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passear sente a natureza

Algarve
Walking
BEIRA BAIXA Festival
À descoberta Ameixial

Destino
Concelho de
Mafra
Moura
Uma terra
de encanto!

Cicloturismo
Trás-os-Montes e
Alto Douro
Ano 3, Junho 2023
NotíciasFlix

2023
Proprietário e Editor: Editorial
NIPC 503341134
Morada: Rua Miguel Esteves Medeiros,
11- 1º dtº 2640-543 Mafra
Sede de Redação: Rua Miguel Esteves
Medeiros, 11- 1º dtº 2640-543 Mafra
Correspondência - P. O. Box 24
2656-909 Ericeira - Portugal

Gerente:
Maria Luisa Dias Mendes Gonçalves
Sócios:
Maria Luisa Dias Mendes Gonçalves e
Vasco Maria de Melo Gonçalves

Será a desertificação do
Diretor:
Vasco de Melo Gonçalves interior um fatalismo?
Responsável editorial:
Lobo do Mar Durante a produção de conteúdos para a edição desta revista e noutras
jornadas no dito “interior”, tenho-me deparado com situações graves de
Fotografia: Viver Com Gosto
desertificação das povoações / regiões. Será um fatalismo?
Periodicidade: Anual | Junho As razões desta situação estão identificadas: Êxodo rural para as áreas
Tiragem: 4000 exemplares urbanas em busca de melhores oportunidades de emprego que resulta
Edição E-paper disponível em Outubro
num envelhecimento da população; Falta de emprego e oportunidades;
Publicidade Lobo do Mar Decréscimo da atividade agrícola; Políticas de desenvolvimento
Contactos +351 261 867 063 desequilibradas...
+ 351 965 510 041 Tenho-me colocado a questão se a aposta num património único com
e-mail geral@lobodomar.net
base na Cultura, Natureza e na Gastronomia pode ser uma estratégia
Grafismo de afirmação e sobrevivência das regiões do interior? Penso que sim, a
valorização do património cultural, de natureza e gastronómico pode
contribuir para o desenvolvimento dessas regiões, gerando empregos e
email geral@lobodomar.net estimulando a atividade empresarial local. Além disso, ao atrair turistas e
Impressão e acabamento visitantes, essas iniciativas podem ajudar a combater a desertificação e
Ligação Visual, Unipessoal, Lda. promover um desenvolvimento mais equilibrado em todo o país.
Sede: Casais de São Martinho, Jerumelo Existe também um aspeto, que a meu ver é muito favorável e que passa
2590-429 Sapataria
pela qualidade no dia a dia, que se pode ter, se fazemos a nossa vida,
Distribuição: VASP, Lda. total ou parcialmente, nestes territórios.
Estatuto editorial As Regiões de Turismo, as autarquias e associações da sociedade civil têm
Consultar em: vindo a desenvolver um trabalho importante de mapeamento e identificação
www.passear.com
do património cultural, de natureza e gastronómico, de desenvolvimento de
Depósito Legal nº. 482264/21 rotas e itinerários temáticos, de promoção e marketing, de capacitação e
Registada na Entidade Reguladora
qualificação dos profissionais e de parcerias com entidades locais, como
para a Comunicação Social
sob o nº. 125987 associações culturais, restaurantes e produtores locais.
Direitos Reservados de reprodução fo- Uma estratégia certa, numa corrida contra o tempo mas com a certeza
tográfica ou escrita para todos os países que nada será como dantes!

Boa leitura e bons passeios.

Vasco de Melo Gonçalves


vascogoncalves@lobodomar.net

FOTOGRAFIA DE CAPA
Georota do Orvalho

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Sumário 06
18
06 Cicloturismo

18 Destino: Beira Baixa

78 Destino: Concelho de Mafra

114 Walking Festival Ameixial

144 Destino: Moura | Alqueva

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Fonte de Santa Comba

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Cicloturismo

Ecopista do Sabor
A beleza de
Trás-os-Montes e Alto Douro
Texto e Fotografia: António José Soares

NA ROTA DA TERRA FRIA | 1.ª JORNADA: DUAS IGREJAS-MIRANDA DO DOURO A CARVIÇAIS, 73.68 KM

1.ª Jornada:

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1. Antiga Estação Ferroviária
de Duas Igrejas | Edifício
passageiros 3

2. Antiga Estação Ferroviária


de Sendim | Edifício de
passageiros

3. Antiga Estação
Ferroviária de Urrós

Trás-os-Montes e Alto Douro, mais especificamente a


aldeia de Duas Igrejas, no concelho de Miranda do
Douro, foi o destino da rota previamente traçada,
na qual o grupo de protagonistas saídos da malta
do costume, um elenco constituído pelo Manuel
Cordeiro, João Neves, Gustavo Baeta, JP Simões e
AJ Soares, que vos risca estas letras, foi pedalando
e vivendo estórias divertidas, em duas jornadas
perfeitas pelo planalto transmontano.
Já a tarde findava quando reunimos a totalidade
do grupo junto à Associação Cultural Pauliteiros nos atirámos finalmente ao café e às torradas,
de Miranda, onde previamente se tinha marcado preparadas na Associação dos Pauliteiros. Após
encontro com o Sr. Carlos Pera, Presidente da Junta os indispensáveis preparativos da viagem, demos
de Freguesia de Duas Igrejas, que amavelmente início à dupla jornada a pedal pela antiga linha
nos autorizou a pernoitar no salão da Associação ferroviária do Sabor, com início na antiga estação
de Pauliteiros e ao qual agradecemos a pronta de Duas Igrejas, assinalava o relógio as 09:35h.
disponibilidade. Um bem-haja Sr. Carlos, um bom A antiga estação ferroviária de Miranda do Douro,
amigo que conhecemos em terras transmontanas, a situada em Duas Igrejas, topo e término da Linha
quem o grupo ficou indubitavelmente reconhecido. do Sabor, foi inaugurada a 22 maio de 1938 e
Após tantas horas na estrada uma boa janta vinha conheceu o seu dia mais triste, precisamente a 1
a calhar e assim aconteceu, no restaurante da de agosto de 1988, data do seu encerramento.
Associação de Pauliteiros, onde o Sr. André e esposa Esta data insere-se numa década que deu início
nos serviram uma agradável sopa de legumes ao encerramento sucessivo de várias estações e
quentinha, e uma excelente carne assada de vitela, linhas regionais por todo o país, décadas de triste
refeição que foi rematada, para os mais gulosos, memória, marcadas pelo galopante declínio
com um delicioso docinho. Não vou escrever que do serviço ferroviário no país, vítima de falta de
alguns tiveram direito a “Chiripiti” parecia mal… investimento, por ausência de visão estrutural e
Com um frio de rachar, para pernoitar valeu-nos políticas erráticas e a favorecer grupos e interesses
o salão multiusos da Associação de Pauliteiros. No para os quais era mais conveniente canalizar fundos
entanto, com cinco homens a dormir no mesmo estruturais, tendo como consequência inevitável o
espaço, imaginem, caros leitores, a sinfonia, que arrastar do país para um atraso civilizacional com
para ali reinava! De sono fácil e tranquilo não serei danos irreparáveis e custos imprevisíveis.
talvez a pessoa indicada para descrever o fabuloso Apesar de em muito mau estado, a estação
concerto musical! Houve, no entanto, quem, não de Duas Igrejas ainda conserva o seu edifício de
logrando dormir, fosse forçado a apreciar por muito passageiros, o cais coberto fechado, o posto de
tempo a harmoniosa melodia de “ressonares” manutenção com fosso, o depósito de água,
diversos, firmemente desperto. dormitório e casas de habitação. É, no entanto,
Pelas 07.00h já o Manuel andava de volta da verdadeiramente confrangedor, que património
granola, do iogurte e das bananas, contudo teria arquitetónico tão significativo se encontre em
ainda de aguardar pelas 09:00h, altura em que manifesto estado de abandono.

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Cicloturismo

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4. Antiga Estação Ferroviária
de Mogadouro | Edifício
passageiros

5. A pedalar para Vilar de Rei

6. Em Quinta das Quebradas

7. Entre Quinta das


Quebradas e Estevais

Na antiga estação destaca-se o edifício de de sobro. Embora de mais difícil observação, para
passageiros, com fachadas de dois pisos, que quem pedala, assinale-se também a existência na
evidencia na fachada principal os nove painéis de região de uma ímpar variedade biológica.
azulejos figurativos policromos, de Gilberto Renda, A contribuir para a qualidade do passeio só faltava
alusivos a monumentos e actividades agrícolas da mesmo um primeiro contratempo. Neste caso a
região, que formam silhar. Na guarda da janela sorte bafejou o Gustavo, com a ocorrência de um
de sacada destaca-se um painel com escudo pequeno furo, situação pronta e solidariamente
de Portugal onde se pode ver ainda a inscrição: resolvida, um pouco antes de cumprida a primeira
“CAMINHOS DE FERRO DO ESTADO”. A fachada secção, de 12 km, pelo canal da antiga linha,
lateral esquerda, virada a sudoeste, tem um painel na estação ferroviária de Sendim. Tendo como
toponímico azul, a lateral direita ostenta quatro objectivo o aprovisionamento para o caminho,
painéis de azulejos figurativos policromos e um efectuámos uma incursão à vila, acrescentando 2
painel toponímico azul e a fachada posterior, virada km ao percurso, retomando onde o deixáramos.
a noroeste, tem seis painéis de azulejos figurativos Já a antiga estação ferroviária de Sendim, com
policromos. O piso térreo destinava-se às funções o conjunto de edifícios também inaugurados em
ferroviárias e ao público e o segundo a residência 1938, embora mais modestos, seguem o mesmo
do chefe da estação. estilo arquitetónico, preservando o edifício de
A ligação ferroviária do Sabor era feita em via estreita, passageiros, o cais coberto fechado, o edifício das
entre a estação do Pocinho, na Linha do Douro e instalações sanitárias e um edifício de habitação
a estação de Duas Igrejas em Miranda do Douro. em irrepreensível estado de conservação e ainda
Após a sua desactivação a linha foi abandonada o depósito de água.
tendo o seu património sido progressivamente O edifício das instalações sanitárias, reabilitado
pilhado e delapidado. O canal da linha que ainda como os demais, encontra-se ao serviço de quem
resta deu lugar a uma magnífica Ecopista que usufrui da Ecopista, assim como dos utilizadores em
agora experimentámos percorrer e, malgrado o frio geral e está situado a meia dúzia de metros a sul
que nesta manhã se fazia sentir, o pedalar, tudo do edifício de passageiros, ostentando nas paredes
faz esquecer. exteriores silhar de azulejos de padrão policromo.
O gozo de pedalar no percurso em macadame Depois de Sendim continuámos a pedalar pelo
pelo canal da antiga linha que atravessa a área planalto transmontano, seguindo em direcção a
protegida do Parque Natural do Douro Internacional, Mogadouro através da N221. Apenas em breves
podendo desfrutar de uma envolvente cénica ocasiões retomámos o canal da antiga linha,
fantástica, circundados por enormes extensões de como aconteceu no momento da confluência
cultivo de cereais, olival tradicional e montados no cruzamento para Urrós e Bemposta, onde nos

