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Campus Universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


Criado pelo Decreto Executivo nº 44-A/01
deJulho de 2001

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE
PARENAL EM ANGOLA E SEUS
LIMITES À LUZ DO Nº 2 DO ART. 130º
DO CÓDIGO DA FAMÍLIA

Nome: Marlene Tavares de Jesus


Licenciatura: Direito
Opção: Forense
Orientadora: Mst Jandira Bango
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Viana, Junho de 2021
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Campus Universitário de Viana
Universidade Jean Piaget de Angola
Criado pelo Decreto Executivo nº 44-
A/01 de Julho de 2001

Faculdade de Ciências Sociais e


Humanas

(MONOGRAFIA)

O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE
PARENAL EM ANGOLA E SEUS
LIMITES À LUZ DO Nº 2 DO ART.
130º DO CÓDIGO DA FAMÍLIA

Nome: Marlene Tavares de Jesus


Licenciatura: Direito
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Opção: Forense
Orientadora: Mst Jandira Bango

Viana, Junho de 2021

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Epígrafe
A força não vem de vencer. Suas lutas
desenvolvem suas forças. Quando você
atravessa dificuldades e decide não se
render, isso é força.
Arnold Schwarzenegger

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Dedicatória
Dedico o meu trabalha à Deus Todo
Poderoso, ao amor e à aos meus filhos
nascidos e futuros!

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Agradecimentos
Agradeço à Deus pai Todo Poderoso
que permitiu que eu me reerguesse, à
minha tutora Mst. Jandira Bango, à toda
a minha família e aos amigos que
titaram um pouco do seu tempo para me
impulsionarem.

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Declaração do autor
Declaro que este trabalho escrito
foilevado a cabo de acordo com os
regulamentosda universidade Jean
Piaget de Angola (UniPiaget), e em
particular das Normas Orientadoras de
Preparação da Monografia emanadas
pelo departamento de altos estudos e
formação avançada (DAEFA). Quais
quer visões expressas são as do autor e
não representam, de modo nenhum as
visões da UniPiaget. Este trabalho, no
todo ou em parte, não foi apresentado
para avaliações noutras instituições de
ensino superior nacional ou
estrangeira.

Normas APA(6@ edição)


Assinatura
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Resumo

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Abstract

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Índice

Epígrafe
Dedicatória
Agradecimentos
Declaração do autor
Resumo
Abstract
Introdução
CAPITULO I FUNDAMENTAÇÃO
TECNICOCIENTÍFICA
1. Origem, Evolução e conceito do
temo autoridade paterna.
2. Institutos jurídicos que se
confundem com autoridade paternal.
3. A Tutela do Menor

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4. A guarda do menor
5. A confiança de menor
6. Natureza jurídica da autoridade
paternal
7. A capacidade jurídica do menor
8. Fontes da autoridade paternal
9. A filiação
10. Conceito e Importância do
estabelecimento da filiação
11. Efeitos jurídicos do
estabelecimento da filiação
12. A adopção
13. Conceito
14. A adopçao na realidade jurídica e
social angolana
15. Conteúdo da adopção
16. Efeitos jurídicos da adopção
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17. Conteúdo da autoridade paterna
18. Conteúdo de natureza pessoal
19. Conteúdo de natureza patrimonial
20. Administração dolosa dos bens
de filho menor
21. Estrutura do lar dos menores e
formas de exercício do poder
paternal
22. Exercício único, família
monoparental
23. Exercício em conjunto
24. Exercício em separado
25. Concepção fora do casamento
26. O divórcio
27. A inibição da autoridade paternal

