Você está na página 1de 8

Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo que busca autorizar a


instalação, operação e etc de empreendimentos que utilizam recursos naturais ou possam ser
lesivos ao meio ambiente. Esse instrumento visa garantir a proteção do meio ambiente através
de medidas de prevenção, controle e atenuação de impactos ambientais.
Para atingir esses objetivos, o licenciamento se dá em três fases. A Licença Prévia, quando é
avaliada a compatibilidade do empreendimento com as normas ambientais, seus impactos
ambientais e as medidas de compensação ambiental a serem adotadas. A Licença de
instalação, quando é avaliada a execução do projeto e conformidade com a Licença Prévia e
também quando são definidas as condições para instalação do empreendimento. A Licença de
Operação é a última fase do licenciamento, quando são comprovadas as condições definidas
na Licença de Instalação e o empreendimento está, enfim, autorizado a iniciar suas operações.
Nesta fase, também, são definidas as medidas de monitoramento e controle ambiental a serem
adotadas durante e após a operação. Garantir o cumprimento dessas diretrizes não é uma
tarefa simples e muitas vezes requer, de fato, a existência de múltiplas avaliações e
acompanhamento prolongado.
Esse processo não é, indiscutivelmente, rápido e cada licença implica uma série de etapas e
procedimentos a serem cumpridos tanto pelo órgão responsável quanto pelo requerente da
licença. Essa morosidade do processo de licenciamento torna-se muitas vezes um incentivo
para que empresas operem sem ele, na ilegalidade. Buscando reduzir o tempo e esforços
necessários para o licenciamento foram criadas a Licença Ambiental Simplificada (LAS) e a
Licença Única (LU), além de outros. Esses instrumentos agilizam e simplificam o processo de
licenciamento para aqueles empreendimentos de baixo potencial poluidor enquanto mantém a
rigidez de procedimentos necessária para promover uma avaliação plena de impacto
ambiental naqueles casos onde é maior o potencial poluidor.

Autorregulação e Gestão Ambiental


A autorregulação, como o nome sugere, consiste nos mecanismos de gestão ambiental
promovidos voluntariamente pela empresa para monitorar e avaliar seus processos e impacto
ambiental Com esse tipo de instrumento a empresa age proativamente, incorporando a
preocupação com o meio ambiente às suas metas, políticas e estratégias. Essa preocupação
deixa de ser interpretada como custo adicional, passando a nortear a atuação da empresa e
podendo, até, tornar-se um fator gerador de lucro.
Um desses mecanismos de autorregulação são os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), que
são uma série de políticas, práticas e procedimentos voltados para a preservação e redução do
impacto ambiental. Esses sistemas buscam manter um monitoramento permanente do impacto
ambiental da empresa, identificando pontos onde pode haver redução dos efeitos ambientais
nos processos de produção.
Esse sistema divide-se em etapas. No planejamento é elaborado um plano de ação para a
concretização de sua política ambiental. Na fase de Implementação e Operação são
implementadas as estruturas necessárias para o bom funcionamento do SGA e é promovida a
capacitação dos servidores para operá-lo. Na Verificação e Ação coletiva busca-se mensurar,
monitorar e avaliar o desempenho ambiental da instituição. Na Análise Crítica são
identificados pontos de potencial aperfeiçoamento do SGA.
A implantação de um SGA pode trazer diversos benefícios à instituição, como a
conformidade com a lei, garantindo a atuação compatível com as normas e padrões
ambientais. Outro benefício da atuação proativa da empresa em preservação do meio
ambiente é a melhoria da percepção pública a seu respeito, que pode impactar positivamente
no aspecto econômico.

