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UNIVERSIDADE LUEJI A'NKONDE – ULAN

◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊


Instituto Politécnica da Lunda Sul
Departamento de Administração e Gestão

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Título: Gestão dos resíduos sólidos no casco urbano de Saurimo por


fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação

Autor: João de Sousa Quinzol

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Saurimo, Fevereiro de 2022


UNIVERSIDADE LUEJI A'NKONDE – ULAN
◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊
Instituto Politécnica da Lunda Sul
Departamento de Administração e Gestão

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Título: Gestão dos resíduos sólidos no casco urbano de Saurimo por


fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação

Monografia apresentada no Departamento de Administração para obtenção do Titulo de Licenciado


em Administração e Gestão

Autor: João de Sousa Quinzol

Orientador: MsC Catomba Muiamba

Monografia Nº _____________

==================================================

Saurimo, Fevereiro de 2022


ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERAL ......................................................................................................... i
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................. iii
DEDICATÓRIA ....................................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS............................................................................................... v
RESUMO ................................................................................................................ vi
ABSTRACT ........................................................................................................... vii
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8
Situação Problemática ............................................................................................. 9
O problema de pesquisa ........................................................................................ 10
Objecto de Estudo.................................................................................................. 10
Campo de Acção.................................................................................................... 10
Objectivo geral ....................................................................................................... 10
Objectivos específicos ........................................................................................... 11
Justificativa ............................................................................................................ 11
Metodologia ........................................................................................................... 12
Dos métodos teóricos: ........................................................................................... 12
Dos métodos empíricos: ........................................................................................ 12
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 14
1.1. Compreensão do conceito gestão dos resíduos sólidos ................................. 14
1.1.1 Resíduos Sólidos .......................................................................................... 16
1.2 Novos paradigmas de utilização dos resíduos sólidos ..................................... 20
1.2.1 Fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação .......................... 20
1.2.2. Perspectivas Metodológicas de Gestão dos Resíduos Sólidos.................... 25
1.3 O Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos em Angola................................. 31
1.3.1 Visão de Alguns Teóricos Angolanos Acerca dos Resíduos Sólidos ............ 34
1.3.2 Intensificação dos Gases de Efeito Estufa, o Grande Problema dos Resíduos
Sólidos no Planeta ................................................................................................. 34
1.3.3 O Paradigma ou Abordagem Tradicional na Gestão dos Resíduos Sólidos . 36
1.3.4 Novo Paradigma ou Abordagem na Gestão dos Resíduos Sólidos .............. 39
CAPITULO II – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS DADOS .................................... 45
2.1. As percepções, vivências, entendimento dos inqueridos ................................ 46
2.1.1. Categoria temática1: Abrangência na Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos
na Cidade de Saurimo ........................................................................................... 46
2.1.2 Categoria temática2: educação para gestão e melhoria de comportamento
ante resíduo sólido ................................................................................................. 51
2.2. Propostas de soluções para melhoria na Gestão de Resíduos Sólidos pelos
munícipes de Saurimo ........................................................................................... 53
2.2.1 Educação para Economia Circular ................................................................ 53
2.2.2 Reforma do sistema de recolha .................................................................... 55
CONCLUSÕES ............................................................................................................. 58
Recomendações .................................................................................................... 60

i
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................. 61
ANEXO I ........................................................................................................................ 64
Questionário feito aos Munícipes de Saurimo ........................................................ 64

ii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Exemplo de Sistema de recolha selectiva dos resíduos sólidos ................. 18
Figura 2 Modelo de Economia Circular ..................................................................... 22
Figura 3 Exemplo de Recipientes de Recolha Selectiva de Resíduos Sólidos ......... 26
Figura 4 Demonstraão dum Aterro Sanitário Modelo ................................................ 29
Figura 5 Mapeamento do Tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos na
Europa ....................................................................................................................... 31
Figura 6 Projecções de aumento de produção de resíduos sólidos urbanos em
Angola ....................................................................................................................... 32
Figura 7 Processo de gerenciamento dos resíduos sólidos segundo Veiga ............. 37
Figura 8 Entendimento dos municípes do Bairro 11 de Novembro sobre os resíduos
sólidos ....................................................................................................................... 47
Figura 9 Acepão dos Municípes do Bairro Sassamba sobre os resíduos sólidos ..... 47
Figura 10 Percepção dos munícipes do Bairro Candembe acerca dos resíduos
sólidos ....................................................................................................................... 48

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, a minha esposa Lourença Quinzol e aos
meus filhos Josuel e Jasmine Quinzol.

iv
AGRADECIMENTOS

Antes de mais nada, agradeço a Deus Todo-Poderoso, por me ter criado e me


ter dado as minhas faculdades mentais e intelectuais, a minha esposa que sempre
esteve ao meu lado me apoiando, ao meus filhos que me deram força de querer ser
e ter, ao meu pai (em memoria), a minha mãe, ao meu tutor, aos meus familiares e
amigos, aos meus professores, a Universidade Lueji A´Nkonde e ao Governo da
Província da Lunda Sul por terem promovido este curso e a todos aqueles que de
forma directa ou indirecta contribuíram para esta realização.

v
RESUMO

Este estudo busca propor a gestão dos residuos sólidos no casco urbano de
Saurimo por fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, pretensão
que surgiu na constatação da preocupação em se desfazerem dos matérias
produzidos, o vulgo lixo, por serem inflamáveis, explosivos, corrosivos, tóxicos,
infecciosos ou radioactivos, ou por apresentarem quaisquer características que
constituam perigo para vida ou saúde das pessoas e para o meio ambiente;
outrossim pela constatação de que estas matérias produzidos são depositados em
espaços abertos e sem qualquer processo de tratamento o que causa
contaminações dos solos tendo como consequência a saúde pública, a destruição
do ecossistema.

Para realização de tal proposta, foi necessário construir uma perspectiva


teórica coerente para fundamentar as percepções e experiências situadas
possibilitadoras de Gestão dos resíduos sólidos por fluxos circulares de reutilização,
restauração e renovação. Realizou-se, então, uma pesquisa de tipo descritivo
baseada em determinadas teorias que foram aplicadas para melhorar o estado
actual do objecto de investigação. Já a perspectiva metodológica adoptada é
qualitativa que se utiliza do inquérito por questionário para coletar os dados.
Participaram da pesquisa 52 munícipes de Saurimo seleccionados em três bairros,
sendo 20 do Candembe; 20 do Sassamba e 12 do Bairro 11 de Novembro por se
considerar serem estes os bairros com maior densidade populacional e
consequentemente com a maior produção de resíduos sólidos.

Diante disso, verificou-se que os munícipes de Saurimo são os principais


responsáveis pela produção contínua de bens descartáveis e por outro pelo excesso
destes tornar-se um estorvo para si próprio por falta da contemplação da inter-
relação entre as práticas de gestão, os processos, os cargos e os gerenciamentos,
razão pela qual urge implicar estes munícipes na mobilização da maior parte dos
seus recursos para que sejam voltados à redução, reutilização, reciclagem,
recuperação, renovação, repensamento e Recusação.

Palavras-chave Gestão dos resíduos sólidos, lixo, reutilização, restauração,


renovação.
vi
ABSTRACT

This study seeks to propose the management of solid waste in the urban
center of Saurimo through circular flows of reuse, restoration and renovation, a
pretension that arose in the realization of the concern to get rid of the materials
produced, commonly known as garbage, as they are flammable, explosive, corrosive,
toxic, infectious or radioactive, or for presenting any characteristics that constitute a
danger to the life or health of people and to the environment; in addition to the fact
that these materials produced are deposited in open spaces and without any
treatment process, which causes soil contamination, resulting in public health, the
destruction of the ecosystem.

In order to carry out this proposal, it was necessary to build a coherent


theoretical perspective to support the perceptions and situated experiences that
enable solid waste management through circular flows of reuse, restoration and
renovation. A descriptive research was then carried out based on certain theories
that were applied to improve the current state of the research object. The
methodological perspective adopted is qualitative, which uses a questionnaire survey
to collect data. Forty-seven residents of Saurimo participated in the survey, selected
from three districts, 20 of them from Candembe; 20 in Sassamba and 12 in Bairro 11
de Novembro, as these are considered to be the neighborhoods with the highest
population density and, consequently, the highest production of solid waste.

In view of this, it was verified that the citizens of Saurimo are the main
responsible for the continuous production of disposable goods and on the other hand
for the excess of these becoming a hindrance to themselves due to the lack of
contemplation of the interrelation between the management practices, the processes,
positions and management, which is why it is urgent to involve these citizens in the
mobilization of most of their resources so that they are aimed at reduction, reuse,
recycling, recovery, renewal, rethinking and Refusal

Key words Management of solid waste, garbage, reuse, restoration,


renovation.

vii
INTRODUÇÃO

Henriques (2004) informa que desde o século XIX que há discussões acesas
a acerca da importância da reutilização dos bens de consumo na sociedade, pois,

“o sistema económico vigente naquela época fazia com que a


tendência à geração de desperdício não fosse um “desvio” em relação ao
“espírito do capitalismo” e em relação aos idealizados, por parte da
sociedade, “sensatos princípios econômicos”. Desta forma, o aumento de
produção era bem visto, uma vez que algumas vantagens podem ser
atribuídas à presença das máquinas e da manufatura capitalista. Dentre elas,
destacam-se a conversão de substâncias aparentemente comuns e sem
valor, em produtos valiosos e a economia de tempo humano para a
manufatura de produtos” (Henriques, 2004).

E é de destaque a conferência das Nações Unidades sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento, Rio-92 quanto a discussão sobre os impactos do desenvolvimento
nos ecossistemas e na saúde da população (ONU, 2020).

Assim, se pode constatar a preocupação em pesquisas científicas em


promover reciclagens, reutilização de materiais pós-consumo. Como demonstrativo,
entre outros, cite-se o processo tecnológico para produção de fibra e pó do resíduo
como preocupação da Embrapa para solução ambiental para as cascas de coco
verde (Bitencourt & Pedroitti, 2008).

Angola, não é alheia a esta temática da reutilização dos bens de consumo.


Esta temática em Angola tem seu começo nos meados da década de 70
especificamente no dia 31 de Janeiro de 1976 que se realizou a chamada primeira
Semana de Conservação da Natureza em Luanda, onde ficou determinada a
celebração do 31 de Janeiro, como Dia Nacional do Ambiente em Angola. (Moisaiko,
2018) Desde esta data e em diante outros eventos ligado ao ambiente e aos
resíduos sólidos foram surgindo. Onde se tem a citar as legislações a Lei
Constitucional I CRA de 16 de Setembro; Lei n.º 5/98 de 19 de Junho Lei de Bases
do Ambiente de Angola; Lei nº 8/05 de 11 de Agosto - sobre Taxa dos serviços de
limpeza e saneamento; Lei Constitucional II CRA de 21 de Janeiro entre outras
legislações. (Informativo, 2020).

8
Situação Problemática

Pese os esforços supracitados da reutilização dos bens de consumo na


sociedade, o aproveitamento dos resíduos sólidos constitui ainda “uma das mais
sérias ameaças ao meio ambiente e consequentemente aos organismos que nele
vivem” (Zaneti, 2003).

A crescente urbanização originária dos processos evolutivos industriais e da


massificação populacional em busca das melhores condições de vida tem como
consequência imediata a elevada quantidade de produção de materiais orgânicos e
inorgânicos.

Os referenciados Materiais produzidos são os designados de Resíduos por


constituírem substâncias ou objectos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção
ou obrigação de se desfazer, porque contêm características de risco por serem
inflamáveis, explosivos, corrosivos, tóxicos, infecciosos ou radioactivos, ou por
apresentarem quaisquer características que constituam perigo para vida ou saúde
das pessoas e para o meio ambiente. (Informativo, 2020).

No entanto, pese as características de risco que apresentam os resíduos, o


serem um problema para a saúde pública e contribuírem para poluição do meio
ambiente (Sousa, 2009), os padrões de consumo impostos pelo capitalismo
estimulam os indivíduos, de um modo geral, a acreditarem que quanto mais
consumirem, melhor estarão colocados na escala social.

Em Angola, o Flash Informativo (2020) faz constatar que:

Em Angola, apesar do Decreto Presidencial nº 190/12 de 24 de


Agosto aprovar os regulamentos sobre a gestão de resíduos em
conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 11, da Lei nº 5/98 de 19 de
Junho (Lei de Bases do Ambiente de Angola), a questão dos resíduos
sólidos urbanos ainda é um problema que merece maior atenção das
autoridades competentes, pois os resíduos sólidos urbanos são também
responsáveis pela produção de gases de efeito estufa (monóxido de carbono,
metano e o dióxido de carbono) que causam o aumento significativo das
temperaturas médias globais, bem como causam chuvas ácidas.

