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CARREIRA
Introdução
O coaching, pelas premissas que o fundamentam, configura-se como
uma metodologia que busca a potencialização do desempenho dos
assessorados (coachees), de maneira que, independentemente da neces-
sidade apresentada, o estímulo seja voltado tanto para questões pessoais
quanto para questões profissionais. O processo é desafiador, uma vez que
a proposição da metodologia não é identificar necessidades e entregar
soluções, mas criar mecanismos que envolvem uma melhor comunica-
ção, uma maior autoconsciência e uma maior responsabilidade sobre as
próprias práticas. O coaching estimula a identificação de cenários e leva
o assessorado a refletir sobre como as coisas se configuram, qual é a sua
participação nessa configuração e como ele pode se moldar conforme
aquilo que sabe e pode mobilizar. Assim, encontram-se respostas a partir
da própria reflexividade.
Neste capítulo, você vai compreender como ocorre o processo de
gestão do desempenho. Nessa perspectiva, você vai avaliar o papel do
coaching para feedbacks assertivos, reforçando boas práticas de feedback.
Por fim, você vai analisar a relação entre comunicação, coaching e modelos
de gestão do desempenho.
2 Coaching e gestão do desempenho humano
Coaching e feedbacks
A forma como se configuram os feedbacks nas relações influencia diretamente
o impacto que eles terão no desempenho futuro de quem os recebe. O coaching
dedica atenção a como esses retornos podem ser aprimorados, de maneira
a contribuir mais efetivamente para mudanças e reflexões sobre as práticas
individuais. No livro Coaching for Performance, Whitmore (2012) destaca
como elementos fundamentais da metodologia de coaching as abordagens
de feedback e analisa as questões problemáticas que envolvem essa prática.
Whitmore (2012) aborda de maneira assertiva e cautelosa o quão funda-
mental o feedback é para o estabelecimento de boas relações de troca e para o
estímulo sobre o desempenho apresentado, sempre visando a potencializá-lo.
Para Whitmore (2012), feedback é uma palavra fundamental na caracterização
da consciência, sendo um dos elementos centrais trabalhados em coaching.
Nessa perspectiva, fala-se do feedback do ambiente, do corpo, das ações, das
roupas usadas para aquecer, da posição manifestada em relação ao feedback de
outras pessoas. Assim, trata-se da busca por um estágio amplo de consciência
sobre a presença e sobre como o indivíduo está se sentindo em cada situação.
O processo de feedback em organizações que têm lideranças mais autocrá-
ticas e se percebem como positivamente democráticas trata o coaching apenas
como um tema em curso, sem muita relevância transformacional. Nesses
ambientes, uma vez que os colaboradores não têm autoridade igual aos líderes
para responder aos feedbacks, eles não ousam esclarecer as questões aponta-
das. Consequentemente, com o estabelecimento da ignorância, continua-se a
rebaixar tanto a força de trabalho quanto a relevância do coaching, conforme
aponta Whitmore (2012).
No processo de desenvolvimento de feedback efetivo, o coaching emprega,
sistematicamente, questões que levam a pessoa estimulada a buscar com atenção
uma resposta, aplicando foco e precisão. Dessa forma, é possível criar um
ciclo efetivo de feedback. Whitmore (2012) aponta algumas dessas questões:
dos casos, podem produzir uma melhora mínima de curto prazo e, no pior dos
casos, causam mais declínio no desempenho e na autoestima. Destaca-se que
os quatro primeiros são os mais amplamente e tradicionalmente utilizados nos
círculos de negócios e podem parecer razoáveis, até que sejam examinados
com cuidado.
tanto com as ações que produzem o resultado errado quanto com as que dão
certo. O feedback pode ser fornecido pelo coach ou pelo coachee, sendo esse
último, de longe, o melhor, pelas razões destacadas.
Considerando o que foi exposto, pode-se fazer um questionamento: por que
persistimos em empregar os meios menos eficazes de feedback? Whitmore
(2012) responde que isso se dá porque nós olhamos para tudo do nosso ponto
de vista, em vez daquele de quem está recebendo o retorno. Dessa forma,
Whitmore (2012) reforça que, se realmente a intenção for tirar o melhor pro-
veito das pessoas e de si, é fundamental repensar e reorientar as reflexões e
práticas, de maneira que o principal objetivo seja entender o que o receptor
do feedback precisa para realizar bem a tarefa. Deve-se perguntar, dizer ou
fazer o que for preciso para ajudá-lo a atender a essa necessidade. Os desejos
pessoais de estar no controle dos direcionamentos precisam ser postos de lado
para que o outro aprenda. O autor salienta que, embora seja difícil quebrar o
padrão predominante de comportamento, é preciso quebrá-lo.
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Assim, refletindo sobre essas questões, o coachee pode gerar para si mais
responsabilidade e propriedade e ainda aumentar a consciência sobre outros
fatores.
Outra questão fundamental destacada por Whitmore (2012) diz respeito
à cultura da culpabilização nas organizações e à falta de ação sobre isso.
O autor destaca que a culpa é endêmica para os negócios e para uma filosofia
ditadora. A culpa se prende à história de medo e passado. A necessidade
sinalizada pelo coaching é focar na aspiração, na esperança e no futuro.
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