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Cicloturismo

8. Quinta da Estrada

9. Carviçais

10. Edifício de passageiros e


cais coberto

deparámos com o que resta do edifício do antigo O espaço exterior adjacente ao antigo edifício de
apeadeiro de Urrós, barbaramente vandalizado passageiros foi o local escolhido para acampar
e delapidado. A velha e inocente questão pode e dar o devido encaminhamento à “bucha”. O
sempre colocar-se: como é possível os altos sossego do momento, por certo em oposição com
responsáveis, decisores políticos, deixarem este o bulício ali verificado no passado em razão do vai
estado de coisas acontecer?! e vem de viandantes, não era motivo de exultação.
Após a passagem na pequena povoação de Após o repasto prosseguimos pelo canal da antiga
Santiago continuámos a pedalar pela estrada linha na direcção da estação de Vilar de Rei,
N221 rumo a nova visita e a mais uma paragem novamente na rota das estações sem vida, num
numa estação sem vida. Na freguesia de Vila de território tristemente abandonado e negligenciado,
Ala, junto ao enorme silo cerealífero da extinta não se compreendendo a existência de tão
EPAC, encerrado por força do declínio da produção acentuadas assimetrias de desenvolvimento
cerealífera nesta região do país, ocorrida na última regional, num território que no passado nos deu e
metade do século passado, que constituiu também continua a dar de comer e que é merecedor de
uma das razões para o progressivo e definitivo olhares mais esclarecidos e de melhores políticas,
encerramento da linha ferroviária do Sabor, situa-se vindas de melhores políticos, quiçá das gerações
a antiga estação ferroviária de Mogadouro. vindouras.
Em estado de perfeito abandono, quase ruinoso, De Vilar de Rei pedalámos por uma via estreita
a estação de Mogadouro engloba o conjunto asfaltada até Vale do Porco e daqui pela mesma
composto por edifício de passageiros, cais coberto, estrada, com uma envolvente cénica incrível,
edifício das instalações eléctricas, depósito de continuámos a desfrutar logrando atingir uns
água, oficina e habitações de pessoal. O edifício quilómetros adiante a povoação de Castelo Branco.
de passageiros, de linhas mais singelas que os Aqui chegados, apesar de apenas percorridos
anteriormente observados, segue, no entanto, o 50 km, o cansaço já se começava a apoderar
mesmo estilo arquitetónico Trata-se de um edifício de alguns, em razão das frequentes paragens,
de planta poligonal, apresentando fachadas de sobretudo em razão dos instantâneos fotográficos
dois pisos, percorridas por soco de cantaria. que a paisagem desperta. Até lograrmos alcançar
Na fachada virada à linha, ainda resistem azulejos o lugar de Carviçais não perdemos muito tempo,
policromos, formando silhar, rematadas em duplo uma vez que pedalámos a bom ritmo, com
friso e cornija de cantaria. Nas laterais sobram vontade de chegar ao conhecido “Artur da Posta”,
ainda painéis de azulejo toponímicos. Na fachada onde, certamente, esperaria por nós uma boa
posterior à principal, virada a poente, e voltado posta mirandesa.
para o canal da antiga linha, em plano central, A estadia e o convívio excederam as melhores
um alpendre parcialmente abatido, apoia-se sobre expectativas permitindo enfrentar a segunda
colunas de cantaria. jornada com vontade redobrada.

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Cicloturismo

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2.ª Jornada:

NA ROTA DA TERRA QUENTE | 2.ª JORNADA: CARVIÇAIS-TORRE DE MONCORVO-POCINHO, 36.79KM

Esta segunda jornada convidava a que se rolasse sobre travejamento de madeira, o edifício das
mais calmamente, atendendo às características do instalações sanitárias, o de habitação de pessoal,
percurso, maioritariamente em rampa descendente depósito de água e toma de água, que abastecia
e bem menos extenso que o da véspera. Mas nem as locomotivas a vapor.
a perspectiva de uma jornada mais suave acalmou Após breve deambulação pelas ruas da aldeia
o já conhecido frenesim do Manuel na hora de prosseguimos pelo canal da antiga linha,
acordar. Se algum dia se lembrar de imitar um galo transformada em Ecopista, que segue paralela
ou tocar alguma corneta, estaremos desgraçados! à N220, o piso de macadame, ladeado de
Depois de toda a malta pronta seguiu-se o gostoso giestas e papoilas criavam um fantástico colorido,
repasto matutino, com o regresso à “linha” a acompanhados por tons de azul-celeste que os
efectuar-se na companhia de um sol radioso, o que raios de sol clarificavam. Continuando a pedalar
deixava antever uma magnífica jornada. pela Ecopista, ainda nas imediações de Carviçais,
Começámos logo a pedalar na direcção da aldeia em Vale de Ferreiros, desfrutámos de uma vista
de Carviçais passando na antiga estação ferroviária, incrível sobre a Albufeira, neste local e em plena
que ainda conserva o edifício de passageiros Primavera, as inúmeras giestas do vale, em conjunto
e o cais coberto fechado, adossados, com as com o extenso lençol de água, formam uma
coberturas rematadas em larga aba comprida deslumbrante tela multicolorida.

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11. Albufeira de Vale de Ferreiros

12. Paisagem dominada pelas giestas


Depois de pedalar em sentido descendente até à floridas (Fotografia JP Simões)
Albufeira de Vale de Ferreiros, subimos agora uma
13. Edifícios da antiga estação do
ligeira rampa até ao sopé do Cabeço da Mua, onde, Carvalhal (Fotografia JP Simões)
no edifício em ruínas do velho apeadeiro de Souto
14. Ecopista, entre Carvalhal e Larinho
da Velha, os silvedos disputam o lugar com as telhas (Fotografia JP Simões)
sobrantes. Um pouco mais à frente, junto a uma
15. Um olhar sobre o Vale
enorme casa de que restam apenas as paredes,
é possível obter uma excelente panorâmica sobre o ferro extraído nas minas da Serra do Reboredo.
a encosta que abraça as aldeias de Felgar e Souto Um pequeno desvio possibilitaria avistar as antigas
da Velha. minas de ferro, no entanto acabámos por prosseguir
Uns metros mais à frente na Ecopista, do apeadeiro na descida.
que servia a aldeia de Felgar, apenas sobram as A antiga estação ferroviária do Carvalhal ainda
quatro paredes do antigo edifício de passageiros. conserva o edifício de passageiros, o edifício das
Continuámos a rolar com uma boa cadência de instalações sanitárias, vulgo “retretes”, as habitações
andamento até chegar à aldeia do Carvalhal, do pessoal, o depósito de água e a toma de água
onde ainda é possível vislumbrar vestígios da que abastecia as locomotivas a vapor.
antiga actividade mineira. Aqui era embarcado Mais adiante, a antiga estação ferroviária da

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Cicloturismo

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aldeia de Larinho, objecto de requalificação, gratificantes e que mais gozo me deu percorrer, o seu
ainda mantém o edifício de passageiros e o cais enquadramento paisagístico é verdadeiramente
coberto fechado, adossados, o primeiro ostentando sublime, o percurso da antiga linha desceu-se
maior preocupação decorativa, e o edifício das suavemente, com “Sabor” acrescido, atendendo,
instalações sanitárias, em irrepreensível estado sobretudo à envolvência, que se sobrepôs à
de preservação, em que resultou no proveitoso facilidade com que se rolava, e permitiu um usufruto
aproveitamento do edificado para a instalação de pleno da atmosfera envolvente.
uma cafetaria. Num quadro cénico tão distinto como o que se
Com a pendente a favorecer e envolvidos pela nos deparou, tendo pela frente o Vale do Sabor e
beleza do percurso o ritmo aligeirado depressa nos a sua foz, no encontro com o Rio Douro, a partir
conduziu a Torre de Moncorvo. A antiga estação de determinado ponto foi imperioso guardar o
ferroviária mantém ainda o edifício de passageiros aparelho e desfrutar. Olhar apenas as imagens
e o cais coberto fechado, adossados, o primeiro reais, sentir o vento no rosto e descer, pedalar,
apresentando maior preocupação decorativa; pedalar até ao Douro.
o edifício das instalações sanitárias; depósito de
água; a antiga casa de habitação e abrigo antes
destinada a agulheiros. Deste local pode vislumbrar-
se uma excelente panorâmica sobre Torre de
Moncorvo.
Iniciávamos em Moncorvo a última secção do nosso
passeio, iniciando a descida para o Vale do Sabor,
na confluência com o Rio Douro. E se a primeira 16. Ao “Sabor “da descida
fase do percurso tinha sido verdadeiramente 17. Foz do Sabor, na confluência com
encantadora, só poderíamos esperar algo o rio Douro
grandioso para esta segunda metade, augurando
18. Vale do Douro
desfrutar de panorâmicas incríveis, ao Sabor da
descida até ao Douro. 19. Estação do Pocinho (Fotografia
JP Simões)
A descida do Vale do Sabor foi dos percursos mais

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Destino: Beira Baixa
Um Portugal com
identidade

A BEIRA BAIXA, SITUADA NO CENTRO DE PORTUGAL, É UMA REGIÃO RICA EM PAISAGEM NATURAL,
PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL, COM UMA FORTE TRADIÇÃO AGRÍCOLA E PECUÁRIA, E UMA
IDENTIDADE CULTURAL ÚNICA. É UM DESTINO ATRAENTE PARA QUEM PROCURA EXPLORAR A HISTÓRIA E A
CULTURA PORTUGUESA, BEM COMO PARA QUEM DESEJA DESFRUTAR DA NATUREZA E DA TRANQUILIDADE
DO CAMPO.
DURANTE SEIS DIAS FOMOS DESCOBRIR PARTE DESTE PATRIMÓNIO PERCORRENDO VILA VELHA DE RÓDÃO,
CASTELO BRANCO, PENAMACOR, IDANHA-A-NOVA, OLEIROS E PROENÇA-A-NOVA.
É IMPOSSÍVEL, NESTAS PÁGINAS DA REVISTA, MOSTRAR TODO O POTENCIAL DA REGIÃO MAS PENSAMOS
QUE SÃO O SUFICIENTE PARA AGUÇAR A CURIOSIDADE PARA VISITAR UMA REGIÃO ÚNICA.
Texto e Fotografia: Passear e Viver Com Gosto

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Destino: Beira Baixa

Por onde andámos: Portas de Ródão | PR6 - Geologia e Arqueologia Urbanas |Jardim do Paço Episcopal |
Parque do Barrocal | Centro de Interpretação do Bordado de Castelo | Aldeia Histórica de Monsanto | Idanha-
a-Nova | Penamacor | Serra da Malcata | Georota do Orvalho | Aldeia do Xisto de Álvaro | Atelier das Artes
Jorge Marquez | Aldeia do Xisto da Figueira | Caminho do Xisto da Figueira

Álvaro Castelo Branco

Figueira

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Orvalho

Penamacor

Vila Velha de Rodão

Monsanto

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Destino: Beira Baixa

Vila Velha de Ródão


“O Rio Tejo rompe o relevo quartzítico e
abrem-se as portas do Rodão”

Portas de Ródão
É de barco que conseguimos admirar toda a
imponência das Portas de Ródão no rio Tejo. Num
barco jangada da empresa Vila Portuguesa, em
alumínio e equipado com um motor elétrico, saímos
do cais fluvial para uma navegação silenciosa à
descoberta dos pequenos grandes segredos do rio
Tejo.
As Portas de Ródão são uma ocorrência geológica
natural, localizada nas duas margens do Tejo, nos
concelhos de Vila Velha de Ródão e Nisa e foram
classificadas como Monumento Natural em 2009.
Trata-se duma imponente garganta escavada pelo
rio Tejo na crista quartzítica da serra do Perdigão,
que criou um estrangulamento no curso da água
com 45 metros de largura.
Se a imponência das Portas de Ródão dominam
a paisagem este trecho do rio tem outros pontos
de interesse nomeadamente ligados à observação
de aves. No alto da margem direita a paisagem
é marcada pelo castelo do Rei Wamba e
os imponentes grifos que em voos circulares
aproveitam as correntes quentes ascendentes
para ganharem altitude. Mais junto ao plano
de água os corvos marinhos e garças cinzentas
estão vigilantes à espera de uma boa pescaria.
As escarpas das Portas de Ródão são locais ideais
para as aves nidificarem, no nosso trajeto tivemos a
oportunidade de observar algumas cegonhas mas
o nosso skipper assegurou, que este ano temos um
“convidado especial” a cegonha preta.

O que se pode observar


Aves aquáticas: corvo-marinho-de-faces-brancas, garça-cinzenta.
Grandes aves terrestres: cegonha-preta, grifo, águia-de-bonelli, pica-pau-verde.
Passeriformes: alvéola-branca, ferreirinha-alpina, melro-azul, toutinegra-de-cabeça-preta, chapim-de-
poupa, chapim-carvoeiro, pega-rabuda, cia.

