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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS - CIRCUITOS DIGITAIS - Prof. Nelson M.

Kanashiro

CAPÍTULO 6 - CIRCUITOS BIESTÁVEIS (FLIP-FLOP)

O campo de eletrônica digital é basicamente dividido em duas áreas que são:

a) lógica combinacional

b) lógica seqüencial

Os circuitos combinacionais, vistos até a aula anterior, apresentam as saídas única e exclusivamente
dependentes das variáveis de entrada.

Os circuitos seqüenciais têm as saídas dependentes das variáveis de entrada e/ou de seus estados
anteriores que permanecem armazenados.

Vários circuitos seqüenciais são sistemas pulsados, isto é, operam sob comando de uma seqüência de
pulsos denominada de "clock".

O flip-flop é um dispositivo que possui dois estados estáveis (0 ou 1), para o flip-flop assumir um destes
estados é necessário que haja uma combinação das variáveis e de um pulso de controle (clock). Após
este pulso, o flip-flop permanecerá neste estado até a chegada de um novo pulso de controle (clock) e,
então de acordo com as variáveis de entrada, permanecerá ou mudará de estado.

Basicamente podemos apresentar o flip-flop como um bloco onde temos duas saídas Q e Q , entradas
para as variáveis e uma entrada de controle ( clock).

Entrada 1
Saída Q
Controle (Clock) Entrada 1
Saída Q
Entrada 2

Os dois estados estáveis possíveis mencionados acima são:

a) Q = 0 e Q = 1

b) Q = 1 e Q = 0

Vamos agora analisar os circuitos de flip-flop e seus comportamentos.

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1. FLIP-FLOP RS / PORTA OU

Os circuitos de lógica seqüenciais têm a capacidade de armazenar informações. Esta capacidade de


retenção de dados é obtida graças aos elos de realimentação que liga a saída à entrada, de forma que,
o dado de saída retorna à entrada.

Para exemplificar o funcionamento da realimentação, consideremos o seguinte circuito:

Realimentação
A
B Q

a) Consideremos, inicialmente que B = 0 ; A = 0 e Q = 0

A=0
B=0 Q=0

b) Se B muda para 1 (B=1), temos Q=1 e através da realimentação A=1:

A=1
B=1 Q=1

c) Se B retorna para 0 (B=0), ainda temos A=1 mantendo então Q=1:

A=1
B=0 Q=1

A entrada “B! retornando para 0 não modifica a saída “Q” porque existe 1 na entrada “A”. O circuito
memoriza que a entrada “B” foi igual a 1 uma vez e a saída permanece em 1 enquanto o circuito estiver
operando, sendo necessário desligar o circuito para apagar esta memória.

O flip-flop RS pode ser construído com duas portas NOU com realimentação de cada uma das duas
saídas.

É denominado RS porque possui duas entradas denominadas Reset (restaurar) e Set (estabelecer).

Reset (restaurar)  Q = 0

Set (estabelecer)  Q = 1

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R Q

S Q

Funcionamento do circuito:

a) Operação restaurar (R=1 e S=0). Temos as saídas: Q = 0 e Q = 1:

R=1 Q=0
1

0
S=0 Q =1

b) Operação manter (R=0 e S=0). Os estados das saídas são mantidas: Q = 0 e Q = 1:

R=0 Q=0
1

0
S=0 Q =1

c) Operação estabelecer (R=0 e S=1). Temos as saídas: Q = 1 e Q = 0:

R=0 Q=1
0

1
S=1 Q =0

d) Operação manter (R=0 e S=0). Os estados das saídas são mantidas: Q = 1 e Q = 0:

R=0 Q=1
0

1
S=0 Q =0

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e) Estado proibido (R=1 e S=1). Esta situação força as saídas complementares serem iguais ( Q = 0 e
Q = 0 !!!), por este motivo esta situação não é utilizada nos flip-flop RS.

R=1 Q=0
0

0
S=1 Q =0

Em condições normais de operação as saídas são sempre complementares (Q  Q ).

A tabela da verdade para o circuito flip-flop RS / NOU:

Operação R S Q Q
Manter 0 0 Q0 Q0
Estabelecer 0 1 1 0 Q - estado atual da saída Q

Restaurar 1 0 0 1 Q0 - estado anterior da saída Q

Proibido 1 1 0 0

Os diagramas de tempo (cartas de tempo) são muito utilizadas para explicar o funcionamento dos
circuitos flip-flop. As situações possíveis indicadas são as mesmas que as encontradas na tabela da
verdade:

R Q

S Q

t
S

t
Q

Qualquer t
estado Q

Manter Restaurar Manter Estabelecer Manter t

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2. FLIP-FLOP RS / PORTA NE

Pode-se construir um circuito flip-flop com portas NE (NAND):

S
Q

R Q

Neste circuito as entradas são invertidas ( S e R ), atuando em nível “0”.

a) Tabela da verdade para o circuito flip-flop RS / NAND:

Operação S R Q Q
Proibido 0 0 1 1
Estabelecer 0 1 1 0
Restaurar 1 0 0 1
Manter 1 1 Q0 Q0

Q - estado atual da saída Q

Q0 - estado anterior da saída Q

b) Diagrama de tempo:

t
S

t
Q

Qualquer t
estado Q

Manter Restaurar Manter Estabelecer Manter t

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3. FLIP-FLOP JK

O flip-flop RS é denominado de assíncrono porque opera sem a necessidade de pulsos de


sincronização. O flip-flop JK é denominado síncrono porque funciona em compasso com um sinal de
temporização, denominada como clock (relógio).

