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o imaginário em e.i + 1 = 0
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SUMÁRIO
Introdução, 03
1. Sistema de numeração, 04
2. O zero ao longo da história, 06
2.1. Produto de um número real por zero
2.2. Fatorial de zero
2.3. Elemento oposto
2.4. Divisão de um número real por zero
3. Significados atribuídos aos números, 09
4. O número e, 11
4.1. A irracionalidade de e
4.2. Transcendência de e
2
Introdução
Este trabalho tem como principal finalidade explorar no contexto
histórico da matemática, aspectos referentes a uma fundamentação
epistemológica referente a ampliação do conceito de número e suas relações
lógico-matemáticas. Nesse sentido tomamos como recorte epistemológico, os
números: racional, irracional, transcendente e o imaginário. O material seguiu
um itinerário metodológico no qual a história do desenvolvimento do
pensamento e práticas matemáticas são continuamente solicitadas para dar as
diretrizes didáticas aqui tomadas para a elaboração deste material.
Iniciaremos com breve história dos números 0, 1, e, π e i e da identidade
eπ.i + 1 = 0. Destacaremos a importância do 0 e 1 no desenvolvimento da
matemática, discutiremos a irracionalidade e transcendência dos números e e π
e apresentaremos cálculos que geram aproximações para e e π. Deduziremos a
identidade eπ.i + 1 = 0 que é elegante, concisa, cheia de significação e que já foi
considerada por alguns como a mais compacta e famosa de todas as identidades
matemáticas. Finalizaremos com atividades voltadas ao ensino da Matemática
envolvendo esses números e a História da Matemática.
3
1
Sistemas de Numeração
Acredita-se que por volta do século XV a.C., os primeiros a criarem
formas de escrita tenha sido os fenícios e devido as relações com outros povos
a escrita dos fenícios chegou ao conhecimento das moabitas, edomitas,
amonitas, hebreus e aramaicos. Por volta do século IX a.C. a escrita dos
fenícios havia se difundido pela orla marítima do mediterrâneo e aos poucos foi
sendo adotada com adaptações por povos ocidentais, dentre eles, os gregos.
Não demorou muito para que os gregos criassem um sistema de
numeração baseado no alfabeto, de base decimal e voltado ao principio aditivo.
O termo indo-arábico tem origem com os Hindus, habitantes do norte da
Índia no vale do rio Indo, na criação de um sistema de numeração de base dez e
obedecendo a um principio posicional e de Árabes, pela divulgação desse
sistema na Europa.
Por meio do sistema Indo-arábico era possível representar qualquer
número utilizando-se de apenas dez símbolos, passando a ser considerado um
sistema de numeração completo.
O arcebispo Severus Sebokt numa conferência realizada na Síria, por
volta de 662, faz a seguinte referência aos símbolos criados pelos hindus:
4
Segundo Guelli (1994), o símbolo para representar o zero ocorreu no
século VI. Para Ifrah (1998), os hindus escolheram um símbolo semelhante a
um ponto para indicar o zero.
5
2
O Zero ao longo da História
Robert Kaplan, em seu livro O Nada Que Existe revela a existência
ZERO nas civilizações antigas de modo isolado em alguns povos, como era
representado e como essa representação desapareceu e surgiu novamente em
outra civilização.
O ZERO era representado pelos mesopotâmios por dois pregos em
diagonal. Acredita-se que a primeira representação para o ZERO na história
tenha surgido entre os mesopotâmios, mais precisamente entre os sumérios. O
povo Maia o representava por meio de uma concha.
Há a hipótese de que os gregos tenham representado o Zero pela letra
“O”, referente à palavra Ômicrom. Os hindus possuíam mais de uma
nomenclatura para indicar o Zero – Bindu (gotícula ou glóbulo); Nabhas
(vapor); e Sunya (vago, vazio).
Entre os árabes, o Sunya hindu passou a ser conhecido como Sifr
(vazio). Após a disseminação dos algarismos indo-arábicos na Europa, o
italiano Fibonacci passou a adotar a palavra Zefirum para indicar a quantidade
vazia, que mais tarde passou a ser Zéfiro, depois Zephyr, Sefro, Zevro, até que,
por volta do século XIV, encontramos o termo Zeviro que evoluiu para Zevero,
Zeuro e chegar ao conhecido ZERO.
O Zero é considerado uma das noções fundamentais da matemática. Na
contabilidade, o Zero era visto como um ponto de equilíbrio no momento em
que a diferença entre os créditos de um investidor e seus débitos resultassem
em saldo Zero, indicando que não houve lucro nem prejuízo.
O Zero contribuiu para evolução da humanidade, principalmente no que
diz respeito às tecnologias. De acordo com Lima (1976) o Zero pode ou não ser
número natural, dependendo do interesse dentro da álgebra ou da análise. Em
Kaplan (2001) encontramos a afirmação de que todo equipamento eletrônico
funciona com base em números reescritos em um código binário de 0 e 1,
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correspondendo a desligado e ligado, e combinando-se 0 e 1, podemos
reescrever qualquer número inteiro, por exemplo, o número 10 no sistema
binário: 1010 → 1× (2)³ + 0 × (2)² + 1 × (2)¹ + 0 × (2)º.
7
Calculando o limite desta função quando y tende para ZERO, observa-se
x
que f(y) tende para o infinito, entretanto, é errôneo concluir que 0 é igual ao
Caso 2: Se x , x = 0.
