Você está na página 1de 6

ORIENTAÇÕES GERAIS

LÍNGUA PORTUGUESA – 9º ANO

Descritor

D4: Inferir uma informação implícita no texto

Numa perspectiva discursivo-interacionista, assumimos que a compreensão


de um texto se dá não apenas pelo processamento de informações explícitas, mas,
também, por meio de informações implícitas. Ou seja, a compreensão se dá pela
mobilização de um modelo cognitivo, que integra as informações expressas com os
conhecimentos prévios do leitor ou com elementos pressupostos no texto.

Para que tal integração ocorra, é fundamental que as proposições explícitas


sejam articuladas entre si e com o conhecimento de mundo do leitor, o que exige
uma identificação dos sentidos que estão nas entrelinhas do texto (sentidos não
explicitados pelo autor). Tais articulações só são possíveis, no entanto, a partir da
identificação de pressupostos ou de processos inferenciais, ou seja, de processos de
busca dos “vazios do texto”, isto é, do que não está “dado” explicitamente no texto.

Os itens relativos a esse descritor devem envolver elementos que não constam
na superfície do texto, mas que podem ser reconhecidos por meio da identificação
de dados pressupostos ou de processos inferenciais.

BRASIL. Ministério da Educação. PDE: Plano de Desenvolvimento da


Educação: Prova Brasil: ensino fundamental: matrizes de referência, tópicos e
descritores. Brasília: MEC, SEB; Inep, 2008. p. 61.

Professor, as atividades aqui propostas têm por objetivo auxiliá-lo na


implementação de ações pedagógicas voltadas ao desenvolvimento da habilidade
D4: Inferir uma informação implícita no texto.

Para o desenvolvimento dessa habilidade, é necessário que o aluno vá além


da compreensão global do texto, ou seja, não fique somente nas informações
explícitas do texto. Para inferir, é necessário estabelecer relações entre o que foi dito
e o que não foi dito, precisando da ação e do conhecimento prévio do leitor para
conectar ideias e identificar o que está nas entrelinhas.

Desse modo, sugere-se que se desenvolvam em sala de aula estratégias de


leitura de textos que utilizem gêneros textuais diversificados, para familiarizar os
alunos com temas e assuntos variados. Para isso, pode-se fazer uso de textos com
temas de interesse dos estudantes e que fazem parte de seu contexto social. Nesse
trabalho, é importante fomentar as discussões entre os alunos, mediadas pelo
professor, para trazer as diferentes visões ou hipóteses a respeito da interpretação
do texto.
ORIENTAÇÕES GERAIS

A seguir há propostas de atividades com níveis de dificuldade diferentes. A primeira


tem nível de dificuldade fácil/médio e a segunda é um desafio de nível difícil.

Esse formato permite que a sistematização das habilidades seja feita de modo
progressivo e, ao mesmo tempo, pode apoiá-lo na condução do processo de ensino-
aprendizagem considerando a heterogeneidade da sala de aula.

Cabe destacar que as atividades complementares são modelos para possíveis


estratégias de intervenção didática, podendo ser ampliadas ou adaptadas a partir das
especificidades de sua turma. Aproveite a seção “Para saber mais” para ampliar seus
estudos sobre o tema abordado.

PARA SABER MAIS

BAJOUR, C. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. São
Paulo: Pulo do Gato, 2012.

BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais –


Língua Portuguesa. Brasília: 1997.

COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
GABARITO

ATIVIDADES COMPLEMENTARES
1) Leia o texto a seguir.

[…] O ônibus em que íamos parou, como todos os veículos; os passageiros


desceram à rua e tiraram o chapéu, até que o coche imperial passasse. Quando
tornei ao meu lugar, trazia uma ideia fantástica, a ideia de ir ter com o Imperador,
contar-lhe tudo e pedir-lhe a intervenção. Não confiaria esta ideia a Capitu. “Sua
Majestade pedindo, mamãe cede”, pensei comigo.

Vi então o Imperador escutando-me, refletindo e acabando por dizer que sim, que
iria falar a minha mãe; eu beijava-lhe a mão, com lágrimas. E logo me achei em
casa, à espera, até que ouvi os batedores e o piquete de cavalaria; é o Imperador!
é o Imperador! Toda a gente chegava às janelas para vê-lo passar, mas não
passava, o coche parava à nossa porta, o Imperador apeava-se e entrava. Grande
alvoroço na vizinhança: “O Imperador entrou em casa de D. Glória! Que será? Que
não será?” A nossa família saía a recebê-lo; minha mãe era a primeira que lhe
beijava a mão. Então o Imperador, todo risonho, sem entrar na sala ou entrando, –
não me lembra bem, os sonhos são muita vez confusos, – pedia a minha mãe que
me não fizesse padre, – e ela, lisonjeada e obediente, prometia que não. […]

Capitu preferia tudo ao seminário. Em vez de ficar abatida com a ameaça da larga
separação, se vingasse a ideia da Europa, mostrou-se satisfeita. E quando eu lhe
contei o meu sonho imperial:

– Não, Bentinho, deixemos o Imperador sossegado, replicou; fiquemos por ora com
a promessa de José Dias. Quando é que ele disse que falaria a sua mãe?
ASSIS, M. de. Dom Casmurro. Domínio Público. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf>. Acesso em 21 mar. 2019.

a) A ideia de intervenção do Imperador indica que Bentinho:

a) sabe resolver seus problemas.


b) é amigo do Imperador.
c) tem grande imaginação.
d) não tem mais que ser padre.

b) Pela reação de Capitu ao sonho imperial de Bentinho, é possível inferir que ela é
uma pessoa:

a) sonhadora.
b) prática.
c) confusa.
d) vaidosa.
GABARITO

DESAFIO

2) Leia, a seguir, as primeiras estrofes de um poema brasileiro.

