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Resumo
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1 INTRODUÇÃO
A pressão proporcionada por um mercado imprevisível, exigente e com barreiras
concorrenciais cada vez menores, demanda por empresas ágeis, eficientes e mais
competitivas. O foco na competência central e a delegação das atividades acessórias para
outras empresas tornaram-se premissa em um ambiente que exige eficiência, flexibilidade e
agilidade das organizações (PRAHALAD; HAMEL, 1990). É justamente no esforço de dotar
a empresa de flexibilidade e adaptabilidade que a terceirização surge como estratégia
amplamente utilizada nesse cenário (MAGALHÃES; CARVALHO NETO; GONÇALVES,
2010).
A disseminação da terceirização é um dos reflexos da transição do padrão de
acumulação fordista, para o modelo de acumulação flexível (BARBOSA, 2010; UDERMAN,
2007). Já se vão aproximadamente 30 anos que os custos do trabalho passaram a sofrer
compressão para baixo, via terceirização, e os sindicatos de trabalhadores não têm obtido
sucesso para fazer frente a esse movimento (CUTCHER-GERSHENFELD et al, 2007;
POCHMANN, 2011).
No Brasil, o uso da estratégia de terceirização teve como foco principal e muitas vezes
único, a redução dos custos de produção (BORGES, DRUCK, 1993; CARVALHO NETO,
2001; FARIA, 1994) e, em consequência, o rebaixamento das condições de trabalho. A
difusão dessa terceirização ganha espaço quando demonstra como a pulverização da força de
trabalho, espalhada espacialmente, restringe a organização dos trabalhadores e põe em cheque
a conquista e defesa dos seus direitos (LIMA, 2010). Nesse sentido, esse processo culminou
na precarização generalizada das relações do trabalho, mas, associando-se a uma queda dos
níveis de serviço, comprometendo, inclusive, os resultados econômicos das empresas optantes
por uma terceirização baseada na redução de custos (BORGES; DRUCK, 1993; DRUCK,
2011; HIRATA, 2011).
Todavia, essa relação de exploração e de resultados insatisfatórios se afasta da ideia de
interrelacionamento estruturado, socialmente justo e financeiramente sustentável
(CARDOSO; MARRAS, 2010), e não é o único caminho trilhado pelas empresas brasileiras.
Os resultados negativos fizeram com que várias organizações abandonassem a estratégia de
terceirização. Outras optaram por reverter o processo e, ainda, algumas buscaram trabalhar no
sentido de transformar essa estratégia em uma relação de parceria. As empresas que fizeram a
opção pela relação de parceria, seja originariamente ou como uma opção de mudança na
estratégia de terceirização, passaram a usufruir da conquista dos objetivos de se tornarem
empresas mais leves e eficientes (DRUCK, 1999; FERNANDES; CARVALHO NETO,
2005a; RACHID; BRESCIANI; GITAHY, 2001; REZENDE, 1997).
Porém, a relação de parceria encontra grandes desafios. Pesquisa realizada por
Fernandes e Carvalho Neto (2005a, b) com 513 gestores de 179 empresas brasileiras de
grande porte aponta que entre os maiores desafios encontrados na gestão de terceirizados
estão a qualificação desses fornecedores, a qualidade dos serviços prestados, a padronização
dos serviços contratados e o comprometimento dos terceirizados. Outro aspecto impactante na
relação de parceria é a evidente discrepância entre as condições de trabalho oferecidas para o
empregado da empresa contratante e as oferecidas aos empregados da empresa terceira
(CARVALHO NETO, 2001). Apesar dos desafios, pesquisas apontam êxito em relações de
parcerias nas quais grandes empresas estabeleceram um relacionamento tutelar com suas
parceiras, promovendo o desenvolvimento dessas empresas, o aprimoramento dos serviços e
produtos e uma gestão mais eficiente da mão de obra. O envolvimento da gestão de pessoas
de uma organização com os seus parceiros se mostra determinante na perspectiva evolutiva
das empresas dentro do cenário atual (CARDOSO; MARRAS, 2010).
