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V COLÓQUIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

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JOGO “ROLETA DAS OPERAÇÕES” E O ENSINO DE
OPERAÇÕES MATEMÁTICAS

Carlos Henrique de Mendonça1


Giucilene Maria dos Reis Barros2
Ramires Aparecida da Rocha Oliveira3
Paula Reis de Miranda4

RESUMO: Os jogos exercem um papel fundamental para o desenvolvimento cognitivo, afetivo,


social e moral. Considerando essa perspectiva o objetivo desse trabalho é apresentar a construção
do produto educacional nomeado “Roleta das operações”, suas regras e possibilidades como
ferramenta educativa no trabalho com operações numéricas. No decorrer do trabalho são
apresentados diferentes modelos de construção a fim de tornar a confecção e, consequentemente,
a utilização do material acessível a professores e estudantes. Espera-se, com este trabalho,
incentivar a criação de novos jogos e ferramentas educacionais para o ensino-aprendizagem da
Matemática na escola básica.
PALAVRAS-CHAVES: Matemática, jogo, operações, ensino-aprendizagem.

ABSTRACT:
The games play a key role in developing cognitive, affective, social and moral.
Considering this perspective the aim of this work is topresent the construction of the educational
product named"Roulette of operations", rules and possibilities as aneducational tool in working
with numeric operation. In the course of work are presented different construction
models in order to make the production and, consequently, the use of the material accessible to
teachers and students. Hopefully, with this work, encourage the creation of new
games and educational tools for the teaching and learning of mathematics in elementary school.

KEYWORDS: Mathematics, game, operations, teaching and learning.

1. INTRODUÇÃO

A educação em nosso país tem sido marcada por grandes transformações, desde a época
em que o Brasil não passava de uma colônia de Portugal até os dias atuais (BEDIN e BRABO,
2010). Nos séculos passados, a educação era regida pela disciplina e pelo autoritarismo, sendo o
discente um ser passivo no processo de aprendizagem e o docente era visto como aquele que
detinha o saber presente no processo de ensino. Com o passar do tempo, o discente passou a ocupar
uma posição ativa, podendo questionar e opinar sobre os assuntos do processo ensino-

1
Licenciando em Matemática do IF Sudeste MG- Campus Rio Pomba – Bolsista de Educação Tecnológica -
carlinhos_henriquead@hotmail.com.
2
Licencianda em Matemática do IF Sudeste MG- Campus Rio Pomba - giucilenebarros@gmail.com.
3
Licencianda em Matemática do IF Sudeste MG- Campus Rio Pomba - raamiresrocha11@gmail.com.
4
Doutora em Educação – Professora do Departamento Acadêmico de Matemática, Física e Estatística do IF Sudeste
MG – Campus Rio Pomba – paula.reis@ifsudestemg.edu.br
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aprendizagem e o docente passou a ocupar o papel de mediador do conhecimento (LIMA, SILVA
e SILVA, 2009).
Diante dessas transformações sofridas pela educação era de se esperar uma melhoria no
processo de ensino-aprendizagem dos alunos, porém ultimamente se observa uma grande
dificuldade dos alunos em resolver questões de matemática e até mesmo uma desistência ao tentar
resolve-las, como destaca D’Ambrosio (1989) ao reforçar que

É bastante comum o aluno desistir de solucionar um problema matemático, afirmando


não ter aprendido como resolver aquele tipo de questão ainda, quando ela não consegue
reconhecer qual o algoritmo ou processo de solução apropriado para aquele problema.
Falta aos alunos uma flexibilidade de solução e a coragem de tentar soluções alternativas,
diferentes das propostas pelos professores (D’AMBROSIO, 1989, p.15)