9
Para agravar a problemática dos resíduos sólidos, Cruz (2005) em sua
dissertação de mestrado, afirma que os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) quando
depositados em espaços abertos (lixeiras) e sem qualquer processo de tratamento,
causam contaminação dos solos que se pode agravar com a escorrência das águas
das chuvas que arrastam a excessiva carga orgânica. Estas, por sua vez, podem
contaminar aquíferos com elementos patogénicos afectando negativamente os
mares e rios, comprometendo o habitat dos peixes e outros animais aquáticos, e
consequentemente também afectando a saúde pública.

Ora, Almeida (2017), em sua dissertação de mestrado diz que em Angola os


resíduos são depositados em lixeiras e são na sua maioria posteriormente
queimados, produzindo quantidades variadas de substâncias tóxicas, como gases,
partículas de metais pesados (por exemplo o chumbo), compostos orgânicos,
dioxinas e furanos.

Ante essa situação de iminente crise se indaga;

O problema de pesquisa

Qual é a possibilidade de gerenciamento dos resíduos sólidos no casco


urbano de Saurimo tendo como base a sua reutilização, restauração e renovação.

Objecto de Estudo

Gestão de resíduos sólidos por fluxos circulares.

Campo de Acção

Gestão de Resíduos Sólidos.

Para consecução da pesquisa, definiu-se os seguintes objectivos:

Objectivo geral

Propor experiências situadas possibilitadoras da gestão dos resíduos sólidos no


casco urbano de Saurimo por fluxos circulares de reutilização, restauração e
renovação.

10
Objectivos específicos

1. Assinalar perspectiva teórica e metodológica em torno de fluxos


circulares de reutilização, restauração e renovação dos resíduos sólidos;
2. Caracterizar a gestão dos resíduos sólidos dos munícipes de
Saurimo para explicar a natureza e qualidade do tratamento quotidiano dos
resíduos sólidos;
3. Relacionar atitudes dos munícipes de Saurimo com as
perspectivas teóricas que servem para validação do constructo.

Justificativa

É um facto constatável no âmbito nacional Angolano a adopção de um


desenvolvimento permeado em alto padrão de consumo, desenvolvimento este que
acarreta consigo uma sociedade responsável pela produção contínua de bens
descartáveis cujo excesso desta produção se torna um estorvo para esta mesma
sociedade.

Ora o já exposto expressa um contraste observável entre a produção e o


descarte de um bem, este contraste gera uma nova demanda preocupação ameaça
na sociedade uma vez que se produz sem que se tenha criado uma utilidade para
estas produções. Aqui importa salientar que a produtividade não é mal visto, ele em
si é bom e desejável. No entanto, o ganho de produtividade provoca alterações nos
padrões de consumo. Existe uma dificuldade para achar o ponto de equilíbrio da
sociedade dos descartáveis e, ainda, encontrar o ponto óptimo entre produção e
consumo.

Eis a razão deste trabalho, porque esta sociedade é responsável pela


produção contínua de bens descartáveis e por outro pelo excesso destes tornar-se
um estorvo para si próprio, então, interessa que esta sociedade se mobilize para que
a maior parte dos seus recursos fossem voltados para a produção de bens
reutilizáveis. Para tal, neste trabalho se aponta como caminho da consecução de tal
desiderato a gestão integral dos resíduos sólidos urbanos, neste trabalho se
entende, que é preciso adoptar políticas dos 7 R proposto por Sebrae (2012 p. 9)
que consistem em Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar, Renovar, Repensar e
Recusar uma vez que, referenciando Prof. Doutor Economista e Advogado Sabetai
Calderoni, “representa um equivoco no nosso olhar, não existe lixo, o que existe é
11
um conjunto de matérias prima preciosas”, disse numa entrevista no programa Viver
Sustentável, do canal Rede Vida (Calderoni, 2015).

Metodologia

A pesquisa é do tipo descritivo baseado em determinadas teorias que serão


aplicadas para melhorar o estado actual do objecto de investigação. Já a perspectiva
metodológica a adoptar é qualitativa. E a sua realização recorrer-se-á a diversos
métodos tanto na ordem teórica como prática (Gil, 2008, p. 9-18):

Dos métodos teóricos:

Revisão bibliográfica: com base na revisão bibliográfica da literatura


científica auxiliará na obtenção de informações genéricas do tema (Gil, 2008, p. 9-
11).

Indutivo – Dedutivo na recopilação e avaliação crítica da experiência


internacional do tema.

Análise: permitirá uma síntese no estudo do carácter dimensional do


problema.

Dos métodos empíricos:

A observação: foi usada com vista adquirir conhecimentos necessário para


constatar o cotidiano, tendo como objectivo de formulação de pesquisa
sistematicamente planeada, submetida a verificação e controle de validade e
controlo (Gil, 2008, p. 100).

Entrevistas: como técnica em que o investigador se apresenta a frente do


investigado e lhe formula pergunta (Gil, 2008, p. 109), foi usada para obtenção de
dados complementares e que interessam a pesquisa.

Por questões estruturas, a presente monografia se compõem, a par dos


elementos pré textuais, duma introdução que espelha resumidamente toda a
abordagem; de dois capítulos sendo o primeiro capítulo constituído de
embasamentos teóricos que servem para validação e explicação do constructo; o
segundo capítulo que caracteriza as percepções e vivências de 52 munícipes de

12
Saurimo, inquiridos sobre a rotina e o trato que estes dão aos resíduos sólidos, ao
mesmo tempo que nele se emite opiniões e juízos sobre o sentido da informação
prestada considerando as concepções assumidas no referencial teórico, nos
objectivos específicos e nas perguntas da pesquisa; duma conclusão e sugestões.

13
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No presente capítulo se expressa os fundamentos teóricos que guiam esta


pesquisa. Por isso inicialmente se aclara a compreensão do conceito gestão
atendendo a sua polissemia (PIRES; LOPES, 2001, p.97) e resíduos sólidos,
visando a conformação e adaptação do uso verdadeiro destas palavras no ambiente
da pesquisa.

O aclaramento é feito olhando para a discussão acesa em torno da questão.

Em seguida, se busca as diferentes perspectivas teóricas que abordam,


sustentam a gestão dos resíduos sólidos por fluxos circulares de reutilização,
restauração e renovação como fonte empreendedora, alimentadora e valorizadora
do lixo.

1.1. Compreensão do conceito gestão dos resíduos sólidos

Segundo Pires e Lopes (2001, p.97), a palavra gestão é uma palavra


polissémica. Em conformidade, é necessário adaptá-la ao ambiente onde está a ser
utilizada de maneira a assumir em termos relativos o seu verdadeiro significado.

Na mesma senda da polissemia da palavra gestão, Santos (2008) salienta


que esta palavra pode ser entendida como um processo de coordenação e
integração de actividades, através do planeamento, organização, direcção e
controlo, que tende a assegurar a consecução dos objectivos definidos, através das
pessoas, de forma eficaz e eficiente.

Dias (2002, p.4) entra nesta lista com a aproximação e diferenciação de


Gestão e Administração. Por isso salienta que pese;

“Os dicionários da língua portuguesa trazem as duas palavras


gestão e administração como sinónimos entre si, ambas terem se
originado do latim, estas possuem estruturas diferentes. Mesmo que
ambas são traduzidas de formas semelhantes enquanto sentido de
acção, há diferenças contextuais e de aplicação entre os termos
gestão e administração.

14
Chanlat (1999, p.31), por sua vez, em oposição a Dias, e simultaneamente
apresenta dois novos conceitos diferentes mas que se confundem gestão e
management que podem ser consideradas conceitos mais abrangentes que o de
administração. Segundo Chanlat (1999, p.31), gestão é “um conjunto de práticas e
de actividades fundamentadas sobre certo número de princípios que visam uma
finalidade. Já a definição de management é mais ampla por contemplar a inter-
relação entre as práticas de gestão, os processos, os cargos e os gerentes”.

Chanlat (1999, p.31), contrariamente aos autores supracitados, define


management como uma “prática social” que é, por isso, relacionada às ciências
sociais. Esta é a primeira conceituação que aproxima a gestão de empresas das
ciências sociais e humanas.

De formas a aproximar o conceito com esta pesquisa, para Souza (2000,


p.27), o termo gestão assume um significado amplo quando se refere a gestão
ambiental, pois envolve um grande número de variáveis que interagem
simultaneamente.

Assim, Souza (2000), entende gestão de resíduos sólidos o referenciamento


das normais e leis relacionado ao tema dos resíduos sólidos, e gerenciamento
integrado dos resíduos sólidos se refere a todas as operações que envolvem os
resíduos, como colecta, transporte, tratamento e disposição final entre outras.

O conceito de gerenciamento, na Escola de Administração, é associado a


noções básicas de organização, planeamento, execução e controlo. Na área dos
resíduos sólidos, este conceito adequou-se as medidas de prevenção e correcção
de problemas, vislumbrando a necessidade de preservação dos recursos naturais, a
economia de insumo e de energia e a minimização da poluição ambiental. Dentro do
gerenciamento destacam-se ainda as questões de responsabilidade e o
envolvimento dos sectores da sociedade em relação a geração de resíduos
(ANDRADE, 1997, p.208).

CEMPRE (2018, p.3) sustenta que o gerenciamento integrado do lixo


compreende um conjunto articulado de acções normativas, operacionais, financeira
e de planeamento que uma Administração Municipal desenvolve (com base em

15
critérios sanitários, ambientais e económicos) para colectar, tratar e dispor o lixo de
uma cidade.

Concordando com os contributos de SHEN (1995, p.74-76) quando se refere


as teorias das seis dimensões do ambiente, a questão do gerenciamento ambiental
deve ter uma abordagem multilateral, considerando que os problemas ambientais e
suas soluções são determinados por factores tecnológicos, bem como por questões
económicas, físicas, sociais, culturais e politicas.

A temática da gestão dos resíduos sólidos por fluxos circulares de


reutilização, restauração e renovação é uma das questões de interdisciplinaridade e
seus correlatos, como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade e
transdisciplinaridade, por envolver varias ciências.

No âmbito do ensino, a palavra de origem “disciplinaridade” envolve as


disciplinas com seus conteúdos. Agregando-se diversos prefixos, como “inter”,
“pluri”, “multi” e “trans”, surgem os conceitos mais freqüentemente encontrados na
literatura. Estes termos, conforme Fazenda (1996), prestam-se muitas vezes a um
mero “jogo de palavras”.

Além da palavra “interdisciplinaridade”, os termos mais usuais encontrados


são “multidisciplinaridade”, “pluridisciplinaridade” e “transdisciplinaridade”. Oliveira
(2000), a partir das recomendações de um congresso sobre o tema, realizado em
Locarno em 1997, esclarece:

• A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objecto por diversas


disciplinas ao mesmo tempo. Nesse mesmo sentido encontra-se também o termo
“multidisciplinaridade”.

• A interdisciplinaridade diz respeito à transferência de métodos de uma


disciplina à outra. Como a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade ultrapassa as
disciplinas, mas sua finalidade permanece inscrita na disciplina.

1.1.1 Resíduos Sólidos

Entre muitos autores existe ainda a discussão entre o termo resíduo e lixo,
que ao ver de muitos deles, um parece ser o sinónimo de outro e vice-versa

16
Para Sewell (1978, p.295), define resíduos sólidos na concepção do termo
lixo, pois entende que resíduos sólidos são materiais indesejados pelo homem que
não podem fluir directamente para os rios ou se elevar imediatamente para o ar.

Esta concepção de Sewell é superada por Calderoni (2003, p.49) que


conceitua lixo e resíduo como termos que se diferem conforme a época, lugar e
depende também de factores jurídicos, económicos, ambientais, sócias e
tecnológicos:

“A definição e a conceituação dos termos “lixo, resíduo” e


“reciclagem” diferem conforme a situação em que sejam aplicadas. Seu
uso na linguagem corrente, com efeito, distingue-se de outras
acepções adotadas consoante a visão institucional ou de acordo com
seu significado econômico. Na linguagem corrente, o termo resíduo é
tido praticamente como sinônimo de lixo. Lixo é todo material inútil.
Designa todo material descartado posto em lugar público. Lixo é tudo
aquilo que se “joga fora”. É o objeto ou a substância que se considera
inútil ou cuja existência em dado meio é tida como nociva. Resíduo é
palavra adotada muitas vezes para significar sobra do processo
produtivo, geralmente industrial. É usada também como equivalente a
“refugo” ou “rejeito”.

Para Grimberg (2005, p.11), esses objectos são considerados lixo apenas
quando misturados e o destino mais adequado tornassem o aterro sanitário.
Entretanto, quando separados em secos e húmidos passam a ser reaproveitáveis ou
recicláveis, consequentemente o que não puder ser aproveitado nesta cadeia de
reutilização, denominasse rejeito, pois segundo a autora:

“Não cabe mais, portanto, a denominação de lixo para aquilo que sobra
no processo de produção ou de consumo. Marcar estas diferenças é de suma
importância. A clareza na compreensão destes conceitos é o que permite
avançar na construção de um novo paradigma, acrescentamos é “avançar no
processo criativo” (GRIMBERG, 2005, p.11).