0
Analisemos 0 , de modo análogo ao apresentado anteriormente, isto é,
10
4
O número e
O limite de (1 + 1/n)n quando n cresce indefinidamente merece atenção
especial, pois o seu resultado é bastante intrigante. Numa primeira análise da
expressão que se encontra dentro dos parênteses, intuitivamente percebe-se que
=1
Esta análise contém um erro conceitual envolvendo limites. Sabe-se que
= 1 e b = , obtém-se:
ou ainda, Sn = 1 + 1 + + +...+
12
Ao analisarmos os termos , , ..., em cada uma das parcelas acima
quando n tende ao infinito, concluímos que estas tendem a zero. Dessa forma,
Sn < 1 + 1 + + + ... +
seqüência converge para o mesmo limite de Sn, porém, para isso temos que
provar, primeiramente, que Tn converge para um limite à medida que n cresce
indefinidamente.
Como visto anteriormente:
Tn = 1 + 1 + + +...+
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Como a expressão nos parênteses dessa seqüência é menor do que 1,
podemos afirmar que Tn ≤ Sn e Tn < Sn a partir de n = 2.
Portanto, a seqüência Tn também tem um limite superior e é monótona
crescente, pois se substituirmos n por n + 1 temos que Tn < Tn+1. Assim Tn
também converge para um limite à medida que n → ∞, o qual será denominado
de T. Sabe-se que Tn ≤ Sn , portanto para todo n teremos S ≥ T. Seja m um
inteiro fixo e m < n. Os primeiros termos m + 1 de Tn são:
1+1+ + +...+
Como m < n e todos os termos dessa seqüência são positivos, esta última
soma é menor do que Tn. Se deixarmos n aumentar sem limite enquanto
deixamos m fixo, a soma tenderá para Sm enquanto Tn tenderá para T. Desta
forma, temos que Sm ≤ T, como conseqüência S ≤ T. Como já mostramos que
S ≥ T, concluímos que S = T. Assim, = .
Por meio da soma Sn calculamos as dez primeiras somas parciais.
2 2
2+ 2,5
2+ + 2,666...
2+ + + 2,708333...
2+ + + + 2,7166666...
2+ + + + + 2,7180555...
2+ + + + + + 2, 7182539...
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Se adicionarmos mais parcelas à soma, cada vez mais nos
aproximaremos do número 2,71828... , que é denominado por número e.
Portanto, = e.
4.1. A irracionalidade de e
Em meados do século VI a.C., os matemáticos da escola pitagórica
descobriram que existem números que não podem ser expressos sob a forma de
, onde p e q são inteiros. Sabemos que 2 < e < 3, assim e não pode ser inteiro
e conseqüentemente o denominador q ≥ 2. Agora multiplicamos ambos os lados
15
da igualdade S = 1 + 1 + + + +...+ + ... por q! = 1. 2. 3. ... . q.
Desta forma:
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4.2. Transcendência de e
Toda raiz de uma equação polinomial da forma:
anxn + an-1xn-1 + ... + a1x + a0 = 0,
sendo a0, … , an números inteiros, an ≠ 0, é chamado de número algébrico.
2
e≈ , e ≈
19
= = - = C, e
assim y = C é uma assíntota horizontal de Q. Logo Q(t) cresce e se aproxima do
número C à medida que t cresce ilimitadamente.
O comportamento desta função se assemelha ao padrão de aprendizagem
de trabalhadores envolvidos em atividades muito repetitivas. Por exemplo, a
produtividade de um operário de linha de montagem cresce rapidamente nos
primeiros estágios de treinamento. Esta produtividade crescente é fruto do
treinamento e de sua experiência acumulada. Mas o crescimento diminui com o
tempo e o nível de produtividade do funcionário aproxima-se de um certo nível
fixo (C) devido às limitações do trabalhador e da máquina. Devido a esta
característica, a função Q(t) = C – Ae-kt, é freqüentemente chamado de curva de
aprendizagem.
Suponhamos que a divisão de câmeras fotográficas de uma empresa
produza câmera de lente única de 35 mm. O departamento de treinamento
estima que após completar o programa básico, um novo funcionário será capaz
de montar Q(t) = 50 – 30e–0,5t câmeras por dia, t meses após a admissão desse
funcionário. Portanto,
-0,5
Q(0) = 50 – 30 = 20 Q(1) = 50 - 30e ≈ 31,8
Q(2) = 50 - 30e-1 ≈ 38,96 Q(6) = 50 - 30e-3 ≈ 48,51
Q(t) = 50 - 30e-0,5t ≈ 50
podemos dizer que logo após a admissão do funcionário, ele conseguirá
produzir 20 câmeras, após um mês, aproximadamente 32, após 2 meses,
aproximadamente 39. O limite de produção do funcionário será 50 câmeras.