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regra, ao objeto do contrato, ao seu valor, aos seus prazos, às formas de controle e às
obrigações das partes envolvidas. Dessa forma, a responsabilidade de conduzir os processos
de qualificação e comprometimento dos trabalhadores recai ainda mais sobre os gestores.
Os resultados da pesquisa de Fernandes e Carvalho Neto (2005b) indicam que, para
enfrentar o desafio da qualificação dos trabalhadores das Contratadas, as empresas têm
investido na definição de critérios, políticas e regras para orientarem a gestão do contrato de
terceiros. A Contratante também passa a orientar os processos de seleção dos terceirizados por
meio da contratação e negociação de metas e pelo acompanhamento e avaliação do
desempenho. Tais autores ainda identificaram que a integração dos terceiros aos processos de
treinamento e desenvolvimento da Contratante representa uma das práticas mais utilizadas
pelos gestores para lidar com a questão da capacitação de trabalhadores terceiros
(FERNANDES; CARVALHO NETO, 2005a).
Além das práticas voltadas para o treinamento e desenvolvimento, a avaliação de
metas, supervisão e feedback se apresentam como medidas adotadas pelos gestores
participantes da pesquisa de Fernandes e Carvalho Neto (2005a) com vistas a garantir a
melhoria dos serviços. Além disso, o estabelecimento de processos estruturados de
certificação para as empresas terceirizadas e o envolvimento dos terceiros no planejamento de
trabalho e na troca de experiências também foram identificadas como sendo estratégias
aplicadas no sentido de romper os obstáculos do ambiente da terceirização.
O ambiente empresarial está cada vez mais rigoroso e exige que as empresas se
adaptem às necessidades das pessoas de forma integrada, considerando inclusive seus
fornecedores (ALMEIDA, TEIXEIRA E MARTINELLI, 1993). Lisboa (2008) aponta que é
fundamental que as políticas e práticas envolvendo a gestão de pessoas estejam alinhadas às
mudanças ocorridas no contexto organizacional e que contemplem também o trabalhador
terceirizado.
Contudo, o despreparo das empresas em lidar com as pessoas envolvidas no contexto
produtivo do negócio, independente do vínculo contratual, é notório, conforme constata a
pesquisa de Fernandes e Carvalho Neto (2005a, b). Aspectos relacionados à valorização,
comprometimento, cooperação, aprendizagem e confiança envolvendo a gestão de pessoas em
múltiplos vínculos contratuais ainda encontram-se submetidos a um segundo plano. No
mesmo sentido, Leite (1994) ressalta que as estratégias de gestão de pessoas adotadas pelas
empresas têm um caráter limitado e apenas reativo. Para Rezende (1997), o gerenciamento do
relacionamento com os fornecedores é uma das principais dificuldades para o sucesso das
terceirizações no Brasil.
Apesar do quadro desafiador, persiste a necessidade de desenvolvimento de vários
tipos de relações colaborativas entre as empresas, ampliando as suas fronteiras, construindo
sistemas que coexistam com novas culturas e orientem as pessoas para a criação e
manutenção constante de vantagens competitivas. (CARDOSO; MARRAS, 2010).
Outro ingrediente importante entre os desafios da gestão de pessoas no contexto da
terceirização relaciona-se à empregabilidade dos trabalhadores. Associado a esse fator,
Magalhães, Carvalho Neto e Gonçalves (2010) ressaltam a desigualdade de oportunidades de
treinamento e desenvolvimento existente entre os empregados das empresas contratantes e os
trabalhadores de suas respectivas contratadas, acentuando ser a qualificação profissional um
importante fator de definição da empregabilidade do trabalhador terceiro.
Diante desse desafio e da necessidade de as empresas aperfeiçoarem a sua capacidade
competitiva para enfrentar o mercado globalizado, a gestão de recursos humanos tem passado
por grandes transformações (LACOMBE; TONELLI, 2001). Para Dutra (2011), as relações
de trabalho tendem a se tornarem mais complexas, tanto por conta da transformação das
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O método utilizado nesta pesquisa é o estudo de caso de natureza qualitativa. Para a
definição do método foram consideradas três condições relevantes citadas por Yin (2010) que
justificam a escolha do estudo de caso: focaliza acontecimentos contemporâneos, não exige
controle sobre eventos comportamentais e busca respostas para questões cuja forma é “como”
e “por que” (YIN, 2010, p.24).
