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FRADE

E veio um Padre segurando a mão de uma moça e com um escudo na


outra mão. Na cintura carregava uma espada. Na cabeça tinha uma coroa e um
capelo (espécie de chapéu que faz parte da vestimenta religiosa) por cima. Ele
vestia um manto e usava muitas jóias. O Padre vinha dançando e cantando.

Padre − Lá, lá, lá, lá [é possível adaptar essa música. Conversar com os
outros roteiristas e com o João Pedro, da sonoplastia, para decidir]

Diabo – Eae Padre? Como você ta?

Padre – Estou muito bem. Faço parte da corte, então sabe como é, né?

Diabo – Legal, legal... Você sabe dançar valsa?

Padre – Porque não? Claro que sei!

Diabo – Então entre na barca que eu tocarei e faremos uma bela festa!

O Diabo olha para a moça que está com o Padre.

Diabo – Ela é sua mulher?

Padre – Sim, sim.

O Diabo da uma pequena risada.

Diabo – Fizeste bem, ela é muito bonita. [pequena pausa] E aquele


homem? Também é seu?

Caio aparece na cena dançando e pulando.

Padre – Sim... Mas vamos relevar isso ok?

Caio – Relevar o que?

Padre – Xiu!

Diabo – Claro, como quiser, sem preconceitos aqui. Mas... Sua esposa
conhece esse dois?

O Padre fica em silêncio.

Diabo – Não te advertiram no seu “convento santo”? Não lhe


censuraram? Onde estava o resto da igreja?
Padre – Eles fazem a mesma coisa!

Diabo – Ah, sim, esqueci. Se os outros pecam, você ganha o direito de


pecar também... Há há há! Entre grande Padre! Entre na barca para dançarmos!

Padre – Entrar? Mas para onde você nos levará?

O Diabo começa a rir.

Caio – Se-senhor?

O Diabo começa a rir mais alto ainda, com uma risada maligna. Depois
ele para de rir e olha completamente sério para os três.

Diabo – Para aquele fogo ardente que não temeste vivendo!

O Padre se assusta. Caio e Florença (amante) gritam de medo. O Padre


aumenta seu tom de voz, com raiva.

Padre – Não entendo! Isso não pode ser verdade! E esse manto? De
nada me vale?

O Diabo continua sério, com cara de deboche.

Diabo – Meu caro padre mundano, a Belzebu vos encomendo!

Padre – Céus! Por tudo que é mais sagrado! Eu não entendo! Como
poderia eu, um homem virtuoso e santo, ser mandado ao inferno? Só pode ser
brincadeira!

O Diabo perde a paciência. Sempre demonstrando superioridade.

Diabo – Cala a boca fariseu! Você sabe e sempre soube de seus


pecados! Agora entra na barca e pegue um par de remos!

O Padre fica furioso.

Padre – Eu não concordo com isso!

Diabo – Dane-se! Já foi dada a sentença!

Padre – Droga! [o Padre olha para os amantes] Eles são o problema?


Como? Como, por ser apaixonado e se divertir com uma mulher (e um homem...),
poderia um padre ser condenado, depois de rezar tantos salmos?
Diabo – Meu caro, devoto, dedicado e virtuoso, padre, aceite que seu
destino é ser jogado no lago de fogo e enxofre!

O Padre retira seu capelo (o chapéu), mostrando a coroa.

Padre – Mantenha os céus essa coroa! Você sabe que fui grande mestre
na esgrima? Esta espada é poderosa e o escudo é resistente!

Diabo – Olha, que fofo, temos um espadachim entre nós! Roronoa Zoro
se orgulha!

O Padre saca a sua espada.

Padre – Lhe desafio para um duelo! Aplicarei um golpe único de estocada


e te matarei! Depois disso te colocarei numa cruz e iremos aonde quisermos!

O Padre faz pose de ataque com a espada.

Diabo – Que belo teatro, não sabia que era ator. Onde já se viu matar
espíritos, idiota?

Padre – Droga, faz sentido...

O Padre guarda a sua espada e segura seus amantes pelas mãos.

Padre – Ignorem ele! Vamos à barca da glória!

Eles vão à barca do Anjo, cantando e dançando.

Padre – Lá, lá, lá, lá, lá! [De novo, música adaptável]

Chagam na barca.

Padre – Olá! Existe aqui um lugar que eu possa entrar para a minha
digna glorificação? Estes dois entrarão comigo por minha causa.

Parvo – Alto lá! Você roubou essa espada, Padre?

Padre – Quem é você? Quero falar com o responsável pela barca! Se


existe a barca do inferno tem que existir a do céu!

Parvo – O responsável é aquele, o Anjo.

Padre – Querido Anjo, nos deixe entrar na barca! Eu, homem santo, não
posso ser condenado!
Anjo – Não tenho nada para falar com você, “pseudo padre”. Seu lugar
não é aqui. O Senhor não lhe conhece.

O Padre se assusta e se entristece com as palavras do Anjo.

Padre – N-não pode ser verdade.

Diabo – Acusará um anjo de mentira agora, padre? Venha, não há


opções!

O Padre e seus amantes, de cabeça baixa, entram na barca do Diabo.

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