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Análise da Viabilidade Técnica e Econômica da Utilização do Concreto

Autoadensável (CAA) na Região Metropolitana de Goiânia


Analysis of the Technical and Economic Feasibility of the Use of Self-Compacting
Concrete (SCC) in the Metropolitan Region of Goiânia
Gabryella Andressa Soares Lopes (1); Dhiego Miranda Trajano (2); Ricardo Barbosa Ferreira (3)
Pontifícia Universidade Católica de Goiás

(1) Engenheira Civil, PUC Goiás, Brasal Incorporações. gabryella.asl@gmail.com


(2) Engenheiro Civil, PUC Goiás, Loft Construtora e Incorporadora. dhiegomirandatrajano1@gmail.com
(3) Professor, PUC Goiás. ricferprof@gmail.com
Rua AB 9 Qd 9, Res. Alice Barbosa, Goiânia, Goiás, Brasil. 74691-850
Resumo
De acordo com a Norma Brasileira ABNT NBR 15823 (2017), diferentemente do Concreto Convencional
Bombeado (CCB), o Concreto Autoadensável (CAA) consiste em um material capaz de fluir, auto adensar,
preencher as fôrmas e passar por embutidos apenas pelo seu peso próprio. Assim, devido às suas
vantagens tais como redução de mão de obra e aumento da durabilidade estrutural, tem sido
gradativamente mais empregado, sendo utilizado em obras como edifícios residenciais em Fortaleza, Ceará,
e Shopping Flamboyant em Goiânia, Goiás. Dessa forma, este artigo tem por objetivo a análise da
viabilidade técnica e econômica da substituição do Concreto Convencional pelo Autoadensável em um
edifício na região metropolitana de Goiânia, Goiás. A efeito comparativo dessa análise, foram levantados
dados econômicos de execuções em ambos os tipos de concreto referentes a materiais, equipamentos,
mão de obra e controle tecnológico, os quais apresentaram economia global de 8,13% para execuções em
CAA em virtude, sobretudo, da redução do quantitativo de mão de obra em 42,9% assim como menor custo
de material para o Concreto Autoadensável adquirido pela construtora, que correspondeu a uma diferença
de R$33,00/m³ de concreto. Outrossim, analisou-se os resultados dos ensaios de controle tecnológico
realizados na obra por meio do programa Statistica 7, o qual evidenciou-se resultados de resistência à
compressão para o CAA 23,9% superiores, com nível de confiança de 95%. Ademais, foi determinada
produtividade superior após a substituição do material no empreendimento, haja vista valores de Razão
Unitária de Produção (RUP) de 0,53 Hh/m³ e 0,31 Hh/m³ para o CCB e o CAA, respectivamente. Assim,
obteve-se valores de eficiência do concreto de R$11,68/MPa para o CCB e R$9,13/MPa para o CAA,
concluindo-se vantagens nos âmbitos técnico e econômico para o Concreto Autoadensável.
Palavra-Chave: Autoadensável, Concreto Convencional Bombeado, Viabilidade técnica, Economia, Resistência, RUP.

Abstract
According to the Brazilian Standard ABNT NBR 15823 (2017), unlike Conventional Pumped Concrete (CCB),
Self-compacting Concrete (SCC) consists in a material capable of flowing, self-densing, filling the molds and
passing through embedded only by its weight. own. Thus, due to its advantages such as reduced labor and
increased structural durability, it has been gradually more used, being used in works such as residential
buildings in Fortaleza, Ceará, and Shopping Flamboyant, in Goiânia, Goiás. Therefore, this article aims to
analyze the technical and economic feasibility of replacing Conventional Concrete with Self-Compacting
Concrete in a building in the metropolitan region of Goiânia, Goiás. For the comparative effect of this
analysis, economic data were collected for executions in both types of concrete referring to materials,
equipment, labor and technological control, which showed an overall savings of 8.13% for executions in CAA
due, above all, to the reduction in the amount of labor by 42.9%, as well as a lower cost of material for the
Self-compacting Concrete acquired by the construction company, which corresponded to a difference of
R$33.00/m³ of the concrete. Furthermore, the results of the technological control tests carried out on site
using the Statistica 7 program were analyzed, which showed higher compressive strength results for the
SCC, 23.9% higher, with a confidence level of 95%. Furthermore, higher productivity was determined after
replacing the material in the enterprise, given the Production Unit Ratio (RUP) values of 0.53 Mh/m³ and 0.31
Mh/m³ for the CCB and CAA, respectively. Thus, concrete efficiency values of R$11.68/MPa were obtained
for the CCB and R$9.13/MPa for the CAA, concluding technical and economic advantages for the Self-
compacting Concrete.
Keywords: Self-compacting concrete, Conventional pumped concrete, Technical feasibility, Economic feasibility.