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28. Excessos cometidos no exercício
da autoridade paternal e violência
doméstica
29. Violência psicológica, física e
sexual
30. Violência sexual por parte do
progenitor
31. Abandono de Menor
32. O exercício da autoridade
paternal em Angola e os direitos da
criança consagrados
internacionalmente
33. Os onze compromissos da criança
assumidos pelo nosso governo.
34. A intervenção do Estado no
exercício paternal.
CAPITULO II OPÇÕES
METODOLÓGICAS DO ESTUDO
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1. Modo de investigação
2. Variável
3. Objecto de estudo
4. instrumento de investigação
5. processamento e tratamento de
dados
CAPITULO III APRESENTAÇÃO E
ANALISE DOS RESULTADOS
1. Apresentação dos resultados
2. Análise dos dados
3. Discussão dos resultados
Conclusão
Referências Bibliográficas
Apêndice

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INTRODUÇÃO
A filiação é um vínculo de carácter
definitivo, quer seja estabelecida por
laços de sangue ou por adopção, que une
os indivíduos aos seus pais e confere aos
sujeitos um conjunto de direitos e
deveres consagrados no capítulo I do
Titilo V do código da família angolano.
Ao conjunto de direitos e deveres
específicos atribuídos aos pais
consagrados pelo art. 130º do código da
família, para que se possa assegurar a
protecção, a educação e os demais
direitos legalmente consagrados é que
chamamos Autoridade Paternal e é em
torno deste instrumento jurídico que nos
debruçaremos neste trabalho.
Neste trabalho analisaremos o alcance
prático dos postulados do art. 130º do
Código da Família, do nº6 do art. 35º e
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do art.80º da Constituição da República
de Angola, abordaremos sobre a forma
como tem sido exercida a autoridade
paternal no nosso país, bem como, a
aplicação do princípio do melhor
interesse da criança nas relações
familiares, falaremos ainda sobre
situações que podem colidir com os
interesses e o bem-estar psico-social da
criança e sobre as condições que podem
propiciar qualquer tipo de irregularidade
naquilo que é o normal funcionamento
da estrutura familiar, desde as relações
de filiação, a disputa pela guarda do
menor. É comum ouvirmos falar sobre
as frequentes violações aosdireitos da
criança cometidas por titulares da
autoridade paternal, sobre a violência
doméstica, o abandono de menores,
todas essas situações nefastas, acarretam
consequências jurídicas para os
indivíduos que as praticam.
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Apossibilidade de intervenção de
terceiros, a inibição do exercício do
poder paternal são claramente
consequencias do incumprimento das
obrigações decorrentes do vincúlo de
filiação, tudo quanto se faz mensão é do
interesse total do Estado angolano e está
consagrado na nossa Constituição.
Identificação do problema
Através dos órgãos de comunicação
social e das redes socias tem chegado ao
nosso conhecimento uma série de
episódios trágicos, envolvendo crianças
e adolescentes, que violam os princípios
concernentes a protecção da criança. O
mais preocupante, é saber que boa parte
desses episódios são protagonizados por
familiares ou pessoas próximas a
família.Estes acontecimentos demonstra
certo défice naquilo que devia ser a
atenção da família e da sociedade e a
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intervenção do Estado nos problemas
quem envolvem as crianças e o desfoco
com o cumprimento do 8º e 9º
compromissos assumidos pelo Estados,
permitindo assim, a quem cabe o dever
de guarda o confundam com um direito
de disporem dos menores sem que haja
alguma contraposição, colocando assim
muitas crianças em risco mesmo no seio
familiar.
Quais os limites impostos pelo nosso
ordenamento jurídico ao exercício da
autoridade paternal?
Poderão terceiros singulares para além
do Estado Intervir de alguma forma, em
caso de violação dos direitos da criança,
no exercício da autoridade paternal?
OBJECTIVO DO ESTUDO
Tendo em conta que os objectivos são
os resultados que desejamos alcançar
mediante a pesquisa e que o objectivo
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geral indica a resposta global do
problema, e os específicos como metas
que se atingem em dependência do
alcance do objectivo geral, estabelecem-
se como objectivos para este trabalho:
Objectivo geral:
Analisar a problemática do exercício
paternal em Angola.
Objectivos específicos:
1) Analisar o alcance prático do
conceito de autoridade paternal;
2) Abordar sobre as formas como tem
sido exercida a autoridade paternal;
3) Propor limites ao exercício da
autoridade paternal.
Importância do estudo:
A Constituição da República de Angola
no nº 6 do art. 35º garante “a protecção
dos direitos da criança, nomeadamente,
a sua educação integral e harmoniosa,
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a protecção da sua saúde, condições de
vida e ensino constituem absoluta
prioridade da família, do Estado e da
sociedade. É de veras
importanteesclarecer os limites que se
impõem ao exercício da autoridade
paternal para que se possacombater com
maior eficácia os abusos cometidos no
decurso do exercício da autoridade
paternal. É direito e dever de qualquer
cidadão reivindicar e garantir os direitos
dos menores para garantirmos a
sanidade da sociedade.
Delimitação do estudo:
O tema fica delimitado da seguinte
maneira: O Exercício do poder paterna à
luz do nº 2 do art. 130º do Código da
Família.
Definição de conceitos
Conceitos: Autoridade paternal,
incapacidade de exercício, direitos da
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criança,menor em perigo e inibição da
autoridade paternal.
a) Autoridade paternal
Autoridade paternal é o conjunto de
direitos e poderes-deveres atribuídos aos
pais para proverem a saúde alimentação
educação e bem-estar dos filhos
menores não emancipados.
b) Violência contra criança
Violênciacontra criança é qualquer dano
físico ou psicológico, não acidental
cometido contra criança, ocasionado
pelos pais ou encarregados de educação
ou por qualquer pessoa, que ocorre
como resultado de acções ou omissão
físicas, sexuais ou psicológicas que
ameaça o desenvolvimento normal, do
menor.
c) Incapacidade de exercício