20
5
O número : histórias e relações matemáticas
Comparar uma curva a uma reta, ou seja, retificar uma curva significa
encontrar um segmento retilíneo de sua mesma medida. Seguindo este mesmo
raciocínio podemos dizer que quadrar uma figura plana é encontrar um
quadrado, ou mais propriamente, o lado do quadrado com a mesma área da
referida figura. Essas “retificações e quadraturas” foram insistentemente
tentadas desde a Antiguidade e das maneiras mais distintas possíveis: o método
geométrico com régua e compasso, o aritmo-geométrico com os meios escassos
dos quais a aritmética dispunha antes da criação da análise. (GALLEGO,
1994). Vejamos, então, como surgiram tais relações:
C = 2R D = 2R D
C 2R
= =
D 2R
A1 R 2 R 2 R
= = =
A2 D2 2R 2 4
lado mede do seu diâmetro. Pode considerar-se que este é um ótimo resultado
para a quadratura do círculo, tendo em conta outras tentativas, entretanto,
conhecidas e cujos resultados estão mais afastados do valor da área do círculo.
Após numerosas pesquisas infrutíferas para encontrar a solução exata
para a quadratura do círculo, começou a levantar-se entre os matemáticos do
séc. XVI a dúvida sobre a existência de tal solução. James Gregory tentou
demonstrar a impossibilidade da quadratura (1667), mas é só em 1882 que o
matemático Lindemann põe fim às dúvidas demonstrando cabalmente a
inexistência de solução para o problema da quadratura do círculo. Essas e
outras informações históricas se constituem em elementos provocadores para
que os professores possam desenvolver atividades investigatórias com seus
alunos de modo a promover a aprendizagem da geometria que envolve a
circunferência e o círculo, evidenciando, daí novos aspectos matemáticos
gerados na investigação em sala de aula.
2a a
Figura 4
24
de pequenos triângulos cujas bases são os lados do polígono. Se o número de
lados for infinitamente grande1, cada lado é infinitamente pequeno, o polígono
confunde-se com a circunferência e a altura de cada triângulo confunde-se (é
infinitamente próxima de) com o raio r da circunferência. Assim, a área de
1 1
cada triângulo é praticamente igual a (base ) ( altura ) (base ) r , a área da
2 2
região poligonal é a soma das áreas de todos estes triângulos e confunde-se com
a área do círculo. Somando todas as áreas triangulares, a soma das bases dá o
Atividade 1
1. Determine a soma das áreas dos
triângulos da figura 5 e discuta a
relação entre o resultado obtido e a
expressão que determina a área
limitada pela circunferência (circulo)
a qual o polígono está inscrito.
Experimente traçar uma Figura 5
circunferência e dividi-la em um número de partes iguais, cada vez maior e
verifique a relação de determinação da área. Analise os resultados.
1
Entidades numéricas infinitamente grandes e pequenas (infinitesimais) foram utilizadas
heuristicamente desde a Antiguidade, e especialmente durante os séculos XVII e XVIII
pelos matemáticos que precederam e pelos que contribuíram para o desenvolvimento do
cálculo infinitesimal, como Newton, Leibniz, Euler, etc. O seu estatuto ontológico foi
sempre objeto de dúvida e polêmica e, na segunda metade do século XIX, durante a
chamada rigorização ou aritmetização da Análise, foram postos de lado a favor da teoria
dos limites.
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representar a soma de cada comprimento c dessas circunferências na forma da
área de um triângulo de altura r e comprimento c, determine a área do triângulo
retângulo representado e analise os resultados obtidos.
2 2
Figura 6
Atividade 2
1. Faça um rápido levantamento, em sua classe, das fórmulas de áreas e
volumes das figuras da Geometria Euclidiana e que tenham algum tipo de
circularidade ou esfericidade (como é o caso de cilindros e cones circulares).
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Para cada uma dessas figuras, procure explicar a plausibilidade da ocorrência,
ou não, do em tais fórmulas.
3. Qual será a relação entre o valor de (3,14...), o ângulo raso (180º), o raio da
circunferência e a semi-soma dos lados de um hexágono regular? Reflita sobre
isto.
27
popularizada pelo importante livro Análise Infinitesimal, escrito por Euler c.
1750).
Atividade 3
1. Expresse o de áreas de círculo, o de áreas de esferas e o de volumes
Figura 7
2. A área do circulo = d/2. C/2 = d/2. Pi.d/2 = Pi/4 . d 2. Você seria capaz de
pensar em algo análogo para a área e o volume da esfera?
5.3. A descoberta do Pi
Muitas pessoas acham que precisamos ter o valor do para calcular
circunferência de círculos. Um exemplo clássico mostrando que isso não é
verdade, é o cálculo da circunferência da Terra por Eratóstenes 250 a.C. Ele
mediu um arco de meridiano terrestre de 5000 estádios e, usando um
instrumento de forma semi-esférica, verificou que esse arco de meridiano era
proporcional a um arco de meridiano que media 1/50 do meridiano da esfera
desse instrumento. Consequentemente, concluiu que o meridiano terrestre e'
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50*5000 = 250000 estádios. Ou seja, em lugar nenhum precisou saber o valor
do !
Esse exemplo mostra claramente o quanto é bastante surpreendente que
a maioria das pessoas imagine que o foi descoberto ao se relacionar
circunferências com diâmetros dos respectivos círculos. Embora a definição
usual do baseie-se na razão circunferência: diâmetro, muito provavelmente
não foi essa a origem do . Com efeito, é difícil imaginarmos situações práticas
reais onde, numa civilização Incipiente, alguém tenha precisado calcular a
circunferência de um círculo de diâmetro conhecido, ou vice-versa. Muito mais
naturais são problemas requerendo achar a área de um campo circular em
termos do diâmetro ou mesmo em termos da circunferência. Em verdade,
devia-se até questionar se a descoberta do Pi realmente ocorreu no contexto de
círculos, e não no de esferas.
