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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão.

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA


QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

PROGRAMA DE ENSINO DE DISCIPLINA


QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA
Código: DETE0168
Curso: Química Industrial
Carga horária semestral: 60h
Carga horária semanal teórica: 4h
Carga horária semanal experimental: 0h
Créditos: 4 Créditos
Período: 4º
OBJETIVOS
Geral
Apresentar aos alunos os aspectos fundamentais dos processos químicos associados aos diferentes passos de uma análise
química quantitativa e de tratamento de dados analíticos.
Específicos
Introduzir conhecimentos sobre estatística que levem ao aluno a capacidade de tratar de forma crítica, estatisticamente, os
resultados de uma análise química;
Apresentar as bases das determinações analíticas quantitativas clássicas e suas aplicações envolvendo reações ácido-base, de
precipitação, de formação de complexos, de óxido-redução em meio aquoso.
Levar aos alunos conhecimentos que os tornem capazes de identificar e compreender a interação da química analítica com
outras áreas de atividade humana (análises ambientais, industriais, etc.).
CONTEÚDO
1. Etapas envolvidas na Análise Química
1.1. Definição do problema analítico
1.2. Seleção do método analítico
1.3. Amostragem
1.4. Preparo de amostra e eliminação de interferentes
1.5. Medidas na amostra e controle de fatores instrumentais (padronização, calibração, otimização)
1.6. Resultados analíticos (cálculo dos resultados e avaliação estatística dos dados)
1.7. Validação dos resultados analíticos (linearidade, sensibilidade, limites de detecção e limite de quantificação)
2. Erros e tratamento de dados Analíticos
2.1. Algarismos significativos e propagação da incerteza
2.2. Erros em análise química
2.3. Operação e medidas em Química Analítica;
2.4. Tratamento estatístico de dados: média, desvio padrão, limites de confiança e comparação de medidas (Teste t de
Student e Teste Q)
3. Gravimetria
3.1. Introdução, definições e conceitos
3.2. Princípios da análise gravimétrica
3.3. Formação dos precipitados
3.4. Métodos gravimétricos
3.5. Determinações gravimétricas - Cálculos em análise gravimétrica
3.6. Aplicações
4. Volumetria Ácido-Base
4.1. Introdução, definições e conceitos
4.2. Cálculos envolvendo pH
4.3. Titulações com o uso de Indicadores e com potenciômetros
4.4. Curvas de Titulação Ácido-Base e Erros de Titulação
4.5. Soluções Tampão e Capacidade Tamponante
4.6. Aplicações
5. Volumetria de Precipitação
5.1. Introdução, definições e conceitos
5.2. Curvas de Titulações de precipitação
5.3. Fatores que afetam a curva de titulação
5.4. Detecção do ponto final (métodos de Mohr, método de Volhard e método de Fajans)

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Profª. Drª. Luiza Maria Ferreira Dantas (luiza.dantas@ufma.br / Bloco 06 / Sala 303)
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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

5.5. Aplicações
6. Volumetria de Complexação
6.1. Introdução, definições e conceitos
6.2. Cálculos envolvendo constantes de equilíbrios
6.3. EDTA (propriedades ácido-base, complexos com EDTA e constante de formação condicional)
6.4. Curvas de Titulações clássicas com EDTA
6.5. Técnicas de titulação com EDTA (titulação direta, titulação de retorno, titulação indireta e mascaramento)
6.6. Indicadores para íons metálicos
6.7. Aplicações
7. Volumetria de Oxirredução
7.1. Introdução, definições e conceitos
7.2. Cálculos envolvendo potenciais de Eletrodos
7.3. Curvas de titulação de oxirredução
7.4. Tipos de titulação de oxirredução (Cerimetria, Permanganometria)
7.5. Aplicações.
COMPETÊNCIA E HABILIDADES
Ao final do curso o aluno será capaz de executar métodos clássicos de análises químicas para a quantificação de íons
importantes e a dosagem de substâncias de interesse.
Entender os conceitos básicos que fundamentam as metodologias de Química Analítica Fundamental.
METODOLOGIA
Aula expositivas e dialogadas, com auxílio de recursos instrucionais;
Resolução de listas de exercícios e avaliações;
BIBLIOGRAFIA
Básica
HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa, 7ª ed., Rio de Janeiro: LTC, 2008.
SKOOG, D. A., WEST, D. M., HOLLER, F. J., CROUCH, S. R. Fundamentos de Química Analítica, 9ª ed., São Paulo: Thomson,
2019.
SKOOG, D. A, WEST, F. J., HOLLER, F. J., CROUCH, S. R. Analytical Chemistry: An Introduction., 7a ed, Ed. Thomson
Learning, London, 2002.
OHLWEILLER, O. A. Química Analítica Quantitativa. 3ª ed., Vol. 2, Rio de Janeiro: LTC, 1974.
Complementar
BACCAN, N., ANDRADE. et al., Química Analítica Quantitativa Elementar., 3a ed., Blusher – Instituo Mauá de
Tecnologia, São Paulo, 2001.
CHRISTIAN, G. D., Analytical Chemistry, 6a ed., John Wiley & Sons, NY, 2003.
VOGEL, A. I. Análise Química Quantitativa, 6ª. ed., LTC, Rio de janeiro, 2002.

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À QUIMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA (ANÁLISE QUÍMICA)................................................. 5


Amostragem ................................................................................................................................................................................. 6
Tipos de erros .............................................................................................................................................................................. 7
Precisão x Exatidão..................................................................................................................................................................... 8
Como expressar o resultado final de uma medida? ............................................................................................................... 8
2. ESTATÍSTICA DE MEDIDAS REPETIDAS ............................................................................................................................ 12
Média e desvio padrão .............................................................................................................................................................. 12
2.1.1. Desvio padrão da média (𝒔𝒙) ............................................................................................................................................. 14
Distribuição de erros ................................................................................................................................................................ 14
2.2.1. Alguns aspectos importantes: ............................................................................................................................................. 15
Intervalo de confiança .............................................................................................................................................................. 16
Comparação de médias com o teste T (Teste t de Student) ............................................................................................... 17
2.4.1. Comparação entre uma média experimental e um valor “conhecido” ........................................................................ 17
2.4.2. Comparando medidas repetidas ......................................................................................................................................... 17
2.4.3. Comparando diferenças individuais .................................................................................................................................. 18
Teste Q para dados incorretos ................................................................................................................................................ 19
3. MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO .................................................................................................................................................... 22
Curva de calibração ................................................................................................................................................................... 22
Método de Adição de padrão .................................................................................................................................................. 24
3.2.1. Sensibilidade de calibração: ................................................................................................................................................. 25
3.2.2. Limite de detecção (LD)...................................................................................................................................................... 25
3.2.3. Limite de quantificação (LQ) .............................................................................................................................................. 25
3.2.4. Especificidade e seletividade ............................................................................................................................................... 25
3.2.5. Repetibilidade ou repetitividade ......................................................................................................................................... 25
3.2.6. Reprodutibilidade ................................................................................................................................................................. 26
Curva de Calibração x Curva de Adição de Padrão ............................................................................................................. 26
4. ANÁLISE GRAVIMÉTRICA ......................................................................................................................................................... 31
Vantagens ................................................................................................................................................................................... 31
Reações de precipitação ........................................................................................................................................................... 32
Formação de precipitados........................................................................................................................................................ 32
4.3.1. Processo de crescimento de cristais................................................................................................................................... 33
4.3.2. Condições de precipitação analítica ................................................................................................................................... 33
4.3.3. Tipos de precipitados ........................................................................................................................................................... 33
4.3.4. Contaminação dos precipitados ......................................................................................................................................... 34
Cálculo na análise gravimétrica ............................................................................................................................................... 34
Aplicações analíticas de reações de precipitação .................................................................................................................. 35
5. ANÁLISE VOLUMÉTRICA ........................................................................................................................................................... 39
TITULAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO .................................................................................................................................. 40

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

5.1.1. Curva de titulação de precipitação ..................................................................................................................................... 40


5.1.2. Parâmetros que afetam as curvas de titulação de precipitação ...................................................................................... 41
5.1.3. Titulação de uma mistura de íons precipitáveis pelo mesmo reagente ........................................................................ 41
5.1.4. Métodos Argentimétricos.................................................................................................................................................... 42
6. VOLUMETRIA ÁCIDO-BASE ..................................................................................................................................................... 46
Titulação de um ácido forte com uma base forte ................................................................................................................ 46
Titulação de um ácido fraco com uma base forte ................................................................................................................ 47
Titulação de um ácido forte com uma base fraca ................................................................................................................ 49
Efeito do pKa e pKb e da diluição dos ácidos no perfil da Curva de Titulação .............................................................. 49
Indicadores ácido-base ............................................................................................................................................................. 50
Volumetria de ácidos polipróticos .......................................................................................................................................... 52
7. VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO ....................................................................................................................................... 59
Titulação com EDTA ............................................................................................................................................................... 59
Curva de titulação com EDTA ............................................................................................................................................... 62
Indicadores de íons metálicos (metalocrômicos) ................................................................................................................. 64
Agentes de complexação auxiliares ........................................................................................................................................ 65
Técnicas de titulação com EDTA .......................................................................................................................................... 65
7.5.1. Titulação Direta .................................................................................................................................................................... 65
7.5.2. Titulação de Retorno............................................................................................................................................................ 66
7.5.3. Titulação por Deslocamento .............................................................................................................................................. 66
7.5.4. Titulação Indireta.................................................................................................................................................................. 66
8. TITULAÇÕES REDOX .................................................................................................................................................................. 69
Considerações Gerais ............................................................................................................................................................... 69
8.1.1. Equação De Nernst: Efeito da concentração no potencial do eletrodo...................................................................... 69
Titulações Redox ....................................................................................................................................................................... 70
8.2.1. Indicadores redox ................................................................................................................................................................. 71
8.2.2. Indicadores não específicos ................................................................................................................................................ 71
POTENCIOMETRIA: Como medir o potencial durante uma reação de titulação? .................................................... 72
8.3.1. Eletrodos de referência ........................................................................................................................................................ 72
8.3.2. Eletrodos indicadores .......................................................................................................................................................... 73
Curva de Titulação .................................................................................................................................................................... 73

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

1. ANÁLISE QUÍMICA: Introdução


A química analítica é um ramo da química, que consiste num conjunto de técnicas e métodos que têm como
objetivo determinar a composição química de uma amostra, isto é, as espécies presentes e a quantidade de cada uma.
A química analítica pode ser dividida em: química analítica qualitativa e química analítica quantitativa.
QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA é empregada para identificar os constituintes (elementos, grupo de
elementos ou íons) que formam uma amostra.
QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA é empregada para se determinar as quantidades dos constituintes
presentes em uma amostra.
Nas análises quantitativas, a quantidade de analito é determinada por métodos quantitativos clássicos ou
instrumentais durante uma análise química.
MÉTODOS CLÁSSICOS: São métodos simples, confiáveis, que não exigem equipamento de alto custo, e em geral
são utilizados em análises esporádicas. Estes são métodos estequiométricos onde o íon a ser determinado reage
quimicamente com um reagente de modo a produzir uma variação no sistema que possa ser detectada visualmente. A
quantificação pode ser realizada por Gravimetria e Volumetria (Neutralização, Precipitação, Complexação,
Oxirredução).
MÉTODOS INSTRUMENTAIS: São utilizados em análises de rotina, porém, apresentam custo mais elevado e
maior complexidade. São métodos analíticos cujas informações são obtidas por meio do sistema de detecção do
instrumento de medida, entre eles: Espectrométricos (Espectrofotometria; Fluorimetria; Fotometria de chama;
Absorção atômica.), Eletroanalíticos (Potenciometria, Condutimetria, Voltametria, Amperometria, Coulometria),
Termoanalíticos (Análise Térmica, Termogravimetria), Cromatográficos etc.
Todas as etapas envolvidas numa análise química envolvem medidas físicas e estas possuem certo grau de
incerteza. Esta incerteza pode estar associada a uma limitação imposta pelo equipamento ou vidraria. Quando se faz
uma medida, procura-se manter esta incerteza em níveis baixos e toleráveis, de modo que o resultado analítico possua
uma confiabilidade aceitável, sem a qual a informação obtida não terá valor. Aceitação ou não dos resultados de uma
medida dependerá de um tratamento estatístico. A estatística fornece parâmetros que são capazes de interpretar
resultados com grande probabilidade de correção e de rejeitar resultados sem condição.
Na indústria, a estatística associada à análise química é considerada uma forma de “garantir a qualidade dos
resultados”.
Etapas envolvidas numa análise química:
I. Seleção do método
II. Amostragem
III. Preparação da amostra
IV. Análise
V. Relatório:
As principais causas de variações em um processo de medida são:

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

Amostragem
A AMOSTRAGEM é o processo de coleta de uma amostra representativa para análise, ou seja, que
represente a totalidade do material de interesse.
A escolha de um plano de amostragem deve sempre levar em consideração os objetivos específicos da
amostragem e os riscos e consequências associados a erros.
A amostragem compreende TODAS as operações realizadas para a selecionar de uma porção de um produto
farmacêutico (amostra). Todas as operações relacionadas à amostragem devem ser realizadas com cuidado, usando
equipamentos e ferramentas adequadas. Qualquer contaminação da amostra por poeira ou outro material estranho
pode comprometer a validade das análises.
A amostragem pode ser necessária para diferentes propósitos, como qualificação; aceitação de remessas; teste
de novos lotes; controle em processo; inspeção, deterioração ou adulteração; ou para obter uma amostra de retenção.
Mesmo para a melhor amostra representativa, haverá sempre a necessidade de algum grau de PREPARAÇÃO
DA AMOSTRA, seja para a retirada de interferentes, ou para dar forma disponível para a análise, etc.
Dentre os produtos farmacêuticos e afins, os materiais a serem amostrados podem ser: matéria-prima para uso
na fabricação de produtos; intermediários no processo de fabricação; produtos farmacêuticos; materiais de
embalagem, agentes de limpeza e sanitização etc.

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Tipos de erros
Erros aleatórios ou indeterminados (em geral são refletidos na precisão)
Características:  Provém de variáveis incontroláveis  Difíceis de serem eliminados
 Difíceis de serem identificados  Afetam a precisão das medias

Exemplos  Aferição de uma pipeta: julgamentos pessoais com respeito ao nível de água até o menisco.
 Variações na leitura de massas: vibrações e correntes de ar
 Variações na leitura de corrente: ruído de um instrumento elétrico

Erros sistemáticos ou determinados (em geral são refletidos na exatidão)


Características:  Apresentam valor definido  Apresentam boa precisão entre as medidas
 As causas são identificáveis  Afetam a exatidão das medidas

Fontes de Erros Erros instrumentais: comportamento não ideal de um instrumento, calibração inadequada
Erros de um método: uso de condições de medidas inadequadas (erro do indicador durante uma titulação)
Erros pessoais

Erros grosseiros geram valores anômalos, sendo em geral refletidos na precisão.


Este erro é causado por falha humana na operação do instrumento, ou interpretação errônea nos resultados obtidos.
Como reduzir erros sistemáticos?
- Calibração de instrumentos e sua correção
- Determinação do branco de uma amostra
- Uso de métodos de análise independentes
- Adição de padrão

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Precisão x Exatidão
PRECISÃO é a medida da reprodutibilidade de medidas sucessivas feitas em condições semelhantes, estando
vinculada somente a efeitos aleatórios.
EXATIDÃO: descreve a proximidade de um valor medido (xi) em relação ao valor verdadeiro ou aceito (xv). Termo
usado para expressar a exatidão:

Exemplo 1.1: Sabe-se que uma substância contém 49,10% (±0,02%) do constituinte A. Os resultados obtidos por dois
analistas para esta substância com o mesmo método analítico foram:

ANALISTA 1 %A: 49,01; 49,25; 49,08; 49,14 Média = 49,12%

ANALISTA 2 %A: 49,40; 49,44; 49,42; 49,42 Média = 49,42%

ANALISTA 3 %A: 49,04; 49.08; 49,08; 49,12 Média = 49,08%

a) Quais os erros apresentados por cada analista?

b) Caracterize quanto a precisão e exatidão.

Como expressar o resultado final de uma medida?


Algarismos significativos: O número de algarismos significativos de uma medida é o número de dígitos necessários
para escrever um dado valor em notação científica sem a perda de exatidão, ou seja, é a representação de um resultado
experimental, de modo que apenas o último algarismo seja duvidoso.

Exemplo 1.2: Ao medir uma massa numa balança que tem a indicação de sensibilidade de 0,001g. Obtemos uma
massa de 7,978g na nossa pesagem. Então

7,97 →algarismos exatos


8 → algarismo incerto
7,978g → 4 algarismos significativos

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

Algarismos Significativos são todos os exatos + primeiro dos incertos.


A contagem dos algarismos significativos faz-se da esquerda para a direita, começando pelo primeiro algarismo
diferente de zero.
1. Qualquer algarismo diferente de zero é significativo. 134g → 3
2. Zeros entre algarismos diferentes de zero são significativos. 3005m → 4
3. Zeros à esquerda do primeiro algarismo diferente de zero não são significativos. 0,000456g → 3
4. Para números superiores a 1, os zeros à direita da vírgula contam como algarismos. 34,000g →5
0,025 2 algarismos,
2,5 ×10-2 2 algarismos (é equivalente ao anterior).
0,0250 3 algarismos,
2,50 ×10-3 3 algarismos (é equivalente ao anterior).

Exemplo 1.3: Qual a densidade de um mineral que apresenta uma massa 4,635 ( 0,002) g e um volume de 1,13 (
0,05) mL?

a) Qual a incerteza da densidade calculada?

b) Quantos algarismos significativos devem ser usados para expressar a densidade?

Para expressar a densidade de maneira correta é necessário levar em consideração regras envolvendo operações com
algarismos significativos e propagação da incerteza.
4,635(0,002)g
d= = 4,1018 g mL−1 (±e) = 4,1 (±0,2)(4,4 %) g mL−1
1,13(0,05) mL

OPERAÇÕES COM ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS


Adição e subtração: Quando somamos ou subtraímos dois números levando em consideração os algarismos significativos o
resultado deve manter a precisão do operando de menor precisão.
12,56 + 0,1236 = 12,6836 = 12,68
O número 12,56 tem quatro algarismos significativos e o último algarismo significativo é o seis que ocupa a casa dos centésimos.
O número 0,1236 apresenta quatro algarismos significativos, mas o último algarismo significativo (6) ocupa a casa dos décimos
de milésimos. O último algarismo significativo do resultado deve estar na mesma casa do operando de menor precisão, nesse
exemplo é o 12,56. Portanto o último algarismo significativo do resultado deve estar na casa dos centésimos.
12,3 – 1,63 = 10,67 = 10,7
Multiplicação e divisão: Em uma multiplicação ou divisão levando em consideração os algarismos significativos o resultado
deve ter o mesmo número de algarismos significativos do numero com a menor quantidade de algarismos significativos.
3,1415x180 = 565,47 = 5,65 x 102

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

4,34 x 9,2 = 39,928 = 4,0 x 10


Logaritmo e antilogaritmos – o número de algarismos existentes na mantissa do logaritmo de uma grandeza deve ser igual ao
número de algarismos significativos dessa grandeza.
log 339 = 2,530
característica=2 mantissa=530

Ex: O número de “casas decimais” no cálculo de pH deve ser igual ao número de algarismos significativos da concentração de
H3O+.
[𝐻3 𝑂+ ] = 1,83 × 10−3 𝑚𝑜𝑙/𝐿 →→ 𝑝𝐻 = − log 1,83 × 10−3 = 2,7375 = 2,738

PROPAGAÇÃO DA INCERTEZA (aplicada somente a erros aleatórios)


Incerteza absoluta: expressa a margem da incerteza associada a uma medida.
Incerteza relativa: compara o tamanho da incerteza absoluta com o tamanho de suas medidas associadas. A incerteza relativa é
adimensional.
𝑖𝑛𝑐𝑒𝑟𝑡𝑒𝑧𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎
𝑖𝑛𝑐𝑒𝑟𝑡𝑒𝑧𝑎 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = ou 𝐼𝑛𝑐𝑒𝑟𝑡𝑒𝑧𝑎 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 = 𝑖𝑛𝑐𝑒𝑟𝑡𝑒𝑧𝑎 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 × 100
𝑚𝑎𝑔𝑛𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎

Adição e subtração: 𝑒4 = √𝑒12 + 𝑒22 + 𝑒32

Ex: 1,76(±0,03) + 1,89(±0,02) − 0,59(±0,02) = 3,06(±𝑒4 )

3,06 (±0,041 ) 𝐼𝑛𝑐𝑒𝑟𝑡𝑒𝑧𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎


0,041
Incerteza percentual relativa = × 100 = 1,3%
3,06

Multiplicação e divisão: %e4 = √(%𝑒1 )2 + (%𝑒2 )2 + (%𝑒3 )2 (utiliza-se as incertezas relativas percentuais)
1,76(±0,03)×1,89(±0,02)
Ex.: 0,59(±0,02)
= 5,6𝟒 (±𝑒4 )

5,6(±0,2) Incerteza absoluta


5,6(±4%) Incerteza percentual relativa
Obs.: O primeiro algarismo incerto da resposta é o último algarismo significativo.

EXERCÍCIOS_ANÁLISE QUÍMICA
1) Qual a diferença entre Química Analítica Qualitativa e Quantitativa?
2) Qual a finalidade da Química Analítica?
3) Quais as principais etapas de uma análise química?
4) Quais os tipos de análises volumétricas mais utilizadas?
5) Defina:

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

a. Precisão
b. Exatidão
6) Como se pode expressar a precisão de um método?
7) Uma amostra artificial padronizada de soro de sangue humano contém 50,0 gramas de albumina por litro. Cinco
laboratórios (A-E) realizaram seis determinações da concentração de albumina, com os seguintes resultados:
A 50,0 49,6 50,1 49,9 49,1 50,2
B 47,8 51,6 50,1 48,1 51,9 49,9
C 51,5 50,8 51,8 51,1 50,7 51,3
D 43,0 51,0 45,1 48,5 45,8 49,2
E 50,2 49,6 50.0 49,8 50,6 47,0
Comente sobre a precisão e exatidão de cada laboratório.
(A: exato e preciso; B: exato e impreciso; C: inexato e preciso; D: inexato e impreciso; E: exato e preciso.)