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Grifo

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Destino: Beira Baixa

PR6 - Geologia e Arqueologia Urbanas


Este percurso apresenta um traçado circular e ainda geológico conhecido como Portas do Rodão.
que um pouco extenso, não apresenta grandes Foi considerado Imóvel de Interesse Público, Decreto
dificuldades. Inicia-se junto ao CIART (Centro de n.º 29/ 90, DR n.º 163 de 17 julho 1990.
Interpretação da Arte Rupestre do Tejo), situado no No que diz respeito à cronologia temos:
largo do Pelourinho e, atualmente num processo de Paleolítico inferior - Paleolítico médio - - ocupação
renovação. do sítio por caçadores - recoletores; séc. 01 a.C.
Nós começámos o percurso junto à água no porto - identificação de vestígios de um acampamento
pois efetuámos o passeio de barco durante a romano, entre os quais uma lareira de ocasião
manhã e, depois almoçámos uma rica Sopa de e alguns projeteis em chumbo, confirmando
Peixe no restaurante Vila Portuguesa situado junto à referências de autores clássicos a uma
fluvina. movimentação de tropas romanas, ao longo do
Grande parte do percurso desenvolve-se em área vale do Tejo, nesse período.
urbana mas para nós, o mais interessante são os Outro destaque vai para os passadiços da ribeira
troços com o rio Tejo como paisagem de fundo de do Enxarrique e o seu Laboratório Vivo que nos leva
onde destacamos a estação arqueológica da Foz até ao Lagar de Varas. Este espaço adquirido pela
do Enxarrique. Bem conservada e com bons painéis autarquia em 2007 e posteriormente remodelado
de informação. é um monumento que documenta todas as fases
Trata-se de um recinto ao ar livre cheio de história históricas do fabrico do azeite, desde o uso da
situado nas margens da confluência da Ribeira do energia humana e animal até à hidráulica e à
Enxarrique com o Rio Tejo; isolado, na proximidade mecânica.
de aglomerado urbano, não longe do acidente

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Destino: Beira Baixa

Lagar de Varas

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Ficha do Percurso Tipo de Percurso: Circular | Sinalizado: Sim | Distância: 8,5 km | Duração: +/- 2h
30m | Dificuldade: 2 (em 5).

Informação útil
CIART
R. Dr. José Pinto Oliveira Rocha 20
6030-214 Vila Velha de Rodão
T: +351 963 445 866 www.tejorupestre.com
Horário: Terça a Sábado das
9:00h às 12:30h e das 14:00h às 18:00h
Encerra ao Domingo e Segunda / Entrada gratuita

Lagar de Varas
Rua da Estrada n.o 18,
6030-230 Vila Velha de Ródão
T: 272 540 312 / 963 445 928
E: turismo@cm-vvrodao.pt
Horário de verão: (1 Maio a 30 Setembro) Terça a
Domingo: 09:30h às 12:30h e das 14:00h às 18:00h
Horário de inverno: (1 Outubro a 30 Abril) Terça a
Domingo: 9:00h às 12:30h e das 14:00h às 17:30h
Encerra à Segunda-feira / Entrada gratuita

Castelo Rei Wamba


Estrada Municipal 1373 (acesso a Vilas Ruivas)
6030-230 Vila Velha de Ródão
Horário: Aberto todo o ano
Entrada gratuita

Passeios de barco no rio Tejo


Vila Portuguesa
Passeios de barco e cruzeiros no Rio Tejo -
Portas de Ródão Estação Arqueológica
da Foz do Enxarrique

Percursos Pedestres na região

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Destino: Beira Baixa

Castelo Branco
“(...)mandado construir pelo bispo da
Guarda, D. João de Mendonça, cerca de
1720, depois da sua chegada de Roma,
onde vivera três anos.”

Patamar principal

Jardim do constituído por três zonas com tratamento distinto,


a área de produção, o bosque e o jardim formal,
Paço Episcopal de inspiração italiana, articulado em várias
plataformas, que marcam uma diferenciação
Os nossos guias Sérgio Ribeiro e João Maltez foram espacial, com o jardim de buxo, lagos, pontuações
os anfitriões na visita ao Jardim do Paço Episcopal escultóricas, cascatas e escadarias monumentais,
(ou de S. João Baptista) que foi mandado construir espelhos de água de planta retangular ou curvilínea,
pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça, existindo um complexo programa iconográfico.
cerca de 1720, depois da sua chegada de Roma, Complexidade dos jardins, em termos estruturais, de
onde vivera três anos. articulação e iconológicos, existindo várias leituras
A água, como elemento central, presente nas possíveis da articulação entre a temática religiosa,
fontes e jogos de água, as 94 estátuas de granito patriótica e alegórica, da estatuária dos jardins,
são as de origem e foram feitas por artesãos locais. bem como da existência, no topo, de uma cascata
geradora de todo o sistema hidráulico, dedicada
Descrição a Moisés, aquele que fez brotar a água da rocha.
Espaço verde de recreio. Jardim de estilo barroco Os jardins podem assumir uma leitura religiosa,

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Lago das Coroas

Jardim Alagado

ligada à própria dedicação dos mesmos, a São terraço central, surge um amplo jardim alagado, de
João Baptista a meditar no Deserto, revelando filiação clássica romana. As esculturas são bastante
que se destinariam à meditação, ou uma leitura hieráticas, sem grande movimento. Fonte: D.G.P.C.
cósmica, com a presença dos signos do Zodíaco,
as partes do Mundo, as Estações, a ligação entre o Enquadramento histórico
Velho e o Novo Testamento; qualquer delas revela Na cultura Ocidental, o conceito bíblico do
o carácter erudito do mentor da obra, o bispo D. Éden serviu de matriz, ao longo dos tempos, a
João de Mendonça, bem como a influência que inúmeras propostas de jardins. Dai que o jardim seja
este recebeu durante a sua estada em Roma. considerado uma evocação, ainda que imperfeita,
A Escadaria dos Reis possui a particularidade das do Paraíso na terra.
estátuas dos monarcas filipinos serem de menor O Jardim de S. João Baptista - de estilo Barroco -
dimensão. As figuras dos reis copiam gravuras da fazia parte de uma vasta e complexa unidade
Epítome de Las Histórais Portuguesas (1677), Elogios agrária, paisagística e estética que costumava
dos Reis de Portugal (1603) e a Europa Portuguesa designar-se por “logradouros do Paço Episcopal de
(1678), todas existentes na livraria do mentor do Castelo Branco”.
jardim, o Bispo D. João de Mendonça. Junto ao No séc. XVIII, esta unidade era composta por dois

29
Destino: Beira Baixa

olivais, uma vinha, a coelheira (para fins exclusiva- as suas portas ao público no dia 5 de Outubro.
mente alimentares/gastronómicos), o bosque, as Finalmente, em 1919 é comprado e passa a jardim
hortas ajardinadas e o jardim propriamente dito - municipal. Fonte: C.M.C.B.
sendo que todo este complexo circundava - e pro-
tegia - a residência do bispo. Centro de Interpretação do Jardim do Paço
O Paço serviu de residência permanente a vários Desde 2013, o Centro de Interpretação do Jardim
bispos da Guarda e, a partir de 1771 até 1831, do Paço é também a entrada para este espaço.
aos da recém criada Diocese de Castelo Branco. No Centro, para além de adquirir o bilhete que
A partir de 1834 foram instalados vários serviços lhe permite o ingresso no Jardim do Paço, o
públicos no Paço e os logradouros conheceram visitante pode conhecer a história do espaço
então um abandono sem precedentes. Em 1911, patrimonial mais emblemático da cidade, observar
como consequência da Lei da Separação do peças originais que já fizeram parte do Jardim -
Estado da Igreja, o Jardim do Paço passa para a encontradas durante as diversas investigações e
tutela da Câmara Municipal, por arrendamento. obras de beneficiação que têm sido realizadas - ou
No ano seguinte, para comemorar o segundo adquirir alguma das diferentes obras publicadas
aniversário da Implantação da República, abre sobre o Jardim.

Pormenor na Cascata de Moisés

30
Escultura Paraíso

Centro de Interpretação

Contactos
Rua Bartolomeu da Costa 6000 - 773 Castelo Branco
Meses de abril a setembro: 09h00-19h00; Meses de
outubro a março 09h00-17h00
Geral: 3€; Seniores (+ 65): 1,50€; Grupo (+12): 1,5€;
Entrada Gratuita - manhãs (desde a abertura até às
13h00) do 1º domingo de cada mês.

31
Destino: Beira Baixa

Mirante de São Martinho

Parque do Barrocal
A nossa guia foi a Sofia Salavessa e, mais tarde, pastoreio; parque natural dentro de uma zona
juntou-se João Maltez da autarquia de Castelo urbana transformando-se num espaço lúdico para
Branco. os moradores em proximidade...
O que primeiro vemos quando entramos, a estrutura A vantagem de ter preservada uma mancha
de passadiços designada por Chave do Barrocal significativa de Carvalho-negral (Quercus pyrenaica)
colocada nas antigas Pedreiras, houve um cuidado que ocupa 30% da sua área, confere-lhe um cariz
grande na sua implantação para que tivesse o muito especial.
menor impacto possível nas pedras. Excelente também para a observação de aves
Antes de ter a sua requalificação em 2020, este desde Grifos, Gaios, Abelherucos Coruja das Torres
espaço teve várias fases de utilização: zona de e a fauna é rica em Coelhos, Javalis, Raposas e até
extração de pedra para a construção; zona de Furões.

32
Estrutura Chave do Barrocal

33
Destino: Beira Baixa

Túnel do Lagarto

Cogumelo Gigante

34
Enquadramento
O Parque do Barrocal é uma área de natureza
silvestre com aproximadamente 40 hectares e está
integrado nos territórios classificados do Geoparque
Naturtejo Mundial da UNESCO e da Reserva da
Biosfera Transfronteiriça Tejo|Tajo Internacional.
O parque corresponde a uma paisagem geológica
fascinante com uma inesperada biodiversidade
que acompanha as estações do ano, a dois passos
do centro urbano.
Cabeça do Alien O Parque do Barrocal apresenta 7 mirantes, diversas
formações geológicas de interesse, passadiços e
trilhos naturais, parque infantil, observatório de aves,
entre tantas outras atrações naturais.
Com uma paisagem granítica característica, feita
de rochas geradas nas profundezas da Terra, mas
moldadas e expostas por centenas de milhões
de anos de movimentos tectónicos e períodos
climáticos, o Barrocal é um oásis refrescante de
História Natural.
A sua origem está associada à instalação de uma
gigantesca massa magmática localizada a uma
profundidade estimada de 30 km e com uma
temperatura de cristalização iniciada aos 750˚C,
datada de há cerca de 310 milhões de anos.

Aconselhamento ao visitante: Utilização de áudio


guia em Português, Francês ou Inglês.
Horário de Funcionamento:
Horário Inverno (1 de outubro a 31 de março):
Das 10:00 às 17:00, última entrada para visitas
completas às 15h30.
Horário Verão (1 de abril a 30 de setembro): Das
9:00 às 20:00, última entrada para visitas completas
às 18:30.
Encerra às segundas feiras.

Contactos
Rua Adelino Semedo Barata,
6000-040 Castelo Branco
+351 272 330 356
barrocal.parque@cm-castelobranco.pt
Entrada gratuita

35
Destino: Beira Baixa

Bordado de
Castelo Branco
No Centro de Interpretação do Bordado de É também interessante de observar o diálogo
Castelo, que visa contribuir para a revalorização, permanente entre o passado e o presente desta arte
recuperação, inovação e relançamento do ímpar através de novas linguagens desenvolvidas
Bordado de Castelo Branco, tivemos como guia uma por estilistas e escolas.
técnica do próprio centro que nos proporcionou O Bordado de Castelo Branco encontra-
uma visitação aos diferentes núcleos expositivos. se, atualmente, na fase final do processo de
Da origem da seda à ligação com a moda e Certificação.
estilistas terminando com uma conversa com as A criação do Centro de Interpretação resultou
bordadeiras que trabalham, no local, em projetos da recuperação de um edifício iconográfico de
e encomendas. Ficamos a conhecer o processo Castelo Branco, Domus Municipalis, antiga Casa
de sementeira do linho à tecelagem, passando da Vila, antiga Cadeia e, mais recentemente,
pela criação do bicho da seda e extração da Biblioteca Municipal, situado na Praça de Camões,
matéria prima, evolução do Bordado e da técnica ou Praça Velha, que delimita a Zona Histórica, de
(pontos), bem como o enquadramento histórico e traça medieval, e a cidade nova.
a simbologia.