17
Figura 1 Exemplo de Sistema de recolha selectiva dos resíduos
sólidos, Fonte: multilixo

Resíduo sólido e lixo, embora comummente usadas como sinónimos, tanto na


linguagem técnica e legal, quanto na coloquial, não significam, necessariamente, a
mesma coisa. Lixo está associado à noção da inutilidade de determinado objecto,
diferentemente de resíduo, que permite pensar em nova utilização, quer como
matéria-prima para produção de outros bens de consumo, quer como composto
orgânico para o solo (ZANETI, 2006, p. 37).

Lixo “representa um equívoco no nosso olhar, não existe lixo, o que existe é
um conjunto de matérias prima preciosas” (CALDERONI, 2015).

Define-se resíduos como substâncias ou objectos de que o detentor se desfaz


ou tem a intenção ou obrigação legal de se desfazer, que contêm características de
risco por serem inflamáveis, explosivas, corrosivas, tóxicas, infecciosas ou
radioactivas ou por apresentarem qualquer outra característica que constitua perigo
para a vida ou saúde das pessoas e para o ambiente, nos termos da alínea s) no
seu ponto único da Lista Angolana de Resíduos, constante do Anexo X do
Regulamento do Decreto Presidencial 192/12 de 24 de Agosto.

Os resíduos sólidos são caracterizados de acordo com as suas características


físicas, químicas e biológicas.

Secos (como papel, plástico, metal, couro, tecido, vidro, madeira,


guardanapo, beata de cigarro, cerâmica, porcelana, espuma e cortiça) e molhado
(como resto de comida, casca de legume e fruta, verduras, capim e folhas de
árvore).

18
Existem outras características agregadas a estas, as quais merecem realce
visto serem requisito fundamentais para a selecção de procedimento, processos e
técnicas de tratamento.

Zanta et al (2006), aponta tais características como sendo:

 Compressividade, a redução do volume dos resíduos quando


submetidos a uma pressão.
 Teor de humidade, quantidade de água existente na massa dos
resíduos, assim define-se fracção seca e húmida.
 Massa específica, massa do material por unidade de volume em
kg/m3.
 Composição gravimétrica, a determinação das percentagens de
cada constituinte da massa de resíduos proporcionalmente ao seu peso, ou
seja, é o conhecimento dos percentuais em peso das categorias constituinte
dos resíduos usados para avaliação de alternativas tecnológicas de
tratamento.
 Peso específico trata-se do peso dos resíduos não em relação
ao seu volume total.
 Taxa de geração ou per capita, a massa de resíduos produzidos
por pessoa em um dia (kg/hab/dia), essa taxa é determinante para
dimensionamento das instalações e equipamento de tratamento.

Outra particularidade dos RS, é a sua característica química, que pode ser:

o Orgânicos ou biodegradáveis como pó de café e chá, restos de


comida, casca de legume e fruta, verduras, capim e folhas de árvore.
o Inorgânicos ou não biodegradáveis como plástico, metal, couro,
tecido, vidro, madeira, cerâmica, porcelana e espuma.

Sobre a composição e características químicas dos RSU ainda temos a


realçar outras como:

 Poder calorífico, a quantidade de calor desprendida durante a


combustão de um quilo de resíduos sólidos,

19
 Teores de matéria orgânica ou percentual de cada constituinte
como cinza, gordura, macro e micro nutrientes, potencial de hidrogénio,
 Teores de alcalinidade ou acidez na massa de resíduos,
 Relação carbono nitrogénio e outros nutrientes que permitem
avaliar o grau de degradação da massa orgânica.

A presença de microrganismos patogénicos ou substâncias constituintes,


tornam os resíduos biológicos ou quimicamente contaminados e,
consequentemente, prejudiciais a saúde humana. Estes elementos e
microrganismos presentes nos resíduos sólidos podem ser aqueles responsáveis
pela decomposição biológica da matéria orgânica, fungos e bactérias, entre eles as
espécies patogénicas como vermes, bactérias, vírus e protozoários que causam
consequências a saúde e geralmente são oriundos de matéria fecal, fluidos
corporais ou dos serviços de saúde.

De acordo com Zanta (et al, 2006, p.6), são poucos os trabalhos que avaliam
a relação entre resíduos e doenças, face a relação indirecta devido aos vectores
mecânicos e biológicos.

1.2 Novos paradigmas de utilização dos resíduos sólidos

1.2.1 Fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação

A aspiração de substituir produtos unidireccionais por bens “circulares por


natureza” criar redes de logística reversa e outros sistemas para respaldar a
economia circular é um poderoso estímulo a novas ideia. Os benefícios de uma
economia mais inovadora incluem altos índices de desenvolvimento tecnológico,
materiais melhores, uso eficiente de mão-de-obra e energia, além de mais
oportunidades de lucro para as empresas. (WORLD ECONOMIC FORUM, 2016,
p.34)

Para Moura (2005, p.20) e Martins (2006), o fluxo de materiais pode ser
definido como o caminho que o recurso a ser transformado percorre durante todo o
processo produtivo, representando um factor de influência directa no tempo de
produção.

Para garantir essa circularidade (circular), o modelo de negócios,


intencionalmente, já na concepção do projecto (design) dos produtos, deverá
20
objectivar a utilização dos materiais de forma repetida em diversos ciclos de
produção, encorajando aspectos como longevidade, durabilidade, potencial de
reparo, possibilidade de actualização (upgrade), reuso, remanufactura e reciclagem
(LUZ, 2017, p.90).

A reutilização é uma forma de colaborar para o desenvolvimento sustentável


do planeta, uma vez que se trata de uma forma de redução, pois muitas vezes se
evita uma compra desnecessária quando utilizamos determinado produto mais do
que uma vez. Para Alencar (2005, p.103), “reutilizar um determinado produto
significa reaproveitá-lo sem qualquer alteração física, modificando ou não o seu uso
original”.

Segundo a Scomação e Matri (2013, p.11) se se não quiser esgotar o


fornecimento de recursos naturais, a reparação, a reutilização e a reciclagem têm de
começar a ser para nós uma segunda natureza na nossa vida profissional e pessoal.

O conceito de restauração é entendido, de uma forma geral, como qualquer


intervenção voltada a dar novamente a eficácia de um produto da actividade humana
(BRANDI, 2004, p.30).

Glusberg (1994), explica que o termo renovar, como se sabe, significa “fazer
de novo”, e poderia ser mais adequado, portanto, dizer-se inovar, no sentido de
introduzir algo novo.

Os conceitos de fluxos circular de reutilização, restauração e renovação estão


intrinsecamente associados a economia circular. O que é a economia circular?

De acordo com a literatura, o conceito de economia circular foi inicialmente


introduzido pelos economistas ambientais Pearcer e Turner, em 1989
(GEISSDOERFER ET AL., 2017, p.757–768; GHISELLINI; CIALANI; ULGIATI, 2016,
p. 11–32; HOMRICH ET AL., 2018, p.525–543; SU ET AL., 2013, p.215–227).

No ponto de vista académico, existem muitas definições para o conceito,


como por exemplo a de Geng e Doberstein (2008 p.231-239) que descrevem que a
economia circular visa superar os problemas ambientais, bem como gerenciar
recursos em busca de melhoria na produtividade e eco-eficiência.

21
A Economia Circular – que é um conceito estratégico que está associado à
redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de energia –
substituindo o conceito de fim-de-vida imposto pela economia tradicional,
promovendo os fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num
processo integrado. A revolução na forma como o mundo faz negócios terá um
impacto sobre estilos de vida e sobre consumo, principalmente em países
desenvolvidos, mas também para o crescimento da classe média nos países em
desenvolvimento (DREXHAGE; MURPHY, 2010).

Figura 2 Modelo de Economia Circular

Fonte: Adaptação do site da Comissão Europeia (2014).

Economia circular é uma estratégia que vem surgindo para se contrapor ao


sistema aberto, sendo uma ferramenta utilizada para se enfrentar o problema de
escassez de recursos e a e eliminação de resíduos, abordado em cima de um
sistema ganha-ganha agregando valor e economia. A economia circular consiste em
um modelo económico que é regenerativo, que está preocupado com problemas
ecológicos e ambientais, e o bem-estar dos indivíduos (STAHEL, 2016, p.435-438
apud SEHNEM; PEREIRA; GIOTTO, 2018).

Ou seja, a economia circular é um conceito estratégico que assenta na


redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, sempre
aproveitando tudo que o produto pode oferecer até tornar-se realmente um resíduo.
Possui como principal princípio que a remodelagem é capaz de contribuir para a
criação de valor através dos princípios de economia circular, a saber, a regeneração,
22
o compartilhamento, a optimização, a virtualização e a troca (EMAF, 2013 apud
SEHMEN; PEREIRA; GIOTTO, 2018).

A economia circular compreende desde o desenho do produto, contemplando


os serviços e os processos, com o intuito de tornar o produto mais duráveis ou aptos
para serem reciclados para serem reinseridos na mesma indústria ou para o material
ser utilizado na manufactura reversa sendo utilizado como insumo para novas
cadeias de produção (ARAÚJO; QUEIROZ, 2017, p.5-7 Apud SEHNEM, 2018). Visa
assim o desenvolvimento de produtos novos ou remodelados e serviços
economicamente viáveis e ecologicamente eficientes, enraizados em ciclos
perpétuos de reconversão dos produtos.

A economia circular se preocupa com sistemas de fluxos, por meio de uma


adaptação filosófica de produção (GENOVESE et al. 2017, p.66, 344–357 apud
SEHNEM; PEREIRA; GIOTTO, 2018). O que anteriormente era avaliado como
resíduo passa a ser considerado como matéria-prima de outro processo, de forma
que o fluxo de materiais possa ser mantido ininterruptamente em um ciclo industrial
fechado, promovendo a reutilização e extensão da vida útil, como um meio de
promover a diminuição de resíduos. “Um resíduo é um recurso, ou seja, algo que
encerra um potencial de aproveitamento, de valorização e que pode e deve estar na
origem de um novo produto” (BRAUNGART et al., 2007, p. 1337).

Segundo a Royal Society of Arts (RSA, 2014) para que este princípio seja
atendido, não basta “reciclar mais”, é fundamental ter a visão do ciclo de vida dos
produtos e projectá-los para reduzir o consumo e permitir o retorno dos materiais
aos ciclos produtivos.

A economia circular consiste em um modelo que aperfeiçoa o fluxo de bens,


elevar ao máximo a aplicação dos recursos naturais, sempre visando a diminuição
da produção de resíduos. Este modelo permite a maximização do valor econômico
dos produtos e apoia-se em três princípios (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION,
2018).

Projetar produtos que permita fácil desmontagem e reaproveitamento,


mantendo as propriedades dos materiais, de maneira que a realização de sua
recuperação e reintrodução via geração de um novo produto seja possível.

23
(MCDONOUGH; BRAUNGART, 2010 apud SEHNEM; PEREIRA; GIOTTO, 2018).
Esse processo é denominado de desmaterialização e consiste na extinção do
descarte de materiais para aterros ou incineração.

A economia circular na percepção de Buren et al. (2016, p.647, Apud


SEHNEM; PEREIRA; GIOTTO, 2018), possui 9 alternativas para que haja
circularidade, isto é, os 9Rs, que são: recusar, repensar, redefinir, reusar, reparar,
reformar, remanufacturar, redefinir, reciclar e recuperar. Estas alternativas são
consideradas como sendo estratégias para a utilização inteligente do produto e da
produção, buscando prolongar o tempo de vida útil dos produtos e suas
particularidades e aplicando os materiais de forma útil.

Em contrapartida, Kirchherr et al (2017, p.221–232 Apud SEHNEM;


PEREIRA; GIOTTO, 2018), acrescenta mais um R na sua estrutura, que fica
classificado da seguinte forma:

1) Recusar: prevenir o uso de matéria-prima;

2) Repensar: fazer o uso do produto mais intenso (compartilhamento de


produtos);

3) Reduzir: reduzir o uso de matéria-prima;

4) Reutilizar: reuso do produto por outro consumidor (segunda mão,


compartilhamento de produtos);

5) Reparar: manutenção e reparo para que o produto tenha suas funções


originais;

6) Reformar: reformar o produto e actualizá-lo;

7) Remanufacturar: criar novos produtos com (partes de) produtos antigos;

8) Redefinir: reuso do produto para um outro propósito;

9) Reciclar: processamento e reuso dos materiais; e

10) Recuperar energia: incineração dos materiais para recuperar energia.

24
1.2.2. Perspectivas Metodológicas de Gestão dos Resíduos Sólidos

Para Eigenheer (1999, p.80) a tendência geral dos responsáveis directos pela
colecta e destinação (os governos) a respeito dos resíduos sólidos é muito mais no
sentido da preocupação da colecta do que com a destinação final. Ainda segundo o
autor, para o destino final dá-se pouca atenção. Não há muita atenção sobre a
qualidade do material que é separado, factor fundamental para que a prática de
reciclagem e reuso sejam implementados. Há, portanto, uma clara falha em nosso
conhecimento sobre a economia da gestão de resíduos sólidos.

