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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA AMAZÔNIA

CURSO: Técnico em Enfermagem


DISCIPLINA: Psicologia Aplicada a Enfermagem
DOCENTE: Esp. Clemilson Lima Rodrigues
e-mail: lima.rodriguespsi@gmail.com

PROCESSO DE ADOECIMENTO.

Inevitavelmente, a doença e a morte causam receios e sensações de insegurança. Pessoas


ansiosas podem se tornam irracionais, negar o adoecimento e seus sintomas até que a doença
esteja em grau bastante avançado ou recusar internação. Porém, após a admissão hospitalar, elas
podem mudar por completo e tornar-se completamente dependentes da equipe assistencial, como
se fossem crianças (DALLY; HARRINGTON, 1978).

Alguns pacientes reconhecem a doença como sinal de fraqueza, totalmente compreensivo,


pois de um momento ao outro, torna-se dependente. Em conseqüência, podem apresentar
hostilidade aos que tentam ajudá-los. Assim, a equipe de enfermagem deve exercer grande
autocontrole a fim de que, não confirmem os receios dos pacientes.

Segundo Dally; Harrington (1978) a ansiedade do paciente é comum. E pode estar


relacionada com seu trabalho e/ou com sua família, por exemplo, uma mãe que tem filhos
pequenos, sentirá ansiedade por deixar seus filhos pequenos. Com menos freqüência, existem
pacientes, que se agradam com a hospitalização, idosos e pessoas solitárias, sentem-se em
segurança e em ambiente acolhedor. Ao contrário, alguns idosos são incapazes das mudanças,
podem apresentar confusão, desorientação e regressão, com comportamento infantil,
algumas pessoas valorizam tanto sua independência quanto sua vida.

O MECANISMO DO ADOECIMENTO

Desde a Grécia antiga ao início século XX, a sociedade científica considerava que a
mente tivesse efeito sobre as doenças, e nas condutas, era comum aplicar esse conceito ao
tratar das enfermidades. Com o advento da antibioticoterapia, descobriu-se que uma droga pode
eliminar os patógenos do organismo. Ou seja, a procura pela eliminação de doenças pela indústria
farmacêutica passou a ser prioridade e o fato de que o organismo pode oferecer meios para se
proteger ou então influenciar no desenvolvimento das doenças passou a ser ignorado (FARAH;
SÁ, 2008).
Evidencia-se a influência do sistema imunológico que responde, automaticamente, aos
patógenos e às moléculas desconhecidas; e o sistema cerebral responde ao estresse em
situações de emergência. Tais mecanismos oferecem m equilíbrio do meio interno, denominado
como homeostasia (FARAH; SÁ, 2008). Segundo Farah, Sá (2008), o estresse psicológico pode
afetar as respostas do sistema imunológico, oportunizando a infecção por vírus e bactérias.
A pessoa estando em desequilíbrio, surgem doenças inflamatórias, autoimunes ou
síndromes de imunodeficiência. O sistema endócrino libera o hormônio adenocorticotrópico
(ACTH), levando a glândula supra-renal a produzir o cortisol, conhecido como o hormônio do
estresse. Este é fundamental para a sobrevivência de um indivíduo, quando colocado em situações
de emergência. É também um agente anti-inflamatório significativo, cujo papel fundamental é de
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evitar que o sistema imune reaja, exageradamente, o que pode levar a danos e lesões em tecidos e
órgãos. Enquanto o estresse crônico é imunossupressor, o estresse agudo pode ativar a
imunidade celular levando, por exemplo, ao aparecimento de dermatites de contatos.

SIMBOLOGIA DOS SINTOMAS

A ambivalência de saúde e doença estimula a sobrevivência, são impulsos básicos que


objetivam um equilíbrio. Paradoxalmente, lutamos incessantemente a caminho do fim, a religião
nos conforta nesse processo. Essa ambivalência em relação aos impulsos vitais é refletida em
sintomas físicos. Segundo Farah; Sá (2008), os sintomas se apresentam como:

Necessidade de oxigenação

A oxigenação é vital para a sobrevivência; ao nascer, o primeiro ato que fazemos é


respirar. Os pulmões envolvem uma relação entre contração e descontração. E, por isso, tem um
simbolismo entre dar e receber, entre liberdade e restrição. Como exemplo, refletimos sobre um
indivíduo asmático; na asma a perda da figura materna é colocada como aspecto fundamental, o
anseio pelo amor provoca inspiração excessiva, enquanto a dificuldade para expirar está
relacionada à dificuldade para dar amor. Nessa condição, como o indivíduo asmático não pode
liberar suas angústias, agredindo a mãe, ele volta essa agressividade para si, expressada pela crise
asmática.

