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Classificação:

 Insuficiente

TESTE DE PORTUGUÊS – 7º ano  Suficiente


LEITURA E EDUCAÇÃO LITERÁRIA  Bom
Nome: _____________________________________  Muito Bom
Nº___ Turma: ___ Data:
Professor:
___/___/_____ Enc. Educação:__________________________

TEXTO NARRATIVO
O CAVALEIRO DA DINAMARCA – SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

TEXTO A
Lê o texto com atenção. Se necessário, consulta as notas.

Palavras a Sophia de Mello Breyner


A homenagem a prestar a Sophia de Mello Breyner é promover o
conhecimento da sua obra. Ensiná-la aos jovens nas escolas. Tê-la à
disposição dos adultos e dos mais velhos. O filho, Miguel Sousa Tavares,
disse-o há dias, com justeza.
5 Os mais diversos quadrantes1 políticos e culturais renderam-se à prosa e
poesia de Sophia de Mello Breyner. Prestaram homenagem àquela que é a
maior poetisa portuguesa dos nossos tempos e das maiores de sempre em
Portugal. [...]
Não sou um entendido da obra de Sophia. Só leitor fiel e grato.
10 É uma mulher deslumbrante. A sua poesia e prosa abrangem tudo o que
pode ser dito. [...]
Quando se fala de Sophia de Mello Breyner, nunca se diz tudo.
O poder político raramente acerta e é justo. Decidiu mudar a morada de
Sophia de Mello Breyner para o Panteão Nacional 2. Com festa e palavras de
15 circunstância. Fez bem. A poetisa inegavelmente merece.
Na sua crónica miopia3, os políticos supõem ter cumprido o princípio e o fim da homenagem devida a uma
mulher desta grandeza. Nunca interiorizarão que a homenagem é mais do Panteão em receber a poetisa do
que desta em lá morar. Continuarão a descurar4 o ensino da sua arte, poesia e prosa, nas nossas escolas.
O valor superior da cultura escapa sempre a um poder de contas, cortes, défices 5 e dívidas. Supõem ter
20 levado Sophia de Mello Breyner ao Panteão Nacional. Melhor seria que, pelo seu povo, e aproveitando o
ensejo6, atentassem no pensamento da poetisa: «A cultura é cara.
A incultura acaba por ser mais cara. E a demagogia é caríssima…». Refletissem, tirassem daí as consequências
e se empenhassem também na cultura. Investissem e insistissem no ensino e promoção daqueles que são a
alma de um povo. [...]
25 Sophia de Mello Breyner não está sepultada. Antes vive no meio e entre nós. Com a sua poesia, a sua
arte: «A poesia… pede-me que viva sempre…».
Vivo no Campo Alegre7 há muitos anos. Tenho a sorte de ser vizinho de Sophia de Mello Breyner. Vivo cá
em baixo. Ela muito lá em cima. Em cima, na rua e no seu grande mundo. [...]
Leio agora, com muito mais afeto e atenção, os seus Contos Exemplares8: «… Do alto da duna via-se
30 a tarde toda como uma enorme flor transparente, aberta e estendida até aos confins do horizonte…».
Com muito mais ternura, a poesia de uma mulher deslumbrante: «Temor de te amar num sítio tão
frágil como o mundo / Mal de te amar neste lugar de imperfeição / Onde tudo nos quebra e emudece /
Onde tudo nos mente e nos separa».
Alberto Pinto Nogueira, «Palavras a Sophia de Mello Breyner», in Público,

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Departamento de Línguas – Português – 7º Ano
disponível em https://www.publico.pt, consultado em fevereiro de 2018 (texto adaptado).

1. quadrantes: partidos, posicionamentos. 2. Panteão Nacional: monumento erigido para sepultar e perpetuar a memória dos
cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país. 3. miopia: falta de vista à distância.
4. descurar: não cuidar. 5. défices: saldos negativos no orçamento do Estado. 6. ensejo: ocasião propícia. 7. Campo Alegre: uma das
principais ruas da cidade do Porto. 8. Contos Exemplares: coletânea de contos de Sophia de Mello Breyner Andresen, publicada em
1962.

1. Assinala com ✗, de 1.1 a 1.5, a opção que completa cada frase, de acordo com o texto. (30
pontos)

1.1 A melhor forma de homenagear Sophia é


(A) comprar os seus livros.
(B) promover a descoberta da sua obra junto dos mais novos.
(C) divulgar a sua obra ao público em geral.
(D) proporcionar o conhecimento da sua obra junto dos mais velhos.

1.2 O autor do texto assume-se como


(A) excelente conhecedor da obra de Sophia.
(B) vizinho de Sophia na zona do Campo Alegre.
(C) especialista literário da obra de Sophia.
(D) leitor leal e reconhecido da obra de Sophia.

1.3 Segundo o autor do texto, a mudança da última morada de Sophia


(A) é uma honra para o Panteão Nacional.
(B) é uma honra imerecida para a poetisa.
(C) mostra-se como a melhor forma de distinguir a poetisa.
(D) promove os valores do ensino da sua arte, poesia e prosa.

1.4 A frase «Em cima, na rua e no seu grande mundo.» (linha 30) tem um
(A) significado literal.
(B) sentido literal e metafórico.
(C) sentido metafórico.
(D) significado simbólico e metafórico.

1.5 Com o uso das aspas, ao longo do texto, pretende-se


(A) inserir a prosa de Sophia no discurso do autor.
(B) destacar os versos da poetisa no discurso do autor.
(C) introduzir as palavras de Sophia no discurso do autor.
(D) realçar, no discurso do autor, a sua admiração pela poetisa.

