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Registro sentipensante: Seminário sobre drogas

Nome: Alice Morais Coelho


Matrícula: 2019075169

A temática de drogas trazida pelos alunos na aula de Ética profissional do dia


29/05/2022 é um assunto polêmico que levanta diversos questionamentos éticos.
Um desses questionamentos seria sobre a ilegalidade do uso e comercialização
dessas substâncias, no entanto é impossível se falar desses tópicos sem levantar
outras questões como: Quem é punido pela manutenção dessa ilegalidade? A quem
serve a manutenção dessa ilegalidade? Quem é punido pela manutenção dessa
ilegalidade? Por se tratar de substâncias ilegais essas questões são pouco
debatidas, mas são essenciais para uma compreensão mais abrangente sobre o
tema.
A conhecida “guerra às drogas" pode nos auxiliar na reflexão acerca da
primeira pergunta: “Quem é punido pela manutenção dessa ilegalidade?”. Essa
“guerra” tem um inimigo bem definido e, para enxergarmos isso, basta olhar para
aqueles que são mortos e presos pelo uso e comercialização de drogas. Apesar de
ser um comércio sustentado por pessoas abastadas, aqueles que são punidos são
aqueles que estão à margem da sociedade, seja pelo seu baixo poder aquisitivo ou
pelo seu tom de pele. Falar de guerra às drogas sem falar, também, de racismo gera
uma lacuna na compreensão do fenômeno já que essa “guerra” é mais um
mecanismo de controle de corpos indesejados. Esse ponto levanta também a
questão da superlotação do sistema prisional (onde a maioria das prisões é
decorrente do tráfico) e da violência gerada pela ilegalidade das substâncias que
fomenta a existência de um mercado paralelo sem qualquer fiscalização, taxação e
segurança.
Deste modo, é possível predizer que a manutenção dessa ilegalidade serve
àqueles interessados em controlar corpos indesejados e também àqueles que
ativamente financiam esse comércio mas não são devidamente responsabilizados
por seu status social. Nesse sentido é importante ressaltarmos que, muitas das
pessoas que se envolvem nessa dinâmica enxergam no tráfico uma possibilidade de
ascensão social que seria impossível se alcançar através dos aparatos e políticas
públicas fornecidas pelo Estado. Assim, o comércio das drogas continua
empregando, informalmente, pessoas negras e de baixa renda que almejam uma
vida digna e que acabam sendo os únicos punidos nesse sistema que é muito mais
amplo do que aquilo que se enxerga nas favelas brasileiras.
Sem pretensão de findar o assunto e ciente das mais variadas discussões
que esse tema pode levantar, concluo o pensamento ressaltando a importância de
se lançar um olhar crítico e ampliado para a compreensão dos fenômenos sociais, já
que um olhar focado pode ignorar aspectos cruciais. Assim, a “guerra às drogas”,
como existe hoje no Brasil, atua como um mecanismo de controle de corpos
indesejados já que seu “inimigo” tem raça, classe e cor previamente definidos.

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