8) Associe cada figura com a letra correspondente a descrição correta.


a) exato e preciso
b) exato e impreciso
c) preciso e inexato
d) impreciso e inexato
9) Escreva cada resposta com o número correto de dígitos.
a) 1,021+2,69 = 3,711=3,71
b) 12,3 – 1,63 = 10,67=10,7
c) 4,34 x 9,2 = 39,928=40 ou 4,0 . 101
d) 0,0602/(2,113 . 104) = 2,84903 . 10-6= 2,85 . 10-6
e) 102,384 =2,421. 102=242
10) Calcule as incertezas absolutas e percentual relativas e escreva cada resposta com um número sensato de
algarismos significativos.
a) 6,2(±0,2) − 4,1(±0,1) =? 2,1 (±0,2) (±11%)
b) 9,43(±0,05) × 0,016(±0,001) =? 0,151 (±0,009) (±6,2%)
c) 9,43(±0,05) × {[6,2(±0,2) × 10−3 ] + [4,1(±0,1) × 10−3 ]} =? 0,097 (±0,002) (±2%)
d) 91,3(±1,0) × 40,3(±0,2)/21,1(±0,2) =? 174 (±3) (±2%)
e) [4,97(±0,05) − 1,86(±0,01)]/21,1(±0,2) =? 0,147 (±0,003) (±2%)
f) 2,0164(±0,0008) + 1,233(±0,002) + 4,61(±0,01) =? 7,86 (±
g) 0,01) (±0,13%)

h) 2,0164(±0,0008) × 103 + 1,233(±0,002) × 102 + 4,61(±0,01) × 101 =? 2.185,8 (±0,8)

i) 10,5(0,2)  5,5(0,1)  ? 5,0 (±0,2) (±4,5%)

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

2. ESTATÍSTICA DE MEDIDAS REPETIDAS

Média e desvio padrão

Exemplo 2.1: Quatro alunos realizaram uma análise com 10,00 mL de hidróxido de sódio 0,1 mol/L com ácido
clorídrico 0,1 mol/L. Cada estudante realizou cinco replicadas tendo-se obtido os resultados:

Alunos Resultados (mL) Média


A 10,08 10,11 10,09 10,10 10,12 10,10
B 9,88 10,14 10,02 9,80 10,21 10,01
C 10,19 9,79 9,69 10,05 9,78 9,90
D 10,04 9,98 10,02 9,97 10,04 10,01

O valor correto seria de 10 ml, o que nos permite com este conjunto de dados fazer uma distinção entre
precisão e exatidão, caracterizando assim o tipo de erro inerente.
Para os estudantes A e D verificamos que os dados são precisos, com uma dispersão pequena, erros aleatórios
reduzidos. No entanto, para o aluno D eles são também exatos, e o mesmo não se pode afirmar para o aluno A. Neste
conjunto de dados, existe um nítido desvio relativamente ao valor correto 10, ou seja, um erro sistemático evidente.
Para os alunos B e C os erros aleatórios são de uma ordem de grandeza superior aos de A e D, portanto menos
precisos, mas para o aluno B são exatos enquanto que para C são inexatos, o desvio em relação ao valor 10 é de 0.01
enquanto que para C este valor é 0.1. O quadro seguinte dá-nos essas mesmas indicações graficamente.

Dois critérios foram utilizados para fazer uma análise comparativa destes resultados, o valor médio e o grau de
dispersão.
O valor médio utilizado é a média aritmética, 𝑥̅ , que é normalmente abreviado para média, a soma de todos os
valores obtidos dividida pelo número de medidas. Quanto maior o valor de n, mais próximo do valor verdadeiro
estará da média.
∑𝑖 𝑥𝑖
𝑥̅ =
𝑛
A definição mais útil para a dispersão dos dados experimentais é o desvio padrão, s. O desvio padrão mede a
proximidade dos dados agrupados em torno da média. Quanto menor for o desvio padrão mais preciso será o
experimento. Ele é definido pela equação:

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(𝑥1 − 𝑥̅ )2 + (𝑥2 − 𝑥̅ )2 + ⋯ + (𝑥𝑛 − 𝑥̅ )2 ∑𝑖 (𝑥𝑛 − 𝑥̅ )2


𝑠=√ =√
𝑛−1 𝑛−1

Os graus de liberdade do sistema são dados pela porção (n-1). O quadrado do desvio padrão é chamado de
variância (s2). Outra forma de expressar a precisão é o desvio padrão relativo (DPR), dado por

s
DPR 
x
Esta medida é frequentemente expressa em percentagens e conhecida como coeficiente de variação (CV):
s
CV   100
x
O valor calculado do desvio padrão para os resultados do estudante A é mostrado na tabela abaixo.
Resultados x xx x  x 2
10,08 0,02 0,0004
10,11 0.01 0,0001 0,0010
s  0,0158
10,09 0,01 0,0001 4
10,10 0,00 0,0000
10,12 0,02 0,0004
 x  50,50  x  x   0,0010
2

𝑥̅ = 10,10
Desvio padrão de todos os estudantes para n=5:
Alunos s / mL
A 0,0158
B 0,1718
C 0,2105
D 0,0332

MÉDIA X MEDIANA
Média aritmética, 𝒙
̅: a soma de todos os valores obtidos dividida pelo número de medidas.
Mediana: é o valor central de um conjunto de medidas.
17 – 18 – 19 – 20 – 21 – 22 → Mediana = 19,5 / Média = 19,5
17 – 18 – 19 – 20 – 22 → Mediana = 19,5 / Média = 19,2

EXATIDÃO
Exatidão descreve a proximidade de um valor medido (xi) em relação ao valor verdadeiro ou aceito
(xv).
Termo usado para expressar a exatidão: Erro absoluto: 𝐸 = 𝑥𝑖 − 𝑥𝑣

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𝑥𝑖−𝑥𝑣
Erro relativo: 𝐸𝑟 % = × 100
𝑥𝑣

2.1.1. Desvio padrão da média (𝒔𝒙̅ )

O desvio padrão calculado a partir de n observações, estima o erro que teríamos caso uma única medida fosse
feita. Ou seja, para cada medida realizada pelo analista A, por exemplo, temos um erro associado: 10,08 (±0,02 ou
0,016), de forma geral 𝑥𝑛 (±𝑠). No entanto, como foram realizadas n=5 medidas, o melhor valor disponível é a sua
média (𝑥̅ ) e o erro padrão da média, sx, é dado por
𝑠
𝑠𝑥̅ =
√𝑛
0,0158
Assim, no exemplo anterior, para o analista A, o erro padrão da média é: 𝑠𝑥̅ = = ±0,00707, logo o valor mais
√5
provável para a média dos dados obtidos pode ser representado por: 10,100 (±0,007). Ou seja, 𝑥̅ (±𝑠𝑥̅ ).
Note que, quanto maior o número de observações n, menor será o desvio padrão da média e, portanto, maior a
precisão do resultado. Este é um princípio fundamental da estatística. Se 100 medidas tivessem sido feitas: 𝑠𝑥̅ =
0,0158
= ±0,00158.
√100

Distribuição de erros
Sabemos que é impossível obter resultados exatos quando medimos, no entanto, buscamos sempre minimizar
os erros e indicar o grau de incerteza dos resultados das medições.
Apesar de o desvio padrão da média ser uma medida da dispersão de um conjunto de resultados em torno de
um valor médio (𝒙̅), ele não indica a maneira como os valores estão distribuídos.
Quando se faz um número elevado de leituras, pelo menos 50 medidas, de uma variável contínua, por exemplo,
a determinação de nitrato em uma amostra de água. Os resultados se distribuem em geral, de forma aproximadamente
simétrica em torno da média. O modelo matemático que melhor se ajusta a esta distribuição de erros aleatórios é
chamada de distribuição normal ou Gaussiana, e corresponde à curva em forma de sino, simétrica em relação à
média.
Para um número infinito de dados, a média é representada pela letra grega mi, 𝜇, e o desvio padrão é escrito
com a letra grega sigma, 𝜎. Quanto maior o número de medidas (n), mais os valores da 𝑥̅ (média) e 𝑠 (desvio padrão)
se aproximam de 𝜇 e 𝜎, respectivamente.

1 −(𝑥−𝜇)2⁄
A curva Gaussiana satisfaz a equação: 𝑦 = 𝑒 2𝜎2 . Onde: 𝑒(= 2,71828 … ) é a base do logaritmo
𝜎√2𝜋
natural, 𝜇 ≅ 𝑥̅ (média) e 𝜎 ≅ 𝑠 (desvio padrão de uma população total).

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2.2.1. Alguns aspectos importantes:

1. A curva é simétrica em relação ao valor de µ, e quanto maior o valor de ,


maior a largura da curva (maior dispersão dos pontos);

2. Em qualquer tipo de curva gaussiana, sejam quais forem os valores de µ e


de , aproximadamente 68% da população situa-se entre ±1 da média,
aproximadamente 95% está entre ±2 e que aproximadamente 99,7% situa-
se entre ±3 da média.

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A Comissão de Nomenclatura Analítica da Divisão de Química Analítica da União Internacional de Química


Pura e Aplicada (IUPAC) indicou que podem surgir confusão e ambiguidade no termo “amostra”, que também é
utilizado no seu sentido coloquial significando “o material que está sendo estudado”. A IUPAC recomendou que se
reservasse o termo amostra para utilização com o seu sentido estatístico.

Intervalo de confiança
Quando o número de medidas é pequeno, o valor do desvio padrão das amostras, s, não é por si mesmo, uma
medida da proximidade da média das medidas, x , à medida verdadeira. É possível, porém, calcular um intervalo de
confiança que permita estimar a faixa na qual a média verdadeira poderá ser encontrada. Tal intervalo é conhecido
como intervalo de confiança e os valores extremos deste limite são conhecidos como limites de confiança,
representado por:
ts
  x
n
onde, s é o desvio padrão medido, n é o número de observações e t é o teste t (tabelado).
O termo “confiança” implica que podemos assegurar com certo grau de confiança, que o intervalo inclui o
valor real. O tamanho do intervalo de confiança depende, obviamente, em quão certo queremos que ele inclua o valor
real. Quanto maior a certeza, maior o intervalo requerido.
O valor apropriado de t depende de (n-1), que é conhecido como número de graus de liberdade e do nível de
confiança requerida. Os valores de t são dados na Tabela abaixo.
Graus de Liberdade (g.l.) Nível de Confiança (%) 0,50 0,80 0,90 0,95 0,98 0,99
Monocaudal 0,25 0,10 0,05 0,025 0,01 0,005
Bicaudal (α) 0,50 0,20 0,10 0,05 0,02 0,01
1 1,000 3,078 6,314 12,706 31,821 63,657
2 0,816 1,886 2,920 4,303 6,965 9,925
3 0,765 1,638 2,353 3,182 4,451 5,841
4 0,741 1,533 2,132 2,776 3,747 4,604
5 0,727 1,476 2,015 2,571 3,365 4,032
6 0,718 1,440 1,943 2,447 3,143 3,707
7 0,711 1,415 1,895 2,365 2,998 3,499
8 0,706 1,397 1,860 2,306 2,896 3,355
9 0,703 1,383 1,833 2,262 2,821 3,250
10 0,700 1,372 1,812 2,228 2,764 3,169
11 0,697 1,363 1,796 2,201 2,718 3,106
12 0,695 1,356 1,782 2,179 2,681 3,055
13 0,694 1,350 1,771 2,160 2,650 3,012
14 0,692 1,345 1,761 2,145 2,624 2,977
15 0,691 1,341 1,753 2,131 2,602 2,947
16 0,690 1,337 1,746 2,120 2,583 2,921
17 0,689 1,333 1,740 2,110 2,567 2,898
18 0,688 1,330 1,734 2,101 2,552 2,878
19 0,688 1,328 1,729 2,093 2,539 2,861
20 0,687 1,325 1,725 2,086 2,528 2,845
21 0,686 1,323 1,721 2,080 2,518 2,831
22 0,686 1,321 1,717 2,074 2,508 2,819
23 0,685 1,319 1,714 2,069 2,500 2,807
24 0,685 1,318 1,711 2,064 2,492 2,797
25 0,684 1,316 1,708 2,060 2,485 2,787

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26 0,684 1,315 1,706 2,056 2,479 2,779


27 0,684 1,314 1,703 2,052 2,473 2,771
28 0,683 1,313 1,701 2,048 2,467 2,763
29 0,683 1,311 1,699 2,045 2,462 2,756
 0,674 1,282 1,645 1,960 2,326 2,576

Exemplo 2.2: O conteúdo de íons sódio de uma espécie de urina foi determinado usando um eletrodo íon-seletivo. Os
seguintes valores foram obtidos: 102, 97, 99, 98, 101, 106 mmol L–1. Qual o limite de confiança para 95% confiança
para a concentração dos íons sódio. (100,5 ±3,4 mmol L–1)

Comparação de médias com o teste T (Teste t de Student)


A comparação entre os valores de um conjunto de resultados com o valor verdadeiro ou com os valores de
outros conjuntos de resultados permite verificar a exatidão e a precisão do método analítico, ou se ele é melhor do que
outro. Arbitrariamente determinamos o nível de probabilidade em 95% para concluir se as medidas diferem uma da
outra. Se ela é menor que uma probabilidade de 95%, então as medidas diferem entre si.

2.4.1. Comparação entre uma média experimental e um valor “conhecido”

Se o propósito é comparar a média de uma série de resultados com um valor de referência e exprimir o nível de
confiança associado ao significado da comparação, deve-se calcular o valor de t de acordo com a equação:

x  valor conhecido
t calculado  n
s

Exemplo 2.3: A média de 4 determinações é 3,26 e o valor verdadeiro é 3,19. Verifique se este valor é significativo
para um desvio padrão igual a 0,04. Resposta: Como tcalculado (=3,5) > ttabelado(~3,2), pode-se concluir que o resultado experimental é diferente do
valor conhecido. A chance de errar ao concluir esta diferença é < 5%.

2.4.2. Comparando medidas repetidas

Outra maneira de testar os resultados de uma nova metodologia é pela comparação dos resultados obtidos pela
segunda metodologia (talvez uma metodologia de referência).

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Para dois grupos de dados consistindo em n1 e n2 medidas (com média x1 e x2 ), calculamos um valor de t
utilizando a equação:

x1  x2 n1n2
tcalculado 
sagrupado n1  n2

onde

 (x i  x1 ) 2   (x j  x2 ) 2 s12 (n1  1)  s22 (n2  1)


sagrupado 
grupo 1 grupo 2 ou
n1  n2  2 n1  n2  2

O tcalculado é comparado com o ttabelado para ( n1  n2  2 ) graus de liberdade. Se o tcalculado for maior que o ttabelado
no nível de 95%, os dois resultados são considerados diferentes.

Exemplo 2.4: Em uma comparação entre dois métodos para a determinação de boro em amostras de plantas, após10
determinações feitas para cada método, os seguintes resultados foram obtidos:

Método espectrofotométrico: média = 28 e desvio padrão = 0,3


Método fluorimétrico: médio = 26,25 e desvio padrão = 0,23
Pode-se considerar que os resultados obtidos para 95% de confiança são iguais?
Resposta: Como tcalculado (14,7)> ttabelado (2,10), a diferença é significativa, ou seja, os resultados obtidos são considerados diferentes.

2.4.3. Comparando diferenças individuais

Neste caso, são utilizados dois métodos diferentes para fazer medidas simples em várias amostras diferentes.
Nenhuma medida pode ser duplicada.

d
t calculado  n
sd

Onde:

sd 
 (d i  d ) 2
n 1

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Exemplo 2.5: A tabela mostra concentrações de chumbo (µg/mL) determinadas por dois métodos diferentes para
cada uma das quatro amostras: Há diferença significativa entre os dois métodos?

Solução Método A Método B Diferença (di)


1 71 76
2 61 68
3 50 48
4 60 57

Resposta: Como tcalculado< ttabelado, a diferença (-0,70) não é significativa.

Teste Q para dados incorretos


Utilizado para decidir se conserva ou descarta uma determinada medida.
|valor suspeito − valor maispróximo| 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜
𝑄𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 = =
|maior valor − menor valo𝑟| 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜
Se o valor calculado de Qcalculado for maior do que o valor de Qtabelado o ponto em questão pode ser descartado.

Exemplo 2.6: Considere quatro resultados 4,3; 4,1; 4,0 e 3,2. Deve-se eliminar o resultado 3,2?

Resposta: Como Qcalculado < Qtabelado, o resultado 3,2 não deve ser descartado.

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EXERCÍCIOS_ESTATÍSTICA APLICADA À QUÍMICA ANALÍTICA


1. Defina:
a. Precisão
b. Exatidão
2. Como se pode expressar a precisão de um método?
3. Um químico, desejando avaliar um novo método para determinação de cobre, conduziu uma investigação
preliminar usando uma solução de concentração conhecida. Esta solução de 60 mg/L de cobre foi analisada 6
vezes, tomando para cada determinação alíquotas de 10 mL. Os resultados obtidos foram: 58,2 – 61,0 – 56,6 – 53,8
– 56,9 – 58,3. Encontrar a média, variância, desvio padrão e o coeficiente de variação dos resultados encontrados.
( 𝑥 = 57,5𝑚𝑔/𝐿 𝑆 = 2,38𝑚𝑔/𝐿 𝑆 2 = 5,65(𝑚𝑔/𝐿)2 𝐶𝑉 = 4,1%)
4. Sete medidas de pH de uma solução reguladora proporcionaram os seguintes resultados: 5,12 – 5,20 – 5,15 – 5,17
– 5,16 – 5,19 – 5,15. Calcule o pH verdadeiro com um nível de confiança de (a) 95% e (b) 99%. (95%: 5,163 ±
0,025 e 99%: 5,163 ± 0,038)
5. Deseja-se comparar se as médias obtidas para 5 amostras, utilizando 2 diferentes métodos analíticos para a
determinação de Sn podem ser consideradas iguais, ao nível de confiança de 95%? Os resultados analíticos são:
Método A Método B
33,0 33,0
50,4 50,0
11,9 11,3
1,24 1,36
1,69 1,75
Resposta: Como 1,155 < 2,776 podemos afirmar que não existe diferença significativa entre os dois métodos empregados.
6. Dois fornecedores de reagentes químicos para a determinação de P pelo método colorimétrico foram testados por
nosso laboratório. Foram analisadas 7 amostras de 2 lotes diferentes. Ao nível de confiança de 95%, pode-se
afirmar que os resultados obtidos com reagentes químicos do fornecedor A são mais baixos que os obtidos com
reagentes do fornecedor B.
Fornecedor A Fornecedor B
0,0149 0,0158
0,0160 0,0158
0,0156 0,0155
0,0170 0,0170
0,0150 0,0160
0,0250 0,0240
0,0147 0,0153
Resposta: Pode-se aceitar que os resultados obtidos com os reagentes de ambos os fornecedores são iguais ao nível de confiança de 95%.
7. Para avaliar um método espectrofotométrico para a determinação de titânio, aplicou-se este método para várias
amostras certificadas de titânio. Os resultados (%Ti) estão mostrados abaixo:
Amostra Valor certificado Média Desvio Padrão
1 0,496 0,482 0,0257
2 0,995 1,009 0,0248

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3 1,493 1,505 0,0287


4 1,990 2,002 0,0212
Para cada amostra 8 determinações foram realizadas. Para cada uma das determinações o valor médio difere
significativamente do valor certificado?
8. Em uma investigação sobre a exatidão e a precisão de um método para a determinação de um fármaco, realizou-se
seis determinações repetidas de uma formulação preparada contento 10,2%. Os resultados formam:
10,4 – 10,4 – 10,6 – 10,3 – 10,5 – 10,4%
Calcule a média, o desvio padrão e os limites de confiança para 95% e 99% de confiança. O valor 10,2% está dentro
dos limites de confiança para um nível de confiança de 95% e 99%? ( O valor 10,2% está dentro do intervalo de 99%.)
9. Utilizando o teste Q, decida se o valor 216 deve ser rejeitado do grupo dos resultados 192; 216; 202;195 e 204.
10. Um material padrão de referência é certificado para conter 94,6 ppm de um composto orgânico contaminante do
solo. Suas análises deram valores de 98,6; 98,4; 97,2; 94,6 e 96,2 ppm. Seus resultados diferem do resultado
esperado no nível de 95% de confiança? Se você fizer uma medida e encontrar 94,5 sua conclusão irá mudar?
11. Um analista fez quatro determinações de ferro em uma certa amostra e encontrou um valor médio de 31,40 e
uma estimativa de desvio-padrão, s, de 0,11% (m/v). Qual o intervalo em que deve estar a média da população,
com um nível de confiança de 95%? ( = (31,40  0,17) % m/v)
12. Uma análise de latão, envolvendo dez determinações, resultou nos seguintes valores porcentuais de cobre:
Cu, % (m/m): 15,4; 15,5; 15,3; 15,5; 15,7; 15,4; 15,0; 15,5, 15,6; 15,9.
Determinar quais resultados podem ser rejeitados, considerando nível de confiança de 90%.
13. Associe cada figura com a letra correspondente a descrição correta.
a) exato e preciso
b) exato e impreciso
c) preciso e inexato
d) impreciso e inexato

14. Considere os resultados 1,68; 1,93; 1,99; 1,85; 1,91 e 2,43.


a) Verifique se o resultado 2,43 deve ser eliminado.
b) Calcule a média, desvio padrão, variância e coeficiente de variação.
15. A tabela abaixo relaciona as quantidades de um analito encontrado em um fármaco, por dois métodos diferentes:
espectrofotométrico e um método oficial. (Valor certificado = 3 mgL -1)
Amostra Método de derivadas Método oficial
1 2,964 2,913
2 3,030 3,000
3 2,994 3,024
Os resultados obtidos por ambos os métodos diferem significativamente? (Como tcal>ttab (4,30) os resultados não diferem.)
16. Preparou-se uma solução de F− por dissolução de (0,0933 ± 0,0004) g de NaF (MM 41,989 ± 0,001) g/mol em
(156,000 ± 0,005) mL de água. Calcule a concentração de F− na solução e sua incerteza absoluta. (0,0142 molL-1
(±0,0001))

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3. MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO
Calibração, de acordo com a ANVISA (e INMETRO), é o conjunto de operações que estabelece, sob
condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistemas de medição
ou valores representados por uma medida materializada ou material de referência, e os valores correspondentes das
grandezas estabelecidas por padrões. Amostra padrão é uma amostra de referência que contém o analito de interesse.
O intervalo de massas ou concentrações dentro do qual se pode construir uma curva de calibração linear é a
faixa linear dinâmica. Assim, o cálculo dos coeficientes de regressão de uma curva de calibração deve ser
acompanhado de uma cuidadosa inspeção, para verificar se todos os pontos a serem usados estão dentro da faixa
linear dinâmica correspondente.
Para muitos tipos de análises químicas, a resposta para o procedimento analítico deve ser avaliada para
quantidades conhecidas de constituintes (chamados padrões), de forma que a resposta para uma quantidade
desconhecida possa ser interpretada. Há três formas de calibração:
1. Curva de calibração externa ou curva analítica: Amostra e padrão são injetados separadamente e a
identificação do composto desejado é feita através da comparação de alguma característica, por exemplo, em
cromatografia, tempo de retenção.
2. Padrão interno: Adição de quantidade conhecida de elemento de referência nos padrões e na amostra.
3. Curva de adição de padrão: Adições de quantidades conhecidas do analito (padrão) na amostra.