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É a privação legal que uma pessoa tem
de exercer em nome próprio os seus
direitos e de cumprir os seus deveres
livremente.
d) Menor em perigo
Considera-se menor em perigo a pessoa
que de acordo ao nosso ordenamento
jurídico, ainda não tenha completado 18
anos de idade e viva exposta ou em
circunstância de abandono entregue a si
propria.
e) Inibição da autoridade paternal
É a proibição plena ou judicial, total ou
parcial que os progenitores têm de
exercer o se o seu direito à autoridade
paternal.

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CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO
TECNO-CIENTÍFICA

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ORIGEM, EVOLUÇÃO E CONCEITO DE AUTORIDADE

PATERNAL

Segundo Maria do Carmo Medina, a autoridade paternal é deorigem natural.

No Direito romano era denominado “pátria potesta” ou “potestagenitória”,


caracterizado pelo poder absoluto do pai sobre osfilhos que se prolongava por toda vida.

É recorrente encontrarmos em alguns livros a designação, poderpaternal, esta


designação também já foi usada no livro IV hoje revogado, do código civil, pela lei nº
1/88 de 20 de Fevereiro, masessa expressão super valorizava a figura do pai naquilo que
era arelação familiar, dando-lhe uma posição superior até mesmo emrelação à mãe.

No direito europeu procura-se uma nova expressão - «autoridadeparental» -, para evitar


que o conceito em si, tenha um sentido discriminatório em relação a mãe, já que a
expressão em si, nosremete a uma ideia menos absoluta do poder que o pai tem sobreos
filhos, aqui o pai deixa de ser o fulcro das decisões relativas aosfilhos exercendo-o nas
mesmas modalidades que a mãe.

O Conselho da Europa define:“responsabilidades parentais são oconjunto de poderes e


deveres destinados a asseguraro bem-estar moral e material do filho, designadamente
tomando conta dapessoa do filho, mantendo relações pessoais com ele, assegurandoa
sua educação e sustento, a sua representação legal eadministração dos bens”.

O Código da Família Angola designa na epígrafe do seu artigo130º como “Autoridade


paternal”. Apesar da expressão autoridadepaternal usada no nosso código da família dar
uma ideia de maiorpoder ao pai, o conjunto de articulados do título concernente aessa
matéria do referido código, nos dá a certeza de se tratar apenas de uma nomenclatura,
porquanto confere sustentabilidade aos limites consagrados em tais articulados. O seu
artigo 127º consagra a igualdade entre pai e mãe, “o pai e mãe são, relativamente
aosseus filhos, titulares de iguais deveres e direitos”.

