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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO SOL NASCENTE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E


HUMANAS

PRÉ PROJECTO DE TRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO

TEMA:
Impactos do abuso infantil no seio familiar, no Município sede,
Província do Huambo

Autor:

Fonseca Chimbengue Fadário


Estudante 182000043
Curso: Sociologia
Regime B

Orientador

Eliseu Chipaco, PhD

HUAMBO - 2024
1. INTRODUÇÃO

A violência contra a criança e o adolescente é um problema universal que atinge milhares de


vítimas de forma silenciosa e dissimulada. O Município sede da Província do Huambo é um
dos municípios mais populosos de Angola e, de acordo com as projeções populacionais de
2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística de Angola, a população do Município
sede da Província do Huambo, é estimada em mais de 800 mil habitantes.

A cultura patriarcal do Município sede da Província do Huambo contribui para o abuso


infantil no seio familiar. Como afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS), "as
sociedades em que os homens têm poder e autoridade sobre as mulheres e crianças são mais
propensas à violência contra crianças". É também um dos municípios com maior índice de
pobreza, o que pode contribuir para o aumento da incidência de abuso infantil.

Neste contexto, o abuso infantil no seio familiar é um problema que pode ser subestimado.
As crianças que sofrem abuso muitas vezes têm medo de denunciar os agressores, pois
acreditam que serão castigadas ou abandonadas.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) em 2021, revelou que 30% das
crianças e adolescentes do Município sede da Província do Huambo já sofreram algum tipo
de violência física ou psicológica. O estudo também revelou que os agressores mais comuns
são os pais e os padrastos.Trata-se, deste modo, de um problema que acomete ambos os sexos
e não costuma obedecer nenhuma regra como nível social, econômico, religioso ou cultural
(BALLONE; ORTOLANI; MOURA, 2008; CUNHA; SILVA; GIOVANETTI, 2008; DEL
PRIORE, 2007; FREITAS, 1997; PRADO, 2004; ROMARO; CAPITÃO, 2007).

Como educador, já presenciei casos de abuso infantil no seio familiar. Crianças que chegam à
escola com hematomas, medo de ir para casa e dificuldades de relacionamento com os
colegas.

Acredito que é importante falar sobre este tema para sensibilizar a população sobre o
problema do abuso infantil e promover medidas de prevenção e combate.

Este projeto de pesquisa sobre o impacto do abuso infantil no seio familiar no Município sede
da Província do Huambo pode fornecer informações importantes para o desenvolvimento de
políticas e programas de prevenção e combate ao abuso infantil.

1
Acredito que esta pesquisa seria uma contribuição importante para a sociedade e ajudaria a
proteger as crianças do abuso infantil.

A violência doméstica, segundo Adorno (1988), é uma forma de relação social que está
diretamente relacionada ao modo pelo qual os homens produzem e reproduzem suas
condições sociais de existência. Ao mesmo tempo, ela é a negação de valores considerados
universais, como liberdade, igualdade e a própria vida. Neste processo, a criança e o
adolescente são as maiores vítimas de atos abusivos e maus-tratos, ocasionados por sua maior
vulnerabilidade e dependência.

Em Angola, a Constituição da República de 2010, em seus artigos 29º e 30º, assegura a


proteção da infância e da juventude, respeitando a sua integridade física e moral.
Adicionalmente, a Lei da Proteção e Desenvolvimento Integral da Criança de 2012 estabelece
princípios e diretrizes para a promoção dos direitos das crianças em conformidade com a
Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada por Angola.

Portanto, ao abordar a violência sexual em Angola, é fundamental considerar não apenas a


legislação interna, mas também os compromissos assumidos pelo país perante tratados
internacionais que visam garantir a proteção e o bem-estar das crianças e adolescentes.

A violência sexual caracteriza-se:

[...] por um ato ou jogo sexual, em uma relação heterossexual ou homossexual, entre um ou
mais adultos e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente esta
criança ou adolescente, ou utilizá-la para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou
de outra pessoa (AZEVEDO; GUERRA, 1998, p.33).

Destaca-se que a violência sexual pode ser compreendida a partir de duas


especificidades/peculiaridades: exploração sexual e abuso sexual – sendo este último o objeto
de interesse do presente trabalho.

A exploração sexual caracteriza-se pela relação mercantil, mediada pelo comércio do


corpo/sexo, por meios coercitivos ou não, e se expressa de quatro formas: pornografia,
tráfico, turismo sexual e prostituição.

O abuso sexual caracteriza-se por qualquer ação de interesse sexual de um ou mais adultos
em relação a uma criança ou adolescente, podendo ocorrer tanto no âmbito intrafamiliar –

2
relação entre pessoas que tenham laços afetivos, quanto no âmbito extrafamiliar – relação
entre pessoas que não possuem parentesco.

A primeira categoria do abuso sexual, definida anteriormente, também pode ser entendida
como incesto, que, comumente, dura um longo período e pode ser praticado com o
conhecimento e cobertura de outros membros da família. Em nossa cultura, o incesto é uma
das formas de abuso sexual mais frequente, sendo este o que geralmente causa consequências
– em nível psíquico – extremamente danosas às vítimas.

Nesse sentido, é fundamental buscar na literatura elementos que possam iluminar e apontar
para algumas consequências decorrentes do abuso sexual infanto-juvenil, com o objectivo de
analisar os impactos do abuso infantil no seio familiar no Município sede da Província do
Huambo; e tem como objectivos específicos identificar os impactos do abuso infantil no
desenvolvimento da criança; identificar as causas e os fatores de risco para o abuso infantil.
Para isso, será realizada uma pesquisa bibliográfica, com foco na literatura nacional e
internacional, de modo a se responder a seguinte pergunta:

Quais são as consequências do abuso infantil no seio familiar para o desenvolvimento


físico, mental e emocional das crianças e adolescentes, no Município Sede da Província
do Huambo?

O que se observa na literatura existente é a concordância entre os especialistas em reconhecer


que a criança vítima de abuso e de violência sexual corre o risco de uma psicopatologia
grave, que perturba sua evolução psicológica, afetiva e sexual (ROMARO; CAPITÃO, 2007,
p. 144).

O trabalho está dividido em 2 capítulos: Introdução; Revisão da literatura.

