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GOIÂNIA
2017
FERNANDA GOMES PESSOA
GOIÂNIA
2017
Fernanda Gomes Pessoa
Banca Examinadora:
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Quadro 2: Quantidade de Acidentes liquidados, por consequência, nos estados de Goiás, São
Paulo e Paraná ..........................................................................................................................23
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 08
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 10
3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 11
3.1. Engenharia de Segurança do Trabalho e Acidentes do Trabalho ..................................... 11
3.2 Os acidentes de trabalho nas Indústrias de Alimentos ...................................................... 14
3.3 Os órgãos oficiais no Brasil e as fontes de informação para a Segurança e saúde do
trabalho .................................................................................................................................... 15
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 18
4.1 Análises dos dados numéricos disponíveis Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho –
AEAT ...................................................................................................................................... 18
4.2 Análises dos dados numéricos disponíveis no Ministério do Trabalho ............................ 19
5. RESULTADOS .................................................................................................................. 20
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 29
7. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 30
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 31
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1. INTRODUÇÃO
Ainda é válido mencionar, que nesses setores de produção os agravos à saúde dos
colaboradores também acompanham os avanços tecnológicos 1 que envolvem os processos
produtivos, bem como o crescimento econômico do setor em discussão. Se há expansão, há o
aumento nas produções e nas contratações de trabalhadores. Se há aumento de funcionários
desenvolvendo as atividades, há a possibilidade do aumento de acidentes ocorridos no
ambiente de trabalho. Em 2013, as indústrias de alimentos assinalaram 39.472 acidentes que
tiveram o Comunicado de Acidente de Trabalho – CAT registrado. Já em 2014 o número
cresceu para 40.013 acidentes, enquanto que 2015 reduziram para 37.161. Ao todo, esses
números corresponderam a 6,3% do total de acidentes no país (MPS, 2015).
Esses números podem ser analisados, pois no Brasil, órgãos governamentais como
Ministério do Trabalho (MT) e Ministério da Previdência Social (MPS), coletam dados e
1
Deve-se tomar nota que apesar dos grandes avanços tecnológicos nessa área, as indústrias de alimentos ainda
utilizam processos com combinações de atividades automatizadas e atividades extremamente manuais. As
atividades manuais são excessivamente repetitivas, monótonas, realizadas em ritmos intensos, que também
contribuem significativamente para a incidência de doenças do trabalho e acidentes do trabalho (RODRIGUES E
SANTANA, 2010).
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divulgam, a partir de registros administrativos e por meio de seus sites oficiais, informações
sobre os acidentes de trabalho ocasionados em trabalhadores formais, que tiveram ou não o
Cadastro de Acidente de Trabalho – CAT registrado. Torna-se apropriado dizer que todos
esses registros disponibilizados pelos entes governamentais, estão longe de representar o
verdadeiro cenário analisado devido à existência de trabalhadores informais, que se tornam
obstáculos para uma avaliação mais fidedigna, mas que ainda assim são fontes importantes
para as pesquisas e para as elaborações de possíveis melhorias para a área em estudo.
Além dos dados numéricos há disponíveis, nos relatórios dos auditores fiscais do
trabalho, registros de variáveis que estão diretamente relacionadas aos acidentes, que são elas:
idade, nível de escolaridade (como já mencionado), tempo de experiência nas atividades,
capacitações inadequadas, entre outros. Contrapondo-se aos relatos documentais produzidos
pelos representantes técnicos das próprias empresas, que apontam a vítima como a culpada
pela ocorrência dos acidentes fatais ou graves. Tal conduta contribui para a perpetuação
desses procedimentos, levando o empregador a uma falsa realidade, resultando na omissão em
relação às melhorias voltadas a segurança e saúde do trabalhador (SAMPAIO, 2015).
Portanto, esses dados numéricos, disponíveis em diversas fontes, devem ser analisados
para a obtenção de uma visão mais completa e próxima à realidade, de forma a contribuir
como potencializadores na produção de novos conhecimentos para profissionais que atuam
nas áreas da Saúde Segurança do Trabalhador, bem como na elaboração de políticas publicas
por parte do governo (SALIM et al., 2012).