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1 Introdução
Desenvolvido na segunda metade do século XX e amplamente difundido até os dias
atuais, o Concreto Convencional Bombeado (CCB) apresenta características que,
somadas ao seu custo e durabilidade, o tornaram predominante em relação aos demais
materiais, sobretudo em obras verticais. Ademais, objetivando o aprimoramento dessa
mistura, diversas alterações são possíveis, como modificações em sua composição por
meio de diferentes traços ou métodos de dosagem, voltados ao aperfeiçoamento de suas
propriedades técnicas ou à melhoria de sua trabalhabilidade (COUTO, 2013).
Nessa perspectiva, foi desenvolvido em 1988, no Japão, o Concreto Autoadensável
(CAA), que apresenta alto teor de materiais finos e aditivos superplastificantes, que o
proporcionam maior fluidez e capacidade de se moldar às fôrmas sem necessidade de
adensamento externo, ocorrendo apenas por ação da gravidade sob seu peso próprio.
Dessa forma, apesar do CCB ser de uso predominante em nível mundial, o CAA vem
sendo utilizado de forma promissora na construção civil (COUTO, 2013).
Após seu desenvolvimento no Japão e ser difundido no país, o CAA teve alta
aceitabilidade em países europeus e, recentemente, também tem sido gradativamente
mais utilizado no Brasil, passando a ser normatizado nacionalmente no ano de 2010 por
meio da Norma Brasileira ABNT NBR 15823, constituída hoje por 6 partes.
Em Goiás, obras como o Shopping Flamboyant adotaram o CAA em busca de melhor
trabalhabilidade e redução final dos custos, apresentada em estudos como Costa e
Cabral (2019) e Serra (2015). A redução de custo final pode ser obtida quando se analisa
a execução da estrutura de forma ampla, contabilizando-se mão de obra e retrabalhos,
além de possíveis reduções de cronograma e aumento da durabilidade da estrutura.
Vendo que o CAA tem ganhado grande proporção no cenário mundial, sobretudo no
Brasil, e observando que as estruturas precisam de maior durabilidade, atendimento a
vida útil e também de economia global de execução, este artigo tem o objetivo de avaliar
o custo por metro cúbico de ambos os tipos de concretos; levantar dados e componentes
econômicos relacionados às etapas construtivas de implantação do CAA e do CCB
(materiais, equipamentos e mão de obra); realizar a análise dos resultados obtidos por
ensaios efetuados no controle tecnológico de uma obra executada em Goiânia e
determinar a viabilidade técnica e econômica da substituição do CCB por CAA.
2 Fundamentação teórica
2.1 Definição
De acordo com a Norma Brasileira ABNT NBR 15823 (2017), o Concreto Autoadensável é
definido como aquele que é capaz de fluir, auto adensar pelo peso próprio, preencher a
fôrma e passar por embutidos (armaduras, dutos e insertos), enquanto mantém sua
homogeneidade (ausência de segregação) nas etapas de mistura, transporte, lançamento
e acabamento, sem que haja necessidade de qualquer tipo de equipamento para que
ocorra seu adensamento. Dessa forma, para que o concreto tenha tal capacidade, é
necessária considerável fluidez, além de coesão e viscosidade moderadas.
Segundo Mehta e Monteiro (1994), para que o concreto apresente a fluidez desejada sem
que haja adição excessiva de água são utilizados aditivos superplastificantes, que podem
reduzir o teor de água em até 40% para um traço. Tais aditivos geralmente possuem valor
de mercado elevado, gerando aumento do custo do CAA usinado. Afim de se manter a

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coesão, apesar de sua elevada fluidez, e evitar a segregação, é realizada maior adição de
finos ao CAA quando comparado à composição do CCB, que, segundo Fochs, (2011),
pode consistir na combinação de cimento com adições tais como fíler calcário, escória de
alto forno ou sílica ativa, diminuindo o quantitativo de cimento no traço do concreto.
Outrossim, conforme prescrito pela ABNT NBR 14931 - Execução de Estruturas em
Concreto – Procedimento (2004), para um adensamento uniforme e qualidade estrutural
em execuções em CCB, durante e imediatamente após o seu lançamento, o concreto
deve ser vibrado ou apiloado contínua e energicamente com equipamento adequado à
sua consistência. Ademais, para que se tenha o controle tecnológico das características
do concreto, devem ser realizados ensaios tanto em seu estado fresco quanto
endurecido, podendo-se, assim, classificar e definir as propriedades do material.
2.2 Ensaios de recebimento
Devido às especificidades do CAA, este tem previsto em norma maior quantidade de
ensaios em seu estado fresco quando comparado ao CCB. Grande parte destes ensaios
são realizados apenas na fase de validação de traço em laboratório devido ao tempo
necessário e a complexidade de sua execução, são eles: espalhamento com anel J, funil
V, caixa L, caixa U, coluna de segregação e medida da segregação pelo método da
peneira. Em contrapartida, usualmente, o principal ensaio de recebimento do concreto é a
medida do espalhamento (Slump-flow test), previsto na ABNT NBR 15823-2:2017. Esse
ensaio é realizado com o cone de Abrams e objetiva medir o diâmetro atingido pela
amostra de concreto após a retirada do tronco de cone, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1: perspectiva do ensaio de espalhamento. (ABNT NBR 15823-2:2017)


