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Autoria
Luana Holanda Nepomuceno - luanahn@gmail.com
Prog de Pós-Grad em Admin e Controlad – PPAC / UFC - Universidade Federal do Ceará
Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo demonstrar o efeito da precarização do trabalho nas
estratégias de coping ocupacional utilizadas pelos profissionais de Gestão de Pessoas.
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e explicativa, realizada com 312
profissionais da área de Gestão de Pessoas. A coleta de dados utilizou o Inventário de
Precarização Laboral (IPREL) de Araújo, Jesus e Rodrigues (2018) e a Escala de Coping
Ocupacional (CO) (LATACK, 1986) na versão traduzida e validada para o Brasil por
Pinheiro, Tróccoli e Tamayo (2003). Destaca- se que a dimensão Desânimo e
Descontentamento apresenta positiva influência na estratégia Esquiva e, de forma mais
diminuta, na estratégia de Controle. A dimensão Insatisfação com Ambiente tem relação
positiva e significativa somente com a dimensão Esquiva, sendo essa de representatividade
baixa. Os resultados indicam que fatores como Insatisfação, Remuneração e Sobrecarga não
exercem influência na forma como o profissional de Gestão de Pessoas lida com as situações
estressoras em seu contexto laboral. A pesquisa contribui com os estudos da precarização do
trabalho em categorias profissionais específicas, além de ampliar a investigação da temática
sob um viés quantitativo.
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RESUMO
A presente pesquisa tem por objetivo demonstrar o efeito da precarização do trabalho nas
estratégias de coping ocupacional utilizadas pelos profissionais de Gestão de Pessoas. Trata-se
de uma pesquisa quantitativa, descritiva e explicativa, realizada com 312 profissionais da área
de Gestão de Pessoas. A coleta de dados utilizou o Inventário de Precarização Laboral
(IPREL) de Araújo, Jesus e Rodrigues (2018) e a Escala de Coping Ocupacional (CO)
(LATACK, 1986) na versão traduzida e validada para o Brasil por Pinheiro, Tróccoli e
Tamayo (2003). Destaca-se que a dimensão Desânimo e Descontentamento apresenta
positiva influência na estratégia Esquiva e, de forma mais diminuta, na estratégia de Controle.
A dimensão Insatisfação com Ambiente tem relação positiva e significativa somente com a
dimensão Esquiva, sendo essa de representatividade baixa. Os resultados indicam que fatores
como Insatisfação, Remuneração e Sobrecarga não exercem influência na forma como o
profissional de Gestão de Pessoas lida com as situações estressoras em seu contexto laboral. A
pesquisa contribui com os estudos da precarização do trabalho em categorias profissionais
específicas, além de ampliar a investigação da temática sob um viés quantitativo.
1 INTRODUÇÃO
A precarização do trabalho, fruto das transformações ocorridas no capitalismo
desde as últimas três décadas do século XX (ANTUNES; PRAUN, 2015), evidencia-se
através do número elevado de desemprego, da existência de diferentes formas de ocupação, da
terceirização em massa, da perda de direitos trabalhistas, das péssimas condições de trabalho,
dentre outras mais (DRUCK, 2011).
O trabalho precário atinge trabalhadores em diferentes categorias e apresenta
aspectos variados, dependendo do segmento em que o trabalhador está inserido (ARAÚJO,
2013; DRUCK, 2013; NOGUEIRA, 2019). Nogueira (2015) instiga à ampliação da
compreensão da precarização do trabalho no século XXI, destacando que novas categorias
têm se enquadrado, fato que está sendo comprovado a partir de pesquisas empíricas
publicadas. A abrangência da precarização do trabalho engloba, em diferentes medidas,
empresas de todos os portes e segmentos de atuação (NOGUEIRA, 2019).
Por outro lado, o coping, também conhecido no Brasil como estratégia de
enfrentamento ao estresse, refere-se aos esforços cognitivos e comportamentais direcionados
às demandas específicas externas e/ou internas avaliadas como estressoras (FOLKMAN;
LAZARUS, 1980). Por serem situacionais e específicas, as estratégias de coping foram
estudadas para contextos específicos, sendo o coping ocupacional de Latack (1986) o modelo
com maior aderência às questões do mundo do trabalho. O modelo é composto por três
dimensões: controle, esquiva e manejo de sintomas.
