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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA

CATARINA

CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA QUÍMICA

MARIELE CORREIA LUCRECIO

NATÁLIA CRISTINA RAMOS

RAYSSA ARENHART

ROBERTA ANDRADE FURTADO

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS – DECAIMENTO


RADIOATIVO

LAGES

DEZEMBRO, 2022
1. INTRODUÇÃO

As equações diferenciais ordinárias são equações que possuem derivadas de


uma variável dependente em relação a uma variável independente, elas possuem
classificações de acordo com a ordem de maior derivada presente na equação
(Medeiros e Oliveira).

A modelagem matemática é fundamental para o entendimento e análise de


problemas complexos, sendo representadas a partir de um modelo compartimental
que se traduz em um sistema de equações diferenciais ordinárias (Garcia et al,
2011).

As EDO´s elas são muito utilizadas em situações reais como nas áreas de
química, biologia, matemática, física (Garcia et al, 2011).

Tratando de aplicações importantes que relacionam EDO’s, podemos falar


sobre o decaimento radioativo. Um elemento radioativo se desintegra a uma taxa
temporal que é sua característica, o tempo que este elemento leva para sua
atividade ser reduzida pela metade, chama-se de meia vida. Muitos elementos
radioativos da natureza sofrem decaimentos sucessivos, até que o núcleo atinja uma
configuração energeticamente estável (Garcia et al,2011); (Loch,2016).

Segundo Garcia et al (2011), em cada decaimento, os núcleos emitem


radiações dos tipos alfa, beta e/ou gama e cada um deles é mais “organizado” que o
núcleo anterior. Essas sequências de núcleos são denominadas séries radioativas.

A taxa de decaimento pode ser representada por um modelo matemático que


possui uma descrição da seguinte forma:

A taxa na qual ocorre um processo de decaimento em um material radioativo


é proporcional ao número de núcleos radioativos presentes na amostra, isto é,
proporcional aqueles núcleos que ainda não decaíram. Se Q é a quantidade de
matéria radioativa presente em algum instante, a taxa de variação de Q é dada por

𝑑𝑄
=−𝜆𝑄
𝑑𝑡

Onde 𝜆 é chamada de constante de decaimento.


1.1. OBJETIVOS
Este trabalho tem objetivo de trazer métodos e cálculos que foram usados no
artigo para embasamento teórico e aprendizagem na determinação do decaimento
radioativo com auxilio de sistema de EDO´S.A abordagem dos cálculos numéricos,
complementam o estudo da matéria da graduação em Engenharia Química.

2. APLICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS NO CÁLCULO


DO DECAIMENTO RADIOATIVO
No artigo “Aplicação de Equações Diferenciais no Cálculo do Decaimento
Radioativo”, define-se como as equações diferenciais ordinárias são usadas no para
calcular o decaimento radioativo de elementos químicos.

A taxa na qual ocorre um processo de decaimento em um material radioativo


é proporcional ao número de núcleos radioativos presentes na amostra, isto é,
proporcional àqueles núcleos que ainda não decaíram. Se Q é a quantidade de
matéria radioativa presente em algum instante, a taxa de variação de Q é dada por
onde é chamada de constante de decaimento. O sinal negativo indica que a
quantidade do material radioativo Q é decrescente com a passagem do tempo.
Podemos resolver a equação acima pelo método do fator integrante e integrar de um
instante inicial t=0 até um instante t, obtendo:

Onde Q0 representa a quantidade de material radioativo que ainda não decaiu


em t = 0. O tempo necessário para que metade de um dado número de núcleos
radioativos se desintegre é chamado de meia-vida.
Substituindo

na equação inicial, obtém-se:


A partir da meia-vida podemos calcular a constante de decaimento
característica de cada elemento da cadeia de decaimento.

Tabela 1: Meia-vida e constante de desintegração para os 3 primeiros elementos da


cadeia do actínio.

Fonte: Garcia, 2011.

Como um exemplo de aplicação, a autora utiliza os dados dos 3 primeiros


elementos da cadeia do actínio de forma a obter um sistema linear de três equações
diferenciais de primeira ordem, sendo este o modelo matemático que descreve a
desintegração radioativa dos três primeiros elementos da série. O sistema a ser
resolvido é dado por:

Para a solução de sistemas do tipo proposto aplicamos as propriedades de


autovalores e autovetores da álgebra linear (LEON, 2008). A partir do polinômio
característico da matriz que descreve o sistema calcula-se as raízes, que são os
autovalores:
dados por λU = -3,0805 × 10-17, λT = -7,8268 × 10 -6, λP = -6,8642 × 10 -13. Para cada
autovalor, há um autovetor associado:

Assim, a solução geral do sistema proposto é a combinação linear dos três


vetores solução, e é escrita como:

A solução geral do sistema pode, ainda, ser escrita por funções individuais
que expõem a relação entre as constantes.