Curva de calibração
Quando se usam métodos instrumentais, é necessário calibrar os instrumentos usando uma série de amostras
(padrões), cada uma em uma concentração diferente e conhecida do analito (Curva de calibração externa ou curva
analítica).
Uma curva de calibração mostra a resposta de um método analítico para quantidades conhecidas de constituinte
(solução padrão), ou seja, uma curva calibração é a relação funcional do sinal observado (y) dada uma certa quantidade
de analito (x).

Figura 3.1: Curva de absorvância a 545 nm em


função da concentração, para soluções de KMnO4.
Até a concentração limite (indicada pela seta), a
absorbância medida (pontos) coincide com a curva
de calibração linear (linha cheia). A partir desta
concentração limite (40 mg /L), a relação linear

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não é mais obedecida.

Durante este procedimento, dois procedimentos estatísticos devem ser aplicados à curva de calibração:
1. Verificar se o gráfico é linear ou não
2. Encontrar a melhor reta (ou melhor curva) que passa pelos pontos.
a) Linearidade do gráfico
Para verificar se existe uma ralação linear entre duas variáveis x i e yi, usa-se o coeficiente de correlação de
Pearson r.

n xi yi   xi  yi
r
n x 2
i 
  xi 2 n yi2   yi 2 
1
2

onde n é o número de pontos experimentais.


O valor de r deve estar entre -1 e +1, pois indica maior probabilidade de existência de correlação linear. Valores
de r que tendem a zero indicam que x e y não estão linearmente correlacionados.

b) Melhor Reta (Regressão linear)

A equação de uma linha reta é: y  bx  a

onde: y = variável dependente (resposta analítica)


x = variável independente (concentração)
b = inclinação da reta (ou coeficiente angular da reta)
a = interseção do eixo (ou coeficiente linear da reta)

n  xi yi   xi  yi  xi2  yi   xi yi  xi
b e a
n xi2   xi 2 n xi2   xi 2

Exemplo 3.1: Pode-se determinar a quinina medindo-se a intensidade da fluorescência em uma solução em H 2SO4 1
mol L–1. Soluções de quinina deram os seguintes valores.

Concentração de quinina (µg/mL) 0,00 – 0,10 – 0,20 – 0,30 – 0,40


Valores de fluorescência 0,00 – 5,20 – 9,90 – 15,30 – 19,10
Qual a concentração de quinina se a fluorescência da solução desconhecida for 20?
X1 Y1 X12 Y12 X1Y1

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 xi   yi   xi2   yi2   xi yi 
r=0,9987; b=48,3; a=0,24; y=48,3x+0,24

O sucesso do método da curva de calibração é muito dependente da exatidão com que são conhecidas as
concentrações dos padrões e quão próxima a matriz dos padrões está da matriz das amostras a serem analisadas.
Infelizmente, estabelecer esta similaridade de matriz entre amostras complexas e padrões geralmente é difícil ou
impossível de ser feita, e os efeitos da matriz levam a erros de interferência.
Para minimizar os efeitos da matriz, normalmente é necessário separar o analito do interferente antes de obter a
resposta medida do instrumento.

Método de Adição de padrão


Na adição de padrão, quantidades conhecidas do constituinte (solução padrão) são adicionadas a volumes fixos
da amostra desconhecido. Todas as amostras preparadas estarão submetidas às mesmas condições de matriz,
minimizando ao máximo as interferências introduzidas pela matriz de amostras complexas, pois neste caso, a matriz
permanece quase inalterada após cada adição de solução padrão, tendo como única variação a concentração do analito
padrão.
A determinação da concentração do componente em estudo é obtida por meio da extrapolação da curva
analítica até o eixo x (concentração), obtendo o valor em módulo.

y  bx  a
y  0  bx  a  0  x   a
b

Exemplo 3.2: Na determinação de estrôncio na água de um rio por espectroscopia de absorção na chama utilizou-se o
método de adição padrão e obteve os seguintes resultados.

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Padrão de estrôncio adicionado (µg/mL) 0,0 – 10,0 – 15,0 – 20,0 – 25,0 – 30,0
Sinal de emissão 2,3 – 4,4 – 5,3 – 6,1 – 7,5 – 8,7
Qual a concentração encontrada na amostra?
𝑎 = 2,22; 𝑏 = 0,21; 𝑟 = 0,9974; 𝑦 = 0,21𝑋 + 2,22; 𝑋 = 10,57𝜇𝑔/𝑚𝐿 concentração da amostra

3.2.1. Sensibilidade de calibração:

É uma medida de sua habilidade em discriminar entre pequenas diferenças na concentração de um analito. Dois
fatores podem limitam a sensibilidade: a inclinação da curva de calibração e a reprodutibilidade ou precisão do
dispositivo de medida.
Para dois métodos que tenham a mesma precisão, aquele que tem a curva de calibração mais inclinada será o
mais sensível.

3.2.2. Limite de detecção (LD)

Pode ser definido como a concentração mais baixa de um analito que pode ser distinguida com confiança
razoável do branco. Branco é uma amostra que contém todos os constituintes exceto o analito, e deve ser usada
durante todas as etapas do procedimento analítico.
O limite de detecção (LD) pode ser calculado de acordo com as recomendações da IUPAC [1] usando uma
3𝑠
razão , sendo 𝑠 o desvio padrão do valor médio para 10 medidas do branco e b o coeficiente angular da curva
𝑏
analítica, determinado.

3.2.3. Limite de quantificação (LQ)

É a menor concentração do analito que pode ser quantificada com um nível aceitável de precisão e exatidão,
sob as condições experimentais adotadas. Pode ser estimado por meio do sinal/ruído, do desvio-padrão e por
10𝑠
processos estatísticos. Para o método do desvio-padrão utiliza-se a relação: 𝐿𝑄 = [1].
𝑏

3.2.4. Especificidade e seletividade

Um método que produz resposta para apenas um analito é chamado específico e respostas para vários analitos,
mas que pode distinguir a resposta de um analito da de outros, é chamado seletivo (livre de interferência).

3.2.5. Repetibilidade ou repetitividade

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Máxima diferença aceitável entre duas repetições, de resultados independentes, do mesmo ensaio, no mesmo
laboratório e sob as mesmas condições. O experimento realizado com a mesma amostra; mesmo analista; mesmo
equipamento; mesmo momento; mesmo ajuste e mesma calibração do equipamento.

3.2.6. Reprodutibilidade

Máxima diferença aceitável entre dois resultados individuais para um mesmo processo e com demais condições
como especificado. a) Amostras diferentes do mesmo ponto amostral, ou b) Diferentes analistas, ou c) Diferentes
equipamentos, ou d) Diferentes técnicas, ou e) Diferentes calibrações, ou ajustes.

Curva de Calibração x Curva de Adição de Padrão


Para uma curva de calibração (ou curva analítica) subtrair ou não o sinal do branco é opcional. Imagine uma
curva analítica construída com os seguintes dados:
Concentração (mol/L) Branco 2 4 6 8 10 12
Sinal (S) 2 3 4 5 6 7 8
S – Sbranco 0 1 2 3 4 5 6
Na curva construída sem a correção do sinal (S-Sb), o branco irá aumentar linearmente todos os valores para
cima em 2 unidades. Se, no entanto, for subtraído 2 de todos os valores do eixo y, sua reta se deslocará para baixo e
passará pela origem. A inclinação das duas retas será exatamente a mesma, mudando apenas o coeficiente linear.
Assim, ao fazer uma leitura obtendo o valor de Y = 4, a concentração obtida em ambos os casos é exatamente a
mesma.

Curva de Calibração
8

6
y = 0,5x + 2
4
y = 0,5x + 2
2
Amostra S
S-Sb
0
0 2 4 6 8 10 12

A curva de adição de padrão tem uma característica diferente, que é ter um sinal do analito proveniente da
amostra sobreposto ao sinal do padrão. A matriz da amostra pode interferir na inclinação da curva. Quando não se
tem interferência de matriz o sinal é simplesmente deslocado linearmente para cima.

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Assim, na curva de adição, cada solução que fornecerá os pontos da curva possui uma quantidade de analito da
amostra constante, mas quantidades crescentes de analito vindo do padrão. O sinal analítico (eixo y) está sendo
“empurrado” para cima, em cada ponto, mas de uma maneira não linear por causa da matriz.
Para se determinar o valor de x, deve-se fazer y igual a zero, que é a extrapolação da curva para o eixo x. Esse
valor de x é a concentração do analito vindo da amostra que está presente em todos as soluções que foram
preparados.
Desta maneira, a sua reta da curva de adição terá uma equação y = bx + a e o que você quer determinar é x,
que será igual, em módulo, -a/b. Se você não subtrair o branco, sua reta passará a ter uma equação igual y = bx + a
+ sb (onde sb é o sinal do branco), e o valor de x será: x = (a + sb)/b, que é bem diferente (e maior) do valor correto
que seria x = a/ b.
Considere os dados a seguir para entender melhor:
Concentração (mol/L) Branco Amostra 2 4 6 8 10 12
Sinal (S) 2 3 3 4 5 6 7 8
S – Sbranco --- 1 2 3 4 5 6 7

Curva de Adição Padrão

8
y = 0,5x + 3
6

4
Amostra
y = 0,5x + 1

2 S
S-Sb

-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12

EXERCÍCIOS_MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO
1) Defina:
a) Sensibilidade
b) Seletividade
c) Limite de detecção
d) Limite de Quantificação
2) Qual a diferença entre repetibilidade e reprodutibilidade?

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3) O sinal espectrométrico de massas medido para concentrações-padrão de metano em hidrogênio é dado a seguir:
CH4 (vol %): 0 – 0,062 – 0,122 – 0,245 – 0,486 – 0,971 – 1,921
Sinal (mV): 9,1 – 47,5 – 95,6 – 193,8 – 387,5 – 812,5 – 1671,9
a) Construa uma curva de calibração. Primeiro subtraia o valor do branco, dos outros valores. Então calcule o valor
da inclinação e interseção. Interseção_a:- 22,1; inclinação_b: 869
b) Medidas múltiplas de uma amostra desconhecida fornece sinais de 152,1; 154,9; 153,9 e 155,1 mV, e as medidas
de um branco forneceram 8,2; 9,4; 10,6 e 7,8 mV. Encontre a média e o desvio padrão da amostra desconhecida e
do branco. (sinal = 154 banco = 9)
c) Encontre o sinal corrigido por subtração da média dos brancos do sinal médio da amostra desconhecida. (145,0
sinal)
d) Use as respostas a e c para encontrar a concentração da amostra desconhecida. 0,192 % volume
4) Uma amostra desconhecida de Cu2+ fornece uma absorvância de 0,262 em uma análise de absorção atômica.
Então 1,00 mL de uma solução contendo 100,0 ppm (=µg/mL) de Cu2+ foi misturada com 95,0 mL da amostra
desconhecida, e a mistura foi diluída a 100,0 mL em um balão volumétrico. A absorvância da nova solução foi de
0,500.
a) Indique a concentração inicial de Cu2+ na amostra desconhecida como [Cu2+]i, escreva uma expressão para a
concentração final, [Cu2+]f, após a diluição. A unidade de concentração é ppm. ([Cu2+]f=0,95[Cu2+]i)
b) De uma maneira similar, escreva a concentração final do padrão de Cu 2+ adicionado, designado como [S]f.
c) Encontre a [Cu2+]i na amostra desconhecida. (1,04 ppm)
5) Os dados que seguem representam áreas relativas de picos obtidas para cromatogramas de soluções padrão de
metilvinilcetona (MVC).
Concentração de MVC, Área Relativa de
mmol/L Pico
0,500 3,76
1,50 9,16
2,50 15,03
3,50 20,42
4,50 25,33
5,50 31,97
a) Determine a melhor curva analítica com os dados fornecidos, bem como a equação da curva e o coeficiente
de correlação. (Resp.: y=5,57x+0,9017, r2=0,9994)
b) Uma amostra contendo MVC gerou uma área relativa de pico de 10,3. Calcule a concentração de MVC nessa
solução. (Resp. 1,69 mmol L–1).
6) Um ensaio para a substância X é baseado na sua habilidade de catalisar uma reação que produz a substância Y
radioativa. A quantidade de Y produzida em um tempo fixo é proporcional à concentração de X na solução. Uma
amostra desconhecida contendo X em uma quantidade desconhecida de uma matriz complexa e com um volume
inicial de 50,0 mL foi tratada com incrementos de uma solução padrão de X 0,5531 mol/L, e foram obtidos os
seguintes resultados:

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Volume de X adicionado (µL):


0 100,0 200,0 300,0 400,0
Contagem/min de radioatividade de Y:
1084 1844 2473 3266 4010
a) Construa o gráfico de adição de padrão e encontre a concentração de X na amostra desconhecida. (Resp. 1,626
mmol L–1).
7) Um padrão mineral contendo 1 ppm de NO3-N foi tratado com agentes corantes dando uma absorbância de 0,20
a 507 nm. Uma amostra tratada da mesma maneira deu uma absorbância de 0,15 no mesmo comprimento de
onda. Determine a concentração de NO3-N na amostra. 0,75 ppm
8) Uma curva de calibração para a análise do analito X foi construída utilizando cinco soluções padrões e obteve um
intervalo linear de 0,05 a 0,25 % de X. A curva de calibração obtida está representada na figura abaixo:
Encontre a quantidade de X para uma amostra em que a medida de absorbância foi de 0,794 quando uma a leitura da
absorbância do branco foi de 0,195.

9) Sobre validação de métodos de ensaios químicos é correto afirmar:


a. Exatidão de um método é o grau de variação de resultados de uma medição. É um parâmetro utilizado para
avaliar o grau de dispersão dos resultados.
b. Reprodutibilidade é o grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de uma grandeza que
está sendo medida, efetuadas sob as mesmas condições de medição (mesmo procedimento, mesmo analista,
mesmo instrumento usado sob mesmas condições, mesmo local).
c. O coeficiente de correlação de Pearson mede o grau da correlação entre duas variáveis. Nos casos em que
este coeficiente assume o valor −1 indica que não há correlação entre as variáveis.
d. Sensibilidade é um parâmetro que demonstra a variação da resposta em função da concentração do analito.
Pode ser expressa pela inclinação da reta de regressão de calibração.
e. Precisão de um método é definida como sendo a concordância entre o resultado de um ensaio e o valor de
referência assumido como verdadeiro.
10) Quando se recomenda determinar um elemento pelo método de adição de padrão ao invés do método da curva
de calibração?

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11) “O ensaio de recuperação está relacionado com a exatidão, pois reflete a quantidade de determinado analito,
recuperado no processo, em relação à quantidade real presente na amostra (...) O estudo da recuperação consistiu
na construção de uma curva pelo método de adição padrão. Nesse método são feitas adições conhecidas do
constituinte a uma amostra padrão de concentração 19,9 µmolL-1.” Os dados estão representados na tabela:
Concentração de DCBQ (µmol/L) Corrente (nA)
0 0,07682
39,8 0,15507
79,3 0,30958
99 0,36989
138 0,48829
176 0,58404
196 0,64655
215 0,70003
234 0,75653
253 0,82971

a) Qual a concentração da amostra? 21,85 µmol L–1


b) Com base na concentração padrão calcule a porcentagem de recuperação.
12) Uma amostra desconhecida de Cu2+ foi analisada por espectroscopia de absorção atômica. 5mL desta solução
desconhecida foi adicionada a balões volumétricos de 50mL de capacidade. E então volumes crescentes (0, 5, 10,
15 e 20mL) de solução-padrão 0,4 mol/L são adicionados a cada balão. O conteúdo do balão foi aferido e cada
solução analisada, obtendo-se os seguintes resultados:
Vol. do padrão Absorvância
0 mL 0,71
5 mL 1,65
10 mL 2,74
15 mL 3,99
20 mL 5,19

a) Construa a curva de adição de padrão. Determine a equação da reta, e coeficiente de linearidade. y = 28,25x + 0,596
b) Qual a concentração da amostra desconhecida? 0,0211 mol L–1

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4. ANÁLISE GRAVIMÉTRICA
A análise gravimétrica ou gravimetria trata de todos os métodos analíticos nos quais o sinal analítico ou a
etapa de medida envolve a determinação da variação de massa que está relacionada com o constituinte (analito) de
interesse. A maioria dos métodos envolve a transformação do elemento ou composto a ser determinado num
composto puro e estável e de estequiometria definida, cuja massa é utilizada para determinar a quantidade do analito
original.
A separação do analito pode ser realizada por diversos meios: precipitação química, eletrodeposição,
volatilização ou extração. Nesta disciplina abordaremos somente a gravimetria por precipitação química.
Na gravimetria por precipitação química, o constituinte a se determinar é isolado mediante adição de um
reagente capaz de ocasionar a formação de uma substância pouco solúvel. Por exemplo, na determinação gravimétrica
de íons cloreto em solução, a solução é tratada com nitrato de prata em excesso para garantir a completa precipitação
do cloreto na forma de cloreto de prata, que é então, lavado com solução de ácido nítrico (para evitar a peptização do
precipitado, que é a passagem do precipitado ao estado de solução coloidal), dessecado a 110 -220 °C e, finalmente
pesado como AgCl.
Geralmente as etapas envolvidas nas determinações gravimétricas são:
1. Preparo da amostra
2. Precipitação do analito
3. Digestão
4. Filtração
5. Lavagem do precipitado
6. Secagem ou calcinação do precipitado
7. Pesagem
8. Cálculos

Vantagens
1. É exata e precisa quando se usa balanças analíticas
2. É fácil de controlar as possíveis fontes de erro
3. Não há necessidade de calibração – medição direta
4. As determinações podem ser realizadas com aparelhos relativamente baratos (mufla e cadinho de Pt – mais
caros)

O peso do elemento ou composto pode ser calculado a partir da fórmula química do composto e das
massas atômicas dos elementos que constituem o composto pesado

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Reações de precipitação
Para que uma reação de precipitação possa servir para fins de gravimétricos, alguns requisitos devem ser
preenchidos:
1. O agente precipitante deve ser capaz de reagir especificamente, ou pelo menos seletivamente com o analito.

Muitas vezes é necessário realizar separações preliminares para isolar o constituinte de interesse de espécies
interferentes presentes.
2. O precipitado gravimétrico deve ser pouco solúvel para que não haja perda significativa do analito durante a
filtração e a lavagem;
3. O precipitado deve ser facilmente filtrado e lavado para remoção de contaminantes (produto puro);
4. O precipitado não pode ser reativo com os constituintes da atmosfera, deve ainda apesentar composição
química conhecida após sua secagem ou, se necessário, calcinação (estável, não higroscópico, não ser volátil);
5. Reação completa nas condições de análise
A formação dos precipitados é um processo cinético, e o controle da velocidade de formação e de outras
condições, em certa extensão, permite conduzir a precipitação de maneira a separar a fase sólida desejada com as
melhores características físicas possíveis. O tamanho da partícula do precipitado é influenciado por variáveis
experimentais como: solubilidade do precipitado, temperatura, concentrações dos reagentes, velocidade com
que os reagentes são misturados (agitação).
Vários tipos de precipitados, que se distinguem, principalmente, quanto ao tamanho das partículas, podem ser
obtidos na análise gravimétrica. O tamanho das partículas é uma característica muito importante, pois dele depende
em grande parte, a qualidade do precipitado quanto a filtrabilidade. Os precipitados constituídos por partículas
grandes são desejáveis nos procedimentos gravimétricos porque essas partículas são fáceis de filtrar e de lavar
visando à remoção de impurezas, além de serem mais puros que aqueles formados por partículas pequenas.