1.1. METODOLOGIA

A pesquisa é de grande relevância, pois permite buscar respostas a temas ainda não
explorados ou que se queira compreender melhor. De acordo com Gil (2007), a pesquisa é:

Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos
problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação
suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra

3
em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema(Gil,
2007, pag. 1).

A finalidade da pesquisa no referido trabalho é conhecer e aprofundar sobre o abuso sexual,


então a pesquisa exploratória irá oferecer maior familiaridade sobre o assunto referenciado, a
fim, de construir uma visão mais clara sobre o estudo. De acordo com Gil, tem como
propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois
interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado(Gil,
2007, pag. 27).

A técnica de coletas de dados utilizada foi a bibliográfica e o estudo de caso. Um dos


benefícios nessa técnica de coletas de dados bibliográfica é permitir 98 conhecer vários
autores e estudos sem precisar se locomover.

Como sinaliza Gil, A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no facto de permitir
ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o
problema de pesquisa requer dados muitos disperso pelo espaço (GIL, 2007, pag. 29).

Para Gil (2008) o “Estudo de Campo busca conhecer uma realidade específica, de maneira
que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. Ou seja, através de entrevistas e
observações é possível identificar quais as atividades executadas naquela realidade e como
funciona, auxiliando a materializar o que foi estudado durante a pesquisa bibliográfica. O
estudo de caso contribui para o fortalecimento de argumentos a serem elaborados para dar
mais vivacidade no trabalho apresentado.

A fonte para coletas de dados foi desenvolvida de forma secundária. Segundo Lakatos e
Marconi (1992) “As fontes secundárias trata-se de um levantamento de toda a bibliografia já
publicada, em forma de livros, revistas”. Os estudos já publicados como livros, revistas
eletrônicas e artigos acadêmicos foram de grande importância, pois serviram como norteador
para construção de argumentos que sustentaram e fomentaram o referencial teórico.

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2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. IMPACTOS DO ABUSO INFANTIL NO SEIO FAMILIAR, NO
MUNICÍPIO SEDE, PROVÍNCIA DO HUAMBO

Violência sexual - Histórico

Infelizmente, a violência sexual não é uma figura moderna, mas remonta dos primórdios da
humanidade.

Na antiguidade, existiram práticas que envolviam inúmeras formas de violência à criança,


referendadas pela própria legislação, como demonstram o Código de Hamurábi (1728-1686
a.C), as Leis de Rômulo (Roma), a Lei das XII Tábuas (303-304), entre outras, indicando a
vulnerabilidade da infância frente ao adulto. Na Idade Média, a infância “não passou tão
ignorada, mas foi antes definida de forma imprecisa e, por vezes, desdenhada” (Heywood,
2004, p. 29). (RANGEL APUD HEYWOOD, 2011, p.29)

Terminava por volta dos sete anos, provavelmente em razão de ser a idade em que
dominavam a palavra. A mortalidade infantil era alta, e as mulheres costumavam ter muitos
filhos, “na esperança de que dois ou três sobrevivessem” (Postman, 1999, p. 31).
(AZAMBUJA APUD POSTMAN, 2011, p. 24)

A alta taxa de mortalidade impedia os adultos de estabelecerem uma forte ligação com os
bebês. No final do século XIV, as crianças não eram mencionadas em legados ou
testamentos, talvez “um indicio de que os adultos não esperavam que elas vivessem muito
tempo” (Postman, 1999, p. 32). (AZAMBUJA APUD POSTMAN 2011, p. 24)

Patricia Calmon Rangel, ao discorrer sobre a história da violência sexual, completa que:

5
A violência intrafamiliar contra a criança vem ocupando grande espaço nas análises
contemporâneas sobre a violência, mas não por ser um fenômeno recente. Os maus tratos, os
abusos físicos e sexuais sempre estiveram presentes na esfera familiar, como demonstra a
história. No entanto, eram vistos como o exercício, pelos pais, de seus direitos sobre os filhos,
assegurados pelas leis, pelos costumes e pelos princípios religiosos. (RANGEL, 2011, p. 29)

De acordo com o artigo Abuso Sexual Infantil: Breve Histórico e Perspectivas na Defesa dos
Direitos Humanos de autoria de Vanessa Milani Labadessa - Mariangela Aloise Onofre
Revista Olhar Científico – Faculdades Associadas de Ariquemes – V. 01, n.1, Jan./Jul. 2010
p. 06:

A relação entre poder social e poder sobre o sexo pode ser retratada no exemplo de Azambuja
(2004), que descreve que os filhos e as mulheres do Império Romano eram subordinados à
figura masculina, ou seja, eram submissos primeiro aos pais e no caso das meninas
posteriormente ao marido. As mulheres e crianças eram consideradas sem personalidade
jurídica e não tinham direito a patrimônio algum. Isto ainda ocorre em diversos países
muçulmanos e africanos. (LABADESSA; ONOFRE, 2010).

Marcia Ferreira Amendola APUD Aríes (1981, p. 99):

Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o sentimento da infância não
existia – o que não quer dizer que as crianças fossem neglicenciadas, abandonadas ou
desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças:
corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia.
(AMENDOLA, 2009, p. 28)

Analisando os mais diversos autores, percebe-se a absoluta afirmação de que as mais diversas
modalidades de violência contra as crianças e adolescentes vem dos primórdios da
humanidade, deixando claro, inclusive, a vulnerabilidade desses indivíduos.