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2. OBJETIVOS
3. REVISÃO DE LITERATURA
A Segurança do trabalho tem como finalidade prevenir, por meio de ações e medidas
preventivas, as doenças ocupacionais e os acidentes que estejam relacionadas ao trabalho,
assegurando ao colaborador condições favoráveis para que se possa ter um bem estar não
apenas físico, mas social e mental. Essa visão de segurança do trabalho começou a criar forma
desde o século passado. Porém, é válido mencionar que inicialmente na Europa o interesse
principal não era exatamente a qualidade e a saúde do trabalhador, mas sim o bom
funcionamento dos processos e o crescimento nos rendimentos. As práticas de seleção de
pessoal começaram a ser praticadas com objetivo de escolher profissionais que, em tese,
fossem menos propensos a se envolverem em acidentes e a contraírem doenças. O controle da
saúde era realizado a fim de evitar ocorrências de afastamentos que prejudicassem nos
andamentos dos resultados/metas (SELIGMANN SILVA et al., 2010).
Com o passar do tempo, a saúde do trabalhador passou a ser vista como algo
importante não só para o bom funcionamento dos processos, mas também como um fator que
agrega, além das questões financeiras, as questões humanas e sociais. No Brasil, a
conscientização dessa visão resultou em conquistas que ampararam os trabalhadores
legalmente. Em 1919 surgiu o Decreto Legislativo nº 3.724, que regulava as obrigações
resultantes dos acidentes do trabalho. O mesmo já apresentava a definição de acidente de
trabalho e as obrigações por parte do empregador em fornecer indenizações aos trabalhadores
ou, em caso de morte, aos seus herdeiros, prestar socorro e informar, através de comunicados,
as autoridades policiais sobre o ocorrido (BRASIL, 1919).
No Brasil são observadas empresas que não expedem a CAT visando encobrir a
ocorrência do acidente de trabalho. Nessas situações, a perícia médica do INSS considerará
caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo
14
Para modificar esse cenário, a prevenção aos acidentes de trabalho é dever legal das
empresas, que são responsáveis pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de
proteção e segurança da saúde do colaborador. Portanto, cabe ao empregador fornecer
equipamentos de proteção, sejam eles coletivos ou individuais, para assegurar a proteção do
trabalhador. Faz-se obrigatória também a formação da Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes – CIPA nas indústrias, que tem como função observar e relatar as condições de
risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas que possam eliminar ou reduzir os riscos
existentes (AMADO, 2016).
Dessa forma, deve-se frisar a importância não apenas da qualidade dos alimentos
produzidos, mas também do conforto e segurança do ambiente de trabalho para a execução
das atividades. A empresa que atende as necessidades relacionadas ao bem-estar dos seus
trabalhadores altera positivamente em diversos fatores fundamentais em meio ao mercado
competitivo, que são: redução dos custos operacionais contabilizados pelos transtornos
causados (como os acidentes), aumento da produtividade (associada à satisfação e segurança
do trabalhador), maior lucro, e a qualidade dos produtos (CASTRO E OKAWA, 2016).
geral, essas estatísticas são criadas com objetivo indireto de fiscalizar programas ou políticas
do governo e não meramente de apresentar dados quantitativos (VERAS et al., 2012).
Parte das estatísticas fornecidas pela Previdência Social é resultante dos registros
obtidos pela Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT), que corresponde a um
documento emitido para reconhecer um acidente, seja ele de trabalho, de trajeto ou uma
doença ocupacional. A empresa é legalmente obrigada informar a Previdência Social, através
da CAT, todos os acidentes de trabalho, mesmo que não haja afastamentos das atividades até
o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Essa obrigatoriedade foi instituída por lei em
1967 e atualmente a empresa que não cumpri-la, dentro do prazo legal, estará sujeita ao
recebimento de multa administrativa (PEREIRA, 2012).
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Assim sendo, para cada índice analisado, foi feito o somatório de todos os acidentes de
trabalho registrados, inclusos na divisão 10, “Fabricação de Produtos Alimentícios”, da
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, com exceção aos setores
responsáveis pela fabricação de bebidas (MPS, 2015).
Com base nessas informações, os dados foram agrupados considerando o número total
anual de ocorrências. Na sequência foi realizado um balanço com o intuito de verificar os
alcances das fiscalizações oficiais nos setores em discussão e as atuações dos auditores fiscais
do trabalho, por meio das notificações.