Definido o método, partiu-se para a seleção do caso a ser estudado. Foram
considerados dois critérios básicos para essa escolha: a existência de um relacionamento
contratual de mais de cinco anos entre a contratante e a sua contratada tendo em vista a
consolidação do relacionamento entre as empresas e a possível formação de um fluxo de
influência relevante; a inserção das empresas no contexto da terceirização, com outras
experiências vividas como tomadora de serviços (contratante) ou prestadora (contratada).
Assim estabelecido, segue a caracterização das duas empresas investigadas.
A Contratante é uma empresa de capital privado que atua no negócio de cimento,
concreto e agregados, estando entre as cinco maiores empresas do setor. Ela conta com pouco
mais de 2.000 empregados próprios em atuação no Brasil e estima-se que suas contratadas,
em conjunto, acumulem um quadro de pessoal de, aproximadamente, 3.000 pessoas dedicadas
aos serviços contratados.
A Contratada, também de capital privado, atua no segmento de manutenção elétrica
industrial. Essa empresa está em atividade no mercado desde 1997 e presta serviços à
Contratante há, aproximadamente, seis anos. Atualmente, conta com 45 empregados, sendo
18 deles atuantes na prestação de serviços à empresa Contratante em questão.
A coleta de dados teve início com a análise documental feita na empresa de
consultoria que se encontra a serviço da Contratante. Tal consultoria atua no planejamento e
na execução de processos de homologação de fornecedores; e nas auditorias, no
desenvolvimento e na administração de padrões de gestão na rede de fornecedores. Os
serviços prestados pela Consultoria à empresa Contratante investigada neste estudo contam
com o auxílio de um sistema informatizado por meio do qual tramitam documentos e
informações entre as três empresas: Contratante, Contratada e Consultoria. Os documentos
utilizados para fins desta pesquisa são: manual contendo descrição e regras do relacionamento
entre a Contratante e as contratadas, questionário de auditoria utilizado pela Contratante para
avaliar suas contratadas, questionário utilizado pela Contratante no processo de homologação
de fornecedores e arquivo digital contendo a apresentação da empresa de consultoria.
Em seguida à análise prévia dos documentos fornecidos pela Consultoria, partiu-se
para a coleta de dados primários. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15
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Os dados obtidos nas entrevistas e também na análise dos documentos fornecidos pela
Consultoria foram classificados de acordo com o objetivo específico ao qual se referiam de
forma a aprofundar na análise de cada elemento coletado. Dessa maneira, a natureza da
análise é qualitativa e descritiva.
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que seja dado feedback detalhado à Contratada. De forma geral, a adesão da Contratada ao
modelo de gestão é o principal conteúdo do feedback. Com isso, a Contratante pretende
direcionar a Contratada para uma maior incorporação dos seus padrões de gestão. Além disso,
os empregados da Contratada são treinados, frequentemente, pela Contratante ou, então, é
exigido da Contratada que promova os treinamentos necessários aos seus empregados.
Quando as auditorias identificam práticas da Contratada que são conflitantes com o
modelo de gestão da Contratante, o monitoramento e suporte sobre a Contratada se
intensificam de forma a garantir sua adequação ao que é esperado, conforme dito a seguir: “A
empresa que descumpre uma norma aqui dentro tem que passar por auditoria, onde que ela
tem que voltar a ser eficaz. [...] Então a empresa tem que, periodicamente, fazer uma auditoria
e, de novo, dar uma investigada num dos sistemas, se está dentro daquilo que é proposto.”
(CTE2).
Destaca-se que além da empresa Contratante, a Consultoria também tem o papel de
orientar e monitorar as empresas contratadas. Logo, o relacionamento entre Contratante-
Contratada é, muitas vezes, mediado pela Consultoria. As atividades realizadas por essa
empresa de consultoria consistem na definição de padrões de avaliação das contratadas,
relacionados, principalmente, a rotinas de departamento de pessoal e segurança do trabalho.
