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a) 

Rimas emparelhadas: quando se sucedem de duas a duas (AABB).


b) Rimas alternadas: quando, de um lado, rimam os versos ímpares (o
primeiro com o terceiro, etc.) e, de outro, os versos pares (ABAB).
c) Rimas opostas ou interpoladas: quando o primeiro verso rima com o

quarto, e o segundo, com o terceiro verso (ABBA).

1) Classificação da rima quanto à


posição no verso
De acordo com a posição da rima no verso, ela pode ser:

1. final: quando a última palavra de um verso rima com a última


palavra de um verso posterior.
2. interna: quando a última palavra de um verso rima com uma
palavra no interior do verso seguinte. 

Em Aventura Meridiana, de António Feliciano de Castilho, podemos


observar a presença desses dois tipos de rima:
“Era na estiva quadra! Intenso meio-dia 
Pedia um respirar; 
No meio do meu peito 
Me deito a descansar. 
Janela entreaberta, esquiva ao sol fogoso, 
Repouso ali mantém; 
Luz como a de espessura 
Escura ao quarto vem”.
Em cada uma das estrofes acima, as rimas se posicionam assim:

– o final do 1º verso rima com a 2ª sílaba do 2° verso (dia-pedia / fogoso-


repouso). Ou seja, a rima é interna.
– o final do 2° verso rima com o final do 4° verso (respirar-descansar /
mantém-vem). Ou seja, a rima é final;
– o final do 3° verso rima com a 2ª sílaba do 4° verso (peito-deito /
espessura-escura). Nessa caso, a rima também é interna.

2) Classificação da rima quanto à


posição na estrofe
A rima pode ser disposta na estrofe de variadas maneiras. Conforme sua
colocação, é denominada:

1. emparelhada: rima de dois versos seguidos. Esquema AABB etc.


Numa vida anterior, fui um xeque macilento
E pobre… Eu galopava, o albornoz solto ao vento,
Na soalheira candente; e, herói de vida obscura,
Possuía tudo: o espaço, um cavalo, e a bravura. 
(Olavo Bilac)
2. alternada: quando, num grupo de quatro versos, verso ímpar rima
com verso ímpar e verso par rima com verso par.
Esquema ABAB etc.

Somos dois. Cada qual mais triste e mais calado. 


Anda lá fora o luar garoando no jardim… 
Tenho pena da sombra imóvel a meu lado, 
possuída da expressão de um silêncio sem fim.
E recordo, em voz alta, o meu tempo passado, 
e a sombra chega mais para perto de mim. 
(Olegário Mariano)

3. interpolada: quando, num grupo de quatro versos, o 1° verso rima


com o 4°, e o 2° rima com o 3°. Esquema ABBA.
Saudade! Olhar de minha mãe rezando 
E o pranto lento deslizando em fio…
Saudade! Amor da minha terra… O rio 
Cantigas de águas claras soluçando.
(Da Costa e Silva)

4. encadeada: quando o 1° verso rima com o 3°; o 2° rima com o 4°


e o 6°; o 5° rima com o 7° e o 9° e assim por diante.
Esquema ABABCBCDC etc.

Sei de uma criatura antiga e formidável,


Que a si mesma devora os membros e as entranhas 
Com a sofreguidão da fome insaciável.
Habita juntamente os vales e as montanhas 
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.
Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.
(Machado de Assis)

5. iterada: a rima se repete no mesmo verso.


Donzela bela, que me inspira à lira
um canto santo de fremente amor,
ao bardo o cardo da tremenda senda
estanca, arranca-lhe a terrível dor!
(Castro Alves)
6. misturada: rima disposta livremente, sem critério fixo.
É meia-noite… e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo da desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento que passa
Por meus cabelos fugaz:
“Vento frio do deserto,
Onde ela está? Longe ou perto?
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe. “Oh! Minh’amante, onde estás?…
(Castro Alves)

3) Classificação da rima quanto à


fonética
Foneticamente, a rima pode ser: 

1. perfeita ou consoante: apresenta fonemas iguais, a partir da


última vogal tônica. 
Céu puro que o sol trouxe
Claro de norte a sul,
O teu olhar é doce,
Negro assim, qual se fosse
Inteiramente azul.
(Alphonsus de Guimaraens)

Como a rima é uma identidade de sons, não de letras, em alguns casos


de rima perfeita teremos letras diferentes com sons iguais. É o que
ocorre em trouxe, doce e fosse.
2. imperfeita: apresenta fonema semelhante, mas não idêntico. Se
divide em toante (assonante) e aliterante.

a) toante ou assonante: apresenta repetição da vogal tônica.