Devido a tantas dificuldades enfrentadas no processo ensino-aprendizagem houve a


necessidade de criar, elaborar e planejar novas metodologias, para obter um avanço na
aprendizagem dos alunos e, consequentemente uma, melhoria na educação. Sendo assim,
ferramentas educacionais como software, vídeos, experimentos e jogos têm sido cada vez mais
usados em sala de aula como recursos didáticos. Todas as metodologias citadas anteriormente são
de suma importância, mas neste trabalho, em especial, o foco será o jogo como recurso educativo.
Os jogos, segundo estudos de Moura e Viamonte (s/d) embasados em Piaget (1971), “são
essenciais na vida da criança sendo a atividade lúdica o berço das suas atividades intelectuais,
indispensável por isso, à prática educativa” (MOURA E VIAMONTE, s/d, p. 01).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1998) os jogos são capazes
de proporcionar criatividades na elaboração de estratégias de resolução para a busca de soluções,
pois
Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que
estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de
estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações-
problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das
ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as
situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer
da ação, sem deixar marcas negativas (BRASIL, 1998, p.46).

Os jogos têm um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, pois como


destacam Moura e Viamonte (s/d) os mesmos podem “[...] aumentar a construção do
conhecimento, introduzindo propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação
ativa e motivadora, possibilitando o acesso da criança a vários tipos de conhecimentos e
habilidades” (MOURA e VIAMONTE, s/d, p.01).

Beatriz D’Ambrosio (1989) acredita que “[…] no processo de desenvolvimento de


estratégias de jogo o aluno envolve-se com o levantamento de hipóteses e conjeturas, aspecto

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fundamental no desenvolvimento do pensamento científico, inclusive matemático” (D’
AMBROSIO, 1989, p.19)
Nessa perspectiva do uso de jogos nas aulas de Matemática, o presente trabalho vem relatar
a criação do jogo “Roleta das Operações”, para possibilitar ao aluno aprender de forma natural,
prazerosa e dinâmica as operações básicas da matemática (adição, subtração, multiplicação,
divisão e potenciação).

2. DESENVOLVIMENTO

O primeiro momento para o desenvolvimento do jogo “Roleta das Operações” foi realizar
pesquisas e analisar referenciais teóricos acerca de jogos e materiais didáticos para o ensino de
Matemática (SOUZA e SOUZA, 2012; LIMA, SILVA e SILVA, 2009; D’ AMBROSIO, 1989)
visto que, como destaca Lima e Mioto (2007, p.39 apud Ferreira, Santos e Rosso 2009, p. 9969),
“o processo de pesquisa se caracteriza como uma atividade científica básica, que através da
indagação e (re) construção da realidade, fomenta a atividade de ensino e a renova frente à
realidade”. Esse processo de investigação, descoberta e análise foram estimuladas pelas discussões
e atividades da disciplina do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Campus Rio Pomba. Após esse processo, foi escolhida a
temática do jogo: as operações matemáticas básicas e diferentes possibilidades de raciocínio5.

2.1 O OBJETIVO DO JOGO E SUA CONSTRUÇÃO

O jogo “Roleta das Operações”, além de estimular o desenvolvimento do raciocínio, tem


como principal objetivo trabalhar com as operações matemáticas (adição, subtração,
multiplicação, divisão e potenciação) de forma divertida e diferenciada usando dois tipos de jogos
em um único jogo, sendo composto por um jogo de cartas e um jogo de roleta6.

Para a confecção do primeiro foram utilizados: papel cartão, cola, tesoura, folha de papel
ofício e os recursos tecnológicos de computador e Impressora. Foram digitados e impressos os
números das cartas, resultantes das operações de multiplicação, divisão, adição, subtração e
potenciação (entre os numerais 0 e 5). As cartas com os valores resultantes das operações foram

5 Essa proposta está relacionada ao projeto de extensão tecnológica “EducaçAção” fomentado pela Pró-reitoria de
Extensão do IF Sudeste MG.
6 O jogo teve sua inspiração para sua criação o jogo “ROLETA MAGNÉTICA RECICLADA” do autor Evandro
Veras, disponível em seu Blog (https://professorphardal.blogspot.com.br/2015/10/).
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limitadas entre 0 e 25, com a inclusão da carta não existe (símbolo ∄)7, como é apresentado na
figura 1.

