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RELATÓRIO

TÉCNICO

Estudo preliminar sobre condições de


trabalho e repercussões na saúde do
Trabalhador em ambiente de frigorífico

Cristiane Maria Galvão Barbosa


(coordenadora)
André Luis Santiago Maia
MINISTÉRIO DO TRABALHO
MINISTÉRIO DO TRABALHO
José Radan de Oliveira

MINISTÉRIO
DO TRABALHO MINISTÉRIO
DO TRABALHO

São Paulo
MINISTÉRIO
M INISTÉRIO
DOO
D TRABALHO
TRAE BEMPREGO
ALHO

MINISTÉRIO DO TRABALHO

2022
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MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

ESTUDO PRELIMINAR SOBRE CONDIÇÕES DE TRABALHO E REPERCUSSÕES NA SAÚDE DO


TRABALHADOR EM AMBIENTE DE FRIGORÍFICO

Equipe do Projeto
Cristiane Maria Galvão Barbosa
(coordenadora)
André Luis Santiago Maia José
Radan de Oliveira Santos
Resumo:
O setor de abate-produção-de-carnes é de grande importância na economia nacional.
Desta forma tem-se visto uma crescente aceleração das atividades da indústria
frigorífica no Brasil, com consequente inserção de uma grande parcela de trabalhadores
neste processo.
Este projeto objetivou realizar um estudo preliminar sobre os riscos presentes no
processo de trabalho em frigoríficos e os principais agravos à saúde dos trabalhadores
do setor.
Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema e análise de dados sobre
benefícios previdenciários/acidentários no setor frigorífico no Brasil.
Os resultados deste estudo mostraram que o processo/condições de trabalho na indústria
frigorífica impõem a seus trabalhadores exposição a riscos de diversas naturezas e
complexidade, que se associam direta e/ou indiretamente com o perfil de adoecimento
desta população.
Espera-se que o presente relatório possa contribuir como subsídio técnico para novos e
estudos, bem como para implantação e/ou implementação de políticas públicas voltadas
para controle e prevenção de riscos ocupacionais na indústria frigorífica, visando a
melhoria dos ambientes e condições de trabalho, o que contribuirá na promoção da
saúde dos trabalhadores do setor.

Palavras-chave: Riscos no trabalho em frigorífico; agravos a saúde dos trabalhadores


de frigoríficos; mecanismos fisiopatológicos; dados previdenciários.

1. INTRODUÇÃO

A indústria frigorífica no Brasil compreende o abate e fabricação de produtos de carne,


classificada pelo Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE) 10.1 e a indústria
de preservação do pescado e fabricação dos produtos de pescado, CNAE 10.2.
No presente documento, a referência a indústria frigorífica diz respeito a indústria de
abate e fabricação de carnes, CNAE 10.1.
O setor de exportação de carnes no Brasil(em especial bovino, suíno e de frango) vem
crescendo progressivamente, de forma que em 2021 ultrapassou todos os demais setores
do agronegócio, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Brasil-MAPA/AGROSTAT, 2021), como pode ser verificado na Figura A.

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Figura A – Exportação brasileira do agronegócio por setor, 2021.

Fonte: AGROSTAT – MAPA, setembro/2021.


 
Em relação a produção de carnes, dados referentes ao ano de 2019 mostram que o Brasil
ocupa mundialmente o segundo lugar na produção de carne bovina, terceiro na
produção de frango e quarto na produção de suínos (Agrosaber, 2021). A produção
nacional destes produtos abastece o mercado interno e externo.
Em relação à exportação, ainda em 2019, o Brasil ocupou a liderança na exportação de
carne bovina e frango e a quarta posição na exportação de carne suína (Agrosaber, 2021,
Gringo, 2020), sendo a China o principal mercado exportador.
Estes dados mostram o quanto aquecido e importante é o setor de abate e produção de
carnes na economia nacional. Os investimentos tecnológicos no setor são crescentes
visando o aumento da produtividade e melhoria da qualidade dos produtos, a fim de
torná-los cada vez mais competitivos (Marra, 2019).
Diante deste cenário, tem-se visto uma crescente aceleração das atividades da indústria
frigorífica no Brasil, com consequente inserção de uma grande parcela de trabalhadores
neste processo.
Não podemos deixar de mencionar que em 2020 fomos surpreendidos pela pandemia do
novo coronavírus (Covid-19), o que tem impactado os setores da economia como um
todo e o setor de produção de proteína animal, particularmente.
No caso específico de abate e produção de carnes, verificou-se uma alta incidência da
Covid-19 nos trabalhadores do setor no mundo inteiro e em particular no Brasil
(Coronavirus, 2020; Grandin 2021; Ursachi, et al 2021), sendo os frigoríficos
considerados um ambiente propício a proliferação da doença por diversos fatores,
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associados tanto a alta transmissibilidade do vírus como às características do modelo de
produção: necessidade de proximidade entre os trabalhadores na linha produtiva,
ventilação inadequada, ambiente frio, umidade, entre outros (Greenhalgh, et al 2021;
Coronavírus, 2020).
Com a pandemia, o consumo interno de carne no Brasil vem sofrendo desaceleração,
principalmente em relação à carne bovina. Por outro lado, no que se refere às
exportações, o cenário até o momento tem sido positivo, se verificando um aquecimento
da demanda global na cadeia de alimentos (Bateleur, 2020).
O cenário a se desenvolver na indústria de processamento de carnes, a partir desta
pandemia ainda não está definido, porém algumas questões já estão evidentes. Segundo
o “Relatório sobre Impactos da COVID 19 e Perspectivas”, o período pós-Covid-19
trará desafios imensos para a reorganização global no sentido de uma maior preservação
da saúde das pessoas e a qualidade, sanidade e sustentabilidade socioambiental dos
alimentos (Bateleur, 2020).
O trabalho em frigoríficos, de uma forma geral, expõe os trabalhadores a uma série de
riscos ocupacionais. Estes riscos compreendem, além do risco de acidentes de trabalho
típico (disposição do ambiente, máquinas e equipamentos utilizados), outros de natureza
diversa: físicos(frio, calor, ruído, umidade), biológicos(bactérias, vírus, etc.), químicos
(amônia, produtos sanitizantes e outros), ergonômicos, da organização de trabalho e
psicossociais (posturais, esforço físico, trabalho em ritmo acelerado, trabalho em turno,
pressão, estresse, entre outros).
Oliveira et al, 2014, aponta que na indústria frigorífica de aves, aliado ao modelo de
produção, tem-se o trabalho permanente em ambiente frio, ruído elevado, exposição a
umidade e riscos biológicos.
Para Marra et al, 2019, a complexidade de riscos presentes na indústria frigorífica pode
desencadear problemas de saúde de natureza física e mental nos trabalhadores do setor.
Algumas destas questões têm sido bastante estudadas na indústria frigorífica, como por
exemplo, exposição a riscos ergonômicos e psicossociais e ocorrência de doenças
osteomusculares e transtornos mentais entre trabalhadores de frigoríficos, além dos
acidentes de trabalho típicos (Tirloni, et al201, 9; Dalmagro et al, 2016; Guilhard, et al,
2017; Rodrigues et al, 2019; Cartwright et al, 2012).

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Por outro lado, estudos sobre exposição a riscos biológicos, frio e suas repercussões na
saúde do trabalhador, bem como sobre os possíveis efeitos sinérgicos causados pela
associação de riscos nestes ambientes são ainda escassos.
Diante deste contexto, este projeto teve como objetivo realizar um estudo preliminar
sobre os riscos presentes no processo de trabalho em frigoríficos, os principais agravos à
saúde dos trabalhadores e possíveis mecanismos fisiopatológicos associados.
Para tal, será realizado uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e será avaliado os dados
sobre benefícios previdenciários/acidentários no setor, no sentido de se obter um
diagnóstico situacional.
Além disto, também foi feita uma análise da viabilidade de desenvolvimento de uma
pesquisa de campo para avaliação in loco das condições de trabalho e exposição a riscos
dos trabalhadores de frigoríficos, como complementação deste projeto.
O presente relatório compreende os resultados deste estudo.
Acreditamos que este material pode servir como embasamento técnico para realização
de novos estudos sobre o tema, bem como para a implementação de ações preventivas
visando o controle de riscos ocupacionais e agravos a saúde dos trabalhadores na
indústria frigorífica.

2. METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os riscos ocupacionais presentes no


ambiente de trabalho da indústria frigorífica e as possíveis repercussões na saúde do
trabalhador, utilizando, inicialmente, a indústria frigorífica de frango (CNAE 10.12-
1/01) como referência, podendo posteriormente ser ampliado para outros setores do
ramo frigorífico.
Os passos para execução desta pesquisa foram:
– Descrição do processo de trabalho na indústria frigorífica de frango, apontando
paralelamente os riscos ocupacionais presentes em cada etapa do trabalho.
– Apresentação dos aspectos relativos à exposição a riscos ocupacionais e suas
repercussões na saúde do trabalhador de frigoríficos.

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Esta etapa se baseou em levantamento bibliográfico nas bases de indexação Scielo e
Pubmed, utilizando-se as palavras chaves Riscos Ocupacionais; Doenças Profissionais;
Frigoríficos/Abate de frango. Foram priorizados artigos e estudos realizados nos
últimos dez anos.
– Identificação de programas gratuitos de gerenciamento de referência bibliográfica para
seleção de um a ser usado no projeto. Por questões operacionais não foi utilizado
nenhum gerenciador de referência neste estudo.
– Análise dos benefícios previdenciários e acidentários por grupo de Classificação
Internacional de Doenças (CIDs) na indústria frigorífica. O período estudado foi de
2012 até 2019. Aspectos específicos da metodologia utilizada para apresentação destes
dados serão descritos na Seção Resultados.
Os dois servidores que compõem a equipe técnica do projeto participaram de todas as
etapas do projeto. O estagiário participou da etapa de identificação e apresentação de
programas gratuitos de gerenciamento de referência bibliográfica.

3. RESULTADOS PRELIMINARES

1. O processo de trabalho em frigoríficos e exposição a riscos ocupacionais: O


exemplo da indústria frigorífica de frango

As condições de trabalho nos ambientes frigoríficos são bastantes adversas para a saúde
dos trabalhadores, devido aos diversos riscos presentes em cada etapa do processo
produtivo, como será visto a seguir.
Apesar dos avanços decorrentes da elaboração em 2013, da NR 36 (Norma
Regulamentadora 36) que estabeleceu requisitos mínimos de segurança e saúde para os
trabalhadores de frigoríficos, o que se tem visto nestas empresas é uma crescente
preocupação com o aumento da produtividade, não sendo observado a mesma atenção à
saúde e segurança do trabalhador. Embora seja exigido desse setor tecnologias e
práticas cada vez mais aperfeiçoadas e voltadas para o bem-estar animal, exigência
fundamental para se manter competitivo no mercado de alimentos, a questão da saúde e
bem esta dos trabalhadores não tem tido a mesma relevância.

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Assim ao mesmo tempo em que se vê uma crescente expansão da indústria frigorífica
no Brasil, há uma escassez de políticas públicas efetivas que levem a melhoria das
condições de trabalho e de saúde dos trabalhadores deste setor.
Vale citar que o processo de trabalho nas indústrias frigoríficas, quer seja de frango,
porco, boi, ou outro animal, segue de um modo geral um fluxo semelhante que vai do
abate até a finalização dos produtos a serem comercializados, sendo que, entretanto,
existem especificidades conforme o tipo de animal que é processado. A seguir será
descrito, de forma resumida, o exemplo do processo de trabalho em frigoríficos de
frango.
É importante ainda frisar que mesmo as unidades frigoríficas do mesmo tipo de animal
são diferentes entre si, porém o processo produtivo segue etapas comuns e que serão
descritas abaixo.
À medida que as etapas vão sendo descritas, os possíveis riscos à saúde dos
trabalhadores presentes em cada etapa/atividade vão sendo relatados.

1.1. Descrição do Processo Produtivo da Indústria Frigorífica de Aves


O processo de trabalho em frigoríficos de frangos se divide entre as áreas suja e limpa,
tendo cada uma destas áreas seus respectivos setores. Esta divisão é de fundamental
importância no que diz respeito a questões sanitárias, uma vez que a contaminação
bacteriana das aves na área suja deve ser interrompida e/ou minimizada na área limpa
(Benevides, 2015).
Para se ter uma ideia, os trabalhadores da área suja só devem transitar na área limpa se
efetuarem a troca de uniforme ou passarem por higienização, a fim de reduzir a
transmissão de agentes biológico às carcaças (Benevides, 2015). Este procedimento
além de comprovar, por si só a existência de risco biológico nestes setores, deixa
evidente o cuidado para evitar a contaminação dos produtos, o que, no entanto, não é
verificado em relação a saúde dos trabalhadores.