No flip-flop JK não existe o inconveniente do “estado proibido” onde temos Q = Q . O flip-flop JK é


representado a seguir:

Entrada J J Q As entradas J e K definem,


juntamente com o sinal de clock
Entrada de relógio Clk Saídas
(Clk), os estados das saídas Q e Q .
Entrada K K Q

Existem flip-flop’s onde a mudança do estado da saída (Q) ocorre somente durante a transição da
entrada clock ou ainda disparo por borda de subida ou descida. O sinal “>” indica que a entrada clock é
sensível à borda.

a) Disparo com nível alto:

Clk Clk

b) Disparo com nível baixo:

Clk Clk

c) Disparo com borda de subida:

Clk Clk

d) Disparo com borda de descida:

Clk Clk

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a) Tabela da verdade para o circuito flip-flop tipo JK:

Operação Clk J K Q Q Observações

Manter X X Q0 Q0
Saída sem
mudança
Manter 0 0 Q0 Q0

Restaurar 0 1 0 1 Q=0

Estabelecer 1 0 1 0 Q=1
Saída Q muda
Bascular 1 1 Q0 Q0
de estado

X – Qualquer estado

b) Diagrama de tempo:

t
K

t
Clk

t
Q

Qualquer t
estado Q

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Os flip-flop’s podem ter mais entradas: Set ( S ) e Reset ( R ). Estas entradas são ativas em nível baixo.

R t

S
t
J

Entrada J J Q t
K
Entrada de relógio Clk Saídas
t
Q Clk
Entrada K K

t
Q
R
t
Q

 S (Set) - posiciona a saída Q em 1 e Q em 0 e independe das demais entradas.


 R (Reset) - posiciona a saída Q em 0 e Q em 1 e também independe das demais entradas.

As entradas S e R têm prioridade sobre as demais entradas.

Operação Clk S R J K Q Q

Proibido X 0 0 X X 1 1

Reset X 1 0 X X 0 1

Set X 0 1 X X 1 0

Manter 1 1 0 0 Q0 Q0

Restaurar 1 1 0 1 0 1

Estabelecer 1 1 1 0 1 0

Bascular 1 1 1 1 Q0 Q0

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O circuito abaixo é do flip-flop JK implementado com portas NAND:

J Q

Clk

K Q

4. FLIP-FLOP TIPO D

O flip-flop tipo D pode ser obtido a partir de um flip-flop JK:

Entrada D J Q

Entrada de relógio Clk Saídas

K Q

a) Tabela da verdade:

Clk D J K Q Q Obs.:

0 0 1 0 1
Q=D
1 1 0 1 0

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b) Diagrama de tempo:
D

t
Clk

t
Q

t
Q

Simbologia simplificada:

D Q

Clk Q

5. FLIP-FLOP TIPO T

O flip-flop tipo T também pode ser obtido a partir de um flip-flop JK:

Entrada T J Q

Entrada de relógio Clk Saídas

K Q

a) Tabela da verdade:

Clk T J K Q Q Obs.:

0 0 0 Q0 Q0 Não ocorre mudança


As saídas alternam os
1 1 1 Q0 Q0
estados

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b) Diagrama de tempo:

t
Clk

t
Q

t
Q

Simbologia simplificada:

T Q

Clk Q

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EXERCÍCIOS

1) Na figura ao lado temos um flip-


flop RS utilizado para acionar um +5V Reset
Q
LED. A chave S possui duas
posições e é utilizada para S R1
R3
aplicar +5V (nível “1”) às
entradas Reset ou Set. Os
LED
resistores R1 e R2 garantem
nível baixo (0) quando as Set
R2
entradas não estiverem
conectadas ao +5V. O resistor
R3 limita a tensão e corrente no
LED.

Nestas condições, pede-se completar o diagrama abaixo, indicando se o LED está aceso (nível alto) ou
apagado (nível baixo):

Reset

Set t

LED t

2) Na figura abaixo temos um flip-flop +5V


RS utilizado para acionar um LED.
S R1
Os botões S e R são utilizadas para
aplicar 0V (nível “0”) às entradas. Os Q
resistores R1 e R2 garantem nível +5V
alto (1) quando as entradas não R3
R R2
estiverem conectadas a terra (0V). O
LED
resistor R3 limita a tensão e a
corrente no LED.

Nestas condições, pede-se completar o diagrama a seguir, indicando se o LED está aceso
(nível alto) ou apagado (nível baixo):

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t
R

LED t

3) Para o flip-flop JK representado abaixo, pede-se completar o diagrama de tempo:

Entrada J J Q

Entrada de relógio Clk Saídas

Entrada K K Q

R
S

R t

t
J

t
K

t
Clk

t
Q

Q t

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