Com o ensaio de espalhamento é possível verificar a fluidez do concreto. Adicionalmente,
em conjunto como o ensaio de espalhamento, pode-se avaliar a ocorrência de
segregação e exsudação ao final do ensaio, conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2: Espalhamento do CAA. (Autoral)


Quanto ao espalhamento, o CAA pode ser classificado em SF1, SF2 ou SF3, conforme
Tabela 1. Já na Tabela 2 (ABNT NBR 15823-1), é apresentada a classificação quanto ao
índice de estabilidade visual (IEV).

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Tabela 1: Classes de espalhamento
Classe Espalhamento (mm) Método de ensaio
SF 1 550 a 650
SF 2 660 a 750 ABNT NBR 15823-2
SF 3 760 a 850
(ABNT NBR 15823)
Tabela 2: Índice de estabilidade visual - IEV
Classe Característica Método
IEV 0 Sem evidência de segregação ou exsudação. deABNT
ensaio
IEV 1 Sem evidência de segregação e leve exsudação. NBR
IEV 2 Presença de pequena auréola de argamassa (≤ 10 mm) e/ou empilhamento de agregados no
15823-2
IEV 3 Segregação claramente evidenciadacentro do concreto.de agregados no centro do concreto
pela concentração
ou pela dispersão de argamassa (ABNT
nas extremidades (auréola de argamassa > 10 mm).
NBR 15823)
Já para o concreto convencional, a partir do ensaio de abatimento determinado pela
ABNT NBR 8953: 2015, pode-se classificar segundo as classes de consistência
apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Classes de Consistência
Classe Abatimento Aplicações típicas
(mm)
S10 10 ≤ A < 50 Concreto extrusado, vibroprensado ou centrifugado
S50 50 ≤ A < 100 Alguns tipos de pavimentos e de elementos de fundações
S100 100 ≤ A < 160 Elementos estruturais, com lançamento convencional do concreto
S160 160 ≤ A < 220 Elementos estruturais com lançamento bombeado do concreto
S220 ≥ 220 Elementos estruturais esbeltos ou com alta densidade de armaduras
(ABNT NBR 15823)

2.3 Ensaios de controle


2.3.1 Resistência à compressão
Os ensaios de resistência à compressão devem ser realizados em corpos de prova (CP)
cilíndricos, de acordo com a ABNT NBR 5739: 2018, moldados em conformidade com a
ABNT NBR 5738: 2015. Os resultados de resistência à compressão devem ser analisados
conforme os requisitos estabelecidos na ABNT NBR 12655: 2015 para que sejam
calculados os valores de fck,est de cada lote de concreto que compôs a estrutura e sua
avaliação frente ao fck de projeto.
O ensaio de resistência à compressão faz-se necessário para que seja verificado se o
concreto utilizado na estrutura suportará o carregamento especificado em projeto,
objetivando a garantia da qualidade e segurança da edificação por meio do fck
estabelecido (KUMMER, 2016).
2.3.2 Módulo de Elasticidade
O ensaio de módulo de elasticidade deve ser realizado de acordo com a ABNT NBR
8522: 2017. Os ciclos de carregamento realizados durante o ensaio estão apresentados
na Figura 3.