Necessidade de nutrição

Psicologicamente, está relacionada com as impressões concretas, que temos do mundo.


Mediante a digestão, aprendemos a diferenciar o que é suportável e o que é insuportável, ou seja,
aprendemos a assimilar materiais bons e eliminar o que não é digerível. A fome é o símbolo do
desejo e o comer reflete a satisfação.
A sucção se reflete em plena satisfação, após a dentição e o surgimento da dentição, exige-
se a agressividade; distúrbios da dentição estão relacionados com a dificuldade de trabalhar com a
agressividade. O próximo passo é a deglutição, dificuldade, nesse ato, indica resistência para
assimilar o que nos é oferecido, e deglutido com insistência. Apresentamos náuseas, um reflexo da
recusa, o vômito representa, simbolicamente, a impossibilidade de incorporação.
Disfunções estomacais simbolizam indivíduos, que não se permitem ao conflito, engolem
tudo, embutem a agressividade. E isso gera o aumento de suco gástrico, causando irritações e
doenças, pois, essa atitude não digere o que vem de fora, mas sua própria agressividade. Esse
indivíduo tem tendências de dependência da mãe, a úlcera pode cicatrizar, mas se novas ameaças,
a dependência pode reaparecer. A digestão se concretiza nos intestinos, eles refletem o medo de
errar. E se houver excessiva necessidade de perfeição, surgirão sintomas como diarréia, típicos do
intestino delgado.
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No intestino grosso, surge a prisão de ventre, refletindo o apego excessivo aos conteúdos
desnecessários. O pâncreas, uma glândula mista, endócrina e exócrina, ao produzir enzimas
pancreáticas, auxilia no grau de agressividade. Com relação a sua função endócrina, produz
insulina, que auxilia na absorção de açúcar, os diabéticos são sujeitos carentes de amor, porque
não conseguem digerir a doçura afetiva. O fígado armazena e gera energia, indivíduos com
problemas hepáticos vivem em conflito com o que pode ser prejudicial a eles, por isso têm pouca
energia e aprendem o controle e a paciência. A vesícula armazena bile; fígado produz bile.

Necessidade de percepção sensorial

Estes são responsáveis pela percepção do mundo, são eles, paladar, tato, audição, visão e
olfato. Os olhos simbolizam o espelho da alma, através deles, demonstramos sentimentos, que não
podemos admitir; não confiamos em pessoas que não mantêm o contato visual. Ouvir estabelece
que respondamos aos comandos. O tato, além de suas funções fisiológicas, estabelece vínculos
afetivos e sexuais.

A cabeça
Simbolicamente, está vinculada à razão; sujeitos com temperamento agressivos, ou com
potencial sexual tendem a sentir dores de cabeça, em tentativa de substituir a ação pelo
pensamento.

Necessidade de eliminação.
Os rins são responsáveis pelo equilíbrio ácido-básico do organismo, filtração das
moléculas para reabsorção ou eliminação. É um órgão associado à capacidade para absorção ou
parceria. Urinar oferece alívio e relaxamento e alívio.

Necessidade de circulação
Simbolicamente, o coração é o centro da vida afetiva; é um órgão vital e involuntário,
normalmente não o sentimos, podemos senti-lo quando temos fortes emoções, o que é fato é que,
cardiopatias ocorrem quando as pessoas se negam a ouvir suas emoções.

Necessidade de locomoção
O homem tem uma postura ereta, distúrbios de postura refletem submissão ao meio
externo, sintomatologias articulares expressam enrijecimento de atitudes.