Sobre essa questão da vulnerabilidade, assevera Maria Regina Fay de Azambuja:

Quanto mais regressamos na história, maiores são as chances de nos depararmos com a falta
de proteção jurídica à criança, aumentando as probabilidades de que tivessem sido
abandonadas, assassinadas, espancadas, aterrorizadas e abusadas física e sexualmente.
Exemplos são colhidos ao longo da história, assinalando-se que, no Oriente Antigo, o Código

6
de Hamurabi (1728/1686 a.C.), em seu artigo 192, previa o corte da língua do filho que
ousasse dizer aos pais adotivos que eles não eram seus pais, assim como a extração dos olhos
do filho adotivo que aspirasse voltar à casa dos pais biológicos, afastando-se dos pais
adotantes (artigo 193). Punição severa era aplicada ao filho que batesse no pai. Em
contrapartida, se um homem livre tivesse relações sexuais com sua filha, a pena aplicada ao
pai limitava-se à sua expulsão da cidade (artigo 154). (AZAMBUJA, 2011, p. 63)

Segundo Patricia Calmon Rangel:

Um breve levantamento histórico demonstra como violência e infância estiveram e estão


muito mais próximas do que gostaríamos, não só com relação às crianças desamparadas mas
também dentro da família, e nos dá maiores esclarecimentos sobre a maior e menor
indiferença social à esse respeito. (RANGEL, 2011, p.30)

Ainda sobre o assunto Maria Regina Fay de Azambuja:

No que tange a violência sexual, na mitologia da Grécia e Rom, é possível verificar desde
rapto de mulheres por deuses, rapto de mulheres por deuses travestidos de animais, mulher
raptada que enlouquece por punição divina, entre outras situações (Charam, 1997, p.63). O
principal deus da mitologia Greco-romana, Zeus,” desenvolveu grande atividade sexual,
conjugal e extraconjugal, amando deusas, ninfas e terráqueos, mulheres e homens, com sua
própria aparência ou assumindo a de animais ou de coisas”. Zeus iniciou sua vida amorosa
com Hera, sua irmã; raptou Egina, filha do rei de Asopó; violou Deméter, transformando em
touro. (AZAMBUJA, 2011, p. 63)

Ao voltarmos os olhos para o direito romano observamos que este favorecia o direito
do pater famílias com relação ao destino de seus filhos, no rol dessas permissividades estão a
faculdade dada à eles de castigar, flagelar dentre outros.

Em conformidade do que foi feito na Itália no século XII, o Brasil, por não saber ao certo o
destino à ser dado as crianças abandonadas, optou por instituir o sistema da casa ou roda dos
expostos.

Conceito

A violência sexual é um tipo de violência em que envolve relações sexuais não consentias e
pode ser praticada tanto por conhecido ou familiar ou por um estranho.

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Segundo Maria Regina Fay, a violência sexual trata-se de:

A violência sexual vem definida como “todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou
homossexual entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade
estimular sexualmente esta criança ou adolescente ou utilizá-la para obter uma estimulação
sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa” (Kristensen et al., 1998, p. 33). É também
entendida como o envolvimento de crianças e adolescentes, dependentes e imaturos quanto
ao seu desenvolvimento, em atividades sexuais que não têm condições de compreender
plenamente e para quais são incapazes de dar o consentimento informado ou que violam as
regras sociais e os papéis familiares. Incluem a pedofilia, os abusos sexuais violentos e o
incesto, sendo que os estudos sobre a frequência da violência sexual são mais raros dos que
os que envolvem a violência física (Kempe; Kempe, 1996). (AZAMBUJA, 2011, p. 91)

Por sua vez, Leila Paiva afirma que:

O abuso sexual pode expressar-se de duas formas: intrafamiliar e extrafamiliar: a. O abuso


sexual intrafamiliar é assim considerado quando a agressão ocorre dentro da família, ou seja,
a vítima e o agressor possuem alguma relação de parentesco. Aqui é importante considerar o
contexto familiar ampliado, já que a diferença estabelecida sob o aspecto conceitual objetivou
apenas diferenciar as estratégias e metodologias de prevenção, proteção e responsabilização.
Assim, quando o agressor compõe a chamada família ampliada ou possui vínculos afetivos
familiares, o abuso deve ser caracterizada como intrafamiliar. b. O abuso sexual extrafamiliar
se dá quando não há vínculo de parentesco entre o agressor e a criança ou adolescente.
(PAIVA)

Todos os seres humanos, desde que não infrinjam a lei os bons costumes, são livres para
satisfazer seus desejos sexuais, porém, há de se considerar sempre o respeito aos limites e a
dignidade do individuo.

Nesse sentido, pode-se afirmar que configura um ilícito qualquer coação ilegal que tenha
como fim fazer com que um individuo pratique ou presencie jogo ou ato sexual em desacordo
com sua vontade, isto posto, desejos e vontades sexuais devem ser satisfeitos apenas quando
existe concessão mútua entre as partes, não sendo válida tal satisfação mediante o desrespeito
aos direitos do outro.

Ofender a dignidade sexual da pessoa humana consiste na prática da violência sexual,


independente da sua modalidade, e tal violência se traduz em todo e qualquer ato ou jogo
8
sexual, que envolva o adulto no polo ativo e a criança ou adolescente no polo passivo, tendo
como fim a realização dos desejos sexuais do adulto, que se utiliza para tanto da estimulação
sexual da criança ou adolescente. (HUH APUD AZEVEDO & GUERRA, 1989; WATSON,
1994; MELLO, 2008; MILLER, 2008); SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA,
2001)

A opressão imposta pelo abusador pode-se dar com a imposição da força bruta ou de ameaças
que objetivem alcançar seu intento.

Assim sendo, violência sexual se caracteriza como sendo a ação onde, em quase todos os
casos, o ofensor emprega o uso da força física ou a coação psicológica, com o intento de
obrigar ou persuadir outra pessoa, seja ela adulto ou criança, à prática de fato ou a
participação como expectador de atos libidinosos.

Ainda sobre o tema Maria Regina Fay de Azambuja afirma que:

No que tange a violência sexual, os autores divergem na denominação: para alguns é


violência sexual. Na literatura não há homogeneidade também quanto às expressões da
violência sexual, doméstica ou intrafamiliar. A expressão violência doméstica é utilizada, por
alguns autores, para os casos em que o agressor é da pessoa das relações da criança,
envolvendo amigos, vizinhos e pessoas de suas relações. No presente trabalho, seguimos o
entendimento dos autores que definem a violência sexual intrafamiliar como aquela praticada
por agressor que faz parte do grupo familiar da vítima, considerando-se não apenas a familia
consanguínea, como também as famílias adotivas e socioafetivas, onde se incluem os
companheiros da mãe e do pai, ou, ainda, pessoas de confiança da criança. A violência sexual
intrafamiliar nada mais é do que o rompimento do tabu do incesto. A violência sexual
incestuosa envolve relações sexuais entre pai e filha ou algum homem que “simbolicamente
ocupa para a menina/mulher o lugar de pai, ainda que seja vivo, presente ou não em sua vida”
(Cromberg, 2004, p. 62). Ocorre, com frequência, dentro da familia, em algumas vezes, na
própria casa da criança, podendo se estender por longos períodos, envolver padrastos,
madrastas, meio-irmãos, avós por afinidade, namorados ou companheiros que morem junto
com o pai ou a mãe e que exerçam o papel de cuidador. (AZAMBUJA, 2011, p. 90)

2.1.1. ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇA E O ADOLESCENTE

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Configura-se abuso sexual contra criança ou adolescente quando um indivíduo, aproveitando-
se da fragilidade inerente à idade de uma criança ou adolescente, pratica atos com este com o
intuito de satisfazer seus anseios sexuais.