FIGURA 1 - Baralho Roleta das Operações

Posteriormente, foram confeccionados dos tipos de roletas (roleta I e roleta II), produzidas
a partir de diferentes materiais reciclados, pois se fez pertinente o uso de objetos que já não são
mais utilizados, visto que além de confeccionar um jogo para aulas lúdicas, poderia também
ensinar aos discentes conceitos de preservação e economicidade com a reutilização de materiais
reciclados, dando assim, ênfase à preservação do meio ambiente.

Para a confecção da Roleta I foram utilizados papelão ou disco de vinil, tampinhas de


garrafa pet, imãs de tamanhos diferentes8, cola quente ou cola super bonder, folhas Impressas e
EVA. Inicialmente, foi recortado um papelão no formato de um quadrado para a base da roleta
(podendo também ser a base um disco de vinil). No centro da base foi colado um imã maior, e na
borda da base foram coladas as tampinhas de garrafa pet formando um círculo ao redor do imã.
Em cada tampinha foram colados números de 0 a 5. A ponteira da roleta é um imã menor que fica
ao redor do imã colado no centro, em que ambos se unem por atração magnética. Como mostra a
figura 2.

7 Essa inclusão teve como objetivo reforçar que a operação de divisão entre um número natural e um divisor zero
não existe
8 Vale ressaltar que esses ímãs foram retirados de materiais em desuso, como: cornetas de som.
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FIGURA 2 - Roleta de imã no papelão e Roleta de imã no disco de vinil

Para a confecção da roleta II foram utilizados um pedaço de barra de ferro retangular, uma
peça de ventoinha de radiador, plástico de litro pet, suporte de ferro redondo com eixo rotativo e
EVA. Na barra de ferro foi soldado o suporte redondo com o eixo rotativo, e encaixado no centro
da ventoinha. Para travar o movimento giratório da roleta, foi adaptado um pedaço de plástico de
litro pet, parafusado na barra de ferro. Por último foram colocados os números na roleta (de 0 a 5)
nos espaços da ventoinha. Conforme mostra a figura 3.

FIGURA 3 - Roleta de ventoinha

2.2 AS REGRAS DO JOGO

O jogo foi pensando para grupos de 4, porém pode ser jogado por duplas, trios e até por
grupos de 6 jogadores. Inicialmente, as cartas do baralho devem ser divididas igualmente entre os
participantes e, se houver sobra, os jogadores deverão descartá-la. Sorteia-se a ordem dos
participantes e o jogo é iniciado. A roleta deve ser girada duas vezes, obtendo dois números (um
em cada rodada). Em seguida, o participante deve verificar se em suas cartas existe algum resultado
obtido através das operações (adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação) com os
números obtidos na roleta. Se houver, ele descarta o resultado, se não houver, ele passa a vez e o

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próximo jogador deverá rodar a roleta novamente dando sequência ao jogo. Nenhum jogador
poderá utilizar os números sorteados por outro jogador.

Vejamos um exemplo: o jogador gira a roleta e obtém o número 2, girando a roleta


novamente ele obtém o número 3. Nessa jogada a roleta forneceu-lhe, portanto, os números 2 e 3.
O participante pode realizar diferentes operações com esses números na busca por uma carta em
sua mão que apresenta algum desses resultados (2+3=5, 3-2=1, 32 =9, 23 = 8, 3x2=6). Após realizar
as operações, o jogador verifica se ele possui alguma carta com algum desses resultados e, caso
tenha é só descartá-las9. Ganha o jogo o participante que conseguir descartar todas as suas cartas
primeiro.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jogo “Roleta das Operações” foi apresentado a alunos e professores do curso de


Licenciatura em Matemática, gerando muito interesse e curiosidade entre todos. Com essa criação
reforçamos a proposição de que é possível o desenvolvimento de diferentes materiais didáticos
para o ensino de Matemática de baixo custo acessível a todos.

