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UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE DIREITO

FACTORES QUE ESTÃO NA BASE DA FUGA A PATERNIDADE.


OBJECTO DE ESTUDO MUNICÍPIO DE TALATONA,
DISTRITO URBANO DO BENFICA

TRABALHO DE FIM DE CURSO

SUZANA MANUEL FILIPE CALUMBO

LUANDA-2023
I. INTRODUÇÃO
1. Introdução do Tema
O presente trabalho tem como objecto de estudo os factores que estão na base da fuga
a paternidade, sendo a família o núcleo fundamental da sociedade, tem um papel
imprescindível para garantir o desenvolvimento físico, emocional e social da criança,
sem a observância de violência como a fuga a paternidade.

Conforme será visto ao longo do trabalho, as provas colhidas durante as investigações


são de suma importância para acção cível, consequentemente para acção penal, sendo
que, o mero desconhecimento de certo preceito a quando da realização de diligências
pelos agentes, tanto dos sectores cível e penal, pode gerar ilicitude da prova obtida.
1.1.1. Delimitação do tema

Factores que estão na base da fuga a paternidade, no município de Talatona, distrito urbano do
Benfica.

1.1.2. Justificativa do tema

O fundamento que nos leva a escolha do tema deve-se a importância jurídico-social que o
mesmo possui no nosso país, uma vez que a fuga a paternidade é um fenómeno que enferma a
sociedade e algumas famílias e deve ser combatida para impedir que as vítimas de hoje não se
tornem, amanhã, agressores, transgressores e promotores, conscientes ou inconscientes, de um
mal que a todos nós enferma. Todavia,a falta de conhecimento jurídico que ainda se verifica
por grande parte da nossa sociedade, o que muitas vezes impossibilita o pacato cidadão de
perceber os mecanismos que pode utilizar para fazer valer o seu direito.
1.1.3. Formulação do Problema

Que factores influenciam a fuga a paternidade em Angola?

1.1.4. Formulação de hipóteses

H1: Extremo nível de pobreza das famílias.

H2: Falta de orientação sexual.

H3: A degradação dos valores morais e cívicos.

H4: O consumo excessivo de bebidas alcoólicas. 


1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

Caracterizar os factores que estão na base de uma fuga a paternidade em Angola, de modo
especifico, no município de Talatona.

1.2.2. Objectivos específicos

· Conceituar fuga a paternidade.

 Fundamentar teoricamente os factores que estão na base de uma fuga a paternidade em


Angola, de modo específico no município de Talatona.

· Analisar a fuga à paternidade como fenómeno que desestrutura famílias.

· Avaliar as formas de filiação no processo de combate da fuga a paternidade.

 Descrever o sistema de acções para o combate a fuga a paternidade em Angola.


II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1.Conceitos

2.1.1. Filiação
Filiação, segundo Medina(2013, p. 99), pode ser entendida como “a relação jurídica que se
estabelece entre cada pessoa e os seus progenitores. Como os demais direitos familiares, é
de natureza intercorrente e recíproca e estabelece-se entre alguém e aquele homem e aquela
mulher que o concelebram”.

Podemos entender a filiação como a relação existente entre os progenitores e filhos,


independentemente de haver vínculo biológico.

2.1.2. Paternidade
Juridicamente, a palavra paternidade designa a relação de parentesco que vincula o
progenitor
a seus filhos, nos termos do artigo 139.º e seguintes do Código da Família.

Deve-se entender por pai, aquela figura masculina que em seu constante intermédio com a
criança (num espaço de tempo determinado) escolhe construir junto do filho laços
afectivos, sendo assim, escolhidos e reconhecidos pelo menor como pai.
2.1.3. Maternidade

Pode-se afirmar que a maternidade é um dos principais papéis que a sociedade requer da
mulher. Diante dessa premissa a mulher já carrega em si a responsabilidade e obrigação de
procriar. A Maternidade é alvo de investigações, ensaios e dissertações realizadas pelas
diferentes áreas que se interessam pelo estudo do Homem; Antropologia, História, Sociologia,
Psicanálise e Psicologia são alguns exemplos. Nenhuma delas fornece um quadro completo de
respostas.