I. ÁREA SUJA
a) Recepção
O processo de trabalho no frigorífico de frango se inicia com a etapa de Recepção das
Aves, que compreende as atividades relativas à chegada dos caminhões com os animais,
o desembarque e a pendura das aves.

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Os animais chegam em caminhões que são estacionados com os frangos vivos,
dispostos em gaiolas, caixas ou módulos, na área externa do frigorífico.
Daí segue-se os trâmites legais para conferência/pesagem da carga (Portaria nº. 210,
1998, Araújo, 2012).
Depois, os caminhões seguem para os “galpões de espera”, onde ocorre o desembarque
da carga.
A atividade de desembarque é feita manualmente pelos trabalhadores, e exige do
trabalhador grande esforço físico e posturas incômodas, devido ao levantamento de peso
(descarregamento de carga) e intensa utilização dos membros superiores e ombros
(Barzotto, 2013).
Os trabalhadores também se expõem a riscos biológicos, devido ao contato com fezes e
outras secreções das aves e pela presença de poeiras orgânicas.

Foto 1 – Descarga das aves. In: Barzotto, 2013.

No setor de pendura, as caixas vão sendo abertas e as aves retiradas manualmente e


penduradas pelas pernas em um suporte (tipo gancho) ligado a um trilho aéreo móvel,
denominado “nória”. As aves saudáveis vão sendo retiradas manualmente e penduradas
nas nórias. As aves mortas vão sendo retiradas pelos trabalhadores (riscos biológicos) e
se for o caso, destinadas à fábrica de subprodutos, como por exemplo, produção de
ração animal.

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Foto 2 – Esteira de Pendura. In: Ribeiro 2017

A Pendura envolve um número bastante grande de trabalhadores e exige destes força


física (levantamento de peso), posturas incomodas (elevação dos membros superiores),
movimentos firmes com os membros superiores, além de destreza, pois a nória funciona
em movimento contínuo e o trabalho é realizado em plataforma e em pé (Barzotto,
2013, Pinto et al, 2015). O setor de pendura finaliza as atividades realizadas na etapa da
Recepção.

Resumidamente, na etapa de Recepção verifica-se a presença dos seguintes riscos para


os trabalhadores: físicos (ruído, temperatura elevada, umidade); químicos (poeiras
inorgânicas, produtos sanitizantes); biológicos (fezes e outras secreções, penas de
animais, contato com animais mortos, água de limpeza, poeira orgânica); ergonômicos e
psicossociais (ritmo de trabalho intenso, fadiga, posturas incomodas, trabalho físico
pesado e repetitivo, estresse). Além de risco de acidente (piso escorregadio, trabalho em
plataforma na atividade de descarga e pendura).

b) Atordoamento
A etapa de Insensibilização ou Atordoamento tem o objetivo de fazer com que as aves
cheguem inconscientes ao setor da Sangria, o que assegura um melhor corte (IN 3 de
2000).
O atordoamento pode ser elétrico ou por exposição a gás por atmosfera controlada
(Rodrigues, 2016; Sarcinelli, 2007).

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Foto 3: Método de eletronarcose na cuba de insensibilização. In: Saloio, 2010.

A insensibilização elétrica deve ser realizada por eletronarcose sob imersão em líquido.
Neste método as aves, penduradas de cabeça para baixo, passam através da nória na
cuba onde recebem o choque e deverão permanecer dependuradas pelos pés, antes da
sangria, para que haja fluxo de sangue à cabeça (IN 3 de 2000).
Já no atordoamento a gás é criada uma atmosfera controlada com uma mistura de gases,
podendo ser com o dióxido de carbono ou com mistura de dióxido de carbono
(Rodrigues et al, 2016) causando menos estresse ao animal, quando comparado ao
método de eletronarcose.
Risco: Físico (Ruído). Além do risco acidente (choque elétrico).

c) Sangria:
A operação de sangria, segundo a Instrução Normativa Nº 3/2000, deve ser iniciada
logo após a insensibilização do animal (máximo de um minuto), de modo a provocar um
rápido, profuso e mais completo escoamento de sangue, antes que o animal recupere a
sensibilidade.
A sangria é realizada pela secção dos grandes vasos do pescoço (artérias carótidas e
veias jugulares) (Portaria nº. 210 de 1998, Sarcielli et al, 2007; Rodrigues et al, 2016;
Pinto et al, 2015).
O processo de sangria poderá ser feito de forma manual, através do uso de uma faca
pelo trabalhador ou de forma mecânica através de sangradores mecânicos. Este último é
a forma ideal para linhas rápidas (Ludtke et al, 2010).

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Foto 4: Sangria manual, frigorífico de aves. In: Saloio, 2010.

Foto 5: Sangria automática, frigoríficos de aves. In: Ribeiro 2017.

O sangramento da carcaça deve ser completo, de forma a assegurar que as aves estejam
mortas ao entrar no tanque de escaldamento, não só pela questão do bem-estar animal,
mas também para reduzir a chance de contaminação da carcaça (Ludtke et al , 2010;
Gishotomi et al, 2017).
Riscos: Físico(ruído) biológico (contato com sangue e secreções das aves); ergonômicos
(posturais, ritmo acelerado). Além de risco de acidentes (piso escorregadio, uso de
máquinas e equipamentos cortantes).

d) Escaldagem:
O processo de Escaldagem tem como objetivo realizar uma lavagem prévia e abertura
dos poros da ave para afrouxamento das penas, facilitando desta forma a depenagem.
A portaria no 210 de 1998 estabelece parâmetros legais para a execução da atividade de
escaldagem de forma a evitar a perda da qualidade da carcaça. A descrição desta etapa
está baseada nos critérios estabelecidos por esta portaria.
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O processo de escaldagem deverá, obrigatoriamente, ser executado logo após o término
da sangria, sob condições definidas de temperatura e tempo, não sendo permitido a
introdução de aves ainda vivas no sistema.

Foto 6 – Escaldagem. In: Barzotto, 2013.

O processo pode ser por pulverização de água quente e vapor; por imersão em tanque
com água aquecida através de vapor ou por outro processo similar, aprovado
previamente pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal.
Os tanques de escaldagem devem ser localizados em local apropriado, juntamente com
as máquinas de depenagem (depenador) e não deve ter qualquer contato com as demais
áreas operacionais.
O ambiente deverá possuir ventilação suficiente para exaustão do vapor d’água
proveniente da escaldagem e das impurezas em suspensão, devendo, se necessário, usar
coifas ou exaustores (IN 3/2000).
Ainda segundo a legislação deverá ser previsto equipamento adequado e/ou área
destinada à escaldagem de pés, cabeças e a retirada da cutícula dos pés, quando estes se
destinarem a fins comestíveis. Todo processo de escaldagem deve observar critério de
renovação contínua de água com frequente remoção total da água.
O setor de escaldagem é uma área muito suja e assim expõe os trabalhadores a diversas
situações de risco, a saber: Físico (ruído, umidade, calor); biológicos em geral; químicos
(vapor). Além do risco de acidentes (queimaduras, quedas, etc).

e) Depenagem
A etapa da depenagem também segue os parâmetros estabelecidos pela Portaria
210/1998, conforme será descrito a seguir.
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O processo de depenagem deverá ser mecanizado, executado com as aves suspensas
pelos pés e processadas logo após a escaldagem, sendo proibido o retardamento do
processo.
Tem como função específica retirar as penas de toda a ave, sendo realizada através de
um equipamento próprio que é o depenador (Foto 7).

Foto 7: Depenador, frigorífico de frango. In: Salles et al, 2007.

Na parte final do processo estes equipamentos têm dedos mais longos e flexíveis, que
permitem uma ação mais suave. Geralmente, alguns depenadores mecânicos são usados
em sequência, seguidos por um depenador para remoção das penas da coxa, da asa e do
pescoço (Pujarra, 2013).
Os depenadores devem estar posicionados próximos aos escaldadores, de maneira que a
temperatura da pele não diminua muito entre uma operação e outra (Araújo et al, 2012;
Pujarra, 2013).
Todas as máquinas de depenagem devem possuir aspersores de alta pressão de água
para lavar a carcaça do animal e ajudar na retirada das penas (Portaria 210, 1998).
Após finalização do processo de depenagem pela máquina, o trabalhador realiza um
acabamento final, para retirada manual dos pelos que porventura ainda permaneçam na
carcaça (Araújo et al, 2012; Sarcinelli et al, 2007).
Daí o animal passa por uma inspeção e se aprovado segue para a etapa seguinte
(evisceração).
O pé pode ser cortado e separado do restante da carcaça. Neste caso as carcaças (sem os
pés) seguem por um novo trilho para evisceração e os pés retornam para escaldagem

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para classificação, tratamento e embalagem conforme a destinação - fins comestíveis,
ração animal, etc. (Grishotoni et al, 2017; Pujarra, 2013).
A operação de depenagem tem um aspecto microbiológico muito importante, pois
objetiva a diminuição do risco de introdução de microflora externa na musculatura da
ave. Entretanto, mesmo se utilizando as mais modernas e avançadas tecnologias, as
contagens microbianas tendem a aumentar nesta fase devido a contaminação cruzada
(Sales et al, 2007; Pujarra 2013).
Segundo a IN 3 de 2000 não é permitido o acúmulo de penas no piso, devendo para
tanto, haver no local uma canaleta para o transporte contínuo das penas para o exterior
da dependência e que facilite a higienização do local.
Este setor também é bastante sujo, expondo o trabalhador a uma série de riscos a saber:
Físicos (ruído, umidade, calor); biológicos (penas, poeiras em suspenção).
Vale ainda ressaltar que em todas as etapas da Área Suja as atividades são realizadas em
pé e em ritmo muito rápido, pois devem ser concluídas rapidamente a fim de não
comprometer o fluxo da linha de produção, contaminações e a qualidade do produto.

II. ÁREA LIMPA


Área Limpa se inicia no processo da Evisceração.
a) Evisceração e Eventração
Segundo a Portaria No. 210 de 1998, os trabalhos de evisceração deverão ser executados
em instalação própria, isolados, através de paredes, da área de Escaldagem e
Depenagem.
A descrição abaixo está embasada nos critérios desta legislação.
Esta etapa envolve muitos trabalhadores (Bartozzo, 2013). A legislação permite que aí
também sejam realizadas as etapas de pré-resfriamento, gotejamento, embalagem
primária e classificação, desde que o local seja adequado para tal, sem prejuízo
higiênico para cada operação.
As carcaças chegam por esteira e são penduradas na nória do setor para que se inicie o
processo de evisceração, sendo primeiramente lavadas em chuveiros de aspersão
(Sarcinelli, 2007, Portaria no. 200 de 1998). A nória deve ser disposta sob uma calha não
sendo permitido que as aves dependuradas toquem na calha.

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Segundo Saloio, 2010, pode-se dizer que a etapa de evisceração das aves consiste
resumidamente desde a retirada da pele do pescoço até a toalete final.
A evisceração pode ser automatizada ou manual, existindo critérios legais a serem
seguidos para cada situação.

Foto 8: Processo de evisceração manual de frangos. In:Barzotto, 2013.

As operações de evisceração deverão ainda, observar os cuidados estabelecidos para


evitar o rompimento de vísceras e o contato das carcaças com superfícies contaminadas,
o que poderá condenar o produto.
Todas as operações que compõem a evisceração e a "Inspeção de Linha" deverão ser
executadas ao longo de uma calha, cujo comprimento deverá ser de no mínimo de
1(um) metro por operário de forma a permitir a execução dos trabalhos que nela são
feitos. A calha disporá de água corrente sob pressão adequada, fornecida através de um
sistema de canos perfurados e ralos coletores de resíduos dispostos pela calha, evitando
acúmulo de resíduos na seção (Portaria nº 210, 1998).
A exposição das vísceras, também chamada eventração, pode ser feita de forma manual
ou mecânica.
No processo manual, o trabalhador introduz a mão no abdome da ave e procede a
exposição das vísceras para que ocorra a inspeção. Esta atividade é feita de forma
cuidadosa pelo trabalhador, porém em ritmo rápido, para acompanhar a velocidade da
linha.
No processo mecanizado cada ave é seguramente posicionada e um equipamento, sob a
forma de colher, é introduzido na cavidade abdominal e retira as vísceras. Esta
atividade é feita de maneira sincronizada com a velocidade da linha.

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Foto 9: Eventração mecânica. In: Saloio, 2010.

No final desta etapa é feita a inspeção das carcaças sob supervisão do serviço federal
(Inspeção Post-mortem), que determina se a ave está sadia e/ou se necessita de remoção
de partes com lesões. Assim, considerando que a inspeção sanitária é feita nesta fase
processo, significa que todos os trabalhadores que antecedem essa etapa podem estar
expostos a agentes biológicos.
Depois que as carcaças são inspecionadas e julgadas sadias, coração, fígado, e moela
são removidos, seguindo uma ordem pré-determinada e atendendo critérios legais.