Essa inquietação não é só nossa. O famoso historiador matemático
Abraham Seidenberg gastou muitos anos de sua vida vasculhando museus e
lendo trabalhos de Antropologia, em busca dos mais antigos indícios de
envolvimento humano com círculos, esferas e o . O resultado desses estudos
foi resumido nos seus artigos The ritual origin of the circle and square, Archiv.
Hist. Exact Sc. 25, (1981), e principalmente em On the volume of a sphere,
Archiv. Hist. Exact Sc. 39, (1988). Sua conclusão foi que o cálculo do volume
da esfera em termos de seu diâmetro remontaria a antes de 2000 a.C., sendo
anterior a Matemática das antigas civilizações mesopotâmica, indiana, chinesa
e egípcia. O historiador matemático B. van der Waerden identifica essa origem
com o que chamamos de Tradição Origem da Matemática e a localiza no Vale
do Danúbio 4000 a. C. Segundo Seidenberg, nessa tradição também se teria
reconhecido a igualdade da constante de proporcionalidade relacionando
circunferência com diâmetro e área de círculo com quadrado do raio; ou seja, já
nessa tradição, possivelmente lá por 3000 a 4000 a. C., se teria reconhecido que
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o "Pi da circunferência" é igual ao "Pi da área do círculo". Também é
interessante observar que Seidenberg concluiu que a descoberta dessa igualdade
usou métodos infinitesimais, ao estilo de Cavalieri.
É preciso que fique termos clareza do achado do trabalho de Seidenberg
quando investigou a remota Antigüidade, foram apenas indícios indiretos de
envolvimento com Pi. Os mais antigos documentos concretos que temos e que
tratam explicitamente de Pi são tablitas mesopotâmicas de c. 2000 a.C, como a
mostrada ao lado. Examinando a figura 8, fica fácil ver que a mesma
corresponde a adotar a aproximação grosseira Pi = 3, que é a mais comum das
aproximações para Pi que encontramos nos documentos mesopotâmicos.
C
B Observando a figura 7,
percebemos que:
BC = EF = GI = R
(Raio da circunferência)
D G O A
I
E F Figura 8
2
Doutrina e jurisprudência da lei mosaica, com explicações dos textos jurídicos do
Pentateuco, e a Michná. Essa jurisprudência foi elaborada pelos comentadores entre os
séculos III e o VI.
30
Atividade 4
1. Neugebauer (1986) traduziu vários problemas de tablitas mesopotâmicas
envolvendo aproximação do . Esses problemas pedem para obter a área A de
um círculo a partir do conhecimento da circunferência do mesmo, usando-se a
regra: A = 5/60 C2. Tente mostrar que isso equivale a usar Pi = 3.
2. Por muito tempo, achava-se que a única aproximação do Pi era aquela usada
pelos mesopotâmicos para Pi = 3. Essa visão foi alterada, em 1950, quando o
historiador matemático E. M. Bruins traduziu várias tablitas encontradas em
Suse e datadas de 2000 a.C. Os problemas dessas tablitas pediam para calcular
a área de um campo circular de diâmetro dado, e para tal usavam a
aproximação (em base sexagesimal): Pi = 3;7,30 = 3 + 7/60 + 30/602, o que
equivale a dizer Pi = 3 15/120 = 3 1/8 = 3,125. Verifique esses resultados.
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resposta deste problema é 71 103/157. Tente, a partir da relação entre a área e a
circunferência do círculo, mostrar como ele chegou a esse resultado.
2. Calcule sucessivamente:
a) b)
c) d)
4. Um plano que passa pelo centro de uma superfície esférica determina nela
uma secção cujo perímetro é 62,8 cm. Um ponto situado à distância de 8 cm do
centro da superfície esférica será interior ou exterior a ela?
a) b)
6. Quanto mede o raio de uma esfera com 1000 cm3 de volume? (Recorde a
fórmula do volume de uma esfera)
Figura 9
33
7. Considere a sucessão de figuras Cn em que C1 é formada por uma
semicircunferência de raio r; C2 por duas circunferências de raio r/2; C3 por
quatro semicircunferências de raio r/4 e assim sucessivamente. Qual é o limite
da sucessão dos comprimentos destas linhas?
Figura 10
34
6
Números complexos: uma abordagem histórica
A complexidade do conhecimento humano pode apoiar-se no
desenvolvimento do conceito de número, desde o primeiro sinal imaginativo até
a configuração dos números complexos. Nessa configuração, os matemáticos
procuram evidenciar o caráter dialogal entre o real e o imaginário na
perspectiva de generalizar a noção de número (MENDES, 2006).
Conforme Dantzig (1970), esses exercícios imaginativos aplicam-se aos
conceitos de real e imaginário, estabelecidos por Descartes. Isso porque o termo
imaginário, da maneira em que é aplicado à forma a + b , era justificável
então, já que nenhum substrato concreto poderia ser designado a tais grandezas.
De acordo com essas idéias, um número complexo constitui-se em um
número composto por duas partes, uma real e outra imaginária. Isso significa
que um número é constituído de uma parte concebida na realidade
materializada na mente humana e outra imaginada por essa mesma mente. Sua
representação simbólica é dada sob a forma Z = a + bi, onde a representa a
parte real e bi a parte imaginária.