O tratamento de RSU, procura modificar suas características como


quantidade, toxidade e patogenia, essas alternativas são aplicadas de acordo com
as características de cada cidade, composição dos RSU, região e recursos
disponíveis (PHILIPPI JR, 2005).

Com o aumento dos tipos de resíduos, foram surgindo vários métodos de


tratamento e destinação final do mesmo, que passamos a citar.

Essa actividade de gerenciamento dos resíduos sólidos, conforme Cunha e


Caixeta Filhos (2002 p.143-161), podem também ser agrupadas em seis elementos
funcionais: geração, acondicionamento, colecta, estação de transferência/transbordo
e/o processamento e recuperação e/ou disposição final.

Colecta selectiva, a colecta dos resíduos sólidos recicláveis pode ser


considerada a colecta selectiva, apesar de existirem varias definições de colecta
selectiva, de acordo com cada autor considerado (MANCINI, 1999, p.150). A colecta
de lixo é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papeis,
plásticos, vidros, metais e orgânicos previamente separados na fonte geradora.
Estes materiais são vendidos a industriais a industriais recicladoras ou sucateiros
(CEMPRE, 2018, p.77).

As quatros principais modalidades de colecta selectiva são: i) porta a porta


(domiciliar); ii) em postos de entrega voluntaria; iii) em postos de troca; iv) por
catadores; (CEMPRE, 2018, p.77). Normalmente, os recipientes utilizados para a
recolha selectiva são quatro: i) verde para o vidro; ii) azul para papel; iii) vermelho
para plástico; iv) amarelo para metal. Estes recipientes são os PEV-Postos de
Entrega Voluntaria ou LEV-Locais de Entrega Voluntaria, que utiliza normalmente
25
conteineres ou pequenos depósitos colocados em pontos fixo no município, onde o
cidadão, de forma espontânea deposita os recicláveis (CEMPRE, 2018, p.78).

Figura 3 Exemplo de Recipientes de Recolha Selectiva


de Resíduos Sólidos, Fonte: Policambra

Reciclagem é um conjunto de actividade e processos, industriais ou não, que


permitem separar, recuperar e transformar os materiais recicláveis. É importante
porque facilita a diminuição da quantidade de RS nos aterro, preservação dos
recursos naturais, economia de energia, diminuição da poluição, geração de
empregos directos e indirectos. A gestão de RSU de uma cidade deve ter como
principal objectivo reduzir a geração e a quantidade de matérias a serem destinados
para o sistema de disposição final (MOTA, 2006, p.135).

Para que a reciclagem seja um facto, a separação dos materiais deve ser
executada na fonte geradora (em casa, restaurante, lojas e armazém) com posterior
colecta selectiva e consequentemente, enviado para as empresas de reciclagem
(GRIPPI, 2006).

Compostagem é o processo natural de decomposição da matéria orgânica


de origem vegetal e animal pela actividade de microrganismos. É um processo
biológico de decomposição de matéria orgânica contida em restos de origem animal
ou vegetal. Este processo tem como resultado final um produto que pode ser
aplicado no solo para melhorar suas características produtivas, sem ocasionar riscos
ao meio ambiente. Existem a compostagem natural no qual o processo de

26
decomposição é conseguido em 3 ou 4 meses e artificial que consiste em forçar a
ração por tubulações furadas ou em reactores rotatórios, o tempo de compostagem
é de 2 a 3 meses (GRIPPI, 2006, p.43). Os RSU que podem ser compostados, são
os originados da cozinha e jardins, como restos de legumes, verdura, frutas e
alimentos, filtros de borra de café, saquinhos de chá, cascas de ovos, folhagens,
poda de árvores, papel e papelão, jornais, penas, pelo, cabelo, palha seca e grama.

Segundo Grippi (2006) o lixo industrial e hospitalar não pode ser utilizado
neste processo. Não podem ainda ser utilizado neste processo os metais, vidros,
plásticos, couro, borracha, tecidos, verniz, tintas, óleos, madeira, carne cozida e
crua, peixe cozido e crua, gordura e queijo, carvão, papel higiénico e fraldas, tudo
isso devem ser evitados por razão de higiene ou por conterem substâncias
poluentes (CAMPOS, 2007, p.20). A importância da compostagem é que economiza
espaço no aterro e o aproveitamento agrícola do mesmo.

Incineração é um processo de oxidação seca a alta temperatura, que reduz


os resíduos orgânicos e combustíveis à matéria inorgânica, diminuindo
significativamente o peso e o volume dos resíduos, atingindo aproximadamente 15%
do peso e 90% do volume inicial (TAKAYANAGUI, 1993).

De acordo com Grippi (2006), a incineração é uma tecnologia térmica. É


queima de materiais em alta temperatura em uma quantidade apropriada de ar
durante um tempo predeterminado. Neste processo os compostos orgânicos são
reduzidos aos seus constituintes minerais. As escórias e as cinzas geradas do
processo são totalmente inertes, entretanto, devem receber cuidados quanto ao
armazenamento, acondicionamento, identificação, transporte e destinação final.
Vantagem elevado nível de eficiência de destruição, redução do impacto ambiental,
destruição de organismos patogénicos, destruição de poluentes ambientais e
recuperação de energia. Desvantagem, geração de toxinas e furanos derivados de
reacções em moléculas de cloro expostos à grande pressão e temperatura.

A destinação é um dos problemas da gestão dos RSU. Geralmente são


destinados em aterro sanitário sem qualquer tratamento. A quantidade de resíduos
líquidos e sólidos tem causado dificuldades quanto o que fazer com a matéria
(MOTA, 2006, p.134).

27
Os lixões são as formas de disposição sem qualquer tratamento ou cuidado
para a redução de impactos, são inadequados do ponto de vista sanitário porque
propiciam a proliferação de vectores e o aparecimento de doenças. Para Gomes
(2000, p.63, 75), as leixões são caracterizadas pela ausência de controlo sobre tipo,
volume e periculosidade dos resíduos depositados. O resíduo permanece a céu
aberto sem nenhum tipo de protecção. Pode sofrer algum tipo de compactação com
objectivo de minimizar o volume, sendo os resíduos despejados sobre o solo natural.
Não há também nenhum controle de entrada de pessoas e animais (ROCHA, 2007,
p.152).

Aterro controlado é uma tecnologia de disposição que permite não causar


danos à saúde pública e a sua segurança, utiliza de princípios da engenharia para
confinar os resíduos sólidos e cobri-los com material inerte. Segundo Philippi Jr.
(2005) os aterros incompletos ou controlados são situações intermediárias entre os
leixões e os aterros sanitários, tipicamente esses aterros recebem coberturas diária
de terra, porem não possui impermeabilização e drenagem de líquidos e gases e
não preenchem requisitos técnicos. Geralmente a população confunde o conceito de
lixão com aterro controlado, porem há uma pequena diferença, Rocha (2007)
ressalta esse conceito:

A diferença deste tipo de aterramento para o anterior consiste basicamente na


existência de um controlo mínimo como: o da entrada dos resíduos, de pessoas e
animais, na compactação dos resíduos e existência de uma cobertura de solo para o
controlo e minimização da proliferação de vectores. Não estão presentes todos os
elementos de engenharia que permitem o confinamento seguro dos resíduos,
especialmente os relacionados com sistemas de impermeabilização, destinação do
chorume e tratamento dos gases (ROCHA, 2007).

No aterro sanitário, de acordo com Philippi Jr. (2005), os rejeitos dos


diversos processos de tratamento necessitam ser dispostos no solo e a solução
mais frequente e indicado é o aterro sanitário. Os aterros sanitários são obras de
engenharia destinadas a acomodar os resíduos sobre o solo, devem possuir drenos
para líquidos percolados e impermeabilização para evitar a contaminação dos
aquíferos.

28
O lixo é lançado sobre o terreno e recoberto em solo do local, de forma a
isola-lo do ambiente, formando câmaras, onde o lixo é compactado e seu volume
substancialmente reduzido. Nessas câmaras, cessada a biodegradação aeróbia,
processa-se a biodegradação anaeróbia, com a liberação de gás e de uma
substância escura (constituída pelos resíduos orgânicos, parcialmente
biodegradados) denominado chorume (OLIVEIRA, 2004, p.197).

Figura 4 Demonstração dum Aterro Sanitário Modelo, Fonte Conexão Tocantins


https://conexaoto.com.br/2014/08/05/

Sistemas de cobrança pela gestão de resíduos sólidos, existem importantes


críticas a tal posicionamento, uma vez que informar aos cidadãos os custos da
colecta e disposição dos RSUs (lixo), pelos quais já pagam, poderia incentivar a
redução da geração de RSUs (lixo) (DENISON, R.; RUSTON, J. 1990).

Nesse sentido, há muitos que defendem não apenas a cobrança por serviços
de colecta de resíduos, mas que esta seja efectuada sob a forma de tarifa. Uma vez
que tornaria não apenas mais transparente o uso do dinheiro, mas também porque
teria a capacidade de induzir a diminuição da quantidade de resíduos gerados, no
caso de se aplicar a cobrança progressiva pela geração de resíduos (MAGALHÃES,
2008).

Diversos países como, Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, Finlândia,


França, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo e Nova Zelândia – cobram pela
29
colecta de resíduos. Tais cobranças visam não apenas financiar o sistema, mas
também incentivar a população a produzir menos resíduos (FENTON, R.; HANLEY,
N 1995, p.1.317-1.328).

A princípio, dado o cenário de baixa capacidade institucional e limitada


estrutura de monitoramento, a cobrança por colecta de resíduos aumentaria a
disposição ilegal, uma vez que isto reduziria os valores pagos na forma de tarifa
(FULLERTON, 1998), embora experiências internacionais demonstrem que uma
fiscalização inicial efectiva diminui a chance de disposição (DEWEES e HARE, 1998,
p. 453-470).

A solução mais prática e utilizada em outros países é o uso de contentores


colectivos, cujo custo é rateado entre as pessoas. Entretanto, a possibilidade de
pessoas socializarem os custos da gestão de seus resíduos é grande, análogo à
cobrança de água em edifícios, cuja conta é paga pelo condomínio (WIEDEMANN,
1999, p.13).

Segundo a legislação, existem critérios bem definidos com relação à


instituição de impostos, taxas e tarifas. Os impostos se distinguem dos demais
tributos pela inexistência de uma actividade específica da administração ligada à
exigência da prestação pecuniária; o imposto é arrecadado em benefício de toda a
colectividade. Neste sentido, o imposto deve ser adoptado para financiar actividades
que não possam ser divididas ou atribuídas a um grupo específico (MEIRELLES,
2009, p. 257-289).

Para a definição de taxas ou tarifas, por sua vez, é necessário que o serviço
seja específico e divisível.

30
Figura 5 Mapeamento do Tratamento e destinação de resíduos sólidos
urbanos na Europa, Fonte CEWEP, 2017

1.3 O Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos em Angola

A situação dos resíduos sólidos em Angola é preocupante a julgar pelas


constatações e pelas noticias vinculadas em sites e órgão de comunicação social.

O Flash Informativo (2020) faz constatar que:

Em Angola, apesar do Decreto Presidencial nº 190/12 de 24 de


Agosto aprovar os regulamentos sobre a gestão de resíduos em
conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 11, da Lei nº 5/98 de 19
de Junho (Lei de Bases do Ambiente de Angola), a questão dos
resíduos sólidos urbanos ainda é um problema que merece maior
atenção das autoridades competentes, pois os resíduos sólidos
urbanos são também responsáveis pela produção de gases de efeito
estufa (monóxido de carbono, metano e o dióxido de carbono) que
causam o aumento significativo das temperaturas médias globais, bem
como causam chuvas ácidas.

E Almeida (2017), diz que em Angola os resíduos são depositados em lixeiras


e são na sua maioria posteriormente queimados, produzindo quantidades variadas
31
de substâncias tóxicas, como gases, partículas de metais pesados (por exemplo o
chumbo), compostos orgânicos, dioxinas e furanos.

Projecções de aumento de produção de RS (lixo) em Angola

Figura 6 Projecções de aumento de produção de resíduos sólidos


urbanos em Angola, Fonte PESGRU

E por outro lado, segundo dados do PESGRU (Plano Estratégico de Gestão


de Resíduos Urbano), em Angola, a quantidade de resíduos sólidos produzidos no
ano de 2012 era de 0,46 kg/hab/dia e 4.3 toneladas/ano e se perspectivo um
aumento de 0,81 kg/hab/dia e 10,5 toneladas/ano ate em 2025, conforme nos
mostra a figura acima (PESGRU, 2012).

Almeida (2017, p.23) diz que em Angola, nas maiores áreas urbanas, os
valores de produção de RS são preocupantes. Nas províncias (ou municípios) com
mais população, como por exemplo no caso de Luanda, a produção de resíduos tem
crescido de forma rápida e assustadora tornando-se a sua gestão um grande
desafio.