Foto 10: Calhas para separação de miúdos (coração e fígado). In: Saloio, 2010.

Segundo Pujarra, 2013, no processo de evisceração existe alto risco de contaminação


cruzada, tanto pela manipulação das vísceras por diversos funcionários quanto pela
quantidade de produtos, que tem contato uns com os outros. Todas as atividades
realizadas nesta etapa devem seguir normatizações criteriosas para diminuir a
possibilidade de contaminação.

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Riscos: Físico (ruído, umidade); biológico (contato com vísceras); ergonômicos e
psicossociais (trabalho em pé com membros superiores elevados, trabalho repetitivo e
em ritmo acelerado). Além do risco de acidentes (manuseio de material cortante e
pontiagudo).

b) Lavagem:
Após finalização do processo de Evisceração é realizada a lavagem externa e interna das
carcaças, através de um aspersor (chuveiro) para retirada de resíduos e materiais
contaminantes (Pujarra, 2013).

c) Processo de resfriamento das carcaças


Depois de eviscerados e lavados, os frangos são transportados via nória para uma sala
com temperatura ambiente inferior ou igual a 12ºC, sendo submetidos a dois
resfriadores contínuos por imersão em água do tipo rosca sem fim, respectivamente
chamados de pré-chiller e chiller (Portaria 210, 1998).

Foto 11: Pré Chiler. In: Sarcinelli et al, 2007

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Foto 12: Chiller com borbulhamento de ar. In: Rosa, 2014.

A etapa do resfriamento tem o objetivo de abaixar rapidamente a temperatura das


carcaças de 35ºC para próxima de 6ºC, evitando a proliferação de micro-organismos e
contribuindo para a limpeza e reidratação das carcaças (Portaria Nº.210, 1998;
Gristhomi et al, 2017; Sarcinelli et al, 2007).
O pré-chiller, possui água com gelo, com temperatura entre 12 a 16°C, sendo que as
carcaças devem permanecer neste tanque por no máximo trinta minutos. A alimentação
de água deve ser constante e em sentido contrário à movimentação das carcaças
(Pajuarra, 2013; Portaria Nº.210, 1998).
O funcionamento do chiller é semelhante ao do pré-chiller, modificando apenas a
temperatura da água para 4ºC e a vazão que passa para 1 litro por carcaça. A média de
permanência do chiller até que o produto atinja a temperatura de 4°C é de cerca de 15
minutos (Souza et al, 2017)
As carcaças saem do chiller por meio de pás giratórias, caindo em calhas e sendo
penduradas novamente em nórias seguindo para a sala de cortes. O excesso de água cai
por gotejamento até os cortes começarem. (Pujarra, 2013).
Riscos: Físico (umidade, temperatura fria, ruído); biológicos (contato com carcaças).

d) Gotejamento
O gotejamento ocorre para escorrer a água da carcaça depois da operação de pré-
resfriamento.

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Deverá ser realizado, com as carcaças suspensas pelas asas ou pescoço, em equipamento
de material apropriado, através de calhas coletoras de água de gotejamento, suspensas e
dispostas ao longo do transportador (Portaria Nº 210, 1998).

e) Resfriamento de miúdos
Os miúdos (moelas, coração, fígado, pés e pescoço) devem ser resfriados,
imediatamente, após a coleta e preparação, através de mini-chillers específicos para
cada víscera, onde permanecem por cerca de 15 minutos. Após este período os miúdos
serão selecionados por um trabalhador e enviados para a embalagem primária (Portaria
Nº 210, 1998; Pujarra, 2013).
Riscos: Físico (umidade, temperatura fria, ruído); biológicos (contato com carcaças).

f) Classificação/Cortes (Espotejamento):
As carcaças são classificadas e destinadas para o processo de embalagem ou para o
corte de peças. Se o corpo da ave estiver em bom estado é embalado como peça inteira,
já os que apresentam lesões são destinados ao corte (Gishotomi et al, 2017 Pujarra,
2013)
Tradicionalmente, a linha de produção da desossa de carcaças de frango é realizada de
forma manual, diretamente na nória, em ciclos de trabalho curtos. Esta atividade é feita
com auxílio de facas apropriadas para se efetuar os cortes, mas pode também ser feito
através de processo automático (Pujarra, 2013).

Foto 13: Sala de corte de frango. Retirado do site da Revista Globo Rural (Foto Globo
Rural).https://revistagloborural.globo.com/Noticias/

19
A temperatura do setor não deve ultrapassar 12ºC, visando assim manter a qualidade do
produto até o final de seu processamento (Portaria Nº.210, 1998; Gishotomi et al, 2017).
Risco: Físicos (ruido, umidade, frio); biológicos; ergonômicos e psicossociais (trabalho
em pé com membros superiores elevados, repetitividade, monotonia, trabalho
fragmentado, ritmo de trabalho intenso, ausência de pausas, cobrança de produção).
Além de risco de acidentes (manuseio de faca e outros instrumentos de corte e/ou
pontiagudos, quedas).

g) Apontamento e Embalagem
Este setor tem a função de apontar e registrar todos os produtos que serão encaminhados
aos túneis de congelamento, para manter o controle do estoque de produtos
encaminhados para os túneis de congelamento, e consequentemente obter um melhor
controle da produção (Contreras, 1991).
Após o apontamento os produtos serão devidamente embalados.
Riscos: Físico (ambiente úmido, temperaturas baixas e ruído); químicos (amônia);
ergonômicos e psicossociais (movimentos repetitivos, ritmo acelerado, levantamento de
peso).

h) Túnel de congelamento
O congelamento dos produtos finais é feito nos túneis de congelamento e daí serão
armazenados nas câmaras frias.
O túnel de congelamento possui temperatura de -35° a -40°C e o tempo de
processamento varia em relação ao produto que está sendo congelado. Segundo Pujarra,
2013, no caso do frango inteiro leva cerca de 10h para o produto atingir a temperatura
de -25ºC a -35ºC e sair do túnel de congelamento pronto para receber sua embalagem
final e seguir no processo.
Riscos: Físico (temperatura fria, ruído); biológicos (contato com carcaças).

i) Expedição (Estocagem e distribuição)


As caixas com os produtos finais são pesadas, empilhadas e levadas por carrinhos até as
câmaras de estocagem.

20
Foto 14: Câmara de expedição. In: Barzotto, 2013.

O tempo e a temperatura de estocagem interferem na qualidade do produto, sendo que


altas temperaturas por tempo prolongado aumentam muito a velocidade de perda.
Assim, a estocagem de aves congeladas deverá ser feita em câmaras próprias, com
temperatura nunca superior a -18°C, enquanto as carcaças de aves congeladas não
deverão apresentar, na intimidade muscular, temperatura superior a -12°C (Portaria
Nº.210, 1998).
A retirada do produto da câmara fria até o sistema de transporte e a manutenção do
produto no interior do caminhão de transporte é uma questão bastante importante na
fase de comercialização, pois variações de temperatura podem comprometer o produto.
Riscos: Físico (ruído, temperaturas baixas); ergonômicos (movimentos repetitivos,
levantamento de peso).

2. Algumas considerações sobre exposição a riscos ocupacionais em frigoríficos

a) Exposição a agentes biológicos em frigoríficos:


Agentes biológicos são microrganismos com potencial de ação infecciosa sobre os seres
vivos e o meio ambiente em geral. Neste grupo está incluído vírus, bactérias, fungos,
protozoários, entre outros (Brasil, 2017; Norma Regulamentadora - NR32).
A exposição ocupacional a agentes biológicos pode ocorrer pelo uso intencional de
microrganismos específicos durante a atividade laboral em laboratórios de pesquisa, por
exemplo. Também pode ocorrer exposição não intencional a estes agentes, sendo que
neste caso a atividade laboral executada leva a presença de microrganismos no

21
ambiente, onde estes se multiplicam (Meima et al, 2020). Neste segundo grupo é onde
está incluído o trabalho em frigoríficos.

Quadro I - Risco biológico em frigoríficos:


Trabalho em frigoríficos - Considerado um setor econômico de alto risco
de exposição a agentes biológicos, segundo a
Agência Europeia de Segurança e Saúde do
Trabalho/EU-OSHA (Mimea et al, 2020).

- Nexo causal de natureza epidemiológica:


estudos (no Brasil e no mundo) mostram
associação entre exposição a riscos biológicos
em frigoríficos e doenças infecciosas.

- Referências: Tariq et al, 2019; Ursacic et al,


2021; Almasri et al, 2019; Barzotto, 2013,
Marra 2019; Brito et al, 2021; Steffens et al,
2017; Silva, 2020; Hachiya et al, 2020.
Via de exposição - A exposição a agentes biológicos em
frigoríficos pode ocorrer pelo contato direto e
contínuo com animais, vísceras e secreções
contaminados, que penetram através da pele,
conjuntiva, mucosas do nariz/boca. A carne do
animal crua e suas vísceras são por si só
elementos propícios ao crescimento de
patógenos, independente da utilização pela
indústria frigorífica de tecnologias avançadas
para redução do risco de contaminação.

- Objetos infectados também podem ser fonte


de contaminação (facas, bandejas, etc.) através
da pele, conjuntiva mucosas nariz/boca e/ou
após cortes/ferimentos.

22
- Inalação de aerossóis e/ou poeiras orgânicas
suspensas no ar podem ser fontes de
contaminação (via de entrada através do
sistema respiratório).

Referências: EU-OSHA, 2020; Ursacic et al,


2021; Dutkiewicz et al, 2020.
Risco à saúde do trabalhador - Doenças infecciosas entre os trabalhadores
devido a exposição a microrganismos
infecciosos: bactérias, vírus, fungos ou por
parasitas.

- Transmissão pelo contato com material


contaminado, através do manuseio das aves e
seus produtos contaminados e pela
contaminação de utensílios usados: facas e
bandejas e/ou pela transmissão via aérea
(aerodispersóides/poeiras).

-Setores de escaldagem, depenagem e


evisceração exercem papel fundamental na
contaminação das carcaças e seus subprodutos,
bem como dos trabalhadores.

- Na sala de cortes os pisos úmidos podem


oferecer um ambiente propício para o
crescimento microbiano.

- Infecções bacterianas muito frequente em


frigoríficos de frango: Salmonella entérica
(Salmonella spp) e bongori, também muito
frequente em frigoríficos de porco, responsável

23
pela Salmonelose; Campylobacter jejuni e coli,
causam a campilobacteriose; Echerichia Coli,
causa doenças diarréicas enterohemorrágicas;
Listeria Monocytogênica, causa a listeriose.

- Outras doenças infecciosas, muito frequentes


em abatedouros-frigoríficos em geral (não só de
frango): Tuberculose; Brucelose (frigorífico de
boi); Cisticercose; Toxoplasmose (estudos
mostram aumento de prevalência em
trabalhadores em frigoríficos pelo manuseio de
carcaças e vísceras); Hepatite B e E (alto risco
de infecção, principalmente trabalhadores do
abate - contato contínuo com sangue);
Leptospirose (exposição ao agente através de
animais contaminados ou água contaminada
com urina dos animais contaminados; mais
frequente em frigoríficos de boi e porco); entre
outras.

Em 2020, a COVID-19 se espalhou


rapidamente entre trabalhadores de frigoríficos:
será abordado no item “Discussão”.

Referências: Ribeiro 2017; Hernandez et al,


2013; Shinohara et al, 2008; Hachiya et al,
2020; Silva, 2018; Brito et al, 2021; Corrêa,
2020; Tariq et al, 2019; Boubendir et al, 2020;
Brasil, 2017; Padilha, 2015; Ribas 2010;
Smaniotto, 2015; Lima et al, 2019; Almeida et
al, 2017; Mioni, 2015; Sola, 2020; Marra, 2019.
Risco à saúde do trabalhador - Inalação de Poeiras Orgânicas.
As poeiras orgânicas podem estar presentes em

24
várias etapas do processo produtivo do
frigorífico de frango, principalmente na
Recepção das aves e Áreas Sujas, conforme foi
descrito no item “Descrição do processo de
produção”.

Formada pela combinação de agentes


biológicos diversos, penas, unhas das aves,
fezes, juntamente com vírus, bactérias e poeiras
em geral.

A indústria do abate de frangos está entre as


atividades econômicas com alto nível de
exposição a poeira orgânica.

A inalação desta poeira pode produzir efeitos


tóxicos diversos ao trabalhador: doenças
infecciosas, doenças alérgicas e um quadro
mais grave denominado de Síndrome Tóxica da
Poeira Orgânica.

Doenças infecciosas: Inalação de poeiras com


partículas de origem animal (fezes, penas,
unhas, etc.) que podem causar pneumonia e
doenças infeciosas sistêmicas.

Doenças alérgicas: Asma brônquica e


pneumonite de hipersensibilidade são as mais
importantes. Porém outros processos
patológicos alérgicos podem ocorrer, como
rinite, conjuntivite e dermatite.

