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O que vamos compartilhar com você nas próximas linhas deste e-book pode

literalmente repercutir na durabilidade das suas restaurações.

Para falar a verdade, preferimos dizer que você irá se tornar um cirurgião-dentista
muito mais crítico e assertivo nas suas abordagens com resinas compostas.

Por que?

A razão é simples. Na nossa opinião, você só gera tratamentos duradouros se você


conhecer os detalhes dessa etapa essencial: o acabamento e polimento.
Para ser mais preciso, acreditamos que o emprego da morfologia, texturas,
polimento e brilho final são essenciais para um excelente resultado.

Em outras palavras, o que iremos te ensinar neste e-book, é o processo COMPLETO


para você conseguir resultados cada vez mais longevos com as suas resinas. E, de
maneira associada, se sentir mais realizado, afinal, você vai aprender de fato, como
entender os detalhes dos dentes naturais e a forma de transpor todas as suas
características para as suas restaurações.
Em resumo, iremos de mostrar através de um Pode parecer uma pergunta obvia, mas você
roteiro, um passo a passo, uma sequência vai entender o motivo.
simples e didática, como remeter as caracte- Preparado?
rísticas essenciais nas suas restaurações em Você sabe realizar o acabamento e
resina composta. polimento das suas restaurações?
E para isso, nós vamos precisar trabalhar Seja honesto. Não tem ninguém ouvindo a
esse conteúdo em duas partes: nossa conversa.
Você tem uma técnica definida para executar
Parte 01: A compreensão das características
esse passo tão criterioso?
dos dentes naturais;
Eu pergunto isso por uma razão muito
simples.
Parte 02: A sequência de 10 passos técnicos
Tornar a técnica simplificada e reproduzível é
para um excelente acabamento e polimento.
uma tarefa muito difícil, que remete,
E aqui está o detalhe mais importante que principalmente, ao conhecimento dos
você precisa entender: materiais disponíveis no mercado, suas
Mas antes de te apresentar o detalhe mais principais formas de utilização e do seu
importante, nós precisamos te fazer uma posicionamento.
pergunta.

Figura 1. Dentes naturais e restaurações em resina composta se comportam de maneira


distintas. A determinação correta das escolhas e espessuras das camadas implicarão de
maneira significativa no resultado final da restauração.
E é nítido que os dentistas quando estão
executando esse passo, não desprendem
o tempo necessário, e acabam, muitas
vezes, se frustrando com o seu próprio
resultado.
Mas os nossos primeiros resultados não
A foram diferentes.
E temos que falar sobre os nossos
primeiros resultados, porque acreditamos
que tudo tem um começo.
Fazíamos algo muito mais objetivo, rápido,
sem se preocupar com a rotação adequa-
da, irrigação, material ou até mesmo com
B o posicionamento do dentista/paciente na
etapa de acabamento.
Para tanto, crescemos, evoluímos, aperfei-
çoamos as nossas técnicas e consegui-
mos criar um roteiro compreensível e
prático acerca dos detalhes naturais e da
sua aplicabilidade no momento final das
C
restaurações.
Então vamos lá. Se você é uma pessoa que
se considera completamente apta para
realizar o procedimento de acabamento e
polimento, esse material não terá utilidade
para você.
Mas se você entende as suas limitações,
D
deseja ir a um próximo nível e quer encontrar
Figuras 2 A-D. Restaurações em resina composta direta
os meios para isso, esse material foi
nos dentes 13 a 23. Conhecer os critérios de execução
das camadas e de acabamento e polimento se fazem realmente feito para você.
extremamente necessários para o resultado restaurador
satisfatório, bem como para a longevidade do
tratamento.
Mas aqui estão os quatro detalhes mais E por mais que muitos clínicos ainda
importantes que você precisa entender: considerem a cor como um dos principais
1. Conteúdos; fatores críticos da abordagem restauradora
2. Processos; com resina composta, acreditamos que a
3. Orientações; forma deve ser sim levada completamente
4. Acompanhamento. em conta.
Sem desmerecer a importância da cor,
Todo e qualquer procedimento clínico pode
acreditamos que pequenas alterações na
ser executado entendendo o que está por
morfologia e/ou textura nos dentes
trás desses 4 termos.
adjacentes tendem a provocar reflexões/
E quando você compreende como estabele-
absorções distintas de luz, as quais são
cer um excelente acabamento e polimento
prontamente reconhecidas pelos nossos
superficial, as suas restaurações em resina
olhos, mesmo em situações onde a cor da
composta ficarão muito mais naturais,
restauração se encontra similar a dos dentes
mantendo essas características de maneira
vizinhos.
duradoura.
Isso significa que pequenas alterações de
Deixa nós explicarmos isso em detalhes para
cor ou croma das restaurações com relação
você.
a estrutura dental homologa ou adjacente
Cada morfologia empregada, exige um
podem não comprometer o resultado, desde
conhecimento apurado e específico.
que a morfologia se encontre o mais
Não sei se você já percebeu, mas tendemos
simétrica possível.
a estabelecer uma mesma morfologia para
E são sobre essas características que
todo paciente, independente da sua idade ou
iremos abordar de forma subsequente.
gênero.
A parte 01 desse Manual, trata exatamente
Embora conhecer a diferença entre as
desse assunto: conceitos acerca da
características dentárias de um paciente
compreensão das características dos dentes
jovem, adulto e idoso e as nuances que
naturais, tão fundamentais para a nossa
distinguem homens e mulheres, acreditamos
prática clínica, independente da área de
que cada paciente merece ser individuali-
atuação.
zado: cada formato, cada textura, cada
Você irá compreender características
posicionamento, merece ser tratado de
fundamentais para delimitação de uma
maneira singular.
correta anatomia primária.
Ao se tratar da devolução das característi- sensualidade, ou até mesmo a robustez.
cas naturais do sorriso, elementos cons- A sua forma deve estar intimamente rela-
tituintes a este devem ser sempre levados cionada ao formato de face do indivíduo,
à tona. O sorriso é capaz de fornecer diver- denotando morfologias sujeitas aos aspec-
sas informações para o estabelecimento tos quadrangulares, retangulares, triangu-
dos subsídios individuais de cada pessoa. lares ou ovalados. Independentemente da
Lábios, tecido gengival e dentes fornecem configuração vinculada, os incisivos cen-
uma tríade de informações capazes de trais superiores criarão uma proporção in-
refletir a completa subjetividade do ser dividual (baseando-se na sua altura/lar-
humano. gura) e conjunta (atrelado aos demais
Os elementos dentários trazem consigo elementos), formando assim aspectos liga-
variadas formas, que influenciam direta- dos aos princípios estéticos.
mente na percepção estética do sorriso. O Proporcionalmente os ICs apresentam a
incisivo central superior (ICs) por sua vez, largura como sendo 80-85% da sua altura,
predomina, sendo responsável por estabe- laterais como sendo 76-79%, e caninos
lecer características atreladas a jovialidade 77-81%, variando conforme gênero1.