A questão central deste capítulo é "Como surgiram os Números
Complexos?". A maioria das pessoas, quando confrontadas com esta questão
responde que surgiram para resolver as equações de 2º grau da forma
x2 + a = 0, a > 0.
No entanto, esta ideia está errada! A abordagem aprofundada aos números
complexos, apesar de ter sido feita a partir do séc. XVIII foi mencionada
levemente por outros matemáticos anteriores à data. No entanto, dada a
incompreensão e o desconhecimento destes números, tais matemáticos
abandonaram o seu estudo.
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O primeiro matemático de que se tem conhecimento de se ter deparado
com um problema que envolvia números complexos foi Héron de Alexandria
não tinha soluções reais, não viu necessidade de dar sentido à raiz .
Na Índia, por volta do ano 850 Mahavira (c. 800 – 870) escreveu: “(...)
como na natureza das coisas um negativo não é um quadrado, ela não tem,
portanto, raiz quadrada” (citado em www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm26),
ou seja, negou inicialmente, a existência dos números negativos cuja raiz
quadrada resulta em outro número.
Bhaskara (1114 – 1185 aprox.), um dos indianos que mais perto chegou
das ideias da álgebra moderna (conhecia a regra "menos por menos dá mais",
trabalhava com coeficientes negativos, etc.)
reconhecia que a equação
x2 – 45x = 250
era satisfeita por dois valores x = 5 e x = – 5,
mas, dizia que não considerava a segunda,
pois as pessoas não "apreciavam" raízes
negativas.
Gerônimo Cardano (1501 – 1576)
considerava que o aparecimento de raízes Foto 1. Cardano (1501 - 1576)
36
falava do seguinte problema: "Determinar dois números cuja soma seja 10 e o
produto seja 40". Para tal, considerou as expressões 5 + e 5 – .
Cardano ficou por aqui, não dando significado a estas expressões, pondo de
lado a "tortura mental" envolvida, mas, teve o mérito de ter sido o primeiro a
considerá-las, até porque neste tempo os números negativos eram evitados.
A partir disto é possível derrubar a ideia errada de que os números
complexos surgiram com as equações do segundo grau. Os números complexos
apareceram sim, a partir das equações de terceiro grau. Mas, foram preciso
cerca de 25 anos para este tema ser de novo considerado, por Raffaelle
Bombelli (1526 – 1572) numa obra de nome Algebra. Ao resolver a equação x3
= 15x + 4, Bombelli utilizou a "fórmula de Cardano" obtendo a seguinte
solução (em notação moderna):
x= + .
Ele achou estranho este resultado porque conhecia todas as raízes da
equação, entre as quais x = 4. Teve então a estranha ideia de procurar a e b
positivos tais que:
a+b =
a–b =
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"torturas mentais" envolvidas no uso de raízes quadradas de negativos. No seu
livro De Regula Aliza, de 1570, procurou artifícios que contornassem o uso de
tais raízes na resolução de equações de 3º grau obtendo, somente, resultados
vagos.
Raffaelle Bombelli apresentou na sua obra Algebra as leis algébricas
, foi criado por Leonard Euler mas, só após o seu uso por Gauss (1777 –
1855) em 1801, é que foi aceite. A expressão número complexo foi introduzida
em 1832, por Gauss. É, então, possível dizer que, apesar da sua história ser
recente, os números complexos envolveram o trabalho de vários matemáticos
continuando, ainda hoje, muitas questões em aberto.
38
6.1. Sobre os números imaginários
A primeira ideia que nos ocorre ao ouvirmos alguém mencionar
números imaginários é de que são números que não existem e que fazem parte
dum mundo de fantasia. Algo que é criado por nós mesmos no nosso
subconsciente. Talvez prevaleça a ideia de que cada um de nós faz a sua própria
representação de um determinado tipo de números. Ou melhor, cada um de nós
representa o número consoante a nossa imaginação. Todavia, não é isso o
número imaginário.
Antes de explicar o que é o número imaginário, será melhor refletir
sobre a representação que nós fazemos de número em geral. Ou seja, até que
ponto é algo que foi inventado ou construído pelo homem, ou se este existe
independentemente do mundo e do sujeito.
A origem do conceito de número surgiu como expressão de uma
quantidade de elementos, isto é, como resultado do processo de contar. Mas
com o decorrer dos tempos, a definição foi sofrendo alterações, já que do
conceito original se iam obtendo novas definições e interpretações mais gerais.
O conceito de número é de fundamental importância na Matemática, pois pode
dizer-se que esta “(...) ciência nasce com a descoberta (...) [dos números] e a
sua evolução está ligada ao seu desenvolvimento e estudo; por outro lado, o
conceito de número é a primeira abstração da realidade na história da
humanidade.” (Moderna Enciclopédia Universal, vol. XIV).
Da natureza do número, há quem defenda que o número é uma ideia. O
número não é um símbolo escrito como 2 ou dois, é uma ideia que é
simbolizada por 2 ou dois. É algo inatingível. É algo que só existe
mentalmente, e quando falamos ou escrevemos o número, parece-nos mais
alcançável ou real, mas é apenas a representação de uma ideia. A representação
dos primeiros números, os naturais, surgiu para responder a questões de
quantidades. Os menores números reconhecidos são 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Os
restantes são obtidos através da soma ou produto destes.