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Figura 3 - Esquema do módulo de elasticidade tangente inicial (ABNT NBR 8522: 2017)
Trata-se de uma tensão aplicada em até 30% do valor da resistência à compressão do
concreto e nesse trecho é medida a deformação específica apresentada. Após o quarto
ciclo de carregamento, divide-se a tensão pela deformação e obtém-se o módulo de
elasticidade no intervalo dos pontos A (ponto de resistência igual a 0,5 MPa,
normalmente) e B (30% da resistência à compressão do concreto) (KUMMER, 2016).
O ensaio de módulo de elasticidade viabiliza o controle dos efeitos das tensões na
deformabilidade da estrutura (KUMMER, 2016).
2.4 Diferenciais do CAA
Segundo Repette (2005), o que diferencia o CAA do CCB são as propriedades no estado
fresco, elevada fluidez e estabilidade da mistura. Algumas características comparativas
são apresentadas na Tabela 4.
O principal aspecto tecnológico do uso do CAA é o aumento da durabilidade das
estruturas, decorrente da não necessidade de adensamento. Quando há uma má
vibração do concreto, bolhas são criadas e essas causam diminuição da resistência e
consequentemente redução da durabilidade estrutural (RAZERA, 2012).
Tabela 4 – Quadro comparativo entre CCB e CAA
Característica CCB CAA
Necessita de vibração e acabamento
Geração de ruídos por vibração
Maior possibilidade de segregação
Maior durabilidade estrutural
Maior fck aos 28 dias
Maiores custos de mão de obra
Maiores custos do concreto usinado
Maior frequência de acidentes e doenças ocupacionais
(Autoral)
Partindo-se da esfera econômica, tem-se ganhos quantitativos e qualitativos. Tais ganhos
quantitativos acontecem devido à redução de mão de obra e, consequentemente, redução
do custo global do empreendimento, além de considerável aumento da velocidade
construtiva. No aspecto qualitativo, há a melhoria do acabamento, eliminação dos ruídos
produzidos pelos equipamentos vibradores, economia de energia elétrica e redução de
acidentes e doenças ocupacionais. (RAZERA, 2012).
Em Fortaleza/CE, uma estrutura executada em CAA teve tempo de concretagem reduzido
em 60,5% e a quantidade de mão de obra e os custos reduziram em 50% e 62,8%,
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respectivamente. Além disso, reduziu-se em 260,8% o fator de risco de acidentes de
trabalho e o custo total com a utilização do CAA foi 56,4% menor (SERRA, 2015).
2.5 Viabilidade Econômica
Apesar de suas vantagens construtivas e ser uma tecnologia inovadora e evoluída do
CCB, o Concreto Autoadensável detém o estigma de maior custo unitário (R$/m3).
Todavia, para uma análise minuciosa da viabilidade econômica do CAA, conforme
descrito por Costa e Cabral (2019), é possível subdividir os custos em 3 vertentes: mão
de obra, equipamentos e materiais. No estudo elaborado pelos autores, que analisou o
uso de concreto autoadensável em um empreendimento comercial na cidade de
Fortaleza, Ceará, em uma laje de 152 m³, 124 m³ utilizou-se CCB e 28m³, o CAA.
Comparativamente, o quantitativo de mão de obra foi reduzido em 42,5% em uma
aplicação ao eliminar-se 4 funcionários, responsáveis pela vibração e acabamento do
concreto, havendo redução de 10 colaboradores para 6. Dessa forma, segundo os
autores, há uma consequente diminuição dos custos de mão de obra, onde o valor
correspondente à execução com CAA (R$2,97/m³) equivale a 39,1% do necessário para
concretagens com CCB (R$7,60/m²).
De forma análoga, Serra (2015) apresentou uma redução média de mão de obra de 50%
para execuções com CAA. Em Fortaleza/CE, concretando uma laje de 105,60 m3, utilizou
8 colaboradores, enquanto nas concretagens com uso de CCB contava-se com 16. Da
mesma forma, o autor apresentou redução do custo unitário de mão de obra para o CAA,
proporcionando uma redução de 75,77% do custo em relação ao Concreto Convencional
(R$ 1,02/m³ e R$ 4,21/m³, respectivamente).
Ao estabelecer a proporcionalidade do tempo de concretagem para o volume total da laje,
COSTA CABRAL (2019) verificou uma redução de 31,2% com a utilização do CAA. Além
disso, os autores também constataram a produtividade da equipe por meio da Razão
Unitária de Produção (RUP), que segundo SOUSA (2000) consiste na quantidade de
recursos Hh (mão de obra em homem-hora) necessários para se produzir uma unidade
Qs (m³ de concreto), conforme a equação 1.
(Equação 1)
Na Tabela 5 tem-se os respectivos resultados a respeito do quantitativo de mão de obra e
suas RUP, correspondente a 254,17% maior para execução em CCB. Vale ressaltar que
quanto maior a RUP, menos produtivo é o sistema em questão.
Tabela 5 – Quantitativo médio e RUP da mão de obra envolvida na concretagem
Item CAA CCB
Lançador (auxiliar) 4,00 4,00
Vibrador (auxiliar) 0 2,00
Espalhador (01 oficial) 1,75 3,10
Acabador (oficial) 0 0,90
Total de homens 5,75 10,00
3
Volume concretado (m ) 28,00 124,00
Tempo de concretagem (h) 1,17 7,57
RUPMO 0,24 0,61
(COSTA e CABRAL, 2019)