C
CROMA

M AP VALOR

I MATIZ

Figura 3. Desenho esquemático demonstrando as diferenças encontradas nos dentes naturais entre os seus terços,
segundo Bazos & Magne2: região cervical possuindo maior croma, terço médio com maior luminosidade em função da
presença da área plana (AP), e terço incisai possuindo maiores variações de matiz (cores), em virtude das características
opalescentes e contra-opalescentes, denotando colorações variadas.
Após a finalização completa do processo
de estratificação das camadas de com-
pósitos (Figuras 2A-D), inicia-se um dos
procedimentos mais desafiadores da
restauração: o acabamento e polimento da
superfície. É importante salientar que para
A
se conseguir um excelente polimento
superficial, o profissional deverá garantir
que a resina alcançou o máximo de
conversão possível, justamente porque
uma resina sub-polimerizada será incapaz
de manter o seu polimento de forma
duradoura3. B
Convém sempre a necessidade de criar
parâmetros simplificados e aplicáveis para
o restabelecimento de quatro princípios
básicos: morfologia, textura, polimento e
brilho.
Sabemos que as alterações de forma e
C
textura superficial são reconhecidas pron-
tamente pelo paciente, até mesmo se a cor
não estiver similar aos dentes vizinhos. Os
dentes naturais, por sua vez, possuem
características superficiais extremamente
diversificadas, podendo os aspectos da
face vestibular se distinguir conforme
D
idade do paciente, hábitos de higiene ou
Figuras 4A-D. Aspecto inicial (A). Mapeamento
até modos alimentares. O ato de observar
cromático utilizando as cores BL-XL, Trans 30, Trans
os dentes naturais (Figura 3 A e B) previa- Opal (Empress direct - Ivoclar Vivadent) e MW (Este-
lite Ômega - Tokuyama) (B). Isolamento absoluto do
mente a execução de qualquer proce- campo operatório (C). Aspecto final vista frontal (D).
dimento restaurador torna-se fundamental,
uma vez que, podemos ter dentes com alta
textura superficial ou dentes com uma
superfície lisa, sem muitos detalhes.
7

10 3
9 8
4

1 Proporção individual 6 Curva do sorriso


2 Proporção conjunta 7 Alinhamento
3 Morfologia e contorno 8 Corredor bucal
4 Contorno gengival 9 Área de contato interdental
5 Zênite gengival 10 Linha seco-molhada dos lábios