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. 5. RESULTADOS
Quadro 1: Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo, nas regiões, estados e no
Brasil que tiveram CAT registrado.
Sudeste 14.594 14.235 12.889 1.739 1.879 1.711 300 343 260 47.950
Sul 8.789 9.482 9.255 1.040 1.206 1.143 757 896 624 33.192
Centro –
5.194 4.904 4.705 598 497 521 133 178 131 16.861
Oeste
Brasil 33.997 34.019 31.943 4.171 4.448 4.093 1.304 1.546 1.125 116.646
São Paulo 9.776 9.359 8.462 1.157 1.216 1.108 230 231 183 31.722
Paraná 3.963 4.064 4.037 453 508 525 199 410 279 14.438
Tais informações estão em consonância com Soares (2013), o qual constatou que as
ocorrências dos acidentes de trabalho podem ser influenciadas pelo crescimento do setor, que
por sua vez está relacionada à ascensão das vendas dos produtos e diretamente aumentam as
ofertas de empregos. Tal fato tem-se como consequência a criação de uma pressão interna no
ambiente de trabalho para o cumprimento de metas e obtenção de elevadas produções.
Em outra análise, voltada para a discrepância dos números de acidentes em relação aos
motivos, verifica-se que os acidentes definidos como típicos - aqueles decorrentes da
característica da atividade profissional desempenhada - apresentam predominância nas
quantidades, devido à perceptibilidade da lesão que possibilita o estabelecimento do nexo
causal. Ao contrário das doenças de trabalho - produzidas ou desencadeadas pelo exercício do
trabalho peculiar a determinado ramo de atividade, conforme disposto no Anexo II do
Regulamento da Previdência Social - que apresentam complexidade para vincular a doença
adquirida com a ocupação exercida pelo funcionário (VASCONCELOS et al, 2009, apud
TEIXEIRA E FRETAS, 2005).
Em relação às consequências dos acidentes nos estados de São Paulo, Goiás e Paraná,
observa-se a predominância dos afastamentos inferiores a 15 dias (Quadro 3). Quanto aos
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óbitos, no estado de São Paulo, do total de 116 mortes ocorridas no período de 2013 a 2015,
63 pessoas (54%) vieram a óbito executando as suas atividades na fabricação de açúcar bruto.
Já no Estado de Goiás, aproximadamente 34% dos trabalhadores que faleceram, desenvolviam
suas atividades nos setores de abate e fabricação de produtos cárneos, e aproximadamente 38%
nos setores de produção de açúcar bruto. No estado do Paraná a predominância se deu no
setor de abate e fabricação de produtos cárneos (29%).
Quadro 2: Quantidade de Acidentes liquidados, por consequência, nos estados de Goiás, São Paulo e Paraná
Estado
Assistência
718 794 764 2.381 2.489 2.425 610 823 973
Médica
Menos de 15 dias 1.047 936 1.170 6.612 6.347 6.491 3.110 3.190 3.550
Mais de 15 dias 651 371 207 4.030 2.247 1.023 2.317 1.310 583
Incapacidade
21 23 11 170 171 113 150 132 97
Permanente
Óbito 07 05 06 52 25 39 19 16 17
Total 2.444 2.129 2.158 13.245 11.279 10.091 6.206 5.471 5.220
Fonte: Anuário de Estatística de Acidente do Trabalho (MPS).
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Parâmetro, com variação de 1 a 4, utilizado para mensurar o risco de cada atividade. A medida é realizada
considerando o ramo da atividade da empresa conforme o seu enquadramento no CNAE.
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Tornou-se perceptível que os setores de maiores atuações nas regiões, são as que exercem
grandes influências nas quantidades de acidentes. O estado de São Paulo, por exemplo, é um
dos maiores produtores de cana de açúcar no país, que tem a destinação final para a produção
de açúcar e álcool, assim, os números de acidentes e as consequências mais graves são
resultados de tais atividades. Se as regiões oferecem condições para o desenvolvimento de
determinadas áreas, logo se verifica a predominância de empregos ofertados em determinados
setores que, por sua vez, estão relacionados aos números significativos de acidentes de
trabalho (ABREU et al., 2011).