Em Teoria Geral do Direito Civil, a autoridade ou poder paternal, não passa de mero
instrumento para suprir a incapacidade dosmenores, já que estes, pela sua incapacidade
física, emocional epsicológica, carecem de capacidade jurídica nos termos do artigo23º
do código civil. Até mesmo pela sua origem natural e pelassuas características

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psicológicas e emocionais a autoridadepaternal tem um alcance maior que um mero
instrumento jurídicopara suprir a incapacidade dos menores.

Para Maria do Carmo Medina autoridade paternal um poder-dever dos pais, mas que
deve ser exercido em benefício dos filhos, estando sob controlo do Estado através dos
seus dos seus órgãos de natureza administrativa e judiciais.

Para Jorge Duarte Pinheiro a autoridade Paternal e o efeito da filhação que consiste no
conjunto de situações jurídicas que incumbem os pais na relação com o filho menor não
emancipado.

Para Armando a autoridade paternal é um conjunto de faculdades de conteúdo altruísta


que tem de ser exercida de forma vinculada de harmonia com a função do direito
consubstanciadas no objectivo principal de protecção dos interesses do filho com vista
ao seu desenvolvimento integral.

FONTE DA AUTORIDADE PATERNAL

Fonte da autoridade paternal é a formas como uma pessoa se vincula a uma relação de
filiação com o menor, e é a filiação – pode ser fruto de procriação e por sentença
constitutiva de vínculo art. 162º e 198º do C.F.

Jorge Duarte Pinheiro no seu livro Direito da família contemporaneodefini três


modalidades de filiação, que são: a filiação biológica, a filiação por adopção e a filiação
por consentimento não adoptivo.

A filiação biológica – dividida entre a decorrente do acto sexual e a medicamente


assistida, a filiação biológica é aquela que ocorre atraves do fenomeno da procriação
(art. 162º do C.F.).

A filiação por adopção – é aquela que ocorre independentemente dos laços de sangue,
se constitui por sentença proferida no âmbito do processo de adopção (art. 197º e 198º
do C.F.).

A filiação por consentimento não adoptivo – consiste em assumir a posição jurídica pai,
em que não existe necessariamente nem laços de sangue, nem a sentença contitutiva de

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vínvulo de adopção, é o que acontece, por exemplo quando um homem estéril consente
que a sua companheira recorra a enseminação artificial usando o material genético
(espermatizoide) de um doador, que em regra deve ser anónimo. Essa fonte o nosso C.F.
não prescreve, mas importa frisar, que de maneira adversa a do exemplo acontece no
nosso pais com alguma frequência o acto de se concentir e assumir a paternidade ou a
maternidade de filhos não biológicos mesmo sem processo de adopção. Acontece, por
exemplo, com irmãos de pais falecidosque assumem os cuidados dos filhos órfãos como
se fossem os seus filhos.

CARACTERÍSTICAS DA AUTORIDADE PATERNAL

 A autoridade paternal depende exclusivamente da relaçãoentre pais e filhos art.


135º, ou seja, o indivíduo que exerceo poder tem de ser necessariamente o pai ou a
mãe domenor, (art. 130º do C.F.) portanto tem natureza estatutária;
 Os pais não dispõem da autoridade paternal, porque não oexercem no seu
interesse, mas sim no interesse do filho menor, deacordo ao enunciado no nº 2 do
artigo 127º código dafamília. O interesse principal defendido é o do filho, portanto,
compete aos pais a obrigação de o exercerem benefício do filho não podendo ser
transmitido a outrapessoa. É um poder-dever indisponível.
 A autoridade paternal é um poder funcional, os pais não otêm como um direito
subjectivo, mas como um direito deexercer obrigatoriamente com a finalidade de
realizarobjectivos de carácter altruísticos a que estão vinculados porlei (artigo 130º
do código da família). É um poder-dever afavor de outrem e não de quem o exerce
art. º127º nº 2 docódigo da família.
 A Autoridade paternal tem eficácia perante terceiro. É incontestável, a menos que
haja uma situação que fira o superior interesse do menor.
 Conforme já referido, a autoridade paternal só pode serexercida pelos pais,
ninguém tem o direito de separar os paisdos filhos, só em condições
muitoexcepcionais isso poderáacontecer.

