram
perdidos os NM Porto Alegre e Apalóide.
A organização dos comboios nos portos nacionais, que
reuniam navios mercantes da navegação de longo curso e de
cabotagem, escoltados por navios de guerra brasileiros e norte-
americanos e a intensa patrulha anti-submarino empreendida pelas
forças aeronavais aliadas levaram a uma drástica diminuição nas
perdas dos navios de Bandeira Brasileira, com oito torpe-
deamentos, comparados aos 24 ocorridos ao longo do ano anterior.
145
MORTES NA MARINHA MERCANTE (1941–1943)
MORTOS OU
Nº DE D AT A D O Nº DE Nº DE SALVOS TOTAL DOS MORTOS
NAVIOS DESAPARECIDOS
ORDEM AT AQ U E TRIPULAN. PASSAG. OU DESAPARECIDOS
Trip. Pass. Trip. Pass.
2 Cabedel o Desconhecida 54 - - - 54 - 54
-
4 Ol i nda 18 de fev. 1942 46 - 46 - - -
53
6 Cai ru 8 de mar. 1942 75 14 28 8 47 6
Comandante 2
8 18 de mai. de 1942 52 - 50 - 2 -
L i ra
Gonaçal ves
9 24 de mai. de 1942 52 - 46 - 6 - 6
Di as
-
10 Al egrete 1 de jun. de 1942 64 - 64 - - -
Aní bal
17 16 de ago de 1942 71 83 4 - 67 83 150
Benévol o
146
A maioria dos navios mercantes brasileiros vitimados por
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
submarinos alemães em 1943 navegava fora dos comboios. O NM
Brasilóide navegava escoteiro quando foi torpedeado em 18 de
fevereiro de 1943; já o NM Afonso Pena, indevidamente, abandonou
o comboio do qual fazia parte e foi afundado em 2 de março; o
NM Tutóia foi atingido em 20 de junho, também viajando isolado.
O NM Pelotaslóide, fretado ao governo norte-americano para
transporte de material bélico, foi afundado na entrada do canal
para o Porto de Belém quando esperava o embarque do prático,
estando escoltado por três caça-submarinos da Marinha brasileira.
O NM Bagé compunha um comboio quando, na tarde de 31 de
julho, foi obrigado a seguir viagem isolado, pois suas máquinas
produziam fumaça em demasia, fazendo com que o comboio
pudesse ser localizado por submarinos do Eixo a grandes distâncias,
colocando em risco os outros navios comboiados. Naquela mesma
noite foi torpedeado. Os dois últimos torpedeamentos de navios
mercantes brasileiros foram o Itapagé, em 26 de setembro, e o
Campos, em 21 de outubro de 1943, todos os dois navegando
escoteiros.
147
A Lei de Empréstimo e Arrendamento e
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
modernizações de nossos meios e defesa
ativa da costa brasileira
148
Após o término da guerra na Europa, a Marinha recebeu
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dos Estados Unidos, a 16 de julho de 1945, em Tampa, na Flórida,
o Navio-Transporte de Tropas Duque de Caxias.
Mais tarde, a cessão desses navios ao Brasil foi tornada
permanente, com o compromisso de não os entregarmos a outros
países, sendo então fixado o seu aluguel em 5 milhões de dólares,
descontando-se o que nos era devido pelo arrendamento de navios
brasileiros aos Estados Unidos, pela cessão do mercante misto
alemão Windhunk aos norte-americanos e pelos navios perdidos
durante a guerra.
Nada se conhece sobre indenizações norte-americanas, em
troca das facilidades concedidas à sua Marinha em nossos portos,
nem pelo uso do território nacional para instalação de suas bases
aéreas e navais. Simplesmente, ficamos de posse das benfeitorias
realizadas e dos materiais existentes em seus armazéns.
Quanto às construções navais aqui no Brasil, tivemos a
incorporação de contratorpedeiros da classe M (Mariz e Barros,
Marcílio Dias e Greenhalgh) e das Corvetas Matias de Albuquerque,
Contratorpedeiro Greenhalgh
Felipe Camarão, Henrique Dias, Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
e Barreto de Menezes.
Declarada a guerra, foi desenvolvido um
trabalho intenso para adaptar nossos antigos
navios, dentro de suas possibilidades, para a
campanha anti-submarino. Os seguintes serviços
foram executados:
– Cruzadores Bahia e Rio Grande do Sul: instalados
sonar e equipamento para ataques anti-
submarino (duas calhas para lançamento de
bombas de profundidade de 300 libras);
– Navios mineiros varredores classe Carioca:
reclassificados como corvetas. Retirados os trilhos
para lançamento de minas e instalados sonar e
equipamentos para ataques anti-submarino (dois
morteiros K e duas calhas para lançamento de Corveta Carioca
bombas de profundidade de 300 libras); Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
– Navios Hidrográficos Rio Branco e Jaceguai:
mesmas instalações das Corvetas classe Carioca e
mais duas metralhadoras de 20mm Oerlikon;
– Navio-Tanque Marajó: instalado um canhão de
120mm na popa e uma metralhadora de 20mm
Oerlikon;
– Tênder Belmonte: reinstalados dois canhões de
120 mm;
– Contratorpedeiros classe Maranhão e restante
de classe Pará: instaladas duas calhas para
149
lançamento de bombas de profundidade de 300 libras; e
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
– Rebocadores e demais navios-auxiliares, armados com uma ou
duas metralhadoras de 20 mm Oerlikon.
Essas aquisições pelo Lend Lease e os aperfeiçoamentos
impetrados em nossa Força Naval vieram aumentar em muito nossa
capacidade de reagir de forma adequada aos novos desafios que
se afiguravam. Seria injusto não mencionar que o auxílio norte-
americano foi vital para que pudéssemos nos contrapor aos
submarinos alemães.
Além disso, algumas providências de caráter administrativo,
de treinamento e modificações materiais foram se tornando
necessárias.
Como primeira medida de caráter orgânico, foram instalados
os Comandos Navais, criados pelo Decreto no 10.359, de 31 de
agosto de 1942, com o propósito de prover uma defesa mais eficaz
da nossa fronteira marítima, orientando e controlando as operações
em águas a ela adjacentes, não só as relativas à navegação comercial,
como às de guerra propriamente ditas e de assuntos correlatos. A
área de cada Comando abrangia determinado setor de nossas
costas marítimas e fluviais.
Foram instalados os seguintes comandos:
Comando Naval do Norte, com sede em Belém, abrangendo
os Estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí.
150
na conduta eficaz das operações navais. Sua existência facilitou o
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
desenvolvimento dos recursos disponíveis nas respectivas áreas
de influência, mobilizando elementos para o apoio logístico e para
a defesa local.
O chefe do Estado-Maior da Armada entrou em
entendimento com seus colegas do Exército e da Aeronáutica para
organizar um serviço conjunto de vigilância e defesa da costa,
tendente a prevenir a possibilidade de aproximação e desembarque
inimigos.
na Baía de Guanabara.
Desde julho de 1942, por meio da Circular no 40, do dia 14,
em atendimento às Circulares Secretas nos 9 e 33, respectivamente
de 22 de janeiro e 12 de junho de 1942, o Estado-Maior da Armada
determinou que se observassem as instruções que orientavam as
atividades de cada capitania de porto ou delegacia, em benefício da
Segurança Nacional.
A ação do Estado-Maior da Armada estendeu-se ao serviço
de carga e descarga dos navios mercantes nos portos, tendo, para
esse fim, coordenado sua ação com a do Ministério da Viação e
Obras Públicas e com a Comissão de Marinha Mercante.
Preocupou-se, também, com as luzes das praias e edifícios
próximos aos portos, ou em regiões que pudessem silhuetar os
navios no mar, alvos dos submarinos inimigos.
Imaginava-se que o Alto Comando alemão traçaria planos
para realizar ataques maciços aos portos brasileiros. Em agosto de
1942, chegou a ser ventilada pelo Alto Comando Naval alemão a
autorização para investida em nossas águas de vários submarinos.
No entanto, somente o U-507 foi designado para operar em nossas
águas. A 20 de agosto de 1943, pela Circular no 5, o Comando da
Força Naval do Nordeste alertou para a possibilidade de
desembarque de elementos isolados, tendo como objetivo realizar
atos de sabotagem contra portos, depósitos, comunicações e
outros pontos vitais do território brasileiro.
Defesa Ativa
151
Por esses motivos, foi organizada a defesa ativa, atuando em pontos
focais da costa, com a finalidade de repelir qualquer ataque aéreo
ou naval inimigo, por meio de ações coordenadas da Marinha de
Guerra, do Exército e da Aeronáutica. Adotaram-se seguintes
medidas de defesa ativa adotadas:
152
Terceiro Regimento de Artilharia Antiaérea do Exército
coordenavam-se com os elementos da Marinha, o que permitia
uma cobertura completa da costa;
153
criadas Companhias Regionais do Corpo de Fuzileiros Navais em
Belém, Natal, Recife e Salvador.
Ao se lembrar da participação da Marinha na Segunda Guerra
Mundial, a primeira imagem que surge é a conhecida Força Naval
do Nordeste. Como era afinal a sua composição e tarefas?
154
três navios de guerra, tendo a Marinha do Brasil perdido 486
homens. Nesse ponto seria interessante descrever em maiores
detalhes as perdas de nossas unidades de combate durante a Batalha
do Atlântico.
A primeira perda da Marinha de Guerra foi a do Navio-
Auxiliar Vital de Oliveira, torpedeado por submarino alemão pelo
través do Farol de São Tomé, em 19 de julho de 1944. Às 23h55min,
foi sentida forte explosão na popa, abrindo grande rombo, por Caça-Submarino Gurupi
onde começou a entrar água em enormes proporções. Segundo Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
algumas testemunhas, o afundamento do navio deu-se em apenas
três minutos. A maior parte dos sobreviventes foi resgatada no
dia seguinte por um barco pesqueiro e por outros dois navios
da Marinha, o Javari e o Mariz e Barros. Morreram nesse ataque
99 militares.
Quarenta e oito horas após o torpedeamento do Vital de
Oliveira, a cerca de 12 milhas a nordeste da barra de Recife,
perdeu-se a Corveta Camaquã, afundada devido a violento mar.
Discutem-se até hoje os motivos que levaram esse navio a seu
Navio-Auxiliar Vital de Oliveira afundamento. O Comandante
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha Antônio Bastos Bernardes,
sobrevivente do sinistro,
afirmou alguns anos após esse
acidente que o emborcamento
se deu por “fortuna do mar”.
Seja como for, pereceram
nessa oportunidade 33
pessoas.
Por fim, o pior desastre enfrentado pela Marinha durante a
Segunda Guerra Mundial foi a perda do Cruzador Bahia, no dia 4
de julho de 1945. E s s a t r a g é d i a foi exacerbada pelo Corveta Camaquã
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
conhecimento dos terríveis sofrimentos dos náufragos,
abandonados no mar durante muitos dias, por incompreensível
falha de comunicações.
Três infortúnios e cerca de 486 mortos, incluindo os falecidos
em outros navios e em navios mercantes afundados, mais que os
mortos brasileiros em combate na Força Expedicionária
Brasileira que lutou na Itália.
Cruzador Bahia Pouco discutida é a
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha atuação da Quarta Esquadra
Norte-Americana, subordinada
ao Vice-Almirante Jonas Ingram.
Figura notável que teve o
mérito de congregar forças
heterogêneas em um coman-
do unificado, eficiente e coeso,
auxiliado pelos Almirantes
155
Oliver Read e Soares Dutra, comandantes das principais forças-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
tarefas.
Essa força norte-americana compreendeu, em seu maior
efetivo, seis cruzadores, 33 contratorpedeiros, diversas esquadrilhas
de patrulha, bombardeiros e dirigíveis, além de caça-submarinos,
patrulheiros, tênderes, varredores, auxiliares e rebocadores.
Um dos principais pontos desse relacionamento Brasil–
Estados Unidos foi a integração operacional entre as duas Marinhas.
Foram aperfeiçoados procedimentos comuns e táticas eficazes
na luta anti-submarino.
Em 7 de novembro de 1945, concluída a sua missão, a Força
Naval do Nordeste regressou ao Rio de Janeiro em seu último
cruzeiro, tendo contribuido para a livre circulação nas linhas de
navegação do Atlântico Sul.
E o que ficou?
156
A primeira conclusão a que se pode chegar é a que adquirimos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
maior capacidade para controlar áreas marítimas e maior poder
dissuasório. No entanto, deve ser admitido que tal situação foi fruto
do auxílio norte-americano. Se estivéssemos sozinhos nessa
empreitada, poderíamos ficar em situação delicada, principalmente
na manutenção de nossas linhas de comércio marítimo.
A segunda conclusão aponta para uma mudança de
mentalidade na Marinha, com a assimilação de novas técnicas de
combate e a incorporação de meios modernos para as forças
navais. Essa mudança de mentalidade fez a Marinha tornar-se bem
mais profissional.
A terceira foi a oportunidade de a Marinha “sentir o odor do
combate”, participar de ações de guerra e adquirir experiências da
Corveta Caravelas
refrega, das adversidades, do medo e da dor com a perda de navios Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
e companheiros. Essa experiência
de combate foi fundamental para
forjar os futuros almirantes, oficiais
e praças da Marinha, acostumados
com a vida dura da guerra anti-
submarino e da monotonia e do
estresse dos comboios.
A quarta conclusão é a
percepção de que a logística ocupa
lugar de importância na manu-
tenção de uma força combatente
operando eficientemente. Esse tipo
de percepção refletiu-se na cons-
trução da Base Naval de Natal e
outros pontos de apoio logístico do
nosso litoral. Nisso os Estados
Unidos foram os grandes mestres.