2.2.Concepção sobre a fuga à paternidade


A fuga à paternidade é um fenómeno complexo e recorrente nos órgãos de comunicação
social, sobretudo um problema sensível que exige uma reflexão profunda, quer por parte das
suas vítimas, quer por parte daqueles que intervêm como especialistas na resolução destes
casos. É um fenómeno frequentemente associado aos homens que se recusam assumir à
paternidade, as mulheres colocam-se igualmente como vítimas destes actos.

2.3.Fuga à paternidade como forma de violência simbólica


A violência simbólica a que nos referimos é sinónimo de violência psicológica, como refere o
art.º 3.º alínea c, da Lei Contra a Violência Doméstica: “A violência psicológica é toda
conduta que causa dano emocional, diminuição de auto-estima ou que prejudica e perturba o
pleno desenvolvimento psicossocial”.A fuga à paternidade é uma forma de exercício da
violência simbólica porque expõe a criança a situações que atentam a sua integridade física e
moral.
2.6. Formas e Níveis de Fugas à Paternidade
2.6.1. Fuga afectiva
Das cinco grandes áreas de desenvolvimento psicológico humano, nomeadamente afectiva,
sensorial, motora, social e cognitiva, gostaríamos, de entre todas elas, destacar neste título o
desenvolvimento afectivo, por ser a base que determina o equilíbrio do funcionamento e
desenvolvimento de todos os outros. Isto porque é pelo afecto que os progenitores nutrem ou
deveriam nutrir, a sua relação, da qual nasce a pessoa.
2.6.2. Fuga à Pensão de Alimentos
A pensão de alimentos tem sido o grande “calcanhar de Aquiles”, no que tange à fuga a
paternidade. Nos últimos tempos as famílias, os tribunais e a igreja debatem-se muito com
esta temática. Todos podemos concordar com o facto de que ninguém pode sobreviver sem
comer.
2.6.3. Fuga póstuma à paternidade
Essa fuga consiste no desaparecimento o progenitor, que se afasta da província, do país ou da
face da terra, sem deixarem um rastozinho, a partir do qual seja possível identificar as pegadas
do prófugo-progenitor.Quanto aos que deixam a face da terra, e por força da cultura do Berço
Negro, estes tornam-se prófugos-progenitores póstumos, ou seja, mesmo conhecendo os
hábitos e costumes da sua região, etnia, tribo ou clã, nada deixam escrito antes de partirem
para eternidade
2.6.4. Família
Segundo Pedro (2014):
Família é um grupo social no qual os membros coabitam, unidos por uma
complexidade de relações interpessoais, com uma residência comum,
colaboração econômica e, no âmbito deste grupo, existe a função da
reprodução biológica e social.
2.6.6. Esboço histórico da fuga à paternidade em Angola
A fuga a paternidade é uma problemática, que se enquadra ou pode ser compreendida na
ordem sociológica, psicológica, histórica e ainda antropológica. De certo que esta
problemática surge em Angola há várias décadas, todavia, nos últimos tempos, tem crescido
16 de forma descontrolada um pouco por todo o país.
2.6.7. Violência doméstica em Angola
Entende-se por violência doméstica, toda a acção ou omissão que cause lesão ou deformação
física e dano psicológico temporário ou permanente que atente contra a pessoa humana, nos
termos do artigo 3.º da Lei Contra a Violência Domestica. A violência doméstica pode
resultar de um desentendimento na família, tendo o confronto físico ou verbal como forma de
resolução do conflito. De certo, quando há conflito entre o casal, vezes sem conta, ocorre