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Mas, os números não se reduzem aos naturais. A criação de números
mais sofisticados teve a mão do Homem, pois as exigências quotidianas a tal o
obrigaram. Com isto, surgem os números negativos e o zero, dando lugar aos
números inteiros. Como era algo novo houve alguma relutância em aceitar a
existência de números negativos, números que são inferiores ao zero, ao nada.
Mas, as diversas utilidades que estes proporcionaram, ajudaram à aceitação.
Digamos que, no senso comum, não é muito usual falar em – 2 flores. No
entanto, ao falarmos de temperaturas negativas, saldos bancários negativos,
entre outros aspectos do dia-a-dia, já nos parece credível aceitar a existência de
números negativos.
O surgimento dos números fracionários ou racionais provocou alguma
dificuldade. O seu significado é facilmente compreendido, já que estão
intimamente ligados à vida real e à linguagem quotidiana. Intuitivamente,
temos a ideia de fração ligada a algo que é repartido: meia garrafa, um quarto
de laranja, um terço do terreno, etc. Contudo, a sua representação suscitou
algumas barreiras. Estes números são, fundamentalmente, a exteriorização de
conceitos abstratos que representam a razão entre as quantidades de dois
conjuntos.
O conjunto dos números reais é constituído pelos naturais, inteiros,
racionais e irracionais e possui à seguinte definição de número real “(...) é uma
distância, medida em termos de uma dada unidade, com um sentido que lhe é
conferido pelo sinal.” (CONWAY, 1999).
Essencialmente, com o correr dos tempos e à medida que se tornava
necessário, cada um dos conjuntos dos números abordados foi surgindo como
uma ampliação do conjunto anterior. Desta forma, o raciocínio feito até aqui
leva-nos a pensar que os números são representações criadas pelo homem. O
conjunto dos números complexos não é exceção.
O conjunto dos complexos é uma ampliação dos números reais, ou seja,
do conjunto . E é com este alargamento que vai ser possível resolver
40
equações do tipo x2 + a = 0, com a > 0. Mas antes de falarmos concretamente
destes números, devemos definir o que é a unidade imaginária i.
Quando resolvemos a equação x2 + 1 = 0, aplicando o método geral da
resolução da equação deste gênero, temos x2 = -1 x = . Mas como não
conhecemos raízes quadradas de números negativos, tornou-se necessário
inventar um número cujo quadrado seja igual a – 1. Este número é designado
por i. Assim, podemos escrever que i = e de acordo com a definição
2
dada, i = 1. Além disto, o conceito de unidade imaginária é ampliado para os
seus múltiplos. Por exemplo, x = x = 3i.
Assim, o homem foi capaz de produzir ou criar um número que até
então era uma barreira intransponível no cálculo de raízes com números
negativos. Por outro lado, o surgimento destes números foi também provocado
pela necessidade de calcular distâncias no plano cartesiano, sem ser da
esquerda para a direita e vice-versa, ao longo de uma dada linha (no caso da
reta real). Então, esta procura levou à criação dos números complexos. Estes
números, cuja notação é z = a + bi são constituídos por uma parte real a e uma
parte imaginária b.
Desta forma, foi possível representar distâncias entre dois pontos
quaisquer do plano, sem se preocupar com a direção tomada, ou seja, defini-se
assim os números complexos como distâncias ao longo de direções arbitrárias
num plano fixado.
41
A origem do seu nome remonta à altura em que foram introduzidos,
quando ainda não eram bem entendidos. Na altura imaginava-se como seria ter
um conjunto onde a raiz quadrada de um número fizesse sentido. Daí o seu
nome. Quando perceberam que tal conjunto existia, o nome já tinha sido
interiorizado.
Mas porque será tão difícil aceitarmos que existem números que são
raízes quadradas de números negativos?
O problema está no que entendemos por existência. Em Matemática, a
existência ou não de um conceito depende do contexto em que se faz a
pergunta. Quando se fala de números temos vários contextos a ter em conta. Há
conceitos que, mesmo, existindo num conjunto podem não existir nos outros.
A pergunta "Existe algum número entre 1 e 2?" não tem resposta nos
conjuntos dos números naturais e inteiros mas, tem no dos números racionais e
reais. Não se pode comprar mais de uma maçã e menos de duas mas, pode-se
comer três metades de maçã, que se encontra entre uma maçã inteira e duas
maçãs inteiras.
Para a maioria das pessoas não é difícil aceitar a existência do número
3/2. Então, porque será tão difícil acreditar na existência de um número que
seja a raiz quadrada de um negativo? Fundamentalmente, é porque nos
esquecemos que conhecemos vários significados para a palavra número.
Os contextos descritos anteriormente relativamente aos números
naturais, inteiros, racionais e reais, tornaram-se tão familiares para nós, que
pensamos neles como se fossem um só. Quando encontramos uma noção como
"raiz quadrada de – 1", que não faz sentido naquilo que conhecemos, temos a
tendência de pensar que não existe, porque achamos que a palavra número é um
conceito que entra apenas nestes quatro contextos.