Formação de precipitados
A formação de precipitado envolve processos físicos e químicos. Em geral, a reação física consiste de dois
fenômenos, denominados nucleação e crescimento de cristais. A nucleação ocorre pela formação de pequeníssimas
partículas de precipitado (núcleos), dentro de uma solução supersaturada, sendo estes capazes de crescer
espontaneamente. O crescimento de cristais ocorre pela deposição de íons da solução sobre a superfície das partículas
sólidas já nucleadas. Como regra geral, o número de partículas e, portanto, o tamanho das partículas, é governado pelo

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número de núcleos formados durante a nucleação. O número de núcleos depende da supersaturação no ambiente
onde a nucleação ocorre e do número e eficiência dos núcleos onde ocorre a nucleação. A supersaturação é uma
condição transitória e pode ser definida como a condição em que a fase em solução contém mais precipitado
dissolvido do que o que podia estar em equilíbrio com a fase sólida.
Em geral, quanto maior a supersaturação relativa, menor será o tamanho das partículas individuais. Portanto,
para obter precipitados bem formados, facilmente separáveis, é aconselhável utilizar soluções bem diluídas,
principalmente no momento da mistura. Se o precipitado é bastante insolúvel, esta regra deve ser ainda mais
considerada, para que resulte na formação de cristais grandes. Em suma, o precipitado não deve ser formado em
condições de completa insolubilidade.

4.3.1. Processo de crescimento de cristais

Quando um precipitado se forma, nucleação e crescimento ocorrem simultaneamente. O que varia é a importância
relativa dos dois processos, conforme a precipitação progride.
a. no início: a nucleação deve ser o processo predominante;
b. no meio: onde a maior parte do precipitado é formada, há transição gradual da predominância da nucleação para o
crescimento;
c. no fim: crescimento predomina

4.3.2. Condições de precipitação analítica

Existem alguns métodos para obtenção de precipitados formados por cristais grandes:
a. Evitar alto grau de supersaturação, adicionando lentamente o precipitante e em solução diluída;
b. Aumentar a temperatura:  maior S e o grau de supersaturação para uma dada concentração é diminuído;
c. Permitir a digestão do precipitado  deixar o precipitado em repouso, em contato com a solução-mãe, permitindo
que cristais pequenos, imperfeitos e impuros possam ser purificados e crescer;
d. Formar o precipitado em soluções inicialmente não-saturadas  cristais maiores são formados.

4.3.3. Tipos de precipitados

Precipitados cristalinos – são os mais favoráveis para fins da análise gravimétrica. As partículas do precipitado são
cristais individuais bem desenvolvidos. Elas são densas e sedimentam rapidamente, são facilmente recolhidos por
filtração e, em geral, não se deixam contaminar.
Precipitados pulverulentos ou finamente cristalinos – constituem os agregados de finos cristais. São densos e
sedimentam rapidamente. Às vezes, oferecem dificuldades à filtração, pois a presença de pequenos cristais obriga ao
uso de filtros com poros pequenos e de filtração lenta.
Precipitados grumosos – resultam da floculação de colóides hidrófobos. São bastante densos, pois eles arrastam
pouca água.
Precipitados gelatinosos – resultam da floculação de colóides hidrófilos. São volumosos, tem a consistência de
flocos e arrastam quantidades consideráveis de água. Oferecem dificuldades à filtração e lavagem.

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4.3.4. Contaminação dos precipitados

O precipitado ao se formar pode arrastar da solução outros constituintes que são normalmente solúveis e que
são removidos por simples lavagem do precipitado. As impurezas que acompanham o precipitado constituem a maior
fonte de erros na análise gravimétrica e podem ser incorporadas ao precipitado por co-precipitação ou pela pós-
precipitação.

Co-precipitação: processo pelo quais substâncias solúveis se incorporam aos precipitados durante sua formação.
Pode ocorrer de duas maneiras: Co-precipitação por adsorção superficial e Co-precipitação por oclusão.
Co-precipitação por adsorção superficial: qualquer precipitado tende a arrastar substâncias estranhas em consequência de
adsorção superficial. Este tipo de coprecipitação tende a ser apreciável no caso de precipitados com grande área superficial, mas não é
significativo em precipitados cristalinos. Os precipitados grumosos e gelatinosos são os que apresentam maior contaminação por co-
precipitação. As partículas adsorvem, primeiramente um dos íons do precipitado e depois uma pequena quantidade de íons estranhos
de carga oposta.
Co-precipitação por oclusão: a oclusão pode ser de íons na rede cristalina, ou de água nas fendas de imperfeição do cristal
formado. A contaminação por co-precipitação pode ser minimizada:
- Diminuindo a concentração das interferências, durante a precipitação.
- Utilizando técnica de precipitação em meio homogêneo - agente precipitante é gerado na solução da amostra.
- Precipitação a quente - produz precipitados mais puros e perfeitos.

Como exemplo de co-precipitação tem-se a precipitação de íons Fe3+ com excesso de hidróxido de amônio em
presença de íons Cu2+, Zn2+ ou Ni2+. Nestas condições as partículas de Fe(OH)3 adsorvem primeiro íons OH- e
depois íons Cu2+, Zn2+ ou Ni2+. Para resolver este problema faz-se a precipitação em meio de excesso de sais de
amônio.

Pós-precipitação: forma de contaminação na qual a impureza se deposita sobre as partículas do precipitado formado.
Ocorre com substâncias pouco solúveis com tendência a formar soluções supersaturadas.

Na precipitação de cálcio com oxalato na presença de magnésio ocorre a pós-precipitação. O oxalato de magnésio não
precipita de imediato porque apresenta uma tendência de formar soluções supersaturadas. Assim, se o precipitado de
cálcio for filtrado imediatamente, pouco ou nenhum magnésio será arrastado. Mas, se a solução for deixada em
repouso por algum tempo (mais que uma hora) o oxalato de magnésio vai pós-precipitar e contaminar o precipitado
de cálcio.

Cálculo na análise gravimétrica


A análise gravimétrica envolve duas medidas de massa, a pesagem da amostra tomada para análise e a
pesagem de uma substância de composição química definida derivada do constituinte desejado, ou seja, do
analito.
Quando o constituinte não é pesado na forma química em que o resultado será expresso, é necessário utilizar o
fator gravimétrico ou o fator de conversão para a forma química desejada.

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O fator gravimétrico é representado pela razão entre a massa atômica ou massa molecular da substância
procurada (numerador) e a massa da substância pesada (denominador).
𝑃𝑀𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑡𝑜
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 (𝐹) =
𝑃𝑀𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑎
Quanto menor o fator gravimétrico, menor a quantidade determinável do constituinte, isto é, mais sensível o
método.

Exemplo 4.1: Calcule o fator gravimétrico para a determinação de enxofre com base na precipitação e pesagem do
constituinte como sulfato de bário.

𝑃𝑀𝑎𝑛𝑎𝑙𝑖𝑡𝑜 𝑃𝑀 𝑑𝑜 𝑆 32,06
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 (𝐹) = = = = 0,13736
𝑃𝑀𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑒𝑠𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑀 𝑑𝑜 𝐵𝑎𝑆𝑂4 233,40

Aplicações analíticas de reações de precipitação


O produto ideal de uma análise gravimétrica deve ser insolúvel, facilmente filtrável, muito puro, e deve possuir
uma composição conhecida.
1. Determinação de cloreto como cloreto de prata: O cloreto é precipitado como cloreto de prata, em solução
acidificada com ácido nítrico, mediante adição de nitrato de prata.
Ag+ + Cl-  AgCl(s)
2. Determinação de sulfato como sulfato de bário: O sulfato é precipitado como sulfato de bário, em solução
levemente acidificada como ácido clorídrico e a quente, mediante adição de cloreto de bário.
3. Determinação de ferro por precipitação com hidróxido de amônio. O método baseia-se na precipitação de
ferro (III) por hidróxido de amônio, e posterior aquecimento do hidróxido de ferro(III) a óxido de ferro(III).
4. Determinação de cálcio por precipitação com oxalato de amônio: O método convencional consiste em
adicionar oxalato de amônio à solução que contém o íon cálcio e, então, elevar gradualmente o pH mediante
lenta adição de hidróxido de amônio.

EXERCÍCIOS_GRAVIMETRIA
1) O teor em alumínio numa amostra pode ser determinado por precipitação como uma base e calcinação a Al 2O3,
que é pesado. Qual a massa de alumínio numa amostra com 0,2365 g de precipitado calcinado? (0,1252g)
2) 50 mL de uma solução NaBr foram tratados com excesso de AgNO3 para precipitar 0,2146g de AgBr (PM
187,772). Qual era a concentração de NaBr na solução? (0,0228 mol/L)

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3) Para encontrar o teor de Ce4+ em um sólido, 4,37g foram dissolvidos e tratados com excesso de iodato para
precipitar Ce(IO3)4. O precipitado foi coletado, bem lavado, secado e queimado para produzir 0,104g de CeO 2 (PM
172,114). Qual era a porcentagem em peso de Ce no sólido original? (1,94%)
4) Um minério contendo magnetita (Fe3O4) foi analisado dissolvendo-se 1,5419g da amostra em HCl conc., dando
uma mistura de Fe+2 e Fe+3. Todo o Fe+2 foi oxidado com HNO3 e a solução foi precipitada em Fe(OH)3, pela
adição de NH3. Depois de filtrar e lavar, o resíduo foi calcinado e pesado, sendo a massa de 0,8525g de Fe 2O3.
Calcule a % m/m de Fe3O4 na amostra. (53,44%)
5) 0,0500g de uma amostra de piperazina impura continha 71,29%, em peso, de piperazina (PM 86,137). Quantos
gramas de produto (PM 206,243) serão formados quando esta amostra for analisada pela reação: (0,08538 g)

6) 1,000g de amostra desconhecida deu 2,500g de bis(dimetilglioximato) de níquel (II) (PM 288,91) quando analisada
pela reação:

Encontre a porcentagem em peso de Ni na amostra desconhecida. (50,79 %)


7) O íon cálcio é precipitado na forma do sal orgânico oxalato de cálcio (pouco solúvel) com ácido oxálico H 2C2O4.
O precipitado CaC2O4 é coletado em papel de filtro (este será convertido em CO2(gás) e H2O(vapor) pela ação
oxidante do O2 atmosférico, sendo estes então eliminados), seco e aquecido até o rubro (calcinação). O processo
converte o precipitado quantitativamente para óxido de cálcio (cal). O precipitado depois de calcinado é resfriado
em dessecador e pesado. Usa-se um cadinho previamente aquecido, resfriado e pesado para a ignição do
precipitado.
O cálcio em 200 mL de amostra de água natural foi determinado pela precipitação do cátion como CaC2O4. O
precipitado foi filtrado, lavado e calcinado em cadinho com massa de 26,600g. A massa do cadinho, mais o
precipitado calcinado (CaO PM=56,08g/mol) foi de 26,713g. Calcule a massa de cálcio (PM=40.08g/mol) por 100
mL de amostra de água. (0,041 g)
8) Calcule o volume (mL) de NH3 (densidade 0,99g/mL, pureza 2,3%) que é requerido para a precipitação do ferro
como Fe(OH)3 em 0,70g de amostra que contém 25% de Fe2O3. (4,92 mL)
9) Calcule o fator gravimétrico para:

Substância Substância Elemento Respostas


pretendida pesada
a) As2O3 Ag3AsO4 arsênio 0,21
b) FeSO4 Fe2O3 ferro 1,90

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c) K2O KB(C6H5)4 potássio 0,13


d) SiO2 KAlSi3O8 silício 0,65
10) O conteúdo de alumínio em uma liga é determinado gravimetricamente pela precipitação com 8-hidroxiquinolina
para dar Al(C9H6ON)3. Se uma amostra de 1,021g fornece 0,1862g de precipitado, qual a percentagem de
alumínio na liga? (1,08%)
11) Uma amostra de KBr impuro pesando 523,1 mg é tratada com um excesso de AgNO 3 e obtêm-se 814,5 mg de
AgBr. Qual a pureza do KBr? (98,68%)
12) O cloreto em 0,12 g de amostra 95% pura de MgCl 2 foi precipitado como AgCl. Calcule o volume de uma
solução de AgNO3 0,100M requerida para precipitar o cloreto e dar um excesso de 10%. (26,35mL)
13) O conteúdo de cloreto em uma amostra foi analisado pela precipitação e pesagem do cloreto de prata. Qual a
massa da amostra que deve ser pesada para que a massa do precipitado seja igual a percentagem de cloreto na
amostra? (24,73g)
14) Uma mistura contendo somente AgCl e AgBr pesa 2,000g. Ela é quantitativamente reduzida para prata metálica
que pesa 1,300g. Calcule a massa de AgCl e AgBr na mistura original. (1,154g p/ AgBr e 0,849g p/AgCl)
15) 0,3516g de amostra de um detergente fosfatado comercial foi calcinado para destruir a matéria orgânica. O
resíduo foi tratado com HCl a quente, o P foi convertido para H 3PO4. O fosfato foi precipitado como
MgNH4PO4.6H2O pela adição de Mg+2 seguido da adição de NH3. Depois de filtrado e lavado, o precipitado foi
convertido para Mg2P2O7 (PM 222,57) pela calcinação a 1000 oC. Este resíduo pesou 0,2161g. Calcule a
percentagem de P(PM 30,974) na amostra. (17,11%)
16) 0,2795g de amostra de uma mistura orgânica contendo C6H6Cl6 (PM 290,83) e C14H9Cl5 (PM 354,49) foi
calcinada em um tubo de quatzo com fluxo de oxigênio. Os produtos (CO2, H2O e HCl) foram coletados através
de uma solução de NaHCO3. Depois da acidificação o cloreto da solução na forma de AgCl (PM143,32) pesou
0,7161g. Calcule a percentagem de cada composto halogênico na amostra. (%C6H6Cl6 = 57,80% e
%C14H9Cl5=42,20%)
17) Para determinar o conteúdo de enxofre (S) no ferro fundido, pesou-se 5,904g de amostra e tratou-se da seguinte
maneira. Dissolveu-se em HCl e o H2S desprendido do sulfeto de ferro destilou-se e absorveu-se em uma
solução de sal de cádmio, a CdS formado foi tratado com solução de CuSO 4 em excesso e o precipitado de CuS
obtido foi calcinado, obtendo-se 0,0732g de CuO. Calcular a percentagem de enxofre no ferro fundido. (0,50% de
S)
18) Para analisar a antimonita (Sb2S3) pesou-se uma porção de 0,1872g. Depois do tratamento adequado todo o
enxofre foi transformado em SO42-, que se determinou como BaSO4, cujo peso foi de 0,3243g. Calcular a
percentagem de Sb2S3 na amostra de antimonita analisada. (84,04% de Sb2S3)
19) Uma amostra de 0,3960g que contém cloreto de bário hidratado (BaCl 2 . 2H2O) foi totalmente dissolvida em
50,00 mL de água destilada. Posteriormente, todos os íons cloreto foram precipitados com solução de nitrato de
prata, tendo sido produzidos 0,3280 g de cloreto de prata. (PM Ag 107,87; Cl 35,45; Ba 137,33; H 1,02; O 16,00 g
mol-1)
a) Qual a porcentagem em massa de cloreto de bário presente na amostra de cloreto de bário hidratado? (70,57%)
b) Qual a molaridade correspondente da solução de partida? (0,023 mol/L)
c) Qual a massa correspondente de água presente na amostra original? (0,0412g)

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20) Em uma análise de 0,7011 g de uma amostra contendo cloreto, 0,9805 g de cloreto de prata foram precipitados.
Qual a porcentagem de cloreto na amostra? (Ag 107,9, Cl 35,5 g/mol). (34,62%)
21) Uma amostra orgânica sólida de 0,4054 g contendo brometo ligado covalentemente foi colocada num cadinho de
porcelana com aproximadamente 1,0 g grama de sódio metálico. Num processo conhecido como fusão de sódio,
a mistura foi aquecida num forno a 450 °C, que carbonizou e vaporizou a porção orgânica da molécula e
converteu o brometo covalente em brometo de sódio. O excesso de sódio foi decomposto adicionando pequenas
porções de água que também dissolveram o brometo de sódio. A solução resultante foi transferida
quantitativamente para um béquer, acidificada com ácido nítrico diluído e diluída para cerca de 50 mL.
Adicionou-se uma quantidade de 6 mL de AgNO3 0,1 mol/L à solução e levou-se a mistura para aquecimento a
60 °C durante uma hora para o processo de digestão do precipitado. Após filtração, determinou-se que a massa
do brometo de prata era de 37,8 mg. Qual é a porcentagem de bromo em massa no composto orgânico? 3,95%
22) Uma amostra de 50 mL de água contendo cátions Fe3+ foi tratada com excesso de NH4OH. O precipitado
obtido depois de lavado, secado e calcinado pesou 0,320
23) g. Qual a quantidade de ferro, em mol/L presente na amostra?
24) Um minério é analisado quanto ao teor de manganês, convertendo-o em Mn3O4 e pesando-o. Se uma amostra de
1,52 g produz 0,126g de Mn3O4, qual seria a porcentagem Mn e Mn2O3 na amostra?
25) A ação da solução alcalina de I2 no veneno C19H16O4 resulta na formação de 1 mol de CHI3 para cada mol do
composto que reagiu. O CHI3, iodofórmio, é um medicamento empregado como antisséptico e agente anti-
infeccioso de uso tópico.
A análise do C19H16O4 pode, então, basear-se na reação entre CHI3 e Ag+:
CHI3 + 3Ag+ + H2O → 3AgI(s) + 3H+ + CO(g)
O CHI3 produzido em uma amostra de 13,96 g foi tratado com 25,00 mL de uma solução de AgNO 3 0,02979 mol/L
e o excesso de Ag+ foi titulado com 2,85 mL de uma solução de KSCN 0,05411 mol/L. Calcule a % de C1 9H16O4 na
amostra. 0,435%
26) Par00a encontrar o teor de Ce4+ em um sólido, 4,37g foram dissolvidos e tratados com excesso de iodato para
precipitar Ce(IO3)4. O precipitado foi coletado, bem lavado, secado e queimado para produzir 0,104g de CeO 2
(PM 172,114). Qual era a porcentagem em peso de Ce no sólido original? 1,94%

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5. ANÁLISE VOLUMÉTRICA
Os métodos volumétricos são um grupo de procedimentos quantitativos baseados na determinação da
concentração de um constituinte em uma amostra a partir da reação, em solução, deste com um reagente de
concentração conhecida (estequiometria), através de pequenas adições de volumes. Genericamente, trata-se da
determinação da concentração da espécie de interesse em uma amostra, através da medição do volume necessário de
uma solução de concentração exatamente conhecida (solução padrão) para reagir quantitativamente com esta amostra
em solução (solução problema).
A determinação da concentração de uma solução (solução problema) a partir de sua reação quantitativa com
uma quantidade conhecida de substância pura (padrão primário) é chama de titulação de padronização, ou
simplesmente padronização. E a solução problema, que teve a sua concentração determinada, passa a ser uma
solução padronizada, também conhecida como padrão secundário.
O padrão primário é um composto suficientemente puro e estável que permite preparar uma solução padrão
(primária) por pesagem direta do composto e diluição até um determinado volume de solução. Um padrão primário
deve possuir alta pureza, 99,9%, não deve se decompor sob estocagem normal, deverá ser estável quando secado por
aquecimento ou vácuo, ter baixo custo, ser solúvel em água e apresentar massa molar elevada. Alguns exemplos de
padrões primários utilizados em reações ácido-base são: Na2CO3 (carbonato de sódio), Na2B4O7 (tetraborato de
sódio), C8H5KO4) (hidrogenoftalato de potássio ou biftalato de potássio), KH(IO3)2 (hidrogenoiodato de potássio) e
HC8H5O2 (ácido benzoico).
Um reagente padrão secundário é um composto que permite preparar uma solução titulante, porém sua
concentração é determinada através da comparação (padronização) contra um padrão primário. Ex.: NaOH)
Os principais requisitos de uma reação empregada em titulação são que ela possua uma grande constante de
equilíbrio e se processe rapidamente.
Principais tipos de análise volumétrica: volumetria de precipitação, volumetria ácido-base, volumetria
complexação e volumetria de oxi-redução

Termos empregados nas análises volumétricas:


Titulação: Refere-se ao processo no qual o reagente (solução
padrão ou titulante padrão) é adicionado à solução de um analito até
que a reação entre os dois seja completa.
Titulante: Reagente ou solução, cuja concentração é conhecida.
Titulado: Composto ou solução, cuja concentração é desconhecida.
Ponto de equivalência de uma titulação é aquele calculado com
base na estequiometria da reação envolvida na titulação.
Ponto final de uma titulação é aquele determinado
experimentalmente.
Indicador é um composto com uma propriedade física
(normalmente a cor) que muda abruptamente próximo ao ponto de
equivalência, ou seja, no ponto final da titulação. O ponto final

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também pode ser medido por métodos instrumentais.


OBS.: A etapa principal numa análise volumétrica é relacionar o número de mol do titulante ao número de mol do
titulado.

TITULAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO
Os métodos volumétricos de precipitação são baseados em reações de formação de compostos pouco solúveis.
Algumas condições devem ser alcançadas para a validade de resultados:
A reação deve ser de estequiometria conhecida.
Deve haver total reação entre o agente precipitante e o íon.
Tornar-se completa em um tempo relativamente curto.
Oferecer modos para eficiente sinalização do ponto final.
As reações de precipitação encontram limitações, quanto à sua utilização na análise volumétrica devido à falta
de indicadores adequados. As possibilidades de aplicações da volumetria de precipitação são grandemente ampliadas
quando são utilizados métodos físicos de medição, como a:
Potenciométrico: Medida do potencial entre um eletrodo de prata e um eletrodo de referência com potencial
constante e independente da concentração do reagente adicionado;
Amperométrico: Medida da corrente gerada na solução titulada;
Químicos: O ponto final será determinado por uma variação de cor ou no aparecimento ou desaparecimento de uma
turbidez na solução titulada.
O método de precipitação mais importante é a argentimetria, que se baseia na formação de sais pouco solúveis
do íon prata com os haletos, cianeto e tiocianato.