12
17

11

13
15 19
14

16
18

20

11 Terços e porções 16 Ângulos incisais


12 Longo eixo dental 17 Ameias cervicais
13 Arestas de reflexão 18 Ameias incisais (embrasuras)
14 Área de espelho 19 Textura superficial (anat. terciária)
15 Área de sombra 20 Borda incisal
Figuras 5 A e B: Princípios estéticos do sorriso. Previamente a qualquer tipo de procedimento
restaurador, convém uma interpretação cuidadosa das características que regem um sorriso.
Dentes, tecido gengival e lábios formam uma tríade de informações capazes de refletir a completa
subjetividade do ser humano.
No primeiro capítulo abordamos sobre os O problema é que a maioria erra no
principais requisitos para determinação da planejamento e na estratégia de como
correta morfologia, bem como a definição obter a melhor morfologia para determina-
de características baseadas na percepção da situação clínica.
individual e conjunta. De fato, as pessoas não enxergam o que
Você obteve a visão geral do que fazer e como fazer.
consideramos como uma das peças Para você ter uma idéia, uma simples
fundamentais para a nossa prática clínica, variação entre o posicionamento de uma
justamente porque nos faz compreender o das características abaixo, é possível
natural no sentido mais amplo. alterar a morfologia:
No capítulo 02, irei te ensinar o que 1. Contorno gengival;
considero como a sequência dos 10 2. Zênite gengival;
passos técnicos para um excelente 3. Aresta de reflexão;
acabamento e polimento. 4. Aresta de transição;
E acredite, realizar esses passos nas suas 5. Ângulo incisal;
restaurações em resina composta pode se 6. Ameia incisal;
tornar simplificado. 7. Ameia cervical;
Existem técnicas que podem solucionar 8. Posicionamento da papila;
essa etapa tão importante em poucos 9. Borda incisal;
passos. 10. Planos vestibulares.
E é relativamente simples.
E o fato de você entender o quanto que
Consiste apenas em enxergar o que a sua
essas alterações podem implicar no
própria restauração te dá de informações.
formato do seu dente será o motivo
Mas para isso você precisa observar,
principal desse próximo capítulo.
aguçar o seu olhar crítico, entender o
Nele eu vou detalhar todas as estratégias
natural e o aspecto final da sua resina após
para você possa remeter a individualidade
a fotopolimerização completa, para a partir
em cada tratamento executado, entenden-
daí, selecionar quais passos serão
do o conceito de como, quando e de que
necessários para você.
forma utilizar o material necessário,
Mas então qual o motivo das pessoas
variando o seu posicionamento, rotação e
errarem tanto nessa etapa?
aplicabilidade.
1 ACABAMENTO CERVICAL

2 POSICIONAMENTO DAS BORDAS INCISAIS

3 PLANOS VESTIBULARES

4 DELIMITAÇÃO DAS ARESTAS

5 ABERTURA DAS AMEIAS

6 ACABAMENTO DA SUPERFÍCIE PALATINA

7 ANATOMIA SECUNDÁRIA

8 ANATOMIA TERCIÁRIA

9 ACABAMENTO INTERPROXIMAL

10 POLIMENTO E BRILHO FINAL

11 BÔNUS: MATERIAIS RECOMENDADOS


1 ACABAMENTO CERVICAL

Nesta etapa removemos todos os excessos A lâmina ou a broca multilaminada


que influenciarão nos contornos próximos deverão seguir um sentido similar,
ao perfil de emergência, muitas vezes partindo da região cervical em direção a
oriundos do próprio isolamento absoluto proximal, sempre angulada de acordo ao
do campo operatório. perfil de emergência, com a finalidade de
É comum, ao finalizar as etapas de remover as regiões que possuam excesso
estratificação obtermos uma superfície de material restaurador.
cervical ligeiramente sobrecontornada. Vale salientar que quanto maior a
Para solucionar essa viés, dê preferencia a quantidade de lâminas das brocas, maior
utilização de lâminas de bisturi número 12 será a possibilidade de refino da
ou brocas multilaminadas de 12 a 18 superfície, isso significa que uma broca de
lâminas (Ex.: 7642 ou 7664, Prima dental - 12 lâminas terá um poder de corte mais
Angelus), que possuem o objetivo de superior que uma broca de 30 lâminas
gerar uma superfície mais acabada. que, por sua vez, gerará uma superfície
mais lisa, com um maior refino.

Figura 6: Análise do perfil de emergência e integração do compósito com o substrato.