A área de gestão de pessoas demanda que seus profissionais se posicionem de
forma estratégica para contribuir para o crescimento e sustentabilidade do negócio, tornando o
ambiente organizacional propício ao crescimento pessoal e profissional e à realização dos
funcionários que fazem parte da empresa. As transformações políticas, econômicas e sociais,
ocorridas ao longo da história recente do nosso país, demandaram que as empresas alterassem
de forma significativa a maneira de gerir seus empregados. Por conseguinte, os profissionais
de gestão de pessoas tiveram de adequar suas práticas, seu perfil e suas atividades, frente a
essas novas demandas. Essa nova forma de atuação dos profissionais de GP, como “parceiros”
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, são abordados os temas centrais que fundamentam a realização do
presente estudo, contemplando precarização do trabalho, bem como o tema estratégias de
enfrentamento ao estresse – coping.
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características.
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que acontece em seu ambiente de trabalho. Essa escala é composta por dois fatores: 1) suporte
organizacional, com 29 itens; e 2) exploração e sofrimento, com 21 itens.
Observa-se que ainda há espaço para o surgimento de pesquisas quantitativas
sobre precarização do trabalho, principalmente no que se refere ao refinamento de suas
dimensões, à identificação sobre quais dimensões se sobressaem em diferentes categorias com
trabalhos precarizados, e nas relações entre a precarização com outros temas contemporâneos
relativos ao mundo do trabalho, tal como CO, a que se destina esse trabalho. A próxima
subseção irá tratar das estratégias de enfrentamento ao estresse – Coping.
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com as pressões das pessoas e do ambiente ao seu redor, diminuindo ou eliminando a fonte
geradora de estresse;
h) reavaliação positiva: envolve tentativas cognitivas de analisar e reavaliar um
problema de forma positiva, aceitando a realidade da situação, podendo apresentar aspectos
de religiosidade.
Conjuntamente com o IEC, a Escala Modo de Enfrentamento de Problemas
(EMEP) é outro instrumento amplamente utilizado no Brasil para avaliar as estratégias de
enfrentamento. Essa escala agrupa as estratégias em quatro fatores: enfrentamento focalizado
no problema, enfrentamento focalizado na emoção, busca de suporte social e busca de práticas
religiosas (MORERO; BRAGAGNOLLO; SANTOS, 2018).
Importante destacar que algumas estratégias de enfrentamento ao estresse
consideradas efetivas em ambiente doméstico e no relacionamento conjugal não se mostram
capazes de aliviar o estresse no contexto ocupacional na mesma proporção. Uma possível
razão para este fato é que as limitações inerentes ao contexto ocupacional restringem as
possibilidades para a ação efetiva dos indivíduos, que passam a depender de diferentes
estratégias de enfrentamento ao estresse. Considerando a importância do aspecto situacional
no enfrentamento ao estresse, foram desenvolvidas algumas medidas para situações
específicas, sendo uma delas o contexto ocupacional (PINHEIRO; TRÓCCOLI; TAMAYO,
2003).
O estresse ocupacional resulta da percepção dos indivíduos de que as condições
de trabalho não são adequadas ao que este necessita para o desenvolvimento de suas tarefas
(PASCHOAL; TAMAYO, 2004). Servino, Neiva e Campos (2013) alertam que os elementos
estressores do trabalho são muito comuns e frequentes, uma vez que a maioria dos adultos
passa grande parte do dia no desempenho de tarefas laborais. Corroborando com essa
afirmativa, Souza, Milioni e Dornelles (2018) constataram que os profissionais pesquisados
experimentam mais fatores estressores no seu ambiente de trabalho e com maior frequência
no cotidiano profissional.
Os estudos sobre Coping Ocupacional (CO) tiveram início com Latack (1986) que
considerou que ações e reavaliações cognitivas deveriam estar relacionadas a estratégias de
enfrentamento ou de esquiva da situação estressante. As ações e reavaliações cognitivas
relacionadas ao enfrentamento foram nomeadas de estratégias de controle, enquanto as ações
e reavaliações cognitivas de conteúdo escapista foram definidas como estratégias de esquiva.
A autora acrescentou ainda, na sua concepção de CO, a estratégia de manejo de sintomas, para
denominar as tentativas de lidar com os sintomas de estresse popularmente aceitas, como o
relaxamento ou a prática de exercícios físicos. O Quadro 02 apresenta as estratégias de CO
definidas por Latack (1986) com sua descrição, palavras chaves e exemplos.