No texto de ABRAPIA, intitulado de Abuso sexual contra crianças e adolescentes, mitos e


realidades afirma-se que:

O abuso sexual é uma situação em que uma criança ou adolescente é usado para gratificação
sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, baseado em uma relação de
poder que pode incluir desde caricias, manipulação da genitália, mama ou ânus, exploração
sexual, “voyerismo”, pornografia e exibicionismo, até o ato sexual com ou sem violência
física. A etiologia e os fatores determinantes do abuso sexual contra a criança e o adolescente
têm implicações diversas. Envolvem questões culturais (como é o caso do incesto) e de
relacionamento (dependência social e afetiva entre os membros da família), o que dificulta a
notificação e perpetua o “muro do silêncio”. Envolvem questões de sexualidade, seja da
criança, do adolescente ou dos pais, e da complexa dinâmica familiar. (ABRAPIA, 2002)

Ainda sobre o assunto, Maria Regina Fay de Azambuja afirma que:

Para a organização mundial de saúde (OMS), o abuso sexual infantil, “definido como
qualquer atividade sexual (incluindo intercurso vagina/anal, contato gênito-oral, contato
gênito-genital, carícias em partes íntimas, masturbação, exposição à pornografias ou a adultos
mantendo relações sexuais), envolvendo uma criança incapaz de dar seu consentimento”
(Salvagni; Wagner, 2006, p. ), é considerado um dos maiores problemas de saúde pública no
mundo (Johnson, 2004, p. 121-132) podendo ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive com
os bebês (Ferreira, 1999), o que justifica o envolvimento cada vez maior de toda a sociedade
e do poder público na busca de diagnóstico precoce e de políticas públicas capazes de
estancar seus elevados índices. (AZAMBUJA, 2011, p. 91)

De acordo com Kaplan e Sadock (1990), os maus-tratos na infância representam uma doença
médico-social que está assumindo proporções epidêmicas na população mundial. O abuso
sexual de crianças e adolescentes é um dos tipos de maus-tratos mais frequentes,
apresentando implicações médicas, legais e psicossociais que devem ser cuidadosamente
estudadas e entendidas pelos profissionais que lidam com esta questão.

John Bowlby, psicólogo inglês, é um dos principais defensores da visão de que o abuso
infantil é um problema privado. Ele acreditava que o abuso infantil é um resultado de
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problemas de relacionamento dentro da família e que não deve ser tratado como um problema
social.

David S. Freeman, psicólogo americano, também defende essa visão. Ele acredita que o
governo deve interferir nas relações familiares apenas em casos extremos. Essas pessoas
argumentam que o governo não deve interferir nas relações familiares e que os pais têm o
direito de disciplinar seus filhos da forma que acharem melhor.

Já o autor Murray Straus, sociólogo americano, é um dos principais defensores da visão de


que o abuso infantil é um problema social. Ele acredita que o abuso infantil é um problema
social que precisa ser abordado de forma abrangente, incluindo medidas de prevenção, apoio
às vítimas e punição aos agressores.

Charles L. Whitfield, psiquiatra americano, também defende essa visão. Ele acredita que o
abuso infantil é um problema de saúde pública que precisa ser tratado com urgência.

No caso específico do município sede da província do Huambo o abuso infantil é um


problema grave que precisa ser abordado de forma abrangente. O governo tem um papel
importante a desempenhar na prevenção, apoio e punição do abuso infantil. Acredito que é
importante investir em programas de educação e conscientização sobre o abuso infantil.
Também é importante fortalecer os programas de apoio às vítimas, incluindo serviços de
saúde mental, assistência social e abrigos. Além disso, é importante punir os agressores de
forma eficaz, para desencorajar o abuso infantil.

O abuso infantil é uma forma de violência que ocorre contra crianças e adolescentes, e que
pode ter consequências graves para o seu desenvolvimento físico, mental e emocional. O
abuso infantil pode ocorrer em diferentes contextos, incluindo o seio familiar.

No seio familiar, o abuso infantil pode ser cometido por qualquer membro da família,
incluindo pais, padrastos, mães, avós, irmãos e outros parentes. Os tipos mais comuns de
abuso infantil no seio familiar são:

Abuso físico: O abuso físico é o uso da força física para machucar uma criança. Pode incluir
bater, sacudir, queimar, atirar objetos, ou qualquer outra forma de causar dor ou sofrimento
físico.

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Abuso sexual: O abuso sexual é qualquer tipo de atividade sexual com uma criança, sem o
seu consentimento. Pode incluir penetração, sexo oral, sexo anal, ou qualquer outra forma de
exploração sexual.

Abuso emocional: O abuso emocional é o uso de palavras ou ações para machucar uma
criança emocionalmente. Pode incluir ameaças, insultos, humilhação, ou qualquer outra
forma de causar dor ou sofrimento emocional.

O abuso infantil no seio familiar pode ocorrer por diferentes motivos, incluindo:

Problemas de saúde mental: Os pais ou cuidadores que sofrem de problemas de saúde


mental, como transtornos de personalidade, transtornos de humor ou transtornos de abuso de
substâncias, são mais propensos a abusar de seus filhos.

Falta de habilidades de parentalidade: Os pais ou cuidadores que não têm as habilidades


necessárias para criar filhos de forma saudável são mais propensos a abusar de seus filhos.

Cultura de violência: As sociedades em que a violência é tolerada ou até mesmo encorajada


são mais propensas ao abuso infantil.