Por exemplo, Luanda com uma população estimada em oito milhões de


habitantes, gasta mensalmente cerca de oito mil milhões (ou 8 bilhões) de kwanzas
para a recolha diária de mais de 200 mil toneladas de lixo (JA, 2020).

Almeida (2017, p.49) aponta que o problema relacionado com a geração de


resíduos sólidos urbanos no município do Lubango, não foge muito à realidade das
demais províncias como já foi referido anteriormente. Destaquem-se, como já
referido, as dificuldades relacionadas por exemplo, com a falta de peças para

32
manutenção dos veículos de recolha dos RS, o trânsito intenso e a falta de vias
transitáveis em parte das áreas urbanas dentre outras dificuldades. Estes
constrangimentos podem ser considerados como um dos maiores desafios do
presente com que se debate a Administração Municipal. À medida que o volume de
resíduos nas lixeiras cresce, aumentam os custos e surgem dificuldades de
encontrar áreas ambientalmente seguras disponíveis para recebê-los (acondiciona-
los).

Tal situação não foge a realidade da Lunda-Sul em geral e Saurimo em


particular.

Os principais factores que influenciam a produção de resíduos sólidos são:

1) Nível de vida da população, produção de lixo per-capita, isto é, o


aumento do nível de vida influencia no aumento da quantidade de resíduos
sólidos produzidos por estes.

2) Clima e estação do ano, o clima, a situação geográfica da


região, têm reflexos no tipo, na quantidade e na composição dos resíduos
sólidos produzidos.

3) Modo de vida e hábitos da população, o modo de vida e os


hábitos da população estão ligados à produção de resíduos sólidos,
considerando a influência das deslocações diárias entre a casa e o local de
trabalho e as deslocações de férias e fins-de-semana.

4) Novos métodos de embalagem e comercialização de produtos,


as actividades económicas também geram resíduos sólidos de grande
importância. De facto, zonas comerciais, de escritórios, de repartições
públicas, de serviços diversos, produzem quantidades calculáveis de resíduos
sólidos.

5) Tipo de urbanização e características económicas da região;

6) Eficiência do serviço de recolha.

33
1.3.1 Visão de Alguns Teóricos Angolanos Acerca dos Resíduos Sólidos

Cristóvão e Medeiros (2020, p.1, 3) concluíram que os resultados


demonstram uma escassez de estudos e literatura sobre o tema no continente
africano no geral e em Angola em particular.

Por isso concorda com Gomes (2012, p.13) quando defende que “não é
possível …., dissociar a protecção e defesa do ambiente da ideia de uma economia
que sirva os interesses de toda a população de um país Democrático e de Direito”.

Da fala de Gomes se entende a debilidade das economias africanas e em


particular de Angola por estas estarem dissociadas da proteção do ambiente.

Neste quesito, Pascoal (2019, p.1) reforça a importância da problemática do


“lixo, pois, esta (...) é um assunto incontornável da vida social urbana, afecta a
saúde e o bem estar das pessoas.

Pelo que a questão do lixo leva a se pensar e a se tomar atitudes que


promovam mudanças de comportamento social. Facto que leva Almeida (2017, p.2-
3, 83) a defender “a necessidade de investir na educação ambiental, reformar o
sistema de recolha e requalificação do destino final”.

Pois, como diz Mendes (2013, p.III): há “benefícios para a saúde individual e
colectiva que podem advir da melhoria de comportamentos no campo da higiene
com o correcto manuseamento do lixo doméstico”.

1.3.2 Intensificação dos Gases de Efeito Estufa, o Grande Problema dos


Resíduos Sólidos no Planeta

Nas últimas décadas, a polémica sobre um possível aquecimento global do


nosso planeta, decorrente do efeito estufa, passou a fazer parte das preocupações
da humanidade, com constante cobertura pela média. Como ocorre o efeito estufa e
a que se deve seu provável aumento? Como os resíduos sólidos urbanos podem
contribuição para a intensificação do efeito estufa?

Os R.S.U têm componentes orgânicas e inorgânicas e, quando não são


inertes sofrem ao longo do tempo processos de natureza bioquímica, física e
microbiológica como vimos acima.

34
Os aterros sanitários são, actualmente, a forma de disposição de resíduos
sólidos mais utilizados em diversos países (YANG et al., 2014, p.929-937). Entre
suas características construtivas, um aterro sanitário deve conter estruturas de
drenagem e de tratamento de gases e lixiviado, drenagem superficial de águas
pluviais, impermeabilização da fundação e camada de cobertura diária, intermediária
e final dos resíduos (ABNT, 1984; 1997; 2010).

Quando se utiliza esse tipo de disposição, os resíduos são aterrados e as


fracções biodegradáveis se decompõem por meio de uma complexa série de
reacções microbianas e químicas, além de alterações físicas, sendo o resultado final
a produção do biogás (SPOKAS et al., 2006, p.516-525). O biogás é constituído
basicamente de metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) e gases traços, tais como
diversos compostos orgânicos voláteis não metálicos, que podem ser tóxicos (HRAD
et al., 2012, p.2324-2335). O CH4 e o CO2 são os principais gases indutores do
aumento do efeito estufa no planeta (ARONICA et al., 2009, p.233-239).

De acordo com Bogner et al. (2008, p.11-32), a emissão do CH4 no setor dos
resíduos equivale a 18% das emissões antropogênicas de CH4 em todo o mundo. A
estimativa é que sejam emitidas de 35 a 69 toneladas de CH4 para a atmosfera por
meio dos aterros sanitários. Assim, são fundamentais a determinação das taxas de
emissão em diferentes aterros sanitários do mundo; estudos de dispersão; avaliação
dos impactos ambientais; e avaliação das medidas mitigadoras propostas para
minimizar os impactos ao meio ambiente (DI BELLA; DI TRAPANI; VIVIANI, 2011,
p.2108-2115).

A emissão de biogás em aterro sanitário depende de diversos fatores, como


as características climáticas locais, a eficiência do sistema de captação de gases e
da camada de cobertura e a composição gravimétrica dos resíduos aterrados
(BÖRJESSON; SUNDH; SVENSSON, 2004, p.305-312; STERN et al., 2007;
SCHEUTZ et al., 2011, p.895-902; LOREIRO; ROVERE; MAHLER, 2013, p.1302-
1312).

As camadas de cobertura têm como uma de suas funções conter a passagem


dos gases formados para a atmosfera (STAUB et al., 2011, p.298-312); elas podem
ser constituídas por um solo de baixa permeabilidade ou até mesmo geossintético.
Porém, mesmo com a aplicação dessas estruturas, a emissão de gases é observada
35
em diversos aterros (SPOKAS et al., 2006, p.516-525; ZHU et al., 2013, p.2713-
2719; SCHROTH et al., 2012, p.879-889; SCHEUTZ et al., 2014, p.1179-1190;
MACIEL; JUCÁ, 2011, p.966-977; DI BELLA; DI TRAPANI; VIVIANI, 2011, p.2108-
2115; SILVA; FREITAS; CANDIANI, 2013, p.95-104).

1.3.3 O Paradigma ou Abordagem Tradicional na Gestão dos Resíduos Sólidos

Sobre o desenvolvimento da gestão de resíduos sólidos nos últimos 20 anos,


nos países desenvolvidos, Demajorovic (1995, p.88-93) identifica três momentos
importantes. Até o início da década de 70, prevalece uma preocupação com a
disposição final de resíduos sólidos. A partir da década de 80, a promoção da
recuperação e reciclagem dos materiais passou a ser prioridade. No final da década
de 80, novas prioridades foram estabelecidas nos países desenvolvidos e o foco
passou a ser a redução do volume de resíduos em todo o processo produtivo. Foi
estabelecido que, ao invés de serem reciclados, os resíduos seriam reutilizados.

Segundo Souza (2000, p.27), o termo gestão assume um significado amplo


quando se refere a gestão ambiental, pois envolve um grande número de variáveis
que interagem simultaneamente.

Assim, Souza entende gestão de resíduos sólidos o referenciamento das


normais e leis relacionado ao tema dos resíduos sólidos, e gerenciamento integrado
dos resíduos sólidos se refere a todas as operações que envolvem os resíduos,
como colecta, transporte, tratamento e disposição final entre outras.

O conceito de gerenciamento, na Escola de Administração, é associado a


noções básicas de organização, planeamento, execução e controlo. Na área dos
resíduos sólidos, este conceito adequou-se as medidas de prevenção e correcção
de problemas, vislumbrando a necessidade de preservação dos recursos naturais, a
economia de insumo e de energia e a minimização da poluição ambiental. Dentro do
gerenciamento destacam-se ainda as questões de responsabilidade e o
envolvimento dos sectores da sociedade em relação a geração de resíduos
(ANDRADE, 1997, p.208).

CEMPRE (2018, p.3) sustenta que o gerenciamento integrado do lixo


compreende um conjunto articulado de acções normativas, operacionais, financeira
e de planeamento que uma Administração Municipal desenvolve (com base em

36
critérios sanitários, ambientais e económicos) para colectar, tratar e dispor o lixo de
uma cidade.

Concordando com os contributos de SHEN (1995, p.74-76) quando se refere


as teorias das seis dimensões do ambiente, a questão do gerenciamento ambiental
deve ter uma abordagem multilateral, considerando que os problemas ambientais e
suas soluções são determinados por factores tecnológicos, bem como por questões
económicas, físicas, sociais, culturais e politicas.

Resíduo sólido e lixo, embora comummente usadas como sinónimos, tanto na


linguagem técnica e legal, quanto na coloquial, não significam, necessariamente, a
mesma coisa. Lixo está associado à noção da inutilidade de determinado objecto,
diferentemente de resíduo, que permite pensar em nova utilização, quer como
matéria-prima para produção de outros bens de consumo, quer como composto
orgânico para o solo (ZANETI, 2006, p. 37).

Para Eigenheer (1999, p.80) a tendência geral dos responsáveis directos pela
colecta e destinação (os governos) a respeito dos resíduos sólidos é muito mais no
sentido da preocupação da colecta do que com a destinação final. Ainda segundo o
autor, para o destino final dá-se pouca atenção. Não há muita atenção sobre a
qualidade do material que é separado, factor fundamental para que a prática de
reciclagem e reuso sejam implementados. Há, portanto, uma clara falha em nosso
conhecimento sobre a economia da gestão de resíduos sólidos.

Figura 7 Processo de gerenciamento dos resíduos sólidos segundo Veiga,


Fonte: Veiga (2019).

O tratamento de RSU, procura modificar suas características como


quantidade, toxidade e patogenia, essas alternativas são aplicadas de acordo com

37
as características de cada cidade, composição dos RSU, região e recursos
disponíveis (PHILIPPI JR, 2005).

Com o aumento dos tipos de resíduos, foram surgindo vários métodos de


tratamento e destinação final do mesmo, como citado acima.

Essa actividade de gerenciamento dos resíduos sólidos, conforme Cunha e


Caixeta Filhos (2002 p.143-161), podem também ser agrupadas em seis elementos
funcionais: geração, acondicionamento, colecta, estação de transferência,
transbordo e o processamento e recuperação e ou disposição final.
Etapa Descrição Autores
Confinamento dos resíduos em
recipientes e locais compatíveis
Acondicionamento com suas características físicas, D’Almeida e Vilhena (2000, p.
químicas e biológicas, volume e 45-76)
condições preexistentes de Monteiro (2001, p. 45-
colecta e transporte. 57)
D’Almeida e Vilhena (2000, p.
Coleta Etapa onde ocorre o 45-76)
recolhimento dos resíduos Monteiro (2001, p. 61-
acondicionados. 84)
Barros (2012, p. 98-
128)
Deslocamento dos resíduos de D’Almeida e Vilhena (2000, p.
Transporte um ponto ao outro, segundo um 45-76)
percurso estabelecido. Monteiro (2001, p. 61-
84)
Barros (2012, p. 129)
Descarga dos resíduos Barros (2012, p. 149-
Transbordo sólidos colectados. 162)
Monteiro (2001, p. 85-
88)
Emprego de processos que Monteiro (2001, p. 119-139)
alteram as características, Tchobanoglous (1993,
Tratamento composição ou propriedades p. 90-97)
dos materiais, para possibilitar a
destinação, a disposição final
ou, simplesmente, a sua
destruição.
Aproveitamento de resíduos D’Almeida e Vilhena (2000, p.
para compostagem, reutilização, 91-199)
reciclagem, recuperação Monteiro (2001, p. 119-
energética ou outras destinações 139)
Destinação final admitidas pelos órgãos Barros (2012, p. 253-
ambientais, entre elas a 331)
disposição final, observando
normas operacionais
38
específicas de modo a evitar
danos ou riscos à saúde pública
e à segurança e a minimizar os
impactos ambientais adversos.

Distribuição ordenada de rejeitos D’Almeida e Vilhena (2000, p.


em aterros, observando normas 251-290)
Disposição final operacionais específicas, de Monteiro (2001, p. 149-
modo a evitar danos ou riscos à 192)
saúde pública e à segurança e a Barros (2012, p. 163-
minimizar os impactos 238)
ambientais adversos.