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Eu vi o meu semblante numa fonte,
Que viva de guardar alheio gado; Dos anos inda não está cortado:
De tosco trato, d’expressões grosseiro, Os pastores, que habitam este monte,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Com tal destreza toco a sanfoninha,
Tenho próprio casal¹, e nele assisto²; Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Ao som dela concerto a voz celeste;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, Nem canto letra, que não seja minha,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela, Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela! Graças à minha Estrela!

GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. 1. ed. São Paulo: Ediouro, [s.d.]. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf>. Acesso em 11 abr. 2019.

1. Casal: pequena propriedade.


2. Assistir (em): residir, morar.

a) Dirigindo-se à amada Marília, o eu lírico revela que:

a) a amada é tão inalcançável quanto seu desejo de ser pastor.


b) considera a si mesmo superior a outros pastores ou poetas.
c) o amor confessado à amada vale menos que suas posses.
d) os outros pastores são melhores poetas que ele mesmo.

b) Ao se comparar com outros pastores que habitam o mesmo monte, o eu lírico


parece:

a) considerar-se melhor por recitar os poemas escritos por outras pessoas.


b) indicar que alguns pastores ou poetas não cantam as próprias composições.
c) julgar que poemas de pastores são inferiores a poemas de amor.
d) mostrar seu desprezo por pastores mais pobres, mesmo que bons poetas.
ESCOLA_________________________________________________________
DATA: ______________________________________TURMA:_____________
NOME: _________________________________________________________

ATIVIDADES COMPLEMENTARES
1) Leia o texto a seguir.

[…] O ônibus em que íamos parou, como todos os veículos; os passageiros desceram
à rua e tiraram o chapéu, até que o coche imperial passasse. Quando tornei ao meu
lugar, trazia uma ideia fantástica, a ideia de ir ter com o Imperador, contar-lhe tudo
e pedir-lhe a intervenção. Não confiaria esta ideia a Capitu. “Sua Majestade pedindo,
mamãe cede”, pensei comigo.
Vi então o Imperador escutando-me, refletindo e acabando por dizer que sim, que
iria falar a minha mãe; eu beijava-lhe a mão, com lágrimas. E logo me achei em
casa, à espera, até que ouvi os batedores e o piquete de cavalaria; é o Imperador! é
o Imperador! Toda a gente chegava às janelas para vê-lo passar, mas não passava,
o coche parava à nossa porta, o Imperador apeava-se e entrava. Grande alvoroço na
vizinhança: “O Imperador entrou em casa de D. Glória! Que será? Que não será?” A
nossa família saía a recebê-lo; minha mãe era a primeira que lhe beijava a mão.
Então o Imperador, todo risonho, sem entrar na sala ou entrando, – não me lembra
bem, os sonhos são muita vez confusos, – pedia a minha mãe que me não fizesse
padre, – e ela, lisonjeada e obediente, prometia que não. […]
Capitu preferia tudo ao seminário. Em vez de ficar abatida com a ameaça da larga
separação, se vingasse a ideia da Europa, mostrou-se satisfeita. E quando eu lhe
contei o meu sonho imperial:
– Não, Bentinho, deixemos o Imperador sossegado, replicou; fiquemos por ora com
a promessa de José Dias. Quando é que ele disse que falaria a sua mãe?

ASSIS, M. de. Dom Casmurro. Domínio Público. Disponível em:


<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf>. Acesso em 21 mar. 2019.

a) A ideia de intervenção do Imperador indica que Bentinho:

a) sabe resolver seus problemas.


b) é amigo do Imperador.
c) tem grande imaginação.
d) não tem mais que ser padre.

b) Pela reação de Capitu ao sonho imperial de Bentinho, é possível inferir que ela é
uma pessoa:

a) sonhadora.
b) prática.
c) confusa.
d) vaidosa.
ESCOLA_________________________________________________________
DATA: ______________________________________TURMA:_____________
NOME: _________________________________________________________

DESAFIO

2) Leia, a seguir, as primeiras estrofes de um poema brasileiro.

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Eu vi o meu semblante numa fonte,
Que viva de guardar alheio gado; Dos anos inda não está cortado:
De tosco trato, d’expressões grosseiro, Os pastores, que habitam este monte,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Com tal destreza toco a sanfoninha,
Tenho próprio casal¹, e nele assisto²; Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Ao som dela concerto a voz celeste;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, Nem canto letra, que não seja minha,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela, Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela! Graças à minha Estrela!

GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. 1. ed. São Paulo: Ediouro, [s.d.]. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf>. Acesso em 11 abr. 2019.

1. Casal: pequena propriedade.


2. Assistir (em): residir, morar.

a) Dirigindo-se à amada Marília, o eu lírico revela que:

a) a amada é tão inalcançável quanto seu desejo de ser pastor.


b) considera a si mesmo superior a outros pastores ou poetas.
c) o amor confessado à amada vale menos que suas posses.
d) os outros pastores são melhores poetas que ele mesmo.

b) Ao se comparar com outros pastores que habitam o mesmo monte, o eu lírico


parece:

a) considerar-se melhor por recitar os poemas escritos por outras pessoas.


b) indicar que alguns pastores ou poetas não cantam as próprias composições.
c) julgar que poemas de pastores são inferiores a poemas de amor.
d) mostrar seu desprezo por pastores mais pobres, mesmo que bons poetas.

Você também pode gostar