A quinta foi a nossa aproximação com os norte-americanos.
Essa associação nos alinhou diretamente com suas doutrinas e com
uma exacerbada ênfase na guerra anti-submarino. Essa percepção
só foi mudada a partir da denúncia, em 1977, do Acordo Militar
assinado com esse país em 1952. Com esta denúncia, optamos
por uma tecnologia relativamente autóctone.
E, por fim, a guerra no mar mostrou-nos que, no caso do
Brasil, em uma conflagração generalizada, as nossas linhas de
comunicação serão os alvos prioritários em nossa defesa, pois ainda
somos dependentes do comércio marítimo.
157
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
158
C R O N O L O G I A
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
DATA EVENTO
159
FIXAÇÃO
1– O Programa de Reaparelhamento da Marinha de 1904, além da aquisição de navios,
incluía alguns melhoramentos fundamentais para um Poder Naval que se desejava no
Brasil. Quais eram esses melhoramentos? Quem foi o idealizador desse Programa?
Quem o modificou? Por que? Quais as alterações propostas?
3– Por que o Brasil declarou guerra ao Eixo na Segunda Guerra Mundial? Como era
constituída a Marinha brasileira e quais as Defesas Ativas do Rio de Janeiro? Quais as
perdas na Marinha de Guerra nesse conflito?
SAIBA MAIS:
PÁGINAS NA INTERNET
160
161
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
162
os outros nunca pensem em empregar meios violentos para
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
resolver os conflitos.
Não seria lógico pensar que alguém possa empregar a
violência sem que imagine ter uma boa probabilidade de êxito,
sofrendo apenas perdas aceitáveis. Cabe ao Poder Militar de um
país – do qual o Poder Naval é também um dos componentes –
criar permanentemente uma situação em que seja inaceitável,
para os outros, respaldar seus interesses conflitantes com o
emprego de força. Isto é, o nosso Poder Militar deve
permanentemente dissuadir1 os outros países de usar a violência
e é, conseqüentemente, o guardião da paz – daquela paz que nos 1
Dissuadir – desestimular a ação contrária aos
interessa, evidentemente. interesses.
No caso do Brasil, por exemplo, na paz
que desejamos, a Amazônia é território nacional;
o comércio internacional deve ser livre, assim
como o uso do transporte marítimo nas rotas
de nosso interesse; a maior parte do petróleo
continua sendo extraída do fundo do mar, sem
ingerências de outros países; a enorme área
compreendida pela Zona Econômica Exclusiva
e pela Plataforma Continental brasileira,
chamada de Amazônia Azul2, é controlada pelo
País; não ocorrem exigências anormais no
pagamento de nossa dívida externa; entre outras
coisas. A dissuasão é, portanto, uma das
principais formas de emprego permanente do
Poder Militar em tempo de paz, existindo outras,
como veremos adiante.
Na paz, ou no que se denomina paz no
mundo, o confronto entre os países, resultante
de conflitos de interesses, ocorre evitando, ao
máximo, o uso da violência, porém, disputando
politicamente, econo-micamente e em todas as
outras manifes-tações da potencialidade
nacional. Nesse contexto, o potencial ofensivo
intrínseco dos instrumentos do Poder Militar faz
com que seu emprego, mesmo indireto, possa
excitar reações em países observadores. Tais 2
A Amazônia Azul é a área marítima costeira
reações podem simplesmente resultar de excitação acidental ou compreendida pela Zona Econômica Exclusiva
(ZEE) – uma faixa de 200 milhas de extensão, con-
refletir resultados intencionalmente desejados por quem exerce tadas a partir da linha de baixa-mar – e a Plataforma
esse emprego indireto do Poder Militar, chamado de persuasão Continental (PC), onde existir – uma extensão do
território continental que se prolonga mar adentro.
armada. Essa PC, representada na figura azul mais escuro e
Como a paz é relativa, a persuasão armada não exclui nem após a ZEE (azul mais claro), foi reivindicada junto à
ONU e foi levantada em trabalho conjunto da Mari-
o uso da força, de maneira limitada, desde que entendido como nha, Petrobras e universidades lideradas pela MB.
simbólico pelo país agredido. As grandes potências internacionais, Aceita integralmente a proposta brasileira, nossas
águas costeiras abrangerão uma área um pouco in-
como os Estados Unidos da América, a Rússia e outros utilizam ferior à Amazônia Legal, daí ser chamada de
permanentemente seus poderes militares. Amazônia Azul.
163
Dos componentes do Poder Militar, o Poder Naval pode ser
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
empregado para exercer persuasão armada, em tempo de paz,
no que se denominou, na década de 1970, de “emprego político
do Poder Naval”. Ele pode ser empregado em condições
inigualáveis com outros poderes militares, graças a seus atributos
de: mobilidade, versatilidade de tarefas, flexibilidade tática,
autonomia, capacidade de projeção de poder e alcance geográfico
– que já foram referidos no primeiro capítulo deste livro. Concorre
para isso o conceito de liberdade dos mares, que possibilita aos
navios de guerra se deslocar livremente em águas internacionais,
atingindo locais distantes e lá permanecendo, sem maiores
comprometimentos, em tempo de paz.
Antes da invasão do Afeganistão em outubro de 2001, por
exemplo, os americanos deslocaram para águas internacionais,
próximas do local do conflito, uma poderosa força naval. Influíam
assim nos países da região, sinalizando apoio aos aliados,
dissuadindo as ações dos que lhes eram hostis e favorecendo o
apoio dos indecisos, em suma, criando intencionalmente uma
variedade de reações.
O sentido indireto da palavra persuasão é significativo, pois é
através da reação dos outros que ela se manifesta. Então, é
essencial que eles percebam o emprego das forças navais,
modificando seu ambiente político e, conseqüentemente, afetando
suas decisões, por se sentirem apoiados, dissuadidos ou mesmo
compelidos a uma reação específica. Exerce-se, portanto, a
persuasão armada estimulando resultados que dependem de
reações alheias, políticas e/ou táticas, às vezes conflitantes e em
princípio imprevisíveis. Existe sempre a possibilidade de se
configurarem situações inesperadas, até pelo resultado, não
intencional, da excitação
de terceiros. Daí a impor-
tância de uma permanente
avaliação em qualquer ação
de emprego político do
Poder Naval.
Manobra no mar do
Navio-Tanque Gastão Motta
e Fragata União
164
Classificação
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Os tipos de persuasão naval, específicos do emprego do
Poder Naval em tempo de paz, classificados quanto aos modos
em que os efeitos políticos se manifestam são:
– sustentação;
– dissuasão;
– coerção.
Na sustentação e na dissuasão, a persuasão se manifesta
comportamentalmente em termos de se sentir apoiado ou
contrariado em suas intenções, de acordo com o próprio significado 3
Coerção deterrente – a ação fez com que o
dos termos empregados. Os aliados se sentem apoiados e quem é oponente desistisse de sua atitude.
hostil se sente inibido de agir, portanto, dissuadido.
A coerção, por sua vez, pode ser positiva ou compelente,
quando a uma ação já iniciada é forçada uma determinada linha de
ação, modificando-a, ou negativa, também chamada de deterrente,
quando inibe uma determinada atitude, impedindo que seja tomada.
Na crise da década de 1960, chamada de Guerra da Lagosta,
por exemplo, a França enviou navios de guerra, em tempo de paz,
para proteger seus barcos de pesca, que capturavam lagostas na
plataforma continental brasileira. O governo brasileiro determinou
que diversos navios da Marinha do Brasil se dirigissem para o local
da crise, mostrando que o País estava disposto a defender seus
direitos, se necessário com o emprego da força. Logo os navios
franceses retornaram e o conflito de interesses voltou para o
campo da diplomacia – de onde nunca deveria ter saído. A
persuasão naval exercida pelo emprego do Poder Naval
Contratorpedeiro Araguari, que compôs junto
brasileiro foi de coerção deterrente3, porque inibiu o apoio que com os contratorpedeiros Pará, Pernambuco,
intencionalmente os franceses pretendiam dar a seus barcos Paraná e Greenhalgh, a Força Naval que se dirigiu
para o local onde se encontravam os navios
de pesca. franceses na chamada Guerra da Lagosta.
No passado, muitas
vezes as nações detentoras
de Poder Naval utilizaram
seus navios de guerra e
forças navais com o pro-
pósito de sustentação ou de
dissuasão. A simples exis-
tência de um Poder Naval
preparado para a guerra
pode fazer com que aliados
se sintam apoiados em suas
decisões políticas nas
relações internacionais e
inimigos sejam dissuadidos de
suas intenções agressivas.
Evidentemente, os
efeitos da persuasão armada
165
podem se manifestar em diferentes níveis de intensidade. A relação
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
entre as forças empregadas para a persuasão naval e a intensidade
dos efeitos que elas estimulam não é nem direta nem proporcional.
A resultante final da persuasão depende da integração das inibições
e incitações provocadas pela ameaça ou apoio, que são, por sua
vez, função de decisões tomadas sob pressões políticas,
condicionadas por fatores psicossociais e culturais e pela interação
entre os líderes e a opinião pública. A percepção, portanto, além
de relativa, é essencial à análise da persuasão.
166
eficazes, quando em combate. Por outro lado, são “visíveis” os
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mísseis, os canhões e o próprio porte e aspecto externo do navio.
Na realidade, é importante que o navio tenha suficiente flexibilidade
para possibilitar seu emprego político, mas a função política de
tempo de paz não deve levar à preparação de um Poder Naval
apenas aparente.
O prestígio de uma Marinha sempre foi um dos atributos
mais importantes para a percepção do Poder Naval. O prestígio
está principalmente baseado nas capacidades “visíveis” e pode levar
à necessidade de demonstrar permanente superioridade. A Marinha
Real da Grã-Bretanha, por exemplo, durante a época em que
dominava os mares, fazia questão de manter o seu prestígio.
O Cruzador russo Askold, por exemplo, era o único navio
de cinco chaminés do mundo e, em 1902, visitou o Golfo Pérsico.
Sua visita causou profunda impressão, devido à percepção de
potência mecânica que o número de chaminés transmitia. Em
resposta, os britânicos desviaram o Cruzador HMS Amphritite para
Mascate (capital de Omã). Para eles, a disputa de prestígio com a
Rússia no Oriente era importante. Seu comandante providenciou
mais duas chaminés de lona para seu navio, totalizando seis e
restaurando o prestígio local da Marinha Real.
Possivelmente, a percepção mais importante do emprego
político de uma força naval não está na aparência da força em si,
nem no prestígio da Marinha a que pertence, mas na percepção
do quanto é realmente importante o objetivo pretendido para
quem aplica a persuasão armada. A disposição de usar a força e
de sofrer as perdas conseqüentes deste ato é essencial e deve ser
claramente perceptível. A percepção da capacidade de alcançar o
objetivo pela força também é muito importante. Pode ocorrer
que não exista essa capacidade, ou que não se possa alcançar o
objetivo sem um sacrifício superior ao seu valor, ou basta que
assim seja avaliado pelo país alvo, para que os resultados não sejam
atingíveis através do emprego político do Poder Naval.
É interessante observar que, atualmente, os mísseis ar-
superfície e superfície-superfície colocaram países relativamente
fracos em condições de causar danos consideráveis a uma força
naval próxima a suas costas. Tal fato, porém, não impede que uma
força naval possa exercer persuasão, porque não é sua capacidade
absoluta que importa, mas sim o que ela significa como
representante do Poder Naval e da vontade de seu país de alcançar
o objetivo suportando as perdas prováveis, se tal for assim
percebido.
Na crise provocada pelos mísseis que a União Soviética
pretendia instalar em Cuba, em 1962, a Marinha dos Estados Unidos
mostrou determinação suficiente para que os soviéticos decidissem
que os navios que transportavam os mísseis deveriam regressar.
Foi portanto uma ação de coerção deterrente do emprego político
167
do Poder Naval americano, pois modificou uma ação que já estava
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
em andamento, em face de terem percebido que os americanos
estavam dispostos a usar a força para não ter seu território ao
alcance dos mísseis de Cuba.
Considerando o conflito pela posse das Ilhas Falklands/
Malvinas, em 1982, os argentinos deixaram de ser dissuadidos pelo
Poder Naval britânico e invadiram as ilhas, porque julgaram que o
valor daquelas ilhas não compensava o esforço de projetar o poder
da Marinha da Grã-Bretanha àquela distância no Atlântico Sul, em
face das perdas humanas e materiais que provavelmente teria. Por
seu turno, a ocupação militar das ilhas falhou porque o governo
britânico levou a questão ao ponto de defesa da honra do
Reino Unido.
O ambiente doméstico do país que é alvo da persuasão é
básico no contexto político das decisões que governam sua eficácia.
É fundamental que os líderes desse país aceitem serem persuadidos
e até cooperem, servindo de intermediários com a opinião pública,
para que o objetivo da persuasão seja considerado uma necessidade
imposta e a atitude tomada como pragmática.
168
forças; aumento ou redução da prontificação para combate; e obter
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
efeitos desejados como: aumentar a intensidade da persuasão;
desencorajar; demonstrar preocupação em crises entre terceiros;
exercer coerção ou apoio de maneira limitada ou restrita, entre
outros.
Os posicionamentos operativos específicos, situando navios
ou forças navais próximo a um local de crise constituem apenas
um caso especial da demonstração permanente e as ações podem
ser semelhantes.
O auxílio naval inclui a instalação de missões navais, o
fornecimento de navios e o apoio de manutenção.