Zoneamento Ambiental
O Zoneamento Ambiental é um instrumento de classificação do território, de caráter
obrigatório, para a implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas. Ele tem
como objetivo determinar medidas e padrões de proteção ambiental, visando assegurar a
qualidade ambiental, de recursos hídricos e do solo e da biodiversidade, promovendo um
modelo de desenvolvimento sustentável.
Esse instrumento se efetiva na delimitação geográfica das áreas territoriais, com a estipulação
de regimes especiais de uso, gozo e fruição dessas áreas. Essa delimitação promove a
preservação das condições ambientais de certas áreas, que são protegidas pelo poder público.
O zoneamento não acaba, entretanto, na definição de áreas de preservação, ele compreende
também outras classificações como zonas metropolitanas e de uso industrial. Esse instrumento
busca, portanto, estimular a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável,
reduzindo desigualdades e promovendo a sustentabilidade econômica, ecológica e social.
O zoneamento ambiental, ou Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) é uma competência
compartilhada, isto é, de responsabilidade da União, estados e municípios. Esses entes devem
trabalhar em consonância para a promoção do desenvolvimento sustentável, elaborando cada
um seu próprio ZEE (ou plano diretor, no caso do município) que será acompanhado pela
Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional.
Para cada área analisada são estabelecidas as atividades adequadas a ela, levando em
consideração sua fragilidade ecológica, capacidade de suporte ambiental e potencialidades.
Essas áreas podem ser unidades de conservação, de proteção integral ou uso sustentável.
Além dessas, existem outros tipos de zoneamento, como zoneamento agrícola e o costeiro e as
diferentes classificações do zoneamento ambiental urbano, Zonas de Uso Industrial,
Estritamente Industrial, Predominantemente Industrial ou Diversificado.
O zoneamento ambiental permite uma gestão adequada do território, conciliando a
preservação ambiental com atividades econômicas e sociais. A identificação das áreas e de
seus potenciais de uso leva em consideração as características ecológicas, sociais e
econômicas da região, permitindo estabelecer critérios de uso e exploração que minimizem os
impactos ambientais mas ainda permitam o desenvolvimento econômico da região.

Servidão Florestal e Ambiental e Concessão Florestal


A Servidão Florestal e Ambiental é o processo através do qual um proprietário se compromete
a destinar parte de sua propriedade para a conservação da vegetação nativa, mantendo o
direito de propriedade da área mas empregando práticas de conservação, como recuperação de
áreas degradadas e implantação de áreas de agrofloresta. Em contrapartida, ele está elegível a
receber incentivos econômicos, como isenção de impostos, financiamento e até pagamento
pelo serviço ambiental prestado. Além do aspecto econômico, o proprietário pode se
beneficiar de formas “secundárias”, com a valorização da propriedade, reconhecimento social
e garantindo o cumprimento da legislação ambiental.
A Servidão Florestal e Ambiental é um instrumento que parte da iniciativa do ente privado,
que busca promover a proteção ambiental em sua propriedade. A Concessão Florestal é um
instrumento complementar, de iniciativa pública, que busca promover o uso sustentável dos
recursos naturais em propriedades públicas. Através de práticas de manejo florestal
responsável e preservação ambiental o poder público concede a um particular a prerrogativa
de explorar economicamente áreas florestais públicas, o que promove geração de empregos e
renda enquanto mantém a premissa de conservação da biodiversidade. Essa concessão se dá
por um período de tempo determinado em acordo entre os entes e mediante o pagamento de
uma taxa, por parte do particular.
Entre os maiores obstáculos para a disseminação desses instrumentos estão a falta de
conhecimento a seu respeito, a grande burocracia envolvida em sua implementação, os custos
atrelados à promoção de estudos e manutenção da área preservada e a dificuldade de
fiscalização. A solução desses problemas não é tarefa fácil, mas enfrentá-los torna-se
essencial para que esses instrumentos sejam efetivos e atrativos não só para o poder público
mas também para os entes privados, uma vez que são de caráter facultativo. A
disponibilização de financiamentos para criação e manutenção dessas áreas de Servidão
Florestal e Ambiental lidaria com dois desses obstáculos, enquanto facilita a adesão daqueles
que já conhecem e estão interessados também ajuda a disseminar o modelo, enfatizando os
benefícios associados a ele. Atrelado a isso, uma simplificação dos procedimentos contribuiria
muito para o aumento do interesse e, dessa forma, da extensão de áreas preservadas.
Tanto a Servidão Florestal Ambiental quanto a Concessão Florestal são formas inteligentes de
lidar com a necessidade da busca por desenvolvimento econômico sem deixar de lado a
preocupação com a preservação do meio ambiente. Associar esses objetivos é fundamental
para que a preservação do meio ambiente seja vista como um propósito, e não como um
encargo. Reconhecer o desenvolvimento econômico e financeiro como finalidades intrínsecas
à esfera privada permite pensar formas de alcançar esses objetivos de forma sustentável,
estimulando a participação desses entes nos esforços públicos de preservação do meio
ambiente.