O jogo “Roleta das Operações” permite aos educandos substituir a tradicional


memorização das operações de tabuada, ampliar as habilidades de raciocínio logico, além de
possibilitar a interação social entre os participantes, bem como a competitividade (que olhando
pelo ponto positivo, estimula os alunos a se esforçarem em aprender mais) entre outros fatores.

Faz-se importante lembrar que o jogo pode ser modificado de acordo com a necessidade
do educador em aplicar somente uma das operações, ou de acordo com o nível de conhecimento
dos alunos. Da mesma forma podem ser incluídas novas operações, pode-se incluir também um
“dado” já definindo a operação que o aluno deve fazer. Enfim, a uma gama de possibilidades e
formas para aplicação e aprimoramento do jogo “Roleta das Operações”, tendo sempre em vista
que o jogo não pode ser o único método de ensino, deve ser usado apenas como facilitador no
processo de ensino e aprendizagem.

Em vista dos argumentos apresentados, o jogo “Roleta das Operações” contribui para a
aprendizagem dos alunos, estimulando-os a raciocinarem sobre as operações básicas entre
números naturais. Além de proporcionar diversão, este jogo permite que os alunos exercitem seus
conhecimentos matemáticos, desenvolvam habilidades de raciocino logico, ajudando também na

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É importante destacar que o participante só poderá descartar uma carta por vez, ou seja, só um resultado por
rodada.
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compreensão de que não é possível ganhar sempre. Vale ressaltar que o jogo pode ser usado com
critério pedagógico, para alcançar êxito nas práticas educativas mas não deve ser usado como
único método de ensino.

4. REFERÊNCIAS

BEDIN, Virgínia; BRABO, Gabriela. A evolução da escola pública no Brasil: do século XVIII ao
século XXI. Revista do Curso de Direito da FSG, Caxias do Sul, n.7. p.183-195. Jan/jun. 2010.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática


/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998.

D’AMBROSIO, Beatriz S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM. Ano II. N2.
Brasilia. 1989. P. 15-19.

FERREIRA, Adriano Charles, SANTOS, Edvanderson Ramalho dos, ROSSO, Ademir José.
Análise das referências bibliográficas com a temática Educação Ambiental da ANPEDSUL nos
períodos de 2002, 2004 e 2006 In: IX Congresso Nacional de Educação - EDUCERE: Politicas e
práticas educativas. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia, 2009, Curitiba-PR. Anais do
IX Congresso Nacional de Educação -EDUCERE (Recurso eletrônico): Políticas e práticas
educativas: desafios da aprendizagem, 2009.
LIMA, Maria do Carmo Fernanda; SILVA, Vanessa Valéria Soares; SILVA, Maria Emília Lins.
Jogos educativos no âmbito educacional: um estudo sobre o uso de jogos no projeto MAIS da Rede
Municipal do Recife. UFPE. Graduação/Pedagogia. 2009. Disponível em:
<http://livrozilla.com/doc/1488960/jogos-educativos-no-%C3%A2mbito-educacional-um-
estudo-sobre-o-uso>. Acesso em: 04/05/2017.

MOURA, Paula Cristina; VIAMONTE, Ana Júlia. Jogos Matemáticos como Recurso Didáctico.
Universidade Portucalense. Disponível em:
<http://www.apm.pt/files/_CO_Moura_Viamonte_4a4de07e84113.pdf>. Acesso em: 20 de julho
de 2017.
SOUSA, Kleydinae Silva de. SOUSA, Sebastiana Ceci. Uma proposta de ensino aprendizagem
com jogos matemáticos: a roleta dos inteiros. In: VII CONGRESSO NORTE NORDESTE DE
PESQUISA E INOVAÇÃO. 2012, Palmas, Tocantins.

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