Órgãos sexuais
São responsáveis pela procriação; distúrbios menstruais denotam a dificuldade frente às
regras impostas socialmente do que é ser mulher. A gravidez psicológica demonstra o conflito
entre o ser mãe sobre o medo de não ser uma boa mãe; a frigidez está associada à dificuldade para
o relaxamento e prazer.
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Adoecer
O processo de adoecimento, a possibilidade da morte coloca o indivíduo na situação inicial
de sua vida, que é o desamparo. Moura (1996) apud Ismael (2010, p. 5) afirma que tal situação
revela “A precariedade da condição humana, sua fragilidade, sua vulnerabilidade, sua
incompletude, sua finitude”. Ou seja, é nesse momento, que o ser humano reconhece sua finitude e
se dá conta de que não viverá eternamente. Em uma situação de hospitalização, a capacidade
de adaptação da pessoa é posta à prova. E, como conseqüência, o indivíduo pode desencadear
quadros de desordem psíquica (VIGUEIRAS, 2014).
Adoecer, portanto, é subjetivo, ou seja, cada indivíduo reage, de uma maneira, e todos
sofremos influências culturais e ambientais.

O HOMEM DIANTE DA MORTE

Até o século XIX, os cuidados paliativos eram o único cuidado prestado ao doente. Para
muitas doenças, não havia a cura; o nascimento e a morte aconteciam nos domicílios, e as pessoas
tinham explicações para o sofrimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cuidado
paliativo é definido como “Uma abordagem que visa a melhorar a qualidade de vida de pacientes
e familiares que enfrentam doenças incuráveis e que ameaçam a vida, por meio da prevenção e
do alívio do sofrimento físico, psicológico e espiritual”.
Com relação às questões físicas e psicológicas, muito se tem evoluído, cientificamente.
Contudo, sobre as questões espirituais, ainda existe uma fenda aberta, pois além de religião, o
processo do adoecimento envolve o sentido da vida e do sofrimento. A morte é de extremo
conflito para o ser humano, pois em nosso inconsciente, somos imortais. Dar más notícias não é
transformá-las em boas, mas sim dizer a verdade ao paciente e sua família. É ter a sensibilidade de
observar o que o paciente já sabe sobre sua situação e ao que quer e suporta saber.

Fases do luto

As fases do luto são evidenciadas em várias literaturas, segundo Prata (2017) a autora
Kübler-Ross (2003) foi a percursora ao classificar o luto em cinco fases. Segundo a autora, a
primeira fase é identificada como o período de negação e conseqüente isolamento do paciente.
Após a definição do diagnóstico, ele surpreende-se e fecha-se a fim de entender o que está
acontecendo.
A segunda fase é caracterizada pelo sentimento de raiva. Este ameniza-se ,com o passar
do tempo e passa a dar espaço à terceira fase, fase de barganha, na tentativa de findar o
sofrimento e a própria doença. A quarta fase apresenta-se com um quadro depressivo; contudo,
esse sofrimento tende a desaparecer, quando o paciente toma consciência de sua condição levando
a quinta fase que é a esperança.
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DALLY, Peter; HARRINGTON, Heather. Psicologia e psiquiatria na enfermagem. São Paulo: EPU, 1978
FARAH, Olga Guilhermina Dias; SÁ, Ana Cristina de (org). Psicologia aplicada à enfermagem. São Paulo: Manole, 2008.
PRATA, Henrique Moraes. Cuidados paliativos e direitos do paciente terminal. Barueri:SP. Manole, 2017
RIBEIRO, José Luís. A psicologia da saúde. In: ALVES, R. F. (org.) Psicologia da saúde: teoria, intervenção e pesquisa. Campo
Grande:EDUEPB, 2011. 345 p
VIGUEIRAS, Evelyn. Psicologia da saúde. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

ATIVIDADE AVALIATIVA

Vamos ver se você entendeu o que discutimos? Para isso, responda às questões a seguir.

1.Como alguns pacientes encaram o momento de doença?


2. Qual a relação do sistema imunológico com o estresse?
3. O que podemos fazer para atenuar o sofrimento psíquico e espiritual de um paciente
diante da morte?
Enviar para lima.rodriguespsi@gmail.com

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