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Com relação à utilização de equipamentos, de forma análoga à mão de obra, houve
redução do quantitativo e consequente redução de custos em virtude da dispensabilidade
de vibração, conforme prescrito na Tabela 6.
Tabela 6 – Quantitativo de equipamentos e ferramentas utilizados por tipo de concreto
Equipamento ou ferramenta CAA CCB
Bomba estacionária 1 1
Vibrador 0 1
Pá 2 4
Colher de pedreiro 1 1
Desempenadeira 0 1
Total 4 8
(COSTA e CABRAL, 2019)
Dessa forma, ao utilizar o CAA é possível reduzir os custos de execução da estrutura,
devido a não utilização de equipamentos como vibradores ou aquisição de ferramentas
como pás e desempenadeiras. Já com relação ao custo do material, fornecido pela
concreteira, o CAA apresentou valor 10,7% maior que o CCB, R$ 310,00 e R$ 280,00,
respectivamente, para uma resistência de 35MPa. Portanto, segundo os autores, o
quantitativo de custo total para ambos os tipos de concreto foi 1,95% mais caro para
execuções com CAA, conforme descrito na Tabela 7.
Tabela 7 – Custos de execução por m³ (fck = 30MPa)
Tipo de concreto Custo do concreto (R$/m3) Custo da mão de obra (R$/m3) Custo total (R$/m3)
CAA 310,00 2,97 312,97
CCV 280,00 7,60 287,60
(COSTA e CABRAL, 2019)
Já em estudo elaborado por Serra (2015), o valor da RUP para concretagem em CCB foi
em média 132,43% maior que para o CAA, ao considerar-se apenas o tempo de
lançamento do concreto (tempo líquido de execução). Ademais, o autor apresentou custo
unitário do material para o CAA 18,75% superior ao CCB. Nesse sentido, é possível
observar que o maior valor de sistemas construtivos em Concreto Autoadensável se
constitui, sobretudo, no custo do concreto usinado, que em sua grande maioria apresenta-
se como superior ao CCB.
3 Metodologia
Este artigo constitui-se como estudo de caso de edifício localizado na cidade de Goiânia,
conforme a Figura 4, em que para a execução da sua estrutura utilizou-se incialmente o
CCB e, posteriormente, o CAA. O volume total de concreto do edifício é de 7.578 m³, dos
quais 1.959 m³ foram executados em CCB, enquanto 5.619 m³ em CAA.

Figura 4 – Localização do Edifício (Google Earth)

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O empreendimento apresenta área total construída de 22.880,88 m², composto por 40
pavimentos, sendo um subsolo, um térreo, quatro pavimentos de garagem, um pavimento
de mezanino lazer, vinte pavimentos tipos 1 (1º ao 20º), dez pavimentos Tipo 2 (21º ao
30º), uma cobertura duplex (31º e 32º) e cobertura, além de reservatório. Devido às
especificidades arquitetônicas dos pavimentos tipos, há variações no quantitativo de
concreto entre lajes, conforme Tabela 8, a qual apresenta o volume de projeto. O CCB foi
utilizado nos 6 andares iniciais (Térreo, Garagens 1, 2, 3 e 4 e Lazer). As execuções dos
demais pavimentos ocorreram em CAA.
Tabela 8 – Volumes de concreto por pavimento do edifício
Volume
Pavimento
(m³)
Térreo 387,65
G1 338,26
G2 329,64
G3 281,32
G4 249,55
Lazer 307,07
1º Pavimento Tipo 226,23
2º ao 20º Pavimento Tipo 163,41
21º Pavimento Tipo 168,62
22º ao 30º Pavimento Tipo 120,11
Duplex Inferior 120,85
Duplex Superior 143,50
Cobertura e Máquinas 101,25
A estrutura é composta por laje maciça protendida, com resistência à compressão (fck)
prevista em projeto de 45 MPa e módulo de elasticidade (E) de 34 GPa. A figura 5
apresenta a estrutura do empreendimento em andamento.

Figura 5 – Edifício em construção em Março de 2021


As Figuras 6 e 7 ilustram as aplicações do CCB e do CAA realizadas em diferentes fases
construtivas do empreendimento.

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Para a análise dos dados, foram utilizados os 6 pavimentos executados em CCB e todos
os pavimentos em CAA que apresentaram até 4 lotes com espalhamento inferior a 550
milímetros, valor mínimo estabelecido pela ABNT NBR 15823-1 (2017) para CAA,
totalizando 13 pavimentos. Para todas as concretagens em CCB utilizou-se bomba para
lançamento do concreto. Todavia, para o CAA, as concretagens de pilares foram
realizadas com auxílio de grua e caçamba, técnica que despende tempo de execução
consideravelmente superior. Objetivando tornar a comparação de tempo de concretagem
mais robusta e justa, retirou-se da análise as concretagens de pilares para ambos os
concretos. Portanto, considerou-se todas as concretagens de lajes e vigas, sempre
executadas por bombeamento, como escopo de análise deste trabalho, para CAA e CCB.
Já para análise técnica, foram relizados 3 tipos de ensaios do controle tecnológico da
obra: consistência (abatimento para o CCB e espalhamento para o CAA), resistência à
compressão e módulo de elasticidade. No que se refere ao comparativo de resistência à
compressão, utilizou-se o programa Statistica 7 para uma análise estatística de variância
dos resultados dos corpos de prova para as idades de 3, 7 e 28 dias, adotando-se
intervalo de confiança de 95%. Tal intervalo permite analisar a eficácia de que a cada 100
empreendimentos executados nas mesmas condições propostas para este estudo de
caso, 95 teriam resultados com as mesmas conclusões. Para a análise de custos, foram
utilizados os itens descritos na Tabela 9.
Tabela 9 – Componentes de Custos de Concretagem
Componente de custo
Mão de Obra (Própria e Terceirizada)
Materiais
Equipamentos
Ensaios para Controle Tecnológico