Diversos estudos demonstram que as consequências do abuso sexual infanto-juvenil estão


presentes em todos os aspectos da condição humana, deixando marcas – físicas, psíquicas,
sociais, sexuais, entre outras – que poderão comprometer seriamente a vida da vítima (criança
ou adolescente) que passou por determinada violência (ABRAPIA, 1997; CUNHA; SILVA;
GIOVANETTI, 2008; FURNISS, 1993; GABEL, 1997; KAPLAN; SADOCK,
1990; PRADO, 2004; ROMARO; CAPITÃO, 2007; SILVA, 2000).

Pode-se afirmar que o abuso sexual e suas consequências sobre a saúde da vítima “são
primeiramente uma violação dos direitos humanos, não escolhendo cor, raça, credo, etnia,
sexo e idade para acontecer” (CUNHA; SILVA; GIOVANETTI, 2008, p. 245).

Os sintomas atingem todas as esferas de atividades, podendo ser simbolicamente a


concretização, ao nível do corpo e do comportamento, daquilo que a criança ou o adolescente
sofreu. Ao passar por uma experiência de violação de seu próprio corpo, elas reagem de
forma somática independentemente de sua idade, uma vez que sensações novas foram
despertadas e não puderam ser integradas (PRADO, 2004 p. 64).

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Compreender e avaliar a extensão das consequências do abuso sexual infanto-juvenil não é
um trabalho fácil, pois existe uma enorme carência de estudos longitudinais que se
proponham a acompanhar as vítimas por um longo prazo. Isso se dá em função da ausência
de grupos de controle1 apropriados; por isso, o pouco conhecimento (existente na literatura)
que se tem sobre as consequências deste tipo de violência, foi construído a partir do relato de
algumas pessoas isoladas que procuraram ajuda e a partir dos profissionais e estudiosos que
interviram junto aos mesmos.

Contudo, a maioria dos pesquisadores concorda que o abuso sexual infantil é facilitador para
o aparecimento de psicopatologias graves, prejudicando a evolução psicológica, afetiva e
social da vítima. Os efeitos do abuso na infância podem se manifestar de várias maneiras, em
qualquer idade da vida (ROMARO; CAPITÃO, 2007, p. 151).

Ao debater as consequências do abuso sexual infanto-juvenil, é necessário considerar


algumas particularidades que envolvem a violência praticada, tais como: grau de penetração;
acompanhamento de insultos ou violência psicológica; uso de força ou violência física, entre
outras brutalidades que, obviamente, são variações que comprometem as conclusões sobre as
consequências do abuso sexual.

Furniss (1993) afirma que as consequências ou o grau de severidade dos efeitos do abuso
sexual variam de acordo com algumas condições ou predeterminações de cada indivíduo,
dentre eles: a idade da criança 2 quando houve o início da violência; a duração e quantidade de
vezes em que ocorreu o abuso;3 o grau de violência utilizado no momento da situação; a
diferença de idade entre a pessoa que cometeu e a que sofreu o abuso; se existe algum tipo de
vínculo4 entre o abusador e a vítima; o acompanhamento de ameaças (violência psicológica)
caso o abuso seja revelado.

1
Acreditamos que isto ocorre, uma vez que quem sofreu abuso sexual deseja esquecer do acontecimento, não
quer ficar revivendo ou sendo acompanhado como parte de um “grupo de controle” que pretende avaliar se as
pessoas estão tendo reações tardias de uma experiência traumática como a do abuso sexual.
2
Embora se saiba que a idade da criança é um fator que interfere no tipo de comprometimento que a criança
pode desenvolver, não se sabe em qual idade há maior ou menos prejuízo.
3
Algumas evidências apontam que maior período houver o abuso, maior será a produção de consequências
negativas.
4
Caso exista vínculo entre o abusador e a vítima, outro fator que compromete as consequências é a qualidade
desta relação existente.
13
Day et al. (2003) citam algumas possíveis manifestações psicológicas decorrentes da
violência doméstica5 que ocorrem a curto e longo prazo. Em seu estudo, as potenciais
manifestações em curto prazo são: medo do agressor e de pessoas do sexo do agressor;
queixas sintomáticas; sintomas psicóticos; isolamento social e sentimentos de estigmatização;
quadros fóbico-ansiosos, obsessivo-compulsivo, depressão; distúrbios do sono, aprendizagem
e alimentação; sentimentos de rejeição, confusão, humilhação, vergonha e medo;
secularização excessiva, como atividades masturbatórias compulsivas. Já os danos tardios
podem se manifestar através de ocorrência e incidência de transtornos psiquiátricos como
dissociação afetiva, pensamentos invasivos, ideação suicida e fobias mais agudas; níveis mais
intensos de medo, ansiedade, depressão, raiva, culpa, isolamento e hostilidade; sensação
crônica de perigo e confusão, cognição distorcida, imagens distorcidas do mundo e
dificuldade de perceber a realidade; pensamento ilógico; redução na compreensão de papéis
mais complexos e dificuldade para resolver problemas interpessoais; abuso de álcool e outras
drogas; disfunções sexuais; disfunções menstruais e homossexualismo/lesbianismo.

Ao discorrer sobre as consequências do abuso sexual praticado contra crianças e


adolescentes, é essencial pensar o quanto é monstruosa a deturpação da condição física,
biológica ou orgânica,6 pois o abuso sexual compreende uma violação do corpo da vítima
que, muitas vezes, sai com ferimentos na própria pele. 7 Desta forma, é possível apontar como
consequências orgânicas: lesões físicas gerais; lesões genitais; lesões anais; gestação, doenças
sexualmente transmissíveis; disfunções sexuais; hematomas; contusões e fraturas.
Usualmente, a vítima sofre com ferimentos advindos de tentativas de enforcamento; lesões
genitais que não se dão somente pela penetração e sim por meio da introdução de dedos e
objetos no interior da vagina das vítimas; lesões que deixam manifesto o sadismo do
agressor, como queimaduras por cigarro, por exemplo; lacerações dolorosas e sangramento
genital; irritação da mucosa da vagina; diversas lesões anais, tais como a laceração da mucosa
anal, sangramentos e perda do controle esfincteriano em situações onde ocorre aumento da
pressão abdominal.