Quadro 1 – Descrição sucinta das etapas componentes do processo de


gerenciamento dos RS, fonte: Veiga (2019).

1.3.4 Novo Paradigma ou Abordagem na Gestão dos Resíduos Sólidos

A economia circular é o novo paradigma da política ambiental e económica


que está sendo implementada pela comunidade académica e pelas empresas de
produtos com os seus contributos teóricos e as suas estratégias práticas.

Desde a Conferência Rio-92, a problemática do desenvolvimento sustentável


tem ecoado globalmente, com discussões sobre novas abordagens com vista à
limitação do uso de recursos, novas formas de produzir, utilizar e descartar produtos
que sejam menos poluentes e prejudiciais ao ambiente (MILARÉ, 1997, p53-55).

De acordo com a literatura, o conceito de economia circular foi inicialmente


introduzido pelos economistas ambientais Pearcer e Turner, em 1989
(GEISSDOERFER ET AL., 2017, p.757–768; GHISELLINI; CIALANI; ULGIATI, 2016,
p.11–32; HOMRICH ET AL., 2018, p.525–543; SU ET AL., 2013, p.215–227).

Pereira (2020) apresente um quadro onde aparecem as teorias sobre a


economia circular que abaixo se apresenta:

PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE A ECONOMIA CIRCULAR E SEUS


AUTORES

Abordagem Fonte

39
"Berço ao berço" - produtos desenvolvidos para MCDONOUGH;
regenerar ecossistemas como nutrientes biológicos ou BRAUNGART
para regenerar indústrias como nutrientes técnicos, (2002)
componentes e materiais em um ciclo de materiais
100% fechados.
"Closing" - através da reciclagem, o ciclo entre o pós- STAHEL (1982)
consumo e a produção é fechado, resultando em um BOCKEN et al.
fluxo circular de recursos. (2016)
"Upcycling" - reuso de materiais como matéria- LEWANDOWSKI (2016)
prima, com aprimoramento de valor, retendo ou
melhorando suas propriedades.
"Simbiose Industrial" - utilização de resíduos das CHERTOW (2000,
indústrias, uma das outras, como recursos (resíduos p.313)
como nutrientes).
"Slowing" - extensão da vida útil de bens como ponto STAHEL (1982)
sensível para uma transição gradual para uma
sociedade sustentável.
"Extensão do ciclo de vida" - concepção de bens de BOCKEN et al. (2016)
longa duração com extensão do ciclo de vida do produto
(ex.: serviços para prolongar a vida de um produto,
reparo e remanufatura), fase de uso ampliada ou
intensificada, retardando os ciclos e o fluxo de
recursos. Melhorias na capacidade e planejamento da
manutenção, reduzindo a taxa de substituição.
"Sistema produto-serviço" - cliente paga pelo uso do MANZINI;
bem ou desempenho. Não há benefícios inerentes à VEZZO
posse do produto. A propriedade implica custos de LI (2016)
investimento, despesas de reparo, manutenção e
tratamento de fim de uso.
"Compartilhamento" - o compartilhamento incrementa FRENKEN (2017)
o uso eficiente de recursos, equipamentos e ativos
físicos subutilizados.

40
“Seleção criteriosa de materiais” - menos poluentes, MACKENZIE
não tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, ou APU
ainda que requeiram menos energia na fabricação; D GIUDICE ET AL.
mais duráveis e que funcionem melhor, a fim de reduzir (2006)
desperdícios e gerar menos resíduo.
“Design Circular” - planejar intencionalmente os DELFTX (2016)
aspectos de durabilidade, compatibilidade,
modularidade e funções multitarefas de produtos, além
de estratégias para reutilização, reparo e
remanufatura de produtos.
“Biomimética” - a natureza é a maior e melhor BENYUS (1997)
referência tecnológica para o desenvolvimento de novos
serviços, processos e artefatos.
“Tecnologia e inovação” - papel crucial nas mudanças HERMANN et al. (2015)
do mundo industrial e da sociedade, com destaque para
Internet, Automação Industrial, Inteligência Artificial,
culminando com a Revolução 4.0 nas indústrias. A
tecnologia permite inovações disruptivas desde o nível
do modelo de negócio e gestão da cadeia de valor até
soluções em termos operacionais, como a reciclagem. A
tecnologia é essencial por permitir a entrega e o
compartilhamento do valor, respectivamente, além de
acesso a informações, como a rastreabilidade de
materiais ao longo de múltiplos ciclos de uso.

Quadro 2 – Descrição sucinta das teorias sobre a economia circular, Fonte:


Pereira (2020)

Os académico apesentam varias e distintas compreensões do que vem a ser


economia circular.

DREXHAGE & MURPHY (2010) entende que Economia Circular está


associado à redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de
energia.

41
Relendo a compreensão de Drexhage & Murphy se descobre que há uma
pretensão de se substituir o conceito de fim-de-vida imposto pela economia
tradicional, promovendo os fluxos circulares de reutilização, restauração e
renovação, num processo integrado.

Assim se entende que a revolução na forma como o mundo faz negócios terá
um impacto sobre estilos de vida e sobre consumo, principalmente em países
desenvolvidos, mas também para o crescimento da classe média nos países em
desenvolvimento.

Da compreensão dos autores supracitados e complementada por ARAÚJO &


QUEIROZ (2017,) Apud SEHNEM (2018 p.5-7) quando salienta que economia
circular compreende desde o desenho do produto, contemplando os serviços e os
processos, com o intuito de tornar o produto mais duráveis ou aptos para serem
reciclados para serem reinseridos na mesma indústria ou para o material ser
utilizado na manufactura reversa sendo utilizado como insumo para novas cadeias
de produção. Visa assim o desenvolvimento de produtos novos ou remodelados e
serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes, enraizados em ciclos
perpétuos de reconversão dos produtos.

Das compreensões supracitadas se apontam como estratégias para a


economia circular a preocupação com sistemas de fluxos, por meio de uma
adaptação filosófica de produção (GENOVESE et al. 2017, p.344–357 apud
SEHNEM; PEREIRA; GIOTTO, 2018).

Assim com esta estratégia o que anteriormente era avaliado como resíduo
passa a ser considerado como matéria-prima de outro processo, de forma que o
fluxo de materiais possa ser mantido ininterruptamente em um ciclo industrial
fechado, promovendo a reutilização e extensão da vida útil, como um meio de
promover a diminuição de resíduos.

BRAUNGART et al. ( 2007, p.1337) na senda das estratégias salieta que “Um
resíduo é um recurso, ou seja, algo que encerra um potencial de aproveitamento, de
valorização e que pode e deve estar na origem de um novo produto”.

Outro ponto de estratégia da economia circular está dentro do Cradle to


Cradle Design que em português se traduz por do berço-ao-berço. Estratégia
42
desenvolvida pelo arquiteto William McDonough e pelo químico Michael Braungart
que apresentaram a ideia de integração do design e da ciência de forma a conferir
benefícios duradouros para a sociedade.

Os autores defendem que na natureza, o “desperdício” de um sistema torna-


se alimento para outro sistema (2009, p.92). Tudo pode ser desenhado para ser
desmontado e retornado ao solo de forma segura como nutrientes biológicos ou
reutilizados como materiais de alta qualidade para novos produtos como nutrientes
técnicos, sem contaminação (Braungart e McDonough, 2009, p.93).

Estes dois ciclos, biológico e técnico, serão desenvolvidos mais adiante pois
são cruciais para se entender no que consiste a economia circular. Verificamos que
a ideia dos autores consiste, de forma simplificada, em imitar os processos
existentes na natureza no que diz respeito à gestão de recursos, necessidades e
relações entre seres bióticos e abióticos. Assim, todos estes elementos podem ser
referidos através de uma palavra biomimética.

Neste nova abordagem ou paradigma, o consumo é substituído pelo uso, uma


vez que na economia circular os bens técnicos são apenas utilizados, apresentam
uma característica de utilidade e funcionalidade. Para tal, existem várias estratégias
de circulação dos materiais nas quais os ciclos mais curtos (o primeiro, partilhar)
envolvem a menor utilização de novas matérias-primas e de energia; seguidos das
estratégias de manter/prolongar (através da reparação por exemplo),
reutilizar/redistribuir e remanufaturar/restaurar. Por fim, a estratégia “reciclar” é a
última estratégia preconizada pela economia circular, isto porque e como
Georgescu-Roegen (2008, p.16) notou, e bem, “a reciclagem também tem os seus
limites termodinâmicos”.

A estratégia da reciclagem merece uma nota adicional pois, muitas vezes na


política ambiental, tem-se dado muita (ou enorme) ênfase a esta em detrimento das
outras. Vários autores resumem exemplarmente o que é a reciclagem. Para além do
problema apontado, Braungart e McDonough ainda explicam que “a maioria da
reciclagem é downcycling; ela reduz a qualidade do material ao longo do tempo”
(2009, p.56). Assim, podemos ver a reciclagem como Lilienfeld e Rathje (1998, p.25
e 26) ironizam ao dizer que: “a reciclagem é uma mera aspirina (…) que é usada
como forma de alívio de uma ressaca coletiva que é o consumo excessivo”. A
43
melhor maneira de reduzir qualquer impacto ambiental não é reciclar mais, mas
produzir, consumir e descartar menos. A reciclagem é, assim, uma boa estratégia de
gestão de resíduos pós fase de uso, mas não deve ser a primeira opção.

A Xerox é uma das empresa que usa estes modelos que exemplificam esta
abordagem, o leasing, ou o sistema da Xerox baseado no pagamento por impressão
ou cópia e não pela compra de tinteiros para a impressora (Bocken et al., 2014, p.50
e 51).

A economia circular, com os seus contributos teóricos e as suas estratégias


práticas, são as bases de uma nova política ambiental e económica que está a ser
implementada.

Coca-Cola uma das marcas mais famosas e bem-sucedidas do mundo


trabalha com a ideia de economia circular: foi o que fizeram em seu aniversário de
100 anos, quando estabeleceram uma parceria com outra empresa (Verallia) para
derreter os vidros de suas garrafas. O material resultante foi usado para a criação de
novas embalagens, demonstrando um reaproveitamento de 100%.

A Unilever é parceira da fundação Ellen MacArthur. Juntos, eles estão


trabalhando para desenvolver produtos de rápida circulação, colaborando com
outros gigantes da indústria para criar mudanças sistémicas nos ciclos de
embalagens de plástico e desenvolvendo recursos para aplicar mudanças em todos
os níveis do negócio (já que a Unilever oferece produtos que vão de alimentos até
itens de higiene pessoal).

Apple uma das maiores empresas de tecnologia do mundo já agia com base
na economia circular mesmo antes do termo ganhar vida. Todas as lojas da Apple
aceitam produtos próprios para reciclagem gratuita, e o programa Apple Renew
oferece créditos aos clientes que trouxerem aparelhos de celulares antigos, para que
eles consigam os aparelhos novos mais baratos.

44
CAPITULO II – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DOS DADOS

Nesta etapa da pesquisa se apresenta as percepções, vivências de 52


munícipes de Saurimo, inquiridos sobre a rotina e o trato que estes dão aos resíduos
sólidos, ao mesmo tempo que se emite opiniões e juízos sobre o sentido da
informação prestada considerando as concepções assumidas no referencial teórico,
nos objectivos específicos e nas perguntas da pesquisa.

Para maior representatividade, confiabilidade da estimativa da população


visando a neutralidade na probabilidade de cada elemento da população fazer parte
da amostra e ainda por visar maior possibilidade de se fazer inferência dos
resultados obtidos da amostra, recorrer-se-á a amostragem aleatória proporcional
estratificada.

Entenda-se que amostragem aleatória proporcional estratificada consiste em


dividir a população em subgrupos (estratos) que denotem uma homogeneidade
maior que a homogeneidade da população toda, sob a análise de variáveis de
estudo.

Ora nesta pesquisa, por razões de excesso dos Munícipes, trabalhar-se-á


com uma amostra de 2% da população de 3 bairros por se considerar possuírem um
maior número de habitantes em relação aos outros bairros e, por outro, por se
entender que nestes bairros mais resíduos sólidos se produzem. Eis os bairros: 11
de Novembro que é habitado por 30 mil Munícipes, Candembe por 50 mil e
Sassamba por 50 mil Munícipes. Dados fornecidos pelo Gabinete de Estatística da
Administração Municipal de Saurimo.

Dos dados colectados da amostra, usou-se a seguinte fórmula para se obter a


amostra aleatória estratificada proporcional: (o número de pessoas no estrato
dividido por 100) x tamanho da amostra da população. Como o excesso continua, a
mesma fórmula foi repetida para possibilitar a pesquisa.

