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AUTO DA BARCA DO INFERNO - Gil Vicente DIABO (entusiasmado falando com as diabeliquetes) Mas que
Adaptado por Ariel Lazari e Luciana Roale
beleza de barca, hein! Coloque balões, bandeiras! É festa! Hoje
PERSONAGEM: ___________________________________________________ esta barca enche!
INTÉRPRETE: _____________________________________________________
Chega o Fidalgo no porto, acompanhado de um ajudante,
carregando uma cadeira. O Fidalgo, indo em direção à barca do
DIABO: Venham, venham, todos! Antes que a maré mude! inferno, diz:
Levante a vela, agora!
COMPANHEIRO (amedrontado) Já estou fazendo!
FIDALGO: Para onde está indo essa barca? Está tão
DIABO: Ótimo! Vá até ali e estique aquela corda, Arranje um chamativa!
banco para os passageiros. Aqui! Venham aqui! Uhul! Se quiser
ir, que venha logo! Já é hora de partir, Vamos a Belzebu! DIABO: Esta vai para a ilha perdida, e já está partindo, então
se acomode.
COMPANHEIRO - Estica, levanta, tá bom, tá bom.
FIDALGO: A senhora também vai pra esta ilha?
DIABO (nervoso): Mas que raios você está fazendo?! Não
terminou ainda?! DIABO: SENHOR, não “senhora”!
COMPANHEIRO (amedrontado) Já estou terminando, mestre! FIDALGO: Sim... Mas esta barca está uma bagunça! Você vê
que terá trabalho, né, meu serviçal?
DIABELIQUETE (1) Rápido! Afrouxe aquela corda! Desamarre
aquela, ali! Faça o que o chefe mandou! COMPANHEIRO: Sim, senhor, que realizarei com muito
esforço.
COMPANHEIRO (olhando as Diabeliquetes) Quem são vocês?
DIABELIQUETE 4: Não está, não! É porque você a viu de fora.
DIABELIQUETE(1) Nós somos assistentes do Diabo.
FIDALGO: E para onde ela vai?
COMPANHEIRO: Bom. Então tem como vocês me ajudarem
aqui? DIABELIQUETE 4: Para o Inferno, senhor, venha logo!
DIABELIQUETE(2) A gente te ajudar? Há-há! É claro que não! FIDALGO: Lugarzinho ruim, não?
DIABELIQUETE(3) E é melhor você voltar ao trabalho porque o DIABO: Veio aqui zombar, é?
chefe não é muito paciente não. FIDALGO: E você achou alguém para embarcar?
COMPANHEIRO: Sim, sim! Feito! Feito! DIABO: Posso encontrá-los aqui neste cais!
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FIDALGO: Está bem, mas minha barca não é esta. ANJO: Você não merece entrar aqui, senhor. Aqui é tão
DIABO: E por que seria outra? pequeno que tal personalidade como a sua, uma tão grande,
como você diz, não cabe aqui. Naquela barca tem mais espaço
FIDALGO: Na outra vida tem muita gente rezando por mim! porque está mais vazio, o seu trono entrará e sua túnica real
DIABO: Muita gente rezando por... HAHAHA! Veio tão seguro caberá, e todo o seu orgulho. Lá você terá mais espaço para o
de si mesmo, achando que se salvaria... Por que rezam por seu reinado de opressão, lá poderá pensar no seu povo que se
você?! Entra nesta barca logo! Pegue sua cadeira e entre! lamenta por ser pobre e mesmo assim você o desprezava.
COMPANHEIRO: Aqui, meu senhor. Fique confortável. Quanto pior a situação do povo, pior sua situação!
(O companheiro entrega a cadeira a um diabeliquete, que a (O Fidalgo volta para a outra barca, ressentido)
coloca na barca) DIABELIQUETE (3): Vamos! Podem entrar! A barca é de vocês!
FIDALGO: O quê?! Eu não! É assim que termina?! Vamos aproveitar a maré calma e os ventos mortais!
COMPANHEIRO: Ah! Você foi quem escolheu este caminho! FIDALGO: Oh não! Não creio que vou para este lugar! Passei
Pare com esta algazarra! a minha vida aproveitando, não imaginei este dia, nunca
imaginei! No tempo em que vivi, não medi meus atos, vivi na
FIDALGO: E só tem este barco aqui?! fantasia, achava que era adorado, apostei em meu status, e não
DIABELIQUETE 1: Para você, só este! Desde que chegou percebi que estava fazendo tudo errado. Mas que o destino seja
percebi. feito...
FIDALGO: Com todo respeito, mas aí eu não entro! Tem DIABO: Finalmente, hein! Embarque aqui e conheça o
alguém aí?! Algum barqueiro?! sofrimento. Vamos nos entender! Vai pegando os remos que
ANJO: Sim? você vai trabalhar!