2 POSICIONAMENTO DAS BORDAS INCISAIS

O posicionamento da borda incisal está palmente as bordas incisais dos incisivos


diretamente ligada a morfologia emprega- centrais, laterais e caninos superiores,
da previamente a execução do procedi- tanto nos procedimentos de confecção da
mento. Inúmeras possibilidades tem sido primeira camada, quanto no acabamento. 

descritas na literatura para para a devolu- Com o paciente de frente para o dentista,
ção do apropriado comprimento incisal, preferencialmente sentado, realiza-se o
dentre elas: enceramento diagnóstico (de ajustes utilizando discos abrasivos de
forma analógica ou digital), modificação granulação grossa ou média com uma
de restaurações pré-existentes, digital inclinação de 45o ao longo eixo dentário e
index, mão livre ou matriz BRB. Todas com com baixas rotações, de preferência entre
um único objetivo: restabelecer o correto 5-10.000 rpm sem irrigação.
plano horizontal, baseando-se nas propor- Ajustes realizados com o paciente deitado
ções faciais, principalmente tendo como tendem como resultado inclinações e/ou
parâmetro a linha bi-pupilar. Usa-se esse comprimentos indesejados.
plano como referência para compor princi-
L!ha Bi-pup"#

Pl$o h%izоt'

C D

Figuras 7 A-D: A. Enceramento diagnóstico digital utilizando o software Exocad; B. Prova da guia
palatina;; C. Correto plano horizontal após restaurações diretas em resina composta; D. Fotografia
de face durante o trans-operatório feita com o objetivo de analisar o paralelismo entre o plano
horizontal e a linha bi-pupilar.
3 PLANOS VESTIBULARES

Também chamado de contorno cérvico- Com a utilização de discos de granulação


incisal, os planos vestibulares formam um grossa/média ou a broca multilaminada
ângulo convexo integrando as três 7664 sob auxílio do contra-ângulo
inclinações: terços cervical, médio e multiplicador e rotação entre 8-12.000
incisal. rpm, se estabelecem os terços: cervical,
Para delimitar esses contornos, se faz como sendo aproximadamente 45o em
necessário o paciente estar deitado na relação ao longo eixo do dente, estabele-
cadeira, e o dentista na posição de 12 cendo um perfil de emergência adequado;
horas, com o objetivo de analisar de médio, mais paralelo ao longo eixo dentá-
maneira abrangente as três inclinações. rio, gerando maior reflexão de luz; e incisal
O uso do espelho oclusal associado a um com 45o de inclinação para palatina,
lápis grafite ou aquarelado, se faz gerando os aspectos de maior passagem
imprescindível para essa etapa. de luz e em consequência translucidez.

8 9

Figura 8: Espelhos oclusais são excelentes alternativas para o restabelecimentos dos planos
vestibulares: cervical, médio e incisai, justamente por facilitar a nossa visualização indireta e manter
uma posição de trabalho mais ergonômica.
Figura 9: Para ajustes do contorno cérvico-incisal se faz necessário o posicionamento de 12 horas.
10A 10B
Arestas mais Arestas mais
próximas entre si distantes entre si

11A 11B

Figuras 10 A e B: Posicionamento das arestas de reflexão. A. Quanto mais próximas entre si, maior a sensação visual de
que os dentes são mais estreitos e longos. B. Quanto mais distantes entre si, maior a sensação visual de que os dentes são
mais largos e curtos.
Figuras 11 A e B: Demarcação do posicionamento das arestas de reflexão. A. Marcação inicial. B. Marcação desejada.

4 DELIMITAÇÃO DAS ARESTAS

Para se determinar uma anatomia primária go eixo dentário, fazemos uma marcação
próxima ao planejado, é necessário de cervical em direção a incisal, gerando o
estabelecer critérios com relação ao posicionamento atual da aresta (Figura
posicionamento das linhas de brilho, 9A). Visto que nem sempre a demarcação
também chamadas de arestas de reflexão se assemelha ao posicionamento que foi
vestibulares. Essas linhas delimitam a estabelecido no enceramento diagnóstico,
junção entre a área de espelho, que é a se faz uma segunda marcação onde é
área de reflexão de luz, e a área de sombra, utilizado uma outra cor, preferencialmente
também chamada de área de fuga de luz um lápis de cor azul, que tem como finali-
(Figura 1). E como realizamos a demarca- dade de estabelecer o novo posiciona-
ção das arestas? Com um lápis preferen- mento das arestas de reflexão (Figura 9B).
cialmente vermelho, perpendicular ao lon-
Caso haja coincidência na localização das dente tem uma característica mais larga e
marcações, significa que, naquela região curta, e quanto mais próximas entre si,
específica, a aresta está num bom maior a sensação de que o dente é mais
posicionamento; caso elas estejam diver- estreito e longo.
gentes entre si, necessita-se desgastar a Muitas vezes o aspecto mais vestibulari-
marcação vermelha justamente por ela zado da área de sombra gera uma percep-
não estar no seu posicionamento ideal. ção errônea do posicionamento das
Para isso, recomenda-se a utilização de arestas. Para tanto, com um disco de lixa
brocas multilaminadas numa rotação míni- de granulação média em 45° partindo de
ma, em torno de 8-10.000 ou discos de cervical em direção ao terço incisal, pode-
granulação média, de modo que, gere um mos realizar um desgaste seletivo em todo
acabamento mais adequado da superfície o corpo da dessa área, re-posicionando-a
e em consequência uma anatomia pri- de forma mais palatinizada, isso gerará um
mária mais fidedigna. Isso significa que ponto de contato também mais palatiniza-
quanto mais as arestas estão distantes do e uma percepção visual vestibular de
entre si, maior sensação visual de que o delicadeza a todo o sorriso.