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INSTITUTOS JURÍDICOS QUE SE CONFUNDEM COM AUTORIDADE
PATERNAL

Dentre os instrumentos jurídicos instituídos para protecção existem alguns que pelo
seu fim último se confundem com a autoridade paternal, porém, apesar de terem o
mesmo objectivo eles distinguem-se da autoridade paternal, são elas:

A TUTELA

É muito comum haver confusão entre a autoridade paternal ea tutela de menores, na


verdade elas se parecem em algunsaspectos, mas há aqui a necessidade de distingui-las,
apesar deterem por fim último os a educação e o bem-estar do menor, atutela é exercida
por um tutor que deve ser nomeado pelo tribunalda família, enquanto a autoridade
paternal é uma situação natural, decorrente da filiação;

A tutela só pode ser exercida quando os pais sejamdesconhecidos, estejam ausentes,


tenham falecidos, estejaminibidos de exercer ou cuja adopção tenha sido revogada
autoridade paternal nos termos do art. 222º do código da família, e esta sim, é um meio
de suprimento da incapacidade dosmenores.

A tutela deve ser aceite de forma voluntária, em princípiogratuita, podendo o Tribunal,


dependendo das circunstâncias, fixar uma remuneração a atribuir ao tutor e este tem o
direito deser indemnizado pelas despesa que realize no exercício das suasfunções, artigo
artigos 226º e 227º do C.F.

De acordo ao que está plasmado no art. 226º C.F., a pessoa dotutor deverá ser maior de
idade, estar em pleno gozo das suasfaculdade mentais e dos seus direitos civis e
políticos, ter bomcomportamento cívico, ter situação económica estável que lhepermita
prover o sustento do menor e que não tenha directa ouindirectamente, interesses opostos
aos do tutelado e, caso o tutordeixe de cumprir com os seus o deveres pessoais ou
patrimoniaispara com o tutelado, poderá o Tribunal determinar a sua remoção(art. 243º
e 244º do C.F.), ou ainda poderá o próprio tutor pedir asua renúncia (art. 245º do C.F.),
diferente do que acontece com aautoridade paternal que é irrenunciável, podendo

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extinguir-seapenas pela morte do progenitor ou pela constituição do vínculode adopção
(art. 134º do C. F.).

A GUARDA DE MENOR

É um direito-dever integrado no conteúdo do poder paternal dealojar e prover a guarda e


segurança dos filhos. Mesmo setratando de uma situação específica integrada no
conteúdo daautoridade paternal o termo “guarda” tem sido utilizado numsentido mais
amplo para designar o conjuntos de situaçõesreferentes ao poder paternal e a tutela.

A guarda consiste no poder de ter sobre sua protecção e amparo omenor e quem a tem,
também o poder de decisão sobre asquestões relacionadas ao desenvolvimento
psicológico e social esobre o património do menor. Pode ser exercida em comum,
mesmo no caso de não haver coabitação (guarda conjunta), ou sópor um dos pais. O
nosso código da família não utiliza aexpressão guarda, mas no seu artigo 139º faz
referência aoexercício em conjunto da autoridade paternal « A autoridadepaternal será
exercida conjuntamente pelo pai e pela mãe emcaso de coabitação destes, cabendo a
cada um os poderes derepresentação do filho menor.»; no artigo 147º faz referência ao
«exercício único» que é o que se da quando por alguma razão deimpossibilidade de um
dos pais, quer seja pela só um dosprogenitores a exerce; e faz ainda no artigo 148º
referência ao «exercício em separado» que se dá quando não existe coabitaçãoentre os
pais, aqui os pais podem estabelecer um acordo entre si, que deverá ser homologado
pelo Tribunal e, na falta desse acordo, o Tribunal irá decidir qual dos pais ficará
encarregue de exercerautoridade paternal, tendo em conta ao interesse do menor.

