Você está na página 1de 45

9631 - Ética e deontologia

profissional no trabalho com


crianças e jovens
Objetivos

Reconhecer as exigências éticas associadas à


atividade profissional no trabalho com crianças
e jovens.
Identificar os fatores deontológicos associados
à atividade profissional no trabalho com
crianças e jovens.
 Reconhecer as suas próprias competências e
funções no trabalho com crianças e jovens.
Ética
A origem da palavra:
Ética vem do grego e tem dois significados:
O primeiro vem de éthos – hábito, costume
O segundo vem de êthos – modo de ser ou
carácter

A ética é uma racionalização do comportamento


humano, isto é, um conjunto de princípios e
enunciados criados pela razão e que orientam a
conduta; é o que se considera correto e
adequado
O que é ser ético?
 Ser Ético é proceder bem, sem prejudicar os
outros, é estar tranquilo com a consciência
pessoal. Ética é tudo que envolve integridade,
é ser honesto em qualquer situação, é ter
coragem para assumir os erros e decisões, ser
tolerante e flexível, é ser humilde, ou seja, é ter
a consciência " limpa".
Ética e deontologia profissional

A deontologia é um conjunto de
comportamentos exigíveis aos
profissionais.
A deontologia é uma ética
profissional que se aplica aos
indivíduos que exercem uma
profissão, tendo assim, obrigações,
responsabilidades e direitos.
A deontologia deve garantir o bom
exercício de uma prática profissional, tendo
em conta a sua inserção no seio de uma
sociedade que é, ela própria, globalmente
regulada pela moral, as leis, o direito.
Atividade 2
Enquanto profissional…..
1 – Sabe qual é a sua função ou funções? –
Descreve-as.

2 – Sabe como deve agir no exercício das


suas funções? - Normas gerais de conduta e
ética.
4- Dificuldades que encontra no exercício
da profissão
Valores fundamentais

Uma Deontologia reflete valores comuns a toda


a sociedade, inspira-se em valores
compartilhados pela generalidade das
profissões e realça os valores próprios de um
campo profissional. Estes últimos, em particular,
são os valores fundamentais da profissão.
Valores gerais comuns às principais profissões
são os seguintes, nomeadamente:
Respeito (pelos destinatários diretos dos seus
serviços)
 Integridade (na sua prestação)
Responsabilidade (pela sua qualidade)
Os valores fundamentais das profissões da
educação devem ser principalmente os
seguintes:
Primado do interesse superior do sujeito do
direito à educação
Respeito da dignidade e direitos da criança
Livre, pleno e harmonioso desenvolvimento da
personalidade humana
Exemplo
Cuidado
À luz dos valores fundamentais
identificados, o conteúdo da
responsabilidade dos profissionais da
educação configura um círculo
concêntrico de responsabilidades:
Responsabilidade pedagógica
A responsabilidade dos profissionais da
educação tem várias dimensões, mas a mais
específica é a responsabilidade pedagógica,
cujo conteúdo é mais denso que a
responsabilidade pedagógica das mães e pais.
Tem uma dimensão interpessoal, institucional e
cívica.
1- Responsabilidade interpessoal
A responsabilidade interpessoal é o núcleo
ético e a essência da responsabilidade
pedagógica.
As educadoras e educadores são responsáveis,
acima de tudo, pelo bem dos titulares do direito
à educação que são principalmente crianças,
adolescentes ou jovens. E o seu bem essencial é
o valor da liberdade como capacidade de
autonomia (moral, intelectual, existencial)
A responsabilidade pedagógica interpessoal
deve ser exercida como uma sábia e serena
dialética de afeto-autoridade, no interesse
superior dos titulares do direito à educação,
principalmente quando são crianças.
2- Responsabilidade institucional
A responsabilidade institucional é
principalmente a responsabilidade pela escola
a que as crianças, adolescentes ou jovens, têm
direito, no que respeita às aprendizagens que
ela deve proporcionar, às suas condições,
meios e outros fatores, materiais e não
materiais, da qualidade da educação como
direito humano.
3- Responsabilidade cívica
A responsabilidade cívica é a responsabilidade
de agir para que a política da educação seja
uma política do direito à educação, isto é, uma
política que respeite a sua integridade
normativa e interdependência com os outros
direitos humanos dos estudantes, assim como a
sua correlação com os direitos das mães, pais e
profissionais da educação.
Responsabilidade contratual
Como quaisquer outros trabalhadores e
trabalhadoras, os profissionais da educação
têm obrigações para com as suas entidades
empregadoras.
Responsabilidade colegial
Cada profissional é responsável pela dignidade,
honra e prestígio da sua profissão
 Atividade 3
 Deveres (comportamentos e atitudes) para com:
 as crianças;
 com as famílias;
 com a instituição
Deveres profissionais
na relação com as crianças