Com relação ao material (concreto usinado), utilizou-se os valores atualizados (R$/m³),


pagos e disponibilizados pela construtora em agosto de 2021, assim como a carta traço
para cada concreto, fornecidas pela concreteira. Por meio dos dados levantados, foi
determinado o custo (R$/m³) de cada tipo de concreto. Na Tabela 10, tem-se os traços
unitários utilizados para ambos, em kg/kg.
Tabela 10 – Traço unitário dos concretos
Concreto Traço (cimento : areia : brita : a/c)
CCB 1,00 : 1,63 : 2,60 : 0,53
CAA 1,00 : 2,20 : 2,12 : 0,50

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Portanto, por meio das análises qualitativas e quantitativas, foi avaliada a viabilidade
técnica e econômica da substituição do CCB por CAA de uma mesma obra e em
contextos semelhantes.
4 Resultados e Discussão
Inicialmente, por meio da análise das cartas traço de ambos os concretos se observa que
o CAA possui um teor de argamassa superior ao CCB, iguais a 0,58 e 0,50,
respectivamente.
4.1 Consistência do concreto no estado fresco
Os ensaios de recebimento realizados foram ensaios de consistência (abatimento para o
CCB e espalhamento para o CAA). Na Tabela 11, apresenta-se a classe de consistência
medida.
Tabela 11 – Classificação da consistência dos concretos
CLASSE CAA CAA CCB CCB
S100 (%)
0 (Lotes)
0 (%)
100,0 (Lotes)
191
S220 15,2 36 0% 0
SF1 53,2 126 0% 0
SF2 31,6 75 0% 0
Observa-se na Tabela 11 que 15,2% dos lotes de CAA estão classificados com Classe
S220, medida pelo abatimento de tronco de cone. Esta redução de consistência foi
necessária devido à existência de vigas invertidas em toda periferia do empreendimento,
cujas execuções eram dificultadas em virtude da elevada fluidez do CAA.
4.2 Resistência à compressão
No que se refere à resistência à compressão, foram realizados ensaios nas idades de 3, 7
e 28 dias. Para análise dos resultados obtidos, foram estudadas duas variáveis: tipo de
concreto (CCB e CAA) e a idade de rompimento dos corpos de prova, em dias. Para que
fosse verificado se as variáveis realmente exerciam influência na resistência à
compressão, realizou-se uma análise estatística de variância (ANOVA), cujos resultados
são apresentados na Tabela 12.
Tabela 12 – Análise de variância (ANOVA) realizada com os dados de resistência à compressão
Fonte SQ GL MQ Fcal Ftab Resul-tado
Tipo de Concreto 16688 1 16688 38,1 3,846 Significativo
Idade (dias) 82846 2 41423 94,6 3,000 Significativo
Tipo de Concreto x Idade (dias) 2511 2 1255 2,87 3,000 Não significativo
Erro (resíduo) 943701 2155 438 - - -
Onde: SQ = soma dos quadrados; GL = Grau de liberdade; MQ = Média dos quadrados; F = parâmetro de Fischer para
o teste de significância dos efeitos; Resultado = resultado da análise, com a indicação se o efeito é significativo ou não.

Analisando o parâmetro de Fischer tabelado (Ftab) e o calculado (Fcal), é possível testar e


determinar a significância dos efeitos. Se o parâmetro de Fisher calculado for maior que o
tabelado, apresenta-se o resultado como significativo.
Com base na análise de variância, destaca-se que os efeitos individuais dos fatores
principais analisados: tipo de concreto e idade de rompimento dos corpos de prova são
estatisticamente significativos a um nível de confiança de 95%. Isto quer dizer que cada

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uma dessas variáveis independentes, tomadas isoladamente, exerce influência na
resistência à compressão.
Tomando como base a magnitude dos valores de Fcal, constata-se que o fator idade
exerce maior influência na resistência à compressão do que o fator tipo de concreto.
Analisando-se a influência do fator tipo de concreto, conclui-se que o CAA apresenta
resistência à compressão superior à do Concreto Convencional e apresenta um desvio
padrão também superior ao do CCB, relação apresentada na Figura 8.

Figura 8 – Resistência à compressão por tipo de concreto


Essa resistência superior do CAA também pode ser notada em todas as idades
analisadas (3, 7 e 28 dias), apresentado no gráfico da Figura 9.