Seguro Ambiental
O seguro ambiental é uma modalidade de seguro onde a empresa contratada assegura à
contratante a proteção contra gastos advindos da contaminação e poluição do meio ambiente,
resultantes da atividade exercida pela segurada. Essa proteção, diferente do Seguro de
Responsabilidade Civil Ambiental, cobre a maior parte dos danos que podem derivar de
atividades potencialmente poluentes, podendo compreender até transporte, armazenamento e
descarte.
O seguro garante que, no caso de degradação ambiental causada pela atividade da empresa, os
as despesas relacionadas à limpeza e reparação de danos, tanto ao meio ambiente quanto à
terceiros e à comunidade, serão custeados pela seguradora, além de possíveis multas e
penalidades aplicáveis. O seguro ambiental não é obrigatório no Brasil, mas pode ser exigido
por lei em algumas situações, como no caso de licitação.
Alguns custos que podem estar assegurados são a remediação, limpeza do local, danos
pessoais e materiais, descarte de resíduos e transporte. Além da cobertura do seguro, são
estabelecidas também as exclusões, como de danos advindos de atividades envolvendo
materiais nucleares ou ilícitas. As condições de cobertura do seguro são acordadas entre a
seguradora e a empresa segurada, avaliando os potenciais impactos das atividades
desenvolvidas pela segurada. Isso pode resultar em um alto custo de contratação da apólice,
no caso de constatação de alto risco durante a avaliação.
Ressaltamos que, na maioria dos casos, a contratação do seguro não é obrigatória, mas pode
trazer diversas vantagens para a empresa, apesar do alto custo de contratação. Resguardar
investidores, financiadores e acionistas no caso de um evento ambiental negativo, melhora da
percepção da imagem da empresa, sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
Entre as vantagens decorrentes do seguro uma se destaca, tanto da perspectiva da empresa
quanto da comunidade e do meio ambiente. Facilitar a reparação de eventuais danos
ambientais, através da disponibilização dos recursos necessários para isso, é evidentemente
um benefício para a empresa responsável mas é, talvez, mais benéfico ainda para o meio
ambiente e a comunidade afetada por esses impactos ambientais.
Desde o rompimento da barragem de Mariana em 2015 testemunhamos uma série de desastres
ambientais no Brasil, como Brumadinho e o vazamento de óleo na costa do Nordeste, que
deixam vestígios até hoje. Muitas vezes os danos causados por esses desastres são tão
extensos que as empresas não são capazes de mitigá-los e protelam a reparação, deixando que
o assunto caia em esquecimento e saia das manchetes. Essa situação pode ser solucionada
com a contratação de um seguro ambiental extenso e compreensivo, que seja acordado tendo
em vista esses riscos.
Esse tipo de medida preventiva permite que a empresa tente desenvolver suas atividades de
forma sustentável, mas que, no caso de impacto ambiental, tenha condições de atuar na
reparação, resguardando os interesses da sociedade e recuperando o meio ambiente.