36
37
Destino: Beira Baixa

38
Enquadramento
O Bordado de Castelo Branco tem características
que o tornam único e distinto entre os bordados
portugueses: os motivos têm uma estética que
corresponde a uma gramática visual própria. A
intensidade das cores e a luz é conferida pelos fios
de seda, bordados sobre a base de linho artesanal Contactos
cru. Os desenhos/motivos tem uma simbologia Praça Camões 6000-116 Castelo Branco
própria que o observador é convidado a descobrir: 272 323 402
a Árvore da Vida, os pássaros, os cravos, as rosas, oficinaescola.bordado.cb@gmail.com
os lírios, as romãs ou os corações – todos com um Terça a Domingo 10h00-13h00 e das 14h00-18h00
perfil claramente exótico. Estas características do
Bordado de Castelo Branco foram transpostos para
o urbanismo, sendo observáveis quer nas calçadas, Percursos
como nos edifícios, tornando-se assim num dos Pedestres
símbolos da cidade. da região:
As Colchas de Castelo Branco são peças únicas que
valem por si, pela originalidade da sua expressão
artística. Ainda hoje se produzem estas belíssimas
peças e o trabalho envolvido é moroso e complexo.
Fonte: C.M.C.B.

39
Destino: Beira Baixa

Idanha-a-Nova
“(...) é uma cidade rica em história
e cultura. Foi um importante centro
comercial durante a época romana.”

Descobrir a Aldeia ao redor da aldeia.


A nossa guia, a antropóloga Carla Ribeiro, mostrou-
Histórica de Monsanto nos a rica história da Aldeia de Monsanto. Ruas
estreitas dominadas pelos grandes blocos de
Ícone turístico de Portugal e do concelho de Idanha- granito onde as casas se adaptam à natureza
a-Nova, Monsanto é uma das aldeias históricas contrastam com casas senhorias. Caminhar no
de Portugal, com uma história que remonta à burgo é uma atividade curiosa e sensorial pois,
época romana. A arquitetura das casas e ruas é em cada esquina, somos surpreendidos com uma
preservada há séculos, criando um ambiente único arquitetura diferente adaptada à geologia, a luz
e autêntico. Exibe, desde 1938, o título de “Aldeia solar cria formas e dá realces nas ruas estreitas,
Mais Portuguesa de Portugal”. os inúmeros miradouros com paisagens de cortar
Monsanto está localizada numa colina rochosa, a respiração sucedem-se. Ao nível do edificado a
rodeada por uma paisagem natural deslumbrante. Torre de Lucano, a Igreja da Misericórdia, a Igreja
Os visitantes podem desfrutar de vistas panorâmicas Matriz de São Salvador e a capela do Espírito Santo
do topo da colina e caminhar pelos trilhos naturais são as principais referências.

40
Antropóloga Carla Ribeiro

A Aldeia de Monsanto é interessante porque ainda


Arquitetura integrada
possui alguns habitantes que lhe conferem uma
dinâmica diferente.
Durante o nosso deambular e olhando para cima,
o castelo e os afloramentos rochosos são uma
presença constante lembrando-nos o seu passado
estratégico na defesa desta região.
Na aproximação ao castelo temos, no perímetro do
povoado, as furdas e nas suas amplas redondezas,
diversos pontos de interesse com os Penedos Juntos,
a Laje das Treze Tijelas, as ruínas da Igreja de São
Miguel, Torre do Peão e as ruínas da Capela de São
João.

41
Destino: Beira Baixa

Enquadramento de alguns dos pontos de interesse histórico que os visitantes podem explorar:

Castelo e muralhas de Monsanto: Castelo


Castelo
construído no séc. 12, pela Ordem do Templo, e
cerca urbana construída no séc. 13, por ordem
da Coroa, num local de grande importância
estratégica para a defesa da fronteira leste do país,
sobre estruturas anteriores, tendo sido remodelado
no séc. 15 e 16, e depois, no séc. 19, com
alteração da estrutura, articulando-se com outros
castelos da Beira. A fortificação tem planta irregular,
desenvolvendo-se no topo do cabeço, adaptada
à morfologia do terreno de afloramentos graníticos
ciclópicos, o que resulta num grande ondulamento
dos muros, reservando para o castelo a zona mais
alta e inacessível, de planta alongada e com
acesso apenas a partir da vila muralhada.

Laje das Treze Tigelas ou Tigelinhas da Fidalga: Treze Tigelas


No dorso aplanado deste estranho afloramento
podem ver-se diversas cavidades circulares
pouco profundas, na realidade em número de
14, pois acresce mais uma isolada no topo do
penedo contíguo. Estas covas são frequentemente
consideradas de origem antrópica. Alguns autores
associam-nas, mesmo, a um ancestral santuário.

Capela de São Miguel: A capela, construída no


século XII, é uma das mais antigas de Monsanto.
É um excelente exemplo de arquitetura românica
em Portugal. Está em ruínas e, junto a ela, podemos
observar um conjunto de sepulturas esculpidas na
rocha.

Marafona

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Capela de São João: na aba nascente do castelo Uma das entradas do Castelo
encontram-se as ruínas da capela de S. João. Desta
pouco ou nada se sabe. Restos de azulejaria do
século XVI que se encontram nos seus escombros
indicam que existiria nessa época e que em
meados do século XVIII, por estar incluída num rol
dos edifícios religiosos de Monsanto, supõe-se que
estaria ainda aberta ao culto. Os restos das paredes
mostram um pequeno templo constituído por
nave e capela-mor e uma só porta axial, o arco
triunfal é reconstrução recente pouco rigorosa e
desproporcionada.

Igreja Matriz de São Salvador: Construção religiosa


com fachada do séc. XVIII, guarda na capela-mor
o túmulo do seu fundador, com uma inscrição onde
se lê a data de 1630. Apresenta planta retangular,
sendo dignos de destaque os altares renascentistas
e a imaginária. Junto à igreja fica a Torre de Lucano
ou do Relógio.
Encontra-se no interior do perímetro classificado da
Aldeia Velha de Monsanto.

Torre de Lucano: Imponente torre sineira, de planta


quadrangular, com quatro ventanas e pináculos nos
ângulos. É encimada com uma réplica do Galo de
Prata, em ferro forjado, troféu do concurso criado
pelo Secretariado de Propaganda Nacional, e que
deu a Monsanto o título de Aldeia mais portuguesa
de Portugal, atribuído em 1938.
Localiza-se no interior do perímetro classificado da
Aldeia Velha de Monsanto.
Centro Interpretativo da Aldeia de Monsanto

Torre de Lucano

43
Destino: Beira Baixa

Descobrir
Idanha-a-Nova
Idanha-a-Nova é rica em história e cultura. Foi um motivos geométricos.
importante centro comercial durante a época Além de ser um instrumento musical, o adufe
romana e possui uma série de monumentos também tem uma função social importante na
históricos, como a Torre do Relógio, a Igreja Matriz e região. Ele é usado em festas e celebrações, e é
a Capela de São Dâmaso. um símbolo da identidade cultural de Idanha-a-
Um elemento identitário é o adufe. Trata-se de um Nova.
instrumento musical tradicional da região de Idanha- A música e dança tradicional de Idanha-a-Nova,
a-Nova, que consiste num tamborim com uma pele acompanhadas pelo adufe, são consideradas
esticada em ambos os lados e com uma forma Património Cultural Imaterial pela UNESCO desde
peculiar. É tocado principalmente por mulheres, 2015. Isso reflete a importância do adufe e da
que acompanham as danças tradicionais locais. cultura popular local para a região e para o mundo.
O adufe tem uma longa história na região e é um A nossa guia, a antropóloga Carla Ribeiro, fez-
símbolo da cultura popular local. É feito à mão por nos a visita guiada pela vila e o nosso ponto de
artesãos locais, utilizando técnicas tradicionais, e encontro foi o Centro Cultural Raiano. Através
muitas vezes é decorado com padrões coloridos e de um percurso a pé fomos conhecer os locais

Cruzeiro dos Centenários de Idanha-a-Nova

44
Castelo

Vista do Castelo

45
Destino: Beira Baixa

Igreja Matriz

Palacete das Palmeiras

Dª Patrocínia toca adufe a preparar-se


para a Festa da Senhora do Almurtão

46
mais relevantes de Idanha-a-Nova começando século XVIII.
pelo edifício da Câmara Municipal descendo de O nosso próximo destino é o que resta dos vestígios
seguida em direção à Escola Superior de Gestão a do Castelo provavelmente construído no início
funcionar no Palacete das Palmeiras que pertenceu do séc. 13, pela Ordem do Templo, integrado na
à família Manzarra. A nossa próxima paragem é a defesa da Beira Interior, reformado no séc. 15,
curiosa Capela de São Jerónimo, junto à Praça de perdendo depois importância estratégica, o que
Touros, que se encontra parcialmente subterrada. leva à sua ruína, subsistindo apenas a zona principal
Bairro dos Louceiros, onde se encontram 3 grandes do recinto, de planta ovalada, com algumas
fornos comunitários de cozer louça, que apesar de fiadas dos paramentos aprumados da muralha,
já não cumprirem as suas funções, estão acessíveis adaptadas à morfologia do terreno, hoje convertido
e em bom estado de conservação. Estas estruturas em miradouro.
são exemplo de uma atividade que teve grande Junto ao castelo temos a Igreja Matriz de Nossa
importância no concelho e que hoje praticamente Senhora da Conceição que já surge representada
desapareceu. no final do séc. XV e princípios do século seguinte
Tomámos sentido mais para o interior da no Livro das Fortalezas de Duarte d´Armas. De
povoação rumo ao antigo Convento Franciscano fundação medieval, foi renovada em meados do
de Santo António, à igreja de São Francisco de séc. XVI. Possui três naves, abóbada artesoada na
Assis e à Capela Nossa Senhora das Doures, na capela-mor e fachada com portal classicizante.
rua do Pendricão, tivemos a sorte de encontrar três Esta construção religiosa tem em frente uma torre
senhoras a ensaiarem os seus dotes de canto e de sineira que se sobrepõe a uma antiga torre da
tocadoras de adufe. Entre risos e dizeres que “... muralha do castelo.
não sei cantar...” foi um regressar ao passado e às Estamos a terminar a nossa visita mas ainda
tradições de um povo! passámos pelo imponente Solar dos Marqueses da
O complexo convento, igreja e capela são Graciosa rumo à curiosa Fonte das Laranjeiras já nos
propriedade privada e não está aberto ao público. limites da vila.
O convento é do século XVI / XVII e a igreja é do