A asma ocupacional é um quadro comum

25
decorrente da exposição a poeiras orgânicas que
pode surgir imediatamente após a exposição ou
após cessada a exposição, sendo que neste
último caso é mais difícil o estabelecimento do
nexo causal.

Referências: Viegas et al, 2017; EU-OSHA,


2020; Dutkiewicz et al, 2020; Mendes, 2013).
Fatores que facilitam a - As condições de trabalho nos frigoríficos e a
transmissão/disseminação e/ou a exposição concomitante a outros riscos
permanência de agentes biológicos ocupacionais: umidade excessiva; temperatura
nos ambientes frigoríficos fria; sistema de ventilação inadequado e;
quantidade/proximidade entre os trabalhadores
na linha de produção.

- No ambiente frigorífico há também setores


com altas temperaturas, associadas como por
exemplo, no caso de frigorífico de frango, o
setor de escaldagem e depenagem. A alta
temperatura (calor extremos), associada a
umidade e as condições sanitárias destes
ambientes acentuam a exposição a agentes
biológicos.
- O grande número de animais processados e a
alta velocidade do abate dificultam o controle
de contaminação no ambiente frigorífico.

Referências: Ursachi et al, 2021; Corrêa, 2020;


Kasaeinasab et al 2017; Cook et al, 2017; Dias
et al, 2016; Hachyia et al, 2020.

26
b) Exposição ao frio em frigoríficos
Para conceituar a exposição ao frio em ambientes de trabalho primeiramente será
reportado alguns aspectos da legislação vigente no Brasil sobre o tema.
Segundo o parágrafo único do artigo 253 da CLT- Consolidação das leis trabalhistas
(Martins, 2019), considera-se artificialmente frio, o que for inferior, nas primeira,
segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Ministério do Trabalho, Industria
e Comércio, a 15º (quinze graus), na quarta zona a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta
e sétima zonas a 10º (dez graus).
Para melhor entendimento destas zonas climáticas a portaria SSST nº 21 de 26/12/1994,
estabelece: “Para atender ao disposto no parágrafo único do artigo 253 da CLT, define-
se como primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do MTB, a zona
climática quente, a quarta zona, como a zona climática subquente, e a quinta, sexta e
sétima zonas, como a zona climática mesotérmica (branda ou mediana)”.
Segundo Norma Regulamentadora 15 (NR15) em locais fechados, como é o caso dos
frigoríficos, para se considerar o ambiente frio deve-se realizar a medição da
temperatura do ambiente e relacionar o valor encontrado com a da área climática onde o
trabalho é realizado (NR15; Bastos, 2016).
A exposição ocupacional ao frio pode ocorrer em atividades exercidas ao ar livre, como,
por exemplo, na construção civil, agricultura, pesca, ou através de atividades que
ocorrem ambientes fechados, como é o caso da indústria frigorífica (Bastos, 2016).

Quadro II- Exposição ocupacional ao frio em frigoríficos:


Trabalho em frigoríficos - As atividades em frigoríficos expõem os
trabalhadores rotineiramente a baixas
temperaturas (frio). No caso de frigorífico de
frango é legalmente estabelecido que a
temperatura ambiente das salas de corte/desossa
de aves não deve exceder 12° C, enquanto as
temperaturas das carnes processadas não podem
ultrapassar 70 C (Portaria 210 do MAPA).

- Segundo o artigo 253 da CLT, para os

27
empregados que trabalham no interior das
câmaras frigoríficas e para os que movimentam
mercadorias do ambiente quente ou normal para
o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40
(quarenta) minutos de trabalho contínuo, será
assegurado um período de 20 (vinte) minutos de
repouso, computado esse intervalo como de
trabalho efetivo. Condição também estabelecida
pela NR36.

- Vale salientar que, segundo o artigo 253 da


CLT, trabalhos nas zonas climáticas quente e
sub-quente, abaixo de 150C e 12ºC,
respectivamente, devem ser consideradas como
ambientes frios, ou seja, podem causar danos à
saúde dos trabalhadores.

- Além das temperaturas ambientes baixas, as


atividades de processamento de carnes em
frigoríficos comumente envolvem contato com
produtos congelados.

Referências: Portaria 210/98; Buzanelo et al,


2012; Takeda et al, 2017; Ghani et al, 2020;
Bang et al, 2005.
Risco à saúde do trabalhador – - Os efeitos do frio podem afetar a capacidade
Aspectos Gerais fisiológica e psicológica do ser humano,
levando a situações de estresse.

- Os ambientes extremamente frios se


constituem num risco potencial à saúde dos
trabalhadores, podendo causar desconforto,
doenças ocupacionais, acidentes e até mesmo

28
morte (quando o trabalhador fica preso
acidentalmente em ambientes frios ou imerso
em água gelada).

- O frio compromete o desempenho do


trabalhador, a destreza manual e diminui a
produtividade.

- A exposição ao frio pode afetar vários órgãos


e sistemas, como especialmente a pele, sistema
respiratório, osteomuscular e cardiológico, além
de causar um quadro de hipotermia.

- Os efeitos à saúde secundários a exposição ao


frio pode não se apresentar logo após a
exposição, o que leva a uma dificuldade de se
estabelecer uma associação de nexo causal.

- Estudos mostram alta prevalência de dor e


desconforto principalmente nas mãos em
trabalhadores de frigoríficos expostos a frio e
manuseio de produtos congelados. Estas
queixas podem aparecer mesmo em
trabalhadores com uso de equipamentos de
proteção individual.

Referências: Silva et al, 2009; Bastos 2016;


Tirloni et al, 2017; Duarte, 2020; Sorniunem et
al, 2009; Thetkathuek et al, 2015; Ghani et al,
2020; Matos, 2007; Hassi et al, 1997; Analitis
et al, 2008; Buzanelo et al, 2012; Machiavelli,
2014; Piedhatira et al, 2008, Takeda, 2018.
Principais Riscos à saúde do Incluem lesões dermatológicas, hipotermia e

29
trabalhador alterações em outros órgãos.
Lesões Dermatológicas - Entre as lesões dermatológicas destaca-se:
frostbite, fenômeno de Raynaud, pé de imersão
e urticária pelo frio.

- Geralmente estas alterações ocorrem nas áreas


expostas e nas extremidades, ou seja, na face,
mãos, pés e orelha.

- Frostbite: lesões que atingem


predominantemente as extremidades. Ocorre
quando a região (mãos ou pés) entra em contato
com temperaturas abaixo de -2°C (contato com
objetos frios, água fria ou umidade), levando a
uma vasoconstricção periférica. As lesões
podem se apresentar desde uma forma leve,
com edema e hiperemia local até uma lesão
grave necrosante.

- Fenômeno de Raynaud, ocorre uma


diminuição na circulação sanguínea das
arteríolas digitais e cutâneas, o que leva a
evidente alteração na coloração dos dedos. A
forma clássica se apresenta como palidez,
eritema e cianose (cor azulada) da pele e ocorre
mais frequentemente nos dedos das mãos. Pode
ocorrer ainda perda da sensibilidade,
latejamento e ardência local. Segunda
legislação brasileira o fenômeno de Raynaud
pode estar associado a exposição ocupacional
ao frio, vibração ou cloreto de vinila. O frio
pode ser considerado como um fator
desencadeante ou agravante do Fenômeno de

30
Raynaud. O indivíduo portador do Fenômeno
de Raynoud quando exposto ao frio tem mais
risco de desenvolver frostbite e vice-versa.

- Pé de Imersão, ocorre em trabalhadores que


tem os pés exposto a água fria ou ambientes
úmidos, por período prolongado, sem a devida
proteção. Se caracteriza pela palidez do pé e
presença de lesões friáveis que podem levar a
infecção.

- Urticária pelo frio é considerada uma lesão


menos frequente que pode ocorrer em
trabalhadores que tem contato com produtos
frios ou congelados, nestes casos, segundo a
Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho do
Ministério da Saúde, 2009, é considerada uma
doença relacionada ao trabalho.

Referências: Bastos, 2016; Matos, 2007; Ali,


2010; Da Silva 2020; Listra de Doenças
Relacionadas ao Trabalho - 1999; Brasil, 2009;
Cordeiro et al, 2019.
Hipotermia - A hipotermia é considerada a forma mais
grave de lesão decorrente da exposição ao frio e
ocorre quando o indivíduo é exposto a
ambientes frios, sem a proteção adequada, e seu
corpo não consegue manter a homeostasia e
com isso a temperatura interna do organismo
cai 1 a 20C, abaixo de 370C.

- O organismo vai sofrer uma série de

31
alterações de forma gradativa e progressiva,
podendo chegar até a morte se medidas de
controle não forem devidamente tomadas. Os
sintomas da Hipotermia podem ser classificados
conforme sua gravidade:
- Leve (temperatura central entre 35 a 33°C): A
sensação de frio, seguida de dor nas partes
expostas do corpo, é o primeiro sinal de estresse
pelo frio. Quando a temperatura do corpo cai
abaixo de 35°C, ocorrem fortes tremores,
sensação de dor e desconforto, que devem ser
considerados como aviso de perigo para os
trabalhadores. Nesta fase há uma diminuição
do estado de alerta, aumentando a chance de
ocorrência de erros e acidentes.

- Moderada (temperatura central entre 33 a


30°C): Conforme o frio aumenta e/ou o período
de exposição se prolonga, começa a ocorrer
uma perda da sensibilidade de forma que a
sensação de frio e dor tende a diminuir. Os
tremores vão diminuindo, bem como o estado
de alerta, de forma que a pessoa tende a ficar
muito sonolenta, prostrada, quase inconsciente.
Pode haver alterações na memória e na fala e
rigidez muscular.

- Grave (temperatura menos de 30°C): A pessoa


fica imóvel e inconsciente, as pupilas se dilatam
e a frequência cardíaca diminui, se tornando
quase imperceptível. Se a temperatura do corpo
atingir 27°C, o indivíduo entra em coma. Com
temperatura interna de cerca de 20°C não se

32
verifica atividade cardíaca e com temperatura
interna ao redor de 17°C não se evidencia
atividade cerebral. Se o paciente não for
devidamente tratado, a morte é inevitável.

- A hipotermia também pode ser classificada


em três tipos: a aguda, subaguda e crônica.
A aguda é a mais perigosa, e ocorre uma queda
brusca da temperatura corporal (em segundos
ou minutos), por exemplo quando a pessoa cai
em um lago com gelo.
A subaguda já acontece em escala de horas, e se
deve comumente ao fato de o indivíduo
permanecer em ambientes frios por longos
períodos, é o que normalmente ocorre na
exposição ocupacional ao frio.
Já a crônica é comumente causada por uma
enfermidade.

Referências: Buzanelo t al, 2012: Hassi et al,


2009; Da Silva, 2020; Matos, 2007.
- Alterações em outros órgãos - Alterações osteomusculares: Dores nas
articulações, dormência e formigamento,
lombalgia são alguns dos sintomas registrados
entre trabalhadores expostos ao frio e que
podem ser agravados pela realização de
atividade que requerem movimentos repetitivos
em ritmo acelerado e com exposição a vibração.

- Alterações respiratórias: Sintomas


respiratórios, como tosse dispneia e aumento de
secreção também são mais prevalentes entre
trabalhadores expostos a temperaturas frias,

33
sendo mais intensos em trabalhadores com
comorbidades respiratórias, como asma rinite e
DPOC.

- Alterações cardiovasculares: Estudos mostram


que exposição a temperaturas baixas pode levar
a alterações cardiovasculares, principalmente
hipertensão arterial e agravamento de doenças
cardíacas preexistentes.

Referências: Ali, 2010; Brasil, 2009;


Stjernbrandt et al, 2021; Harjur et al, 2010;
Analitis et al, 2008; Swoapet al, 2004.
Fatores agravantes da exposição ao - Muitas atividades laborais são feitas de forma
frio em ambientes frigoríficos estática, sequencial e com predomínio de
movimentos com os membros superiores, o que
diminui a geração de calor pelo corpo.

- Contato/manipulação de produtos congelados


(associado ao frio do ambiente causam dores,
especialmente nas mãos dos trabalhadores).

- Nos frigoríficos a exposição associada a


outros riscos: físico – vibração (decorrentes do
uso de máquinas e equipamentos) e
ergonômicos – repetitividade, força, postura
estática e incomoda, e ritmo de trabalho
intenso, aumenta o risco de surgimento e
agravamento das Doenças Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho – DORT, em especial
a Síndrome do Túnel do Carpo.

- Nos frigoríficos as temperaturas baixas

34
favorecem a persistência de agentes biológicos,
conforme já citado anteriormente.

- Ambientes úmidos favorecem o


aparecimento/agravamento de lesões de pele,
decorrente da exposição ao frio.