CONFIANÇA DE MENOR

A confiança de menor é situação em que por decisão judicial omenor é entregue a


pessoa singular ou instituição para que delecuide enquanto não proferida uma sentença
definitiva de adopção.

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NATUREZA JURÍDICA DA AUTORIDADE PATERNAL

A autoridade paternal agrega uma multiplicidade de situações jurídicas que coexistem


de forma heterogénia. A autoridade paternal comporta direitos, deveres e poderes que
dão abertura a uma longa discussão em torno da sua natureza jurídica. Se por um lado
devemos olhar para o interesse do menor por outro lado devemos olhar para o real
interesse no direito de exercício paternal. Há que se reconhecer que os pais exercem a
autoridade paternal, não no interesse exclusivo dos filhos, mas também para sua
realização pessoal, apesar de se tratar de umdever imposto por lei e de o seu
incumprimento dar lugar a uma sanção nos termos do art. Do código da família.

Por um lado podemos ver a autoridade paternal como um direito subjectivo dos pais,
por outro ele configura um dever jurídico. O interesse do filho predomina o alcance
prático do seu exercício, fazendo dele um poder funcional. Alguns autores não o vêem
como um mero poder funcional, pois os pais não estão como funcionários do filho, mas
também não pode ser visto como um direito subjectivo pois lhe falta o elemento
“liberdade” .

Para Jorge Miranda não é possível unificar a natureza jurídica da autoridade paternal, já
para Jorge Duarte Pinheiro é um poder funcional com menor pendor funcional.

O nosso código da família reconhece no seu art. 129º como um direito dos pais a ser
protegido por lei. Porém o seu art. 127º determina que deve ser exercido no interesse da
sociedade, portanto, é um poder funciona.

A CAPACIDADE JURÍDICA DO MENOR

Já sabemos que a autoridade paternal é instituto jurídico que tem por finalidade a
protecção do nonor para que ele se torne um adulto que possa contribuir
positivamente para uma sociedade sadia. O que nos interessa agora saber é o
motivopelo qual ele foi instituído? Queremos saber exactamente porque que o
menor precisa de serespecialmente protegido e representado?

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Nos termos do art. 122º do C.C. “são menores as pessoas de um e de outro sexo
enquanto não perfizerem 18 anos de idade”, essas pessoas que não completaram 18,
têm factores que as condicionam a uma dependência que se considera natural quer no
aspecto físico quer no psicológico, por isso, a necessidade da instituícão do exercício da
autoridade paternal e de outras instituições com a mesma finalidade. A essa
dependencia acima referida podemos chamar de incapacida, e por terem essa
incapacidade o Estado, como defensor dos direitos da criança, estabeceu um regime
jurídico diferente para a condição dos menores.

Vamos entender por capacidade o poder ou a aptidão que a pessoa tem de realizar
objectivos. Então a capacidade jurídica vai ser a aptidadão que a pessoa tem de realizar
por si só acções que venham a interferir na sua própria esfera jurídica ou na esfera
jurídica de outrem. A capacidade jurídica está dividida em duas esferas que são:a
capacidade de gozo, que é a medida de direitos e de obrigações de que uma pessoa pode
ser titular; e a capacidade de exercício que é a possibilidade que uma pessoa tem de
praticar, pessoal e livremente, actos jurídicos.

A capacidade de gozo refernte as pessoas singulares é em regra ilimitada, porém, em


determinados casos é limitada, como acontece com os menores, por exemplo, não têm
capacidade para secasar, salvo disposto no art. 134º do C.C. e no nº 2 do art. 24º do C.F.
nem para exercer o seu direito de voto constante do art. 11º da Lei Eleitoral, nem tão
pouco têm a capacidade testamentária nos termos do art. 2188º do C.C.