1- Respeitar a dignidade e os direitos de cada


criança
2- Respeitar o direito de cada criança às suas
reais e legítimas diferenças pessoais, sociais e
culturais, sem discriminação.
3- Procurar conhecer cada criança, para tratar
cada um(a) de acordo com as suas
necessidades, eventualmente com legítima
diferenciação, respeitando a sua intimidade e
privacidade
4- Guardar sigilo sobre informações obtidas na
relação com os estudantes, numa base de
confiança, com as exceções justificadas pelo
seu interesse, pela defesa da dignidade e
honra do educador, por interesses legítimos de
terceiros ou outras previstas na lei.
5- Exercer a autoridade inerente à legitimidade
da autoridade pedagógica, sem prepotência,
agindo e reagindo com serenidade e
compreensão no juízo e sanção dos
comportamentos inaceitáveis.
6- Cuidar da segurança e bem-estar das
crianças
7- Exprimir confiança nas potencialidades de
cada criança, alimentar o seu desejo de saber
e de continuar a aprender, estimular o
pensamento crítico e criador.
8- Utilizar uma linguagem profissionalmente
cuidada, sóbria, não agressiva, respeitando
sempre as interrogações e os erros próprios de
quem está a aprender.
9- Relacionar-se com as crianças por forma a
favorecer a necessária segurança afetiva e a
promover a sua autonomia
10- Fomentar a cooperação entre as crianças,
garantindo que todas se sintam valorizadas e
integradas no grupo
11- Promover o desenvolvimento pessoal, social
e cívico numa perspetiva de educação para a
cidadania.
12- Apoiar e fomentar o desenvolvimento
afetivo, emocional e social de cada criança e
do grupo;
13- Estimular a curiosidade da criança pelo que
a rodeia, promovendo a sua capacidade de
identificação e resolução de problemas
14- Ser justo, compreensivo e bondoso nos seus
juízos e decisões, nomeadamente na avaliação
do trabalho das crianças e no julgamento e
sanção das suas infrações disciplinares;
15- Salvaguardar os direitos da criança com
necessidades especiais e colaborar ativamente
na sua reinserção social;
16 - Respeitar a privacidade de cada criança e
o seu direito ao silêncio.
Deveres profissionais na relação com
famílias e comunidade
1-Respeitar a identidade e diferenças culturais,
sociais e outras, assim como as situações
familiares.
2- Guardar sigilo sobre informações obtidas
numa base de confiança, exceto nos casos em
que a lei ou o interesse superior da criança
obriguem a comunicá-las a uma autoridade.
 3- Informar regularmente mães, pais ou outros
representantes legais sobre a vida escolar da
criança, solicitar e respeitar a sua maneira de ver,
manter uma relação de confiança, cortesia,
diálogo e cooperação.
 4- Manter uma boa relação entre a família e a
escola, principalmente ao nível da educação
básica, é do interesse de todas as partes.
 5- Evitar que interesses ou opiniões pessoais entrem
em conflito com os interesses dos pais, mantendo
um relacionamento imparcial e tecnicamente
competente;
Deveres profissionais na relação com a
instituição
1- Respeitar a legítima autoridade institucional,
sem prejuízo do direito e dever de opinião e de
crítica.
2- Cumprir as obrigações contratuais com a
assiduidade, a pontualidade e a
responsabilidade indispensáveis à eficiência da
sua função.
3- Participar nas reuniões e atividades
institucionais em que a sua presença for
requerida ou nas quais a sua contribuição
possa ser útil.
4- Não utilizar para fins privados,
indevidamente, recursos da sua instituição ou
outros sob a sua gestão, nem utilizar de um
modo abusivo o nome da instituição a que
pertence.
Deveres profissionais na relação com
colegas
 1-Respeitar a dignidade, a personalidade, as
competências, as opiniões e o trabalho de
colegas.
2- Manter relações de lealdade e cooperação
com colegas, ajudar quem solicite ou necessite
de apoio ou conselho e ser solidário em
situações de dificuldade ou de injustiça, sem
prejuízo do dever de comunicar aos órgãos
competentes atos ou situações
deontologicamente inaceitáveis de que se
tenha conhecimento.
3- Guardar sigilo e não utilizar abusivamente
informações relativas à vida profissional ou
privada de colegas, obtidas no exercício de
qualquer cargo ou função.
4- Não emitir opiniões depreciativas de colegas
perante os estudantes ou suas famílias, sem
prejuízo da legítima e objetiva expressão da
opinião própria, eventualmente diferente.
5- Respeitar cada funcionária e funcionário da
instituição e suas competências próprias, e
nada solicitar-lhes que possa colocá-los em
situação de infração dos seus deveres.
6- Colaborar com outros profissionais
intervenientes no seu campo de ação, no
interesse superior das crianças.
Atitudes na relação com os colegas