Substituindo os números pelo exposto ficaria:

Para 11 de Novembro: (30000/100) x 2 = 600 para a possibilidade da


pesquisa (600/100) x 2 = 12 Então trabalhou-se com 12 Munícipes;

45
Para Candembe: (50000/100) x 5 = 1000 para a possibilidade da pesquisa
(1000/100) x 2 = 20 Então trabalhou-se com 20 Munícipes;

Para Sassamba: (50000/100) x 5 = 1000 para a possibilidade da pesquisa


(1000/100) x 2 = 20 Então trabalhou-se com 20 Munícipes.

2.1. As percepções, vivências, entendimento dos inqueridos

Neste ponto, para reflexão, se descreve, duma forma relacionada, a


percepção, rotina e/ou trato do resíduo sólido e educação para a melhoria de
comportamento na percepção, rotina e/ou trato do resíduo sólido pelos inqueridos
dos três bairros com maior densidade populacional do município de Saurimo, mas
também, se emite opiniões e juízos sobre o sentido da informação prestada pelo
inquerido. Estas descrições e discussões foram realizadas delineando as categorias
temáticas e procurando apoiar-se nas concepções assumidas no referencial teórico,
bem como nos objectivos específicos.

2.1.1. Categoria temática1: Abrangência na Recolha de Resíduos Sólidos


Urbanos na Cidade de Saurimo

Nesta categoria temática se mostra e se preconiza analisar as percepções, e


experiências expostas pelos inqueridos relativamente as práticas de gestão de
resíduos sólidos.

 Entendimento do Resíduo sólido

Dos 12 Munícipes do Bairro 11 de Novembro entrevistados todos


responderam a entrevista e são unânimes na percepção de resíduo sólido ser um
lixo, tomando a fala d’alguns destes munícipes:

 O resíduo sólido é aquilo que já não presta


 algo que deve ser inteirado por que é nojento, prejudicial para a
saúde dos homens.

46
Entendimento sobre RS no Bairrio
11 de Novembro
0%
12 Responderam

0 Não Responderam

100% 0 Não devolveram


Questionário

Figura 8 Entendimento dos munícipes do Bairro


11 de Novembro sobre os resíduos sólidos Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

Este mesmo entendimento está presente nos 15 Munícipes dos bairros


Candembe que responderam ao questionário e nos 13 do Bairro Sassamba. De
salientar que 5 dos munícipes do bairro Candembe não responderam a esta
pergunta e 5 do bairro Sassamba também não responderam a questão e dois não
devolveram o questionário.

Entendimento sobre RS no Bairrio


Sassamba
0%

25% 15 Responderam
Afirmativamente
5 Não Responderam
75%
0 Não devolveram o
Questionário

Figura 9 Acepção dos Munícipes do Bairro


Sassamba sobre os resíduos sólidos, Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

47
Entendimento sobre RS no Bairrio
Candembe

10% 13 Responderam
25%
5 Não Responderam
65%

2 Não Devolvera o
Questionário

Figura 10 Percepção dos munícipes do Bairro


Candembe acerca dos resíduos sólidos Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

Confrontando as descrições e respostas assinaladas pelos entrevistados, se


verifica um leque considerável de respostas que convergem. Estas convergências se
julga ser um indicador duma acepção da inutilidade de determinado objeto,
comummente designando de lixo o qual representa todo material descartado posto
em lugar público (Sewell, 1978, p. 295) Esta acepção dos munícipes de Saurimo é
diferente de resíduo, que permite pensar em nova utilização, quer como matéria-
prima para produção de outros bens de consumo, quer como composto orgânico
para o solo (ZANETI, 2006, p. 37).

Ora, esta percepção adotada pelos munícipes de Saurimo é a superada por


Calderoni (2003, p.49) que conceitua lixo e resíduo como termos que se diferem
conforme a época, lugar e depende também de factores jurídicos, económicos,
ambientais, sócias e tecnológicos.

Grimberg (2005, p.11) adverte que marcar a diferença entre lixo e resíduo é
de suma importância, uma vez que a clareza na compreensão destes conceitos é o
que permite avançar na construção de um novo paradigma, acrescenta ainda é
“avançar no processo criativo.

 Quanto a análise da experiência no serviço de recolha de


resíduos:

48
De salientar que interesse desta pesquisa assenta na abordagem acerca dos
resíduos não perigosos (resíduos sólidos domésticos, os provenientes de unidades e
conjuntos habitacionais, resíduos sólidos públicos, resultantes da limpeza das vias
públicas, jardins e Resíduos sólidos comerciais, resíduos das actividades de
estabelecimentos comerciais, do sector de serviços, da hotelaria ou de
estabelecimentos similares de hotelaria).

Tal interesse advém da pretensão de verificar se entre os munícipes de


Saurimo inqueridos existem diversos serviços de recolha de resíduos e outros fins a
que se destinam os resíduos sólidos. Pese esta pretensão, dos resultados
colectados dos inqueridos deram a perceber que o maior serviço de recolha dos
resíduos sólidos está no depósito deste nos contentores e o seu maior destino é o
despejo nos aterros sanitários.

Assim, dos resultados colectados dos 12 Munícipes do bairro 11, todos


responderam que sim o bairro dispõe de contentores como serviço de recolha de
resíduos.

0%

Responderam

Não Responderam

100%
Não devolveram
Questionário

Gráfico 11 - Disposição de Equipamento de Acondicionamento


de RS no Bairro 11 de Novembro, Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

No bairro Sassamba dos 20 dos entrevistados 9 reponderam que na sua zona


de residência dispõe de contentores para a recolha de lixo, 7 dos entrevistados
reponderam que na sua zona tem dois contentores mas não são suficientes e outros
4 entrevistados responderam que na sua zona de residência não dispõe de
contentores para a recolha de lixo.

49
Para o Candembe 6 responderam que dispõe, 11 negaram existir contentores
nas suas zonas de residência e três não devolveram o questionário.

7 Não é
Suficiente
10%

4 Responderam
não Dispôem
25% 9 Responderam
Dispôem
65%

9 Responderam Dispôem 4 Responderam não Dispôem 7 Não é Suficiente

Gráfico 12 - Disposição de Equipamento de Acondicionamento


de RS no Bairro Sassamba, Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

13% 26%

61%

6 Responderam que Dispôem 11 Responderam não Dispôem


3 Não devolveram o Questionário

Gráfico 13 - Disposição de Equipamento de Acondicionamento


de RS no Bairro Candembe, Fonte: Elaborado pelo autor, 2022

Uma percentagem que representa 32%, vivem em zona com cobertura de


contentor de recolha de RUS, a maior parte do Bairros está sem condições de
acondicionamento dos RSU que são os contentores ou outros recipientes para o
efeito.

Para aqueles que possui contentores e não o possui, o lixo é depositado nas
zonas abandonadas vulgo lixeiras.

50
Dos resultados colectados pode se extrair por um lado a pobreza e falta da
contemplação da inter-relação entre as praticas de gestão, os processos, os cargos
e os gerentes. Esta inter-relação entre gestão e pratica levará a entender os serviços
de recolha de resíduos como uma pratica social Chanlat (1999, p.31) pelo que
envolverá um conjunto de práticas e de actividades fundamentadas sobre certo
número de princípios que visam uma finalidade que é a saúde publica e o bem-estar
social.

Por outro, a situação preocupante dos resíduos sólidos a julgar pela


responsabilidade destes na produção de gases de efeito estufa os quais causam o
aumento significativo das temperaturas médias globais.

Almeida (2017) faz jus a esta situação quando na sua dissertação de


mestrado diz que em Angola os resíduos são depositados em lixeiras e são na sua
maioria posteriormente queimados, produzindo quantidades variadas de substâncias
tóxicas, como gases, partículas de metais pesados (por exemplo o chumbo),
compostos orgânicos, dioxinas e furanos.

Ainda a situação preocupante dos resíduos sólidos é expressa na proliferação


do aumento das vulgas lixeiras, aumento este que está expresso nas doenças como
os casos exorbitantes de malária, de diarreias, e da febre-amarela que assolaram e
continuam a assolar o país e que culminam em mortalidades elevadas.

Esta realidade de pobreza e de preocupação pela produção de gazes de


efeito estufa e de proliferação de doenças necessita de ser adaptada ao ambiente
onde está a ser utilizada de maneira a assumir em termos relativos o seu verdadeiro
significado.

2.1.2 Categoria temática2: educação para gestão e melhoria de comportamento


ante resíduo sólido

Um outro elemento analisado nesta pesquisa consubstanciou-se na formação


para compreensão e consequentemente a qualidade no trato com os resíduos
sólidos. Nas respostas dadas pelos munícipes dos três bairros em estudo há
unanimidade e frequência de expressões como:

 Neste bairro não passa fiscal da administração para falar dos


riscos nem da utilização do lixo;
51
 Já faz tempo que a rádio falou acerca dos contentores, só falam
quando os munícipes reclamam;
 Os coordenadores dos bairros e os sobas estão ultrapassados
porque se lhes foi retirado o poder sobre a população e porque também estão
interessados só nos benefícios de ser soba do que com a população;
 As igrejas só falam de Deus nos céus e do dízimo;
 As escolas mandam crianças para limparem as ruas enquanto
as próprias escolas estão cheias de papéis brancos a sobrevoarem, folhas de
mangas e outros lixos, só para não se falar das casas de banho que estão
cheias de moscas, vermes e águas paradas.

Do exposto e respondido pelos inqueridos se demostra uma escassez de


procedimentos formativos para a qualidade de gestão e melhoria de comportamento
ante resíduos sólidos.

A situação colhida dos munícipes é similar a referenciada por Cristóvão e


Medeiros (2020) a quando da apresentação dos aspectos da gestão dos resíduos
sólidos em Angola em um estudo de caso na cidade do Kuito, província do Bié, onde
se concluiu que os resultados demonstraram uma escassez de estudos e literaturas
sobre o tema.

Esta situação de escassez, se se tiver em conta que o vulgo lixo é um


assunto incontornável da vida social urbana, afecta a saúde e o bem estar das
pessoas, então ressalta a tomada de consciência de uma crise que por sua vez
transporta e impera para um ponto de viragem num processo fatídico que não
acompanha a dinâmica dos desafios e exigências próprias do modus vivendi do
século XXI e dos contextos do real vivido onde se defende o conhecimento sobre a
economia da gestão de resíduos sólidos (Eigenheer (1999).

Assim da fala de Eigenheer(1999) se depreende que hoje a gestão dos


resíduos sólidos se opõem a tendência geral dos responsáveis pela preocupação da
colecta para se assentar na atenção ao destino final ou seja na atenção sobre a
qualidade do material que é separado, factor fundamental para que a prática de
reciclagem e re-uso sejam implementados.

52
Abordagem deste género reclama por métodos, técnicas, estratégias de
tratamento e destinação final dos resíduos sólidos, que passam por:

Um conjunto de actividade e processos que permitem separar, recuperar e


transformar os materiais recicláveis. Estes métodos, técnicas, estratégias são
importantes uma fez que facilitam a diminuição da quantidade de Resíduos Sólidos
nos aterro, preservação dos recursos naturais, economia de energia, diminuição da
poluição, geração de empregos directos e indirectos.

E eis a proposta que expressa a relevância da gestão dos resíduos sólidos no


casco urbano de Saurimo por fluxo circulares de reutilização, restauração e
renovação.

2.2. Propostas de soluções para melhoria na Gestão de Resíduos Sólidos


pelos munícipes de Saurimo

Após a exposição e análise feita aos resultados das percepções e trato dos
resíduos sólidos pelos munícipes de Saurimo e apoiando-se nas concepções
assumidas no referencial teórico, bem como nos objectivos específicos, eis que se
propõem como soluções para melhorias na gestão de resíduos sólidos pelos
munícipes de Saurimo o seguinte:

2.2.1 Educação para Economia Circular

Da acepção dos munícipes de Saurimo da inutilidade de determinado


objecto, comummente designando de lixo o qual representa todo material
descartado posto em lugar público urge uma educação para economia circular.

Uma economia circular, parte do pressuposto simples de adopção de um


modelo por fluxos circulares de utilização, reutilização, renovação e reciclagem
constante de modo a maximizar o valor dos recursos para que estes possam
continuar a ser usufruídos.

Pressuposto este que faz da economia circular se preocupar com sistemas de


fluxos, por meio de uma adaptação filosófica de produção (GENOVESE et al. 2017,
p.66, 344–357 apud SEHNEM; PEREIRA; GIOTTO, 2018). O que anteriormente era
avaliado como resíduo passa a ser considerado como matéria-prima de outro
processo, de forma que o fluxo de materiais possa ser mantido ininterruptamente em

53
um ciclo industrial fechado, promovendo a reutilização e extensão da vida útil, como
um meio de promover a diminuição de resíduos. “Um resíduo é um recurso, ou seja,
algo que encerra um potencial de aproveitamento, de valorização e que pode e deve
estar na origem de um novo produto” (BRAUNGART et al., 2007, p. 1337).

A hierarquia dos resíduos determina uma ordem de prioridade, desde a


prevenção, passando pela preparação para reutilização, reciclagem e recuperação
de energia, até à eliminação. Para tal, é preciso adoptar políticas dos 7 R proposto
que consistem em Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar, Renovar, Repensar e
Recusar.

