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º 23872 | PREÇO 1,00 EURO | DIRETOR JOSÉ LOURENÇO | www.diarioinsular.pt | teRçA . 20.06.2023
Págs.
Sanjoaninas 2023 estão em con- 04 e 05
tagem decrescente. O autarca de
Angra Guido Teles realça o peso his-
tórico das festividades.
do país em cOeSãO
Págs. AFIRMA ÁLAMO MENESES
e cOmpetItIvIDADe
OS AçOReS SãO A RegIãO DO pAíS cOm meNOReS
12 e 13 gLex teve “zero” íNDIceS De cOeSãO e cOmpetItIvIDADe, SegUNDO
O INe.O ecONOmIStA JOãO teIxeIRA cONSIDeRA OS
do governo Regional NúmeROS pReOcUpANteS e DefeNDe UmA mAIOR ApOStA
O presidente da Câmara Municipal NA eDUcAçãO e Um ReDIRecIONAmeNtO De ApOIOS
de Angra do Heroísmo vinca que foi púbLIcOS àS empReSAS.
o Ministério da Economia a suportar
a maioria do financiamento.
Pág. FLORES
08 Setor da saúde
é preocupação
Conselho de Ilha das Flores conside-
ra ser necessário melhorar acessibi-
lidades na saúde. Portos continuam
a ser primeira preocupação.
N
várias manifestações de tourada sa população como a maior noite
popular que voltarão a animar as do ano e que, neste ano, será a
úmeros do INE - Instituto Nacional de Estatística são preocu-
nossas festas. maior noite de sempre. pantes no que diz respeito ao presente e às perspetivas de
São apenas alguns exemplos das Todos os anos, logo que termi-
várias novidades que marcam a nado o período de inscrições das
evolução da economia açoriana. Há problemas de convergên-
edição de 2023 das Sanjoaninas. marchas, é realizada uma reunião cia com o país e provavelmente temos dirigido e aplicado mal os di-
com os seus representantes para
Um ASSUNTo qUE CAUSoU CoNTRo- definir o modelo a adotar. Nes-
nheiros que nos entram pela porta dentro aos trambolhões desde a
véRSIA NoS úlTImoS mESES FoI o DES- ta edição entendemos colocar a adesão de Portugal à então CEE - Comunidade Económica Europeia,
FIlE DE mARChAS DE São João qUE votação nessa reunião duas op-
DEvIDo Ao ElEvADo NúmERo DE INS- ções: a realização das marchas
hoje União Europeia, ela própria desorientada - ou demasiado bem
CRIçõES ESTEvE PREvISTo PARA oCoR- numa noite ou em duas noites. O orientada, dependendo das perspetivas... - no que diz respeito à apli-
RER Em DUAS NoITES, mAS AFINAl vAI resultado foi uma opção expres-
oCoRRER APENAS DE 23 PARA 24 DE JU- siva pela realização das marchas
cação de apoios que deveria estar condicionada a um futuro mais
Nho. vAmoS TER UmA mARAToNA DE populares apenas na noite do dia próspero de acordo com as características e as potencialidade de
mARChAS DURANTE lARGAS hoRAS? 23 de junho. Nunca esteve, por-
O número de inscrições para a tanto, prevista a realização nesta
cada espaço geográfico, mas que não cumpre tais objetivos, prova-
participação no desfile de mar- edição do desfile em duas noites. velmente porque as orientações gerais desconhecem ou não incor-
chas de São João é, desde logo, A decisão dos marchantes foi cla-
a constatação de que as Sanjoa- ra e o programa foi preparado de
poram as realidades locais. Nos Açores chegamos a um ponto em que
ninas se têm tornado, de edição forma a respeitá-la. a simples reparação de infraestruturas, que a União Europeia deixou
para edição, cada vez mais atrati- Este ano 35 marchas populares
vas. O facto de termos mais gente vão celebrar o São João em Angra
de financiar, transformou-se num calvário. Basta ver os buracos e os
a querer participar na festa não do Heroísmo. O que deve ser fei- remendos no asfalto, com consequências, nos dois casos, nefastas
deve ser visto como um proble- to para que no futuro o desfile de
ma, mas como um sinal de proje- Marchas de São João decorra da
para as viaturas, para dar vontade de chorar.
ção das Sanjoaninas, do concelho melhor forma é, na nossa perspe- O nosso tecido empresarial não se reformou, não se reforma e não
de Angra do Heroísmo e da ilha tiva, continuar a encará-lo como
Terceira. aquilo que é: o resultado da mo-
se reformará de forma significativa enquanto os apoios públicos não
A participação das marchas de bilização popular. E sobretudo forem orientados de acordo com estratégias que sirvam uma visão
São João tem sido sempre enca- continuar a fazer aquilo pelo que
rada como um resultado da mani- somos reconhecidos: acolher bem
de desenvolvimento sustentada em oportunidade reais no âmbito de
festação popular. Tem sido assim quem nos visita, celebrando com mercados abertos e competitivos. Um tecido empresarial zombie,
e é assim que entendemos que alegria a noite de São João.
que sobrevive no geral de apoios públicos diretos e indiretos e/ou
que medra por conta de rendas que em boa verdade não são mais
do que apoios/subsídios, nunca será capaz de (re)inventar uma
região competitiva. A deriva para os ciclos económicos conhecidos
por monoculturas parece resultar dessa incapacidade para viver no
mercado e para ser competitivo multisetorialmente. Depois da vaca,
talvez estejamos num período de transição para o turismo, que se
assume como a pior - ou por aí perto... - das indústrias. Aliás, é muito
provável que o peso do turismo já se esteja a fazer sentir nos baixos
salários, na alta precariedade e na miséria que é trabalhar um mês
inteiro e só conseguir recursos para comer meio mês ou se calhar
nem tanto.