Em vez disso, deveríamos pensar em algo como:
"Conheço quatro conjuntos distintos onde, em cada um, a palavra número tem
um significado diferente. Em nenhum deles existe a raiz negativa de – 1. Será
42
que existe um quinto conjunto, onde número tenha um significado
completamente diferente daquele que conheço e onde exista a raiz de – 1?"
A resposta a esta questão é "Sim, existe". Chama-se Conjunto dos
Números Complexos e envolve uma noção diferente de número daquela que
conhecemos. No entanto, essa diferença não é maior do que a existente entre
números inteiros e frações.
Vejamos, então, como provar que o número imaginário i existe. Para tal
usaremos o mesmo raciocínio usado para provar que os racionais existem.
(Talvez seja conveniente ver primeiro esse resultado). O que queremos ver é
que existe um número que seja a raiz quadrada de –1. Pensemos no
seguinte argumento: Nos quatro conjuntos de números já falados não existe
nenhum número com esta característica.
No entanto, há um conjunto, o Conjunto dos Números Complexos,
onde tal número existe e onde o significado da palavra "número" será diferente
do usual. Um número aqui será visto como um par de números reais, mas, isso
não fará dele menos real do que os números reais!
Os números complexos existem? Sim!
Formam um conjunto de números? Sim!
Neste conjunto existe algum número que seja a raiz quadrada de – 1?
Sim!
Então, o número i existe!
Provemos agora as três afirmações feitas anteriormente.
Como se disse antes, um número complexo é um par de números reais.
Como os reais existem, os pares de reais também existem. Então, os números
complexos existem.
Qualquer coleção de objetos onde:
haja uma definição do que é um objeto e de quando dois objetos são iguais;
haja uma regra para a soma de dois objetos;
haja uma regra para a multiplicação de dois objetos;
43
a soma e o produto de dois objetos da coleção resultam sempre um objeto
da coleção;
as regras acima mencionadas obedeçam às propriedades de comutatividade,
associatividade e distributividade do produto em relação à soma;
todos os objetos tenham elemento neutro para ambas as operações;
todos os objetos, não nulos, tenham objeto inverso relativamente ao
produto;
todos os objetos tenham objeto simétrico relativamente à soma é, por
definição, um conjunto de números (usualmente chamado Corpo)
Demonstração
Consideremos dois complexos (a, b) e (c, d).
(a, b) (c, d) = (a + c, b + d)
(a, b) (c, d) = (a.c – b.d, a.d + b.c).
Como a, b, c, d são reais, então a + c, b + d, a.c – b.d e a.d + b.c também são
reais, portanto, pela definição, (a + c, b + d) e (a.c – b.d, a.d + b.c) são
complexos.
Como a, b, c, d, e, f são reais e possuem a propriedade comutativa em
relação as operações de adição e produto, concluímos que as operações soma e
o produto de complexos são comutativas, isto é:
44
(a, b) (c, d) = (a + c, b + d) = (c + a, d + b) = (c, d) (a, b)
(a, b) (c, d) = (a.c – b.d, a.d + b.c) = (c.a – d.b, c.b + da) = (c, d) (a, b).
Da mesma forma, considerando que a, b, c, d, e, f são reais e possuem a
propriedades associativa em relação as operações de adição e produto,
concluímos que as operações soma e o produto de complexos são associativos,
isto é:
(a, b) [(c, d) (e, f)] = (a, b) (c + e, d + f) = (a + c + e, b + d + f) =
= (a + c, b + d) (e, f ) = [(a, b) (c, d)] (e, f).
e
(a, b) [(c, d) (e, f)] = (a, b) (c.e – d.f, c.f + de)
= [a.(c.e – d.f) – b.(c.f + d.e), a.(c.f + d.e) + b.(c.e – d.f)]
= (a.c.e – a.d.f – b.c.f – b.d.e, a.c.f + a.d.e + b.c.e – b.d.f)
= (a.c.e – b.d.e – a.d.f – b.c.f, a.c.f – b.d.f + a.d.e + b.c.e)
= ((a.c – b.d).e – (a.d – b.c).f, (a.c – b.d)f + (a.d + b.c).e))
= (a.c – b.d, a.d + b.c) (e,f) = [(a, b) (c, d)] (e, f).
45
Observa-se que o complexo (0, 0) atua como elemento neutro em
relação a adição de complexos, isto é, (a, b) (0, 0) = (a + 0, b + 0) = (a, b).
Prove que é o único complexo com essa propriedade.
Tomando o complexo (1, 0), observa-se que é neutro em relação ao
produto, isto e, (a, b)(1, 0) = (a.1 – b.0, a.0 + b.1) = (a – 0, 0 + b) = (a, b).
Prove que é o único complexo com essa propriedade.
Qualquer que seja (a, b) diferente de zero, isto é, diferente de (0, 0), tem
inverso para o produto, que será [a/(a2 + b2), –b/(a2 + b2)], pois multiplicando
ambos obtém-se (1, 0) que é o elemento neutro da multiplicação.
Qualquer que seja o complexo (a, b), existe simétrico para a soma que
será (– a, – b), pois somando ambos, (a, b) (– a, – b), obtém-se (0, 0) que é o
elemento neutro para a soma. Então, provadas as condições iniciais conclui-se
que os números complexos formam um conjunto de números.
Falta verificar que existe um número deste conjunto que é a raiz
quadrada de –1. Consideremos o número (0, 1). Se o multiplicarmos por ele
próprio obtemos:
(0, 1) (0, 1) = (0.0 – 1.1, 0.1 + 1.0) = ( 0 – 1, 0 + 0) = (–1, 0).