Molha em teu pranto de aurora as minhas mãos pálidas, 


Molha-as. Assim eu as quero levar à boca, 
em espírito de humildade, como um cálice 
de penitência em que a minha alma se faz boa…
(Manuel Bandeira)

b) aliterante ou aliterada: apresenta repetição de sons consonantais.


Sua utilização, normalmente, parte do desejo de imitar algum som.

No exemplo abaixo, a repetição do fonema /v/ nos remete ao som do


violão.

Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas, 
Vagam nos velhos vórtices velozes 
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas
(João Cruz e Sousa)

4) Classificação da rima quanto ao


acento tônico
Considerando a posição do acento tônico das palavras que a forma, a
rima denomina-se: 

1. aguda ou masculina: ocorre entre palavras oxítonas.


Vinhos dum vinhedo, frutos dum pomar,
Que no céu os anjos regam com luar…
(Guerra Junqueiro)

2. grave ou feminina: ocorre entre palavras paroxítonas.


Calçou as sandálias, tocou-se de flores,
Vestiu-se de Nossa Senhora das Dores.
(António Nobre)

3. esdrúxula: ocorre entre palavras proparoxítonas.


No ar lento fumam gomas aromáticas
Brilham as navetas, brilham as dalmáticas.
(Eugénio de Castro)

5) Classificação das rimas quanto ao


valor
Segundo o seu valor, a rima é classificada em: 
1. pobre: é a rima vulgar, feita com terminações muito correntes no
idioma, e também a formada com palavras da mesma classe
gramatical. 
– advérbios em –mente: tristemente e pobremente
– terminação –ão: coração e irmão
– terminação –eza: natureza e beleza
– terminação –or: dor e amor
– gerúndo terminado em –ando: dilatando e devastando
– particípio terminado em –ado: criado e celebrado
2. rica: é formada com palavras de classe gramatical diferente e de
finais pouco frequentes.

O teu olhar, Senhora, é a estrela da alva 


Que entre alfombras de nuvens irradia: 
Salmo de amor, canto de alívio, e salva 
De palmas a saudar a luz do dia…
(Alphonsus de Gumaraens)

3. rara: é obtida entre palavras de muito poucas rimas possíveis,


sendo difícil de encontrar, como tisne e cisne.
Um dia, um cisne morrerá, por certo: 
quando chegar esse momento incerto, 
no lago, onde talvez a água se tisne, 
que o cisne vivo, cheio de saudade, 
nunca mais cante, nem sozinho nade, 
nem nade nunca ao lado de outro cisne!
(Julio Salusse)

4. preciosa: é artificial, formada com palavras combinadas,


como espasmos e dás-mos.
“Cultuo a Dor… a Dor, cujo reverso é o gozo, 
é o prazer, é a volúpia, é o mundo dos espasmos… 
O heroísmo, a glória e o que há de mais maravilhoso, 
— Ó Dor dos imortais, Dor que me orgulhas, — dás-mos.” 
(Hermes Fontes)

Há ainda o caso dos versos que não rimam com nenhum outro verso.
Esses são chamados de versos brancos ou soltos.
Resumo da classificação das rimas
Para finalizar, vamos conferir um resumo sobre a classificação das rimas:

1. Classificação quanto à posição no verso:

 Final
 Interna
2. Classificação quanto à posição na estrofe:

 Emparelhada
 Alternada
 Interpolada
 Encadeada
 Iterada
 Misturada
3. Classificação quanto à fonética:

 Perfeita ou consoante
 Imperfeita:
o Toante ou assonante
o Aliterante ou aliterada
4. Classificação quanto ao acento tônico:

 Aguda ou masculina
 Grave ou feminina
 Esdrúxula
5. Classificação quanto ao valor:

 Pobre
 Rica
 Rara
 Preciosa
*

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