FIDALGO: Por favor, me diga, Eu morri tão de repente que nem FIDALGO: Espere! Tenho que ver minha querida dama. Ela se
sei. É esta a barca do céu? mataria por mim ...
ANJO: Sim é esta. O que você quer? DIABO: Morrer por te amar?!...
FIDALGO: Que me deixe entrar, porque eu sou um fidalgo, É FIDALGO: Ah, nem vem! Disso estou certo!
melhor que deixe-me entrar aí! DIABELIQUETE1: Tolinho! Tão fanático. É o amante mais burro
ANJELIQUETE(1): Desculpe, mas aqui não entra tirania! que já vi.
FIDALGO: Não tem espaço para um Fidalgo aí?! FIDALGO: Pois ela me mandava mil cartas de amor!
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DIABELIQUETE (2): Mas como você é burro! Enquanto você ONZENEIRO: Para onde está indo?
lia mentiras, ela se agarrava com outro! DIABO: Meu querido parente! Como você demorou!
FIDALGO: Pois se for vê-la agora, verá que é verdadeiro seu ONZENEIRO: Ah! Eu não queria vir! Mas morri cobrando
amor. dinheiro, e acredita que não consegui trazer nada?!
DIABO: Você acha é? Para não te ver é capaz de ela pular de DIABO: Mas que pena! Mas não há tempo, entre logo, porque
um prédio. Pois hoje ela rezou alegremente. Agradecendo sua já vou partir.
morte. Hehehehe!
ONZENEIRO: Eu não vou embarcar!
FIDALGO: Mas ela chorou, e muito!
DIABO: Ah! Que bonitinho, está com medinho. Não me
DIABO: Lágrimas de alegria! E tudo que ela lamentava... Era interessa!
tudo questão de educação! Entre logo!
ONZENEIRO: Morri agora há pouco, não sei pra que tanta
FIDALGO: Se é assim... pressa. E para onde você vai com a barca?
(O Diabo diz ao Fidalgo, que está sentado) DIABELIQUETE(4): Para onde você tem que ir! Para o Inferno,
DIABO: Sim, sim. Pegue estes remos e descanse, porque mais meu querido.
gente vai chegar e é claro que vão entrar aqui! ONZENEIRO: Acho que alguém me chamou ali...
FIDALGO – ó barco infernal, como é quente, maldito quem vivi Vai até a barca celestial
aqui.
ONZENEIRO: Alô! Alguém aí?! Esta barca já está partindo?
(Diz o diabo ao moço da cadeira:)
ANJO: E você vai até...
DIABO – Você não poderá entrar aqui, vai para lá. Eu darei ao
Fidalgo uma cadeira de marfim, enfeitada de dores, com tantos ONZENEIRO: Até o paraíso!
enfeites, que ele perderá os sentidos. ANJELIQUETE (2): Você não pode entrar.
(Grita, para ninguém específico) ONZENEIRO: E por que não?!
Para a barca, boa gente, que queremos zarpar, chegarão a este ANJO: Este seu saco de dinheiro ia encher o navio.
barco muitas pessoas importantes. Vamos gente, vamos ONZENEIRO: Ah! Ele está vazio!
entrando! Venha à barca! Todos!
ANJO: Já não falo do saco, mas de seu coração, cheio de
ambição e pecados. Vá até quem te enganou.
Chega o Onzeneiro (agiota) perguntando:
(Onzeneiro volta à barca infernal)
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DIABELIQUETE (2): Você é muito materialista e por isso FRADE: Isso é só o começo
merece ser levado a Belzebu! (Continua a dar golpes e gritar. Quando termina os golpes, pega
FRADE: Cruzes! Eu não serei condenado! Por que eu vou para Florença pela mão e diz):
o inferno? Sou um padre tão amoroso e bondoso! Deus me deu
FRADE: Você viu meu talento! Este lugar não é para mim!
saúde, por isso estou tão saudável. Ah, não vou!
Vamos à barca do céu!
DIABO: Não tem desculpa! Embarca logo e vamos! Entre e
(Chega à barca do céu e diz):
pegue um remo! Entre porque já foi dada a sentença!
FRADE: Por acaso essa é minha sentença? Ir para o Inferno? FRADE: Olá! Posso entrar?! E minha senhora, também pode
Nem eu nem Florencia vamos entrar aí! Quer dizer que só por entrar?! Olááá! Não me escuta?!
dar uns beijinhos um padre é condenado? Com tanto salmo PARVO: Veio em hora ruim. De quem você roubou esta
rezado? espada?!
DIABO: Só uns beijinhos? Sei... Entre de uma vez. O devoto FRADE: Oh não! Pelo que vejo, não há o que fazer! Vamos à
padre marido vai fritar no inferno! nossa barca Florença... Temos que cumprir nossa sentença...