5
Como não existem muitos estudos específicos das consequências do abuso sexual, buscamos referências na
literatura de violência doméstica, entendendo que o abuso sexual é uma especificidade de tal violência, portanto,
ao se referir sobre violência doméstica, os autores também estão se referindo ao abuso sexual.
6
Embora as consequências biológicas do abuso sexual possam parecer distante do debate da psicologia, elas
necessitam ser mencionadas, uma vez que a presença de lesões no corpo é um componente que certamente
interfere no modo de vivenciar a experiência e agrava os comprometimentos subjetivos.
7
Pele no sentido de corpo, objeto, matéria viva e orgânica e não somente a pele no sentido de tecido corporal.
14
Gabel (1997 p. 67) descreve diversas queixas somáticas que são habituais após a ocorrência
de abusos sexuais em crianças e adolescentes, as quais se manifestam na forma de mal-estar
difuso; impressão de alterações físicas; persistência das sensações que lhe foram impingidas;
enurese e encoprese; dores abdominais agudas; crises de falta de ar e desmaios; problemas
relacionados à alimentação como náuseas, vômitos, anorexia ou bulimia; interrupção da
menstruação mesmo quando não houve penetração vaginal.

No campo da neurologia, existem pesquisas e estudos sustentando hipóteses de que situações


de violência e abuso sexual podem acarretar em danos temporários ou permanentes na
estrutura do cérebro, como mostra a citação a seguir:

Procurando observar o efeito sobre o sistema límbico de pessoas que haviam sofrido abuso na
infância, utilizou a técnica da coerência em eletroencefalograma, um sofisticado método de
análise quantitativa que fornece evidências sobre a microestrutura do cérebro. Comparou 15
voluntários saudáveis com 15 pacientes psiquiátricos, crianças e adolescentes, que tinham
histórico confirmado de intenso abuso físico ou sexual. Medidas de coerência mostraram que
os córtex esquerdos dos jovens do grupo controle eram mais desenvolvidos que os direitos. Já
os pacientes que haviam sofrido maus-tratos possuíam o córtex direito claramente mais
desenvolvido, embora todos fossem destros e, portanto, tinham o córtex esquerdo dominante.
A hipótese resultante foi a de que as crianças maltratadas teriam armazenado suas memórias
perturbadoras no hemisfério direito e a ativação de tais memórias poderia ativá-lo
preferencialmente (TEICHER, 2002 apud ROMARO; CAPITÃO, 2007 p. 143). Apesar da
discussão apresentada a partir dos aspectos psiquiátricos, biológicos e neurológicos,
considera-se que “a questão do trauma psíquico, evidentemente, está no cerne da situação do
abuso sexual” (GABEL, 1997, p. 206).
Neste sentido, retoma-se a discussão para o campo subjetivo, debatendo uma questão que,
imediatamente, praticamente todas as vítimas de abuso sexual passam após a situação abusiva
– estresse pós-traumático ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático, como costuma ser
nomeado por alguns autores. O transtorno de estresse pós-traumático – TEPT 8 - está ligado a
experiências incomuns da existência humana que causam um impacto emocionalmente
severo no indivíduo, deixando consequências que afetam a saúde física e mental.

8
Prado (2004, p. 148) caracteriza o Transtorno de Estresse Pós-Traumático como uma entidade nosológica
desenvolvida após um evento traumático, tratando-se de um transtorno de ansiedade que surge como uma
resposta imediata ou tardia a um evento estressante de natureza excepcionalmente ameaçadora, como o abuso
sexual, por exemplo.
15
Silva (2000) fez uma revisão da literatura sobre os efeitos da desordem do estresse pós-
traumático e apontou seis elementos comuns a pessoas que experimentaram o TEPT:
reexperimentação de memórias intrusivas e persistentes ligadas ao trauma; exposições
compulsivas a situações que lembram o trauma; impedimento incessante à exposição de
situações específicas, usualmente ligadas à emoção do trauma experimentado e um
entorpecimento às reações emocionais, de modo geral; diminuição da capacidade de usar
linguagem falada, substituindo esta por gestos como guia para a ação; distúrbios ligados à
desatenção, tais como desconcentração, discriminação de estímulo, alterações no mecanismo
da defesa psicológica e na identidade pessoal; e, por último, alterações na identidade pessoal.

De acordo com Flores e Caminha (1994), as principais manifestações do TEPT são divididas
em três grupos: reexperimentação dos fenômenos – lembranças intrusas, sonhos traumáticos,
comportamento de reconstituição, angústia nas lembranças traumáticas; evitação psicológica
– fuga de sentimentos, pensamentos, locais e situações, interesse reduzido em atividades
habituais, sentimento de estar sozinho, âmbito emocional restrito, transtorno de memória,
perda de habilidades já adquiridas, alteração na orientação com respeito ao futuro; e estado de
excitação aumentada – transtorno do sono, irritabilidade, raiva, dificuldade de concentração,
hipervigilância, resposta exagerada de sobressalto e resposta autônoma a lembranças
traumáticas.

Os sintomas construídos durante uma experiência traumática afetam não somente os


pensamentos do indivíduo, mas a sua memória, o estado de consciência e todo o campo de
ação, de iniciativa e de objetividade na vida. Muitas vítimas criam uma área de proteção em
volta de si que as impede de continuar com a vida normal. Uma vítima de violência física,
seja ela estupro ou pancadas, evita sair de casa, tem medo de andar sozinha, rejeita sexo ou
qualquer contato físico (SILVA, 2000, p. 32).

Silva (2000) afirma que o modo como a pessoa reage diante de uma situação traumática
depende da capacidade que ela possui em regular os efeitos advindos da situação. Se o
indivíduo é capaz de regular os efeitos, é capaz de continuar com certo controle sobre a vida,
mesmo depois do trauma. Para o autor, existem pessoas que acreditam que o ser humano é
capaz de controlar o trauma (até certo ponto); todavia, este pensamento de um controle total
sobre a vida é uma posição decididamente otimista, mas não muito realista.

Outra situação que compromete a vida das crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual é
o segredo. O segredo carrega uma proibição de verbalizar os fatos que é explícita em certos
16
casos, mas pode ser ligada ao modo de comunicação não-verbal, predominantemente quando
o abuso e abusador estão no meio familiar. Esta vítima busca manter o segredo das situações
vividas, seja por temor de sofrer sanções e castigos por ambos os genitores, seja por sentir
sobre seus ombros a responsabilidade de manter o equilíbrio e integridade da família.