C E

Figura 12 A-E: A. Aspecto inicial. B. Aspecto final após restaurações (vista frontal). C. Vista lateral
aproximada. D. Aspecto inicial pré-acabamento, observa-se arestas mais próximas ao ponto de
contato. E. Aspecto após acabamento e polimento. Observem o aspecto mais estreito dos dentes, isso
se dá pelo posicionamento das arestas e redução da percepção visual vestibular das áreas de sombra.
5 ABERTURA DAS AMEIAS

Esta etapa é uma das fundamentais para a Preferimos esses discos justamente
criação de uma morfologia adequada, porque repercutirão num desgaste
quanto mais fechadas estão as embra- extremamente seletivo, para que não seja
suras incisais, maior a percepção de um removida a camada proximal repercutindo
dente com uma característica mais larga, num diastema inesperado. Para isso,
ou maior a possibilidade de criação de utilizamos o disco no sentido paralelo ao
uma característica morfológica triangular, longo eixo dentário com a granulação
quadrangular ou retangular. vo l t a d a p a r a a h a s te d o m a n d r i l ,
Para o ajuste mais previsível das ameias, rotacionando preferencialmente de
fazemos a utilização de discos de lixa de palatina em direção a vestibular, para que
granulação extra-fina, aqueles mesmos o formato da ameia seja mais
guardados há muito tempo no consultório correspondente a naturalidade.
sem utilização; eles sempre associados à Recomenda-se que o paciente esteja
fitas dentais, justamente para gerar um deitado, e o dentista na posição de 12
afastamento do ponto de contato para a horas. A rotação do disco deverá ser
inserção do disco com consecutivo mínima, em torno de 5-8.000 rpm sem
polimento interproximal. irrigação.

A B

Figura 13 A e B: Sempre que realizar o ajustes das ameias incisais, tenha preferência pela utilização
de discos de lixa de granulação extra-fina associados a fita dentais. A interposição desta no ponto
de contato, gerará um afastamento primordial para o reposicionamento das ameias, bem como um
consecutivo polimento na área.
6 ACABAMENTO DA SUPERFÍCIE PALATINA

Os contornos regulares na palatina são região palatina e influenciar num acaba-


sempre um desafio para o clínico, a mento e ajuste oclusal mais duradouro.
começar pelo posicionamento da resina Para ajustes dessa região recomenda-se a
composta na própria guia em silicone. utilização de brocas multilaminadas (Ex. n°
Convém sempre realizar uma demarcação 7408, Prima dental) ou diamantadas n°
entre o encontro da guia com o substrato, 3168/3118 F ou FF, numa rotação de
de modo a não gerar sobrecontornos na 12-15.000 rpm com refrigeração.

Figura 14: Para evitar excessos na camada palatina, recomenda-se sempre realizar uma
demarcação entre o encontro da guia com o substrato. Observem que não há sobrecontorno, a
camada de esmalte acromático acompanha o desenho da estrutura remanescente.
7 ANATOMIA SECUNDÁRIA

A macrotextura vertical, também chamada multilaminada 7664 ou H48L (Komet) com


de anatomia secundária, se refere a movimentos mésio-distais e em baixa
divisão entre os três lóbulos dentinários rotação (5-8.000 rpm), com refrigeração,
(mesial, central e distal), que formam por jatos de ar intermitentes e com o dentista
sua vez, os sulcos de desenvolvimento posicionado em 9 horas.
verticais. Esses sulcos geralmente são Vale salientar que a suavidade do sulco
maiores no terço incisal e se estreitam promove a naturalidade e beleza. Procure
cada vez que caminhamos para o terço realizar movimentos leves e graduais. O
médio, formando assim um aspecto de sulco não deve ser visto numa vista frontal,
triangular, com base para incisal. recomenda-se observá-lo somente numa
Pode ser reproduzido utilizando a broca vista lateral.