Ainda é válido expor nesse estudo, além das analises das quantidades de acidentes do
trabalho e as influências de determinados setores nesses resultados, as possíveis causas
responsáveis pelas ocorrências desses acidentes. Em outros trabalhos já desenvolvidos, foram
relacionados os seguintes motivos que justificassem tais eventualidades, que são eles: jornada
de trabalho excessiva, ritmo de trabalho intenso, fadiga, monotonia, trabalho físico excessivo,
exposição à elevada umidade, exposição ao calor ou a baixas temperaturas, alimentação
fornecida inadequada, transporte inseguro, desvalorização financeira, descontentamento,
estresse, ansiedade e desgastes emocionais, físicos e psicológicos (que são acarretados em
atividades que exigem muita atenção em relação à qualidade final do produto - realidade das
indústrias de alimentos) (ABREL et al., 2011; BARZOTO, 2013; RODRIGUES E
SANTANA, 2010).
Veivanco (2014) também apontou em sua pesquisa que as condições inseguras (piso
escorregadio, armazenamento inadequado), bem como os atos inseguros (não utilização do
EPI, descumprimento de procedimento de trabalho, transitar em locais proibidos) e os fatores
de segurança (distração) foram averiguadas e tidas como responsáveis, em conjuntos ou não,
dos acidentes de trabalho registrados em uma determinada unidade de abate de aves.
Quadro 3: Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo, nos estados de Goiás,
São Paulo e Paraná sem CAT Registrado.
Deve-se considerar que por tempos a não comunicação do acidente ao INSS através do
CAT, se deu pelo desconhecimento da obrigatoriedade exigida por lei e pelas manobras
realizadas pelo empregador. Pois, empresas que mantém baixos índices de acidentes do
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Portanto, o fator positivo dessa análise é observar que o empregador pode ter
verificado a importância em registrar o CAT ou obteve maior conhecimento e facilidade em
registra-lo. No outro lado, o empregado também passou a ter conhecimentos dos seus direitos
e benefícios (auxílio acidente, aposentadoria por invalidez, entre outros), bem como maior
acesso as informações e tecnologias, registrando o comunicado quando o empregador se torna
omisso. No entanto, deve-se considerar também que a ocorrência de acidentes sem CAT
registrado pode ser reflexos de falhas que vão desde a facilidade de se realizar práticas ilegais,
devido às reduzidas fiscalizações, até as penalidades disponíveis a serem aplicadas, que não
apresentam o mesmo nível de complexidade e importância entre itens dispostos nas próprias
regulamentações. Santos (2012) aduz que em muitas situações o descumprimento das normas
relacionadas à Segurança e saúde do trabalhador, com impacto importante para a vida do
colaborador, é sancionado com multas de valor pecuniário igual ou menor que o de autuações
por situações menos graves. Sendo assim, ainda há situações em que o empregador realiza
apenas uma análise do cenário, da qual realizar o pagamento consequente de uma infração
grave, que causa risco considerável ao trabalhador, se torna mais conveniente e de menor
custo do que modificar a gestão e estrutura para se adequar as conformidades.
3
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou em 2016 a retirada dos acidentes de trajeto do
cálculo do FAP, medida entra em vigor a partir de 2018 (MPS, 2016).
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São Paulo, regiões escolhidas para o presente estudo, há o total de 67, 113 e 395 auditores
fiscais respectivamente. A ABIA apresentou na sua coletiva de imprensa, em fevereiro de
2017, (informação disponível no site da Associação), que em 2016 havia registrado 32,5 mil
indústrias de alimentos e bebidas e que o setor foi considerado o maior empregador, com 1,6
milhões de funcionários.
Quadro45: Total de Inspeções realizadas em Segurança e Saúde do Trabalho no Brasil nos anos de 2013
a 2016.
6. CONCLUSÃO
Conclui-se por fim que o objetivo principal deste estudo foi alcançado, uma vez que
foi possível avaliar as ocorrências dos acidentes do trabalho no setor alimentício, bem como
as suas consequências, associando os possíveis fatores que contribuíram para a ocorrência
desse cenário.
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7. RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
p. 22 a 76.