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Reforma tributária: via alternativa, movimento “simplifica já”

Webinar realizado em 07 de julho de 2020, em parceria com o IBIEFE – Instituto


Brasileiro Independente de Estudos Fiscais e Econômicos e irá reunir estudiosos do
Direito Tributário.

Palestrantes:
Alberto Macedo – Doutor pela USP e Consultor Técnico da ANAFISCO;
Senador Major Olimpo – Subrelator da Comissão mista da Reforma Tributária;
Vitor Puppi – Presidente da ABRASF;
Elizabeth Guedes – Presidente da ANUP;
Hugo Leal – Deputado Federal. Membro Comissão mista da Reforma Tributária;
Eduardo Tuma – Vereador e Presidente da Câmara Municipal de São Paulo.

Moderadores:
Eduardo Muniz – Adv. (sócio da Bento Muniz Advocacia) e Proc. do Distrito Federal;
Renato Nunes – Advogado e sócio do Machado Nunes Advogados

Renato Nunes – A ideia do debate é trazer representantes de diferentes segmentos de


interesses diretos do assunto, por isso a presença de advogados, interlocutores
políticos (deputado, senador e vereador), professores, entre outros.

A iniciativa se deu em função da preocupação sobre o encaminhamento das propostas


de reforma tributária e as inovações profundas do que já estávamos adaptados até
então. Além disso, a preocupação reside nos riscos que podem surgir com os períodos
de transição e a convivência entre um sistema fiscal antigo e um novo.

Finalmente, o advogado aduziu que para alguns setores haverá um aumento abrupto
na tributação, o que gera mais uma preocupação entre as entidades envolvidas (como
exemplo os setores de saúde e educação), mostrando-se necessário o presente
movimento.

Eduardo Muniz – Com a sobrecarga tributária existente no Brasil e a complexibilidade


fiscal do nosso sistema, a proposta do “simplifica já” visa apresentar um debate e dar
voz a uma nova alternativa de enfrentar esses grandes problemas fiscais no país,
visando horizontes de uma tributação mais justa.

Alberto Macedo – Na reforma tributária existem 5 autores: sociedade, contribuintes,


Municípios, Estados e União. Assim, a reforma tributária precisar ensejar um ganho
para todos os autores, visando um equilíbrio e evitando prejuízos às partes envolvidas.
Nesse sentido, é preciso que a reforma tributária traga melhorias a todos.

A transição das propostas é algo que precisa ser cuidadosamente analisada, visando
evitar problemas, ainda mais neste momento pós Covid-19. Nessa toada, o Dr. Alberto
apresentou diversos elementos, como as possíveis perdas decorrentes das atuais
propostas (Ex.: aumento de preços, não devolução de créditos, aumento de alíquotas,
queda na qualidade dos serviços públicos, entre outros), fazendo um
comparativo/diagnóstico do sistema atual e as possibilidades de resolução de
problemas do sistema tributário, através de métodos simplificadores.

Importante consideração feita é que a redução de tributos, não traz, por si só,
simplificação do sistema tributário. Por isso a necessidade de melhores discussões,
como a promovida pelo movimento “simplifica já”, que apresenta condições simples,
parametrizadas e efetivas na tributação (exemplos apresentados: ICMS, ISS e Tributos
Federais), que podem ser uma melhor proposta para a reforma tributária.

Senador Major Olimpo – A proposta do “simplifica já” visa aperfeiçoar o que está
obsoleto, razão pela qual entende que o movimento proposto pode auxiliar nas
propostas já apresentadas no Senado e na Câmara, a fim de resolver a situação
vivenciada por todos, diante de um sistema tributário arcaico e complexo.

Vitor Puppi – O tributo existe para custear os serviços públicos; assim, as propostas
apresentadas no Congresso Nacional propõem um (re)balanceamento nas contas
públicas.

Acredita que, no entanto, as PECs até então apresentadas certamente causarão um


desequilíbrio muito grande, capazes de gerar prejuízos em longo prazo nos serviços
públicos a serem desempenhados.

É preciso pensar em uma proposta que altere o menos possível a Constituição Federal,
mantendo um sistema revolucionário, como o apresentado pelo movimento do
“simplifica já”, sem prejudicar o cidadão e os contribuintes como um todo.

Elizabeth Guedes – A professora apenas apresenta um possível problema que pode


acontecer com o “simplifica já” que é a questão da oneração da folha. Neste sentido,
apenas suscita aos propositores um maior debate acerca da problematização da folha
de pagamento dentro da proposta do “simplifica já”.

Hugo Leal – Se a reforma tributária fosse o maior dos problemas a serem enfrentados
no nosso ordenamento, acredita que já teria acontecido. Por isso, entende que o
primeiro passo para a reforma do sistema tributário nacional, é a simplificação. O maior
desafio é que os entes estejam abertos a discutir uma possível perda de receitas, a fim
de possibilitar a simplificação do sistema.

Acredita que o instrumento adequado poderia ser uma reforma infraconstitucional, ao


invés de uma reforma constitucional, o que, talvez, facilitaria a simplificação e a
transparência do sistema tributário, tornando-o ainda mais justo.

As lógicas trazidas de junção/unificação dos tributos se aparentam aceitáveis, pois têm


características de menor onerosidade aos contribuintes, além de poder regular a
arrecadação entre todos os entes. Porém, o Deputado acredita que, apesar de a
proposta ser boa, pode sim prejudicar a arrecadação de Estados e Municípios
menores.

Assim, a prática dessa simplificação pode desequilibrar a distribuição de recursos entre


os Estados e Municípios, razão pela qual a proposta apresentada pelo “simplifica já”
precisa ser melhor discutida.

Ao final, o Deputado defende a necessidade da retomada imediata da discussão


acerca da reforma tributária pelo Congresso.

Eduardo Tuma – Mostrar-se favorável à proposta de simplificação, como a apresentada


pelo movimento “simplifica já”, pois, diferentemente do que acontece com as propostas
de reforma que tramitam no Congresso, o “simplifica já” defende a ideia de um diálogo
maior com os Estados e Municípios, a fim de entender como estes podem enfrentar
uma possível queda de arrecadação. Essa preocupação parece não ser ponderada
pelas propostas que já tramitam no Congresso.

Em suma, como vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo, defende


um maior diálogo entre os entes, demonstrando-se favorável ao processo de
simplificação.

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