Por conta da sua incapacidade genéria, o negócios jurídicos celebrados pelos menores
estão feridos de anulabilidade nos termos do artº 125º C.C.

Apesar do menor não possuir capacidade genérica, continua sendo um cidadão e precisa
de integração na sociedade em que vive e o Estado angolano, como exímio defensor da
família e protector dos direitos da criança, prevê no art. 124º do C.C. formas de
suprimento de incapacidade dos menores que são o exercício da autoridade paternal e a
tutela nos termos dos art. 130º, 221º e 222º do C.F.

A FILIAÇÃO

Noção de filiação

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Impossível seria abordar a autoridade paternal sem falar da filiação, que aliais, é a sua
fonte.

Em sentido estrito podemos entender por filiação a relação juridicamente estabelecida


entre as pessoas que procriam e aquelas que foram geradas.

Em sentido amplo vamos entende-la como a relação familiar constituída pela procriação
quer a relação que, não tendo origem no fenomeno da procriação, produza efeitos
jurídicos similare, caso da filiação constituída por sentença de adopção.

A filhação é uma relação jurídica definitiva permanente e recíproca que se estabelece


entre cada pessoa e os seus pais, é a relação mais profunda entre as relações de
parentesco.

A relação entre pai e filho se estabelece em regra a partir do nascimento do filho ou, no
caso de adopção, por sentença constitutiva de vínculo art., porém, no caso da filiação
natural, “o estabelecimento da filiação prova-se por acto lavrado no órgão do Registo
Civil.(nº 1 do art. 162º do C.F.)

Maria do Carmo Medina define a filiação como o conjunto de normas que estabelece a
relação específica entre pais e filhos, bem como os que definem os direitos e deveres
recíprocos entre eles.

Antigamente usava-se dois conceitos que julgavam-se de extrema importância que ainda
hoje são refernciados pelo nosso C.F. que são: a posse do estado de filho e o período de
concepção legal.

A posse do estado de filho significa que o filho esta de facto a usufruir do dos seus
direitos daí derivados e esta pode desdobrar-se em três aspectos que são: O nome
significa que o filho usa o nome de família do seu pai e da sua mãe e que se tratem por
pai e filho; O tratamento aqui estamos a falar de toda assistência que os pais têm de
prestar aos seus filhos, desde a prestação de alimentos ao convívio; A fama é o
reconhecimento do filho como tal perante a família e a sociedade nos termos do art.
169º.

O período legal de concepção corresponde aos primeiros 120 dias de gestação e está
consagrado no art. 166º conjugado com os artigos 279º e 296º, hoje estes conceitos são
facilmente ilidíveis por um exame de paternidade.

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Importância do estabelecimento da filiação

O estabelecimento da filiação vem dar um suporte legal as relaçoes entre pais e filhos de
formas a que se garanta quer ao pai o direito de paternidade, como já foi dito, não é
simplemente um mero dever, a maior parte dos pais fa-lo por uma necessidade
emocional própria e dela o desejo de proteger o filho, quer para o filho o direito de
filhação que a prior, lhe garante os cuidados necessários para uma melhor integração no
meio social. O estabelecimento da paternidade tem efeitos a nível intelectual, moral,
emocinal e económico para o filho e consequentemente para a sociedade em ele se
integra além de garantir o usufruto e a sucessão dos bens do progenitor.

Efeitos jurídicos do estabelecimento da filiação

A filiação é um vínculo natural mas os seus efeitos jurídicos dependem do seu


reconhecimento jurídico, e este, deve ser especialmente protegido por lei, tal como
dispõem os artigos 129º e 133º do e com ela C.F.

 O estabelecimento da filiação tem como efeitos um leque dedireitos e obrigações


que os pais passam a ter sobre os filhos e estes têm efeitos retroactivos (no caso
da filiação fruto da procriação) até a data do nascimento do filho (art. 162º nº 2
do C.F.).
 Com estabelecimento da filiação o filho adquire a situação jurídica de filho
associada de todos os direitos e deveres de natureza moral, pessoal e patrimonial
concernentes a situação jurídica de filho.
 Adquire-se também o direito ao nome nos termos do art. 133º do C.F. e ao
sobrenome quer da família materna como da família paterna.
 Direito a nacionalidade nos termos do nº1 do art. 9º da lei da nacionalidade o
filho de pai ou de mãe angolana quer seja nascida em território nacional ou no
estrangeiro é cidadão angolano de origem.