Com relação à vítima, pode-se afirmar que o silenciamento diante de uma situação que lhe
viola, oprime, envergonha e, muitas vezes, desumaniza, constitui uma reação natural à
situação vivenciada, posto tratar-se de um “cidadão em condições especiais de
desenvolvimento”, submetido a uma relação assimétrica de poder (física e/ou psicológica)
que, muitas vezes, se estende para além do controle e domínio da vítima propriamente dita
(CUNHA; SILVA; GIOVANETTI, 2008, p. 283).

Prado (2004) ratifica a afirmação de que o segredo permanece causando diversos


comprometimentos psicológicos, alimentados por uma angústia dupla: não contar por temer o
agressor e não contar por temer não ser acreditada pela genitora ou pelo restante da família.
Em seu silêncio, é possível perceber que, ao mesmo tempo em que a vítima não denuncia o
agressor, ela também paralisa, não se protegendo por outros meios como se faltassem
recursos mediadores para isso. Dependendo da idade da vítima, muitas vezes o recurso
mediador passa pela ordem simbólica, podendo ser aquilo que ela é capaz de mostrar ou dizer
com suas palavras ou comportamentos.

Observa-se que o pacto de silêncio que se estabelece nos casos de abuso sexual contra
crianças é um entrave para que este seja impedido e os agressores punidos. A falta de punição
e a recorrência do ato sexual violento podem, muitas vezes, levar a criança à morte ou deixar
graves seqüelas físicas e psíquicas (ROMARO; CAPITÃO, 2007, p. 171).

Gabel (1997) afirma que quando uma criança tem oportunidade de revelar este segredo,
recebendo crédito e ajuda de profissionais, por exemplo, as manifestações mais notórias
desaparecem. Isso faz com que a criança ou o adolescente reencontre o interesse por si, pelos
outros e pela brincadeira, ainda que a angústia possa se desdobrar em outras formas de
neurose, incluindo diversas fobias: medo do escuro, da solidão; agorafobia; afastamento da
família, dos amigos, das pessoas do mesmo sexo.

A reflexão estabelecida até o presente momento parece denunciar a gravidade do fenômeno,


uma vez que as conseqüências deste para a vitima podem ser traumáticas. O abuso sexual,
sendo ele de caráter incestuoso ou não, deixa a criança numa sensação de total desamparo. O

17
adulto que deveria ser sinônimo de proteção se torna fonte de perturbação e ameaça. Ela não
tem com quem contar, não pode comentar o fato e ainda é mobilizada, pela complexidade da
relação, a sentir-se culpada. O silêncio, portanto, pode estar associado ao sentimento de
culpa, às ameaças feitas, ao vínculo estabelecido na relação, principalmente por parte da
criança (ROMARO; CAPITÃO, 2007, p. 180).

É possível afirmar que a criança ou adolescente facilmente encontrará razões para se sentir
culpada diante de uma situação de abuso sexual. Por isso, é essencial ouvir a criança e
permitir que se expresse ao nível de sua culpa, pois o que ela pode dizer e sentir no plano
consciente, e também no inconsciente, talvez seja muito diferente de nossas projeções e de
nossa lógica enquanto adultos.

Sentimentos de culpa são corriqueiros entre crianças e adolescentes sexualmente abusadas,


sendo a culpa um dos efeitos emocionais mais severos que resultam da interação abusiva,
especialmente se esta foi incestuosa e durou por muito tempo. Quanto ao sentimento de
culpa, soma-se o dano secundário da estigmatização, devido à acusação por parte dos pais e
da família (FURNISS, 1993).

A violência sexual contra crianças e adolescentes segundo Vaz (2001), ocorre, muitas vezes,
no seio familiar ou em locais próximos, como vizinhança ou casa de parentes. A violência na
maior parte dos casos não é denunciada e há a omissão de parentes ou conhecidos quanto ao
crime cometido. Tal violência deixa “feridas afetivas” na criança que não são cicatrizadas,
uma vez que o ato é praticado por alguém que a criança confia (ROMARO; CAPITÃO, 2007,
p. 157).

Como dito anteriormente, as consequências do abuso sexual variam de acordo com o elo que
une a criança e aquele que abusou dela. Na maior parte dos casos, o incesto tem
consequências mais severas e duradouras. Isso porque provoca uma confusão em relação às
imagens parentais: o pai deixa de desempenhar um papel protetor e representante da lei,
associado à debilidade e omissão da mãe diante do ato (GABEL, 1997).

Nos casos de abuso sexual intrafamiliar, a família, que deveria representar um local seguro
para os seus membros, torna-se um espaço de insegurança, medo, desconfiança, conflitos e de
incertezas entre o que é certo e errado. Percebe-se que há uma inversão de papéis, nos quais a
criança ou adolescente é colocada no lugar de parceiro pseudo-igual no relacionamento
sexual e os papéis familiares passam a ser vivenciados de forma confusa, descaracterizando a

18
família como o lugar de crescimento, confiança e apoio – o que acarretará enormes prejuízos
ao desenvolvimento da criança ou adolescente (FURNISS, 1993; GABEL, 1997; ROMARO;
CAPITÃO, 2007).

Quanto ao comportamento social das vítimas, sabe-se que o abuso sexual compromete as
crianças e adolescentes de maneira estrondosa, destruindo o modo de se relacionar e confiar
em outras pessoas. Flores e Caminha (1994) apresentam um estudo no qual os resultados
mostram que as crianças e adolescentes abusadas possuem menor comportamento pró-social:
compartilham menos, ajudam menos e se associam menos a outras crianças, quando
comparadas com crianças não abusadas; retraimento; relacionamentos superficiais.

As diversas formas de violência ou abuso afetam a saúde mental da criança ou do


adolescente, visto este se encontrar em um processo de desenvolvimento psíquico e físico,
produzindo efeitos danosos em seu desempenho escolar, em sua adaptação social, em seu
desenvolvimento orgânico. Vários estudos relacionam a violência doméstica com o
desenvolvimento de transtornos de personalidade, transtorno de ansiedade, transtornos de
humor, comportamentos agressivos, dificuldades na esfera sexual, doenças psicossomáticas,
transtorno de pânico, entre outros prejuízos, além de abalar a auto-estima, por meio da
identificação com o agressor, um comportamento agressivo (ROMARO; CAPITÃO, 2007, p.
121).