Fornos comunitários de cozer louça

47
Destino: Beira Baixa

Cegonha Negra
by kurt Klement

Parque Natural do
Tejo Internacional
O Parque Natural do Tejo Internacional (PNTI) Cima e Perais e, nomeadamente no concelho de
abrange o vale do troço fronteiriço do rio Tejo, Idanha-a-Nova, podem ser visitadas duas aldeias
vales confinantes e áreas aplanadas adjacentes. de grande valor cultural e etnográfico: Monsanto e
Estende-se por território pertencente ao concelho Idanha-a-Velha.
de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de A vegetação do parque inclui bosques de sobreiros
Ródão. e azinheiras e galerias de salgueiros (Salix sp.) ao
A Paisagem do Parque Natural do Tejo Internacional longo dos rios. É uma importante área de nidificação
é constituída essencialmente por montado de aves, podendo-se observar a águia-de-bonelli,
de azinho, sobro e misto, formações ripícolas águia-real, abutre-fouveiro e abutre-do-egito.
(tamujais e salgueirais), estepe cerealífera, matagal Também abriga populações de cegonhas-pretas,
mediterrânico (azinhais e zambujais), olival de uma espécie rara em Portugal. Os mamíferos do
encosta e povoamentos florestais (eucalipto, parque incluem a lontra-europeia, o gato-bravo, o
sobreiro e estevais). veado-vermelho e a gineta.
Do património cultural do Tejo Internacional, No Parque Natural do Tejo Internacional coexistem
destacam-se alguns valores presentes nas aldeias harmoniosamente centenas de espécies animais e
que integram na sua área geográfica, com vegetais com núcleos humanos tradicionais. Aqui e
destaque para a Ponte Romana de Segura. além, há lugarejos rústicos e quase despovoadas,
Para além das aldeias de influência do Parque mas há também aldeias renovadas, com casario
Natural, Rosmaninhal, Segura, Salvaterra do Extremo, cuidado. Fonte: C.M. Idanha-a-Nova
Malpica do Tejo, Monforte da Beira, Cebolais de

48
Abutre by Pixabay

Percursos
Pedestres
da região:

Ponte Romana de Segura

49
Destino: Beira Baixa

Penamacor
“Penamacor foi uma das mais
importantes fortalezas da fronteira
portuguesa.”
A GÉNESE ADMINISTRATIVA DA VILA ESTÁ NOS FINAIS DO SÉC. XII, D. SANCHO I CONCEDE FORAL A PENAMACOR
EM 1209. AINDA HOJE SÃO VISÍVEIS MONUMENTOS QUE ATESTAM A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA MILITAR DE
PENAMACOR.
CONCENTRÁMOS A NOSSA VISITA NA ZONA DO CASTELO / FORTALEZA POR SER UM POLO DE GRANDE INTERESSE
HISTÓRICO. DA PLATAFORMA DO CASTELO, VISLUMBRA-SE VASTO TERRITÓRIO, DESDE A FRONTEIRA LEONESA ATÉ À
SERRA DA ESTRELA, DESTACANDO-SE O CASTELO DO MONSANTO.

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Castelo
Fortaleza de Penamacor
Descrição
A fortificação medieval implanta-se num cabeço Fortificação composta por troços e estruturas de
alongado, no sentido nascente - poente, dois núcleos construtivos: o medieval e o moderno.
relativamente aplanado, com cerca de 600 m Da Fortificação Medieval subsiste, no limite nascente
de altitude, situado entre as Ribeiras de Ceife e de da povoação e na zona mais elevada da mesma,
Taliscas, sub-afluentes do Tejo através do Rio Pônsul, a torre de menagem e o poço d’El-Rei, e, no limite
situado no lado sul da Cova da Beira. As estruturas norte do cabeço, a torre do relógio e um pano de
implantam-se adaptadas ao declive do terreno, no muralha, desenvolvido para nordeste, no término
Cimo da Vila sobre os afloramentos rochosos. A torre do qual se abre a porta da vila e se integram os
de menagem ergue-se atualmente isolada, sobre antigos Paços da câmara. As estruturas possuem
o ponto mais elevado do cabeço, com grandes paramentos aprumados, em cantaria de granito, a
afloramentos, dispondo-se nas suas imediações, da torre de menagem siglada. Torre de Menagem
o depósito de água e o poço d’El-Rei. Em frente de planta quadrada e fachadas com soco
da porta da vila e da casa da câmara, ergue-se biselado bastante alto, terminadas em cachorrada,
o Pelourinho de Penamacor, e nas imediações, recortada, e cobertura plana de cantaria. O
numa cota inferior, mais para poente, a Igreja da poço d’El-Rei dispõe-se a nordeste da torre e tem
Misericórdia. No interior da antiga cerca urbana, planta arredondada, de grande dimensão, sendo
ergue-se a Igreja Paroquial de São Pedro. delimitado por muro em alvenaria de pedra.

51
Destino: Beira Baixa

A cerca urbana de Penamacor foi demolida ou face norte, alteando a cornija. A torre possui duas
integrada na malha urbana, sendo percetível o faces cegas e a virada a poente é rasgada, ao
seu perímetro de traçado ovalado irregular. Subsiste nível do piso térreo, portal em arco apontado, de
troço de muralha a noroeste, de remate simples, aduelas largas biseladas sobre os pés direito, sendo
capeado a cantaria, com aparelho irregular no topo encimado por baixo relevo moldurado, contendo
norte, sendo interiormente percorrido por adarve. A a representação de um cavaleiro. No extremo
poente, adossada pelo exterior, surge a Torre do nordeste dispõe-se a Casa da Câmara, de planta
Relógio, de planta quadrada. No ângulo nordeste da retangular, e cobertura em telhado de quatro
torre, integra torre sineira, quadrangular, rematada águas, rematadas em beirada simples. As fachadas
em cornija e cobertura piramidal, coroada por evoluem em dois pisos, rematadas em cornija
catavento, e com pináculos longilíneos nos cunhais; integrando gárgulas de canhão na principal virada a
cada uma das faces é rasgada por ventanas de norte e avançada da muralha, possuindo aparelho
arco em asa de cesto, com relógio circular na de grande irregularidade. Inferiormente abre-se a

52
Igreja da Misericórdia

porta da vila, em arco apontado, e, no segundo fachada principal. Interior: de dois pisos, com duas
piso, duas janelas de peitoril, de arco abatido, com dependências, de pavimentos em cantaria, e as
moldura rematada em cornija decorada com janelas com conversadeiras.
concheado no fecho; ao centro, ostenta as armas A fortificação abaluartada encontra-se bastante
de nacionais, com a data “1568” inscrita, entre duas destruída, tendo as cortinas sido total ou
esferas armilares. Na fachada posterior, a porta parcialmente aglutinadas pelo casario que as
da vila apresenta trânsito em abóbada de berço, envolveu, aproveitando os seus muros como
com duplo arco de volta perfeita, e rastrilho em alicerces ou para delimitar propriedades, e
madeira. Ao nível do segundo piso, rasga-se porta reaproveitando-se os seus materiais nas novas
de verga reta com moldura terminada em cornija, construções. Fonte: D.G.P.C.
encimada pelas armas do concelho, entre duas
esferas armilares, precedida por lanço de escadas,
com guarda em madeira, e janela idêntica à da

53
Destino: Beira Baixa

Albufeira da Meimoa

Serra da Malcata
A Reserva Natural da Serra da Malcata - RNSM ameaçados do continente europeu e objeto de
(16.348 ha) assenta numa sucessão de cabeços um projeto de conservação luso-espanhol visando
arredondados de natureza xistosa que se perdem fixar o coelho-bravo, seu alimento preferencial, e
Espanha adentro pela serra da Gata, sulcados por valorizar o habitat. Presença de numerosos répteis
pequenas linhas de água que se escondem ao e anfíbios, extenso cortejo de passeriformes (vulgo
olhar. Na zona norte há resquícios de carvalhais e, pássaros) e diversas aves de presa nomeadamente
a sul, zona muito explorada e erodida e que outrora o grifo, o abutre-preto e a cegonha-preta.
foi domínio do sobreiro, assinala-se a presença da Em termos de matas nacionais é de salientar a
azinheira e larga superfície é coberta por matas Mata Nacional da Serra da Malcata, na freg. de
de produção. Interessantes bosques ripícolas (i.e. Penamacor, com cerca de 1992 ha e vocação e
das margens dos cursos de água) ao longo do uso principalmente florestais, de conservação e de
Bazágueda, do Côa e da ribeira da Meimoa. proteção. Note-se ainda que dos com 657 ha da
Extensas áreas de matagal mediterrânico abrigando M. N. da Serra da Nogueira, cerca de 400 ha estão
uma fauna variada em que se destacava, até há incluídos nesta reserva natural. Fonte: ICNF
bem pouco, o lince-ibérico, um dos mamíferos mais

54
O PR4 Patada da Mula permite conhecer uma parte
da Reserva. A Pequena Rota “Patada da Mula” tem
início e fim junto ao painel informativo localizado
próximo da Central Mini-hídrica do Meimão.
O percurso inicia para sudeste acompanhando
as margens da Ribeira da Meimoa, até uma
derivação que conduz a uma gravura rupestre
de podomorfos, designada por Patada da Mula,
Património Arqueológico em vias de classificação.
De regresso ao percurso da Pequena Rota, o trilho
sobe parte de uma encosta da Serra da Malcata
e prossegue ao longo da sua cumeeira, numa
sucessão de cabeços arredondados de natureza
xistosa, onde, no ponto mais elevado, tem uma vista
panorâmica sobre o plano de água da albufeira da
Ribeira da Meimoa e sobre parte da Reserva Natural
da Serra da Malcata.
Rosmaninho

Percursos
Pedestres
da região:

Urze

Esteva

55
Destino: Beira Baixa

Oleiros
“(...)um percurso diversificado ao nível
dos cenários que numa fase inicial cria
um diálogo entre o povoado e as suas
hortas.”

PR3 – Georota hortas. Numa segunda fase e para mim a mais


interessante, a caminhada desenvolve-se ao longo

do Orvalho da ribeira de Água de Alta e da magnífica cascata.


No final do percurso, o objetivo é atingir o Mosqueiro
e daí, ter uma visão 360° da região.
O percurso da GeoRota do Orvalho é linear e
começa no coração da povoação do Orvalho. É
Descrição
um percurso com cerca de 8,9 km de extensão
O itinerário deste percurso apresenta um conjunto de
e está sinalizado. Estamos perante um percurso
espaços nobres onde a paisagem aliada ao saber
diversificado ao nível dos cenários que numa fase
fazer das suas gentes, são um ótimo tónico para
inicial cria um diálogo entre o povoado e as suas

56
fugir ao stress dos meios urbanos. Inserindo-se no se com os melodiosos cantares dos pássaros,
território Geopark Naturtejo, este roteiro contempla embriagados pela pureza intocável dos locais. O
a passagem pelos geomonumentos classificados percurso convida assim ao mais puro reencontro
pela UNESCO que existem na freguesia de Orvalho. com a Natureza, remetendo para outros tempos
Tradição e cultura aliam-se em comunhão com a que se pensava não ser possível alcançar. Por entre
Natureza, onde excecionais afloramentos rochosos, excecionais monumentos geológicos, impõe-se a
passando por locais emblemáticos, são só o mote incontornável beleza da região, pintada por uma
para a descoberta de refúgios mágicos. Pelo meio, mescla de cores divinas onde o verde da vegetação
testemunha-se o correr das águas cristalinas das se mistura com os tons da terra, não deixando
ribeiras e das nascentes da montanha, confundindo- ninguém indiferente. Pelas encostas íngremes

57
Destino: Beira Baixa

circundantes, são evidentes as monoculturas de a uma área deprimida na mancha de xistos e


pinheiro bravo e algumas manchas de oliveiras, grauvaques, onde a erosão mesocenozóica mais
as quais revelam a tradição olivícola que marcou se faz sentir. No cimo do Cabeço do Mosqueiro,
a ruralidade orvalhense. É também frequente o Miradouro que lá existe evidencia não só os
encontrarem-se exemplares de medronheiro, afloramentos rochosos, mas também a vegetação
podendo verificar-se também de forma dispersa arbustiva. Esta é constituída essencialmente por
a azinheira e o sobreiro. O serpenteante Vale das matos heliófilos, dos quais se destaca a esteva, a
Fragosas surge-nos numa curva da estrada, pouco carqueja e o tojo. Foram também identificados
depois de passar o cabeço cónico da Senhora alguns exemplares de Teucrium salvastrium, uma
da Confiança. Junto das fontes naturais existentes espécie protegida vulgarmente designada por
à beira da estrada, um miradouro natural permite- Têucrio.
nos admirar a muralha quartzítica que se ergue de
um bosque denso por onde o ribeiro de Água de
Alta desaparece. Pelo som forte da água a cair,
adivinham-se as cascatas de fraga da Água d’Alta.
São 25 m de desnível vencidos por uma sucessão Ficha do percurso
de três véus de água turbulentos e crepitantes. Tipo de percurso: Linear; Distância: 8,9Km;
Vale a pena descer o caminho assinalado onde Duração: 3h e 30m; Dificuldade: Difícil (Nível IV)
abunda o folhado e onde o azereiro marca bem a
sua presença. A herança morfológica desta região
resultou na quartzítica Serra do Moradal sobranceira