Figura 15 A e B: A. Desenho esquemático evidenciando a divisão entre os lóbulos dentinários e os


sulcos de desenvolvimento verticais. B. Se faz necessário a utilização da broca multilaminada 7664
para confecção das macrotexturas.
8 ANATOMIA TERCIÁRIA

Também denominada periquimácias, os Para sua confecção, recomenda-se a


sulcos de desenvolvimento horizontais utilização de pontas diamantadas de
vestibulares equivalem a finas linhas extremidade fina (Ex.: no 2215 ou 2200 G, F
horizontais que se estendem da cervical ou FF) associadas ao contra ângulo
em direção a incisal, sendo o seu multiplicador com a rotação mínima, em
posicionamento entre arestas de reflexão torno de 5.000 rpm sem irrigação, com o
vestibulares. paciente deitado, em associação a
Embora seja uma característica mais posição de trabalho em 11 horas. Caso eu
presente em dentes jovens, em função da deseje uma anatomia terciária muito
sua reflexão de luz mais acentuada, evidente, necessito realizar inclinações
também podem ser encontradas em todas mais significativas, em torno de 30-45o a
as idades. Isso significa que quanto mais face vestibular, objetivando um toque
texturizados são os dentes, maior será a mais acentuado da extremidade ativa da
luminosidade, o valor ou a reflexão de luz, broca/ponta com a superfície, sempre
enquanto que quanto menos texturizados, associado a movimentos mésio-distais
menor será a luminosidade, valor ou a mantendo as linhas muito próximas umas
reflexão de luz. das outras.

Figura 16: Desenho esquemático das periquimáceas ou microtexturas horizontais. São linhas
extremamente finas e muito próximas umas das outras, mais predominante em dentes de pacientes
jovens.
9 ACABAMENTO INTERPROXIMAL

O polimento interproximal se faz um etapa sônicos, como é o caso do Blade-s da


imprescindível para longevidade das Helse Ultrassonic.
restaurações em resina composta. O seu Com o operador posicionado em 9 horas,
acesso muitas vezes gera dificuldades associado a 8cm de tira de lixa de
para o clínico, em função da falta de granulação fina (Figura 15A), realiza-se o
visualização direta. seu posicionamento em forma de “S", com
Para se possibilitar um acabamento nessas o objetivo de não ocasionar um diastema
regiões com o objetivo de remover acidental em virtude da granulação
pequenos excessos, se faz necessário a existente. Esse tipo de manobra possibilita
utilização de tiras de lixa de diferentes gerar um acabamento e polimento
granulações, bons exemplos comerciais interproximal, repercutindo num desgaste
são as tiras da epitex (GC - granulações seletivo em função da baixa granulação da
fina e extra-fina) e flexistrips (Cosmedent), tira, bem como do desenho do movi-
lâminas de bisturi no 12, ou insertos ultras- mento.

Figura 17 A e B: Tiras de lixa Epitex posicionadas para acabamento interproximal em forma de “S”,
com o objetivo de gerar lisura superficial sem remover o ponto de contato. A. Tira de lixa de
granulação fina. B. Tira de lixa de granulação extra-fina.
10 POLIMENTO E BRILHO FINAL

Após definição das anatomias primárias, 8-12000 rpm é a rotação indicada, sempre
secundárias e terciárias, possibilitaremos a associado a irrigação constante com leve
suavização das características obtidas pressão na mão. Lembre-se, o que faz o
pelas brocas multilaminadas, pontas dia- polimento superficial é o atrito das partí-
mantadas e discos. Para tanto, se faz culas abrasivas na superfície e não a
necessário a utilização de borrachas, a pressão e velocidade da borracha sobre a
nossa preferência são as em formato de superfície.
taça, justamente por possuírem uma Temos preferência pelas borrachas Flexi-
disposição melhor nas regiões cervicais, cups (Cosmedent) por possuírem uma fle-
cérvico-proximais, proximais, além dos xibilidade fantástica e uma alta quantida-
terços incisal e médio, tanto das regiões de de partículas. Outras marcas comer-
vestibulares quanto palatinas. cais também podem ser utilizadas como
Iniciamos com as borrachas de granula- Dh pro, Jiffy (Utradent), Astropol (Ivoclar
ção média, justamente pela superfície já se Vivadent), ASAP (Cosmedent) e Eve
apresentar de forma “acabada”. Diacomp Twist (Odontomega) nos
formatos formatos espiral, chama,
disco e taça, tendo dimen-
sões distintas conforme
marca comercial.
Lembre-se que os sistemas
de borrachas possuem dife-
A B rentes granulações, sendo
necessário percorrer de for-
ma gradual por todo o sis-
tema de acabamento e poli-
mento, iniciando com a
borracha mais abrasiva e
finalizando com a borracha
de menor abrasividade.