As visitas a portos estrangeiros, para reabastecimento,
descanso das tripulações, ou mesmo, específicas de boa vontade,
no que se denomina “mostrar a bandeira”, podem transmitir a
imagem do prestígio da Marinha, aumentando a influência e
acumulando vantagens psicossociais sobre o país visitado.
O Poder Naval brasileiro é empregado em tempo de paz de Placa existente, em 2006, no portão de entrada da
diversas maneiras, podendo-se destacar: Base de Fuzileiros Navais no Haiti. Acadêmica
Rachel de Queiroz.
– as operações com Marinhas aliadas, como a Operação Unitas, O nome da Base é em homenagem à escritora,
com a Marinha dos Estados Unidos e de países sul-americanos; a autora da frase estampada em português e francês
Operação Fraterno, com a Armada da República Argentina; e muitas (língua oficial do Haiti).
outras;
– a participação em diversas missões de paz, transportando as tropas
ou através de seus fuzileiros navais, como em São Domingos,
Angola, Moçambique, Nicarágua e Haiti;
– e as viagens de instrução do navio-escola e as visitas a portos
estrangeiros, “mostrando a bandeira”.
Cabe também ressaltar o apoio que a Marinha do Brasil presta
a outras Marinhas aliadas, na América do Sul e no continente
africano.
169
A análise do passado demonstra a necessidade do emprego
permanente do Poder Naval. Para o Brasil, é importante manter
um Poder Naval capaz de inibir interesses antagônicos e de
conservar a paz como desejada pelos brasileiros.
Navio-Escola Brasil
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LEGISLAÇÃO MILITAR-NAVAL
ESTATUTO DOS MILITARES – Disposições preliminares; Do ingresso nas Forças Armadas; Da hierarquia militar
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e disciplina; Do cargo e da função militares; Das obrigações militares; Valor e ética militar; Dos deveres
militares; Conceituação; compromisso militar, comando e subordinação; Violação das obrigações e deveres
militares; Crimes militares; Contravenções ou transgressões disciplinares; e Conselhos de justificação e
disciplina.
REGULAMENTO DISCIPLINAR PARA A MARINHA – Generalidades; Propósito; Disciplina e hierarquia militar;
Esfera de ação disciplinar; Das contravenções disciplinares; definição e especificação; Natureza das
contravenções e suas circunstâncias; Da parte, prisão imediata e recursos.
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA – Doutrina de Liderança da Marinha: Chefia e Liderança; Aspectos
Fundamentais da Liderança; Estilos de Liderança; Seleção de Estilos de Liderança; Fatores da Liderança;
Atributos de um Líder; Níveis de Liderança. Manual de Liderança da Marinha: Fundamentos Conceituais de
Liderança; Falácias da Liderança; Conceito de Liderança; Chefiar, Dominar e Manipular; Bases da Liderança;
Níveis de Liderança.
BIBLIOGRAFIA
FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA PÚBLICA
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Título V. Capítulos II e III. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível para download em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf
LEGISLAÇÃO MILITAR-NAVAL
Regulamento Disciplinar para a Marinha.
Títulos I, II e IV. Vade Mécum Naval. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. Ed. rev.
Rio de Janeiro, 2009. Disponível para download em: https://www.marinha.mil.br/
com5dn/sites/www.marinha.mil.br.com5dn/files/RDM.pdf
Estatuto dos Militares.
Títulos I e II. Brasília, 1980. Diário Oficial da União. Disponível para download em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6880.htm
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CAPÍTULO II - DAS FORÇAS ARMADAS
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 1º - Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das
Forças Armadas.
§ 2º - Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições disciplinares militares.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas
em lei, as seguintes disposições
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República
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e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e
postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;
“XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso
o disposto no inciso XI: (“Caput” do inciso com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas; (Alínea com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 34, de 2001)”
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária,
não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c",
ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido
por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a
reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos
da lei;
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VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
de guerra;
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por
sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI,
XIII,XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea
"c";
Art. 7º :
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
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XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches
e pré-escolas;
Art. 37º :
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração
direta,autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dosMunicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
pensões ou outra espécieremuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, nãopoderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbitodo Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dosDesembargadores do
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídiomensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
aosmembros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração
depessoal do serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para
finsde concessão de acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado
odisposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
XVI - c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
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X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições
de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras
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situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por
força de compromissos internacionais e de guerra.
§ 1º A POLÍCIA FEDERAL, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
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§ 2º A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
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§ 3º A POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º - ÀS POLÍCIAS CIVIS, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência
da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º - ÀS POLÍCIAS MILITARES cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 5º -A. Às POLÍCIAS PENAIS, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa
a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. (EC 104/2019)
6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército
subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (EC 104/2019)
§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
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(Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980 –Edição Revisada 2009 - Última alteração: 2019)
TÍTULO I - Generalidades
CAPÍTULO 1- Disposições Preliminares
Art. 1º - O presente Estatuto regula a situação, obrigações, deveres, direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas.
Art. 2° - As Forças Armadas, essenciais à execução da política de segurança nacional, são constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, e destinam-se a defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos, a lei e a ordem. São
Instituições nacionais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei.
Art. 3° - Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de
servidores da Pátria e são denominados militares.
§ 1º - Os militares encontram-se em uma das seguintes situações:
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a) na ativa:
I - os de carreira;
II - os temporários, incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar, obrigatório ou voluntário,
durante os prazos previstos na legislação que trata do serviço militar ou durante as prorrogações desses
prazos; (Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando convocados, reincluídos, designados ou mobilizados;
IV - os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva; e
V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas.
b) na inatividade:
I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e percebam remuneração da União,
porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização;
II - os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores estejam dispensados, definitivamente,
da prestação de serviço na ativa, mas continuem a perceber remuneração da União; e
III - os da reserva remunerada e, excepcionalmente, os reformados, que estejam executando tarefa por tempo certo,
segundo regulamentação para cada Força Armada. (Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
§ 2º - Os militares de carreira são aqueles da ativa que, no desempenho voluntário e permanente do serviço militar,
tenham vitaliciedade, assegurada ou presumida, ou estabilidade adquirida nos termos da alínea “a” do inciso IV
do caput do art. 50 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
§ 3º Os militares temporários não adquirem estabilidade e passam a compor a reserva não remunerada das Forças
Armadas após serem desligados do serviço ativo. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
Art. 4° - São considerados reserva das Forças Armadas:
I - individualmente:
a) os militares da reserva remunerada; e
b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a ativa.
II - no seu conjunto:
a) as Polícias Militares; e
b) os Corpos de Bombeiros Militares.
§ 1° - A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas declaradas diretamente devotadas às finalidades precípuas
das Forças Armadas, denominada atividade efeitos de mobilização e de emprego, reserva das Forças Armadas.
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§ 2o - O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente
relacionadas com a segurança nacional, bem como os demais cidadãos em condições de convocação ou mobilização para
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a ativa, só serão considerados militares quando convocados ou mobilizados para o serviço nas Forças Armadas.
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Art. 5° - A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente devotada às finalidades precípuas das
Forças Armadas, denominada atividade militar.
§ 1o - A carreira militar é privativa do pessoal da ativa, inicia-se com o ingresso nas Forças Armadas e obedece às
diversas sequências de graus hierárquicos.
§ 2o - São privativas de brasileiro nato as carreiras de oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Art. 6° - São equivalentes as expressões “na ativa”, “da ativa”, “em serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em serviço”,
“em atividade” ou “em atividade militar”, conferidas aos militares no desempenho de cargo, comissão, encargo,
incumbência ou missão, serviço ou atividade militar ou considerada de natureza militar, nas organizações militares das
Forças Armadas, bem como na Presidência da República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos
demais órgãos quando previsto em lei, ou quando incorporados às Forças Armadas. (Redação dada pela Medida Provisória
no 2.215-10, de 31 de agosto de 2001)
Art. 7° - A condição jurídica dos militares é definida pelos dispositivos da Constituição que lhes sejam aplicáveis, por este
Estatuto e pela Legislação, que lhes outorgam direitos e prerrogativas e lhes impõem deveres e obrigações.
Art. 8° - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que couber:
I - aos militares da reserva remunerada e reformados;
II - aos alunos de órgão de formação da reserva;
III - aos membros do Magistério Militar; e
IV - aos Capelães Militares.
Art. 9° - Os oficiais-generais nomeados Ministros do Superior Tribunal Militar, os membros do Magistério Militar e os
Capelães Militares são regidos por legislação específica.
CAPÍTULO II
Do Ingresso nas Forças Armadas
Art. 10 – O ingresso nas Forças Armadas é facultado, mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
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§ 1° – Quando houver conveniência para o serviço de qualquer das Forças Armadas, o brasileiro possuidor de reconhecida
competência técnico-profissional ou de notória cultura científica poderá, mediante sua aquiescência e proposta do
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Ministro da Força interessada, ser incluído nos Quadros ou Corpos da Reserva e convocado para o serviço na ativa
em caráter transitório.
§ 2° – A inclusão nos termos do parágrafo anterior será feita em grau hierárquico compatível com sua idade, atividades
civis e responsabilidades que lhe serão atribuídas, nas condições reguladas pelo Poder Executivo.
Art. 11 – Para matrícula nos estabelecimentos de ensino militar destinados à formação de oficiais, da ativa e da reserva,
e de graduados, além das condições relativas à nacionalidade, idade, aptidão intelectual, capacidade física e
idoneidade moral, é necessário que o candidato não exerça ou não tenha exercido atividades prejudiciais ou perigosas
à segurança nacional.
Parágrafo único – O disposto neste artigo e no anterior aplica-se, também, aos candidatos ao ingresso nos Corpos ou
Quadros de Oficiais em que é exigido o diploma de estabelecimento de ensino superior reconhecido pelo Governo
Federal.
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Art. 12 – A convocação em tempo de paz é regulada pela legislação que trata do serviço militar.
§ 1° – Em tempo de paz e independentemente de convocação, os integrantes da reserva poderão ser designados para o
serviço ativo, em caráter transitório e mediante aceitação voluntária.
§ 2° – O disposto no parágrafo anterior será regulamentado pelo Poder Executivo.
CAPÍTULO III
Da Hierarquia Militar e da Disciplina
Art. 14 - A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem
com o grau hierárquico.
§ 1o - A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação
se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O
respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade.
§ 2o - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam
o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por
parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.
§ 3o - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da
reserva remunerada e reformados.
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Art. 15 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os militares da mesma categoria e têm a finalidade de
desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.
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Art. 16 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica nas Forças Armadas, bem como a correspondência entre os postos e as
graduações da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são fixados nos parágrafos seguintes e no Quadro em anexo.
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§ 1o - Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Presidente da República ou do Ministro de Força
Singular e confirmado em Carta Patente.
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Art. 17 - A precedência entre militares da ativa do mesmo grau hierárquico, ou correspondente, é assegurada pela
antiguidade no posto ou graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida em lei.
§ 1o - A antiguidade em cada posto ou graduação é contada a partir da data da assinatura do ato da respectiva
promoção, nomeação, declaração ou incorporação, salvo quando estiver taxativamente fixada outra data.
§ 2o - No caso do parágrafo anterior, havendo empate, a antiguidade será estabelecida:
a) entre militares do mesmo Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, pela posição nas respectivas escalas numéricas ou
registros existentes em cada força;
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou graduação anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade, recorrer-
se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à data de praça e à data de nascimento para definir a precedência,
e, neste último caso, o de mais idade será considerado o mais antigo;
c) na existência de mais de uma data de praça, inclusive de outra Força Singular, prevalece a antiguidade do militar
que tiver maior tempo de efetivo serviço na praça anterior ou nas praças anteriores; e
d) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão,
se não estiverem especificamente enquadrados nas letras a, b e c.
§ 3o - Em igualdade de posto ou de graduação, os militares da ativa têm precedência sobre os da inatividade.
§ 4o - Em igualdade de posto ou de graduação, a precedência entre os militares de carreira na ativa e os da reserva
remunerada ou não, que estejam convocados, é definida pelo tempo de efetivo serviço no posto ou graduação.
Art. 18 - Em legislação especial, regular-se-á:
I - a precedência entre militares e civis, em missões diplomáticas, ou em comissão no País ou no estrangeiro; e
II - a precedência nas solenidades oficiais.
Art. 19 - A precedência entre as praças especiais e as demais praças é assim regulada:
I - os Guardas-Marinha e os Aspirantes-a-Oficial são hierarquicamente superiores às demais praças;
II - os Aspirantes da Escola Naval, os Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras e da Academia da Força Aérea e
os alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, do Instituto Militar de Engenharia e das demais instituições de
graduação de oficiais da Marinha e do Exército são hierarquicamente superiores aos Suboficiais e aos
Subtenentes; (Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
III - os alunos de Escola Preparatória de Cadetes e do Colégio Naval têm precedência sobre os Terceiros-Sargentos, aos
quais são equiparados;
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IV - os alunos dos órgãos de formação de oficiais da reserva, quando fardados, têm precedência sobre os Cabos, aos
quais são equiparados; e
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V - os Cabos têm precedência sobre os alunos das escolas ou dos centros de formação de sargentos, que a eles são
equiparados, respeitada, no caso de militares, a antiguidade relativa.
CAPÍTULO IV
Do Cargo e da Função Militares
Art. 20 – Cargo militar é um conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades cometidos a um militar em serviço
ativo.
§ 1° – O cargo militar, a que se refere este artigo, é o que se encontra especificado nos Quadros de Efetivo ou Tabelas de
Lotação das Forças Armadas ou previsto, caracterizado ou definido como tal em outras disposições legais.
§ 2° – As obrigações inerentes ao cargo militar devem ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e definidas
em legislação ou regulamentação específica.