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 A lei nº 7/04 de Outubro, Lei de Base de Protecção Social, dispõe no seu art. 6º:
“estão vinculadas à Protecção Social Obrigatória na condição de dependentes
do assegurado os filhos menores de 18 anos de idade ou inválidos, bem como os
filhos dos 18 aos 25 anos de idade com frequência Universitária de acordo com
as disposições legais vigentes no domínio das prestações”.
O Decreto Presidencial nº 8/11 de 7 de Janeiro constitui os seguintes subsídios
inseridos no art. 1 do Rerime Jurídico das Prestações Familiares: Subsídio de
maternidade, subsídio de aleitamento, abono familia e subsísidio de funeral.

Desde que estabelecida a filiação dentro dos parâmetros do artigo 162º os filhos gozam
de igualdade de direitos nos de acordo ao preceito estabelecido no art. 128º do C.F. «Os
filhos têm iguais direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres para com os pais, estejam
estes unidos ou não pelo casamento»

O fulcro da relação jurídica de filiação será o direitos dos menores e a autoridade


paternal, mas isso não significa que se extinga o direito de filiação com a chegada da
maioridade, esta perdura por toda vida de ambos, e quando não havendo relação de
dependência, esta perdurará com efeitos morais e sucessórios e poderão ainda produzir
efeitos em relação aos seus parentes da linha recta no caso de morte, de acordo ao nº 1
do art. 2140º do código civil.

A ADOPÇÃO

São diversas a razões pelas quais algumas crianças são acometidas a uma situação de
carência afectiva, e a uma necessidade de reconstituir um vínculo que a partida se
presume natural, por esta razão, pela sensibilidade à que a natureza humana está sujeita
e pela necessidade emocional que muitos homens e mulheres têm de constituir um laço
de materno ou paterno filial, que muitas vezes por condições físicas e biológicas
nãoconseguem alcançar tal objectivo, ao longo dos tempos as sociedades foram criando
formas de supriras necessidade dessas crianças e candidatos a paternidade e daí surgiu o
instituto jurídico da adopção.

A aceitação do vínculo jurídico da adopção foi evoluíndo nas diversas formas de


sociedade dependete das concepções ideológicas de cada sociedade. Hoje, a maior parte

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das sociedades/nações admitem o instituto jurídico da adopção, mas alguns culturas não
a aceitam como tal, por exemplos no direito muçulmano não se admite a adopção, o que
não significa que as crianças carenciadas permaneçam em sitiação de completo
abandono, eles usam o instituto do «Kafala» para salvaguardar o bem-estar dos seus
menores órfãos e abandonados.

A adopção é um vínculo de filiação idêntico ao constituído com fenomeno da


procriação. Ela visa, a subistituição da família natural pela família adoptiva e tem como
finalidadesupriar a carência afectiva quer do adoptado, quer do adoptante.

Jorge Duarte Pinheiro difine a adopção como o vínculo constituído por, sentença
judicial, proferida no âmbito de um processo especialmente instaurado para o efeito,
que, independentemente dos laços de sangue, cria direitos e deveres paternofiliais entre
duas pessoas.

Em Angola o Estado cofere competência para autorização daadopção exclusivamente a


autoridade judicial, nos termos do art. 212º do C.F. depois de averiguadas as condições
em que se fundamenta o pedido,

Em alguns ordenamentos é aceite o conceito de adopção plena e de adopção restrita,


mas não é o caso do nosso ordenamento jurídico.

O vínculo de adopção, pela importância dos efeitos que dele derivam está dependente da
observância de apertados requisitos legais e têm que ser obrigatoriamente constituído
por via da intervenção de um tribunal.

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