O comportamento sexual inadequado pode ser considerado como outro sintoma muito
característico de crianças sexualmente abusadas. O comportamento sexual inapropriado é
caracterizado por brinquedo ou brincadeiras de cunho sexual com bonecas; introduzir objetos
ou dedos no ânus ou na vagina; masturbação excessiva; comportamento sedutor;
conhecimento sexual inapropriado para a idade e pedido de estimulação sexual para adultos
ou outras crianças. Um exemplo deste tipo de situação está exemplificado no seguinte relato:

Paulo, de cinco anos, foi rapidamente confiado a uma família adotiva, com apoio do Estado,
depois que foi sodomizado por seu padrasto; a mãe adotiva não quis mais acolhê-lo depois
de tê-lo surpreendido com seu filho de três anos, reproduzindo com um objeto o que ele
havia sofrido. Descobrimos, às vezes, reações em cadeia: Cécile, de seis anos, foi
denunciado por um vizinho, de dez anos, ao qual ele pediu que se despisse. Nesse momento,
tomou-se conhecimento de que tinha sido obrigada a praticar uma relação em um
adolescente de catorze anos, ele próprio vítima de um professor. Enfermeiros e professoras
de cursos maternais descrevem o mal-estar por que passam diante de crianças que procuram
19
contato erótico e lhes pedem carícias genitais. Essas provocações, muito freqüentes depois
de um abuso sexual, farão com que as pessoas achem que a criança é perversa e que mente
quando denuncia aquilo que lhe aconteceu (GABEL, 1997, p. 69).

Entre adolescentes, é possível detectar a agressão sexual sobre outras crianças, especialmente
no caso de meninos que sofreram agressões sexuais na pré-puberdade. Já entre as meninas, é
comum observar uma tendência à repetição do que sofreram, através de comportamentos que
se manifestam em atitudes de sedução. Nos casos mais extremos, é possível verificar a
ocorrência de situações consideradas perversas, nas quais, de certa forma, algumas vítimas de
abuso sexual podem pender para a ninfomania e até mesmo prostituição (GABEL, 1997).

Romaro e Capitão (2007) fazem referência a outros tipos de transtornos que podem ser
causados pelo abuso sofrido na infância ou adolescência. Trata-se das disfunções sexuais
como a falta ou perda do desejo sexual que inclui a frigidez, aversão sexual e falta de prazer
sexual, falha de resposta genital incluindo a impotência sexual, a disfunção orgástica (que é o
orgasmo inibido), a ejaculação precoce (incapacidade de controlar a ejaculação o suficiente
para ambos os parceiros gozarem a interação sexual), o vaginismo não orgânico (espasmo do
músculo que circunda a vagina, causando oclusão da abertura vaginal), a dispaurenia não
orgânica (dor durante o intercurso sexual) e a ninfomania (impulso sexual excessivo).

Não obstante, os resultados de uma pesquisa internacional revelam que as consequências do


abuso sexual podem se manifestar em curto prazo (infância) e a longo prazo (adolescência e
idade adulta), sendo os principais sintomas ou sinais perceptíveis através de manifestações de
alta atividade sexual; confusão e ansiedade a respeito da identidade sexual para aqueles que
sofreram abuso homossexual, especialmente vítimas do sexo masculino; dificuldades no
ajustamento sexual adulto (dificuldades conjugais, impotência, ansiedade sexual, menor
satisfação sexual, evitação de sexo ou desejo compulsivo por sexo); e confusão quanto aos
valores sexuais (ROMARO; CAPITÃO, 2007).

Dalgalarrondo (2000) indica que alguns estudos apresentam resultados que confirmam existir
uma forte relação entre ter sofrido abuso na infância e transtornos de conduta na adolescência
e na vida adulta. Alguns transtornos são classificados como transtorno de identidade de
gênero. Há também os transtornos de preferência sexual, que incluem as parafilias como
fetichismo (dependência de alguns objetos inanimados com estímulo para a excitação e
satisfação sexual); voyerismo (excitação sexual em olhar pessoas envolvidas em
comportamentos sexuais ou íntimos); sadomasoquismo (preferência por atividade sexual que
20
envolve servidão ou a influição de dor ou humilhação); pedofilia (preferência sexual por
crianças púberes); e outras, conforme descritas na Classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento – CID – 10 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993).

Assim sendo, ou conforme apontado por meio da sistematização dos estudos de diversos
autores, as consequências do abuso sexual são extensas e diversas para as vítimas. Diferentes
autores abordam a temática sob os mais singulares pontos de vista. Médicos, psiquiatras,
psicólogos, sociólogos e outras categorias profissionais já tentaram, e continuam tentando,
delinear quais são as consequências decorrentes de uma situação de abuso sexual infanto-
juvenil, para que, assim, se construam propostas de intervenções mais específicas no sentido
de minimizar os danos dessa violência.

Dada à brutalidade em que ocorre o abuso sexual, muitas vezes associado a outros tipos de
violência, tais como a violência física e a violência psicológica, justaposto ao fato de que a
criança não está preparada – do ponto de vista emocional e físico – para o ato sexual, por se
constituir como sujeito em condição peculiar de desenvolvimento, é quase que certo que ela
desenvolva diversos tipos ou manifestações das consequências anteriormente citadas.

Em suma: não é possível generalizar ou delimitar perfeitamente os efeitos do abuso sexual,


uma vez que a gravidade e a extensão das consequências dependem de particularidades da
experiência de cada vítima. Dentro desta perspectiva, é importante pensar o assunto sob a
ótica da singularidade de cada indivíduo – criança ou adolescente – para não cair em num
reducionismo ou generalismo da questão. Cada criança ou adolescente que sofre abuso sexual
é uma potencial vítima de uma ou mais consequências descritas anteriormente. Por isso, é
importante que o psicólogo que venha a deparar-se com tais casos – em alguma política
pública ou em consultórios particulares – tenha a sensibilidade necessária e esteja capacitado
para enfrentar essa situação extremamente complexa e desafiadora.

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