Art. 21 – Os cargos militares são providos com pessoal que satisfaça os requisitos de grau hierárquico e de qualificação
exigidos para o seu desempenho.
Parágrafo único – O provimento de cargo militar far-se-á por ato de nomeação expressa da autoridade competente.
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Art. 24 – Dentro de uma mesma organização militar, a seqüência de substituições para assumir cargo ou responder por
funções, bem como as normas, atribuições e responsabilidades relativas, são as estabelecidas na legislação ou
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regulamentação específica respeitadas a precedência e a qualificação exigidas para o cargo ou o exercício da função.
Art. 25. O militar ocupante de cargo da estrutura das Forças Armadas, provido em caráter efetivo ou interino,observado
o disposto no parágrafo único do art. 21 desta Lei, faz jus aos direitos correspondentes ao cargo, conformeprevisto em
lei. (Redação dada pela Lei nº 13.954, de 2019)
Parágrafo único. A remuneração do militar será calculada com base no soldo inerente ao seu posto ou à suagraduação,
independentemente do cargo que ocupar. (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019)
Art. 26 – As obrigações que, pela generalidade, peculiaridade, duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como
posições tituladas em "Quadro de Efetivo", "Quadro de Organização", "Tabela de Lotação" ou dispositivo legal, são
cumpridas como encargo, incumbência, comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza militar.
Parágrafo único – Aplica-se, no que couber, a encargo, incumbência, comissão, serviço ou atividade, militar ou de natureza
militar, o disposto neste Capítulo para cargo militar.
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TÍTULO II
Das Obrigações e dos Deveres Militares
DEVERES/ETICA /VALORES RESUMO
DEVER 1. É OBRIGATÓRIO;
2. NÃO CUMPRIMENTO É CRIME OU CONTRAVENÇÃO;
ÉTICA 1. REGRAS DO BOM RELACIONAMENTO;
2. APLICA-SE NA VIDA CIVIL E VIDA MILITAR;
3. SEMPRE INICIADO COM VERBO NO INFINITIVO.
VALOR 1. NÃO É OBRIGATÓRIO;
2. NÃO CUMPRIMENTO NÃO É CRIME NEM CONTRAVENÇÃO; e
3. O EXATO CUMPRIMENTO VALORIZA O MILITAR E DÁ CONCEITO ELEVADO.
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Armadas, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos seguintes preceitos da ética militar:
I – amar a verdade e a responsabilidade como fundamento de dignidade pessoal;
II – exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
III – respeitar a dignidade da pessoa humana;
IV – cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades competentes;
V – ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados;
VI – zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o
cumprimento da missão comum;
VII – empregar todas as suas energias em benefício do serviço;
VIII – praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o espírito de cooperação;
IX – ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua linguagem escrita e falada;
X – abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria sigilosa de qualquer natureza;
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Capítulo II
Dos deveres militares
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SEÇÃO I
Conceituação
Art. 31 – Os deveres militares emanam de um conjunto de vínculos racionais e morais que ligam o militar à Pátria e ao
seu serviço, e compreendem, essencialmente:
I – a dedicação e a fidelidade à Pátria, cuja honra, integridade e instituições devem ser defendidas mesmo com o sacrifício
da própria vida;
II – o culto aos Símbolos Nacionais;
III – a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
IV – a disciplina e o respeito à hierarquia;
V – o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens; e
VI – a obrigação de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.
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Art. 27 – São manifestações essenciais do valor militar: Art. 31 – Os deveres militares emanam de um conjunto
de vínculos racionais e morais
I – o patriotismo, traduzido pela vontade inabalável de I – a dedicação e a fidelidade à Pátria, cuja honra,
cumprir o dever militar e pelo solene juramento de integridade e instituições devem ser defendidas
fidelidade à Pátria até com o sacrifício da própria mesmo com o sacrifício da própria vida;
vida; II – o culto aos Símbolos Nacionais;
II – o civismo e o culto das tradições históricas; III – a probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
III – a fé na missão elevada das Forças Armadas; IV – a disciplina e o respeito à hierarquia;
IV – o espírito de corpo, orgulho do militar pela V – o rigoroso cumprimento das obrigações e das ordens;
organização onde serve; e
V – o amor à profissão das armas e o entusiasmo com VI – a obrigação de tratar o subordinado dignamente e
que é exercida; e com urbanidade.
VI – o aprimoramento técnico-profissional.
SEÇÃO II
Do Compromisso Militar
Art. 32 – Todo cidadão, após ingressar em uma das Forças Armadas mediante incorporação, matrícula ou nomeação,
prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres militares e
manifestará a sua firme disposição de bem cumpri-los.
Art. 33 – O compromisso do incorporado, do matriculado e do nomeado, a que se refere o artigo anterior, terá caráter
solene e será sempre prestado sob a forma de juramento à Bandeira na presença de tropa ou guarnição formada,
conforme os dizeres estabelecidos nos regulamentos específicos das Forças Armadas, e tão logo o militar tenha adquirido
um grau de instrução compatível com o perfeito entendimento de seus deveres como integrante das Forças Armadas.
§ 1° – O compromisso de Guarda-Marinha ou Aspirante-a-Oficial é prestado nos estabelecimentos de formação,
obedecendo o cerimonial ao fixado nos respectivos regulamentos.
§ 2° – O compromisso como oficial, quando houver, será regulado em cada Força Armada.
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SEÇÃO III
Do Comando e da Subordinação
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Art. 34 – Comando é a soma de autoridade, deveres e responsabilidades de que o militar é investido legalmente quando
conduz homens ou dirige uma organização militar. O comando é vinculado ao grau hierárquico e constitui uma
prerrogativa impessoal, em cujo exercício o militar se define e se caracteriza como chefe.
Parágrafo único – Aplica-se à direção e à chefia de organização militar, no que couber, o estabelecido para comando.
Cargo militar Função militar Art. 34 – Comando
é um conjunto de atribuições, é o exercício das é a soma de autoridade, deveres e
deveres e responsabilidades obrigações inerentes ao responsabilidades de que o militar é investido
cometidos a um militar em serviço cargo militar. legalmente quando conduz homens ou dirige
ativo. uma organização militar.
Art. 35 – A subordinação não afeta, de modo algum, a dignidade pessoal do militar e decorre, exclusivamente, da estrutura
hierarquizada das Forças Armadas.
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Art. 36 – O oficial é preparado, ao longo da carreira, para o exercício de funções de comando, de chefia e de direção.
Art. 37 – Os graduados auxiliam e complementam as atividades dos oficiais, quer no adestramento e no emprego de
meios, quer na instrução e na administração.
Parágrafo único – No exercício das atividades mencionadas neste artigo e no comando de elementos subordinados, os
suboficiais, os subtenentes e os sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e pela capacidade profissional
e técnica, incumbindo-lhes assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras do serviço e das
normas operativas pelas praças que lhes estiverem diretamente subordinadas e a manutenção da coesão e do moral das
mesmas praças em todas as circunstâncias.
Art. 40 – Às praças especiais cabe a rigorosa observância das prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes,
exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-profissional.
Parágrafo único – Às praças especiais também se assegura a prestação do serviço militar inicial.
Art. 41 – Cabe ao militar a responsabilidade integral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que
praticar.
CAPÍTULO III
Da Violação das Obrigações e dos Deveres Militares
SEÇÃO I
Da Conceituação
Art. 42 – A violação das obrigações ou dos deveres militares constituirá crime, contravenção ou transgressão disciplinar,
conforme dispuser a legislação ou regulamentação específica.
§ 1° – A violação dos preceitos da ética militar será tão mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem a
cometer.
§ 2° – No concurso de crime militar e de contravenção ou transgressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, será
aplicada somente a pena relativa ao crime.
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Art. 43 – A inobservância dos deveres especificados nas leis e regulamentos, ou a falta de exação no cumprimento dos
mesmos, acarreta para o militar responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, consoante a legislação
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específica.
Parágrafo único – A apuração da responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela
incompatibilidade do militar com o cargo, ou demonstrar incapacidade no exercício das funções militares a ele inerentes.
Art. 44 – O militar que, por sua atuação, se tornar incompatível com o cargo, ou demonstrar incapacidade no exercício
das funções militares a ele inerentes, será afastado do cargo.
§ 1° – São competentes para determinar o imediato afastamento do cargo ou o impedimento do exercício da função:
a) o Presidente da República;
b) os titulares das respectivas pastas militares e o Chefe do Estado-Maior das forças Armadas; e
c) os comandantes, os chefes e os diretores, na conformidade da legislação ou regulamentação específica de cada
Força Armada.
§ 2° – O militar afastado do cargo, nas condições mencionadas neste artigo, ficará privado do exercício de qualquer função
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Art. 45 – São proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto de caráter
reivindicatório ou político.
§ 2° – Compete aos Ministros das Forças Singulares julgar, em última instancia, os processos oriundos dos Conselhos de
Disciplina convocados no âmbito das respectivas Forças Armadas.
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§ 3° – A Conselho de Disciplina poderá, também, ser submetida a praça na reserva remunerada ou reformada,
presumivelmente incapaz de permanecer na situação de inatividade em que se encontra.
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TÍTULO I
GENERALIDADES
CAPÍTULO I
Do Propósito
Art. 1o - O Regulamento Disciplinar para a Marinha tem por propósito a especificação e a classificação das contravenções
disciplinares e o estabelecimento das normas relativas à amplitude e à aplicação das penas disciplinares, à classificação
do comportamento militar e à interposição de recursos contra as penas disciplinares.
CAPÍTULO II
Da Disciplina e da Hierarquia Militar
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Art. 2o - Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que
fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito
cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.
Parágrafo único - A disciplina militar manifesta-se basicamente pela:
- obediência pronta às ordens do superior;
- utilização total das energias em prol do serviço;
- correção de atitudes; e
- cooperação espontânea em benefício da disciplina coletiva e da eficiência da instituição.
Art. 3o - Hierarquia Militar é a ordenação da autoridade em níveis diferentes, dentro da estrutura militar. A ordenação se
faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação, se faz pela antiguidade no posto ou na
graduação.
Parágrafo único - O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade.
Art. 4o - A boa educação militar não prescinde da cortesia. É dever de todos, em serviço ou não, tratarem-se mutuamente
com urbanidade, e aos subordinados com atenção e justiça.
CAPÍTULO III
Da Esfera de Ação Disciplinar
Art. 5o - As prescrições deste Regulamento aplicam-se aos militares da Marinha da ativa, da reserva remunerada e aos
reformados.
TÍTULO II
DAS CONTRAVENÇÕES DISCIPLINARES
CAPÍTULO I
Definição e Especificação
Art. 6o - Contravenção Disciplinar é toda ação ou omissão contrária às obrigações ou aos deveres militares estatuídos nas
leis, nos regulamentos, nas normas e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização Militar, desde que não
incidindo no que é capitulado pelo Código Penal Militar como crime.
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32. desrespeitar, por palavras ou atos, a religião, as instituições ou os costumes de país estrangeiro em que se achar;
33. faltar à verdade ou omitir informações que possam conduzir à sua apuração;
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67. entrar ou sair da Organização Militar por acesso que não o determinado;
68. introduzir clandestinamente bebidas alcoólicas em Organização Militar;
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69. introduzir clandestinamente matérias inflamáveis, explosivas, tóxicas ou outras em Organização Militar, pondo em
risco sua segurança, e desde que não seja tal atitude enquadrada como crime;
70. introduzir ou estar de posse em Organização Militar de publicações prejudiciais à moral e à disciplina;
71. introduzir ou estar de posse em Organização Militar de armas ou instrumentos proibidos;
72. portar arma sem autorização legal ou ordem escrita de autoridade competente;
73. dar toques, fazer sinais, içar ou arriar a Bandeira Nacional ou insígnias, disparar qualquer arma sem ordem;
74. conversar ou fazer ruído desnecessário por ocasião de faina, manobra, exercício ou reunião para qualquer serviço;
75. deixar de comunicar em tempo hábil ao seu superior imediato ou a quem de direito o conhecimento que tiver de
qualquer fato que possa comprometer a disciplina ou a segurança da Organização Militar, ou afetar os interesses da
Segurança Nacional;
76. ser indiscreto em relação a assuntos de caráter oficial, cuja divulgação possa ser prejudicial à disciplina ou à boa ordem
do serviço;
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77. discutir pela imprensa ou por qualquer outro meio de publicidade, sem autorização competente, assunto militar,
exceto de caráter técnico não sigiloso e que não se refira à Defesa ou à Segurança Nacional;
78. manifestar-se publicamente a respeito de assuntos políticos ou tomar parte fardado em manifestações de caráter
político-partidário;
79. provocar ou tomar parte em Organização Militar em discussão a respeito de política ou religião;
80. faltar com o respeito devido, por ação ou omissão, a qualquer dos símbolos nacionais, desde que em situação não
considerada como crime;
81. fazer uso indevido de viaturas, embarcações ou aeronaves pertencentes à Marinha, desde que o ato não constitua
crime.
82. disparar arma em Organização Militar por imprudência ou negligência;
83. concorrer para a discórdia ou desarmonia ou cultivar inimizades entre os militares ou seus familiares; e
84. disseminar boatos ou notícias tendenciosas.
Parágrafo único - São também consideradas contravenções disciplinares todas as omissões do dever militar não
especificadas no presente artigo, desde que não qualificadas como crimes nas leis penais militares, cometidas contra
preceitos de subordinação e regras de serviço estabelecidos nos diversos regulamentos militares e determinações das
autoridades superiores competentes.
Art. 9º - No concurso de crime militar e de contravenção disciplinar, ambos de idêntica natureza, será aplicada
somente a penalidade relativa ao crime.