5.1.1. Curva de titulação de precipitação

Na titulação de precipitação, as variações das concentrações dos íons participantes da reação podem ser
acompanhadas mediante aplicação do produto de solubilidade (Kps).
As curvas de titulação se baseiam no uso de pM=-log[Mn+] como variável. A curva de titulação nos permite
avaliar se a titulação é viável e também permite avaliar o erro pelo uso do indicador.

Exemplo 5.1: Determine os pCl e os pAg para a titulação de 100 mL de NaCl 0,1 mol L -1 com AgNO3 0,1 mol L-1
para a adição de 0; 20; 100 e 110 mL. (KpsAgCl =1,8.10-10) Respostas: 1,0 e 0; 1,18 e 8,57; 4,87 e 4,87; 10,11 e 2,32

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5.1.2. Parâmetros que afetam as curvas de titulação de precipitação

Titulações realizadas com reagentes mais concentrados e com maior valor de Kps dos produtos formados
apresentam maior a inflexão da curva e, portanto, mais nítido será o ponto final da titulação.

(A) 100 mL de NaCl 0,1 mol L-1 com 0,1 mol L-1 Quanto menor o Kps mais completa será a
de AgNO3 reação
(B) 100 mL de NaCl 0,01 mol L-1 com 0,01 mol L-1
de AgNO3

5.1.3. Titulação de uma mistura de íons precipitáveis pelo mesmo reagente

Quando dois ânions são capazes de formar sais pouco solúveis com o mesmo cátion, a titulação só é possível se
a precipitação de um dos ânions (A1) se completar antes que tenha início a precipitação do anion (A2). Desta forma:
O produto com menor Kps precipita primeiro se a estequiometria dos diferentes possíveis precipitados é a
mesma.
A precipitação produz duas inflexões diferentes na curva de titulação.

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5.1.4. Métodos Argentimétricos

Titulação de Mohr: Método argentimétrico aplicável a titulação do cloreto, brometo e cianeto usando cromato de
potássio (K2CrO4) como indicador químico. O ponto final é determinado pela formação do precipitado vermelho-
tijolo de cromato de prata (Ag2CrO4) na região do ponto de equivalência. O cromato deverá está presente na solução
em uma concentração que permita a precipitação de todo o haleto como sal de prata antes que o precipitado de
cromato de prata seja perceptível.
AgCl(s) ⇋ Ag+ + Cl- Kps = 1,78 x 10-10
AgCrO4(s) ⇋ 2Ag+ + CrO4-2 Kps = 2,45 x 10-12

Exemplo 5.2: Por que o K2CrO4 pode ser utilizado como indicador químico nesta titulação? Qual a concentração
ideal de K2CrO4 durante a titulação?

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Limitação: O método de Mohr só pode ser aplicado na faixa de pH entre 6,5 e 10,0. Em pH < 6,5 ocorre a
formação de ácido crômico (H2CrO4), diminuindo a concentração de cromato no meio. Em pH >10 há formação do
precipitado de Ag2O.

Método de Volhard: Consiste em precipitar o haleto com um excesso de solução padrão de AgNO3, e então titular a
prata residual em meio ácido com uma solução padrão auxiliar de tiocianato de potássio, usando Fe+3 como indicador
do ponto final. O PF será indicado pela formação de um complexo vermelho com um leve excesso de íons tiocianato.
𝑋 − (𝑎𝑞) + 𝐴𝑔𝑁𝑂3 (𝑎𝑞) (𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜) ↔ 𝐴𝑔𝑋(𝑠) + 𝑁𝑂3− (𝑎𝑞)

𝐴𝑔+ (𝑎𝑞) (𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙) + 𝐾𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞) ↔ 𝐴𝑔𝑆𝐶𝑁(𝑠) + 𝐾 + (𝑎𝑞)

𝐹𝑒 3+ (𝑎𝑞) + 𝐾𝑆𝐶𝑁(𝑎𝑞) ↔ [𝑭𝒆(𝑺𝑪𝑵)𝟐+ ](𝒂𝒒) + 𝐾 + (𝑎𝑞)

A titulação é realizada em meio ácido para impedir a hidrólise dos íons Fe +3, além de eliminar interferência de
outros íons. O meio fortemente ácido necessário ao procedimento de Volhard representa uma vantagem que o
distingue dos outros métodos titulométricos de análise de haletos, porque íons como carbonato, oxalato e arsenato,
que formam sais de prata pouco solúveis, em meio ácido, não causam interferência.
Na determinação de cloreto usando o método de Volhard o precipitado de AgCl deve ser filtrado antes da
titulação do excesso de íon prata, pois o cloreto de prata (1,8 x 10-10) e mais solúvel que o tiocianato de prata (1,1 x 10-
12).

Exemplo 5.3: Determinou-se o teor em cloreto numa solução salina pelo método de Volhard. Uma alíquota de 10,00
mL foi tratada com 15,0 mL de uma solução padrão de AgNO 3 0,1182 mol/L. O excesso de prata foi titulado com
uma solução padrão de KSCN 0,101 mol/L, sendo necessário 2,38 mL para atingir o ponto de equivalência com a
formação de Fe(SCN)2+. Calcule a concentração de cloreto na solução salina, em g/L. 0,1533 mol/L

Método de Fajans: Método argentimétrico que utiliza os indicadores de adsorção para determinação do ponto
final. Os indicadores de adsorção são compostos orgânicos que tendem a ser adsorvidos sobre a superfície do sólido
em uma titulação de precipitação. A adsorção ocorre próximo do ponto de equivalência e resulta não apenas em uma
alteração de cor, como também em uma transferência de cor da solução para o sólido.
A fluoresceína é um indicador de adsorção típico, utilizado para a titulação do íon cloreto com nitrato de
prata. Em soluções aquosas, a fluoresceína se dissocia parcialmente em íons hidrônio e íons fluoresceinato que são
verde-amarelados. Os íons fluoresceinato forma um sal de prata de cor vermelha intensa.
A flouresceína é um ácido muito fraco (pKa = 8) e em pH< 7,0 a sua ionização é tão reprimida que a
concentração do ânion se torna insuficiente para acusar uma mudança de coloração satisfatória. A alteração da cor é
um processo de adsorção, não há precipitação do fluoresceinato de prata, pois o seu produto de solubilidade nunca é
excedido. A adsorção é reversível e o corante pode ser dessorvido em uma retrotitulação com íon cloreto. As

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titulações que envolvem os indicadores de adsorção são rápidas, precisas e seguras, mas sua aplicação é limitada a
relativamente poucas reações de precipitação nas quais um precipitado coloidal se forma rapidamente.

EXERCÍCIOS
1) Defina análise volumétrica.
2) Vinte e cinco mililitros de uma solução 0,0311 mol/L de Na2C2O4 foram titulados com uma solução de La(ClO4)3
0,0257 mol/L precipitando o oxalato de lantânio: (K ps = 1 x 10-25)
2La3+ + 3C2O4-2 →La2(C2O4)3 (s)
a) Que volume de La(ClO4)3 é necessário par atingir o ponto de equivalência? 20,17
b) Encontre o pLa3+ quando formem adicionados 10,00 mL de La(ClO4)3. 9,57
c) Encontre o pLa3+ no ponto de equivalência. 5,11
d) Encontre o pLa3+ quando forem adicionados 25,00 mL de La(ClO4)3. 2,61
3) 50,0 mL de uma solução de Na3[Co(CN)6] 0,0100 mol L-1 foram tratados com uma solução de Hg2(NO3)2 0,0100
mol L-1, precipitando (Hg2)3[Co(CN)6]2. Determine o pCo(CN)6 nos seguintes volumes de Hg2(NO3)2.
Adicionados: (Kps (Hg2)3[Co(CN) 6]2 = 1,9 x 10-37).
a) 70 mL 3,56
b) 90 mL 13,91
4) Considere a titulação de 25,00 mL de uma solução de KI 0,08230 mol L -1 com uma solução de AgNO3 0,05110
mol L-1.. Calcule o pAg+ nos seguintes volumes de AgNO3 adicionados: (a) 39,00 mL; (b) volume de equivalência;
(c) 44,
5) 30 mL. (AgI = 8,3 x 10-17). 13,08; 8,04; 2,53
6) Uma amostra de 0,4671 g contendo hidrogenocarbonato de sódio (ou bicarbonato de sódio) foi dissolvida e
titulada com 40,72 mL de uma solução padrão de HCl 0,1067 mol/L. Calcule a percentagem de bicarbonato de
sódio na amostra. 78,14 % NaHCO3
7) Uma solução de AgNO3 contém 14,77 g do padrão primário AgNO3 em 1,00 L. Que volume desta solução será
necessário para reagir com:
Kps (arsenato de prata): 6 x 10−23
Massa Molar: Ag 107,9; N 14,01; O 16,00; Na 22,99; Cl 35,45; As 74,92
a) 0,2631 g de NaCl? 51,8 mL
b) 25,00 mL de Na3PO4 0,05361 mol/L? 46,26 mL
c) 64,13 mg de Na3AsO4? Calcule o pAg 5 mL antes do volume de equivalência. 10,64 mL
8) 50 mL de uma solução NaBr foram tratados com excesso de AgNO3 para precipitar 0,2146g de AgBr (PM
187,772). Qual era a concentração de NaBr na solução? (R = 0,0228 mol/L)
9) Calcule a variação de pAg, entre 1% antes e 1% depois do ponto de equivalência, na titulação de 25,00 mL de
uma solução de nitrato de prata 0,10 mol/L com uma solução equimolar de cloreto de sódio. (3,30 e 6,44)

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10) Utilizando-se o método de Mohr para a determinação da concentração de cloreto em 10 mL de uma amostra, o
volume gasto de solução de nitrato de prata 0,105 mol/L foi de 20 mL.
a) Qual a concentração de iodeto nesta amostra? 0,210 mol/L
b) Ao se titular uma amostra de iodeto que tenha EXATAMENTE a mesma concentração de cloreto (item a) iremos
gastar exatamente o mesmo volume de nitrato de prata. Usando os eixos fornecidos, esboce a curva de titulação
resultante das duas titulações descritas acima, identificando claramente no gráfico o ponto de equivalência. pCl = 4,87
e pI = 8,04
c) Haverá mudança na curva de titulação? JUSTIFIQUE!
Dados: Kps(AgCl) = 1,8 x 10-10 e Kps(AgI) = 8,3 x 10-17
11) Considere a titulação de 25,00 mL de uma solução de KI 0,09 mol/L com uma solução de AgNO3 0,05 mol/L.
Calcule o pAg+ e pI- nos seguintes volumes de AgNO3 adicionados: (a) Ve – 1mL; (b) Ve (volume de
equivalência); (c) Ve + 1 mL. (pKps = 16,08) pI=3,14 e pAg=12,94, b) pAg=pI=8,04, c)pI=12,82 e pAg=3,3
12) Uma amostra de 100 mL de água salobra foi tratada com amônio e o sulfeto nela contido foi titulado com 10,47
mL de AgNO3 0,01350 mol/L. A reação é: 2Ag+ + S2- ⇒ Ag2S(s). Calcule a concentração do H2S em ppm na
água.
13) 50 mL de uma solução 0,025 mol/L de C2O4-2 foram titulados com uma solução de La+3 0,020 mol/L
precipitando o La2(C2O4)3 (Kps = 1 x 10-25). Calcule a o pLa3+ e pC2O4-2 quando o volume de titulante adicionado
for igual a 30% do volume de equivalência.
14) Adicionou-se 1,7 mg de nitrato de prata a 100 mL de uma solução saturada de cloreto de prata (Kps = 1,56x10-10).
Determine a concentração de íons cloreto em solução. (Ag 108, N 14, O 16 g mol -1) Resp. 1,56 µmol L−1

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6. VOLUMETRIA ÁCIDO-BASE
A volumetria ácido-base também é conhecida como reação de neutralização que acontece entre o titulado e o
titulante. Comumente a volumetria de neutralização é utilizada para a determinação da concentração de uma espécie
ácida ou básica. No entanto, pela análise da curva de titulação é possível deduzir a quantidade de ácido e base em uma
mistura e seus valores de pK.

pH inicial

Ponto de equivalência zona de variação brusca de pH

Volume de titulante gasto até ao ponto de equivalência

Titulação de um ácido forte com uma base forte


Na volumetria de um ácido forte com uma base forte o pH da solução é determinado através do excesso de
ácido (H3O+) ou base (OH-) em solução.
1
𝐻3 𝑂+ + 𝑂𝐻 − ↔ 2𝐻2 𝑂 𝐾𝑒𝑞 = = 1014
𝐾𝑤
Considerando como exemplo a determinação da concentração de um ácido forte monoprótico com uma
monobase forte. Para a construção da curva de titulação há três regiões que representam cálculos diferentes.
1) Antes do ponto de equivalência, o pH é determinado
por meio do excesso de 𝐻3 𝑂+ em solução, já que
todo o volume de base adicionado foi consumido
produzindo sal e água.
2) No ponto de equivalência, a quantidade de 𝑂𝐻 −
adicionado é suficiente para reagir com todo o 𝐻3 𝑂 +
para produzir sal e água. O pH é então determinado
pela dissociação da 𝐻2 𝑂. Já que o sal formado através
da reação de uma forte e um ácido forte não tem
força suficiente para alterar o pH da água.
Como o pH é determinado pela dissociação da

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água, o pH no ponto de equivalência sempre será 7.


𝐻2 𝑂 + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝐻3 𝑂+ + 𝑂𝐻 − 𝐾𝑤 = 10−14 ⇒ 𝐾𝐻3 𝑂+] 𝑂𝐻 −]𝑤 , como [𝐻3 𝑂+ ] = [𝑂𝐻 − ] ⇒
[𝐻3 𝑂+ ] = 10−7 ∴ 𝑝𝐻 = 7.
3) Após o ponto de equivalência, o pH é determinado pelo excesso de 𝑂𝐻 − adicionado. A curva de titulação está
representada da figura abaixo.
O ponto de equivalência ocorre quando o pH = 7

Exemplo 6.1: Vamos considerar a titulação de 50 mL de uma solução de HCl 0,10 mol L–1 com uma solução de
NaOH 0,20 mol L–1.

Titulação de um ácido fraco com uma base forte


Na volumetria de um ácido fraco com uma base forte o pH deve ser determinado pelo equilíbrio da reação em
cada ponto.
Considerando como exemplo a determinação da concentração de um monoácido fraco (HA) com uma
monobase forte (𝑂𝐻 − ). Os cálculos para a construção da curva de titulação envolvem 4 etapas diferentes.
1. Antes da adição do titulante (𝑂𝐻 − ), a solução contém apenas o ácido fraco, HA, em água, logo o pH da solução é
𝑥2
determinado pelo equilíbrio 𝐻𝐴 + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝐻3 𝑂 + + 𝐴− 𝐾𝑎 =?, 𝐾𝑎 = ⇒ 𝑥 = [𝐻3 𝑂 + ] ∴ 𝑝𝐻 =
𝐹−𝑥
− 𝑙𝑜𝑔[𝐻3 𝑂 + ].
2. Antes do ponto de equivalência, parte do ácido foi consumido, deixando uma mistura entre o ácido fraco HA e
sua base conjugada 𝐴− . Sempre que há a presença de um par conjugado em solução 𝐻𝐴/𝐴− , tem-se um tampão,
[𝐴− ]
logo o pH é determinado através da equação de Henderson-Hasselbalch: 𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎 + 𝑙𝑜𝑔 [𝐻𝐴] .

Quando o volume do titulado adicionado é igual à metade do volume de equivalência, o pH da solução é igual
1/2
ao pKa do ácido. Pois, o 𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎 + 𝑙𝑜𝑔 .
1/2

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3. No ponto de equivalência todo o HA foi consumido pela 𝑂𝐻 − , sendo convertido em 𝐴− . Assim o pH é


determinado através da dissociação deste sal (base conjugada) em água, de acordo com a equação:
[𝐵𝐻 + ][𝑂𝐻 − ] 𝑥2 𝐾𝑤
𝐴− + 𝐻2 𝑂 ⇌ 𝐻𝐴 + 𝑂𝐻 − 𝐾𝑏 = [𝐵]
= ∴ 𝑥 = [𝑂𝐻 − ] ⇒ [𝐻 + ] = [𝑂𝐻 − ].
𝐹−𝑥

4. Após o ponto de equivalência o pH será determinado através do excesso de 𝑂𝐻 − adicionado, desprezando o


pequeno efeito da presença de 𝐴− em solução.

Exemplo 6.2: Considere a titulação de 50 mL de uma solução de 0,10 molL–1 de ácido acético com uma solução de
NaOH 0,20 mol L–1.

Reação: 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝑁𝑎𝑂𝐻 ↔ 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂𝑁𝑎 + 𝐻2 𝑂


Dado: 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂− + 𝐻3 𝑂 𝐾𝑎 = 1,75 × 10−5

O ponto de equivalência ocorre quando o pH > 7

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Titulação de um ácido forte com uma base fraca


É exatamente o inverso da titulação de um ácido fraco com uma base forte.

Exemplo 6.3: Considere alíquotas de 100 mL de uma solução 0,100 mol L–1 de base fraca B (pKb = 5,00) titulada com
uma solução de HClO4 1,00 mol L–1. Encontre o pH nos seguintes volumes de ácido adicionados e faça um gráfico do
pH versus Va. Va = 0; 1; 5;9; 10; 10,1 e 12mL. (HARRIS) Respostas: 11,00; 9,95; 9,00; 8,05; 5,02; 3,04 e 1,75.

OBS.: À medida que ácido torna-se mais fraco ou mais diluído, o ponto final se torna menos distinto.

Efeito do pKa e pKb e da diluição dos ácidos no perfil da Curva de Titulação


Quanto mais fraco o ácido, mais desfavorável se torna a titulação, pois as reações não se completam
totalmente. Os ácidos com constantes de dissociação menores que 10–7 não podem ser satisfatoriamente titulados em
concentrações ao redor de 0,10 mol L–1.
Na figura abaixo (a) são mostradas curvas de titulação de um ácido forte e de ácidos fracos com constantes de
dissociação variando entre 10–2 a 10–10. Quanto maior a força do ácido maior o salto do pH nas imediações do ponto
de equivalência, mais viável é a titulação. Quando o ácido é mais fraco ou mais diluído, o ponto de inflexão fica menos
nítido (Figura b).

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Curvas calculadas referentes à titulação de 50,0 mL de HA (pKa = 5) com


Curvas calculadas referentes à titulação de 50 mL de HA
NaOH cuja concentração é 5 vezes maior que a concentração do HA.
0,020 mol L–1 com NaOH 0,010 mol L–1

O mesmo comportamento observado para os ácidos fracos


também acontece com as bases fracas. Quanto mais fraca a base, mais
desfavorável se torna a titulação. Na Figura abaixo são mostrados os
perfis das curvas de titulação de bases com constantes de dissociação
variando entre 10–2 a 10–10, com HCl 0,10 mol L–1. Para fins de
comparação indica-se também nesta figura a curva de titulação de
NaOH 0,10 mol L–1 com HCl de mesma concentração.
Verifica-se que quanto maior a força da base maior é a inclinação da
curva nas proximidades do ponto de equivalência. Portanto, mais
viável é a titulação.

Indicadores ácido-base
Indicadores ácido-base são moléculas de corantes, cujas cores são dependentes da concentração de H3O+,
proporcionam a maneira mais simples de estimar o pH de uma solução. Estes indicadores são ácidos fracos cujas
bases conjugadas apresentam cores diferentes com relação aos primeiros; ou são bases fracas cujos ácidos conjugados
são de cores diferentes.

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Um exemplo é a fenolftaleína:

[H 3O  ][ In  ]
Hin + H2O  In- + H3O+ KI 
[ HIn]

No meio ácido: o equilíbrio desloca-se para a esquerda e a solução apresenta a cor 1 (da espécie HIn).
No meio alcalino: o equilíbrio desloca-se para a direita e a solução apresenta a cor 2.
HIn  In- + H+
Cor 1 Cor 2

A escolha do melhor indicador para uma titulação é quando o indicador apresenta uma mudança de coloração
próximo ao pH no ponto de equivalência. Quanto mais próximo do pH no ponto de equivalência, mais exato será o
ponto final. A diferença entre o ponto final observado (mudança de cor) e o verdadeiro ponto de equivalência é
chamada de erro do indicador (ou erro de tilulação).

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Alguns indicadores ácido-base:


Indicador Zona de transição a 18oC pKa Cor
azul de timol 1,2 - 2,8 1,65 R-Y
amarelo de metila 2,9 - 4,0 3,3 R-Y
alaranjado de metila 3,1 - 4,4 3,4 R-O
azul de bromofenol 3,0 - 4,6 3,85 Y-B
verde de bromocresol 4,0 - 5,6 4,7 Y-B
vermelho de metila 4,4 - 6,2 4,95 R-Y
p-nitrofenol 5,3 - 7,6 7,2 C-Y
azul de bromotimol 6,2 - 7,6 7,1 Y-B
vermelho de fenol 6,4 - 8,0 7,9 Y-R
vermelho de cresol 7,2 - 8,8 Y-R
azul de timol 8,0 - 9,6 8,9 Y-B
fenolftaleína 8,0 - 10,0 9,4 C-R
nitramina 11,0 - 13,0
* B = Azul, C = Incolor, O = laranja, R = Vermelho, V = violeta, Y = amarelo

Obs.: As soluções indicadoras podem ser substituídas por potenciômetros e a medida do pH pode ser feita utilizando-
se eletrodos.

O excesso de indicador químico pode alterar a curva


normal de titulação.