Temos que nos reinventar. Sobre isso ninguém de bom senso poderá
Património mundial Tema das Sanjoaninas 2023 evoca classificação da UNESCo
ter dúvidas. O problema é se somos capazes de o fazer sem antes
que Angra do heroísmo detém há 40 anos cairmos no abismo. Queremos ter esperança...
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04 reGIÃO terça. 20.06.2023
TEcidO EmpRESARiAl
Quanto ao baixo índice de com-
petitividade da região, João Tei-
xeira aponta como um dos fato-
res que o justificam a “natureza
frágil” do tecido empresarial.
“O nosso tecido empresarial
tem poucas grandes empresas.
Como não temos empresas de
grande dimensão, essas empre-
sas acabam por suportar custos
operacionais médios mais altos.
Têm dificuldade em competir, a
nível nacional e internacional.
Têm dificuldades em conseguir
exportar os seus bens para os
mercados internacionais, por-
que têm custos de produção que
são aparentemente mais altos do
que outras empresas com maior
escala”, explicou.
O economista propõe, por isso,
“uma política de apoios públi-
cos que promova um maior nível
de concentração de empresas,
especialmente se forem setores
gráficos . INe
exportadores”.
A criação de consórcios para
empresas com perfil exportador,
à semelhança do que foi tentado iNE. Açores surgem no fim da tabela, mesmo quando comparadas as 25 regiões NUTS III
com as agendas mobilizadoras
do Plano de Recuperação e Resi-
liência (PRR), pode ser uma so-
lução para que as empresas aço- de apoios públicos para empre- Outro dos fatores identificados
rianas possam “ganhar escala e sas que apostem mais em seto- pelo economista foi a “excessiva
produzir a custos operacionais res com maior intensidade tec- dependência de apoios públicos”
médios mais baixos”, obtendo nológica do tecido empresarial da região.
uma “maior capacidade de pe- “Temos poucos empregos cria- “As empresas durante décadas
netrar no mercado nacional e dos nas áreas das novas tecnolo- habituaram-se a viver muito à
internacional”. gias. Temos uma indústria que custa de apoios públicos. Não
“As agendas mobilizadoras, ti- ainda não é muito significativa temos propriamente uma cultu-
rando o aspeto político, que le- nos Açores. Temos poucos enge- ra de tentar captar maior capital
vou à sua queda, em teoria esta- nheiros, poucas pessoas ligadas privado. Penso que deveria haver
vam no bom caminho. No fundo, às novas tecnologias, às áreas uma aposta acima de tudo em ca-
o objetivo era criar consórcios, digitais, às novas tendências do pital privado, por exemplo, por
abaixo da média nacional
grupos empresariais, para ga- mercado, que são características parte da diáspora”, afirmou.
nharem escala e poderem atuar de empresas que apostam num A mudança exige “um espírito
em mercados nacionais e inter- maior nível de internacionaliza- de iniciativa por parte dos em-
últimos anos. Não estamos a fa- nacionais”, vincou. ção”, realçou. presários”, mas também “um
zer uma aposta na Educação nos Tal como na Educação, também A aposta em mão de obra menos redireccionamento das políticas
Açores”, acrescentou. nas exportações os Açores ainda qualificada leva a que haja uma públicas”, que devem ser orien-
Essa diferença é visível na taxa não deram o passo que é neces- “maior divergência em termos tadas para os setores “com capa-
de retenção e na taxa de con- sário. de rendimento dos trabalhado- cidade de criar mais valor”.
clusão do ensino secundário, “Portugal já conseguiu fazer com res e do valor que pode ser cria- “Se o Governo alterar os incenti-
mas também na percentagem que mais de 50% do seu Produ- do nessas empresas”, segundo o vos, no sentido de sinalizar que
de trabalhadores por conta de to Interno Bruto (PIB) resulte de professor da academia açoriana. há mais apoios públicos para de-
outrem com ensino superior, exportações e nós nos Açores ain- “O Governo Regional, quando terminados setores ou para de-
que nos Açores anda à volta dos da estamos muito aquém desse concede apoios à contratação, terminado tipo de emprego que
15% e no todo nacional chega valor. Precisamos de acentuar a podia ter uma majoração bas- é criado, os empresários acabam
aos 23%. natureza exportadora das nossas tante significativa para empre- por ir atrás desses novos sinais
“Não sei se advém do facto de o empresas”, defendeu o docente. sas que fazem contratação nos que o Governo dá e acabam por
ensino superior não ter a tutela João Teixeira defendeu, por ou- setores ligados às novas tecno- alterar a sua estrutura produti-
do Governo Regional, o facto é tro lado, um redireccionamento logias”, sugeriu. va”, salientou.