No entanto para adopção dessas politicas interessa consciencializar-se que


sem a participação da população não é possível pensar em gerenciar os resíduos
sólidos no casco urbano de Saurimo por fluxos circulares de reutilização,
restauração e renovação. Esta participação passa por campanhas de sensibilização,
divulgação e consciencialização da problemática dos RS.

Para tal a Administração Municipal de Saurimo e todos os órgão afins deveria


criar acções de sensibilização, divulgação, consciencialização e de formação com
vista a mudança dos hábitos, postura, atitudes e as atuais práticas no trato dos RS e
respectivas consequências ambientais e de saúde pública.

Produção de brochuras, folhetos e panfletos com diversas temáticas, sobre os


resíduos sólidos, o ambiente e preservação da natureza, mudança de hábito,
postura, atitudes, das atuais práticas no trato dos RS, separação de resíduos em
casa ao prepara os alimento e em outra tarefas, colecta selectiva e consequências
ambientais e de saúde pública no mau trato do RS. Distribuir as brochuras, folhetos
e panfletos em todas instituições públicas, nas universidades e escolas, bairros
grandes e pequenas superfícies comerciais, prestação de serviço e especialmente
nos mercados informais.

A educação ambiental deve alicerçar-se numa política transversal abarcando


todas as faixas etárias, com maior atenção aos mas jovens e as crianças, por serem
mais receptivos à mudança, por facilidade de adopção de novos comportamentos e
boas práticas e porque, indirectamente, podem induzir um efeito multiplicador junto
das suas famílias.

54
Quiçá, constar na grelha curricular das escolas do ensino fundamental
temáticas sobre os resíduos sólidos, o ambiente e preservação da natureza,
mudança de hábito, postura, atitudes, das atuais práticas no trato dos RS e
respectivas consequências ambientais e de saúde pública, o gerenciamento dos
resíduos sólidos por fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação.

2.2.2 Reforma do sistema de recolha

Da pobreza e falta da contemplação da inter-relação entre as praticas de


gestão, os processos, os cargos e os gerentes colectada dos munícipes de Saurimo
nos inquéritos se propõem que se reformule o actual sistema de recolha de
Resíduos Sólidos considerado como um sistema indiferenciado para de forma
gradual adoptar um sistema de recolha selectiva.

Ora, o sistema de recolha selectiva, parte do princípio que os geradores ou


produtores de RS, na cozinha, no wc, estabelecimentos comerciais, restaurantes e
similares, escritórios e em outro lugar produzam RS e separem-no em orgânico e
não-orgânico, em seco e húmido, acondicionam-no em sacos plástico ou em
recipiente separados, colocam-no a disposição na porta para a recolha, o camião de
recolhe os RS dos contentores e transporta para a lixeira ou aterro sanitário.

A colecta selectiva, ou recolha selectiva tem como objectivo a separação dos


resíduos urbanos pelas suas propriedades e pelo destino que lhes pode ser dado,
com o intuito de tornar mais fácil e eficiente a sua recuperação.

Para o sucesso na reformulação do sistema de selectiva, seria sensato


oportuno aplica-lo de forma gradual primariamente em estabelecimentos comerciais,
restaurantes e similares, escritórios e em outro lugar (que produzam RS e separem-
no em orgânico e não-orgânico, em seco e húmido, acondicionam-no em sacos
plástico ou em recipiente separados, previamente distribuído, colocam-no a
disposição na porta para a recolha, o camião de recolhe os RS dos contentores) e
pagando uma taxa para o efeito.

Por outro lado, o outro factor para este desiderato ou o sucesso no


gerenciamento dos RS é a forma de os transportar.

55
As formas de transporte de resíduos podem ser classificadas em mista ou
selectiva. O transporte misto é aquele que mistura diferentes resíduos em um
mesmo veículo. Esse modelo de colecta e transporte é comum em áreas que não
possuem usinas de reciclagem. Sendo a formas de transporte de resíduos selectivos
o elegível para o sucesso no gerenciamento dos resíduos sólidos no casco urbano
de Saurimo por fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação.

Para o transporte de RS, costuma ser transportado em caminhões com


carroceria metálica e fechada. O caminhão fechado evita a perda do material,
principalmente plásticos e papéis (por serem muito leves, podem ser levados pelo
vento), além de proteger os resíduos da acção do sol e da chuva.

Existem ainda caminhão compactador com um sistema hidráulico de


compactação implantado nesses carros. O caminhão baú é um veículo destinado às
colectas de resíduos como lâmpadas usadas, materiais contaminados com óleo,
graxa, tinta, solventes e ácidos. O caminhão poliguindaste é próprio para colecta e
transporte de lixo em caçambas como os resíduos de construção civil e entulho e o
caminhão roll-on/off: sua disponibilidade é para colecta e transporte de caçambas.

Aponta-se a Administração Municipal de Saurimo e todos os órgão afins como


os responsáveis para a materialização destas propostas, estes devem apostar na
construção de um aterro sanitário que viabilize o encerramento das duas lixeiras
existentes e por questões de segurança a sua vedação limitando o acesso de
pessoas e animais. O aterro deve ser complementado com a construção de uma
estação de triagem porque, através desta, os resíduos podem torna-se numa fonte
de matéria-prima quando devidamente separados.

Como estratégia de implementação, poderia tomar-se o exemplo de Diversos


países como, Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda,
Inglaterra, Itália, Luxemburgo e Nova Zelândia – cobram pela colecta de resíduos.
Tais cobranças visam não apenas financiar o sistema, mas também incentivar a
população a produzir menos resíduos (FENTON, R.; HANLEY, N 1995, p.1317-
1328).

Para a sustentabilidade e o sucesso destas medida, se deveria implementar a


cobrança de taxa de resíduos sólidos (poluídos pagador, legislação existente em

56
Angola), começando esta pelos estabelecimentos comerciais, restaurantes e
similares, escritórios e em outro lugar e posteriormente em residencial. Quer as
famílias quer os estabelecimentos aceitam, na sua maioria, a cobrança desta taxa
para melhorar a eficácia do sistema de recolha e tratamento dos RS. A separação
dos resíduos orgânicos (folhas de arvore, restos de frutas e vegetais e outros) serve
para a compostagem em casa, trazendo benefícios para a produção agrícola local,
incrementando a segurança alimentar, diminuir o volume de RS que são constituídos
por elevada percentagem de materiais orgânicos.

57
CONCLUSÕES

Desde a Conferência Rio-92, a problemática do desenvolvimento sustentável


tem ecoado globalmente, com discussões sobre novas abordagens com vista à
limitação do uso de recursos, novas formas de produzir, utilizar e descartar produtos
que sejam menos poluentes e prejudiciais ao ambiente (MILARÉ, 1997, p53-55).

Portanto, este estudo buscou propor a gestão dos resíduos sólidos no casco
urbano de Saurimo por fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação.

Constatamos que os munícipes de Saurimo são os principais responsáveis


pela produção contínua de bens descartáveis e por outro pelo excesso destes
tornar-se um estorvo para si próprio por falta da contemplação da inter-relação entre
as práticas de gestão, razão pela qual urge implicar estes munícipes na mobilização
da maior parte dos seus recursos para que sejam voltados à redução, reutilização,
reciclagem, recuperação, renovação, repensamento e Recusação.

És as razões que motivou a elaborarem desta pesquisa a qual pretendeu


propor uma gestão dos resíduos sólidos no casco urbano de Saurimo por fluxos
circulares de reutilização, restauração e renovação. Objectivo que foi alcançado,
com apresentação das diferentes perspectiva teórica e metodológica em torno de
fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação dos resíduos sólidos. Com
base nas diferentes perspectivas, esta pesquisa sustenta que a gestão integral dos
resíduos sólidos urbanos será resultado da adopção das políticas dos 7 R proposto
por Sebrae (2012 p. 9) que consistem em Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar,
Renovar, Repensar e Recusar.

Assim, começou-se por construir uma perspectiva teórica coerente para


fundamentando o constructo da pesquisa. Objectivo que foi atendido com a
elaboração de fundamentos teóricos que guiaram esta pesquisa.

Em seguida, por caracterizou-se a gestão dos resíduos sólidos dos munícipes


de Saurimo, relacionando o entendimento e a atitudes dos munícipes de Saurimo,
constatou-se existirem distanciamento entre a acepção dos munícipes de Saurimo
que tem a acepção da inutilidade dos resíduos sólidos que comummente designam
por lixo o qual representa todo material descartado posto em lugar público e uma
pobreza e falta da contemplação da inter-relação entre as praticas de gestão, os
58
processos, os cargos e os gerentes. Esta acepção e falta de contemplação da inter-
relação entre as praticas de gestão, os processos os cargos e os gerentes dos
munícipes de Saurimo é diferente das perspectivas teórica e metodológica que
servem para validação do constructo que permite pensar em nova utilização, quer
como matéria-prima para produção de outros bens de consumo, quer como
composto orgânico para o solo.

Ainda, desta caracterização se demostrou uma escassez de procedimentos


formativos para a qualidade de gestão e melhoria de comportamento ante resíduos
sólidos. Realidade que se assemelha com a referenciada por Cristóvão e Medeiros
(2020), a quando da apresentação dos aspectos da gestão dos resíduos sólidos em
Angola em um estudo de caso na cidade do Kuito, província do Bié, onde se
concluiu que os resultados demonstraram uma escassez de estudos e literaturas
sobre o tema.

Esta situação de escassez, se se tiver em conta que o vulgo lixo é um


assunto incontornável da vida social urbana, afecta a saúde e o bem-estar das
pessoas, então ressalta a tomada de consciência de uma crise que por sua vez
transporta e impera para um ponto de viragem num processo fatídico que não
acompanha a dinâmica dos desafios e exigências próprias do modus vivendi do
século XXI e dos contextos do real vivido onde se defende o conhecimento sobre a
economia da gestão de resíduos sólidos (Eigenheer (1999).

Daí a situação de escassez expressar a necessidade e relevância desta


pesquisa que busca propor a gestão dos resíduos sólidos que se opõem a tendência
geral dos responsáveis pela preocupação da colecta para se assentar na atenção ao
destino final ou seja na atenção sobre a qualidade do material que é separado,
factor fundamental para a gestão integral.

Assim, a situação de escassez confirma a hipótese deste trabalho: gestão


integral dos resíduos sólidos urbanos é resultado da adopção das políticas dos 7 R
que consistem em Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar, Renovar, Repensar e
Recusar.

59
No entanto, para este estudo, a falta de estudo e literaturas angolanas,
africanas e locais, a recusa dalguns munícipes em participarem do inquérito foram
uns dos grandes andcup.

Este estudo por si só, não resolve os problemas relacionado com os resíduos
sólidos, mais oferece uma compreensão dos fundamentos teóricos e contribui em
grande medida, trazendo diversas propostas e recomendações que contribuem para
a resolução da problemática dos resíduos sólidos no casco urbano de Saurimo.

Recomendações

A releitura e revivência das perspectivas teóricas e metodológicas do século


XXI acerca da gestão dos resíduos sólidos por fluxo circular de reutilização,
restauração e renovação, para o sucesso deste desiderato recomenda-se a
Administração Municipal de Saurimo e todos os órgãos afins o seguinte:

 Devem promover de forma contínua campanha de sensibilização, de


formação e educação ambiental;
 Devem elaborar e ter um plano de gestão de RSU;
 Devem reformular de forma gradual o transportar e o actual sistema de
recolha de RSU indiferenciado para o sistema de recolha selectiva.
 Devem construir um aterro sanitário e encerrar as duas lixeiras
existentes, vedando-os e limitando o acesso de pessoas e animais;
 Devem implementar a cobrança de taxa de resíduos sólidos (poluidor
pagador legislação existente em Angola) para a sustentabilidade da
gestão dos resíduos sólidos;
 Devem criar incentivos fiscais e outros para as empresas,
estabelecimento comerciais e outros que adoptem o modelo de
economia circular.

60
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63
ANEXO I
Questionário feito aos Munícipes de Saurimo

Para o trabalho de pesquisa sobre Gestão dos resíduos sólidos no casco urbano
de Saurimo por fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação,
elaboramos um questionário com as questões abaixo descriminadas:

1) Onde mora ou em que Bairro reside?

2) Tem recolha de RSUs?

3) Tem contentor de RSUs?

4) Qual é o tipo de recolha (que existe), selectiva ou indiferenciada?

5) No Bairro onde reside tem lixeira?

6) O número de pessoas com quem residem na mesma casa?

7) Qual é o tipo de RSUs (lixo) mais comuns que produzem?

8) Qual é o tratamento ou destinação que dão RSUs?

9) Qual é a frequência de descarte de RSUs por semana?

10) Qual tem sido as consequências dos RSUs no teu Bairro?

11) Sugestão para reduzir a produção de lixo em casa?

12) O lixo que mais produz daria para fazer o que? Poderia ser reaproveitado?

13) Se aplica-se a taxa de recolha de RSUs

64

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