(O padre tira o capuz e aparece o capacete e diz): DIABO: Finalmente! Ah... É sempre a mesma coisa!
FRADE: Deus vai manter esta coroa!
DIABO: Padre-Frei-Marido-capacete! Que mais tem aí, senhor?! (Assim que o padre entra, chega uma prostituta chamada
FRADE: Não zombe de mim! Fique sabendo que fui grande Brísida Vaz. Chegando à barca infernal, chama):
guerreiro! Essa espada é inquebrável E este escudo é do BRÍSIDA: Oie! Alguém está aí?
melhor!
DIABO: Quem está chamando?
DIABO: Nos mostre todo este talento de que você tanto fala.
BRÍSIDA: Brísida Vaz.
(O Frade começa a dar vários golpes e grita o nome deles, fica
entusiasmado e o Diabo vai se esquivando.) DIABO: Ei me aguarde, rapaz! Por que ela não entrou ainda?
FRADE: Graças a Deus! Vamos lutar! Assim olha, debaixo pra COMPANHEIRO: Ela disse que não irá sem a Joana de Valdês.
cima, UHUU! Este é o primeiro golpe! Levanta a espada! Direita DIABO: Hum... Pode entrar, pegue um remo e...
e esquerda, esquerda e direita! Recolha os pés, que o resto não
BRÍSIDA: Não vou entrar nesta.
importa! Não demore, pois se ferir é ruim. O que vocês acham
agora?! DIABELIQUETE(1): Já começou o ritual...
DIABELIQUETE(3): Que belos golpes! BRÍSIDA: Não estou procurando esta barca.
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DIABELIQUETE(1): E o que você traz contigo? ANJELIQUETE(4): Xô, xô! Pare e nos encher!
BRÍSIDA: O que me convém. (A garota retorna à barca do inferno, lamentando muito)
DIABELIQUETE(2): O que te convém? BRÍSIDA: Ei barqueiro do mal! Onde está o barco que irei? Já
BRÍSIDA: Trago comigo seiscentos hímenes postiços, três faz muito tempo que estou aqui e ainda estou fora da barca.
arcas de feitiços somente porque não pude levar mais que isso, Pode me levar de uma vez!
três armários de mentiras, cinco cofres de confusões, algumas DIABO: Ora, pode entrar senhorita. Se você diz que teve vida
joias roubadas e um guarda-roupa de ilusão. Enfim, um motel; santa, você sentirá a recompensa, em breve!
um estrado de cortiça com duas almofadas para encobrir. E a (Chega um judeu carregando um bode e vai até a barca do
maior carga que eu trago é as moças que eu vendia. E desta inferno):
mercadoria eu trouxe muita!
JUDEU: Olá! Marinheiro?!
DIABO: Pode entrar, então.
DIABELIQUETE(4): Sim?
BRÍSIDA: Ei! Sai fora! Eu vou para o paraíso!
JUDEU: De quem é esta barca? Deixe-me ir nela, tome alguns
DIABO: Quem disse? trocados.
BRÍSIDA: Lá é meu lugar! Eu sou uma mártir! Quantas DIABELIQUETE(4): Esse bode também entrará?
bofetadas levei? E quantos insultos? Quanto sofrimento resisti?!
Se eu for para o inferno, todo mundo vai! Porque vida mais JUDEU: Sim, ele tem que vir!
sofrida eu nunca vi! Aquela barca é meu transporte, com licença! COMPANHEIRO: Chefe, deixo o bode entrar?
(Chegando à barca celestial, anuncia sua presença): DIABO: O bode não.
BRÍSIDA: Olá! Querido Barqueiro, meu bem, traga a prancha JUDEU: Tome mais alguns trocados, acho que isto resolve. Ou
para Brísida Vaz entrar. preciso dar mais?
ANJO: Ei! Não sei quem te trouxe aqui, mas: meia volta! DIABO: Nem o bode, nem a besta entra mais aqui!
BRÍSIDA: Oh! Não! Te peço de joelhos! Procure bem nesta lista! JUDEU: Por que eu não posso ir à barca?! Na barca em que
Sou eu, Brísida! Aquela que dava o pão de cada dia às meninas! Brísida Vaz está indo?!
Quantas obras divinas eu fiz?! Eu converti tantas garotinhas! DIABO: Vai para aquela barca ali!
Todas encontraram dono!
PARVO: Ele merece entrar aí mesmo. Fez tanta besteira! Você
ANJELIQUETE(4): Pare de nos importunar! sabe disso!
BRÍSIDA: Você vai me levar!
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Diabo: Então entre de uma vez judeu! E pode levar esta cabra, CORREGEDOR: Não posso entender o que acontece aqui! Isso
está bem. não pode ser!
DIABO: Ande logo, corregedor! E pare de usar palavras difíceis!