Definidos esses padrões, com base no “modelo de gestão” da Contratante, os fornecedores são
orientados e têm o seu desempenho acompanhado tanto pela Contratante quanto pela
Consultoria.
A partir dos resultados, ações são definidas de acordo com cada caso. A falta de
adesão da Contratada a determinados aspectos pode chegar a impedir o acesso de seus
empregados às fábricas da Contratante. A análise do trecho da fala anterior permite verificar
que o objetivo principal do trabalho da Consultoria não é o de exercer influência sobre as
Contratadas. No entanto, isso acaba sendo uma consequência indissociável do trabalho
realizado.
A análise do manual que contém a descrição e as regras que estabelecem como se dá o
relacionamento entre a Contratante e suas contratadas permitiu verificar que o programa sobre
qual se estabelece todo o trabalho realizado pela Consultoria consiste na definição de padrões
que norteiam ações de orientação e avaliação dos fornecedores. As informações obtidas
confirmam a fala do Consultor entrevistado (CS1). A partir das análises feitas, são emitidos
relatórios gerenciais cujo propósito é detalhar a situação de regularidade de cada uma das
contratadas frente aos padrões estabelecidos. Os resultados apurados fundamentam novas
ações com fins de orientar as Contratadas e conduzi-las ao patamar de regularidade entendido
como ideal no contexto da Contratante. Esse ciclo permanece no decorrer de toda a relação
contratual entre as empresas.
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Os treinamentos são outro exemplo. Eles são realizados pela Contratante ou pela
Contratada, nesse caso, de acordo com o que direciona a primeira. Também os processos de
comunicação e feedback são influenciados pela Contratante. Com frequência a Contratada
reúne seus empregados para orientar, passar informações e dar feedback conforme dado pela
Contratante. Os trechos a seguir mostram alguns relatos: “Direto eles reúnem a turma e
passam tudo.” (CDA8). Outro disse:
“Fala como que a gente tem que executar o serviço. Corrige, fala de
segurança. Tem muita reunião e eles sempre tão falando de alguma
coisa. Tipo saúde também. Fala de como a gente tem que fazer tudo
aqui. Às vezes, eles recebem alguma reclamação da [Contratante], aí
eles conversam com a gente.” (CDA7).
Outro aspecto identificado foi que a influência sobre práticas de gestão de pessoas da
Contratada contribui para a formação de quadro de colaboradores terceirizados alinhados com
a Contratante, o que possibilita que esses empregados passem a integrar os quadros da própria
Contratante em algum momento.
A influência também foi motivada pelo fato de a Contratante se considerar responsável
pelas Contratadas a serviço em seu ambiente de produção, no que se refere ao cumprimento
de obrigações legais: “Isso já é uma política interna [...]. A empresa entende que, quando uma
empresa adentra a fábrica, ela é co-responsável por ela. Todos os requisitos, civis ou
trabalhistas, ela é co-responsável por isso. Então [...] nós temos que preocupar com nossos
terceiros.” (CTE2).
qualquer empresa aqui dentro.” (CTE1). Esse discurso mostra-se contraditório em relação ao
fato de existir um processo de auditorias periódicas realizado pela Contratante, justamente
para medir a adesão das contratadas ao seu modelo de gestão. Os padrões estabelecidos e os
mecanismos de monitoramento e avaliação dos fornecedores são rígidos. A partir das
auditorias realizadas e das análises feitas pela Consultoria, são emitidos relatórios que
subsidiam a tomada de decisões sobre a permanência e abrangência do contrato com cada
fornecedor. Assim, reforça-se que a adesão das contratadas ao modelo de gestão mostra-se
condição fundamental para que a relação contratual perdure e se desenvolva. Isso pode ser
atestado pela fala de outro entrevistado: “Se não atendesse, a gente não estaria trabalhando
com ela.” (CTE2).