Conclui-se que se pode interpretar essas equações através da análise gráfica


que mostra o comportamento exponencial para o decaimento dos elementos da
série, onde observa-se que a partir da desintegração do 2º elemento sempre haverá
a contribuição, mesmo que muito pequena, da desintegração dos elementos
anteriores.

Gráfico 1: curva exponencial de decaimento.


Fonte: Garcia, 2011.

No artigo “Sistemas Rígidos Associados a Cadeia de Decaimento Radioativo”,


mostrase um outro caso de aplicação de EDO’s, dessa vez com o auxílio de
softwares.
Usou-se o método Radau II de 3 estágios e ordem 5 e método Rosenbrock de 4
estágios e ordem 3 na resolução de cadeias de decaimento radioativo. Os algoritmos
foram implementados no programa Fortran 90.
Como exemplo de aplicação, considerou-se a cadeia de decaimento natural
do Urânio238, que configura um problema rígido cuja taxa de rigidez, calculada pela
equação apresentada abaixo, é aproximadamente 0, 886 × 10 21 .
Definição: um sistema linear de EDO’s é rígido quando a taxa de rigidez, α, definida
pela equação abaixo, for muito grande (LAMBERT, 1991).

As taxas de transferência λi , i = 1, . . . , 14, que aparecem na Figura 1


(apresentada abaixo) são as constantes de decaimento de cada elemento e são
calculadas em função das suas meias-vidas. A Tabela 2 identifica cada
radionuclídeo da cadeia do 238
U de acordo com a modelagem proposta x 0 (t) = Ax(t)
e mostra os valores de suas meias-vidas e respectivas constantes de decaimento.

Figura 1: Cadeia de decaimento natural do Urânio-238.


Fonte: Kocher, 1981.

Tabela 2: meias-vidas e constantes de decaimento da série de decaimento natural


do 238U.

Fonte: Kocher, 1981.

Assim, a equação que descreve o seu comportamento pode ser


desconsiderada na resolução do sistema que modela o problema. Portanto,
considerou-se a matriz A dos coeficientes de dimensão 14, compreendendo os
elementos entre o 238
Ueo 210
Po. A solução numérica para o problema proposto foi
calculada considerando que no instante inicial t0 = 0 existe somente 104 unidades
238
de U e o inventário dos demais elementos da série é nulo. Ou seja, x1(0) = 10000
e xi(0) = 0, i = 2, . . . , 14.
Avaliou-se o desempenho dos métodos para 10 bilhões de dias a partir do
instante inicial e exigindo uma precisão pré-definida de 10 −4 .

Tabela 3: solução após 10 bilhões de dias para a série de decaimento natural do


238
U.

Fonte: Loch, 2016

3. Cadeia de Decaimento com Retirada de Elementos

Na utilização em áreas aplicadas, como agricultura, industrias ou então


medicina os radioisótopos normalmente são retirados das cadeias durante o
processo de decaimento radioativo. Por exemplo, utilizando o elemento Radonio-
222, um gás nobre utilizado para radioterapia e na composição de capsulas
destinadas ao tratamento do câncer, considerando ainda a cadeia de decaimento
natural do Uranio-238 e assumindo que 10% da quantidade de ²²²Rn é
continuamente emanada da amostra, obtemos a equação, sem extração:
Para o caso em que há extração contínua de 10 por cento da quantidade
existente de Radônio-222, a equação se modifica para:

As soluções foram encontradas pelos métodos Radau II e Rosenbrock e mais


uma vez se mostraram coerentes entre si.

Tabela 4 – Solução após 10 bilhões de dias para a série de descaimento


natural do Urânio-238 com extração continua do ²²²Rn.

Fonte: Loch, 2016

Comparando essas soluções encontradas com as soluções onde não há


extração de nenhum elemento, podemos notar alterações significativas no sistema
após a retirada do elemento, a figura a seguir apresenta a diferença entre a
quantidade remanescente de ²²²Rn em cada uma das amostras, destacando que a
diferença aumenta no início e se mantem constante após aproximadamente 10^9
dias.