Parágrafo Único – No caso de descaracterização de crime para contravenção disciplinar, esta deverá ser julgada pela
autoridade a que o contraventor estiver subordinado.
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TÍTULO IV
DA PARTE, PRISÃO IMEDIATA E RECURSOS
CAPÍTULO I
Da Parte e da Prisão Imediata
Art. 40 - Todo superior que tiver conhecimento, direto ou indireto, de contravenção cometida por qualquer subalterno,
deverá dar parte escrita do fato à autoridade sob cujas ordens estiver, a fim de que esta puna ou remeta a parte à
autoridade sob cujas ordens estiver o contraventor, para o mesmo fim.
Parágrafo único - Servindo superior e subalterno na mesma Organização Militar e sendo o subalterno Praça de graduação
inferior a Suboficial, será efetuado o lançamento da parte no Livro de Registro de Contravenções Disciplinares.
Art. 41 - O superior deverá também dar voz de prisão imediata ao contraventor e fazê-lo recolher-se à sua Organização
Militar quando a contravenção ou suas circunstâncias assim o exigirem, a bem da ordem pública, da disciplina ou da
regularidade do serviço.
Parágrafo único - Essa voz de prisão será dada em nome da autoridade a que o contraventor estiver diretamente
subordinado, ou, quando esta for menos graduada ou antiga do que quem dá a voz, em nome da que se lhe seguir em
escala ascendente. Caso o contraventor se recuse a declarar a Organização Militar em que serve, a voz de prisão será dada
em nome do Comandante do Distrito Naval ou do Comando Naval em cuja jurisdição ocorrer a prisão.
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Art. 42 - O superior que houver agido de acordo com os artigos 40 e 41 terá cumprido seu dever e resguardada sua
responsabilidade. A solução que for dada à sua parte pela autoridade superior é de inteira e exclusiva responsabilidade
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desta, devendo ser adotada dentro dos prazos previstos neste Regulamento e comunicada ao autor da parte.
Parágrafo único - A quem deu parte assiste o direito de pedir à respectiva autoridade, DENTRO DE OITO DIAS ÚTEIS, pelos
meios legais, a reconsideração da solução, se julgar que esta deprime sua pessoa ou a dignidade de seu posto, não
podendo o pedido ficar sem despacho. Para tanto, a autoridade que aplicar a pena disciplinar deverá comunicar ao autor
da parte a punição efetivamente imposta e o enquadramento neste Regulamento, com as circunstâncias atenuantes ou
agravantes que envolveram o ato do contraventor.
Art. 43 - O subalterno preso nas condições do artigo 41 só poderá ser solto por determinação da autoridade a cuja ordem
foi feita a prisão, ou de autoridade superior a ela.
Art. 44 - Esta prisão, de caráter preventivo, será cumprida como determina o artigo 24.
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CAPÍTULO II
Dos Recursos
Art. 45 - Àquele a quem for imposta pena disciplinar será facultado solicitar reconsideração da punição à autoridade que
a aplicou, devendo esta apreciar e decidir sobre a mesma dentro de oito dias úteis, contados do recebimento do pedido.
Art. 46 - Aquele a quem for imposta pena disciplinar poderá, verbalmente ou por escrito, por via hierárquica e em termos
respeitosos, recorrer à autoridade superior à que a impôs, pedindo sua anulação ou modificação, com prévia licença da
mesma autoridade.
§ 1o - O recurso deve ser interposto após o cumprimento da pena e DENTRO DO PRAZO DE OITO DIAS ÚTEis.
§ 2o - Da solução de um recurso só cabe a interposição de novos recursos às autoridades superiores, até o Ministro da
Marinha.
§ 3o - Contra decisão do Ministro da Marinha, o único recurso admissível é o pedido de reconsideração a essa mesma
autoridade.
§ 4o - Quando a punição disciplinar tiver sido imposta pelo Ministro da Marinha, caberá interposição de recurso ao
Presidente da República, nos termos definidos no presente artigo.
Art. 47 - O recurso deve ser remetido à autoridade a quem dirigido, dentro do prazo de oito dias úteis, devidamente
informado pela autoridade que tiver imposto a pena.
Art. 48 - A autoridade a quem for dirigido o recurso deve conhecer do mesmo sem demora, procedendo ou mandando
proceder às averiguações necessárias para resolver a questão com justiça.
Parágrafo único - No caso de delegação, para proceder a estas averiguações será nomeado um Oficial de posto superior
ao do recorrente.
Art. 49 - Se o recurso for julgado inteiramente procedente, a punição será anulada e cancelado tudo quanto a ela se referir;
se apenas em parte, será modificada a pena.
Parágrafo único - Se o recurso fizer referência somente aos termos em que foi aplicada a punição e parecer à autoridade
que os mesmos devem ser modificados, ordenará que isso se faça, indicando a nova forma a ser usada.
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EMA – 137
DOUTRINA DE LIDERANÇA DA MARINHA – Rev. 1 – 2013
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CAPÍTULO 1
ELEMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA
1.1 – PROPÓSITO
Este capítulo aborda conceitos, aspectos fundamentais, estilos, fatores, atributos e níveis de liderança, para
prover conhecimentos básicos que definam a natureza das relações desejáveis entre líderes e liderados.
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Existem diversas conceituações para liderança na literatura especializada. A Marinha do Brasil define liderança como:
“o processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de que ajam, voluntariamente, em prol do cumprimento
da missão”. Fica evidenciado, pela definição, que a liderança inclui não só a capacidade de fazer um grupo realizar uma
tarefa específica mas, sobretudo, executá-la de forma voluntária, atendendo ao desejo do líder como se fosse o seu
próprio.
Nessa definição de liderança, estão implícitos os seus agentes, ou seja, o líder e os liderados, as relações entre
eles e os princípios filosóficos, psicológicos e sociológicos que regem o comportamento humano.
processo de influenciação de um grupo, que é a essência da liderança, está profundamente ligado aos valores éticos e
morais que devem ser transmitidos e praticados pelo líder.
A prática dos fundamentos filosóficos da educação, seja ela formal ou informal, desenvolvida por grupos
sociais, independente de suas crenças e culturas, constitui-se no elemento catalisador dos valores universais.
O ser humano precisa receber uma educação adequada para ser capaz de valorizar um objeto (a vida humana,
a Pátria, a família). Sem essa educação, perde-se a capacidade de perceber esses valores, especialmente quando se
trata daqueles universais, tais como: honra, dignidade e honestidade.
A característica fundamental da Axiologia consiste na hierarquização desses valores, que são transmitidos pela
educação familiar, pela sociedade e pelo grupo. Essa hierarquização de valores varia de um país para o outro, de uma
sociedade organizada para outra, de um grupo social para outro. Por exemplo, os fundamentalistas islâmicos, que se
sacrificam em atentados, contrariando o instinto de preservação, valor primordial do ser humano.
Valores como a honra, a dignidade, a honestidade, a lealdade e o amor à pátria, assim como todos os outros
considerados vitais pela Marinha, devem ser praticados e transmitidos, permanentemente, pelo líder aos seus
liderados. A tarefa de doutrinamento visa a transmitir a sua correta hierarquização, priorizando-os em relação aos
valores materiais, como o dinheiro, o poder e a satisfação pessoal.
Este é o maior desafio a ser enfrentado por aquele que pretende exercer a liderança de um grupo.
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Bases Sociológicas).
Sociólogos concordam que a perspectiva sociológica envolve um processo que vai permitir examinar as
coletividades além das fachadas das estruturas sociais, com o propósito de refletir, com profundidade, sobre a
dinâmica de forças atuantes em dada coletividade.
A liderança envolve líder, liderados, e contexto (ou situação), constituindo, fundamentalmente, uma relação.
Para muitos teóricos, a liderança, dadas as características singulares que envolve, constitui-se em um processo ímpar
de interação social. Partindo desta visão da liderança, é evidente o quanto a Sociologia tem para contribuir em termos
de embasamento teórico no estudo e na construção do processo da liderança.
Os militares, em geral, em função da peculiaridade de suas atividades profissionais, constituem uma subcultura
dentro da sociedade brasileira. Focalizando mais de perto ainda, pode-se afirmar que a Marinha, dentro das Forças
Armadas, face a suas atribuições muito próprias, constitui-se, igualmente, em uma subcultura. A liderança, por
definição, pressupõe a atuação do líder sobre grupos humanos; os membros destes grupos são, em geral, oriundos de
diferentes subculturas. Estes indivíduos, ao ingressarem na Marinha, passarão a integrar-se a esta nova subcultura,
após um período de adaptação. No âmbito da Marinha, pode-se distinguir subculturas correspondentes aos diferentes
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Corpos e Quadros, em função da missão atribuída a cada um deles. Cultura e subcultura são, portanto, temas de estudo
da Sociologia de interesse para a liderança.
Outro tópico de Sociologia avaliado como relevante é o dos processos sociais, estes definidos como a interação
repetitiva de padrões de comportamento comumente encontrados na vida social. Os processos sociais de maior
incidência nas sociedades e grupos humanos são: cooperação, competição e conflito. O líder, cuja matéria-prima é o
grupo liderado, necessita identificar a existência de tais processos, estimulando- os ou não, em função das
especificidades da situação corrente e da natureza da missão a ser levada a termo.
Cooperação, etimologicamente, significa trabalhar em conjunto. Implica uma opção pelo coletivo em
detrimento do individual, mas nada impede o desenvolvimento e o estímulo das habilidades de cada membro, em prol
de um objetivo comum. Sob muitos aspectos, e de um ponto de vista humanista, é a forma ideal de atuação de grupos.
Ocorre que nem sempre é possível, dentro de um grupo, manter, exclusivamente, o processo cooperativo. Em função
do contexto, das circunstâncias da própria tarefa a realizar, da natureza do grupo, ou das características do líder, outros
processos se desenvolvem.
Competição é definida como a luta pela posse de recompensas cuja oferta é limitada.
Tais recompensas incluem dinheiro, poder, status, amor e muitos outros. Outra forma de descrever o processo
competitivo o mostra como a tentativa de obter uma recompensa superando todos os rivais.
A competição pode ser pessoal – entre um número limitado de concorrentes que se conhecem entre si – ou
impessoal – quando o número de rivais é tal, que se torna impossível o conhecimento entre eles, como ocorre, por
exemplo, nos exames vestibulares ou em concursos públicos.
Atualmente, os especialistas concordam que ambos os processos – cooperação e competição – coexistem e,
até mesmo, sobrepõem-se na maioria das sociedades. O que varia, em função de diferenças culturais, é a intensidade
com que cada um é experimentado.
Sob o ponto de vista psicológico, é relevante considerar que, se a competição tem o mérito inicial de estimular
a atividade dos indivíduos e dos grupos, aumentando-lhes a produtividade, tem o grave inconveniente de desencorajar
os esforços daqueles que se habituaram a fracassar. Vencedor há um só; todos os demais são perdedores. Outro
inconveniente sério, decorrente do estímulo à competição, consiste na forte possibilidade de desenvolvimento de
hostilidades e desavenças no interior do grupo, contribuindo para sua desagregação. A instabilidade inerente ao
processo competitivo faz com que este, com bastante frequência, se transforme em conflito. Na liderança, a
competição tem sempre que ser saudável e estimulante.
Conflito é a exacerbação da competição. Uma definição mais específica afirma que tal processo consiste em
obter recompensas pela eliminação ou enfraquecimento dos competidores. Ou seja, o conflito é uma forma de
competição que pode caminhar para a instalação de violência e, que se vai intensificando, à medida que aumenta a
duração do processo, já que este tem caráter cumulativo – a cada ato hostil surge uma represália cada vez mais
agressiva.
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O processo social de conflito inclui aspectos positivos e negativos. Por um lado, o conflito tende a destruir a
unidade social e, da mesma forma, desagregar grupos menores, pelo aumento de ressentimento, pelo desvio dos
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objetivos mais elevados do grupo, pela destruição dos canais normais de cooperação, pela intensificação de tensões
internas, podendo chegar à violência. Por outro lado, doses regulares de conflito de posições, podem ter efeito
integrador dentro do grupo, na medida em que obrigam os grupos a se autocriticarem, a reverem posições, a forçarem
a formulação de novas políticas e práticas, e, em consequência, a uma revitalização dos valores autênticos próprios
daquele grupo.
Uma vez instalado e manifesto o conflito no seio de um grupo, seu respectivo líder terá de buscar soluções e
alternativas para manter o controle da situação. Não é fácil ou agradável para os líderes atuar em situações de conflito,
o que não justifica sua pura e simples negação.
É indispensável que o líder seja capaz de diagnosticar as situações de conflito, mesmo quando ainda latentes,
de modo a buscar estratégias adequadas para gerenciá-las construtivamente.
conjunto de comportamentos e de habilidades que podem ser ensinadas às pessoas que, desta forma, teriam a
possibilidade de se tornarem líderes eficazes.
Progressivamente, os pesquisadores abandonaram a busca de uma essência da liderança, percebendo toda a
complexidade envolvida e evoluindo para análises bem mais sofisticadas, que incluíam diversas variáveis situacionais.
Nesse contexto, observa-se a proliferação de publicações sobre liderança, incluindo trabalhos científicos e literatura
sensacionalista e de autoajuda. Diferentes autores propõem uma infinidade de estilos de liderança que se sobrepõem.
Alguns fundamentam-se em estudos e pesquisas e outros são meramente empíricos e intuitivos. Há também muitos
modismos, alguns consistindo, apenas, ematribuição de novos nomes e roupagens a antigos conceitos, sendo
reapresentados como se fossem avanços na área de liderança.