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em relação à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa quantitativa. Em
relação à natureza, esta pesquisa ainda pode ser caracterizada como um estudo
descritivo/explicativo, visto que procura compreender o comportamento de fatores e
elementos que influenciam um determinado fenômeno. Esta pesquisa tem como população os
profissionais que atuem na área de Gestão de Pessoas, em empresas públicas e privadas no
Brasil, contemplando os cargos de gestão e não-gestão, escolaridade e vínculos diversos com
as organizações. O presente estudo foi realizado com a amostra não probabilística e
intencional. Foram obtidos 366 questionários de profissionais oriundos de diversas partes do
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DCO = βl + β2 AO + β3 DD + β4 IR + β5 S + β6 IA + εi
Onde:
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Percebe-se que não há nenhuma variável na equação que tenha relação inversa
com a Esquiva. Assim, os fatores Desânimo e Descontentamento e Insatisfação com Ambiente
estão positivamente relacionados com a estratégia da Esquiva, ou seja, à medida que o fator
aumenta, a Esquiva também aumenta. Portanto, tanto a percepção de descontentamento,
estagnação e subaproveitamento das suas capacidades e do seu potencial quanto aspectos
inconvenientes relacionados ao ambiente físico suscitam no profissional de GP uma postura
de evitação para as causas geradoras de estresse no trabalho.
Os resultados obtidos para a regressão da Esquiva, portanto, corroboram
parcialmente a hipótese H2 – “As dimensões da precarização do trabalho estão positivamente
relacionadas com a dimensão esquiva do CO”, ou seja, quanto maior a precarização
percebida, maior a esquiva no CO. Das cinco dimensões da precarização do trabalho
apresentadas nesse estudo, duas apresentam uma relação positiva e significativa com a
variável dependente esquiva: Desânimo e Descontentamento e Insatisfação com Ambiente. As
outras três dimensões da escala não apresentaram relação significativa com a Esquiva na
amostra estudada.
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Desânimo e Descontentamento NS
Sobrecarga NS NS NS
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CO. A relação e a intensidade em que cada um dos fatores interfere nas variáveis é bastante
distinta.
No tocante à variável Desânimo e Descontentamento, observa-se que ela interfere
na estratégia de Esquiva e, de forma mais diminuta, na estratégia de Controle. A variável
sempre se apresenta de forma positiva nas equações de regressão o que significa que quanto
maior a percepção de descontentamento, estagnação, desânimo e subaproveitamento das suas
capacidades e do seu potencial, mais o profissional de Gestão de Pessoas se utilizará de ações
de Esquiva e Controle.
Ausência de suporte organizacional é a variável de maior influência com as
estratégias de Coping Ocupacional na amostra pesquisada. Sua composição com 24 itens,
representa 53,3% da escala e responde por 24,959% da variância total, tendo uma
confiabilidade muita alta estimada pelo Alfa de Cronbach (α = 0,948). Esse fator apresentou o
maior relacionamento com as estratégias de coping, sendo a única variável presente na
equação do Manejo de Sintomas e a variável mais significativa na equação do controle.
Um ponto de destaque é que Ausência de suporte organizacional aparece em
relação negativa com as variáveis do Coping Ocupacional. Assim, quanto maior a ausência de
suporte disponibilizado pela empresa, seja no âmbito trabalhista, em estrutura e em
reconhecimento profissional menor é a utilização de estratégicas de Controle (ações proativas
para lidar com a fonte geradora do estresse laboral) e Manejo de Sintomas (ações para
administrar os sintomas gerados pelo estresse). Em contrapartida, ao perceber um adequado
suporte organizacional (ausência de suporte organizacional reduzido), o profissional de
Gestão de Pessoas assume uma postura proativa diante do contexto de estresse em busca
resolutividade e desenvolve estratégias para lidar com os sintomas das situações que não
consegue resolver o agente estressor. Em ambas as circunstâncias, o profissional atua de
forma consciente no enfrentamento do estresse, seja na causa ou no sintoma. O Quadro 04
sintetiza os principais resultados encontrados na perspectiva dos objetivos e hipóteses desta
pesquisa.
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5 CONCLUSÕES
A presente pesquisa tinha como objetivo responder ao questionamento: qual o
impacto da Precarização do Trabalho presente no cotidiano laboral nas estratégias de Coping
Ocupacional utilizadas pelos profissionais de gestão de pessoas? Com intuito de responder a
este questionamento, bem como corroborar ou refutar as hipóteses adotadas na pesquisa, os
construtos foram primeiramente definidos, para então serem testadas as relações entre as
dimensões da Precarização do Trabalho e as estratégias de Coping Ocupacional.
Estabeleceu-se três objetivos específicos para responder ao propósito desse
trabalho. Para atingir tais objetivos foram realizadas regressões com os fatores da PT a partir
da Escala IPREL, a saber: Ausência de suporte organizacional, Desânimo e
Descontentamento, Insatisfação com Remuneração, Sobrecarga e Insatisfação com Ambiente.