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59
Destino: Beira Baixa

Aldeia do
Xisto de Álvaro
Álvaro detém uma localização privilegiada (só 4 foram recuperadas) e deixaram uma forte
marcada pela riqueza paisagística vincada pelas marca na malha urbana.
sinuosas encostas que se estendem ao longo do Raquel Freire (loja Aldeia do Xisto) foi a nossa guia
Rio Zêzere. que nos abriu as portas das principais edificações
Inserida na Rede das Aldeias do Xisto, Álvaro é religiosas da aldeia e o seu valioso espólio: Igreja
conhecida como uma das “aldeias brancas”: a Matriz, Capela da Santa Casa da Misericórdia e
maior parte das suas construções é, de facto, feita Capela Nossa Senhora da Nazaré. Aqui o património
em xisto, mas a evolução histórica fez com que religioso é imenso tendo em conta sete edificações
muitas estejam pintadas, alterando muito do seu em Álvaro e seis nas povoações vizinhas da
ambiente xistoso. freguesia.
Aqui o relógio parece ter graciosamente parado, e A Igreja Matriz, de raiz medieval, foi totalmente
a tradição ainda reina nos cerca de 80 habitantes reconstruída em 1820, tornando-se num templo
da aldeia, que chegam a ser 120 em alturas festivas. amplo com cinco altares. Na capela-mor encontra-
Vale a pena visitar a Igreja da Misericórdia e observar se um retábulo do século XIX, simples, com a
os Passos do Senhor e as várias alminhas por aqui imagem central de Cristo Crucificado, e de cada
dispersas, mas o que realmente encanta na aldeia lado, em nichos, as imagens de S. Tiago e de S.
é a sua beleza natural, com a Praia Fluvial mesmo João Baptista. Os altares laterais em talha dourada,
aos seus pés, dotada de boas infraestruturas. do século XVIII, situam-se no corpo da igreja, dois de
Nos dias de hoje a aldeia está muito marcada pelo cada lado do arco-cruzeiro, e outros dois inclusos
violento incêndio de 2017 onde arderam 42 casas nas paredes laterais.

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Praia Fluvial

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Destino: Beira Baixa

Igreja Matriz

Capela da Santa Casa da Misericórdia

Interior da Capela da Santa Casa da Misericórdia

Sacrário renascentista de calcário na Igreja Matriz

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Percursos
Pedestres
da região:

Vê-se ainda o Altar do Sagrado Coração, tendo pavimento de cantaria, revelando possivelmente
em baixo uma imagem antiga de Nossa Senhora. maior antiguidade, podendo, a segunda metade,
O altar junto ao arco-cruzeiro é de invocação ao ser uma ampliação. Fachada principal rematada
Espírito Santo. em empena, com os vãos rasgados em eixo,
Sobre o altar destaca-se também um sacrário composto por portal de verga reta e janela. O portal
renascentista de calcário. Do lado oposto ao arco- é tardo-renascentista, com frontão interrompido
cruzeiro, encontram-se o Altar de S. José, onde e nicho. Fachada lateral esquerda com porta
também é possível ver uma imagem de Nossa travessa. Coberturas em falsas abóbadas de berço,
Senhora de Fátima, e o Altar de S. Miguel que, além a da capela-mor formando caixotões pintados
da imagem do Anjo a segurar uma Cruz, tem ainda com santos do hagiólogo católico. Possui púlpito no
uma outra de Santa Teresinha do Menino Jesus. Na lado do Evangelho. Retábulo-mor com retábulo de
capela resiste ainda a Pia Batismal, antiga, com talha dourada, do estilo barroco nacional. Capela
uma concha de granito lavrada em forma de um funerária adossada à capela-mor, possuindo
canelado, assente sobre uma base. Junto das retábulo de talha policromada neoclássica.
principais portas da Igreja, duas das pias de água Capela de Nossa Senhora da Nazaré, na Praça
benta têm gravada a cruz da Ordem de Malta. da Misericórdia logo abaixo da Igreja Matriz, possui
Esta Igreja é classificada como Imóvel de Interesse um pequeno oratório encastrado na correnteza de
Público. casas que formam o lado Norte da rua.
A Capela da Santa Casa da Misericórdia de Foi administrada pela Misericórdia, e ainda é
fundação quinhentista, mas profundamente possível descobrir as imagens de Nossa Senhora,
remodelada no séc. XVII, de planta retangular no altar-mor, e duas imagens antigas de grandes
irregular, composta por nave, capela-mor e dimensões, que representam São João e a
sacristia adossada ao lado esquerdo, com sineira. Verónica, esta segurando o pano com que limpou
A primeira metade da nave é mais estreita e com o rosto de Cristo a caminho do Calvário.

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Destino: Beira Baixa

Atelier das Artes Jorge Marquez


Um artista que gosta do que é nosso

Filigrana, Azulejo, Pintura, Escultura, um criativo que Jorge Marquez


não pára e que é dotado de um talento invulgar.
Alfacinha de gema, segundo um amigo “teve
atividades que dariam para muitas vidas” sempre se
reinventou.
A sua formação é a sua experiência que começa
cedo, muito cedo numa tipografia e depois segue
pelas artes criativas, trabalhou durante muitos anos
na publicidade até que os computadores, aos
quais não se adaptou, vieram dizer que tinha que
recomeçar.
A personalização de camiões e outras viaturas
foram durante alguns anos uma forma de trabalho
mas com a crise em 2008 também isso obrigou a
um novo recomeço.
Até que um dia: “vou fazer uma escultura em ferro”.
E isso vem donde? Perguntamos nós. Não sabe,
provavelmente as experiências acumuladas ligadas
à arte e agradece a alguns grandes mestres que
teve quando trabalhou em publicidade.
Tal como nos disse gosta do que é nosso, reinterpreta
nos seus trabalhos a técnica da Filigrana sem
a utilização do ouro ou da prata, mas em ferro e
introduzindo o azulejo. Dai que a exposição que
tinha no seu atelier no Orvalho era toda em ferro fotografada que era comemorativa do Aniversário
dourado e azulejo, as guitarras portuguesas, um do nascimento de Salvador Dali a 11 de Maio e que
piano... Confessou-nos que gostava de apanhar ia para o Museu do Automobilismo e da Moda de
o comboio e ir até ao Porto só para admirar os Málaga.
belíssimos painéis da Estação de São Bento. Este Museu conta desde 2018 com uma peça
Porquê o Orvalho? Aqui tem ligações de família de 400kgs da sua autoria, um jaguar XK120
da mulher e foi também um desafio da própria encomendado pelo dono da coleção (por sinal
autarquia de Oleiros, na pessoa de Paulo Urbano português).
quando viu o seu trabalho em Exposição na FIL. Tem Aconselhamos todos a acompanhar com atenção
o seu atelier há cerca de 7 anos e tem também o este trabalho que é único.
sossego e a paz de espírito para produzir as suas
peças e preparar novos temas para as mesmas.
Trabalho não falta: “Muitas vezes querem permutar
a presença das minhas peças em eventos. Tenho que
ir relembrando que vivo desta arte. Ainda existe o
preconceito de que este trabalho é hobby”.
Aquando da nossa visita em Abril Jorge Marquez
estava a ultimar uma peça que não pode ser

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65
Destino: Beira Baixa

Proença-a-Nova
“Junto ao forno comunitário de Figueira,
o cheiro a pão quente espalha-se
pelas estreitas ruas em volta.”

Aldeia do Xisto
de Figueira
Com António Sequeira, do Turismo de Proença à aldeia, que ajuda na preservação da tradição
a Nova, conhecemos a aldeia de Figueira, uma gastronómica da região e é um fator local de
Aldeia de Xisto ainda bem preservada. Notámos coesão social.
uma forte atividade na recuperação e preservação No núcleo primitivo da aldeia existiriam ‘as portas
do património edificado mas, em certa medida, é dos lobos’ que fechavam completamente a Aldeia
o restaurante da Tia Augusta que dá notoriedade durante a noite, de modo a evitar o ataque ao gado

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e galináceos. Foi uma aldeia bastante povoada, a pão quente espalha-se pelas estreitas ruas em
com bastante mão-de-obra especializada, volta. Na parede de xisto ao lado da porta do forno,
principalmente relacionada com os trabalhos em mantém-se o sistema original de marcações em
pedra de xisto, madeira e ferro, pois quase todas as que as famílias selecionavam o dia em que queriam
casas foram erguidas por artesãos da Aldeia. cozer o pão. O forno era o coração da aldeia e
Junto ao forno comunitário de Figueira, o cheiro volta hoje a dinamizar o projeto de revitalização,

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Destino: Beira Baixa

Uma Das Cancelas da Aldeia

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em articulação com a rede das Aldeias do Xisto. apresenta margens com uma largura considerável
Todas as semanas pão e broa frescos saem do em determinados locais, permitindo a prática
forno para as prateleiras da Loja da Aldeia, onde de uma agricultura de subsistência, o cultivo da
podem ser encontrados outros produtos regionais. Oliveira e o pastoreio dos animais. Estas margens
No piso superior da loja, o restaurante proporciona estão magnificamente estruturadas por largos
uma viagem pelos sabores tradicionais. muros de pedra de xisto colocada a cutelo, para
Com apenas três dezenas de moradores, a que assim pudessem vencer o caudal da ribeira
aldeia é o destino ideal para quem gosta da vida sem se degradarem. A sua largura facilitava,
comunitária e de escavar memórias e tradições de ainda, a circulação entre os campos cultivados e o
outros tempos. transporte dos víveres. Fonte: BeiraBaixaTour
A Ribeira da Figueira, que contorna esta Aldeia,

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Destino: Beira Baixa

PR8: Caminho do Xisto


da Figueira
Depois de conhecer o núcleo primitivo da Aldeia do
Xisto de Figueira e o seu forno comunitário justificam Ficha do Percurso Início/Fim: Aldeia do Xisto
por si só uma visita, mas este passeio permite ainda de Figueira | Extensão: 6,3 Km | Duração: aprox.
conhecer o lagar, percorrer a levada e apreciar os 3h00 | Grau de dificuldade: fácil | Sinalizado: Sim
muros em xisto nas margens da ribeira, construídos (no site da autarquia pode descarregar o folheto
verticalmente para suportar a força da corrente. e track de GPS)

Percursos
Pedestres
da região:

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Destino: Beira Baixa

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Destino: Beira Baixa

GASTRONOMIA DE REFERÊNCIA
Rota do Azeite
A Rota do Azeite da Beira Baixa, iniciativa promovida de Origem Protegida (DOP), estando integrados nos
pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa Azeites da Beira Interior, juntamente com os azeites da
(CIMBB), nasceu no âmbito do projeto “Beira Baixa: 3 Beira Alta. A gestão desta DOP é da responsabilidade
Dias, 3 experiências” e pretende valorizar, promover da APABI- Associação de Produtores de Azeite da
e difundir o “ouro da Beira Baixa” junto dos visitantes Beira Interior, uma organização de produtores de
desta região. azeite que engloba cerca 40 lagares de azeite e
Na Beira Baixa são comuns os olivais tradicionais em 100 olivicultores individuais. Tem como principais
regimes extensivo, a variedade predominante é a objetivos: a dinamização e organização da fileira
Azeitona Galega da Beira Baixa que, recentemente, oleícola, o fomento da produção de azeites de
foi qualificada como Identificação Geográfica qualidade superior e a promoção e divulgação dos
Protegida (IGP), uma chancela que afere que azeites da região.
o clima, o solo da região e a experiência das Na Beira Baixa podemos encontrar oliveiras
populações locais fazem deste um produto com centenárias e até milenares. De facto, já os
características únicas. No território são, ainda, visigodos, os árabes e os romanos que por aqui
cultivadas as variedades Cobrançosa e Cordovil. passaram noutros tempos, cultivavam estas árvores.
O azeite, virgem extra ou virgem, é amarelo, Diversos registos históricos indicam que já no início do
levemente esverdeado. Destaca-se pela doçura, século XVI o olival se apresentava bem implantado
suavidade e um ligeiro frutado, podendo ter notas na região. Desde aí esteve sempre presente na
de maçã. É pouco amargo e pouco picante. cultura deste território. As famílias orgulhavam-se
Muitos dos azeites da Beira Baixa têm Denominação de poder produzir o seu próprio azeite que era um