Referências: Ali, 2010; Buzanelo et al, 2012:


Hassi et al, 1997; Takeda et al, 2017; Ramos et
al, 2015; Tirloni et al, 2017; Reis et al 2012;
Tirloni et al, 2012; Tirlone et al, 2018; OSHA,
2013; Marra et al, 2017.

c) Exposição a riscos ergonômicos e psicossociais em frigoríficos:


A ergonomia é uma ciência que estuda a interação do homem com o seu ambiente de
trabalho de forma a garantir o bem-estar do ser humano, melhorando seu desempenho o
que vai refletir no aumento da produtividade. (Soares et al, 2011).
A ergonomia compreende aspectos físicos relacionados ao corpo humano (postura,
antropometria, anatomia, etc.), ao ambiente e projeto de trabalho (ruído, vibração,
temperatura, mobiliário, projeto do posto de trabalho etc.); aspectos cognitivos que se
relacionam aos aspectos mentais que afetam a interação do ser humano com os demais
elementos do sistema de trabalho (carga mental de trabalho, poder decisório, por
exemplo) e aspectos organizacionais que estão relacionados com a estrutura
organizacional, políticas e processos de trabalho relacionados por exemplo, a
organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, teletrabalho entre outros. (Soares
et al, 2011; Souza, 2011; IEA, 2003)
Com base nestes princípios, pode-se dizer que as condições de trabalho devem permitir
uma interação equilibrada entre o homem, em toda sua dimensão (física, fisiológica,
cognitiva, psicológica e social) e o meio ambiente do trabalho, aí incluído aspectos
físicos e organizacionais.

35
O desequilíbrio desta interação decorre da presença de condições anti-ergonômicas no
ambiente de trabalho, ou seja, de riscos ergonômicos, que podem ser de ordem física
(ruído, vibração, mobiliário inadequado, carregamento de peso, posturas incomodas, por
exemplo), cognitiva (estresse, ausência de controle/autonomia, entre outros) ou
organizacional (pressão por tempo, repetitividade, ritmo acelerado, etc.).
Já os riscos psicossociais podem ser compreendidos, de uma forma mais abrangente,
como decorrente de alterações na concepção, organização e gestão do trabalho (OMS,
2010). Os riscos psicossociais compreendem, entre outros, a violência no trabalho, que
inclui o assédio moral/sexual e o suicídio no trabalho e o estresse no trabalho e burnout
(Zanelli et al, 2018).
A exposição dos trabalhadores aos riscos ergonômicos e/ou psicossociais pode
desencadear, contribuir e/ou agravar doenças de ordem física e/ou mental, a depender
do tipo de risco envolvido. A gravidade dos danos ou agravos a saúde do trabalhador vai
depender da intensidade e tempo de exposição aos riscos.

Quadro III - Risco ergonômico/psicossocial em frigoríficos:


Trabalho em frigoríficos - Exposição elevada a risco ergonômico e
psicossocial, que se dá em todas as etapas do
processo de trabalho:

- Trabalho em linha de produção com ritmo


intenso, diminuição e/ou ausência de pausas e
divisão do trabalho (trabalho fragmentado). A
tendência ao aumento progressivo da
automação e da intensificação do trabalho com
vistas ao aumento da produção, leva a
sobrecarga física e mental do trabalhador.
- A alta velocidade do trabalho está relacionada
à quantidade de animais a serem abatidos
(quanto mais animais, menor o custo do
processamento) e à manipulação de produtos
altamente perecíveis.
Segundo Jakobi et al, 2015, a indústria

36
frigorífica compreende um sistema contínuo de
“desmontagem” do animal, tornando o trabalho
exaustivo e perigoso.

- Sobrecarga física: - esforço físico


(carregamento/levantamento de peso); - adoção
de posturas incomodas: - trabalho estático;
determinadas atividades requerem desvio ulnar
e/ou elevação/abdução de ombros e membros
superiores; trabalho prolongado em postura de
pé; repetitividade de movimentos com os
membros superiores (MMSS) em ritmo
acelerado, imposto pela máquina (ex.:
corte/manuseio da carne; manuseio da nória).

- Sobrecarga mental – trabalho sob supervisão


permanente; pressão por tempo (ritmo de
trabalho intenso, diminuição de pausas e
extensão de jornadas), cobrança de
produtividade/metas; falta de controle sobre o
trabalho; repetitividade; monotonia; trabalho
fragmentado realizado por muitos trabalhadores
num tempo curto; exigência de atenção
contínua (risco de acidentes); percepção de
sofrimento no trabalho (ambientes com odor
desagradável; morte/desmontagem dos animais;
tensão psicológica).

Referências: Marra et al, 2013; Jakobi et al,


2015; Dias, 2009; Oliveira et al 2014; Machado
et al, 2016; Bossi, 2014; Barzotto , 2013;
Busnello et al, 2013; Gandon et al, 2017;
Dalmagro et al, 2014; Leibler et al, 2017;

37
Sundstrup et al, 2014; Hendrix et al, 2017;
Marra et al, 2017; Musolin et al, 2017.
Risco à saúde do trabalhador - A exposição a riscos ergonômicos e
psicossociais estão associados ao
desencadeamento de doenças de natureza física
e psicossocial.

- A literatura aponta que distúrbios


osteomusculares e psicossociais estão entre os
agravos mais frequentes entre os trabalhadores
de frigoríficos.

- Referências: Machado 2016; Marra et 2017;


Jakobi, 2015; Marra et al , 2019, Takeda, 2018.
Risco à saúde do trabalhador - Alta prevalência de doenças osteomusculares
Agravos de natureza física entre trabalhadores de frigoríficos (DORT).
 Sinovites, tenossinovites e outras
inflamações. Localização mais
frequente: ombros, punhos.
 Alta prevalecia de Síndrome do
Túnel do Carpo (STC)
- Agravos de coluna (cervical, dorsal e lombar).
- Queixas frequentes de fadiga muscular (aguda
e crônica) e de desconforto muscular
inespecífico que se inicia principalmente com
queixas de dor na região dos ombros; cérvico-
braquial e coluna dorsal.

Referências: Marra et al, 2017; Oliveira et al


2014; Antunes, 2014; Heck, 2013; Tirloni et al,
2019.
Risco à saúde do trabalhador - Prevalência elevada de transtornos mentais
Agravos de natureza mental entre trabalhadores de frigorífico: os mais

38
frequentes são transtornos depressivos, estresse
e quadro de ansiedade.
Maior que na população geral e que em outros
setores produtivos.

- As queixas mais frequentes: irritabilidade,


sentimento de tristeza; labilidade emocional,
muitas vezes associadas a queixas sociais
(dificuldade de manter atividades rotineiras).

Referências: Jakobi et al, 2015; Guilland et al,


2017; Machado et al, 2016; Dalmagro et al,
2016; Damo et al, 2016; Leibler et al, 2017.
Fatores que agravam a exposição aos - Presença de outros riscos associados: trabalho
riscos ergonômicos/psicossociais permanente em ambiente frio, com ruído
elevado, vibração.
* Alta associação entre trabalho em ambiente
frio, atividade repetitiva e exposição a vibração
com STC (risco aumentado para estes
trabalhadores em relação a população geral não
exposta a estes riscos).

- Alto risco de acidente de trabalho (trabalhador


em atenção permanente).

- Necessidade de uso de luvas e outros


instrumentos de mão (facas, etc.) durante a
atividade de corte: aumenta a força aplicada
para realizar os movimentos e aumenta a
chance de fadiga.

- Arranjo ergonômico do ambiente (cadeiras,


bancadas) inadequado e/ou sem ajustes
39
necessários. Postos de trabalho muito próximos
um dos outros.

- Manipulação constante de cargas pesadas.

- Prolongamento da jornada de trabalho:


frequentemente o trabalhador gasta muito
tempo de deslocamento para o trabalho (cidade
que mora é diferente da cidade que trabalha).

Referências: Wyatt et al, 2012; Oliveira et al,


2014; Tirloni et al, 2019; Tirloni et al, 2018;
Gandon, et al, 2017; Marra et al, 2017; Tirloni
et al, 2021.

40
3. Análise do perfil de afastamentos por benefícios previdenciários por grupos de
CIDs (Classificação Internacional de Doenças) entre trabalhadores de frigoríficos

A análise do perfil de afastamento por benefícios auxílio-doença acidentário (B91) e


auxílio-doença previdenciário (B31) entre trabalhadores de frigoríficos teve como
objetivo verificar quais os principais grupos de CID que mais vem acometendo os
trabalhadores frigoríficos no Brasil, nos últimos anos, a fim de complementar os dados
para discussão sobre a causalidade dos agravos a saúde que vem acometendo os
trabalhadores do setor.
Foram incluídos na pesquisa os grupos do CNAE referentes a “Abate e fabricação de
produtos de carne” (CNAE 10.1), que compreende: “Abate de reses, exceto suínos
(CNAE 10.11-2); “Abate de suínos, aves e outros pequenos animais” (CNAE10.12-1) e
“Fabricação de produtos de carne” (CNAE10.13-9).
Por tratar de dados previdenciários, a análise aqui feita está considerando a parcela de
trabalhadores com carteira assinada e que apresentou afastamento do trabalho por
benefício previdenciário (segurado), o que é considerado um bom indicador do estado
de saúde da população estudada (Jakobi et al, 2015), embora não represente o total de
trabalhadores do setor.
Ao se buscar no site do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) os dados referentes
a benefícios previdenciários e acidentários por CNAE e grupo de CID, só foi possível
resgatar dos anos de 2011 até 2013.
Assim como alternativa, a pesquisa foi feita na plataforma Smart-lab. Esta plataforma é
iniciativa conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização
Internacional do Trabalho, seção Brasil (OIT-Brasil) que por meio de observatórios
digitais alimenta um sistema de informações diversas sobre a questão do trabalho, tendo
entre os tópicos um referente a saúde e segurança do trabalho. Neste tópico
especificamente tem-se disponível dados do INSS sobre afastamentos previdenciários, e
foi possível fazer a pesquisa destes afastamentos por CNAE e grupos de CIDs.
Como o objetivo deste estudo era conhecer os grupos de doenças que vem acometendo
os trabalhadores do setor frigorífico, e a partir daí, discutir sobre doenças relacionadas
ao trabalho neste setor, para que esta discussão não ficasse muito no campo hipotético
foi feito a análise da distribuição dos grupos de doenças no período de 2012 até 2019,
sem discriminar da distribuição ano a ano.

41
Não foi considerado no estudo o ano de 2020, pois com a pandemia pode ter havido
mudança no perfil de distribuição de doenças não só no setor frigorífico, mas em todos
os demais setores da economia.
Com base nos dados do observatório do Smart-lab, verifica-se que em 2020, os
afastamentos pelo INSS, por grupos de CIDs que passaram a ser utilizados para registro
da COVID-19, ou seja, os grupos B34 (doenças por vírus de localização não
especificada) e U07 (COVID-19), sendo este último criado na pandemia
especificamente, cresceram bastante. Para se ter uma ideia, considerando os benefícios
auxílio-doença acidentário (B91) para todos os setores da economia, considerando a
série histórica de 2012 até 2019, foram registrados 113 casos de afastamentos pelo
grupo de CID B34, já em 2020 este número passou para 20.797 relativos aos CIDs B34
e U07 (Smart-lab).
Assim, apesar de reconhecer o impacto da COVID-19 para todos os setores da
economia e em especial para o setor frigorífico, a análise aqui apresentada não abordará
esta patologia, considerando o objetivo do presente estudo.
Apesar de saber da importância dos acidentes de trabalho com um todo no setor
frigorífico, neste estudo o foco a ser abordado é as doenças relacionadas ao trabalho, de
forma que não serão discutidas questões relativas aos acidentes de trabalho típico e de
trajeto.
Para esta pesquisa foram considerados os benefícios B91 e B31 por grupo de CID, para
os grupos de CNAE referentes a “Abate e fabricação de produtos de carne” (CNAE
10.1), ou seja: “Abate de reses, exceto suínos (CNAE 10.11-2); “Abate de suínos, aves e
outros pequenos animais” (CNAE10.12-1) e “Fabricação de produtos de carne”
(CNAE10.13-9) durante o período de 2012 até 2019.
Foram excluídos os benefícios relativos aos grupos de CID XIX – S, T - (Lesão e
Envenenamento e algumas outras consequências de Causas Externas) e XX – V, W, X,
Y - (Causas Externas de Morbidade e Mortalidade) e outros registros isolados que
representam agravos decorrentes de acidentes e/ou traumas, como fraturas, amputações,
etc.
Após estas exclusões, foram feitas análises dos benefícios por grupo de CID e em cada
grupo foi feito análise por subgrupo de doenças mais frequentes. Os grupos e subgrupos
de CID foram descritos mais detalhadamente por ordem decrescente de frequência, do

42
primeiro até o quinto mais frequentes, considerando que os demais grupos e subgrupos
representavam baixos percentuais.
Ainda foi também descrito os resultados de alguns grupos e/ou subgrupos de CID que
mesmo não estando incluídos entre os cinco mais frequentes são considerados
importantes na discussão de doenças relacionadas ao trabalho no ramo frigorífico,
levando em conta os riscos ocupacionais presentes no ambiente de trabalho. A seguir
apresentamos os resultados desta análise.
Em relação ao benefício auxílio-doença acidentário (B91), Figura 1, verifica-se que no
período de 2012 até 2019, do total de 20.363 benefícios concedidos, a grande maioria
foi referente ao grupo M (Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo),
com um percentual de 73,3% (14.924). Em seguida com 12,8% (2.595) aparece o grupo
G (Doenças do Sistema Nervoso); depois o grupo K (Doenças do Aparelho Digestivo),
com 4,3% (868); o grupo F (Transtornos Mentais e Comportamentais), com 3,7% (747)
e o grupo I (Doenças do Aparelho Circulatório) que aparece com 2,7% (538).