Compras Públicas Sustentáveis


As compras públicas sustentáveis são uma forma da administração pública impulsionar o
desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis através de suas escolhas econômicas.
Elas levam em conta critérios ambientais como a análise do ciclo de vida dos produtos, as
condições de trabalho oferecidas pela empresa ofertante e etc.
O consumo responsável de bens e serviços favorece o desenvolvimento social e econômico de
forma sustentável, melhorando a imagem institucional da administração pública. Entretanto, a
adesão a esse padrão de compras enfrenta dificuldades na estrutura organizacional e
capacitação de servidores. Os gestores públicos responsáveis por essas compras muitas vezes
não possuem conhecimento suficiente a respeito de tecnologias e práticas sustentáveis, têm
pouco suporte nas ferramentas de informação e muitas vezes ao tentar optar por alternativas
melhores encontram uma escassez de oferta. Uma outra dificuldade, que será abordada
posteriormente, é a percepção do custo elevado desse tipo de produtos e serviços.
Considerando as dificuldades internas da administração pública, a promoção de certificações
ambientais confiáveis e de capacitação de servidores contribui significativamente para a
melhoria e efetivação desse instrumento. Com servidores capacitados e um banco de dados
confiável, que facilite o processo de decisão, as compras públicas sustentáveis se tornam uma
grande ferramenta para incentivar a atuação do mercado na busca do desenvolvimento
sustentável. O Programa Nacional de Compras Públicas Sustentáveis, do Ministério do Meio
Ambiente, fornece apoio aos servidores nesse sentido, oferecendo orientações e capacitação.
É indiscutível que o maior fator promotor de mudanças no mercado é o aspecto econômico,
por isso as compras públicas são uma forma da administração pública guiar o mercado para o
desenvolvimento sustentável através de seus investimentos, aplicando seus esforços onde
mais geram resultados.
Idealmente o mercado se atentaria a essas alternativas e inovações por uma preocupação
legítima com o meio ambiente, entretanto não é realista esperar que ele aja de forma altruísta,
humanitária ou benevolente. Sabendo que o lucro é o objetivo predominante dessas empresas,
apelar para ele torna-se uma estratégia viável e promissora para estimular ações pró
ambientais e sociais.
A escassez de produtos e serviços sustentáveis é algo como uma profecia auto-realizável, a
baixa demanda gera uma lacuna de oferta. Com o aumento da preocupação sobre a
sustentabilidade de compras públicas e a efetivação desse modelo de compras, esse seria
entendido como um campo próspero, em crescimento, o que estimularia o interesse pela oferta
desses produtos e serviços sustentáveis. Entretanto, alternativas sustentáveis muitas vezes
demandam investimento em inovação e tecnologia, o que prejudica pequenas empresas, com
baixo potencial de investimento, onde muitas vezes é mais fácil ocorrer uma mudança de
paradigma. Esse acesso poderia ser viabilizado para as empresas interessadas através de
programas de financiamento, possivelmente com foco em micro e pequenas empresas que
estejam buscando o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de produção.
Quanto à percepção dos custos elevados é necessário primeiro desmistificar essa noção de que
alternativas sustentáveis são mais caras, o que não é sempre o caso. Em segundo lugar, é
preciso entender que, no caso de produtos não sustentáveis, há um custo ambiental que não é
contabilizado e que muitas vezes é oneroso à administração pública, que precisa trabalhar
para reparar o dano causado pelas alternativas não sustentáveis.
Taxa sobre Produtos Poluentes
A cobrança de taxas sobre produtos poluentes engloba diversas taxas e impostos que incidem
sobre produtos como combustíveis fósseis, automóveis, produtos que consomem recursos
ambientais, emitem gases poluentes, geram resíduos sólidos ou poluição da água.
Elas buscam compensar de certa forma o dano ambiental causado por esses produtos e
também custear as funçoes de fiscalização e monitoramento exercidas pela administração
pública a fim de proteger o meio ambiente.
Existem dois tipos de produtos poluentes, os primários, emitidos diretamente e os
secundários, que tornam-se poluentes no contato com a atmosfera. As principais atividades
emissoras desse tipo de produto são aquelas industriais, como fabricação de fertilizantes,
fundição de alumínio e aço e até na produção de papel.
Considerando que esses (potenciais) poluidores são a razão da necessidade de fiscalização,
monitoramento e recuperação do meio ambiente, surge o princípio do poluidor pagador,
estabelecido na Lei 12.305/10. A Lei define o poluidor como a pessoa responsável direta ou
indiretamente pela degradação ambiental.
As taxas e tributos baseados nesse princípio são a compensação econômica do poluidor pela
degradação do meio ambiente. Essas taxas não dão ao pagador o direito de poluir e explorar o
meio ambiente, são apenas o custo das medidas de reparação causadas pela sua atividade.
A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, recolhida pelo IBAMA é cobrada de pessoas
físicas ou jurídicas que desempenham atividades potencialmente poluidoras e é baseada na
atividade e no seu potencial poluidor. Essa cobrança proporcional estimula as empresas a
adotarem práticas mais sustentáveis, reduzindo seu impacto ambiental com o objetivo de
pagar uma taxa menor. A arrecadação dessa taxa é destinada ao custeio das atividades de
controle, monitoramento e fiscalização do instituto.
O Imposto sobre Produtos Industrializados é um imposto federal e incide sobre a produção e
comercialização de produtos industrializados, pode ser baseado em uma alíquota fixa ou
percentual sobre o valor do produto. Ele é um imposto indireto, ou seja, é repassado ao
consumidor no preço final do produto. Por isso alguns itens considerados essenciais, como
alimentos e medicamentos, têm isenção de IPI.
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é um imposto estadual, tendo suas
alíquotas definidas por lei estadual e constituindo uma das principais fontes de arrecadação
dos estados. Ele incide sobre a circulação de mercadorias e a prestação de serviços de
transporte e comunicação.
A cobrança de taxas sobre produtos poluentes ou industrializados é uma importante
ferramenta para mitigar os custos ambientais causados pela produção e consumo desses
produtos e custear ações de monitoramento, controle e fiscalização, que garantem que essas
empresas atuem dentro da lei. Entretanto, essa cobrança, que muitas vezes é repassada ao
consumidor, pode ser um fator de agravamento da desigualdade social, tornando esses
produtos menos acessíveis à população mais pobre. Outra consequência da cobrança de
impostos é a resistência política e a dificuldade de regulação. A relutância em pagar taxas
(que aumentam o custo de produção e, portanto, o custo final) gera pressões opositoras dos
grupos de interesse afetados e pode levar algumas empresas à sonegação e corrupção. Por isso
é indispensável analisar os critérios de cobrança de modo que possam financiar as atividades
de controle, mas buscando não onerar a população ou estimular a atuação fora da lei.

Você também pode gostar