Para simplificar a apresentação e o emprego de uma gama de estilos de liderança consagrados e relevantes
para o contexto militar-naval, foram considerados alguns estilos selecionados em três grandes eixos:
grau de centralização de poder;
tipo de incentivo; e
foco do líder.
Pode-se afirmar, genericamente, que os diferentes estilos de liderança, propostos à luz das diversas teorias, se
enquadram em três principais critérios de classificação, apresentados como eixos lógicos em que se agrupam apenas
sete estilos principais:
A) QUANTO AO GRAU DE CENTRALIZAÇÃO DE PODER: Liderança Centralizadora, Liderança Participativa e Liderança
Delegativa;
B) QUANTO AO TIPO DE INCENTIVO: Liderança Transformacional e Liderança Transacional; e
C) QUANTO AO FOCO DO LÍDER: Liderança Orientada para Tarefa e Liderança Orientada para Relacionamento.
Os subitens a seguir descrevem os sete principais estilos de liderança propostos pelas diversas teorias.
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passiva dentro da equipe e inibir a iniciativa do subordinado, além de não considerar os aspectos humanos, dentre
eles, o relacionamento líder-liderados.
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grupo todas as decisões. Isso poderá fazer com que o chefe acabe sendo conduzido pelo próprio grupo.
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Nesse estilo de liderança, o líder trabalha com interesses e necessidades primárias dos seguidores, oferecendo
recompensas de natureza econômica ou psicológica, em troca de esforço para alcançar os resultados organizacionais
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Destacando-se apenas esta última variável como exemplo, pode-se afirmar, genericamente, que a identificação
de um baixo nível de maturidade (profissional e/ou emocional) no grupo de subordinados induz à aplicação de estilos
com maior centralização de poder, mais foco na tarefa e que incentivos no nível transacional (licença, rancho, conforto
etc) tendem a ter mais valência para o grupo. Por outro lado, grupos mais maduros, em geral, respondem melhor a
estilos menos centralizadores de poder e a incentivos no nível da autorrealização, como ocorre no estilo
transformacional. Naturalmente, não apenas uma, mas todas as variáveis relevantes de cada situação devem ser
consideradas pelo líder.
Portanto, diferentes estilos de liderança podem ser adotados, de acordo com as circunstâncias. Pode-se
considerar que:
“[...] quando se abandona a ideia de que deve existir uma melhor forma de liderar, todas as teorias subsequentes
de liderança devem ser contingenciais ou situacionais, isto é, devem definir as circunstâncias que afetam o
comportamento e a eficácia dos líderes.” (SMITH; PETERSON, 1994, p. 173)
À luz da abordagem situacional, que prevalece na atualidade, na qual a liderança pode assumir diversos estilos,
os principais requisitos de liderança passam a ser a capacidade de diagnosticar as variáveis situacionais, a flexibilidade
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e a adaptabilidade às mudanças. Os melhores líderes utilizam estilos diferentes, em distintas situações. Assim, é
necessário um esforço pessoal do líder no sentido de se adaptar, continuamente, às mudanças de estilo adequadas a
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cada contexto.
1.6.1 - O Líder
O líder deve conhecer a si mesmo, para saber de suas capacidades, características e limitações, evitando atribuir
aos seus liderados falhas ou restrições.
“Os bons líderes eficientes são também bons seguidores [...]” (BRASIL, 1991, p. 3-3) e cumpridores das
orientações de seus superiores, passando esse exemplo a seus subordinados.
“O líder, independentemente de sua vontade, atua como elemento modificador do comportamento de seus
liderados subordinados. [...] A função militar está relacionada com a segurança e a responsabilidade pela vida de seres
humanos.”(BRASIL, 1991, p. 3-3, 3-4)
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Provavelmente, poucos profissionais são forçados a assumir tarefa tão grave ao liderar subordinados. (BRASIL,
1991).
1.6.2 - Os Liderados
“O conhecimento dos liderados é fator essencial para o exercício da liderança e depende do entendimento claro
da natureza humana, das suas necessidades, emoções e motivações.” (BRASIL, 1991, p. 3-4)
Isto é, ainda, crucial para o salutar exercício de Delegação de Autoridade.
1.6.3 - A Situação
“Não existem normas nem fórmulas que mostrem com exatidão o que deve ser feito. O líder precisa
compreender a dinâmica do processo de liderança, os fatores principais que a compõem, as características de seus
liderados e aplicar estes conhecimentos como guia para cada situação em particular.” (BRASIL, 1991, p. 3-5)
Fica, assim, bem clara a necessidade exaustiva da prática da liderança, para o sucesso do líder, levando sempre
em conta a cultura e/ou a subcultura organizacional da instituição.
1.6.4 - A Comunicação
“A comunicação é um processo essencial à liderança, que consiste na troca de ordens, informações e ideias, só
ocorrendo quando a mensagem é recebida e compreendida. [...] É através desse processo que o líder coordena,
supervisiona, avalia, ensina, treina e aconselha seus subordinados.[...] O que é comunicado e a forma como isto é feito
aumentam ou diminuem o vínculo das relações pessoais, criam o respeito, a confiança mútua e a compreensão. Os
laços que se formam, com o passar do tempo, entre o líder e seus liderados, são a base da disciplina e da coesão em
uma organização. O líder deve ser claro e “escolher” cuidadosamente as palavras, de tal forma que signifiquem a
mesma coisa para ele e para seus subordinados.” (BRASIL, 1991, p. 3-4).
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O Anexo A define os principais atributos de um líder, que devem estar em consonância com os preceitos da Ética
Militar, segundo os fundamentos estabelecidos no Estatuto dos Militares. Nunca é demais ressaltar que a Ética é
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controlam diretamente os resultados dos seus trabalhos, a influência dos líderes organizacionais é basicamente
indireta: eles expedem suas políticas e diretivas e incentivam seus liderados por meio de seu staff e comandantes
subordinados. Devido ao fato de não haver proximidade, os resultados de suas ações são frequentemente menos
visíveis e mais demorados. No entanto, a presença desses líderes em momentos e lugares críticos aumenta a confiança
e a performance dos seus liderados. Independente do tipo de organização que eles chefiem, líderes organizacionais
conduzem operações pela força do exemplo, estimulando os subordinados e supervisionando-os apropriadamente.
Sempre que possível, o líder organizacional deve mostrar sua presença física junto aos escalões subordinados, seja por
intermédio de visitas e mostras, seja por meio de reuniões funcionais com os comandantes subordinados.
desafios do futuro, oscilando entre a consciência das necessidades nacionais correntes e na missão e objetivos de longo
prazo.
Desde que a incerteza quanto às possíveis ameaças não permita uma visualização clara do futuro, a visão dos
líderes estratégicos é especialmente crucial na identificação do que é importante com relação ao pessoal, material,
logística e tecnologia, a fim de subsidiar decisões críticas que irão determinar a estrutura e a capacidade futura da
organização.
Dentro da instituição, os líderes estratégicos constroem o suporte para facilitar a busca dos objetivos finais de
sua visão. Isto significa montar um staff que possa assessorá-los convenientemente a conduzir seus subordinados de
maneira segura e flexível. Para obter o suporte necessário, os líderes estratégicos procuram obter o consenso não só
no âmbito interno da organização, como também trabalhando junto a outros órgãos e instituições a que tenham
acesso, em questões como orçamento, estrutura da Força e outras de interesse, bem como estabelecendo contatos
com representações de outros países e Forças em assuntos de interesse mútuo.
A maneira como eles comunicam as suas políticas e diretivas aos militares e civis subordinados e apresentam
aquelas de interesse aos demais cidadãos vai determinar o nível de compreensão alcançado e o possível apoio para as
novas ideias. Para se fazer entender por essas diversas audiências, os líderes estratégicos empregam múltiplas mídias,
ajustando a mensagem ao público alvo, sempre reforçando os temas de real interesse da instituição.
Os líderes estratégicos estão decidindo hoje como transformar a Força para o futuro.
Eles devem trabalhar para criar e desenvolver a próxima geração de líderes estratégicos, montar a estrutura
para o futuro e pesquisar os novos sistemas que contribuirão na obtenção do sucesso.
Para capitanear as mudanças pessoalmente e levar a instituição em direção à realização do seu projeto de futuro,
esses líderes transformam programas conceituais e políticos em iniciativas práticas e concretas. Este processo envolve
uma progressiva alavancagem tecnológica e uma modelagem cultural. Conhecendo a si mesmos e aos demais “atores”
estratégicos, tendo um nítido domínio dos requisitos operacionais, da situação geopolítica e da sociedade, os líderes
estratégicos conduzem adequadamente a Força e contribuem para o desenvolvimento e a segurança da Nação. Tendo
em vista que os conflitos nos dias de hoje podem ser desencadeados muito rapidamente, não permitindo um longo
período de mobilização para a guerra – como se fazia no passado –, o sucesso de um líder estratégico significa deixar
a Força pronta para vencer uma variedade de conflitos no presente e permanecer pronta para enfrentar as incertezas
do futuro.
Em resumo, esses líderes preparam a instituição para o futuro por meio de sua liderança. Isto significa influenciar
pessoas – integrantes da própria organização, membros de outros setores do governo, elites políticas – por meio de
propósitos significativos, direções claras e motivação consistente. Significa, também, acompanhar o desenrolar das
missões atuais, sejam quais forem, e buscar aperfeiçoar a instituição – tendo a certeza que o pessoal está adestrado e
de que seus equipamentos e estrutura estão prontos para os futuros desafios.
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ANEXO A
PRINCIPAIS ATRIBUTOS DE UM LÍDER
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1 - Exemplo
Apresentação pessoal e comportamento coerentes com valores, normas e crenças da instituição, em todas as
circunstâncias.
“Não há nada que se exija tanto de um líder quanto dar o exemplo pessoal, ou seja o exemplo do seu
comportamento, pleno de valores inerentes à ética militar, aceitos e respeitados pelo grupo.” (BRASIL, 1996, p. 54)
“A todo momento, o líder é observado por seus subordinadas e deve buscar conquistarlhes a confiança, o
respeito e a admiração.” (BRASIL, 1996).
2 - Integridade Ética
Honestidade, transparência e comprometimento inquebrantável com os valores éticos da instituição, tais
como: honra, lealdade para com seus superiores, pares e subordinados, fidelidade e coragem, dentre outros, expressos
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3 - Humildade
É ter consciência de que o líder pode não saber tudo sobre determinado assunto, que pode estar equivocado
em seu julgamento ou sua posição e que mais modernos, ou mais antigos, com suas experiências, podem saber mais
e ajudá-lo no cumprimento da missão.
4 - Competência Profissional
“Competências representam combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo
desempenho profissional, dentro de determinado contexto organizacional.” (DURAND, 2000; NISEMBAUM, 2000, apud
BRUNOFARIA; BRANDÃO, 2003, p. 37)
O militar deve sempre aprimorar seus conhecimentos e habilidades e, por meio de uma atitude positiva
compatível com seu grau hierárquico, conseguir resultados eficazes para a instituição.
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5 - Determinação
Persistência para a realização de tarefas, possibilitando vencer as dificuldades encontradas até concluí-las com
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6 - Entusiasmo
É uma disposição para assumir responsabilidades e enfrentar desafios, demonstrando vibração espontânea e
contagiante pelo seu trabalho e pela Organização.
7 - Capacidade Decisória
É a habilidade para considerar diversas linhas de ação, diante de uma situação-problema, escolhendo, em
tempo hábil, aquela mais adequada para, assim, implementá-la.
Quando necessário, o líder deve ser capaz de tomar decisões difíceis ou impopulares com firmeza e coragem.
O líder deve ter firmeza em suas decisões, não sendo, irredutível, diante das circunstâncias que se apresentam.
8 - Autoconfiança
Capacidade de pensar e de decidir, autonomamente, e convicção de ter competência para ser bem sucedido
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diante de dificuldades, expressa pela segurança, firmeza e otimismo no modo de falar e de agir.
9 - Autocontrole
Estabilidade de humor e capacidade de atuar eficazmente, mesmo sob pressão.
10 -Flexibilidade
Maleabilidade de ideias e habilidade para integrar informações novas, mesmo que divergentes em relação a
crenças e planejamentos prévios, desde que agreguem valor.
Capacidade de adaptação a mudanças. Habilidade para atuar corretamente de modo diverso em diferentes
situações.
11 -Altruísmo
Capacidade de se colocar no lugar dos liderados, compreendendo-os, demonstrando interesse genuíno por
suas necessidades, preocupando-se e provendo o desenvolvimento e bem-estar pessoal e profissional destes.
12 -Respeito
O líder deve ter respeito pela dignidade humana, que é inerente a todo indivíduo. O líder que respeita seu
subordinado é educado ao dirigir-lhe a palavra. É imparcial em seus julgamentos, seus elogios e suas críticas. Age com
tato e demonstra consideração com cada um de seus comandados.
14 -Comunicação
Habilidade verbal para persuadir e inspirar os liderados, fomentando um sentido de objetivo, que vá além das
tarefas cotidianas, tornando o trabalho mais estimulante, de forma a conquistar a adesão voluntária dos subordinados.
Clareza, objetividade e propriedade de linguagem na expressão oral e escrita. Preocupação com a disseminação pronta
e eficaz de ordens e notícias, de forma a prevenir mal-entendidos, rumores e boatos nocivos ao moral do grupo.
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É de extrema importância que o líder procure desenvolver esta capacidade, tanto escrita como oral, para se
fazer entender por seus comandados, em todos os níveis. A expedição de ordens, a orientação sobre tarefas ou
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missões, tudo se faz por meio dessa comunicação. Nunca é demais lembrar que, não raras vezes, ordens são mal
executadas não por deficiência de quem as cumpriu, mas por falta de clareza de quem as deu.