violência entre eles que pode levar à separação parcial, divórcio, prisão do/a agressor/a ou
ainda à morte. Diante disto, o filho sofre as variadas consequências da situação.
2.6.10. Consequências da fuga à paternidade
A fuga à paternidade pode gerar várias consequências, na vida do pai que foge, da mãe que
sente a fuga e sobretudo, na criança que é abandonada. Segundo Trapp e Andrad (2017), sem
a figura paterna, o filho pode conhecer várias consequências, tais como: perca de equilíbrio e
uma série de conflitos psíquicos, no seu desenvolvimento, fruto da ausência paterna.
2.7.Factores que influenciam a fuga à paternidade
Pobreza das famílias, Educação sexual e orientação sexual, Degradação dos valores morais e
cívicos, Consumo excessivo de bebidas alcoólicas, Prostituição.
III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O nome Angola é uma derivação portuguesa do termo bantu N’gola, título dos reis do Reino
do Ndongo existente na altura em que os portugueses se instalaram em Luanda, no século
XVI.
Angola situa-se na costa do Atlântico Sul da África Ocidental, entre a Namíbia e o Congo.
Também faz fronteira com a República Democrática do Congo e a Zâmbia. O rio Zambeze e
vários afluentes do rio Congo têm as suas nascentes em Angola. A faixa costeira é temperada
pela corrente fria de Benguela. Existe uma estação das chuvas curta, que vai de Fevereiro a
Abril. Os Verões são quentes e secos, os invernos são temperados.
IV. METODOLOGIA
4.1.Tipo de estudo
O presente trabalho observará os métodos dedutivo e indutivo com abordagem MISTA
exploratória.
4.2.População e amostra
População
Terá como população o Código de Família, aprovado pela Lei n.º 1/88, de 20 de Fevereiro.
A Constituição da República de Angola, aprovada em 2010.
A Lei n.º 25/11, de 14 de Julho que aprova a Lei Contra a Violência Doméstica.
Amostra
Artigos 30º, 31.º e 32.º da Constituição da República de Angola, promulgada em 5 de
Fevereiro de 2010; 3.º e 25.º da Lei n.º 25/11, de 14 de Julho que aprova a Lei contra a
Violência Doméstica, e 131.º, 134.º, 135.º, 136.º do Código de Família.
4.3.Critério de inclusão
Inclui-se todas as leis que fazem parte do referido trabalho.
4.4.Critério de exclusão
Exclui-se todos os diplomas e artigos e leis que não versam sobre o tema em questão.
4.5. Métodos utilizados
Na elaboração deste trabalho utilizou-se os métodos dedutivos e indutivo, no suporte da
aplicação zelosa, na abordagem do método exploratória.
4.5.1. Procedimentos e instrumentos ou técnicas para a colecta dedados
O estudo dirigiu-se com base a uma compilação de livros, monografias, teses de mestrado,
artigos informáticos, relatórios e revistas científicas.
4.5.2. Processamento de dados
Os dados tornou processados e redigidos a partir do programa Microsoft office vulgo Word,
pois e o programa recomendado para elaboração de trabalho científico conforme a norma
científica utilizada pela universidade de Belas.
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Depois da reflexão sobre a fuga a paternidade, 25% das mulheres entrevistadas, com faixas
etárias compreendidas dos 25 aos 50 anos, dentre ela, solteiras, casadas e divorciadas,
concordaram com o autor Moniz Bala Pedro, quando afirmava que a situação da mulher
angolana é a semelhança da maior parte dos países subdesenvolvidos em África,
caracterizada por morosidade na resolução dos principais problemas que afectam.