Quanto à existência de conflitos na relação Contratante-Contratada, não houve
consenso. Para os entrevistados da Contratante, as contratadas assimilam as práticas
preconizadas pelo modelo de gestão sem maiores conflitos. No entanto, essa visão não é
compartilhada pela maioria dos entrevistados da Contratada e também não se alinha à
percepção do Consultor. Eles apontaram dificuldades na assimilação das orientações
repassadas pela Contratante, o que costuma gerar conflitos, em alguns casos, diretamente com
os empregados da Contratada.
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uma das práticas mais utilizadas pelos gestores para lidar com a questão da capacitação de
trabalhadores terceiros.
Conforme apontam Magalhães, Carvalho Neto e Gonçalves (2010), a desigualdade de
oportunidades de treinamento e desenvolvimento existente entre os empregados das
contratantes e os trabalhadores das contratadas, configurando a qualificação profissional como
um importante fator de definição da empregabilidade do trabalhador terceiro, é mitigada no
contexto estudado. Nota-se que as práticas e exigências da Contratante no que se refere à
capacitação das pessoas são aplicadas com equilíbrio sobre empregados próprios e terceiros.
A possibilidade de contratação de empregados terceiros pela empresa Contratante,
evidenciada nas entrevistas com os seus gestores, alinha-se ao ideal de fortalecimento da
empregabilidade do trabalhador terceirizado.
Também foram identificadas nesta pesquisa outras medidas apontadas por Fernandes e
Carvalho Neto (2005a) visando transpor os obstáculos do ambiente da terceirização. A
avaliação de metas, supervisão, feedback, além do estabelecimento de processos estruturados
de certificação para as empresas terceirizadas (FERNANDES; CARVALHO NETO, 2005a),
alinham-se aos mecanismos de controle e orientação estabelecidos pela Contratante em
conjunto com a empresa de Consultoria.
Outro achado que corrobora aspectos discutidos na literatura refere-se ao
entendimento da Contratante, de que os objetivos estratégicos estão sendo alcançados no que
se refere à qualidade, produtividade e segurança do trabalho, especialmente. A percepção é de
que isso passa, necessariamente, pelo envolvimento dos empregados da Contratada. Sobre
isso Lisboa (2008) aponta que é fundamental que as políticas e práticas envolvendo a gestão
de pessoas estejam alinhadas às mudanças ocorridas no contexto organizacional e que
contemplem também o trabalhador terceirizado. O envolvimento da empresa contratante nas
práticas de gestão de pessoas das usas parceiras, segundo Cardoso e Marras (2010), é
determinante na perspectiva evolutiva das empresas dentro do cenário atual.
O esforço da empresa Contratante percebido nesta pesquisa, no sentido de envolver
suas contratadas em um contexto de regularidade, qualidade e produtividade, distancia a
terceirização praticada no ambiente estudado do estereótipo da precarização identificado em
estudos sobre o fenômeno (BORGES; DRUCK, 1993; CARVALHO NETO, 2001). O
emprego de uma consultoria especializada, bem como o esforço para influenciar as práticas de
gestão de pessoas das contratadas, por meio do modelo de gestão adotado pela Contratante,
aproxima o tipo de terceirização da Contratante àquele apontado por Druck (1999), no qual a
terceirização é justificada pela busca de maior produtividade, qualidade e competitividade.
Nessa modalidade, destaca-se a transferência de políticas de gestão da qualidade para as
empresas subcontratadas, o que se verifica com intensidade no processo de influência
estabelecido pela Contratante estudada.
A incorporação do modelo de gestão da Contratante, pela Contratada, corrobora as
conclusões de Rachid, Bresciani e Gitahy (2001) que, sem ignorar as dificuldades do
relacionamento entre as empresas no contexto da terceirização, concluíram que a ligação das
pequenas e médias empresas fornecedoras com as grandes empresas clientes, resulta num
processo de qualificação dos fornecedores que passam a ter acesso a informações sobre as
práticas mais atuais de gestão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve o objetivo de avaliar como o relacionamento que se estabelece entre
Contratante e Contratada influencia as práticas de gestão de pessoas da empresa terceira. O
estudo permitiu constatar, primeiramente, que existe um processo intencional, planejado e
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REFERÊNCIAS
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