É também por meio da boa comunicação que o líder pode persuadir e motivar seus comandados.
15 -Iniciativa
“A Iniciativa, em um plano mais elevado, é a faculdade de deliberar acertadamente em circunstâncias
imprevistas ou na ausência dos superiores, agindo sob responsabilidade própria, mas dentro da doutrina, a bem do
serviço. Para assim fazer, é preciso ter capacidade profissional, confiança em si e estar bem orientado.” (BRASIL, 2009,
p. 34)
Cabe aos mais antigos, criar um clima propício e estimular tal prática em seus comandados.
16-Senso de Justiça
Capacidade de julgar, imparcial e respeitosamente, com base em dados objetivos, de acordo com o mérito e o
desempenho de cada um, não se deixando influenciar por sentimentos pessoais, estereótipos ou preconceitos.
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2018
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FINALIDADE: BÁSICA
1ª REVISÃO
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTOS CONCEITUAIS DE LIDERANÇA
- Aspectos filosóficos
- Aspectos psicológicos
- Aspectos sociológicos
- A teoria dos grupos humanos
CAPÍTULO 2 - ASPECTOS TEÓRICOS DA LIDERANÇA
- Falácias da liderança
- Conceito de liderança
- Chefiar, dominar e manipular
- Bases da liderança
- Níveis de liderança
CAPÍTULO 1
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de Platão, o instrumento de trabalho do filósofo é a razão pura. De nada valem os instrumentos materiais, tais como
microscópios ou computadores, na pesquisa e análise filosóficas.
Mesmo os sentidos e a imaginação têm, no caso, valor limitado, restringindo-se à fase inicial da especulação
filosófica, com o propósito de obter dados do real. Quanto ao escopo (ou finalidade), a filosofia não tem compromisso
com fins imediatos ou interesseiros de qualquer ordem; seu objetivo único é o conhecimento e a pesquisa da verdade
em si mesma. Ela está, portanto, segundo Aristóteles, livre para contemplar o verdadeiro.
A Liderança é um processo de influenciar pessoas e deve existir em função daquilo que é do interesse específico
da instituição Marinha do Brasil, tendo propósitos absolutamente impessoais. A essência da liderança caracteriza-se
ainda pela relação da ética e da axiologia com o processo de influenciação.
A ética trata fundamentalmente da moral e de sua prática; ao passo que a axiologia ou teoria dos valores refere-
se ao estudo e à hierarquia desses. Outro aspecto que reforça o ponto de vista da ligação entre liderança e os temas
da ética e da axiologia consiste no fato de que o líder é alguém que tem poder sobre um grupo (maior ou menor) de
indivíduos. E o uso do poder assume aspectos bastante espinhosos podendo gerar abusos ou aplicações indesejáveis.
Com base neste entendimento, abordaremos alguns aspectos da ética e da axiologia.
1.1.3 - A ética
“A ética não é um valor em si mesma, é, sim, um processo de escolha por meio de valores. Assim, um
comportamento ético é aquele selecionado, dentre tantos outros, a partir de valores culturalmente consagrados. Esses
valores se referem às virtudes. Dessa forma, somos levados a concluir que o viver ético é complexo, pois pressupõe
optar por virtudes” (DEnsM-2002, 2016). “A ética, ou filosofia moral, é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão
a respeito dos fundamentos da vida moral” (DGPM-319, MOD 2 - 2011).
Dessa forma, podemos definir moral como um conjunto de regras que determinam o comportamento dos
indivíduos em uma dada sociedade. As normas são externas e anteriores ao indivíduo; ou seja, ao nascer a criança já
se encontra dentro de um conjunto de regras de comportamento, as quais deverão ser respeitadas (atos morais), ou
não (atos imorais). Dois aspectos devem ser enfatizados, segundo Vásquez (1995):
1. Tais regras são dinâmicas, variam no tempo e no espaço. Por exemplo, a moral da Idade Média (e seus conceitos
de vassalagem e servidão) já não valia no período da Revolução Industrial. Além disso, o que é moral em uma dada
sociedade (como a poligamia praticada pelos muçulmanos) pode não ser moral no seio de outros grupos sociais (o
mesmo exemplo, no caso de uma sociedade ocidental cristã).
2. A moral, ao mesmo tempo em que tem caráter coletivo, expressando as normas estabelecidas pela sociedade,
só tem valor real se for aceita, em termos pessoais, por cada membro de tal grupo social. Portanto, quando educamos
jovens (nossos filhos ou nossos alunos, por exemplo), não basta citarmos um elenco de regras de convívio social; é
indispensável que acreditemos efetivamente nelas e as pratiquemos, por meio do exemplo, para que os jovens
acreditem em tais normas e possam praticá-las, voluntariamente.
Podemos ainda acrescentar que o ato moral é complexo, livre, consciente e intencional; o que implica na
responsabilidade do indivíduo com a comunidade à qual pertence. Ao líder em geral cabe transmitir permanentemente
o comportamento ético da instituição a que pertence, ou do seu grupo social em que trabalha. Em todos os níveis,
desde o grupo familiar (célula da vida social) até a condução de um povo, há que haver uma ética norteando qualquer
ato dos indivíduos em sociedade.
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filosofia. Além de ser bastante urgente no atual momento histórico que o mundo vive, pois, esta disciplina é basilar no
sentido de lançar sólidos alicerces para a elaboração de uma nova cultura de dimensões cosmopolitas e da criação de
uma nova sociedade. A característica fundamental da axiologia consiste na hierarquização dos valores. Tanto aqueles
estabelecidos pela sociedade à qual pertencemos, quanto aqueles (que em geral coincidem com os primeiros) que nos
são transmitidos pela educação familiar e são por nós escalonados, isto é, a eles são atribuídas prioridades.
Assim é que, geralmente, o homem tem como valor primordial a própria vida e a luta permanente por sua
preservação. Nem sempre, repetimos, este é o valor maior. Por exemplo, a prática dos kamikazes, pilotos-suicidas
japoneses, que, durante a Segunda Guerra Mundial, lançavam-se contra objetivos inimigos, privilegiando como valor
primeiro a pátria e não a própria vida. Podemos afirmar que tais valores devem ser transmitidos e, evidentemente,
praticados, pelo líder, de forma permanente e cotidiana.
Atualmente, para bem cumprir tal tarefa de doutrinamento, há que se enfrentarem dificuldades adicionais;
a começar pela relativização de valores praticada pelas sociedades em geral, embora nem sempre de forma explícita:
privilegia-se o que é concreto e transitório (o dinheiro, como fonte de poder e satisfação; o culto ao corpo, à beleza e
à juventude etc), em detrimento de valores abstratos e perenes, como os acima mencionados.
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Aqueles que pretendem liderar - em todos os níveis da hierarquia militar - devem ter sempre em mente, como
um farol a norteá-los, a fundamental importância de conhecer claramente a prioridade estabelecida pela Marinha com
relação aos valores virtuosos que lhe são vitais (Rosa das virtudes - Anexo A).
Conhecendo-os com clareza, conquistas da nossa cultura, como a honra, a honestidade, a bondade etc. devem
ser praticados inquestionavelmente, em quaisquer circunstâncias, e transmitidos, dia e noite, aos liderados. Este é o
desafio inicial a ser enfrentado pelo líder.
1.2.1 - Percepção
O conceito psicológico de percepção é uma contribuição da escola psicológica da Gestalt (termo alemão, cuja
significação é referente à forma ou ao todo). Para esta escola, o homem é sempre capaz de receber estímulos do mundo
externo e responder a eles após os haver interpretado. Tais estímulos incluem coisas, pessoas e situações. Claro está
que o psiquismo do próprio observador, sua subjetividade, vai interferir decisivamente em seu processo de percepção.
Quanto mais complexo for este estímulo, maiores são as possibilidades de ocorrerem percepções distintas, por
parte de diferentes observadores. Quando conhecemos alguém, tendemos a formar impressões imediatas sobre a
pessoa. Podemos achá-la simpática, inteligente, mas um pouco arrogante, por exemplo. Um segundo observador, ao
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conhecer esta mesma pessoa, pode considerá-la simpática, não muito inteligente, e bastante simples já um terceiro,
poderá dizer que nem se aproximou muito por considerá-la antipática.
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O exemplo citado é superficial. Foram usadas poucas características da pessoa percebida. Claro está que quanto
mais atributos forem utilizados, maiores são as possibilidades de percepções distintas por parte de diferentes
observadores. Ou seja, a subjetividade de quem percebe interfere poderosamente no processo de formação de juízos.
Esta é uma primeira constatação quando estudamos o processo de percepção.
Tais constatações nos levam a uma primeira conclusão: nossa percepção é falha, quando estamos observando
pessoas (ou grupos delas); isto porque os seres humanos (sujeitos e objetos do processo) têm emoções muitas vezes
secretas. Por este motivo é que, em algumas ocasiões, somos surpreendidos por manifestações imprevisíveis de
comportamento de outra pessoa.
Quantos exemplos já tivemos ao longo de nossa vida? O indivíduo descontraído, brincalhão, que subitamente
entra em processo de depressão e se suicida; ou aquele sempre pacífico e cordato, que de repente se torna agressivo
e violento. Surpresas desta ordem ocorrem com relativa frequência e serão maiores quanto mais despreparados
estivermos para lidar com as emoções dos outros.
Como poderíamos reduzir a tendência de estabelecermos percepções equivocadas sobre terceiros?
Primeiramente, reconhecer que as pessoas não são formulações matemáticas que apresentam solução-padrão; em
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seguida, ter suficiente humildade para não confiar cegamente na própria percepção, tendo capacidade para reformulá-
la após observação mais duradoura. Examinemos, neste ponto, alguns dos processos mais comumente postos em
prática pelos observadores, em geral, que conduzem à graves equívocos na formação de juízos sobre terceiros.
a) Efeito halo
- É muito comum categorizarmos o objeto de nossa percepção em termos de bom e mau, deduzindo, a partir
desta primeira classificação, os demais traços do indivíduo observado. Esta tendência é chamada de efeito halo, porque
a pessoa rotulada de boa passa a ser cercada por uma aura positiva, sendo a ela atribuídas todas as qualidades
consideradas favoráveis. Ao contrário, se o indivíduo é rotulado de mau, passa a possuir um halo negativo (alguns
autores classificam como efeito horn), sendo a ele atribuídas todas as más qualidades. Experiências já demonstraram
como as pessoas observadas, uma vez incluídas em uma dessas categorias, dificilmente são avaliadas com alguma
riqueza de detalhes por parte da grande maioria dos observadores. Verificou-se, pois, que os observadores, em geral,
formam impressões bastante superficiais sobre os outros, tendendo à simplificação e à descrição empobrecida dos
objetos percebidos.
b) Similaridade suposta
- É comum a tendência das pessoas de suporem que as outras são semelhantes a elas mesmas. Se o indivíduo
gosta de futebol, tende a crer que os outros também gostam; se é agressivo, supõe que os outros também o são e
assim por diante. Por exemplo, o avaliador atribui seus próprios valores ou características de personalidade ao avaliado.
É o que se chama similaridade suposta.
c) Estereótipo
- Segundo Rodrigues (2015), estereótipos são crenças sobre características que atribuímos a pessoas ou grupos.
O termo foi empregado pelo jornalista americano Walter Lippman ao referir-se à imputação de certas características a
pessoas pertencentes a um determinado grupo. Os psicólogos sociais contemporâneos identificam o estereótipo como
a base cognitiva do preconceito. Como veremos adiante, os sentimentos negativos em relação a um grupo constituiriam
o componente afetivo, e a discriminação, o componente comportamental. O uso do estereótipo na avaliação de
pessoas revela tendência à generalização e à simplificação grosseira no juízo que pretendemos formular sobre alguém,
o que conduzirá, fatalmente, a uma impressão absolutamente imprecisa da pessoa observada.
d) Preconceito e discriminação
- Ainda de acordo com Rodrigues (2015), se o estereótipo é a base cognitiva do preconceito, os sentimentos
negativos em relação a um grupo constituiriam o componente afetivo do preconceito, e, as ações, o componente
comportamental. Em sua essência, o preconceito é uma atitude, sendo assim uma pessoa preconceituosa pode
comportar-se de maneira ofensiva com determinado grupo, por acreditar que aquele grupo possui características
negativas. Tecnicamente, o preconceito pode ser positivo ou negativo. Pode ser, por exemplo, a favor ou contra
estrangeiros, dependendo de sua nacionalidade, se você já supõe, em princípio, que suecos tinham a faculdade de
despertar sentimentos positivos e negativos. No entanto, em Psicologia Social o termo é usado apenas no caso de
atitudes negativas, não levando necessariamente a atos hostis ou comportamentos discriminatórios. Por sua vez,
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quando nos referimos ao comportamento, utilizamos o termo discriminação. Neste caso sentimentos hostis somados
a crenças estereotipadas deságuam numa atuação que pode variar de um tratamento diferenciado a expressões verbais
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de desprezo e a atos manifestos de agressividade. e) Principais conclusões - Pelo exposto acima, podemos identificar
alguns aspectos e características gerais que devem ser evitadas:
I) No processo de percepção de indivíduos interagem três variáveis, a saber: o observador, sujeito da ação; a
pessoa percebida, objeto da ação; e a situação em que ambos (sujeito e objeto) estão envolvidos.
II) O observador deverá evitar a tendência à simplificação e à generalização (que revelam acomodação) no
processo de percepção de pessoas. Deverá tentar formular juízos da forma mais acurada e abrangente possível,
considerando que os outros são indivíduos complexos.
os mais rotineiros, têm, por trás de si, motivos que os norteiam. Um conceito importante, relacionado à motivação, é
o de incentivo, de grande utilidade para aqueles que, como os líderes, necessitam influenciar os comportamentos de
outras pessoas.