Figura 1 – Distribuição de benefícios auxílio-doença acidentários (B91) por grupos de


CID; 2012 – 2019.

Ao se analisar a distribuição de benefícios B91 em cada grupo de CID, por subgrupos


de doenças, verifica-se que no Grupo M (Doenças do Sistema Osteomuscular e do
Tecido Conjuntivo), Figura 2, mais de 70% dos casos foram decorrentes dos CIDs M75
(Lesão de ombro), M54 (Dorsalgia) e M65 (Sinovite e tenossinovite). Dentre esses
casos, as lesões de ombro correspondem a 38,3%; Dorsalgia foi 18,9% e Sinovites e
43
Tenossinovites correspondem a 16,9%. Em seguida aparece M77 (Outras Entesopatias),
com 6,7% e M51 (Outros Transtornos dos Discos Vertebrais), com 5,0%.

Figura 2 – Distribuição de benefícios auxílio-doença acidentários (B91) no grupo M.

No grupo G (Doenças do Sistema Nervoso), Figura 3, quase a totalidade dos casos,


94,6%, compreendem o CID G56 (Mononeuropatias de membros superiores).

Figura 3 – Distribuição de benefícios auxílio-doença acidentários (B91) no grupo G.

44
A Figura 4, mostra a distribuição dos subgrupos de CID no Grupo K (Doenças do
Aparelho Digestivo), onde verifica-se que os maiores percentuais de doenças foram
devidos ao CID K40 (Hérnia Inguinal), com 64,2% dos casos e K42 (Hérnia Umbilical),
com 18,7% dos registros. Em seguida, aparecem os seguintes subgrupos: K43 (Hérnia
Ventral), com 5,9%, K 35 (Apendicite Aguda), com 5,2% e K46 (Hérnia Abdominal
Não Especificada), com 3,3%.

Figura 4 – Distribuição de benefícios auxílio-doença acidentários (B91) no grupo K.

Em relação ao grupo F (Transtornos Mentais e Comportamentais), Figura 5, verifica-se


que mais da metade dos casos são de episódios depressivos, sendo que 49,5% dos CIDs
deste grupo representam o subgrupo F32 (Episódios Depressivos) e 12,2% o CID F 33
(Episódios Depressivos Recorrentes), ainda aparece neste grupo com 10,1% o CID F43
(Reação ao Stress Grave), com 8,6% o CID F31 (Transtorno Afetivo Bipolar), com
5,1% o CID F41 (Outros Transtornos Ansiosos).

45
Figura 5– Distribuição de benefícios auxílio-doença acidentários (B91) no grupo F.

O grupo I (Doenças do Aparelho Circulatório), Figura 6, apresenta o CID I83 (Varizes


dos Membros Inferiores) com 63% dos casos, os demais CIDs seguem com pequenos
percentuais, I84 (Hemorroida), com 8,0%; I80 (Flebite e Tromboflebite), com 7,1%; I82
(Outras Embolias e Trombose Venosa), com 4,8% e I87 (Outros Transtornos das
Veias), com 5,1%.

Figura 6– Distribuição de benefícios auxílio-doença acidentários (B91) no grupo I.

46
Em relação aos benefícios auxílio-doença previdenciário (B31), Figura 7, verifica-se
que no período de 2012 até 2019, do total de 133.444 benefícios concedidos, em
primeiro lugar aparece o grupo M (Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido
Conjuntivo), com um percentual de 28,9 (38.507). Em seguida com 17,0% (22.700)
aparece o grupo F (Transtornos Mentais e Comportamentais); depois o grupo K
(Doenças do Aparelho Digestivo), com 13,7% (18.256); em quarto lugar aparece o
grupo I (Doenças do Aparelho Circulatório) com 8,3% (11.080) e em seguida o grupo O
(Gravidez, Parto e Puerpério) com 8,1% (10.848).

Figura 7 – Distribuição de benefícios auxílio-doença previdenciários (B31) por grupos


de CID; 2012 – 2019.

Ao se analisar a distribuição de benefícios B31 em cada grupo de CID, por subgrupos


de doenças, verifica-se que no Grupo M (Doenças do Sistema Osteomuscular e do
Tecido Conjuntivo), Figura 8, maioria dos CIDs compreendem M54 (Dorsalgia), com
22,7%; seguidos por M75 (Lesão de ombro), 18,4%, M51 (Outros Transtornos dos
Discos vertebrais), 10,7%; M 23 (Transtornos do Joelho), 10,0% e M65 (Sinovite e
tenossinovite), com 8,7%.

47
Figura 8 – Distribuição de benefícios auxílio-doença previdenciários (B31) no grupo M.

Em relação ao grupo F (Transtornos Mentais e Comportamentais), Figura 9, verifica-se


que os CIDs que mais aparecem foram o subgrupo F32 (Episódios Depressivos), com
31,0%; seguidos pelos CID F 33 (Episódios Depressivos Recorrentes), com 13,4%; F41
(Outros Transtornos Ansiosos) com 11,8%; F19 (Transtornos por múltiplas Drogas),
com 9,7% e F 31 (Transtorno Afetivo Bipolar), com 9,3%.

Figura 9 – Distribuição de benefícios auxílio-doença previdenciários (B31) no grupo F.

48
A Figura 10, mostra a distribuição dos subgrupos de CID no Grupo K (Doenças do
Aparelho Digestivo), onde verifica-se que os maiores percentuais de doenças foram
devido ao CID K40 (Hérnia Inguinal), com 24,5%; K80 (Colelitíase), com 21,7%; K35
(Apendicite Aguda), com 17,0%; K42 (Hérnia Umbilical), com 10,6% e K81
(Colicistite), com 6,7%.

Figura 10 – Distribuição de benefícios auxílio-doença previdenciários (B31) no grupo


K.

O grupo I (Doenças do Aparelho Circulatório), Figura 11, os principais CIDs foram


relativos ao CID I 83 (Varizes dos Membros Inferiores) com 41% dos casos, seguido
por I 84 (Hemorroida), com 10,4%; I10 (Hipertensão Arterial Sistêmica), com 4,9%;
I20 (Angina) com 3,8% e I80 (Flebite e Tromboflebite) com 3,7%.

49
Figura 11 – Distribuição de benefícios auxílio-doença previdenciários (B31) no grupo I.

No grupo O (Gravidez, Parto e Puerpério), Figura 12, em primeiro lugar aparece o CID
O20 (Hemorragia do Início da Gravidez), com 34,5% seguido do CID O60 (Trabalho de
Parto Prematuro), com 11,1%. Depois aparece o CID O62 (Anormalidade da contração
uterina); O26 (Assistência Materna por Outras Complicações ligadas
predominantemente a Gravidez), com 6,5% e O21 (Vômitos Excessivos da Gravidez),
com 5,1%.

Figura 12 – Distribuição de benefícios auxílio-doença previdenciários (B31) no grupo


O.

50
Embora não apareça entre os principais grupos de CID nos dois tipos de benefício (B91
e B31), vale a pena fazer alguns comentários sobre o grupo de doenças infecciosas, pela
questão da exposição a risco biológico em frigoríficos.
Em relação ao benefício auxílio-doença acidentário, B91, o grupo de CID A00-B99
(Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias), apresentaram 170 casos, o que
corresponde a 0,3% dos benefícios concedidos. Destes; mais da metade (55,3%) foram
decorrentes do CID A23 (Brucelose), seguido por: A15 (Tuberculose Pulmonar com
Confirmação Bacteriana ou Histológica), com 7,6%; A16 (Tuberculose Pulmonar sem
Confirmação Bacteriana ou Histológica), com 7,1%; B35 (Dermatofitose), com 6,5% e
A27 (Leptospirose), com 5,3% dos casos.
Já em relação aos benefícios B31, considerando o Grupo de CID A00-B99 (Algumas
Doenças Infecciosas e Parasitárias), foram registrados um total de 2.640 benefícios o
que corresponde a 2,0% do total de benefícios. Neste grupo o CID A16 (Tuberculose
Pulmonar sem Confirmação Bacteriana ou Histológica) apresentou 8,9% dos casos,
seguidos por A46 (Erisipela), com 5,9%; B20 (Doença pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana – HIV -, resultando em doença infecciosa ou parasitária), com 3,5%; B55
(Leishmaniose), com 3,2% e B58 (Toxoplasmose), com 2,2% dos casos.

4. DISCUSSÃO

4.1. Discussão dos resultados apresentados:


Este tópico pretende discutir questões relativas as doenças relacionadas ao trabalho no
setor frigorífico, levando em consideração as questões levantadas no item “Resultados”
referentes a descrição do processo produtivo, exposição a riscos ocupacionais e o perfil
de adoecimento dos trabalhadores do setor tomando como referência as causas das
concessões de benefícios previdenciários auxílio-doença acidentário (B91) e auxílio-
doença previdenciário (B31) no período de 2012 até 2019.
A distribuição de doenças entre os trabalhadores pode sofrer interferência não só de
fatores gerais que também influenciam o aparecimento de doenças na população geral,

51
como por exemplo, idade, sexo, tabagismo etc., como também de fatores específicos
relacionados ao trabalho por eles executado.
Desta forma, pode-se dizer que existe dois grupos de doenças que podem acometer o
trabalhador: aquelas que não tem relação com o trabalho e as relacionadas ao trabalho,
sendo estas últimas denominadas de Doenças Relacionadas ao Trabalho (DRTs).
As DRTs compreendem um grupo de doenças em que o trabalho/condição de trabalho
atua como fator de risco para o seu aparecimento/desencadeamento e/ou agravamento,
ou seja, existe uma relação causal entre o trabalho/condições de trabalho e a doença. As
DRTs podem ser agrupadas em três grupos, segundo a classificação de Schilling, 1984:
(Mendes, 2013; Brasil, MS, 2001):
GRUPO I: doenças em que o trabalho aparece como causa necessária. São também
denominadas doenças profissionais. Exemplos: asbestoses (exposição ocupacional ao
asbesto), silicoses (exposição ocupacional a sílica) e intoxicações agudas de origem
ocupacional. Neste caso, se a causa for eliminada do ambiente de trabalho a doença
também será eliminada.
GRUPO II: doenças em que o trabalho aparece com um fator de risco contributivo, mas
não necessário. Neste caso inclui-se doenças comuns (também acometem a população
geral), que são mais frequentes ou aparecem mais precocemente em determinados
grupos ocupacionais. Como exemplo, a hipertensão arterial em motoristas de ônibus.
GRUPO III: doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente, ou
agravador de uma doença preexistente, ou seja, concausa. Como exemplo estão as
doenças alérgicas de pele (dermatites alérgicas), respiratórias (asma ocupacional) e
distúrbios mentais (episódios depressivos), em determinados grupos ocupacionais ou
profissões.
Os grupos Schilling II e III compreendem as doenças de etiologia múltipla, onde o
trabalho aparece como um dos fatores causais. Neste caso, devido as condições de
trabalho (exposição a riscos ocupacionais) há uma probabilidade aumentada de
ocorrência da doença.
Assim, para estabelecimento do nexo causal, nestes dois grupos, há de se levar em conta
os aspectos epidemiológicos envolvidos na distribuição do agravo, seja pelo aumento no
número de casos ou precocidade de ocorrência dos mesmos entre determinados grupos
ocupacionais ou profissões, ou pela possibilidade de agravamento da patologia
decorrente da exposição a riscos ocupacionais.