Exercício
1- Atitudes facilitadoras de um bom trabalho
em equipa
2- Atitudes adequadas para gerir um conflito
Atitudes facilitadoras do trabalho em
equipa
1.Ter sempre em mente a Missão, Visão e Valores
da sua Instituição.
2.Saber as suas atribuições e responsabilidades.
3.Respeitar a hierarquia.
4. Assumir uma atitude imparcial.
5. Exercer as suas funções com zelo, competência
e eficiência
6. Demonstrar confiança e energia
7. Conhecer os aspetos legais dos seus direitos e
deveres.
8. Tratar todos com respeito (é importante
termos sempre em mente que o outro,
exatamente como nós, tem muitas qualidades
e defeitos e que cada um de nós possui
sentimentos e que nos guiamos por escala de
valores diferentes. Trate o outro como ele
gostaria de ser tratado.
9. Demonstrar interesse e disponibilidade pelas
pessoas. (por mais diferentes que possam ser,
todos queremos que se interessem por nós, e
pelos nossos problemas. Para os outros a nossa
vida pode parecer uma comédia, mas para
nós que a sentimos, é uma tragédia).
10. Saber ouvir - Escuta ativa - as pessoas
precisam de tempo para falar sobre si mesmas,
seus interesses e problemas. Portanto
precisamos ouvir com atenção, interesse e
respeito, escutando com todos os nossos
sentidos.
11. Saber comunicar de forma assertiva
12. Evitar orgulho ou presunção - por mais que
possamos conhecer sobre um assunto, mesmo
que vivamos mil anos, ainda assim haverá
muitos aspetos em relação a ele que
desconhecemos, sempre haverá algo mais a
aprender, uma maneira diferente de ver,
portanto nunca se considere o único capaz.
13. Ser tolerante e compreensivo - ter paciência
e compreender as situações dos diferentes
pontos de vista, para cuidar melhor.
14. Ser Positivo - elogiar, falar na forma
afirmativa e não na negativa, mesmo quando
algo não está bem, procurar um ponto positivo.
15. Demonstrar segurança e confiança-
transmitir estabilidade e equilíbrio, demonstrar
calma, mesmo em situação de tensão.
16. Refletir para melhorar - ninguém é perfeito e
se tivermos a humildade de assumir os erros e
dificuldades, procurando aprender e melhorar,
iremos sempre crescer.
17. Promover o bom relacionamento
interpessoal
18. Ser honesto
19. Aceitar opiniões e sugestões diferentes
20. Respeito pelas diferenças individuais.
21. Evitamento de juízos de valores.
22. Solidariedade e capacidade de entre-
ajuda.
23. Confidencialidade e sigilo profissional
Como gerir conflitos
Escolher um local e uma altura – Quando e Onde?
Muitas das vezes não é aconselhável resolver um
conflito imediatamente quando este ocorre, mas
sim permitir um pequeno intervalo, para que as
emoções fortes que aparecem na altura da sua
ocorrência não façam com que diga coisas das
quais se irá arrepender.
Para além disso, este intervalo também dá um
tempo de preparação, para os intervenientes
pensarem no que querem e como querem dizer as
coisas.
 Dar voz a cada um dos envolvidos
 É importante ouvir a versão e os argumentos de cada
um dos envolvidos no conflito e resolver o problema
em conjunto.

 Para tal, cada um dos intervenientes deverá:


 Identificar claramente o problema, formulando-o em
frases simples e concretas;
 Preparar os pontos essenciais que quer expor ao
outro.
 Manter-se restrito às coisas importantes /essenciais.
 Evitar generalizações (expressões como “Sempre” e
“Nunca”);
 Respeitar o outro (não ridicularizar, não utilizar o
sarcasmo, ou utilizar comentários pouco
adequados);
 Expor um problema de cada vez;
 Assegurar-se de que foi compreendido (feedback);
 Ouvir o outro, com atenção;
 Propor e deixar que o outro sugira soluções podem
resolver o problema;
 Negociar a solução para o conflito;
 Ter atenção à sua própria comunicação não
verbal – manter o controle emocional
 Usar uma linguagem simples e objetiva
 Empenhar-se na solução do problema.

Você também pode gostar