(Chega um Corregedor cheio de papéis, com uma vara na mão, CORREGEDOR: Não entrarei nesta caravela. Estou acima do
e chegando à barca infernal diz): direito da majestade, são invioláveis os representantes do rei.!
DIABO: Não aceitou suborno na vida? E esses processos que
CORREGEDOR: Ô da barca! você traz, são bons para alimentar o fogo do inferno? Aceite:
esta é sua barca!
DIABELIQUETE(2): O que quer?
CORREGEDOR: Senhor! Lembra-te de mim!
CORREGEDOR: Sou um juiz!
DIABO: Não há tempo bacharel, embarque neste barco, pois foi
DIABELIQUETE(2): Oh! Um amador de subornos. Quantas desonesto em seu julgamento
coisas você traz!
CORREGEDOR: Sempre agi com justiça!
CORREGEDOR: São muitos casos de Direito, aqui nos papéis.
DIABO: E como você explica as joias dos judeus que sua mulher
DIABELIQUETE(2): Pois entre, daí eu verei estes casos. usava?!
CORREGEDOR: E para onde me levaria? CORREGEDOR: Ei! Isso não significa nada, não eram lucros
DIABELIQUETE(2): Para o inferno! meus. Estes são pecados dela, não meus!
CORREGEDOR: À terra dos demônios há de ir um corregedor? DIABO: Você enriqueceu às custas dos pobres! Com tirania,
DIABELIQUETE(1): Santo descorregedor, embarque e assim roubou dos pequenos, tomou em abundância o sangue dos
remaremos! Agora entre, pois você já veio. trabalhadores, ignorantes pecadores, por que não os ouviu?! Se
não temeu a Deus em vida, aqui é seu lugar!
CORREGEDOR: Isto não é nada justo! Eu protesto!
CORREGEDOR: Você, Diabo, não leu que o dinheiro atenua o
DIABELIQUETE(2): Que justo o que! Entre e pegue um remo! castigo dos culpados, pois as leis não valem nada quando há
Entre e encare seu destino! dinheiro envolvido.
CORREGEDOR: Não, obrigado. Renego a viagem. Renego o DIABO: Ora, entre nos destinos desventurados, lá no inferno e
marinheiro também! Exijo alguém para me levar daqui! verá os escrivães como estão tão prosperados.
DIABO: Você não pode exigir nada aqui!
(Chega um procurador carregado de livros)
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CORREGEDOR: Olá senhor procurador! ANJELIQUETE(5): A justiça divina diz que vocês devem ir à
PROCURADOR: Senhor juiz! Beijo suas mãos, juiz! Que diz o outra barca!
dono desse barco? CORREGEDOR: É esta a sentença?!
DIABELIQUETE(3): Este será um bom remador! Entre na barca! PROCURADOR: Mas qual sentença?!
PROCURADOR: E para onde vai esta barca, senhor? PARVO: Que embarque na barca infernal!
DIABELIQUETE(3): Para as terras infernais. CORREGEDOR: Vamos entrar neste barco negro, não há o que
PROCURADOR: Há uma caravela bem melhor ali do outro lado. fazer!
DIABO: Chega de conversa! Entrem, todos. PROCURADOR: Manda a rampa para cá! Vamos ver como é
CORREGEDOR: Você se confessou, procurador? isto. Não há o que fazer!
PROCURADOR: Não... nunca imaginaria que aquela doença DIABELIQUETE(1): Entre, entre!
me mataria! E você? Se confessou? PROCURADOR: Diz um texto de direito....
CORREGEDOR: Eu bem que confessei, mas não tive coragem DIABO: Pare de falar e entre logo!
de falar de meus roubos! Porque, se eu falar, não vão me
absolver e é difícil devolver depois que já recebeu o suborno. (O corregedor, ao entrar na barca, reconhece Brísida, e diz a
ela):
DIABO: Estão vendo? Os dois estão condenados! Por que
hesitam em entrar? CORREGEDOR: Que momento ruim pra te encontrar, senhora!
CORREGEDOR: Porque esperamos em Deus! BRÍSIDA: É tempo de fazer o que a justiça manda.
(Vão ao barco da glória, enquanto o diabo gritava pra entrar no CORREGEDOR: E você novamente em mais uma intriga.
barco, e então o corregedor diz ao anjo): BRÍSIDA Vaz: E você, ´´juizinho´´? O escrivão também irá para
CORREGEDOR: Criatura celestial, deixe-nos embarcar! o inferno?
ANJO: Oh! Vocês foram odiosos e corruptos com todos! Como
vieram tão cheios de si por serem pessoas cultas! (Chega um homem que morreu enforcado.)
CORREGEDOR: Tenham piedade de nós! Deixe-nos entrar!
PARVO: Vocês aceitaram coelhos e aves como propina!
CORREGEDOR: Por favor, anjo! Nos aceite!
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