Volumetria de ácidos polipróticos

Exemplo 6.4: Titular 10 mL de uma dibase (B) 0,1 mol L–1 com HCl 0,1 mol L–1. Dados: pKb1 = 4 e pKb2 = 9

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𝐵 + 𝐻 + ↔ 𝐵𝐻 + 1º ponto de equivalência _ 1º volume de equivalência: 10 mL


𝐵𝐻 + + 𝐻 + ↔ 𝐵𝐻2 + 2º ponto de equivalência _ 2º volume de equivalência: 20 mL
𝐵 + 𝐻2 𝑂 ↔𝐵𝐻 + +𝑂𝐻 − 𝐾𝑏1
a) Antes da adição do ácido: 𝑥 = 3,11 × 10−3 𝑚𝑜𝑙/𝐿 → 𝑝𝐻 = 11,49
0,1 − 𝑥 𝑥 𝑥
[𝐵]
b) Antes do 1º ponto de equivalência: Tampão contendo 𝐵/𝐵𝐻 + : 𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎2 + 𝑙𝑜𝑔 [𝐵𝐻 + ].

Quando o volume adicionado é metade do primeiro volume de equivalência (5mL), o pH = pKa2.


1
c) No 1º ponto de equivalência: B foi convertido em BH+, intermediário do ácido diprótico: 𝑝𝐻 = (𝑝𝐾𝑎1 + 𝑝𝐾𝑎2 ).
2
[𝐵𝐻 + ]
d) Após o 1º ponto de equivalência e antes do 2º: Tampão contendo 𝐵𝐻 + /𝐵𝐻2 + : 𝑝𝐻 = 𝑝𝐾𝑎1 + 𝑙𝑜𝑔 .
[𝐵𝐻2 + ]
e) No 2º ponto de equivalência: O pH é determinado pela relação de dissociação ácida do 𝐵𝐻2 + :
𝐾𝑤
𝐵𝐻2 + + 𝐻2 𝑂 ↔ 𝐵𝐻 + + 𝐻3 𝑂 + 𝐾𝑎1 = , pH = 3,24.
𝐾𝑏2

Volume pH
0 11,5
5 10,0
9 9,05
10 7,5
15 5,0
19 4,05
20 3,24
22 2,20

Figura: Titulação de H2A x NaOH

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Exemplo 6.5: Titular 20mL de ácido fosfórico (H3PO4) 0,30 mol L–1 com hidróxido de sódio (NaOH) 0,30 mol L–1. Dados:
pKa1 = 2,148, pKa2 = 7,199 e pKa3 = 12,15.
Respostas: 0ml-1,34; 10mL – 2,148; 20mL – 4,67; 30 mL – 7,199; 40mL-9,67; 50mL=12,15; 60mL – 12,42 e 70 mL – 12,78.

EXÉCICIOS
1) Titularam-se 25,00 mL de uma solução de HCl 0,1000 mol/L com uma solução de NaOH 0,1000 mol/L. Calcule
a) O volume equivalente, e o pH da solução no ponto de equivalência. 25,00 mL e 7,0
b) A variação de pH entre 1% antes e 1% depois do ponto de equivalência (3,3 e 10,7)
2) Considere a titulação de 50mL de uma solução de 0,20 mol/L de ácido acético com uma solução de NaOH 0,20 mol/L.
Encontre o pH nos seguintes volumes de base adicionados: 0; 5; 50 e 50,1mL. (2,73; 3,80; 8,88 e 10,30)

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

3) Considere alíquotas de 100 mL de uma solução 0,100 mol/L de base fraca B (pKb = 5,00) titulada com uma solução de
HClO4 1,00M. Encontre o pH nos seguintes volumes de ácido adicionados e faça um gráfico do pH versus Va. Va = 0;
1; 5; 9; 10; 10,1 e 12mL. (11; 9,95; 9,00; 8,05; 5,02; 3,04 e 1,75)
4) Titularam-se 20,00 mL de uma solução de ácido acético 0,10 mol/L com NaOH 0,05 mol/L. Calcule:
a) o volume equivalente de NaOH (40,00 mL)
b) o pH no início da titulação, no ponto de equivalência, 1% antes e 1% depois do ponto de equivalência e após a adição de
50,00 mL de NaOH. (2,88; 8,64; 6,76; 10,52 e 11,85)
5) Uma solução de H2SO4 foi preparada da seguinte maneira: mediu-se 5,7mL do ácido concentrado (d=1,831Kg/L e
pureza = 94%) e diluiu-se para 1000 mL com água. Uma alíquota desta solução foi titulada com NaOH 0,1M e gastou-
se na titulação 20 mL da base. Qual o volume da alíquota usada e a concentração do ácido? 10 mL
6) Calcule o pH após a adição de 0; 10; 20 e 30 mL do titulante na titulação de 10mL de NH 3 0,2 mol/L com HCl 0,1
mol/L? (Ka = 5,7.10-10) 11,27; 9,24; 5,12; 1
7) Misturam-se 100 mL de uma solução aquosa de NaOH 0,1 mol/L, com 400 mL de solução aquosa de HCl 0,05 mol/L.
Adiciona-se água até completar o volume de 1000 mL e homogeneíza-se a solução resultante. Qual o pH da solução
resultante?
8) (Dados: pK1 = 2,148, pK2 = 7,199 e pK3 = 12,15)
(a) Quantos mililitros de solução 0,60 mol/L de HCl devem ser adicionados a 50 mL de Na2HPO4 0,05 mol/L (PM =
141,955) para ajustar o pH para 5,00?
(b) Qual o pH da solução Na2HPO4 de antes da adição de HCl?
9) Qual é a concentração de H3O+ da solução resultante da diluição de uma mistura contendo 0,25 mol de HCl e 0,40 mol
de NH3, de modo a se obter 500 mL de solução? (Dados: pK = 9,244)
10) Calcule o valor de pH no ponto de equivalência para as titulações ácido-base e defina qual o indicador mais adequado
para cada uma.
A. 10 mL de ácido benzóico 0,01 mol/L (pKa = 4,20) com hidróxido de sódio 0,2 mol/L.
B. 10 mL de ácido nítrico 0,01 mol/L com hidróxido de potássio 0,2 mol/L.
Vermelho de cresol: 0,2 – 1,8 p-Nitrofenol: 5,6 – 7,6
Alaranjado de metila: 3,1 – 4,4 Púrpura de cresol: 7,6 – 9,2
Alaranjado de etila: 3,4 – 4,8 Azul de timol: 8,0 – 9,6
Vermelho de metila: 4,8 – 6,0 Nitramina: 11,1 – 12,7
11) A curva de titulação de 50 mL de uma solução 0,02 mol/L de um ácido fraco monoprótico (HA) com solução 0,10
mol/L de NaOH está representada na figura abaixo. Calcule o Ka do ácido e o pH no ponto de equivalência.

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

12) Determine as concentrações de H3O+ durante a titulação de 50 mL de uma solução 0,200 mol/L de NH 3 (Ka = 5,7 x
10-10) com HCl 0,200 mol/L, quando os seguintes volumes do titulante forem adicionados:
a) V = 0 mL pH = 11,27
b) V = 1 mL pH = 10,94
c) V = 25,00 mL pH = pK a = 9,24
d) V = 50,00 mL pH = 5,12
e) V = 60,00 mL pH = 1,74
13) O hidróxido de magnésio é uma base pouco solúvel em água (Kps = 8,9 x 10 −12). O leite de magnésia é uma suspensão
desta base em água bastante utilizada no tratamento da acidez do estômago.
a) Qual o pH de uma suspensão saturada desta base? pH=10,42
b) Para o preparo de uma solução de ácido clorídrico (sigma-aldrich, 1,2 g/mL, 30%) utilizou-se um volume de 8,0 mL
do ácido comercial e diluiu-se em balão volumétrico de 200,0 mL. Calcule qual o pH da solução resultante. 0,395
mol/L, pH=0,40
c) Uma suspensão de hidróxido de magnésio foi preparada pela dissolução de 0,7290 g em 50,0 mL de água. Qual o
volume necessário da solução de ácido clorídrico (preparada no item d) para a neutralização total desta suspensão?
63,6 mL
14) Por lei, o vinagre (solução aquosa de ácido acético) pode conter, no máximo, 4% em massa de ácido acético (MM = 0,67
mol L-1). Suponha que você queira verificar se o vinagre utilizado em sua casa atende as especificações legais. Para isso,
você verifica que 21 mL de vinagre são completamente neutralizados por 7,0 mL de uma solução aquosa de hidróxido
de sódio 2,0 mol L-1. Com base nisso, responda:
a) Descreva o procedimento necessário para o preparo de 50 mL da solução básica?
b) Após a titulação, a que conclusão você chega a respeito da porcentagem de ácido acético no vinagre?
Dados: Massas atômicas (g mol-1): C = 12,01; O = 16,00; H = 1,00; Na = 23,00.
15) Para a construção de uma curva de titulação titulou-se 50 mL de ácido acético (pKa = 4,76) 0,12 mol/L com NaOH 0,1
mol/L. Calcule: o pH no início da titulação, no ponto de equivalência, 1% antes e 1% depois do ponto de equivalência.
2,7; 6,8; 8,8 e 10,8
16) Defina ponto de equivalência em uma titulação. Qual a diferença entre ponto final e ponto de equivalência?
17) Considere as titulações:

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HCl (0,1 mol/L) + NaOH (20 mL/0,1 mol/L)


C2H4O2 (20mL/0,1 mol/L) +NaOH (0,1 mol/L)
HCl (0,1 mol/L) +NH3 (20 mL/0,1 mol/L).
a) Esboce o gráfico referente a cada uma das titulações, identificando claramente no gráfico o pH no ponto de
equivalência.
b) Para as titulações você dispõe de dois indicadores, alaranjado (pKa 3,7) e fenolfaleína (pka 9,3). Qual seria o mais
indicado para cada uma dessas titulações. Justifique!
c) Haverá erro no ponto final da titulação ao se escolher o indicador alaranjado de metila ou fenolftaleína em cada uma
dessas titulações?

Alaranjado de Metila Fenolftaleína

CH3COOH (20 mL/0,1 mol/L)+NaOH (0,1 mol/L) NaOH (20 mL/0,1 mol/L)+HCl (0,1 mol/L)
14 14

12 12

10 10

8 8
pH

pH

6 6

4 4

2 2

0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
Volume Volume

NH3 (20 mL/0,1 mol/L)+HCl (0,1 mol/L)


14

12

10

8
pH

0
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
Volume

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18) Suponha que 0,222 g de ácido fosforoso, H3PO3, foi dissolvido em água e que o volume total da solução é 50 mL.
(dados: pK1=2, pK2 = 6,59, PM 91,97 g/mol). Estime o pH da solução obtida se forem adicionados 5 mL de NaOH(aq)
0,175 mol/L à solução de ácido fosforoso.
19) O ácido nítrico comercial está rotulado com pureza de 99%, o que implica percentagem em peso. (densidade = 1,51 g
mL-1) (Dados: H 1; N 23, O 16 g/mol).
a. Qual a molaridade do ácido nítrico? 20,76 mol L–1
b. Qual o volume de ácido nítrico necessário para preparar 500 mL de uma solução 50 nmolL -1? Qual o pH desta
solução? 1,2nL/ pH=6,89
c. Qual o volume de NaOH 0,01molL-1 necessário para neutralizar os 500 mL da solução que preparada.
20) Um analista pretende preparar uma solução de ácido fosfórico solubilizando 8,53 mL do Ácido Fosfórico PA (pureza =
85%, d= 1,69 g mL-1, 98,00 g mol-1) em balão volumétrico de 250 mL. Dados: pk1=2,148, pk2 = 7,199 e pK3 = 12,15.
a. Qual a concentração da solução expressa em mol L-1? 0,5 mol L–1
b. Nestas condições, qual o seu grau de dissociação (α)? 0,112 ou 11,2%
c. Qual o pH da solução? pH=1,25
d. Construa o gráfico de distribuição das espécies em função do pH.
e. Considere a titulação de 50 mL desta solução com uma solução de NaOH 0,25 mol L-1. Calcule o pH resultante nos
três pontos de equivalência. 4,67, 9,67 e 12,50
f. Esboce o gráfico referente a titulação, identificando claramente no gráfico o pH nos pontos de equivalência.
pH

Volume

21) Durante a titulação de 25 mL de solução de ácido carbônico com solução de NaOH 0,100 mol/L o volume gasto para a
completa neutralização do ácido foi de 50 mL. (Dados Ka1 = 4,3 x 10-7 e Ka2 = 4,8 x 10-11)
a) Determine a concentração da solução de ácido carbônico e o seu pH. 0,01 mol/L, pH = 3,68
b) Estime o pH da solução se forem adicionados 25 mL de NaOH 0,100 mol/L à solução de ácido carbônico. pH = 8,34
c) Estime o pH da solução se mais 10 mL de NaOH 0,100 mol/L forem adicionados à solução da parte b. pH = 10,14
22) Uma solução de NaOH 0,05118 mol/L foi preparada e está isenta de carbonatos. Exatamente 1,0 litro desta solução foi
exposto ao ar durante algum tempo e absorveu 0,1962g de CO 2. Calcule o erro relativo causado devido à presença de
CO2 na solução de NaOH ao se titular uma solução de ácido acético, utilizando a fenolftaleína como indicador.

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7. VOLUMETRIA DE COMPLEXAÇÃO
A titulometria com formação de complexos ou complexometria baseia-se em reações que envolvem um íon metálico
(M) e um agente ligante (L) com a formação de um complexo suficientemente estável. O íon metálico é ácido de Lewis
(receptor de par de elétrons) e o ligante é classificado como uma base de Lewis (doador de pares de elétrons).
[ML𝑛 ]
M  nL  MLn 𝐾𝑓 =
íon met álico
[𝑀][𝐿]𝑛
agent e ligant e com plexo

Os ligantes são classificados de acordo com o número de pares de elétrons doados e podem
ser inorgânicos ou orgânicos.
Monodentados: fornecem um par de elétrons por molécula ou íon ligante (ex.: NH 3, H2O,
Cl-, CN- e OH-)
Multidentados (“com muitos dentes”): fornecem dois ou mais pares de elétrons por
molécula ou íon.
Complexos formados por ligantes multidentados são frequentemente denominados
QUELATOS. O efeito quelante é a habilidade de ligantes multidentados de formar complexos
metálicos mais estáveis que os formados por ligantes monodentados similares.
O íon metálico (ou átomo central) caracteriza-se pelo número de coordenação. O número
de coordenação indica o número de ligantes monodentados que podem formar um complexo
estável com o átomo central.

NÚMERO DE COORDENAÇÃO ÍONS


2 (somente) Ag+
2 ou 4 Cu+, Au+,
4 (somente) Zn+2, Cd+2, Au+3, Hg+2, Pt+2
4 ou 6 Ca+2, Fe+2, Fe+3, Sc+3, Cr+3, Co+3, Pt+4

Considerando um íon metálico M numa solução com um ligante monodentado. O sistema pode ser descrito através
do: equilíbrio parcial, onde adicina-se um ligante por vez incialmente ao átomo central e posterormente ao complexo
formado (constantes de estabilidade parciais: k1, k2, ...kn) ou do equilíbrio global (constantes de estabilidade globais:
β1, β 2, ... βn).

Titulação com EDTA


Apesar de existir um grande número de compostos usados na complexometria, os complexos formados com o ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA), são um dos mais comuns. O EDTA é um sistema hexaprótico, designado por H6Y2+. O
ácido neutro é tetraprótico, possuindo quatro hidrogênios ionizáveis, sendo simplificadamente representado por H 4Y.

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A solução aquosa de EDTA apresenta as espécies H6Y+2, H5Y+, H4Y, H3Y-, H2Y2-, HY3- e Y4-, sendo que a forma
predominante depende do pH. O EDTA é um ácido fraco para o qual pK 1 = 0,0; pK2 = 1,5; pK3 = 2,0; pK4 = 2,66; pK5 =
6,16 e pK6 = 10,24. Estes valores demonstram claramente que os quatro primeiros prótons são mais facilmente ionizáveis
do que os outros dois restantes. Este reagente possui uma grande versatilidade que provém da sua potência como agente
complexante e da disponibilidade de numerosos indicadores íon-metal, cada um efetivo em um intervalo limitado de pH.
A fração de EDTA (α) em cada uma de suas formas pode ser definida através de equações de decomposição
fracionária. Estas equações fornecem a fração de um ácido ou base em determinado pH. Por exemplo,  Y 4 é definido
como a fração de EDTA na forma Y4-:

[Y 4  ]
 Y 4 
[ H 6Y 2  ]  [ H 5Y  ]  [ H 4Y ]  [ H 3Y  ]  [ H 2Y 2  ]  [ HY 3 ]  [Y 4  ]

[Y 4  ]
 Y 4 
[ EDTA ]

2
Onde: [ EDTA]  [ H6Y ]  [H5Y  ]  [H 4Y ]  [ H3Y  ]  [H 2Y 2 ]  [HY 3 ]  [Y 4 ] , que corresponde à concentração total
de toda espécie de EDTA livre em solução. Seguindo a dedução de forma semelhante aos ácidos polipróticos obtemos a
fração de Y4 em função do pH.


 Y 4  K1K 2 K 3 K 4 K 5 K 6 / [ H  ]6  K1[ H  ]5  K1K 2 [ H  ]4  K1K 2 K 3[ H  ]3  K1K 2 K 3 K 4 [ H  ]2
 K1K 2 K 3 K 4 K 5 [ H  ]  K1K 2 K 3 K 4 K 5 K 6 
O gráfico que indica a fração das formas de EDTA em função do pH do meio é mostrado a seguir. Uma solução do
sal solúvel Na2H2Y apresenta pH 4,5 e nota-se através da figura que 96,6% do íon H2Y2- permanece nessa forma em solução,
pois ele se dissocia relativamente pouco.

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A reação de formação o complexo metal-EDTA é dada por:

Mn+ + Y4- ↔ MYn-4 [MY n - 4 ]


kf 
[M n  ][Y 4 - ]

A constante de formação da reação (Kf) é definida em termos da espécie Y4- que reage com o íon metálico, embora a
forma Y4- seja a espécie predominante apenas em valores de pH relativamente elevados. Desta maneira, a reação acima não
pode ser interpretada significando que apenas Y4- reage com os íons metálicos. A constante de equilíbrio para a reação Metal-
EDTA pode ser definida em termos de qualquer uma das outras seis formas de EDTA na solução

Rearrumando a equação (28) temos: [Y


4
]   Y 4 [ EDTA] , assim a constante de equilíbrio para a reação (30)
pode ser reescrita como:

[MY n -4 ] [MY n -4 ]
kf   .
[M n  ][Y 4- ] [M n  ] Y 4 [ EDTA]

Se o pH é fixado por um tampão, então  Y 4 é uma constante que pode ser combinada com Kf a fim de obter uma
constante de formação condicional (K’f).

[MY n -4 ]
Constante de formação: k f   Y 4- k f 
'
(31)
[M n  ][EDTA]

O número k f   Y 4- k f é chamado de constante de formação condicional, ou constante de formação efetiva, que descreve a
'

formação de um complexo metal-EDTA (MYn-4) em qualquer valor de pH.

Mn+ + EDTA- ↔ MYn-4 k f   Y 4- k f


'

O EDTA na forma de ácido ou sal dissódico pode ser obtido em alto grau de pureza, podendo ser usado como
padrão primário, porém, se necessário pode ser padronizado contra solução padrão de zinco.

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Curva de titulação com EDTA


A Curva de Titulação na volumetria de complexação representa a variação da concentração do íon metálico livre
durante a titulação com EDTA. O gráfico é dado por pM versus volume de EDTA adicionado, conforme ilustrado na
figura:
A curva de titulação tem três regiões distintas:
Antes de iniciar a titulação: O pM é dado pela concentração
inicial do metal livre.
𝑝𝑀 = − 𝑙𝑜𝑔[ 𝑀n+ ]

Antes do ponto de equivalência (excesso de Mn+): A


concentração do íon M+n na solução, ou seja, livre, é praticamente
igual à concentração dos íons M+n que não reagiu. A dissociação
do complexo é desprezível.

No ponto de equivalência: O pM é determinado em função da


concentração do M+n proveniente da dissociação do complexo usando o Kf'. As concentrações de EDTA e do íon
metálico são idênticas ([EDTA]=[Mn+]).

Depois do ponto de equivalência: A concentração de EDTA é dada em função do excesso de EDTA e a


concentração de M+n (pM) é obtida a partir da constante de formação condicional (Kf'). Praticamente todo íon
metálico está na forma de complexo e a concentração do íon metálico livre é proveniente do deslocamento do
equilíbrio.

Exemplo 7.1: Considere uma reação de titulação de 50 mL de uma solução 0,05 mol/L de Mg 2+ (tamponada em pH 10) com
uma solução 0,05 mo/L de EDTA. (dados: 𝛼𝑌 4- =0,36 e k𝑓 = 6,2𝑥108 )

Mg2+ + EDTA- ↔ MgY-2 k f   Y 4- k f


'

mol de EDTA mol de Mg 2+



𝑉𝑒 × 0,05𝑀̸ = ⏞
50𝑚𝐿 × 0,05𝑀̸ ⇒ 𝑉𝑒 = 50𝑚𝐿

Antes da adição de EDTA: 𝑝𝑀𝑔2+ = −𝑙𝑜𝑔0,05 = 1,30

Antes do Ponto de Equivalência (5 mL de EDTA)


Antes do ponto de equivalência, a [Mg+2] livre é igual à concentração do excesso de Mg+2 que não reagiu. A
dissociação de MgY-2 é desprezável.