Figura 5: Diferença entre a quantidade de ²²²Rn em cada um dos casos após


10 bilhões de dias
Fonte: Loch, 2016

Para recuperar numericamente o inventário inicial de cada elemento de uma


cadeia composta por n elementos conhecendo somente o ti, existindo uma
quantidade xi de um elemento i, precisamos incialmente calcular o inventário de
isótopos presentes na amostra nesse instante ti e a partir desses valores
retrocedemos ou evoluímos no tempo utilizando métodos numéricos A-estáveis. Este
cálculo inicial é realizado com base na seguinte equação (Loch et al., 2015):

Onde o autor comenta que o elemento pai (p), com meia-vida T1/2(p) e
constante de decaimento λp, decai a uma fração f para o elemento filho (d), que
possui meia-vida T1/2(d) e constante de decaimento λd. Np e Nd representam o
número de átomos do radionuclídeo pai e do radionuclídeo filho, respectivamente, e
as constantes de decaimento (λ) são calculadas em função das meias-vidas (T1/2).

Utilizando como exemplo o Tecnécio-99m, que é gerado a partir do


Molibdênio-99, apresentamos inicialmente uma associação entre as meias vidas dos
elementos e suas constantes de decaimento:

Tabela 6: Meias-vidas e constantes de decaimento da série de decaimento do


99Mo.
Fonte: Kocher, 1981

Formulamos entao o inventário de elementos para diferemntes valores de ti,


assumindo que no instante ti exista 1 unidade do Tecnécio-99m:

Tabela 7: Inventário dos elementos da cadeia do Molibdênio-99 para


diferentes valores de tj.

Fonte: Loch, 2016

E então calculamos numericamente, por meio dos métodos de Rosenbrock e


Radau II para cada um dos elementos da cadeia para a t = 0h, t = 10h e t = 130h,
onde foi possível reconstruir a partir de t=0 e estimar cada um deles para o tempo
futuro, como demonstra a tabela a seguir.

Tabela 8: Inventário da cadeia de decaimento do Molibdênio-99 para o caso


em que tj = 10h.
Fonte: Loch, 2016

Essa abordagem também pode ser utilizada para estimar a quantidade inicial
necessária de Molibdênio-99 para a retirada de uma determinada quantidade do
elemento de interessa, nesse caso, o Tecnécio-99m, além disso, também pode ser
utilizada em outras situações que envolvam cadeias de decaimento radioativo como
o escape de elementos radioativos em um ambiente controlado, onde por meio
desse método somos capazes de voltar no tempo e determinar o espaço de
apresenta a quantidade inicial de escape do elemento, como apresenta a simulação
feita pelo autor, podendo assim destacar a importância desse método para a área de
proteção radiológica.

Figura 9: Abordagem em situação de vazamento/contaminação radioativa.

Fonte: Loch, 2016


4. CONCLUSÃO

Portanto, concluímos que possuem técnicas adequadas para resolver as


Equações Diferenciais. A maioria de problemas matemáticos seguem um sistema
linear, estudam técnicas numéricas adequadas que solucionam as Equações
Diferenciais Ordinárias Rígidas. Não existe um conceito matemático único para
rigidez, entretanto sabe-se que a rigidez é intrínseca ao problema e surge sempre
que problemas são abordados. Os métodos utilizados para o decaimento radioativo
com rigidez é reconstruir um sistema de EDO 'S com dados passados dos elementos
na composição.
Os dois métodos utilizados obtiveram resultados eficientes, produziram
soluções sólidas dentro do cenário proposto de dois métodos no comparativo que
apresentou um desempenho semelhante para os problemas é o método de
Rosenbrock no artigo.  

5. REFERÊNCIAS

GARCIA, Kathlleen Borges et al. APLICAÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS NO


CÁLCULO DO DECAIMENTO RADIOATIVO. 2011. Disponível em:
https://www2.ufpel.edu.br/cic/2011/anais/pdf/CE/CE_00774.pdf. Acesso em: 18 dez.
2022.

LOCH, Guilherme Galina. Sistemas Rígidos Associados a Cadeias de


Decaimento Radioativo. 2016. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/45/45132/tde25082016-221140/publico/
Guilherme_Galina_Loch_Versao_Corrigida.pdf. Acesso em: 18 dez. 2022

MEDEIROS, Adriano A.; OLIVEIRA, Milton de L.. Equações Diferenciais


Ordinárias. Disponível em:
http://www.mat.ufpb.br/milton/disciplinas/edo/livro_edo.pdf. Acesso em: 18 dez.
2022.

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