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elemento de destaque em cada mesa.
A Azeitona Galega da Beira Baixa obtida através de
processos de fabrico e técnicas de conservação
que vêm sendo transmitidas de geração em
geração e que se mantêm até aos dias de hoje, é
considerada um produto tradicional nesta região, e
ocupa desde há muito um importante lugar tanto
na alimentação dos seus habitantes como no
desenvolvimento da economia local.
Saiba mais em:

Peixe do rio com certeza


Quando estamos junto ao rio Tejo, o melhor, é travessa temos Barbo frito, noutra a Carpa no forno
comer peixe capturado no rio. Antes de embarcar e finalmente pão com caldo, poejo e pimento.
para o passeio no barco elétrico fizemos a reserva É um prato muito saboroso e condimentado que
pois, ao domingo, o restaurante da marina costuma acompanha bem com o vinho tinto da casa
encher! (Quinta das Termos da região de Belmonte)
A Sopa de Peixe (para duas pessoas) foi a nossa Refeição de qualidade que custou 41 Euros, para
escolha acompanhada por um vinho tinto da duas pessoas.
casa. As doses são de boa dimensão por isso, não
pedimos qualquer tipo de entrada (foi o melhor que Restaurante Vila Portuguesa
fizemos). Rua do Porto do Tejo 155, 6030-198 Vila Velha de
A Sopa de Peixe está dividida em três. Numa Rodão - 272541138 / 967646614

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Destino: Beira Baixa

GASTRONOMIA DE REFERÊNCIA
Cabrito estonado
O Cabrito Estonado é uma referência gastronómica
na Beira Baixa e o restaurante Callum, através
do Chef André Ribeiro, é um dos principais
embaixadores.
Na nossa passagem pelo Callum deliciámo-nos
com o folhado de Cabrito Estonado acompanhado
com batata frita e salada e, ainda, o Maranho à
moda de Oleiros com batata frita e salada. Para
sobremesas as Papas de Carolo (papas doces de
milho) e Tigelada da “Avó Prazeres”.
Maranho à Moda de Oleiros
A refeição foi acompanhada com o Vinho Callum.
Trata-se dum vinho branco, muito ligeiro, de baixo
teor alcoólico que por vezes se compara com o
vinho verde.
Gastronomia de qualidade num excelente
ambiente e com um bom serviço. O preço médio
por pessoa situa-se nos 25 Euros.

Restaurante Callum no Hotel Santa Margarida


Torna, 6160-498 Oleiros
Tel: (+351) 272 680 010
geral@hotelsantamargarida.pt

Folhado de Cabrito Estonado

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Veado na Panela
No Retiro do Caçador, em Castelo Branco,
saboreámos um belíssimo Veado na Panela que
na ementa diz que é para uma pessoa mas dá
perfeitamente para duas!
Restaurante rústico mas de qualidade e com um bom
serviço. Os pratos de caça e as receitas tradicionais
da região são as referências deste restaurante.
Escolhemos veado é uma das especialidades da
casa e foi uma escolha acertada. O preço médio,
por pessoa, é de 15 Euros.

Rua Ruivo Godinho, 15 6000-275 Castelo Branco


Tel.: (+351)272343050

Restaurante Casa da Menu: Prata da casa (queijo de cabra, chouriço


de porco preto, pasta de azeitona e toucinho).
Tia Augusta Plangaio com couve a monte ou Afogado da
Um espaço rústico e com requinte onde são boda. Tigelada.
servidos pratos tradicionais com um toque de É aconselhável fazer marcação prévia.
sofisticação. As carnes demoradamente assadas Preço médio por pessoa, 15 Euros.
no forno a lenha, os queijos, o azeite e o pão com Aberto à 6ª f., Sáb. e Dom.
travo bem vincado, transformam um simples prato Horário 12h30 - 14h30 / 19h30 - 22h00
num verdadeiro manjar. O segredo está em cada Rua Principal, Figueira,
detalhe e na dedicação que se sente ao saborear 6150-718 Sobreira Formosa
cada refeição. 274 822 134

Papas de Carolo Tigelada

APOIO
Esta ação enquadra-se no Projeto Produtos Turísticos Integrados de Base Intermunicipal, desenvolvido pela Comunidade
Intermunicipal da Beira Baixa, em parceria com o Turismo Centro de Portugal, cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal
2020, e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
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DESTINO:
Concelho de Mafra
Património,
Natureza e
Gastronomia
Textos: Lobo do Mar, C.M.Mafra e DGPC
Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves / Viver com Gosto

O concelho de Mafra é um território rico em termos


culturais e de natureza. A zona saloia, com as suas
tradições e história ligada à agricultura, contrasta com a
zona costeira mais sofisticada e com uma forte ligação
ao mar e aos desportos náuticos, nomeadamente o surf.
Como fiel da balança temos Mafra e o seu imponente
palácio, convento e basílica.
São estas características particulares que fazem do
concelho Mafra um destino turístico com uma grande
atratividade e procurado por pessoas de diferentes faixas
etárias e com origens diversas.
A notoriedade da região deve-se também ao trabalho
desenvolvido pelo poder local que, ao longos dos anos,
tem sabido valorizar o território através da criação da
Reserva Mundial de Surf (2011), a integração do Palácio
Real, a Basílica, um Convento, o Jardim do Cerco e uma
vasta Tapada na Lista do Património Mundial pela UNESCO
(2019) e a certificação como Biosphere Destination (2021).
Estamos perante um concelho com múltiplos pontos de
interesse do ponto de vista Cultural e Arquitetónico e com
uma boa oferta no que diz respeito ao turismo de natureza
(percursos pedestres e de bicicleta) onde a Tapada de
Mafra se destaca. De realçar ainda, a Rota Histórica das
Linhas de Torres, a Rota dos Órgãos Históricos, a Rota das
Enxaras e um vasto conjunto de feiras temáticas, festas e
romarias.
A produção de vinho na região, tem vindo a ganhar
notoriedade com as marcas a conseguirem imporem-se
através da sua qualidade, num setor muito competitivo.

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Destino: Concelho de Mafra

À DESCOBERTA DA ERICEIRA
Da pesca ao surf
• A HISTÓRIA DA ERICEIRA REMONTA A CERCA DE 1000 A.C.. PRESUMIVELMENTE LOCAL DE PASSAGEM E
INSTALAÇÃO DOS FENÍCIOS.
• O SEU PRIMEIRO FORAL DATA DE 1229.
• NOVA CARTA DE FORO CONCEDIDA POR D. MANUEL I EM 1513.
• A ERICEIRA CONHECEU NO SÉCULO XIX A SUA ÉPOCA ÁUREA.
• FUGA DE D. MANUEL II PARA O EXÍLIO, DA PRAIA DOS PESCADORES, A 5 DE OUTUBRO DE 1910.
• A ÚNICA RESERVA MUNDIAL DE SURF NA EUROPA.

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Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem

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Destino: Concelho de Mafra

Capela de São Sebastião

Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem

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A vila da Ericeira tem, ao longo da sua existência, A Reserva Mundial de Surf da Ericeira integra-se no
sabido adaptar-se às exigências e necessidades Concelho de Mafra, estendendo-se entre as praias
dos tempos. De um porto pesqueiro e comercial, da Empa e de São Lourenço, numa faixa costeira
localizado numa costa pouco favorável do ponto que concentra sete ondas de classe mundial num
de vista morfológico, a Ericeira possui uma história espaço de apenas quatro quilómetros: Pedra
rica e com uma importância económica de relevo Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave, Crazy Left, Coxos
(especialmente no século XIX). No final do século e São Lourenço.
XX o fenómeno do Surf ganha força com algumas O Surf é um dos grandes responsáveis pelo
etapas do ASP World Tour a passarem por Ribeira o desenvolvimento turístico da Ericeira. A vila
d’Ilhas. transformou-se por completo nos últimos 15
A Ericeira tornou-se Reserva Mundial de Surf a 14 anos! As escolas de surf, os alojamentos locais, os
de outubro de 2011, sendo a segunda Reserva restaurantes e o comércio, em geral, cresceram de
distinguida a nível global, e a primeira a ser uma forma nunca vista terminando, de vez, com
distinguida na Europa. a sazonalidade da região. A Ericeira é atualmente
Os critérios que conduziram ao seu reconhecimento uma vila cosmopolita e, nas suas ruas, os idiomas
oficial foram a qualidade e a consistência das estrangeiros são uma constante. Esta nova realidade
ondas, a importância histórica e cultural do surf trouxe à região uma grande pressão imobiliária
local, a riqueza e a sensibilidade ambiental da área e novos desafios ao poder local no sentido de
e, ainda, a forte mobilização da comunidade. conseguir um equilíbrio social e económico.

Largo de Santa Marta

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Destino: Concelho de Mafra

Discoteca Ouriço

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Praia do Sul

Festas da Nossa Senhora da Boa Viagem Igreja de Santa Marta

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Destino: Concelho de Mafra

Igreja de Santa Marta

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A Ericeira não é somente desporto. O seu honra o seu passado.
património religioso edificado é também um fator O que mais gosto de fazer quando visito a Ericeira
de atratividade e numa vila relativamente pequena é deambular pelas suas ruas estreitas, com a minha
temos, entre igrejas e capelas, cinco locais de visita máquina fotográfica, à procura de pormenores
obrigatória no centro histórico. arquitetónicos ou decorativos que conjugados com
Um outro local de visita obrigatória é o porto de uma luz solar especial fazem desta vila um local
pesca. Na Ericeira ainda podemos observar a único!
azáfama do dia à dia de uma comunidade que

Forte de Nossa Senhora da Natividade

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Destino: Concelho de Mafra

CHELEIROS, UMA ALDEIA DE PORTUGAL


Uma aldeia no mundo do vinho
• ALDEIA DE PORTUGAL
• PATRIMÓNIO EDIFICADO
• PRODUÇÃO DE VINHO

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Destino: Concelho de Mafra

Situada num vale e banhada pelo rio Lizandro a


povoação de origem medieval Cheleiros, devido
à sua situação geográfica tem, ao longo dos
séculos, tido diferentes estados de desenvolvimento
e importância. Já foi sede de concelho, já esteve
ligada a Sintra sendo que hoje em dia é conhecida
pelo seu centro histórico, ser a “casa” do produtor de
vinhos Manzwine, fazer parte da Rota do Memorial
do Convento e, mais recentemente, fazer parte da
rede das Aldeias de Portugal.
Nesta edição abordamos Cheleiros através do
percurso urbano Rota do Património e uma visita ao
museu situado na loja da Manzwine.
Cheleiros é uma povoação com grande potencial.
Hoje em dia, caminhar pelas ruas da aldeia,
provoca um misto de tristeza e de esperança. A
tristeza advém do grau de degradação de algumas
das casas, a anarquia dos materiais utilizados e a
falta de identidade da aldeia. A esperança surge
através das obras de recuperação, em curso,
que podemos ver em algumas das casas. Umas

90
mantendo a traça tradicional outras sem qualquer valências deste território, assentes na ruralidade e nas
ligação à arquitetura da região desta forma, tradições, e a sua grande proximidade aos 3 milhões de
perdemos o conceito de centro histórico e a ligação habitantes da Área Metropolitana de Lisboa”.
ao passado de uma aldeia que foi importante. Questionámos também sobre quais os desafios a
Sobre a integração na rede das Aldeias de curto e médio prazo para Cheleiros, “... Identificamos
Portugal, segundo Manuel Ferreira Alves (Presidente dois desafios principais: (I) a reabilitação do espaço
da União de Freguesias Igreja-Nova e Cheleiros), público em Cheleiros, com vista a potenciar as atividades
“...A integração de Cheleiros nesta rede das Aldeias de turísticas locais; (II) a dinamização da economia local
Portugal tem dois eixos representativos: com base na exposição e atratividade proporcionadas
- em primeiro lugar, o devido reconhecimento da pela integração de Cheleiros na rede das Aldeias
história de Cheleiros cuja relevância se tem vindo a de Portugal. Neste ponto, além da alavancagem da
perder ao longo dos anos. Lembro que a primeira autarquia, é importante o desenvolvimento de um
carta foral concedida a esta localidade data do século conjunto de atividades económicas, de índole privado,
XII e que Cheleiros foi sede de concelho durante mais relacionadas com o plano de valorização da Aldeia,
de 600 anos. Só este dado exemplifica bem o que como são exemplo atividades ligadas ao vinho ou
representa Cheleiros para a nossa história. ao pão de Carvalhal, atividades de divulgação do
- em segundo lugar, a oportunidade para desenvolver património natural envolvente do Rio Lizandro ou do
um projeto turístico no eixo Mata Pequena-Cheleiros- Penedo do Lexim, ou atividades dedicadas a valorizar
Carvalhal onde pretendemos recuperar as tradições e divulgar o património arquitetónico e histórico de
e divulgar o património natural, arquitetónico, Cheleiros”.
gastronómico e histórico, aproveitando assim as

91
Destino: Concelho de Mafra

92
“A MANZWINE VEIO COLOCAR A ALDEIA DE CHELEIROS
NO UNIVERSO DOS VINHOS APOSTANDO EM CASTAS
TRADICIONAIS(...)”