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mols de Mg 2+ 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 presentes mols de EDTA adicionados



(0,05𝑀 Mg 2+ × 50𝑚𝐿) × ⏞
(0,05𝑀 EDTA × 5𝑚𝐿)
[𝑀𝑔2+ ] = = 0,0409 ⇒ 𝑝𝑀𝑔2+ = − 𝑙𝑜𝑔[ 𝑀𝑔2+ ] = 1,39
51mL

volume total

No Ponto de Equivalência (50 mL de EDTA)


Em princípio, neste ponto todo o íon metálico está na forma de MgY-2, assim:
0,05𝑀 × 50 𝑚𝐿
[𝑀𝑛𝑌 2− ] = = 0,025𝑀
100 𝑚𝐿
A concentração de Mg+2 livre é calculada do seguinte modo:

[𝑀𝑔(𝐸𝐷𝑇𝐴)−2 ] 0,025 − 𝑥
𝐾𝑓′ = 𝐾𝑓 𝛼𝑌 4− = +2 ⇒ (6,2 × 108 )(0,36) = ⇒ 𝑥 = 1,06 × 10−5 ⇒ 𝑝𝑀𝑔2+ = 4,98
[𝑀𝑔 ][𝐸𝐷𝑇𝐴] 𝑥2

Depois do Ponto de Equivalência (51 mL de EDTA)


Em princípio todo o íon metálico está na forma do complexo e existe um excesso de EDTA livre na solução. Uma
pequena quantidade de Mg+2 existe em equilíbrio com MgY-2 e com o EDTA.
Excesso de mol de EDTA

0,05𝑀×1 𝑚𝐿
Cálculo do excesso de [EDTA]: [𝐸𝐷𝑇𝐴] = = 4,95 × 10−4 𝑀
101 𝑚𝐿

volume total

mols de Mg2+ 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑎𝑖𝑠 presentes



(0,05𝑀 Mg 2+ ×50 𝑚𝐿 )
Cálculo da concentração do complexo: [𝑀𝑔𝑌 2− ] = = 0,0248𝑀
101 mL

volume total

[𝑀𝑔(𝐸𝐷𝑇𝐴)−2 ] 0,0248𝑀
𝐾𝑓′ = 𝐾𝑓 𝛼𝑌 4− = +2 ⇒ (6,2 × 108 )(0,36) = ⇒ 𝑥 = [𝑀𝑔+2 ] = 2,24 × 10−7
[𝑀𝑔 ][𝐸𝐷𝑇𝐴] 𝑥 × (4,95 × 10−4 𝑀)
⇒ 𝑝𝑀𝑔2+ = 6,65

A extensão desta reação depende de 𝛼𝑌 4− e, portanto, também do pH. O pH é um fator importante na extensão da
reação e na seletividade numa titulação com EDTA.
A inclinação da curva de titulação depende do valor da constante de formação. Assim, o ponto de equivalência
para o Zn2+ é mais acentuado que para o Mg2+. Isto deve-se ao fato da constante de formação para o complexo de Zn-
EDTA ser maior do que para o Mg-EDTA.

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Indicadores de íons metálicos (metalocrômicos)


Os indicadores de metais são substâncias que formam sais complexos com o metal que é titulado, adquirindo
coloração diferente daquela própria do indicador e de estabilidade menor que a dos complexos do metal com EDTA.
Assim, a adição do indicador à solução problema, tem como primeiro efeito o de complexar uma fração equivalente
dos íons metálicos presentes, adquirindo coloração característica do complexo metálico do indicador.
Em seguida, titula-se com a solução padrão de EDTA, operando numa faixa de pH definida. O EDTA após
complexar inicialmente os íons metálicos livres, reage com os íons metálicos complexados pelo indicador, pois esse
complexo é menos estável. Assim, a segunda complexação libera o indicador e, consequentemente, volta a sua coloração
original; possibilitando o reconhecimento do ponto final da titulação.
O negro de eriocromo T ou Erio-T (1-(1-hidroxi-2-naftilazo)-6-nitro-2-naftol-4-sulfonato) é o indicador
metalocrômico mais utilizado. É um triácido utilizado como indicador metalocrômico. Sua aparência é de pó marrom
escuro, quase preto, com um leve brilho metálico.

Ele é usado nas titulações de magnésio, cálcio, estrôncio, bário, cádmio, chumbo, manganês e zinco com EDTA. A
solução é comumente tamponada em pH 10 com tampão amoniacal.
Eriocromo-T forma quelatos estáveis de coloração vermelha, com os íons metálicos na proporção de 1:1.
M + Ind  M-Ind

M-Ind + EDTA  MEDTA + Ind

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QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA

As titulações com EDTA na presença de Erio-T são realizadas em pH entre 8 e 10. Neste intervalo de pH a cor
vermelha desaparece à medida que o titulante é adicionado e o ponto de equivalência será indicado pela cor azul pura da
forma Ind do indicador não complexado.
Como o EDTA, a maioria dos indicadores de complexação apresenta diferentes formas protonadas dependendo do
pH, as quais apresentam cores variadas, de modo que a viragem do indicador ocorre em uma determinada faixa de pH.
Cobre, cobalto, níquel e ferro (bloqueiam o indicador) interferem na titulação de Mg 2+ e Ca2+. A interferência pode
ser evitada com adição de um agente mascarante (ex. CN-). Agente Mascarante é um reagente que protege algum
componente da amostra da reação com EDTA.

Agentes de complexação auxiliares


A ação complexante do EDTA é máxima em soluções alcalinas, pois o há predomínio EDTA na forma Y-4. O
aumento do pH no meio reacional acentua a tendência dos metais pesados em formar hidróxidos ou sais básicos pouco
solúveis. Para evitar a precipitação dos íons do analito é comum adicionar agentes complexantes auxiliares, cujo complexo
com cátion (analito), seja menos estável que o complexo com EDTA. Ou seja, são utilizados para complexar o íon metálico
mantendo-o em solução até a adição do titulante. Ele deverá ligar-se ao metal menos fortemente que o EDTA.

Técnicas de titulação com EDTA

7.5.1. Titulação Direta

Íons metálicos são titulados diretamente com EDTA, sendo o ponto final visualizado com um indicador
metalocrômico.

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7.5.2. Titulação de Retorno

Uma quantidade de EDTA conhecida e em excesso é adicionada a solução do analito. A porção residual do EDTA é
titulada com uma solução de padrão de um outro íon metálico.
Uma titulação de retorno é aplicada quando a reação entre o íon metálico e EDTA é muito lenta.; o analito não pode
ser conservado no pH adequado para realização da titulação direta (analito é instável nas condições para titulação direta).;
analito precipita na ausência do EDTA; não há indicador adequado para a titulação direta do íon; ou quando o analito
bloqueia o indicador.

7.5.3. Titulação por Deslocamento

Adiciona-se um excesso de uma solução padrão do complexo Mg-EDTA a uma solução de íons metálicos capazes de
formar um complexo mais estável do que o complexo Mg-EDTA. O íon Mg2+ é deslocado do complexo (MgEDTA) e
posteriormente (íon Mg2+) é titulado com uma solução padrão de EDTA.
Esta titulação é aplicada quando não se dispõe de um indicador adequado para a espécie que se deseja determinar.

7.5.4. Titulação Indireta

Usada na quantificação de ânions que precipitam com certos íons metálicos.

EXÉCICIOS
01. Calcule o pCa em 100 mL de solução 0,1 molL-1 de Ca2+ a pH 10, após a adição de 0, 50, 100 e 150 mL de EDTA 0,1
mol L-1. Dado: Kf = 5. 1010.
02. O íon Mn+ (100 mL de solução 0,050 mol L-1 do íon metálico tamponado a pH 9,00) foi titulado com uma solução 0,050
mol L-1 de EDTA.
a) Qual é o volume equivalente, Ve, em mililitros? 100 mL
b) Calcule a concentração de Mn+ livre em V = ½ Ve. 0,0167 mol L–1

c) Que fração (  Y 4  ) de EDTA livre está na forma Y4- em pH 9,00? 0,054

d) A constante de formação (Kf) é 1012,00. Calcule o valor da constant e de formação condicional Kf’. 5,4x1010
e) Calcule a concentração de Mn+ em V = Ve. 6,8x10-7 mol L–1
f) Qual é a concentração de Mn+ em V = 1,10 Ve? 1,9x10-10 mol L–1
03. O íon Cr3+ (100 mL de solução 0,04 mol/L do íon metálico tamponado a pH 9) foi titulado com uma solução 0,015
mol/L de EDTA.
a) Qual é o volume equivalente, Ve, em mililitros? 266,7 mL
b) Calcule a concentração de Cr3+ livre em V = ½ Ve. 8,57 mmol L–1

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c) Que fração (  Y 4  ) de EDTA livre está na forma Y4- em pH 9? ∝𝑌4− = 0,054

d) A constante de formação (log Kf) é 23,4. Calcule o valor da constante de formação condicional K f’. 1,36 × 1022
e) Calcule a concentração de Cr3+ em V = Ve.[𝐶𝑟 +3 ] = 8,96 × 10−13
f) Qual é a concentração de Cr3+ em V = 1,10 Ve?
Dados – constantes do EDTA: K1 = 1; K2 = 0,032; K3 = 0,01; K4 = 2,19.10-3; K5 = 6,92.10-7; K6 = 5,75.10-11)
K K 2 K3 K 4 K5 K6
Y 
4
1
[ H ]  K1[ H ]  K1 K 2 [ H ]  K1 K 2 K 3 [ H ]  K1 K 2 K 3 K 4 [ H  ]2  K1 K 2 K 3 K 4 K 5 [ H  ]  K1 K 2 K 3 K 4 K 5 K 6
 6  5  4  3

04. Cinquenta mililitros de uma amostra contendo Ni2+ foram tratados com 25,0 mL de uma solução 0,0500M de EDTA
para complexar todo o Ni2+ e deixar um excesso de EDTA em solução. O excesso de EDTA foi então titulado de volta,
precisando de 5,00 mL de uma solução 0,0500M de Zn2+. Qual é a concentração de Ni2+ na soluça original? 0,0200 mol L-1
05. O índice de dureza da água é um dado muito importante para a avaliação de sua qualidade. Uma amostra de água foi
tratada com KOH 10% para controle do pH e em seguida titulada com solução padronizada de EDTA 0,01 mol/L em
presença de calcon, para a determinação da dureza cálcica. Para a determinação da dureza total a amostra foi tratada com
tampão pH 10 e titulada em presença de negro de eriocromo T. A dureza total da água foi determinada em termos de ppm,
encontrando 62,51 ppm, e a dureza cálcica foi de 16,62 ppm. Calcule a dureza magnesiana em termos de moles por litro.
1,89x10-3 mol L–1
06. O crómio (III) reage lentamente com o EDTA, sendo por isso determinado recorrendo a uma titulação de retorno.
Uma preparação farmacêutica contendo crómio (III) foi analisada por tratamento de 2,63 g de amostra com 5,00 mL de
0,0103 mol/L de EDTA. A quantidade de EDTA que não reagiu foi titulada com 1,32 mL de solução de zinco 0,0122
mol/L. Qual a percentagem de crómio na preparação farmacêutica? 0,07%
07. Um mililitro de uma amostra desconhecida contendo Co2+ e Ni2+ foi tratado com 25,00 mL de uma solução 0,03872
mol L-1 de EDTA. Uma titulação de retorno com uma solução 0,02127 mol L -1 de Zn2+ em pH 5 requereu 23,54 mL para
atingir o ponto final, utilizando o laranja de xilenol como indicador.
Dois mililitros da amostra desconhecida foram passados através de uma coluna de resina trocadora de íons que retém
mais o Co2+ que o Ni2+. O Ni2+ que passou através da coluna foi tratado com 25,00 mL de uma solução 0,03872 mol L -1 de
EDTA e precisou de 25,63 mL de uma solução 0,02127 mol L-1 de Zn2+ para a titulação de retorno.
O Co2+ emergiu da coluna depois. Ele, também foi tratado com 25 mL de uma solução 0,03872 mol L -1 de EDTA.
Quantos mililitros de uma solução 0,02127 mol L-1 de Zn2+ serão necessários para a titulação de retorno? 21,4 mL

08. A constante de formação do complexo de Fe(III) com EDTA é 1,3x1025. Calcule as concentrações de Fe 3+ livre em
uma solução de FeY- 0,10 mol/L a pH 4,00 e pH 1,00. (𝛼𝑌 4− a pH 1,00 = 1,9x10-18; 𝛼𝑌 4− a pH 4,00 = 3,8x10-9).
pH = 1,0 [Fe3+] = 6,36 * 10-5 / pH = 4,0 [Fe3+] = 1,43 * 10-9
09. Uma amostra de 25,00 mL de concentração desconhecida de Fe3+ e Cu2+ necessitou de 16,06 mL de EDTA 0,05083
mol/L para a titulação completa. Um volume de 50,00 mL da mesma amostra foi tratado com NH 4F para proteger o Fe3+.
Em seguida, o Cu2+ foi reduzido e mascarado pela adição de tioureia. Após adição de 25,00 mL de EDTA 0,05083 mol/L, o
Fe3+ foi libertado do complexo com o fluoreto, formando-se um complexo com o EDTA. O excesso de EDTA consumiu

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19,77 mL de Pb2+ 0,01833 mol/L para atingir o ponto de equivalência (usando o alaranjado de xilenol como indicador).
Calcule a concentração de Cu2+ na amostra. (1,468 x 10-2 mol/L)
10. Considere a titulação de 25 mL de uma solução 0,02 mol/L de ZnSO 4 com uma solução 0,010 mol/L de EDTA
tamponado a pH 8. Calcule pZn2+ após adições de 0; 20; 40; 49; 49,9; 50; 50,1; 55 e 60 mL de EDTA e esboce a curva de
titulação, sabendo que log Kf = 16,50. (constantes do EDTA: K1 = 0,01; K2 =2,19.10-3; K3 =6,92.10-7; K4 =5,75.10-11).
pZn em pH 8,0 (1,70; 2,18; 2,81; 3,87; 4,87; 8,21; 11,55; 13,25 e 13,55)
11. Repita a titulação (item 10) para uma solução de EDTA tamponada em pH 7,0; 9,0 e 10,0.
Resp. pZn: pH 7,0 (1,70; 2,18; 2,81; 3,87; 4,87; 7,69; 10,50; 12,20 e 12,50); pH 9,0 (1,70; 2,18; 2,81; 3,87; 4,87; 8,71; 12,54; 14,23
e 14,54) e pH 10,0 (1,70; 2,18; 2,81; 3,87; 4,87; 9,12; 13,36; 15,06 e 15,36)
12. Em uma titulação de complexação, sabe-se que o agente quelante forma com o analito um complexo com constante de
formação igual a 2,0 x 107. Tendo-se três indicadores com as referidas constantes: IndA, log KA = 8,32; IndB, log KB = 5,36;
IndC, KC = 1,9 x 107. Qual desses indicadores seria o mais apropriado para a titulação. JUSTIFIQUE! Resp. IndB Kb
13. Considere a reação entre o íon Cr3+ (50 mL de solução 0,04 mol/L do íon metálico tamponado a pH 8) e 100 mL de
uma solução 0,02 mol/L de EDTA. Calcule a concentração de Cr3+ livre após a reação, sabendo que log Kf é 23,4.
(constantes do EDTA: K1 = 0,01; K2 =2,19.10-3; K3 =6,92.10-7; K4 =5,75.10-11). 3,07x10-12 molL-1
14. Em uma titulação de complexação, sabe-se que o indicador de íons metálicos assim como o EDTA é formador de
quelatos. Na titulação de um íon metálico com EDTA, qual a importância da constante de formação na escolha do melhor
indicador. Justifique sua resposta.
Na determinação de cálcio em água uma amostra foi titulada com solução de EDTA dissódico dihidratado 0,012 mol/L, a
quente, na presença do indicador negro de Eriocromo-T e de solução tampão de pH 10. O volume consumido do titulante
foi igual a 15 mL. Qual concentração de cálcio, em mg/L, calculada como CaCO 3, quando:
a) o volume de amostra for de 50 mL? 360 mg/L
b) volume de amostra fosse de 60 mL? 300 mg/L
15. Íons como Cu2+, Fe3+ e Fe2+, presentes em certos alimentos, como por exemplo maionese, podem causar a sua
deterioração através da formação de peróxidos. Para evitar este problema, em alguns alimentos industrializados pode ser
adicionada uma substância que complexa estes íons, impedindo sua ação. Esta substância, genericamente conhecida como
"EDTA", é adicionada na forma de seu sal de sódio e cálcio. A reação que ocorre entre os íons "indesejáveis" e o "EDTA"
adicionado pode ser representada pela equação:
CaEDTA2- + Mn++↔MEDTAn-4 + Ca2+
Os valores dos logaritmos das constantes de equilíbrio para as reações de complexação desses íons com o EDTA são:
Mn+ log Keq
Fe 2+ 14,4
Cu2+ 18,8
Fe3+ 25,1
a) Qual dos íons Mn+ será removido com mais eficiência? Justifique.
b) Escreva a equação química entre CaEDTA2- e o íon que será removido mais facilmente.
16. A 20,0 mL de uma solução 50,0 mmol L−1 de amônia adiciona-se 5,0 mL de uma solução 1,0 mmol L−1 de sulfato de
cobre (II). Calcular a [Cu2+]. Dados: β4 = 2,0 x 1012. 4,3 x 10−11 mol L−1

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8. TITULAÇÕES REDOX

Considerações Gerais
Reações de redox podem ocorrer por transferência direta ou indireta de elétrons entre dois eletrodos contidos em
células eletroquímicas (dispositivo onde ocorrem as reações de oxidação-redução).
Eletrodo: é o local onde ocorre a oxidação e a redução em célula eletroquímica. Cada eletrodo está imerso em uma
solução.
Catodo: eletrodo onde acontece a redução
Anodo eletrodo onde acontece a oxidação
Transferência direta de elétrons: se uma lâmina de cobre (Cu) for mergulhada em solução contendo íons Hg+2 esta se
tornará prateada pela deposição de Hg na sua superfície, conforme representado pela reação:
𝐻𝑔+2 + 𝐶𝑢 ↔ 𝐻𝑔 + 𝐶𝑢2+
Transferência indireta de elétrons: ocorre quando as espécies reagentes não estão em contato direto (pilha galvânica).

Diagrama da célula:
Zn( s ) / Zn 2 // Cu 2 / Cu ( s )

8.1.1. Equação De Nernst: Efeito da concentração no potencial do eletrodo

A equação de Nernst nos permite calcular o potencial de uma pilha quando os reagentes não estão com atividade
unitária.
PARA UMA SEMI-REAÇÃO: aA  ne   bB
b b
RT RT [ B] 0,05916 [ B]
E  E  ln Q  E  E   ln a ou
E  E  log a
nF nF [ A] n [ A]

onde: E°= potencial padrão de redução


R = constante dos gases = 8,314510 J(/Kmol)
T = temperatura absoluta (25oC) em graus kelvin = 298,16oK
n = número de elétrons na semi-reação
F= constante de Faraday = 9,6485309 x 104 C/mol
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ln= 2,303 log


Q = quociente da reação
Obs.: Os sólidos puros, líquidos puros e solventes são omitidos de Q porque suas atividades são unitárias (ou próximas
da unidade).

PARA UMA REAÇÃO: aA  bB  cC  dD

0,05916
E  E(catod )  E( anodo)  E  E   log Q
n

[C ]c [ D]d
O quociente da reação depende das concentrações de todas as espécies, ou seja, [A], [B], [C] e [D]: Q 
[ A]a [ B]b

Se a pilha está em equilíbrio: ∆E = 0 e Q = K (constante de equilíbrio), logo: K  10nE  0, 05916


Obs.: Quando ∆E° for positivo K também será positivo; e quanto maior o valor de ∆E° maior será o valor de K.

Titulações Redox
As titulações redox são importantes em química analítica, e a discussão das mesmas nos proporciona melhor
entendimento sobre o funcionamento das células galvânicas. Uma titulação redox está baseada numa reação de oxidação-
redução entre o titulado (constituinte em análise) e o titulante.
As titulações redox necessitam de indicadores apropriados, o que nem sempre é possível encontrar. Alguns
indicadores redox respondem a variações de potencial do sistema mascarando o ponto de equivalência, acarretando em erros
de análise. Com isso, faz-se necessário o monitoramento do potencial do sistema durante toda a titulação.
As reações de oxidação-redução devem preencher os requisitos gerais para que uma reação possa ser usada em um
método titulométrico. Muitas reações de oxirredução se processam em uma série de etapas, então, a equação estequiométrica
é a soma das reações parciais. Algumas espécies intermediárias são muito reativas e podem provocar reações paralelas ou
induzidas indesejáveis. Muitas reações são lentas e, como a rapidez da reação é indispensável para o sucesso de uma
titulação, é frequente a necessidade de aumentar a velocidade das reações mediante titulação a quente ou em presença de
catalisadores.
A maioria dos indicadores usados nas titulações de oxirredução é sensível a mudanças no potencial da solução de
titulação e não à concentração de um reagente ou produto. Além do mais, o potencial é uma função logarítmica da
concentração de reagentes e produtos da titulação. Por essa razão, as curvas das titulações de oxirredução são traçadas
colocando o potencial do sistema versus o volume do titulante adicionado, em cada ponto da titulação.
A posição, o desenvolvimento e a forma das curvas de titulação de oxirredução estão relacionados com as
características das reações envolvidas. As reações desse tipo de titulação podem ser classificadas em duas categorias
principais, cada uma das quais com certas características particulares.
A primeira categoria é a das titulações baseadas em reações onde não há participação direta de íons H + ou OH− . Por
exemplo:

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Ce 4  Fe 2  Ce 3  Fe 3

Sn2   2 Fe 3  Sn4   2 Fe 2 
A segunda categoria é a das titulações baseadas em reações onde há participação direta do íon H + ou OH− . Por
exemplo.
MnO4  8H   5H   5Fe2   Mn2   4H 2O  5Fe3

VO43  6 H   5H   Fe 2   VO 2   3H 2O  Fe 3

8.2.1. Indicadores redox

Há dois tipos de indicadores visuais usados nas titulações de oxirredução: os indicadores não específicos, os
verdadeiros indicadores de oxirredução, que respondem somente ao potencial da solução; e os indicadores específicos que
respondem à concentração de uma substância particular em solução.