Como primeiro objetivo específico da pesquisa, buscou-se analisar como as dimensões da
precarização do trabalho afetam a dimensão controle do coping ocupacional. A análise
apresentou que somente duas dimensões se relacionam de maneira significativa com Controle,
sendo que Desânimo e Descontentamento se relaciona de forma direta, enquanto a relação
com o Ausência de suporte organizacional é inversa. Com isso, a Hipótese H1 – as dimensões
da PT estão positivamente relacionadas com a dimensão Controle – foi parcialmente
confirmada.
Como segundo objetivo específico, a pesquisa buscou analisar como as dimensões
da precarização do trabalho afetam a dimensão esquiva do coping ocupacional. A partir dos
resultados obtidos, foi possível concluir que há significância estatística com a inserção de
duas variáveis preditoras, sendo elas: Desânimo e Descontentamento e Insatisfação com
Ambiente. Ambas as dimensões possuem relacionamento positivo com a esquiva, ou seja,
quanto maior o resultado de tais variáveis, maior a utilização da Esquiva como estratégia de
enfrentamento ao estresse no contexto laboral. Sendo assim, a Hipótese H2 formulada – as
dimensões da PT estão positivamente relacionadas com a dimensão Esquiva – foi confirmada
parcialmente pois, ainda que todas as relações significantes sejam positivas, nem todas as
dimensões da precarização apresentaram-se relevantes para determinar a utilização da
estratégia esquiva.
Por fim, estabeleceu-se como terceiro objetivo, analisar como as dimensões da
precarização do trabalho afetam a dimensão manejo dos sintomas do coping ocupacional. O
fator Manejo de Sintomas obteve a menor influência das dimensões da precarização. Os
achados sugerem que somente a dimensão Ausência de suporte organizacional se relaciona
com a dimensão Manejo de Sintomas, e essa relação é inversa, ou seja, quanto maior o
Ausência de suporte organizacional, menor a utilização de Manejo de Sintomas. Tal
constatação rejeita a Hipótese H3 – as dimensões da precarização estão positivamente
relacionadas com a dimensão Manejo de Sintomas – uma vez não há nenhuma dimensão que
tenha relação significativa e positiva com a variável Manejo de Sintomas.
No contexto da gestão, a pesquisa contribui por gerar informações relevantes
sobre os profissionais de gestão de pessoas, categoria que possui diversas frentes de atuação
multifuncional, uma vez que muitos profissionais atuam em mais de um subsistema. É
possível observar, diante dos dados coletados, que os profissionais de Gestão de Pessoas
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formam uma categoria que cuida dos demais profissionais, mas pouco se cuida no tocante à
sua saúde emocional. No contexto da academia, a pesquisa contribui com os estudos da
precarização do trabalho em categorias profissionais específicas, além de ampliar a
investigação da temática sob um viés quantitativo. O estudo colabora, ainda, por apresentar a
proposta diferenciada de vincular, numa relação direta, as temáticas precarização do trabalho
e estratégias de coping ocupacional.
Os resultados encontrados nesta pesquisa não podem ser tão representativos para
generalizar, como um todo, uma vez que a ocorrência da amostragem ter sido não-
probabilística, por conveniência. Em futuras pesquisas, a relação entre precarização do
trabalho e Coping ocupacional poderia ser examinada em outras categorias profissionais, para
um comparativo entre o comportamento dos diferentes grupos e suas características
(escolaridade, tempo de atuação, ramo de empresa, tipo de atividades realizadas, dentre
outros).
Além disso, nos achados desse estudo, emergiu a possibilidade de uma pesquisa
qualitativa com os profissionais de gestão de pessoas a fim de adicionar uma maior
profundidade na relação entre a dimensão Controle do coping ocupacional e a dimensão
Sobrecarga da precarização do trabalho. Controle obteve a maior média entre as variáveis
dependentes, tendo o resultado do fator e de todos os itens acima da média da escala,
enquanto a Sobrecarga obteve maior média entre as variáveis independentes. A proposta se
adequa a esse público por se tratar da categoria dos profissionais de Gestão de Pessoas, que se
colocam como representantes de uma área estratégica da organização, ao mesmo tempo que
possuem o papel de um trabalhador. E, para sentir-se úteis e eficientes, podem realizar uma
exploração de si mesmos, intensificada pelo uso do controle no enfrentamento do estresse
refletindo num aumento da própria sobrecarga.
REFERÊNCIAS
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atividade a partir de uma pesquisa com profissionais de recursos humanos. 2015. 239 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
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ANTUNES, R.; PRAUN, L. A sociedade dos adoecimentos no trabalho. Serviço Social &
Sociedade, v. 123, p. 407-27, 2015.
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HAIR JR., J. F. et al. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2009.
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Publishing Company, 1984.
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