Figura 18 A-C: Borrachas Flexicups de granulação média (A) e fina (B)


sendo utilizadas para acabamento e polimento da superfície; C. Vista
lateral final após utilização de forma sequencial.
1
1.CERVICAL

2 2 2. CÉRVICO-PROXIMAL

3. PROXIMAL
5
3 3
4. INCISAL

5.MÉDIO
4

Figura 19. Desenho esquemático demonstrando o método de utilização das borrachas tipo taça. Se inicia pela
região cervical (1) com a taça perpendicular ao longo eixo do dente, na sequência passando para região cérvico-
proximal (2) com a taça no mesmo sentido; posteriormente, também perpendicular ao longo eixo com discreta
angulação voltada para o ponto de contato, se faz um movimento no sentido cérvico-incisal, para gerar o polimento
das proximais e áreas de sombra (3); com a borracha paralela ao longo eixo, realiza-se o polimento dos terços incisal
(4) com angulação de aproximadamente 45o para palatina, e médio (5), abrangendo toda a área de espelho.

As borrachas devem ser utilizadas em toda ximal (3), e a região próxima ao ponto de
a superfície do compósito, possibilitando contato. Vale ressaltar que mudanças no
suavidade nas transições das formas sentido de rotação da borracha podem ser
anatômicas previamente definidas. realizadas nesse momento a depender da
O polimento da região cervical (1) deve ser face (mesial ou distal) que esteja traba-
feito com uma borracha perpendicular ao lhando. Destaca-se o seu direcionamento
longo eixo dentário, com o ato de moldá-la rotativo sempre voltado para a incisal, de
ao acordo com perfil de emergencia e a modo a não realizar um contato acidental
interface entre resina-remanescente, para com a papila interdental.
tanto, é necessário possuir uma borracha De forma posterior, em virtude da proximi-
com alta flexibilidade, para que cumpra o dade para com os ângulos incisais, realiza-
papel recomendado. se o polimento em todo o terço incisal (4),
Na sequência a borracha deve caminhar com uma ligeira inclinação de 45o da bor-
em direção ao ângulo cérvico-proximal (2) racha para a palatina, seguido da região
seguindo por toda extensão da área de medial (5), abrangendo toda a área de es-
sombra até a ameia incisal, com o objetivo pelho (reflexão de luz).
de gerar um polimento em toda a área pro-
A B C

D E F

G H I

J K L

M N O

P Q R

Figuras 20 A-R: Etapas sequenciais de uma estratificação policromática; A. Aspecto inicial (vista extra-oral); B. Aspecto inicial (vista intra-oral); C.
Após remoção das restaurações insatisfatórias em resina composta; D. Isolamento absoluto do campo operatório; E. Prova da guia palatina em
silicone de adição; F. Tira de poliéster posicionada após confecção das camadas palatinas com a resina Trans (Forma, Ultradent); G. Camadas
proximais executadas com a resina MW (Estelite Ômega, Tokuyama); H. Camadas de dentina A1 (Empress direct, Ivoclar Vivadent) aplicadas para
mascarar a linha de união; I. Camadas de esmalte executadas com a resina MW (Estelite Ômega, Tokuyama); J. Demarcação dos planos
vestibulares e arestas de transição; K. Execução da etapa de polimento superficial com a utilização da borracha de granulação média (Flexicup,
Cosmedent); L. Utilização da borracha de granulação fina (Flexicup, Cosmedent); M. Utilização da borracha espiral ASAP (Cosmedent); N. Brilho
final obtido com pasta Enamelize e feltro Flexibuff (Cosmedent); O. Interposição da pasta na região proximal para posterior utilização do fio dental
de maneira ativa; P. Resultado final (vista intra-oral); Q. Resultado final (vista intra-oral lateral); R. Resultado final (vista extra-oral).
A partir do momento que temos a Lembre-se de utilizar polidores usados,
superfície com a lisura superficial mais justamente porque após o seu uso, as par-
acentuada por meio da utilização das tículas são expostas e a capacidade de po-
borrachas de granulação média, partimos lir se torna muito maior, bem como a sua
para utilização das borrachas de capacidade de desgaste.
granulação fina seguindo a mesma Para obtenção do brilho final recomenda-
cronologia. É importante que após cada se iniciar com as borrachas espirais de
substituição, lave-se a superfície antes de granulação fina/extra-fina (ASAP ou Eve).
iniciar com o outro instrumento, em Para finalizar, discos de feltro em
virtude da possibilidade de soltura das associação a pastas de óxido de alumínio
partículas da borracha durante o uso, (Flexibuff + Enamelize, Cosmedent), as
impedindo com que o polidor de menor quais possibilitarão um polimento e brilho
granulação possa agir de maneira eficaz. em todas as superfícies.
Vale salientar da importância de polimento
também da região interproximal, uma dica
importante é aproveitar a pasta em
excesso acomodada sobre a região e
realizar um movimento com o fio dental de
vestibular para a palatina (figura 19O) e
vice-versa contra a face correspondente,
gerando assim uma superfície mais lisa.