8.2.2. Indicadores não específicos

Utilizado para detectar o ponto final de uma titulação redox, pois muda de cor quando passa de seu estado oxidado
para seu estado reduzido. O indicador atua como um segundo oxidante ou redutor na solução e, consequentemente, deve ser
mais fraco do que o analito para garantir que a sua reação com o titulante só ocorra no fim da titulação.
Ex.: Ferroína

0,05916  In ( reduzido ) 


E  E  log  
n  In (oxidado ) 

A cor do In (reduzido) será observada quando: [ In( reduzido )] 10


 e a cor do In (oxidado) será observado quando
[ In(oxidado )] 1

[ In(reduzido )] 1  0,05916 
 . A mudança de cor ocorrerá na faixa: E   E  volts.
[ In(oxidado )] 10  n 

E° = 1,147 → faixa: 1,088V a 1,206V

2. Indicadores específicos

O funcionamento de um indicador específico depende da concentração de um analito ou de um titulante em


particular na solução e não do potencial dessa solução. Os indicadores específicos, por sua natureza, são usados com analitos
ou titulantes específicos.
Amido: O amido forma um complexo azul escuro com o iodo, mas não reage com o iodeto. O indicador é usado
nas titulações diretas onde o iodo é o titulante e nas indiretas onde o iodo é gerado a partir de uma reação do analito.
Íon permanganato: Quando o permanganato é usado como titulante em soluções fortemente ácidas ele próprio
pode servir como indicador. O íon permanganato tem coloração violeta, enquanto seu produto de redução, o íon Mn2+ é
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quase incolor. Consequentemente, um pequeno excesso do titulante permanganato de potássio, que ocorre imediatamente
após o ponto de equivalência, produz uma cor rosea na solução titulada que sinaliza o final da titulação.

POTENCIOMETRIA: Como medir o potencial durante uma reação de titulação?


Os métodos potenciométricos de análise estão baseados em medidas do potencial de células eletroquímicas na ausência de
correntes aplicáveis. É utilizada para a localização de pontos finais em métodos
de análise titulométrico, ou para a determinação direta de um constituinte em
uma amostra, através da medida do potencial de um eletrodo de íon-seletivo.
Bureta contendo Ce4+
O equipamento necessário para os métodos potenciométricos é simples
e barato, e inclui um eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um
dispositivo de medida de potencial.

O potencial da pilha é a diferença entre a voltagem na semipilha do analito e


a do potencial constante.
ECS
Potencial da pilha: E  E(catodo)  E(anodo) Fe2+ em HClO4 1M Fio de Pt

Agitador
magnético
8.3.1. Eletrodos de referência

Em aplicações eletroanalíticas, é desejável que um dos eletrodos tenha potencial conhecido, constante e completamente insensível
à composição da solução em estudo. Um eletrodo que se encaixa nessa descrição é chamado de eletrodo de referência. Empregado em
conjunção com o eletrodo de referência está um eletrodo de trabalho ou indicador.
Eletrodo de referência ideal:
i) Reversível e obedece a eq. de Nernst;
ii) Exibe potencial constante com o tempo;
iii) Retorna ao seu potencial original depois de submetido a pequenas correntes;

3. Eletrodo padrão de hidrogênio

O EPH não é muito utilizado divido a dificuldades: de preparação e manuseio, ausência de reversibilidade quando a platina é
envenenada, etc., o tornando impraticável em medições rotineiras de laboratório e processos industriais. O EPH é substituído com
vantagens pelos eletrodos de prata/cloreto de prata e calomelanos.

2H  (aq, a  1)  2e   H 2 ( g , a  1) E  0,00V

4. Eletrodo de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl)

O sistema de eletrodos de referência mais comercializado é o eletrodo de prata imerso em uma solução de cloreto de potássio que
tenha sido saturada com cloreto de potássio
Ag / AgCl (sol.sat.), KCl ( xM ) // ,

A concentração de Cl− é constante, fixada pela solubilidade do KCl, com o qual a solução é saturada. O potencial do eletrodo é
determinado pela semi-ração:
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AgCl( s)  e   Ag ( s)  Cl  E   0,222V
E (saturadocom KCL )  0,197V

E  0,222  0,05916 log Cl   

5. Eletrodo de calomelano saturado

Eletrodos de referência de calomelano consistem de mercúrio com solução saturada com cloreto de mercúrio (I) (calomelano) e
que também contém cloreto de potássio. Meias-células de calomelano podem ser representadas da seguinte forma:
Hg / Hg2Cl2 (sol.sat.), KCl( xM ) //

onde x representa a concentração molar de cloreto de potássio. O potencial de eletrodo para esta meia-célula é determinado pela reação

Hg 2Cl2 ( s)  2e   2 Hg (l )  2Cl  E   0,268V


E (saturadocom KCl)  0,241V

e é dependente da concentração de cloreto. O potencial padrão (E°) para essa reação é 0,268V. Se a pilha é saturada com KCl a 25°C, a
atividade do Cl− é tal que o potencial é 0,241V. Um eletrodo de calomelano saturado com KCl é também conhecido como E.C.S.. A
vantagem do uso de uma solução saturada de KCl é que a concentração de cloreto não muda caso parte do líquido evapore.

8.3.2. Eletrodos indicadores

Eletrodos metálicos: desenvolvem um potencial elétrico em resposta a uma reação redox na superfície do metal. Tem a função
de transmitir elétrons para uma espécie em solução ou a partir dela. Ex.: platina, ouro, eletrodos de carbono
Eletrodos íon-seletivos: a migração seletiva de um tipo de íon através da membrana do eletrodo gera um potencial elétrico. O
processo não é redox.

Curva de Titulação

Exemplo 8.1: Considere a titulação de 50 mL de ferro (II) 0,05 mol/L com Ce 4+ 0,10 mol/L (Na presença de HClO4 1
mol/L). Calcule o potencial antes do ponto de equivalência, no ponto de equivalência e após o ponto de equivalência.

semi – reações: Ce4  1e   Ce3 E  1,70V

semi – reações: Fe3  1e   Fe2 E  0,767V

Ce 4  Fe 2  Ce 3  Fe 3

 
0,059 16 [C e3 ] 0,059 16 [ Fe 2 ]
os potenciais são: E Ce4   E 0
  log 
E
Fe3
E  0
log 
C e4 1 [C e 4 ] Fe3 1 [ Fe3 ]

Antes do ponto de equivalência: Adição de 5 mL de Ce4+ 0,1 mol/L (0,732 V)


Quando o Ce4+ é adicionado à solução de Fe2+, a reação de titulação consome todo o Ce4+ e parte do Fe2+,
produzindo um número igual de mols de Ce3+ e Fe3+. Assim, podemos determinar as concentrações de Fe2+ e Fe3+ presentes
na solução e calcular o potencial através da equação:
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0,059 16 [ Fe 2 ]
E  E0   log
Fe3 1 
Fe3 [ Fe3 ]

( volume do titulante)  (concentração do titulante)


[ Fe3 ] 
volume total
2
[ Fe ] 
( volume do titulado)  (concentração do titulado)  ( volume do titulante)  (concentração do titulante)
volume total

No ponto de equivalência: Adição de 25 mL de Ce4+ 0,1 mol/L (1,23 V)


O potencial pode ser calculado a partir dos potenciais padrões dos dois sistemas de oxidação-redução envolvidos.
Para a condição de equilíbrio o potencial do sistema é igual à zero (∆E=0), assim os dois sistemas são numericamente iguais:
E equilíbrio  ECe4   E Fe3

 
[C e3 ] [ Fe 2 ]
E eq  E 0   0,0592 log 
e E eq  E 0   0,0592 log 
C e4 [C e 4 ] Fe3 [ Fe3 ]

Somando-se as equações acima temos:


 
[ Fe2 ] [C e3 ]
2 E eq  E 0   E0   0,0592 log 
 0,0592 log 
C e4 Fe 3 [ Fe3 ] [C e 4 ]
 
[C e3 ] [ Fe2 ]
2 E eq  E 0   E0   0,0592 log  
C e4 Fe 3 [C e 4 ] [ Fe3 ]

 

Como no ponto de equivalência temos: Ce   Fe  e Ce   Fe  , temos que
3 3 4 2
[C e3 ] [ Fe2 ]
 
 1 , portanto a equação se
[C e 4 ] [ Fe3 ]
E0   E0 
C e4 Fe 3
reduz a: E eq  .
2

(Nessa titulação, o potencial no ponto de equivalência é independente das concentrações e dos volumes reagentes.)

Depois do ponto de equivalência: Adição de 25,10 mL de Ce4+ 0,1 mol/L (1,56V)


Após o ponto de equilibro praticamente todo o Fe2+ foi consumido. Existe em solução igual número de mols de Ce 3+
e Fe3+ e um excesso de Ce4+ que não reagiu. Como conhecemos as concentrações de Ce3+ e Ce4+ podemos determinar o
potencial por meio da reação:

0,059 16 [C e3 ]
E  E0  log
Ce4  
1 
C e4 [C e 4 ]

[Ce4 ] 
(volume do titulante)  (concentração do titulante)  (volume do titulado)  (concentração do titulado)
volume total
[Ce 3
]
(volume adicionadoaté o pontode equivalência )  (concentração do titulante)
volume total

Exemplo 8.2: Como seria calculado o potencial no ponto de equivalência de uma titulação de Fe(II) e KMnO 4?
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Semi-reação: Fe 3
 1e   Fe 2   5
Semi-reação: MnO4  8H   5e  Mn2  4H 2O

Reação Global: MnO4  8H   5H   5Fe2   Mn2   4H 2O  5Fe3


[ Fe 2 ] [ Mn 2 ]

Os potenciais são: E Fe3  E 0   0,0592 log 
e E   E0  
0,059 2
log
Fe3 [ Fe3 ]
MnO4 MnO4 5 [ MnO4  ][ H  ]8

No equilíbrio: E eq  E MnO   E Fe3


4


Multiplicando-se a equação: 0,059 2 [ Mn2 ] por 5, afim de combinar os temos logaritmos, temos:
E eq  E 0  log
MnO4 5 [ MnO4  ][ H  ]8


[ Mn 2 ]
5 E eq  5 E 0   0,0592 log
MnO4 [ MnO4  ][ H  ]8

 
[ Mn2 ] [ Fe 2 ]
6 E eq  5 E 0 E
0
  0,0592 log  0,0592 log
[ MnO4  ][ H  ]8
MnO4 
Fe3 [ Fe3 ]
Somando-se as duas equações:  
[ Mn2 ][ Fe 2 ]
6 E eq  5 E 0 E
0
  0,0592 og 
[ Fe3 ][ MnO4  ][ H  ]8
MnO4 Fe3

5 E0  E0
MnO4  Fe 3

0,05916 1
Como: 5[MnO4 ]  [ Fe2  ] e 5[ Mn 2
]  [ Fe 3
], temos: E eq   log
6 6 [ H  ]8

Generalizando as semi-reações temos:


Ox1 + mH++ qe− ↔ Red1 + m/2 H2O
Ox2 + nH++ re− ↔ Red2 + n/2 H2O

q E10  r E 02 0,05916 1
E eq   log
qr qr [ H  ]m  n

q E10  r E 02 0,05916 1
Se os íons H+ participarem apenas de um sistema temos: E eq   log
qr qr [ H  ]n

q E10  r E 02
Se os íons H+ não participarem e nenhum sistema temos: E eq 
qr

EXERCÍCIOS
1) Por que o eletrodo de Ag/AgCl (saturado com KCl) é utilizado como eletrodo de referência em titulações
potenciométricas? Justifique sua resposta.
2) Quais eletrodos de referência são mais utilizados em laboratório? Qual a diferença entre eles?
3) Escreva as semi-reações para os eletrodos de referência de prata-cloreto de prata e calomelano e calcule o potencial para
a pilha a seguir:

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Eletrodo saturado de prata-cloreto de prata//Eletrodo de calomelano saturado


4) Calcule o potencial da pilha abaixo, considerando que [Fe 2+]/[Fe3+] = 2,5 x10−3.
E.C.S.//Fe2+(aq),Fe3+(aq)/Pt.
5) Dez mililitros de uma solução 0,0500 mol L−1 de AgNO3 foram titulados com uma solução 0,025 mol L−1 de NaBr na
pilha:
E.C.S. // solução de titulação / Ag (s)
Encontre o potencial da pilha para 0,1; 20,0 e 30 mL de titulante. (Dados: Kps=5,2 x10−13; E° Ag+/Ag=0,799V)
0,481; 0,191 e −0,039V
6) Considere a titulação de 100 mL de solução 0,010 mol L−1 de Ce4+ em HClO4 1 mol L−1 pela solução 0,0400 mol L−1 de
Cu+ para formar Ce3+ e Cu2+, utilizando os eletrodos de Pt e de Ag/AgCl saturado para detectar o ponto final.
a) Escreva a reação balanceada da titulação.
b) Escreva duas semi-reações diferentes para o eletrodo indicador.
c) Escreva duas equações de Nernst diferentes para a reação global da plha.
d) calcule E nos seguintes volumes de Cu+: 1,00; 12,5; 24,5; 25,0; 25,5; 30,0; e 50,0 mL. Faça um esboço da curva de
titulação.
7) Uma amostra de 0,2g de minério de manganês (MnO2) tratada com 50 mL de Na2C2O4 0,05 mol/L e 50 mL de H2SO4
2mol/L foram titulados com 19,5mL de uma solução 0,02 mol/L de KMnO4 para atingir o ponto final da titulação.
Calcule a porcentagem de Mn2+ e MnO2 na amostra. (66,29% e 41,89%)
MnO2 + 4H+ + 2e–  Mn2+ + 2H2O
C2O42–  2CO2 + 2e–
MnO2 + C2O42– + 4 H+  Mn2+ + 2H2O + 2CO2

MnO4– + 8H+ + 5e–  Mn2+ + 4H2O (x2)


C2O42–  2CO2 + 2e– (x5)
2MnO4− + 5C2O42− + 16H+  2Mn2++ 8H2O + 10CO2
8) Considere a titulação de 40 mL de solução 0,015 mol/L de Ce 4+ pela solução 0,030 mol/L de Fe2+ para formar Fe2+ e
Ce3+, utilizando os eletrodos de Pt e de Ag/AgCl/KClsat para determinar o ponto final. (Potenciais-padrão de redução:
Ce4+/Ce3+ E° = 1,72V, Fe3+/Fe2+ E° = 0,771V e Ag+/Ag E° = 0,197 (KCl saturado))
a) Escreva a reação balanceada da titulação. Ce4+ + Fe2+ ↔ Ce3+ + Fe3+
b) Calcule E quando forem adicionados os seguintes volumes de Fe2+:0,5Ve; Ve; 1,5Ve mL. Faça um esboço da curva
de titulação. (Resp. 1,523, 1,049 e 0,592V)
9) As baterias primárias de lítio são alternativas de fornecimento de energia elétrica de longa duração podendo durar até
oito anos. Por isso são utilizados em marca-passo cardíaco. A reação global que ocorre nesse tipo de bateria é:
2Li(s)+I2(s)→2LiI(s).
Dados os potenciais de redução: E°(Li+/Li) = −3,05 V; E° (I2 / I−) = + 0,54 V
Com relação a esta pilha afirma-se:
I. O potencial da pilha é de 3,59 V.

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II. O cátodo é o lítio metálico.


III. No ânodo ocorre a oxidação do iodo.
IV. O oxidante é o iodo I2.
Está correto o que se afirmar APENAS em: (A) IV. (B) I e IV. (C) II e III. (D) II e IV. (E) I e III.
10) Uma amostra aquosa contém Fe(II) e Fe(III). Retirou-se 25,00 desta amostra para um balão volumétrico de 200,0 mL, e
completou-se o volume com água. Em um erlenmeyer transferiu-se 15,00 mL da solução contida no balão volumétrico,
20 mL de água, e tamponou-se a solução para meio fortemente ácido. Titulou-se o conteúdo do erlenmeyer com uma
solução de permanganato (MnO4−) 0,0203 mol L−1, tendo-se gastado o volume de 2,34 mL.
Em outro erlenmeyer mediu-se 10,00 mL da solução contida no balão, acidificou-se com HCl e adicionou-se excesso de
uma solução de íons Sn2+. Após reação e remoção do íon Sn2+ sobrenadante, titulou-se o conteúdo do erlenmeyer com a
solução de permanganato 0,0203 mol L−1, tendo-se gastado um volume de 3,51 mL.
Calcule a concentração Fe2+ e Fe3+ na amostra.
Reações: MnO4− + 8H+ + 5Fe2+ → Mn2+ + 5Fe3+ +4H2O
6Cl− + Sn2+ + 2Fe3+ → 2Fe2+ + [SnCl6]2−
([Fe2+]i = 0,127 mol/L e [Fe3+]i = 0,158 mol/L)
11) Considere a seguinte célula: 𝑃𝑡/𝑉𝑂2+ (0,01𝑚𝑜𝑙/𝐿), 𝑉𝑂22+ (0,02 𝑚𝑜𝑙/𝐿), 𝐻 + (0,5𝑚𝑜𝑙/𝐿)//𝐶𝑢2+ (0,04𝑚𝑜𝑙/𝐿)/𝐶𝑢.
(𝐸°𝐶𝑢2+/𝐶𝑢 = 0,336𝑉, 𝐸°𝑉𝑂22+/𝑉𝑂2+ = 1,000𝑉)
a) Qual a reação final da pilha? VO2+ + Cu2+ + H2 O ↔ 2H+ + VO2+ 2 + Cu
b) Quem se oxida e quem se reduz?
c) Qual o eletrodo positivo ou catado? Qual o eletrodo negativo ou anodo?
d) Calcule a diferença de potencial na seguinte célula. -0,695V
e) A pilha é espontânea?
f) Qual a função da ponte salina em uma pilha?

12) Considere a titulação de 25 mL de solução 0,01mol/L de Sn 2+ por uma solução 0,05 mol/L de Tl3+ em HCl 1mol/L,
utilizando os eletrodos de Pt e de calomelano saturado para determinar o ponto final. Calcule E nos seguintes volumes
de Te3+: 5,00 e 7,5 mL. Faça um esboço da curva de titulação.
Potenciais-padrão de redução: Sn4+/Sn2+ E° = 0,139V; Tl+3/Tl+ E° = 0,77V;
Hg 2Cl2 ( s)  2e   2 Hg (l )  2Cl  E   0,268V
E (saturadocom KCl)  0,241V

13) A titulação de U4+ com Ce4+ pode ser usada para quantificar urânio em rochas. A reação não balanceada é:
Ce4+(aq) + U4+(aq) → UO22+(aq) + Ce3+(aq)
Construa a curva de titulação de 50,00 mL de Ce4+ (0,10 mol/L) com U4+ (0,05 mol/L). As concentrações das soluções de
titulante e titulado foram preparadas em HCl 1,00 mol/L. Mostre três pontos no gráfico que estejam antes, no ponto e após
o ponto de equivalência.
0,05916 𝐴𝑟𝑒𝑑
𝐸𝐴𝑜𝑥 /𝐴𝑟𝑒𝑑 = 𝐸𝐴° 𝑜𝑥 /𝐴𝑟𝑒𝑑 − 𝑙𝑜𝑔
𝑛 𝐴𝑜𝑥

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° °
Dados: 𝐸𝐶𝑒 4+ /𝐶𝑒 3+ = 1,72𝑉, 𝐸
𝑈𝑂2+ /𝑈 4+ = 0,327𝑉 2

1.8

1.6

1.4

Potencial / V
1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
4+
Volume U / mL

14) 10 mL de uma solução de Cr3+ 0,0835 mol/L e Cr2+ 0,119 mol/L são adicionados a 25mL de V3+ 0,0361 mol/L e V2+
0,0904 mol/L.
(Dados: E°(Cr3+/Cr2+) = −0,407 V; E° (V3+/ V2+)=−0,225 V).
a) Calcule o potencial da célula e escreva a representação esquemática. 0,167V
b) Determine a constante de equilíbrio. 1,19e3
15) Trinta e cinco mililitros de uma solução de peróxido de hidrogênio comercial foram diluídos a 250 mL em um balão
volumétrico. Então, 25 mL da solução diluída foram misturados com aproximadamente 200 mL de água e 20 mL de
uma solução de H2SO4 3mol/L e titulada com uma solução de KMnO4 0,02123 mol/L. A primeira cor rosa foi
observada com a adição de 27,66 mL de titulante. Um branco foi preparado com água no lugar de H2O2, requerendo
0,04 mL para dar uma cor rosa visível. Encontre a molaridade do H 2O2. 0,4188 molL–1
(Dados: 𝑀𝑛𝑂4 − /𝑀𝑛2+ 𝐸º = 1,507; 𝑂2 /𝐻2 𝑂2 𝐸º = 0,695)
16) DEMONSTRE como se calcular o potencial no ponto de equivalência para a titulação de Fe(CN)64− com Tl3+ em HCl
1 mol/L?
Dados: Eº [Fe(CN)63− /Fe(CN)64− ] = 0,356 V e Eº (Tl3+/Tl+) = 0,77V
2𝐸°𝑇𝑙 +𝐸°𝐹𝑒(𝐶𝑁)6
𝐸𝑒𝑞 = =0,632V
3

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REFERÊCIAS

[1] C. ANALYTICAL METHODS, “Recommendations for the definition, estimation and use of the detection limit,”
Analyst, vol. 112, pp. 199-204, 1987.

[2] Baccan, N., Química Analítica Quantitativa Elementar. 3a Ed. Edgard Blucher LTDA

[3] D. A. SKOOG, D. M. WEST, F. J. HOLLER e S. R. CROUCH – Fundamentos de Química Analitica, 1a ed., Thomson,
2006.

[4] Harris, D. C. Análise Química Quantitativa, 5a ed., LTC Editora, RJ, 2001.

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