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Departamento de Línguas – Português – 7º Ano
TEXTO B

Lê o seguinte excerto de O Cavaleiro da Dinamarca com atenção. Se necessário, consulta as notas.


Guiado por Beatriz…
E Filippo começou a contar:
‒ Quando Dante1 tinha nove anos de idade, viu um dia na rua uma rapariguinha, tão jovem como ele, e que
se chamava Beatriz. Beatriz era a criança mais bela de Florença: os seus olhos eram verdes e brilhantes, o seu
pescoço alto e fino, os seus cabelos leves e loiros, trémulos sob a brisa. E caminhava com ar tão puro, tão
5 grave e tão honesto que lembrava as madonas 1 que estão pintadas nas nossas igrejas. Dante amou-a desde
essa idade e desde esse primeiro encontro. Mas passados anos, em plena juventude, Beatriz morreu. Esta
morte foi o tormento de Dante. Então, para esquecer o seu desgosto, começou uma vida de loucuras e erros.
Até que um dia, numa Sexta-Feira Santa, a 8 de abril do ano de 1300, se encontrou perdido no meio duma
floresta escura e selvagem. Aí lhe apareceram um leopardo, um leão e uma loba. Dante olhou então à roda de
10 si e viu passar uma sombra. Ele chamou-a em seu auxílio e a sombra disse-lhe:
«Sou a sombra de Virgílio 2, o poeta morto há mais de mil anos, e venho da parte de Beatriz para te guiar até
ao lugar onde ela te espera.»
Dante seguiu Virgílio. Primeiro passaram sob a porta do Inferno onde está escrito: «Vós que entrais deixai
toda a esperança.»
15 Depois atravessaram os nove círculos onde estão os condenados. Viram aqueles que estão cobertos por
chuvas de lama, viram os que são eternamente arrastados em tempestades de vento, viram os que moram
dentro do fogo e viram os traidores, presos em lagos de gelo. Por toda a parte se erguiam monstros e
demónios, e Dante agarrava-se a Virgílio, tremendo de terror. E por toda a parte reinava a escuridão como
numa mina. Pois ali era um reino subterrâneo, sem Sol, sem Lua e sem estrelas, iluminado apenas pelas
20 chamas infernais.
Depois de terem percorrido todos os abismos do Inferno voltaram à luz do Sol e chegaram ao Purgatório 3,
que é um monte no meio duma ilha subindo para o céu. Aí Dante e Virgílio viram as almas que através de
penitências e preces vão a caminho do Paraíso. Neste lugar já não se viam demónios, mas em cada novo
caminho surgiam anjos brilhantes como estrelas.
25 Até que chegaram ao Paraíso Terrestre 4, que fica no cimo do monte do Purgatório. Aí, entre relvas,
bosques, fontes e flores, Dante tornou a ver Beatriz. Trazia na cabeça um véu branco cingido de oliveira, os
seus ombros estavam cobertos por um manto verde e o seu vestido era da cor da chama viva. Vinha num carro
puxado por um estranho animal, metade leão e metade pássaro.
‒ Dante ‒ disse ela ‒, mandei-te chamar para te curar dos teus erros e pecados. Já viste o que sofrem as
30 almas do Inferno e já viste as grandes penitências 5 daqueles que estão no Purgatório. Agora vou levar-te
comigo ao Céu, para que vejas a felicidade e a alegria dos bons e dos justos.
Guiado por Beatriz, o poeta atravessou os nove círculos do Céu. Caminharam entre estrelas e planetas,
rodeados de anjos e cânticos. E viram as almas dos justos cheias de glória e de alegria. Quando chegaram ao
décimo Céu, Beatriz despediu-se do seu amigo e disse-lhe:
35 ‒ Volta à Terra e escreve num livro todas estas coisas que viste. Assim ensinarás os homens a detestarem o
mal e a desejarem o bem.
Dante voltou a este mundo e cumpriu a vontade de Beatriz. Escreveu um longo e maravilhoso poema
chamado «A Divina Comédia», no qual contou a sua viagem através do reino dos mortos.
Sophia de Mello Breyner Andresen, O Cavaleiro da Dinamarca,
Porto, Porto Editora, 2017, pp. 26, 27 e 30.

1. Dante: escritor, poeta e político italiano. 2. Virgílio: um dos maiores poetas de Roma. 3. Purgatório: lugar onde as almas dos que
cometeram pecados leves acabam de purificar os seus erros. 4. Paraíso Terrestre: segundo a Bíblia, jardim aprazível onde Deus colocou
Adão e Eva, depois da sua criação. 5. penitências: castigos.

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1. Assinala com ✗ a opção que completa a frase. (10
pontos)

1.1 A história de Dante é uma sequência narrativa que se encontra organizada

(A) por encadeamento.

(B) por encaixe.

(C) por alternância.

(D) cronologicamente.

2. Identifica o narrador e classifica-o quanto à participação na ação. Justifica a tua resposta. (10
pontos)

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3. Transcreve a frase que caracteriza Beatriz e refere o processo de caracterização utilizado. (10
pontos)

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4. Explicita o que conduziu o protagonista desta história a perder-se numa «floresta escura e selvagem»
(linhas 8 e 9). (10
pontos)

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5. Indica quem era a «sombra» que ele chamou em seu auxílio e qual a sua missão. (10
pontos)

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6. Enumera os locais por onde passaram Dante e a «sombra». (10


pontos)

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7. Identifica os recursos expressivos presentes nas seguintes frases: (10
pontos)

a) «lembrava as madonas que estão pintadas nas nossas igrejas» (linha 5) ______________________
b) «Aí, entre relvas, bosques, fontes e flores» (linhas 24 e 25) _______________________

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