Numa percentagem de 20% da amostra processada em entrevista, com faixa etária dos 31
aos 50 anos, dentre elas solteiro, casados, viúvo, atestam como uma das principais causas
da fuga a paternidade é a criança acusada de feitiçaria. Algumas crianças acusadas são
crianças órfãs de pais, sendo acolhidas por parentes como tios ou avós, ou vivem com
padrastos ou
madrastas que muito frequentemente são os responsáveis pelas acusações. Em função aos
dados recolhidos sobre as crianças acusadas de feitiçaria, podemos traçar o seguinte perfil
de “bode expiratórios” mais vulneráveis a essa prática: crianças irrequietas, órfãs, rebeldes
e
teimosos. Podem ser epilépticas ou terem defeitos físicos, serem sonâmbulas, terem
pesadelos ou urinarem na cama.
VI. CONCLUSÕES
Chegou-se a conclusão que a fuga a paternidade é uma realidade em Angola, sendo ela a
recusa de um pai assumir a sua responsabilidade paternal, de alimentar, vestir, educar, dar
amor, e reconhecê-lo juridicamente como filho. A fuga a paternidade continua a ser um
problema que se vive em muitos lugares do mundo e o nosso País (Angola) não está isento a
ela. A nossa sociedade regista muitos casos de “Fuga a Paternidade”, a Fuga a Paternidade é
a negação ou rejeição de assumir as suas responsabilidades paternais ou materiais em
relação aos filhos nascidos.
A falta de um dos elementos da família, particularmente o pai, causa à criança um desvio de
conduta, criando nela um sentimento de rejeição por todos que o rodeiam. Além disso,
provoca-lhe traumas e reduza-lhe a autoestima, deixando-a vulnerável a várias situações. A
infância,determina toda a vida do ser humano e por isso, deve ser bem instruída e
encaminhada pelos pais, para o bem comum.
VII. RECOMENDAÇÕES

• Estabelecer programas de apoio as vítimas da fuga a paternidade, visto que os mais


vulneráveis são as crianças
• Incrementar os 11 compromissos com a criança angolana, estabelecida no V Fórum
Nacional sobre a criança.
• Que haja mais investimentos no sector social, de modo que o problema a fuga a
paternidade em Angola erradicada.
• Que o problema da fuga a paternidade em Angola seja levada com mais
comprometimento ao nível das Instituições do Estado.
ANEXOS
1- Sabes o que é fuga a paternidade?
Sim ( ), Não ( ).
2- Em Angola, de modo especifico em Luanda, município de Talatona, a fuga a
paternidade é uma realidade?
( ) sim. ( ) Não. ( ) Não tenho opinião
3- Ao nível do município de Talatona temos instituição que combatem a fuga a
paternidade?
( ) sim. ( ) Não. ( ) Não tenho opinião
4- A luz das afirmações abaixo mencionados, no teu entender, o quê que deve estar na
base de uma fuga a paternidade?
( ) Pobreza das famílias
( ) Educação sexual e orientação sexual
( ) Gravidez indesejável e precoce
( ) Degradação dos valores morais e cívicos
( ) Crianças acusadas de feitiçaria
( ) Crianças com deficiências físicas
( ) Falta de amor fraterno
( ) Desconhecimento das instituições de apoio à criança e os instrumentos jurídicos
( ) Violência do género
( ) O divórcio e as suas implicações nas relações entre pais e filhos
( ) Infidelidade conjugal
5- O Estado angolano trabalha severamente no combate a fuga a paternidade?
( ) sim. ( ) Não. ( ) Não tenho opinião
VARIANTE A
Estado
Quanti. Gênero % Faixa Etária Quant. %
Civil
Os que Até 25 Anos 1 Solteiro 5
afirmam 26 à 30 Anos 0 -------- 0
Solteiro
31à 35 Anos 1 5
Pobreza ---------
3 Masculino 15
nas 36 à 40 Anos 0 -------- 0
famílias -----------
46 à 50 Anos 1 5
Divorciado
Mais de 50 Anos 0 ------------ 0
es
lor
va
os os
o d vic
çã cí
da s e
gra rai
De mo
e
ad
lid l
ide ga
Inf onju
c
d e
as
sad
cu a
s a ri
ça tiça
ian fei
Cr
s
na
za s
bre lia
Po famí
MUITO
OBRIGADA!

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