52
Ainda em relação aos grupos Schilling II e III, diferentemente do grupo Schilling I,
mesmo que os fatores de risco forem eliminados do ambiente de trabalho, não significa
que a doença também será eliminada, o que vai se observar neste caso é a diminuição da
incidência ou modificação do curso evolutivo da doença.
No Brasil, levando em conta a classificação de Schilling, o enquadramento legal das
DRT é feito através da Portaria nº 1.339 do Ministério da Saúde (MS), de 18 de
novembro de 1999 e, do Decreto nº 3.048/99 do Instituto Nacional de Seguro Social
(INSS).
A Portaria nº 1.339/99 do MS dispõe de duas listas para determinação das doenças
relacionadas ao trabalho, sendo que a lista A parte do agente etiológico/fator de risco
para a respectiva doença, enquanto a lista B parte da doença para o respectivo agente de
risco.
O INSS passou a utilizar estas duas listas para fins de concessão de benefícios
previdenciários, através do Anexo II do Decreto nº 3.048/99 do Instituto Nacional de
Seguro Social (INSS).
A partir de 2006 o INSS começa a introduzir mais um conceito para o enquadramento
das DRT, que é o nexo técnico epidemiológico previdenciário (NTEP), Lei nº 11.430,
de 26 de dezembro de 2006. O NTEP implantado a partir de 2007 se baseia em uma
matriz criada a partir do banco de dados da Previdência Social que demonstrou
associação estatística entre determinados grupos de CNAE e determinadas patologias
responsáveis pela concessão de benefícios previdenciários por incapacidade, concluindo
nestes casos pela provável etiologia ocupacional do agravo (Silva-Junior, 2012).
Com isso o INSS passa a utilizar para enquadramento das DRTs, além das listas A e
B, uma terceira lista, Lista C, baseada no NTEP, que faz o cruzamento entre o código da
CID e o da CNAE.
Vale ainda citar que em agosto de 2020, através da Portaria GM/MS nº 2.309, foi feita
uma atualização da LDRT do Brasil com modificações tanto na Lista A, quanto da Lista
B. Esta atualização levou em conta a necessidade de ampliação de conceitos sobre
riscos ocupacionais relativos à biomecânica do trabalho e fatores
organizacionais/psicossociais, bem como a inclusão de novos agentes de risco
biológicos e químicos (Silva-Junior, 2020).

53
Entretanto, em 02 de setembro de 2020 foi publicada a Portaria nº 2.345, que tornou
sem efeito a atualização 2020 da LDRT, retomando a vigência da versão lista de DRT
de novembro de 1999.
É preciso se ter em mente, que independente da lista utilizada, elas têm um caráter
exemplificativo, não excludente, de forma que a não inclusão na lista de um fator de
risco e/ou de uma doença e/ou da relação CID/CNAE, não exclui a possibilidade de se
tratar de DRTs.
Analisando especificamente os resultados apresentados neste relatório, em relação aos
cinco primeiros grupos de CID mais frequentes entre os benefícios previdenciários
concedidos entre 2012 a 2019 no setor de frigoríficos, primeiramente chama atenção
que quatro grupos de CID M (Doenças do Sistema Osteomuscular e tecido Conjuntivo),
F (Transtornos Mentais e Comportamentais), K (Doenças do aparelho Digestivo) e I
(Doenças do Aparelho Circulatório) aparecerem como os mais prevalentes tanto na
concessão de benefícios B91 como B31, só havendo alteração na ordem de frequência,
conforme o tipo de benefício. Para o benefício B91 ainda o grupo G (Doenças do
Sistema Nervoso) aparece entre os cinco mais frequentes e para o benefício B31 o grupo
O (Gravidez, Parto e Puerpério). Adicionalmente, os resultados ainda evidenciaram que
em cada grupo de CID, em geral, as doenças mais frequentes também foram as mesmas
nos dois tipos de benefícios.
Diante deste cenário, considerando o processo de trabalho em frigoríficos e os riscos
ocupacionais presentes na atividade, pode-se inferir que esteja ocorrendo uma
subnotificação de doenças relacionadas ao trabalho no setor, de forma que muitos
trabalhadores que estão sendo afastados através de benefício auxílio doença
previdenciário (B31), deveriam estar afastados por auxílio doença acidentário (B91),
reforçando o que tem sido constatado por vários outros autores (Jakobi et al, 2015;
Oliveira et al, 2014; Guilhard et al, 2017; Brasil, 2021). Jakobi et al, 2015, em estudo de
incidência de benefícios previdenciários em 2008 entre trabalhadores do setor
frigorífico, encontrou uma incidência bastante superior de auxílio-doença previdenciário
em relação a auxílio doença-acidentária (16,3/10.000 trabalhadores X 2,2/10.000
trabalhadores). Segundo o Relatório de Análise de Impacto Regulatório da Norma
Regulamentadora n° 36, Brasil, 2021, a subnotificação de acidentes e adoecimentos já é
amplamente conhecida e estudada no Brasil.

54
Estudos mostram que as desordens osteomusculares, doenças do sistema nervoso,
especificamente a Síndrome do Túnel do Carpo e os transtornos mentais são
responsáveis pela maioria dos adoecimentos e/ou afastamentos na indústria frigorífica
(jakobi et al, 2015; Guilhard et al, 2017; Tirloni et al, 2021; Leibler et al, 2017).
Questões relativas à aspectos biomecânicos; da organização do trabalho e fatores
psicossociais são os fatores de risco associados ao desencadeamento destes agravos,
conforme pode ser verificado no item subitem 3 “Riscos ergonômicos e psicossocias”
no item “resultado”.
Vale citar que o grupo de CID Transtornos Mentais e Comportamentais aparecem em
segundo lugar entre os benefícios auxílio-doença previdenciário (B31), com 17% dos
registros neste grupo e em quarto lugar entre os benefícios auxílio doença acidentário
(B91), com apenas 3,7% dos registros. Ainda chama atenção o grande número de
episódios depressivos concedidos como B31 em comparação aos concedidos como B91,
que também se evidenciou neste estudo. Estes achados podem estar refletindo, além da
subnotificação já referida acima, a tendência ainda predominante no meio médico de
não considerar os transtornos psíquicos como relacionados ao trabalho (Silveira, 2017;
MPT, 2017) apesar, que para fins de perícia médica, os transtornos depressivos (F32 e
F33), estão incluídos na lista de NTEP para este setor econômico.
Além destes três grupo de patologias o grupo I (Doenças do Aparelho Circulatório) e o
grupo K (Doenças do Aparelho Digestivo), também apareceram entre os grupos de
doenças mais prevalentes, tanto nos benefícios B91 como no B31. Em relação a este
fato temos a considerar:
- Entre o grupo I, as Varizes de Membros Inferiores (I83) foram as mais frequentes. Já
no grupo K, a maioria dos casos foi devido ao CID Hérnia Inguinal (K40).
- Estas patologias são de etiologia multifatorial, e o trabalho pode atuar como um fator
contributivo e/ou agravante para seu aparecimento. A permanência prolongada em
posição de pé (varizes) e o levantamento/carregamento de peso (hérnias) estão entre os
principais fatores de risco associados ao trabalho para essas patologias (Barzotto, 2013;
Bertoldi et al, 2011; Lima et al, 2019; Jakobi et al, 2015; Sperandio et al2008; Leme et
al, 2010; Carvalho, 2019: Goulart et al, 2015; Svendsen et al, 2013). Ainda em relação
as condições laborais, a jornada de trabalho extenuante e ausência ou insuficiência de
pausas para descanso podem atuar como agravantes destas doenças (Moraes, 2014;
Bertoldi et al, 2011).

55
- Estas patologias têm um potencial de geração de incapacidade (Berenguer et al, 2010;
Bertoldi et al, 2011; Lima 2019; Goulart et al, 2015; Martins et al 2015).
- A associação entre trabalho em frigorífico com varizes de membros inferiores e hérnia
inguinal é também considerada pelo próprio INSS, através do NTEP, onde os CNAES
da indústria frigorífica 1011; 1012; 1013 mostram associação com grupo de CID que
inclui o agravo varizes de membros inferiores (I83) e hérnia inguinal (K40). Embora o
NTEP não discrimine especificamente o CID I83 (varizes) e o CID K40 (hérnia
ingunal), sabe-se que estes agravos são responsáveis pela maioria dos diagnósticos do
grupo de CID I80-I89 e do K40-K43 (Costa, 2016; Venturelli et al, 2007; Berndsen et
al, 2019).
- As atividades laborativas em frigoríficos impõem permanência prolongada em posição
em pé e realização de carregamento/levantamento de peso.
Levando em conta que as varizes de membros inferiores e hérnia inguinais são agravos
que muitas vezes não requerem afastamento do trabalho, sendo que este se torna mais
necessário quando existe uma evolução desfavorável do quadro clínico, pode ser que a
prevalência destas patologias em trabalhadores de frigoríficos seja maior do que o
encontrado neste estudo que só avaliou casos afastados. Considerando esta hipótese, a
permanência do trabalhador portador destes agravos no trabalho sem que sejam
adotadas medidas de prevenção e controle no ambiente, aumenta a probabilidade de
agravamento do quadro, o que poderá gerar incapacidade laboral e consequente
afastamento do trabalho.
Outros estudos deverão ser feitos no sentido de se conhecer o real impacto destes
agravos na saúde do trabalhador de frigoríficos, de identificar atividades de risco, bem
como, subsidiar propostas de medidas de intervenções/ações voltadas para a prevenção
destes agravos.
No caso dos benefícios auxílio-doença previdenciário (B31) o grupo de CID O
(Gravidez, Parto e Puerpério), aparece entre os cinco mais prevalentes, sendo que os
CIDs O20 (hemorragia do início da gravidez e o O60 (trabalho de parto prematuro)
foram responsáveis por quase metade das ocorrências deste grupo.
Vale citar que Jakobi et al, 2015, em estudo sobre a incidência de benefícios
previdenciários no setor de carnes e pescados em 2008, encontrou como principais CID
responsáveis pela concessão de benefícios auxílio-doença previdenciário a hemorragia
do início da gravidez, juntamente com as dorsopatias e episódios depressivos.

56
A preocupação com a existência no trabalho de riscos potenciais ao sistema reprodutivo
é fundamental na área de saúde e segurança do trabalho, sendo de especial importância
a atenção à mulher gestante trabalhadora, pelos possíveis efeitos adversos do trabalho
durante todo o período gestacional. De forma que algumas considerações devem ser
feitas em relação a estes achados:
- Evidências epidemiológicas mostram que ambientes e condições de trabalho podem
produzir efeitos adversos sobre a gravidez, como por exemplo a ocorrência de
abortamento espontâneo, baixo peso ao nascer, prematuridade, entre outros (Mendes,
2005; Fiocruz 2021 (a)).
- A exposição ocupacional a determinados agentes químicos (agrotóxicos; metais;
solventes orgânicos etc.); biológicos (vírus da rubéola, da hepatite; citomegalovírus,
entre outros), físicos (radiação ionizante; frequência de rádio/micro-ondas),
ergonômicos e psicossociais (esforço físico; estresse) podem levar a alterações na
gestação (Fiocruz, 2021 (a); Mendes, 2005).
- As hemorragias do primeiro trimestre da gestação são de grande preocupação, pois
podem levar ao abortamento. A prematuridade também causa muita preocupação devido
à morbimortalidade para o bebê. Estes agravos são de natureza multifatorial. Dentro da
multifatorialidade, o trabalho pode aparecer como fator contribuinte e/ou agravante
destes eventos.
- Em relação a questões ergonômicas e psicossociais, atividades laborais que exijam
esforço físico extenuante, carga horária elevada; trabalho noturno; permanência postural
fixa prolongada; baixo nível de satisfação com o trabalho e ambientes violentos podem
atuar como um fator de risco na gravidez (Fiocruz, 2021 (a); Cunha, 2015) e contribuir
no desencadeamento destes eventos. Assim, fica evidente que condições laborais que
demandam sobrecarga física e/ou psíquica, como ocorre na realização de diversas
atividades na indústria frigorífica, podem contribuir no desencadeamento destes
agravos.
Diante deste cenário, a realização de estudos que abordem esse tema entre as mulheres
trabalhadoras de frigoríficos é fundamental para se conhecer a distribuição de agravos
relacionados a gravidez nesta população, identificar os fatores de riscos presentes no
ambiente (e/ou atividades de risco) que possam contribuir para ocorrência destes
agravos e propor medidas preventivas no ambiente de trabalho visando a promoção da
saúde reprodutiva das mulheres trabalhadoras de frigoríficos.