Incentivos são objetos ou condições que podem despertar motivos ou simplesmente modificar o
comportamento do indivíduo. Só serão eficazes se a intensidade, a direção e a persistência atenderem às necessidades
do indivíduo em determinada circunstância. Vamos exemplificar: o alimento só funcionará como incentivo para alguém
que esteja faminto, não tendo efeito para outra pessoa cuja fome esteja saciada. Visa atender aos fatores extrínsecos
(periféricos) ao indivíduo. Todo aquele que pretende exercer uma liderança efetiva necessita atuar sobre o
comportamento dos membros do grupo liderado, mantendo-o (em caso de recompensas e punições, elogio, censura e
competição).
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Sociologia fornece alguns conceitos à Liderança, sobre os quais esta pode ser construída.
Assim, como foram desenvolvidos os aspectos filosóficos e psicológicos, vamos examinar conceitos sociológicos
que também possuem relação com a Liderança.
A Sociologia tem como objeto de estudo as sociedades com as suas relações humanas em um amplo sistema
de interações. Importante ressaltar, neste ponto, que o termo “sociedade” não está vinculado à ideia de maior ou
menor ordem de grandeza. Podemos nos referir a sociedades compostas por milhões de seres humanos (a sociedade
brasileira, por exemplo), ou a sociedade de dimensão muito mais modesta (a associação de moradores de um
condomínio).
O que, então, caracteriza uma sociedade? O grau de complexidade das relações internas desta coletividade,
suficientemente amplo para ser analisado do ponto de vista sociológico. Max Weber afirma que uma situação social é
aquela em que as pessoas orientam suas ações umas para as outras.
O resultado desta orientação de forças agindo no seio de uma coletividade é que vai constituir o material de
análise sociológica. Sociólogos concordam que a perspectiva sociológica envolve um processo que vai permitir
examinar as coletividades além das fachadas das estruturas sociais.
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Nesta medida, a sociologia tem como meta mostrar o lado de dentro das sociedades, com o propósito de
refletir, com profundidade, sobre a dinâmica de forças atuantes em dada coletividade. Pode-se verificar o quanto a
Sociologia tem para contribuir em termos de embasamento teórico no estudo e na construção do processo da
Liderança. Para muitos teóricos, a Liderança, dadas as características singulares que envolve, constitui-se em um
processo ímpar de interação social, o que só vem corroborar sua relação com a Sociologia.
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subcultura dentro da sociedade brasileira; focalizando mais de perto ainda, podemos afirmar que a Marinha, dentro
das Forças Armadas, em face de suas atribuições muito próprias, constitui-se, igualmente, em uma subcultura.
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No âmbito mesmo da Marinha, podemos distinguir subculturas, correspondentes aos diferentes Corpos
(Armada, Fuzileiros Navais e Intendentes), em função da missão atribuída a cada um deles.
A Liderança, por definição, pressupõe a atuação do líder sobre grupos humanos; os membros destes grupos
são, em geral, oriundos de diferentes subculturas, conceito que acabamos de examinar. Estes indivíduos, ao
ingressarem na Marinha, passarão a integrar-se a esta nova subcultura após um período de adaptação.
1.3.2 - Etnocentrismo
Diretamente decorrente do conceito de cultura, a noção de etnocentrismo é de capital importância, uma vez
que sua prática é muito frequente no interior de grupos humanos. Tal prática consiste em considerar a cultura do
próprio grupo como superior às demais; ou seja, é usada como padrão de referência em relação às outras.
Afirmações do tipo povo eleito, raça superior, verdadeiros fiéis etc., são claramente etnocêntricas. Os
sociólogos afirmam que o etnocentrismo é um produto de cultivo inconsciente, mas que, em maior ou menor escala,
toda raça, classe social, grupo etário ou regional estimulam o etnocentrismo de seus membros. Já que é comum a
prática entre grupos, e tal prática pode ser desenvolvida pelos líderes junto a seus liderados, devemos examiná-la com
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rigor crítico.
O que tem o etnocentrismo de bom e de mau? É aconselhável ou não o estímulo a sua aceitação plena dentro
de um grupo humano? O aspecto positivo refere-se ao fortalecimento da autoestima do grupo, sua lealdade interna e,
consequentemente, sua autopreservação; é fator de estímulo do patriotismo, do nacionalismo, do espírito de corpo e
do "espírito de navio", como dizemos na Marinha.
O aspecto negativo diz respeito à proteção contra eventuais mudanças e a não aceitação de elementos
externos àquela cultura. Se meu grupo é o mais perfeito do mundo, por que mudar? Esta é a pergunta óbvia. Portanto,
o etnocentrismo pode conduzir ao isolamento, à cristalização e à falta de autocrítica no seio do grupo.
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menos complexos, como podemos constatar nas pequenas cooperativas agrícolas ou de pesca, quanto nos mais
amplos, como em processos de cooperação científica e cultural entre instituições governamentais, não governamentais
e Estados, como o caso da Organização das Nações Unidas, entre outros.
Ocorre que nem sempre é possível, dentro de um grupo, manter, exclusivamente, o processo cooperativo. Em
função do contexto, das circunstâncias da própria tarefa a realizar, da natureza do grupo, ou das características do
líder, outros processos se desenvolvem.
b) Competição
Tratamos anteriormente deste tema, quando examinamos as bases psicológicas da Liderança. Vamos, agora,
estudar a competição como um dos processos de interação social absolutamente distinto da cooperação. Competição
é definida como a luta pela posse de recompensas cuja oferta é limitada. Tais recompensas incluem dinheiro, poder,
status, amor e muitos outros. Outra forma de descrever o processo competitivo o mostra como a tentativa de obter
uma recompensa superando todos os rivais.
A competição pode ser pessoal (entre um número limitado de concorrentes que se conhecem), ou impessoal
(quando o número de rivais é tal, que se torna impossível o conhecimento entre eles, como ocorre, por exemplo, nos
exames vestibulares ou em concursos públicos).
Alguns sociólogos mais antigos sustentavam que a competição seria uma lei universal, segundo a qual a luta
pela sobrevivência implica eliminação dos mais fracos, em favor da manutenção dos mais fortes; consideravam que a
cooperação e a filantropia, ao permitirem a preservação dos menos capazes, atuavam contra o aprimoramento da
espécie. Modernamente, os especialistas concordam que ambos os processos (cooperação e competição) coexistem e,
até mesmo, sobrepõem-se na maioria das sociedades.
O que varia, em função de diferenças culturais, é a intensidade com que cada um é experimentado. Quando
tratamos da competição sob um ponto de vista psicológico, mencionamos seus efeitos.
Se por um lado ela pode ter o mérito inicial de estimular a atividade dos indivíduos e dos grupos, aumentando-
lhes a produtividade; por outro, pode ter o grave inconveniente de desencorajar os esforços daqueles que se
habituaram a fracassar. Como já citamos, vencedor há um só; todos os demais são perdedores. Para cada gênio a quem
a competição estimulou, é provável que correspondam centenas ou milhares de fracassados, a quem esta mesma
competição desmoralizou. (Horton e Hunt, 1981).
Outro inconveniente sério, decorrente do estímulo à competição, consiste na forte possibilidade de
desenvolvimento de hostilidades e desavenças no interior do grupo, contribuindo para sua desagregação. Além dos
aspectos já citados, a instabilidade inerente ao processo competitivo faz com que este, com bastante frequência, se
transforme em conflito, cuja natureza passaremos a examinar a seguir.
c) Conflito
- Podemos dizer que o conflito é a exacerbação da competição. Uma definição mais específica afirma que tal
processo consiste em obter recompensas pela eliminação ou enfraquecimento dos competidores (e não pela superação
destes, como ocorre no processo de competição). Ou seja, o conflito é uma forma de competição em que a violência
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tende a se instalar, e vai-se intensificando, à medida que aumenta a duração do processo, já que este tem caráter
cumulativo (a cada ato hostil surge uma represália cada vez mais agressiva). Um grupo de modernos sociólogos
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considera o conflito como processo social básico, correspondendo ao estado normal das sociedades; seus protagonistas
rivais podem ser representantes de diferentes classes sociais, de raças distintas, de grupos etários (como o tradicional
conflito de gerações1 ).
dos anos 1990, faz sua estreia no mercado de trabalho, os baby boomers, no topo, – nascidos entre 1946 e 1964 – se
encaminham para aposentadoria. Ligando a base – repleta de novatos – ao topo, o lugar é ainda bastante ocupado por
veteranos, representados por duas letras, que nomeiam gerações: a X (nascidos entre 1960 e 1980) e a Y (nascidos
entre 1981 e meados da década de 1990). Assim, a diversidade etária se faz completa no ambiente corporativo.
À parte o perigo de incorrermos nas generalizações, há distinções que procedem. Entre as principais, está a
dificuldade maior que, em geral, os baby boomers tendem a enfrentar com aparatos tecnológicos em oposição à
extrema facilidade dos profissionais Y e Z neste campo. membros. Tal influência se exerce em dois sentidos: do grupo
sobre o indivíduo e do indivíduo sobre o grupo. Feitas estas considerações iniciais, vamos tentar definir o que é,
efetivamente, um grupo social. O grupo é um ser eminentemente coletivo, uma síntese ou reunião de indivíduos, que
possui uma unidade interna, e como tal é percebido por seus membros.
O grupo não é um simples aglomerado de pessoas; seus membros estão em permanente interação. Ou seja, os
transeuntes em uma rua, ou os passageiros do metrô não se constituem um grupo, já que não atendem às condições
acima. Podemos concluir que a simples proximidade física das pessoas não caracteriza o grupo social e sim a consciência
de interação conjunta. Podemos acrescentar outras definições de grupo, no sentido de facilitar a compreensão do
leitor. Uma delas considera "grupo" um conjunto de diversas pessoas que partilham de características comuns; por
exemplo, os milionários, ou os velhos, ou os indivíduos do sexo masculino, ou os fumantes etc.
CAPÍTULO 2
ASPECTOS TEÓRICOS DA LIDERANÇA
No capítulo anterior, foram apresentadas as noções fundamentais dos aspectos filosóficos, psicológicos e
sociológicos, que interessam ao estudo da Liderança. Embora existam diferentes teorias a respeito do tema, este
capítulo inicia-se esclarecendo as falácias e definindo qual o conceito de liderança será utilizado neste Manual.
Apresenta, ainda, os quatro fatores predisponentes para o exercício desta atividade.
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pode ser desenvolvida em maior ou menor grau por qualquer ser humano, desde que desenvolva suas Competências
para exercer influência sobre outras pessoas. (CORTELLA, 2009; GOLDSMITH, 2007)
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possuir a amplitude de competências necessárias para o eficaz exercício da Liderança em situações adversas
específicas.(CORTELLA, 2009)
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b) A autoridade moral:
é consequência da identificação entre o líder e seus liderados no que diz respeito a: valores, crenças, ideias,
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organização baseado em três níveis funcionais: operacional, tático e estratégico, discriminando as características
desejáveis para um líder nos três níveis, de acordo com suas habilidades. Em consonância com esses novos conceitos,
foram estabelecidos três níveis de liderança: direta, organizacional e estratégica. Estes três níveis definem com precisão
toda a abrangência da liderança e será adotado ao longo deste manual.
A liderança direta é obtida por meio do relacionamento face a face entre o líder e seus liderados e é mais
presente nos escalões inferiores, quando o contato pessoal é constante.
A liderança direta, conquanto seja mais intensa no comando de pequenas frações ou unidades, tendo em vista
que a estrutura organizacional da Força exige o trato com assessores e subordinados diretos.
A liderança organizacional desenvolve-se em organizações de maior envergadura, normalmente estruturadas
como Estado-Maior, sendo composta por liderança direta, conduzida em menor escala, voltada para os subordinados
imediatos e por delegação de tarefas.
A liderança estratégica militar é aquela exercida nos níveis que definem a política e a estratégia da Força. É
um processo empregado para conduzir a realização de uma visão de futuro desejável e bem delineada.
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Devido a sua liderança ser face a face, veem os resultados de suas ações quase imediatamente. Trabalham
focando as atividades de seus subordinados em direção aos objetivos da organização, bem como planejam, preparam,
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performance dos seus liderados. Independentemente do tipo de organização que eles chefiem, líderes organizacionais
conduzem operações pela força do exemplo, estimulando os subordinados e supervisionando-os apropriadamente.
Sempre que possível, o líder organizacional deve mostrar sua presença física junto aos escalões subordinados,
seja por intermédio de visitas e mostras, seja por meio de reuniões funcionais com os comandantes subordinados.
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Tendo em vista que os conflitos nos dias de hoje podem ser desencadeados muito rapidamente, não permitindo
um longo período de mobilização para a guerra – como se fazia no passado –, o sucesso de um líder estratégico significa
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deixar a Força pronta para vencer uma variedade de conflitos no presente e permanecer pronta para enfrentar as
incertezas do futuro.
Em resumo, esses líderes preparam a instituição para o futuro por meio de sua liderança. Isto significa
influenciar pessoas – integrantes da própria organização, membros de outros setores do governo, elites políticas – por
meio de propósitos significativos, direções claras e motivação consistente. Significa, também, acompanhar o desenrolar
das missões atuais, sejam quais forem e buscar aperfeiçoar a instituição – tendo a certeza que o pessoal está adestrado
e de que seus equipamentos e estrutura estão prontos para os futuros desafios.
Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes; porque o Senhor,
teu Deus, é contigo, por
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Estamos juntos!
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