Figura 9 – Resistência à compressão por tipo de concreto nas idades analisadas

4.3 Módulo de elasticidade


Para a análise do módulo de elasticidade, considerou-se um espaço amostral de 10
concretagens cujos resultados obtidos aos 28 dias são apresentados na Tabela 13.
Tabela 13 – Resultados de módulo de elasticidade aos 28 dias de idade
Tipo de Concreto Módulo de Elasticidade (GPa) Análise de Resultados
CAA 36,4 Conforme
CAA 27,4 Não conforme
CAA 27,4 Conforme
CAA 29,7 Não conforme
CAA 32,5 Não conforme
CAA 33,0 Não conforme
CAA 32,8 Não conforme
CAA 39,1 Conforme

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CAA 33,3 Não conforme
CAA 37,1 Conforme

Visto que o Módulo de Elasticidade especificado no projeto é 34 GPa, conclui-se que 40%
do espaço amostral tem resultados iguais ou superiores ao especificado, sendo assim,
conformes. Os resultados não conformes foram enviados para análise do projetista da
estrutura, conforme determina o plano de qualidade da empresa.
4.4 Comparativo de custos
Para a composição de custos, inicialmente efetuou-se comparativo de mão de obra, para
o qual coletou-se o dimensionamento das equipes executoras das concretagens. O
quantitativo de mão de obra foi fornecido pela construtora e apresenta-se na Tabela 14.
Tabela 14 – Quantitativo de mão de obra
CCB CAA
Função
MO Própria Terceiro MO Própria Terceiro
Estagiário 1 0 1 0
Encarregado 1 1 1 1
Mestre de Obras 1 0 1 0
Pedreiro 0 4 0 1
Ajudante 2 4 1 2
Parte do serviço de concretagem foi executado por equipe terceirizada, para a qual cada
funcionário foi contabilizado como componente assalariado de forma similar aos
colaborados da construtora de mesmo cargo e função (mão de obra própria). As fichas
salariais para cada uma das funções apresentadas, com encargos trabalhistas, foram
disponibilizadas pela construtora. Dessa forma, calculou-se o custo com mão de obra de
cada hora de concretagem para os concretos CCB e CAA, apresentado na Tabela 15.
Tabela 15 – Custo de mão de obra por hora de concretagem (R$/h)
Indicador CCB CAA
Custo MO (R$/h) 290,95 195,47
Complementarmente, calculou-se o tempo de cada concretagem e o respectivo volume de
concreto executado nesse tempo, conforme disposto na Tabela 16. Com essas
informações, calculou-se o custo médio com mão de obra gasto para a execução de cada
m³ de concreto CCB e CAA (R$/m³), conforme apresentado na Tabela 16.
Tabela 16 – Custo da mão de obra por tipo de concreto
Pavimento Tempo (h) Volume (m³) Custo MO (R$/m³)
T 9,63 232,00 12,08
G1 9,73 288,00 9,83
G2 9,42 291,00 9,41
CCB G3 8,58 236,00 10,58
G4 8,62 192,00 13,06
L 9,80 253,00 11,27
Média CCB 11,04
1º Tipo 7,83 208,00 7,36
4º Tipo 5,82 133,00 8,55
5º Tipo 4,62 128,00 7,05
CAA 6º Tipo 4,63 138,00 6,56
7º Tipo 4,88 135,00 7,07
8º Tipo 5,13 135,00 7,43
10º Tipo 5,13 140,00 7,17