57
Embora o grupo de doenças infecciosas não apareça entre os cinco grupos de CID que
mais afasta por benefícios B91 e/ou B31, e tenha apresentado relativamente baixos
índices de benefícios concedidos tanto para B31 como B91, três considerações serão
feitas a seguir, em relação a este grupo de doenças devido a importância da exposição a
risco biológico nos ambientes frigoríficos, conforme já descrito no subitem “Processo
produtivo” e “Risco biológico” no item “Resultado” deste relatório.
Primeiramente vale citar que muitas doenças infecciosas que acometem os trabalhadores
de frigorífico podem ter um curso insidioso, com quadro clínico assintomático, ou
autolimitado de forma que não há necessidade de afastamentos prolongados por mais de
15 dias, como é o caso das gastroenterites decorrentes da infecção por inúmeros agentes
virais e bacterianos. A análise de adoecimentos baseado em afastamentos
previdenciários, como foi feito neste estudo, não contempla estes casos.
Em segundo lugar considerando os resultados apresentados, verifica-se que a Brucelose
apareceu como principal causa de afastamento por B91, no período e a Tuberculose
entre as causas de benefícios B31, sendo que esta patologia também foi responsável pela
concessão de muitos benefícios B91.
A brucelose é uma doença infecciosa de caráter crônico, causada por bactérias do
gênero Brucella, sendo considerada uma zoonose de distribuição mundial. A brucelose
pode acometer diferentes mamíferos, sendo que a Brucella abortus causa doença nos
bovinos e bubalinos que pode ser transmitida ao homem pelo contato direto ou indireto
com os animais infectados e veiculada ao homem através da ingestão de leite
contaminado ou da manipulação de carcaças e vísceras durante o abate de bovinos. 
(Sola et al, 2020; Calvalcante, 2016; Cardoso, 2016).
Assim, representa um risco de transmissão para trabalhadores de frigoríficos sendo
considerada uma doença ocupacional. A Brucelose está incluída na lista B (doença para
o agente) como DRT em frigoríficos.
O quadro clínico em humanos costuma se apresentar de forma severa e debilitante, além
de exigir um tratamento prolongado com antibióticos (Rosinha et al, 2019), o que
geralmente requer afastamento do trabalho.
A tuberculose bovina é uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium bovis (M.
bovis), com tropismo pela espécie bovina, porém pode acometer outras espécies
(incluindo a humana) através da sua capacidade zoonótica, expondo vários grupos

58
ocupacionais entre os quais estão os trabalhadores de frigoríficos (Almeida et al, 2017;
Smaniotto et al., 2019; Asi et al, 2021).
Para a espécie humana, a patogenicidade das bactérias M. bovis e Mycobacterium
tuberculosis é a mesma (Smaniotto et al., 2019). O M. bovis, é uma zoonose, que afeta
todo o mundo, com maior incidência em os países em desenvolvimento (Smaniotto et
al., 2019; Asi, et al; 2021; Ribas, 2010; Franco, 2016). Pode causar uma doença clínica
e patologicamente indistinguível da infecção causada pelo M. tuberculosis. Sua
incidência vem diminuindo em locais que fazem programas de combate à doença (Asi et
al, 2021; Franco 2016).
Para Asi et al, 2021, as informações epidemiológicas relacionadas a tuberculose humana
pelo M. bovis na América Latina é considerada escassa e isso se torna preocupante
devido às complicações causadas na saúde pública e economia nacional. Segundo estes
autores o Brasil é considerado um país endêmico para tuberculose bovina, sendo que na
rotina dos frigoríficos a única medida empregada para o diagnóstico da enfermidade, é a
avaliação macroscópica durante a inspeção post mortem do animal, o que pode gerar
erros e comprometer o sucesso do programa de vigilância da tuberculose bovina.
A transmissão é principalmente por via aérea, o que aumenta o risco de transmissão e
disseminação da doença em ambientes fechados, e com pouca ventilação, (vide subitem
“Riscos biológicos” no item “Resultados”). Nos frigoríficos, também pode haver
transmissão através do contato dos trabalhadores com vísceras e secreções de animais
contaminados. Ribas, 2010, chama atenção que mesmo os trabalhadores que usam luvas
estão sujeitos ao contato com os braços, olhos e boca em caso de acidentes de trabalho.
Diante deste cenário, a tuberculose em trabalhadores de frigoríficos pode ter um caráter
de doença ocupacional (Asi et al, 2021; Ribas, 2010).
E por fim, frente ao momento atual de pandemia, será feito a seguir alguns comentários
referentes a Covid 19 e os frigoríficos.
No final de 2019 em Wuhan, China, começou a surgir os primeiros casos de uma
doença viral nova, denominada COVID-19 ou SARS-COV 2.
A COVID-19 é uma doença respiratória que acomete o homem, e é altamente
transmissível, sendo que em fevereiro de 2020 a Organização Mundial de Saúde
declarou se tratar de uma pandemia (OPAS, 2021).
Sete coronavírus humanos (HCoVs) já foram identificados: HCoV-229E, HCoV-OC43,
HCoV-NL63, HCoV-HKU1, SARS-COV (que causa síndrome respiratória aguda

59
grave), MERS-COV (que causa síndrome respiratória do Oriente Médio) e o, mais
recente, novo coronavírus que recebeu o nome de SARS-CoV-2), que causa a COVID-
19 (OPAS, 2021).
A maioria dos coronavírus são endêmicos, causando resfriados comuns, mas algumas
das cepas provocam infecções graves do trato respiratório inferior, e pode ser letal
(Ursacic et al, 2021; Da Silva, 2020; Salata et al, 2020).
Anteriormente dois surtos mais graves tinham acontecido envolvendo outros
coronavírus: em 2002 na China, SARS-CoV e em 2012 na Península Arábica, a MERS-
CoV (Ursacic et al, 2021; Zhong et al, 2003; Abdel-Moneim, 2014), sendo que o
COVID-19 é muito mais contagioso e infeccioso quando comparado ao anteriores
(Ursacic et al, 2021).
À medida que os estudos sobre o novo coronavírus foram se intensificando foi ficando
mais evidente a importância da transmissão aérea, por aerossóis, como principal via de
transmissão, ou seja: uma pessoa infectada (mesmo que assintomática) elimina o vírus
pela respiração, fala, tosse ou espirro, sob a forma de aerossóis que podem ser então
inalados por uma pessoa saudável (Greenhalgh et al, 2021; Wang et al, 2021; Randal et
al; 2021; Tang et al, 2021), e consequentemente contaminando-a.
Os aerossóis são partículas muito pequenas, constituídas de microrganismos, que são
liberadas pelo indivíduo (através da fala, tosse, etc.) e que podem ficar em suspensão no
ar por muitas horas após terem sido expelidas. Embora se dispersem rapidamente em
ambientes abertos, estas partículas tendem a se acumular em espaços fechados e mal
ventilados, podendo ser inaladas por outras pessoas e penetrar até o pulmão e
consequentemente, causar uma infecção. Este modo de transmissão dificulta a
instituição de medidas de prevenção eficazes e assim é mandatório a utilização de
máscaras adequadas. (Fiocruz, 2021 (b); OPAS, 2010).
Desta forma, no caso de transmissão de agentes biológicos por via aérea, como ocorre
na COVID-19, a ventilação do ambiente e distância entre as pessoas interferem na
transmissão de forma que ambientes fechados, com superlotação de pessoas e pouco
ventilados, como ocorre nos frigoríficos, tem maior probabilidade de transmissão do
vírus (Fiocruz, 2021 (b); Ursacic at al, 2021; Dutkiewicz et al, 2020).
Considerando ser a via aérea a principal via de transmissão do novo coronavírus, as
medidas de prevenção devem se concentrar no ar do ambiente, além da utilização de
máscaras pelos indivíduos. Ambientes abertos, bem ventilados devem ser preferidos,

60
pois permitem a troca constante do ar e em caso de utilização de sistemas de ar-
condicionado para refrigeração de ambientes estes devem garantir a renovação do ar. A
vacinação, que se encontra disponível desde o final de 2020, tem ajudado também na
diminuição da transmissão do vírus e da infecção (Fiocruz, 2021 (b)).
Com o início da pandemia vários surtos de COVID19 passaram a ocorrer em
frigoríficos de todo mundo (Ursacic et al, 2021; Dutkiewicz et al, 2020; Silva, 2020).
No Brasil, especificamente, verificou-se taxas elevadas de incidência da Covid-19 entre
os trabalhadores do setor, o que inclusive fez parar em 2020 algumas plantas frigoríficas
por determinação do Ministério Público do Trabalho para tentar frear a transmissão
entre os trabalhadores do local (Silva, 2020).
Como já descrito no item “risco biológico” deste relatório, as condições de trabalho em
frigorífico são propícias a transmissão aérea de doenças. Para Dutkiewicz et al, 2020, a
superlotação do ambiente de trabalho e a linha de produção em nória (correia
transportadora) não permitindo a manutenção de uma distância segura entre os
trabalhadores, são os fatores de risco que concorrem para disseminação da COVID-19
no ambiente frigorífico. Enquanto fatores relacionados ao clima, grande produção de
aerossóis associado a presença de poeiras orgânicas (penas, fezes dos animais) atuam
favorecendo a persistência do novo coronavírus neste ambiente (Dyal et al, 2020,
Middleton et al, 2020).
Em relação a questões climáticas, as baixas temperaturas, alta umidade relativa do ar e
ausência de luz solar, presentes em unidades frigoríficas estão entre os fatores que
favorecem a sobrevivência do SARSCOV-2 (Ursacic et al, 2021; Middleton, 2020;
Dutkiewicz et al, 2020).
Além disto, a umidade excessiva dos ambientes pela lavagem constante dos produtos
animais, de superfícies, equipamentos (bandejas, facas, etc.) e pisos, concorrem
facilitando a sobrevivência e propagação do vírus no ambiente (Ursacic, 2021).
Os sistemas de ar-condicionado, não permitindo a renovação do ar local, também
podem espalhar o vírus nos ambientes frigoríficos aumentando o risco de infecção
(Ursacic et al, 2021; Middleton et al,2020).
Em relação a uso de máscaras, Ursacic et al, 2021, adverte que em ambiente com
temperaturas baixas de 4-100 (situação presente em diversos setores do frigorífico) as
máscaras ficam úmidas rapidamente (pela condensação do ar exalado durante a

61
respiração) reduzindo o seu poder de filtração. Desta forma a escolha do tipo de
máscara a ser usada pelos trabalhadores deve ser bastante rigorosa.
A pandemia do novo coronavírus acendeu a luz para importância e magnitude da
exposição ocupacional a agentes biológicos em frigoríficos, mostrando como este
ambiente é altamente vulnerável frente a um vírus de transmissão aérea, com alto
potencial de disseminação e propagação.
Esta situação revela a necessidade de se investir em medidas para melhoria das
condições e dos ambientes de trabalho nas empresas frigoríficas, visando a redução de
disseminação e propagação não só do coronavírus, mas de outros agentes biológicos, em
geral.
Vale ainda comentar sobre as doenças relacionadas ao trabalho relativas à exposição
ocupacional ao frio. Considerando que:
- Nesta análise se avaliou os agravos a saúde que levam a afastamento do trabalho por
mais de 15 dias. As alterações mais frequentes decorrentes da exposição ao frio são de
dor e desconforto em mãos (Takeda, 2018), o que em geral pode não levara a
incapacidade laboral.
- Muitas das possíveis doenças relacionadas ao frio não se manifestam logo após a
exposição ao agente, o que dificulta o estabelecimento de nexo causal.
- Á exceção da hipotermia, a maioria das doenças relacionadas ao frio que
compreendem as dermatoses, doenças osteomusculares e cardiorrespiratórios são de
natureza multifatorial, o que dificulta ainda mais o estabelecimento de nexo causal.
Neste caso, a comparação entre a prevalência dessas doenças entre trabalhadores em
frigoríficos com trabalhadores de outros setores econômicos poderia contribuir para
investigação da existência de nexo causal.
- Na análise de dados do INSS foi observado que no item Traumatismo houve 08 casos
de “Geladura”, sendo 05 por B31 e 03 por B91. Estas lesões também denominadas
Eritema Pérnio”, são decorrentes da exposição ao frio associados a ambientes úmidos.
Acometem principalmente os pés e as mãos e se apresenta por lesões eritemocianótica
que em casos gaves pode se manifestar com ulcerações passíveis de infecção. Os
indivíduos acometidos muitas vezes apresentam quadro de dor, dormência e dificuldade
de usar as mãos (Barros, 2009).
- A exposição ao frio é inerente ao trabalho em frigoríficos, desde a etapa de cortes até a
embalagem dos produtos finais. Os estudos sobre o tema são escassos.

62
Estudos mais aprofundados devem ser feitos, no sentido de realizar um diagnóstico da
exposição ao risco e suas repercussões na saúde do trabalhador.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto visou realizar uma pesquisa preliminar sobre os riscos ocupacionais da
indústria frigorífica e sua repercussão na saúde dos trabalhadores do setor. Mesmo
levando em conta a abrangência do tema, ao concluir esta pesquisa podemos considerar
que o seu objetivo foi contemplado.
Considerando os resultados aqui apresentados, fica evidente que o processo e as
condições de trabalho na indústria frigorífica impõem a seus trabalhadores exposição a
riscos de diversas naturezas e complexidade, que se associam direta e/ou indiretamente
com o perfil de adoecimento desta população.
Espera-se que o presente relatório possa contribuir como subsídio técnico para novos
estudos, bem como para implantação e/ou implementação de políticas públicas voltadas
para controle e prevenção de riscos ocupacionais na indústria frigorífica, visando a
melhoria dos ambientes e condições de trabalho, o que contribuirá na promoção da
saúde dos trabalhadores do setor.

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