Mas, sendo rigorosos, (–1, 0) não é –1, porque (–1, 0) é um par de reais
e –1 é só um real. No entanto, os números complexos da forma (a, 0)
comportam-se como os números reais, isto é, somam-se e multiplicam-se
exatamente da mesma forma:
(a, 0) (b, 0) = (a + b, 0) e
(a, 0) (b, 0) = (a.b, 0).
46
funcionam da mesma maneira, podemos assumir que –1 e (–1, 0) representam o
mesmo número. Portanto, existe um número que é a raiz quadrada de –1!
Assim, o número i pode ser considerado simplesmente, no conjunto dos
números complexos, como o par de números reais (0, 1).
6.3. Curiosidades
Outra forma de estudar os números complexos, z = a + bi, é vê-los como
matrizes quadradas 2 x 2 da forma:
47
Figura 11
iθ
Z=e
θ
O Eixo Real
Figura 12
48
Logo, é fácil de verificar que
.
ix
Ressaltamos, no entanto, a notação e cos x isenx é atribuída a
Euler, onde, para x , temos e i 1 0 . Em 1748 Euler publicou o
seguinte resultado: . E por esta razão foi denominada
de equação de Euler. Com esta equação é fácil se compreender a transformação
da forma polar para a cartesiana e vice-versa. Se z é um número complexo
escrito na forma polar
49
A partir da Igualdade de Euler, é possível
iπ
construir a seguinte relação: e + 1 = 0. Esta fórmula junta cinco dos mais
importantes números da matemática: 0, 1, e, i e ainda três operações
matemáticas - adição, multiplicação e exponenciação
iπ i3π i(2k + 1)π
Da Relação de Euler temos que e = –1, e = –1, ..., e = –1,
com k , devido à periodicidade das funções trigonométricas. Assim,
log(–1) = i(2k + 1)π, k ,
o que levou Euler a concluir, sem grande dificuldade, que log(x) tem muitos
valores quando trabalhamos nos complexos.
Da equação de Euler é fácil obter-se as seguintes relações também
bastante conhecidas:
50
6.4. Exponenciais e logaritmos de Euler
No livro Introduction to Analysis of the Infinite (v. I), no capítulo VI,
denominado On Exponential and Logarithms, Euler (1988) define exponencial
como potência na qual o expoente é uma variável, explicitando os dois
51
log a y .
y b z , assim log a y log a b z z log a b e, portanto log b y z
log a b
Temos como conseqüência que:
logb y log a y / log a b log a y .
log b x log a x / log a b log a x
a 1.
x k 2x 2 k3x3 k 4x 4 .
a 1 kx
2! 3! 4!
52
Como ω é infinitamente pequeno, ele sabe que e ω 1 ω , segue que
ω ln(1 ω ) e que jω j ln(1 ω) ln(1 ω) j .
1 x (1 ω ) j e ω j ln( 1 x ) j ω .
x2 x3 x 4
ln(1 x) x ;
2 3 4
isto é, as séries de Newton e Mercator, podem ser usadas para gerar tábuas de
logaritmos.
Agora, como fazemos para calcular ln 5 ?
53
2 3 4
4
Temos que: ln 5 ln(1 4) 4 4 4
. Um novo problema,
2 3 4
pois, os termos da série continuam grandes, e a soma parece não se aproximar
de nenhum limite. O que fazer?
Euler descreve como contornar este obstáculo. Na expansão da série
x por x , obtemos x 2 x3 x4
ln(1 x) , trocamos ln(1 x ) x e
2 3 4
subtraímos as séries ln( 1 x ) ln( 1 x ) .
x 2 x3 x4 x 2 x3 x 4 2x3 2x5
ln(1 x) ln(1 x) [ x ] [ x ] 2 x
2 3 4 2 3 4 3 5
3 5
Em outras palavras, ln 1 x 2[ x x x ] .
1 x 3 5
Euler chama estas séries de “fortemente convergentes” para pequenos
valores de x e observa que, com elas, pode efetuar o cálculo de logaritmos de
forma mais simples. Por exemplo3, vamos determinar log 10 5 .
Se 1, temos 1 1/ 3 1 1 1 1
x ln 2[ ] , ou seja,
3 1 1/ 3 3 81 1215 15309
ln 2 0,693135 .
O que nos dá exatamente o valor obtido por Brigss (com seis casas decimais).
3
Já determinado anteriormente, pelo método de Brigss.
54
i
A relação e 1 0 , estabelecida por Euler, reúne cinco das mais
importantes constantes matemáticas: o elemento neutro da adição, o elemento
neutro da multiplicação, a constante circular, a constante imaginária e a base
dos logaritmos naturais.
As conexões existentes entre os logaritmos, as exponenciais e os
complexos, com auxílio da geometria, da trigonometria e da álgebra devem se
articular continuamente objetivando dar aos alunos uma compreensão
relacional do conceito de número complexo como um elemento de unificação
do pensamento numérico e que é através de um trabalho matemático mais
formativo, significativo que se torna possível a ampliação da capacidade de
decisão e investigação dos alunos como, por exemplo, a exploração dos
aspectos geométricos e da representação dos complexos sob diversas
modalidades.
55
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