Figura 21: Disco de feltro (Flexibuff) utilizado para


brilho final durante o polimento das restaurações
diretas.
Agora que você entendeu o caminho para
o emprego da morfologia, texturas,
polimento e brilho final das suas
restaurações eu tenho um próximo passo
para você.
É uma proposta que vai te ajudar a
avançar de maneira ainda mais rápida.
O que vou te apresentar é uma chance,
que dificilmente irá se repetir em 2020, e
isso acontece por duas razões:
01. Não pretendemos realizar isso
novamente tão cedo;
02.

Figura 1. Dentes naturais e restaurações em resina composta se comportam de maneira


distintas. A determinação correta das escolhas e espessuras das camadas implicarão de
maneira significativa no resultado final da restauração.
11 BÔNUS: MATERIAIS RECOMENDADOS

Brocas e Pontas
Broca multilaminada 7664 (Angelus)
Broca multilaminada H48L (Cosmedent)
Broca multilaminada 7642 (Angelus)
Broca multilaminada 7408 (Angelus)
Ponta diamantada 2200F (KG Sorensen)
Ponta diamantada 3118FF (KG Sorensen)
Ponta diamantada 1111 (KG Sorensen)

Mandril
Mandril para disco CA (FGM)
Mandril Pop-on (3M Espe)
Mandril de encaixe (Cosmedent)
Mandril para CA - Adaptador FG (Dh pro)

Contra-angulos
CA Multiplicador 1:5 (NSK)
CA Convencional 1:1 (NSK)

Espelho Oclusal
IBM-001 (Indusbello)
IBM-005 (Indusbello)
Discos Abrasivos
Sof lex Pop-on série Laranja (3M Espe)
• Grosso - Médio - Fino - Extra-fino

Sof-lex (3M Espe)

Flexidiscs (Cosmedent)
• Extragrosso - Grosso
Médio - Fino - Extra-fino

Optidisc (Kerr)
• Extragrosso - Grosso/médio - Fino - Extra-fino

Lapiseiras
Grafite 0.7mm - Azul
Grafite 0.7mm - Vermelha

Fios/Fitas dentais
Superfloss (Oral-B)
Easy Tape (Edel White)
Borrachas abrasivas
Flexicup (Cosmedent)
• Médio - Fino

Jiffy (Ultradent)
• Grosso - Médio - Fino

Astropol (Ivoclar Vivadent)


• Grosso (F) - Médio (P) - Fino (HP)

Abrasivos em carbeto de silício (Dh Pro)


• Grosso - Médio - Fino

Espirais diamantados
Eve Diacomp Plus Twist (OdontoMega)
Médio - Fino
Espiral diamantado A.S.A.P. (Cosmedent)
• Alto brilho

Espiral diamantado 7284W (DH Pro)


• Alto brilho

Pastas
Enamelize (Cosmedent)
• Pasta de Óxido de alumínio

Diamond Polish (Ultradent)


• Pastas diamantadas 0,5µm e 1,0µm

Discos de feltro
Diamond Flex (FGM)

Feltro de algodão (DH Pro)


Disco de pelo de cabra (DH Pro)

Flexibuff (Cosmedent)
Tiras de lixa
Epitex (GC)
• Grosso - Médio - Fino - Extra-fino

Flexistrips (Cosmedent)
• Grossa - Média - Fina - Extra-fina

Tira serrilhada
Komet
Dh pro
TDV (Microcut)

Laminas de bisturi
No 12 e No 11
REFERÊNCIAS

1. Sterrett JD, Oliver T, Fortson W, Robinson F, Knaak B, Russel CM. Width/length ratios of
normal clinical crowns of maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol 1999;
26: 153–157.

2. Bazos P, Magne P. Bio-emulation: biomimetically emulating nature utilizing a histo-


anatomic approach; structural analysis. Eur J Esthet Dent. 2011 Spring;6(1):8-19.

3. Rueggeberg FA, Giannini M, Arrais CAG, Price RBT. Light curing in dentistry and clinical
implications: a literature review. Brazilian oral research 2017;31:e61.
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