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11º Tipo 5,85 149,00 7,67
12º Tipo 6,33 144,00 8,60
14º Tipo 6,40 146,00 8,57
15º Tipo 5,32 140,00 7,42
17º Tipo 4,98 151,00 6,45
30º Tipo 5,22 120,00 8,50
Média CAA 7,57
Dessa forma, obteve-se uma média de custo de mão de obra por metro cúbico de
concreto igual a R$11,04 para o CCB e R$7,57 para o CAA, evidenciando os menores
custos de mão de obra para o CAA. Na mesma linha, Costa e Cabral (2019) relatam que
estes valores refletem a melhor trabalhabilidade do CAA e ausências da necessidade de
vibração e facilidade de nivelamento, reduzindo a demanda por mão de obra.
Na Tabela 17 estão relacionados os valores de aquisição referentes aos equipamentos e
ferramentas empregados nas concretagens com ambos os tipos de concreto. Os custos
dispostos foram amortizados no volume total de concreto do empreendimento. Logo,
sendo 7.578 m³ o volume total realizado na estrutura, obteve-se valores relativos à
aquisição de equipamentos (R$/m³) de 0,60 R$/m³ e 0,16 R$/m³ para o CCB e CAA,
respectivamente.
Tabela 17- Custo de Aquisição dos Equipamentos
Equipamentos Custo Unitário (R$) CCB (unidade) CAA (unidade)
Vibrador 3.200,00 1 0
Pá 34,00 2 0
Nível a laser 1100,00 1 1
Régua de alumínio 51,00 2 1
Enxada 38,00 3 1
Total (R$/m³) - 0,60 0,16
Dessa forma, determinou-se ainda o comparativo de custo do concreto entre CCB e CAA,
obtido por meio da empresa responsável pelo fornecimento de concreto à obra. Os preços
apresentados pela concreteira em agosto de 2021 podem ser verificados na Tabela 18.
Tabela 18 – Custo dos Tipos de Concreto por Metro Cúbico em Agosto de 2021, Goiânia.
Item CCB (R$/m³) CAA (R$/m³)
Concreto 435,00 402,00
Bomba 32,90 32,90
Total 467,90 434,90
Nota-se menor custo (R$/m³) do CAA, apesar do maior teor de argamassa, se comparado
ao CCB e maior necessidade de aditivos, que geralmente aumentam o custo em virtude
do preço de mercado da areia e de aditivos superplatificantes de terceira geração.
Ademais, para composição do custo de execução da estrutura por metro cúbico de
concreto, é necessário incluir o valor correspondente aos ensaios de controle tecnológico
que é o mesmo para ambos os tipos de concreto e corresponde à R$ 12,50 por lote de
concreto, geralmente correspondendo a um volume solicitado de 8 m³. Portanto, o custo
unitário dos ensaios totaliza 1,56 R$/m³. Dessa forma, é possível obter os componentes
de custo de execução da estrutura (R$/m³), apresentado na Figura 10, e o custo global
(R$/m³) para cada tipo de concreto, apresentado na Figura 11. Observa-se, portanto, que
o custo global de concretagens em CAA é 7,67% inferior ao do CCB, correspondendo a
uma economia de 36,91 R$/m³ de concreto.

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Figura 10 – Componentes de custo (R$/m³)

Figura 11 – Custo global do concreto (R$/m³)


Sabendo-se que o volume total executado em CAA foi de 5.619 m³, a substituição do CCB
pelo CAA ocorrida no empreendimento proporcionou uma economia de R$ 207.397,29.
Por fim, obtidos os custos globais dos concretos (R$/m³) e as respectivas médias de
resistência à compressão, calculou-se a eficiência dos concretos, conforme apresentado
Figura 12.

Figura 12 – Eficiência dos concretos (R$/MPa)

4.5 Análise de produtividade


Para a análise de produtividade, determinou-se a Razão Unitária de Produção (RUP),
apresentada na Tabela 21.
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Tabela 21 – RUP Média para os tipos de concreto
Indicador de Produtividade CCB CAA
RUP Média (hh/m³) 0,53 0,31

Observa-se, assim, que execuções em CCB possuem valor médio de RUP 70,9%
superior ao apresentado pelo CAA. Portanto, considerando-se que quanto maior a Razão
Unitária de Produção, menos produtivo é o sistema analisado, os resultados evidenciam
que concretagens em CAA são notoriamente mais produtivas. O resultado apresentado
confirma padrões estabelecidos em estudos como Costa e Cabral (2019), que apresentou
uma razão até 164,17% maior para o CCB.
5 Conclusões
Considerando as particularidades do estudo de caso apresentado, no que tange a
arquitetura, tipologia, projeto estrutural, características mecânicas do concreto,
localização, logística de obra, preços de materiais, ferramentas e equipamentos de
Goiânia; pode-se tecer as seguintes conclusões.
Conclui-se da classificação de consistência dos concretos analisados que 100% do CCB
era de classe S100. Já para o CAA, 15% dos resultados apresentaram consistência
reduzida devido às complexidades estruturais, sendo, portanto, classificados em S220,
53% tiveram classe SF1 e 32% classe SF2.
Já, a respeito da resistência à compressão, a análise estatística deixa claro que há
diferença significativa em relação aos dois tipos de concreto e nas mesmas idades
analisadas (3 dias, 7 dias e 28 dias). Os valores de resistência à compressão do CAA são
superiores aos do CCB. Além disso, para o módulo de elasticidade aos 28 dias de idade,
foram apenas 10 concretagens analisadas, e destas, apenas 40% dos resultados estavam
conforme especificados em projeto.
Quanto a viabilidade econômica, o CAA proporcionou uma redução em 7,67% dos custos
em relação ao CCB considerando-se valores relativos à mão de obra, equipamentos,
material e controle tecnológico. A substituição do CCB pelo CAA gerou uma economia
para o empreendimento de R$ 207.397,29.
Conclui-se também que, os sistemas de concretagens realizados em CAA revelam-se
como mais produtivos. A RUP para execuções em CCB foi 70,9% superior à do CAA, e
retrata, portanto, a melhor trabalhabilidade e agilidade da execução do sistema estrutural
em CAA.
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comparativo entre o concreto autoadensável e o concreto convencional vibrado em
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de Graduação-Ciências Exatas e Tecnológicas-UNIT-SERGIPE, v. 1, 2013.
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2014.

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