Por ironia é através de um estrangeiro e produtor as obras de recuperação, fomos encontrando


de vinhos, André Manz, que podemos conhecer artefactos que por si só iam contando a história
parte da história de Cheleiros. A Manzwine veio daqueles espaços. Desde evidências do Neolítico
colocar a aldeia de Cheleiros no universo dos até às ferramentas do século passado, passando
vinhos apostando em castas tradicionais “...No pelo “Mistério do Lagar”. Fomos criando um local
início dos anos 2000 quando foram encontradas as onde o passado se cruza com a ManzWine e a
primeiras (últimas) cepas da uva Jampal, no meio história se reconta...”.
de uma vinha abandonada, poucos eram os que a Esse local é um pequeno museu, situado por cima
conheciam e menos ainda eram os que sabiam o da loja de vinhos, com uma grande qualidade
seu nome correto. Uma demorada pesquisa levou expositiva e que nos faz viajar no tempo.
à sua identificação, envolvendo especialistas e A partir de Cheleiros podemos também fazer um
entidades especializadas...”. percurso pedestre circular (+/- 8 km) que nos leva a
Mas o projeto Manzwine é mais do que a produção conhecer um pouco mais da região através do vale
de um bom vinho. Segundo os seus responsáveis, “... do Lizandro, as vinhas, Penedo do Lexim e a Aldeia
desde o início do projeto, mesmo quando ainda era da Mata Pequena. Na Primavera e no Outono o
apenas um sonho, sempre tivemos presente que a cenário é fabuloso!
tradição e a história seriam a base de tudo. Durante

93
Destino: Concelho de Mafra

Igreja Paroquial de Cheleiros /


Igreja de Nossa Senhora do
Reclamador
Igreja paroquial rural de primitiva construção
gótica, apresenta vestígios de diferentes
períodos construtivos. Integra-se no conjunto
de edifícios religiosos da denominada região
saloia, caracterizados por exterior de tratamento
arquitetónico austero e por interior organizado
segundo um esquema planimétrico básico, de
que resulta uma planta poligonal, resultado da
articulação escalonada num eixo longitudinal, de
dois corpos retangulares, a nave única e a capela-
mor. Portal gótico, em arco quebrado, em alfiz,
sobre colunas de capitéis decorados e com pia
de água benta esculpida incrustada. Arco triunfal
em arco de asa de cesto preenchido com rosetas.
Abside com abóbada de dois tramos, polinervada,
estrelada, sobre mísulas vegetalistas e com bocetes
vegetalistas e heráldicos. Nos arranques dos feixes
de nervuras centrais da abóbada sobressaem duas
cabeças coroadas esculpidas em baixo-relevo.
Na nave os azulejos de padrão, polícromos, são
aplicados em dois andares com barra intermédia,
acentuando a sua horizontalidade. Pelas suas
pequenas dimensões, Pedro Dias (1986) considera-a
um dos exemplares típicos de igrejas paroquiais da
segunda metade do reinado de D. Manuel I da
região costeira. Fonte: DGPC

94
“IGREJA PAROQUIAL RURAL
DE PRIMITIVA CONSTRUÇÃO
GÓTICA, APRESENTA
VESTÍGIOS DE DIFERENTES
PERÍODOS CONSTRUTIVOS.”

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Destino: Concelho de Mafra

Pelourinho Ponte Antiga

Pelourinho Capela do Espírito Santo / Ermida


Pelourinho quinhentista, sem remate, pelo que não do Espírito Santo
pode ser alvo de classificação tipológica, com Ermida rural de pequena dimensão e feição
soco octogonal de três degraus e fuste octogonal, rústica, construída, provavelmente no séc. 16 e
liso. Marco da arquitetura político-administrativa reconstruida no 18 (pós-terramoto), tendo recebido
e judicial da vila, outrora sede de concelho, uma descuidada intervenção de reconstrução em
apresenta-se com grande simplicidade, restam finais do século 20, que lhe alterou a feição interna.
alguns vestígios da sua forma original, sendo possível Integra-se no conjunto de pequenas capelas
que as esferas que decoram os chanfros da base da denominada região saloia, nomeadamente
constituam uma reminiscência da decoração das Capelas do Espírito Santo, caracterizadas por
manuelina. Fonte: DGPC exterior de tratamento arquitetónico austero, por
um esquema planimétrico interior básico, nave
Ponte antiga única, sacristia e capela-mor. Assim, apresenta uma
Ponte de arco único, de volta perfeita, constituído planta poligonal, resultante da articulação axial de
a partir de silhares bem aparelhados, indiciadores dois retângulos, de dois registos, correspondentes
de uma primeira construção romana, apresenta, aos dois corpos principais, a nave única e a
todavia, um tabuleiro em cavalete, em rampa capela-mor, mais estreita, quase quadrangular, a
ascendente, guardas murárias em aparelho miúdo que se adossam, lateralmente, do lado esquerdo,
rebocado e pavimento, que seria inicialmente em os corpos retangulares da sacristia e de um
pedra aparelhada, hoje de seixo rolado, indicadores pequeno anexo, com porta independente de
de uma construção medieval. Não apresenta nem acesso ao exterior com a mesma orientação do
talha-mares, nem contrafortes. Fonte: DGPC portal principal. Fachadas rebocadas e caiadas

96
Capela do Espírito Santo

a branco, muito sóbrias, percorridas, ou por soco em alguns arcos de portais e fustes de pelourinhos
e cunhais de cantaria, como é o caso, ou por manuelinos da região. Assim, apresenta uma
faixa pintada. Fachadas principal e posterior em estrutura de arco a pleno cento, em cuja moldura
empena triangular encimadas por cruz pétrea, externa se inscrevem três conopiais diminutos com
sendo a principal rasgada axialmente por portal, vértices rematados por florões e uma cruz que
ou manuelino encimado por óculo, ou (como é o ultrapassam o arco, embebidos na parede. O único
caso) de verga reta e moldura de alvenaria simples elemento decorativo antropomórfico é a cabeça
encimado por pequena janela retilínea servida de masculina coroada esculpida na pedra de fecho,
gradeamento. As fachadas laterais são rasgadas por não havendo qualquer justificação iconográfica ou
vãos retilíneos com molduras simples de cantaria e documental para a identificar com o monarca.
rematadas por cornija saliente. Cobertura telhada a Fonte: DGPC
duas águas. Interiormente, apresentam nave única
com cobertura tripartida (normalmente de madeira)
e capela-mor, neste caso também com cobertura
tripartida. Apresenta uma nave única, ostentando,
no lado do Evangelho, um púlpito embutido, com
mísula pétrea e guarda em balaustrada de ferro
forjado, no lado da Epístola, pia de água benta
e caixa de esmolas de madeira. Deste templo
destaca-se o seu arco triunfal, de decoração
manuelina, conjugando um arco pleno com um
polilobado com decoração arquitetónica floral
estilizada (rosetas), bastante semelhante à utilizada

97
Destino: Concelho de Mafra

Jardim do Cerco

MAFRA, PATRIMÓNIO MUNDIAL DA UNESCO


Um local único
• PATRIMÓNIO MUNDIAL DA UNESCO
• ROTA DAS LINHAS DE TORRES
• TAPADA DE MAFRA

98
Basilica de Mafra

Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra

99
Destino: Concelho de Mafra

A vila de Mafra é um local único em Portugal e Cooperativa de Responsabilidade Limitada de


deve-se ao imponente edifício do Palácio Nacional Interesse Público. Trata-se de uma floresta única,
de Mafra, Convento e Basílica mandado construir com grande diversidade de habitats, onde se
pelo rei D. João V. A integração, em 2019, deste Sítio podem observar em liberdade diferentes espécies.
Cultural na lista do Património Mundial da UNESCO Com inventários faunísticos a ultrapassar as 160
é um reconhecimento do valor deste património e espécies só de vertebrados e estando ainda
fez aumentar o interesse na visitação deste espaço. claramente aquém da realidade, esta propriedade
Mafra também faz parte do projeto Rota Histórica continua a carecer de investigação que torne o seu
das Linhas de Torres que visa salvaguardar, recuperar conhecimento mais completo e permita ações de
e valorizar um conjunto significativo de património gestão mais adequadas à preservação das várias
arquitetónico e arqueológico de natureza militar, a espécies aqui existentes. O visitante pode conhecer
Norte da cidade de Lisboa, constituído por ocasião este espaço através de um conjunto de percursos
da 3.ª invasão napoleónica de Portugal (1810) no pedestres e de BTT bem como através de visitas
âmbito da Guerra Peninsular que então se travava. guiadas.
O Centro de Interpretação das Linhas de Torres - CILT Ainda no que diz respeito ao património edificado
Mafra, situado no Complexo Cultural da Quinta da temos a bonita Igreja de Santo André (localizada na
Raposa, é um espaço de visita obrigatória onde denominada “Vila Velha”) que foi erigida durante o
curiosamente é abordada a telegrafia óptica tão reinado de D. Dinis, no século XIV.
importante no séc.XIX e onde se encontram duas Nesta edição iremos abordar a temática dos
réplicas de um telégrafo de ponteiro que podem elementos que compõem o Património da UNESCO
ser manejadas pelos visitantes. nomeadamente, o Palácio, a Basílica e o Jardim do
A Tapada Nacional de Mafra é uma floresta Cerco.
autóctone com 833 hectares gerida por uma

100
Palácio Nacional de Mafra e Convento
As primeiras linhas do Palácio-Convento de Mafra A vida de corte do Magnânimo em Mafra acabou,
surgiram duma promessa do rei D. João V O contudo, por ser reduzida. O rei adoeceu com
Magnânimo (cognome do monarca absolutista), gravidade em 1742 e viria a falecer em 1750,
que jurou erguer o monumento caso obtivesse assistindo-se a uma série de diferentes vivências
sucessão do seu casamento com a rainha D. Maria no monumento ao longo do período monárquico.
Ana de Áustria, o que acabou por se tornar realidade D. Maria I abriu-o às celebrações religiosas. O seu
em 1711, ano do nascimento da princesa Maria sucessor, D. João VI, instalou a corte no Palácio-
Bárbara. Convento entre 1806 e 1807 – ano em que partiu
Projetada pelo alemão Johann Friedrich Ludwig, de para o exílio no Brasil após as Invasões de Napoleão
escola italiana, a construção da obra central do Bonaparte. Em dezembro de 1807, as tropas
reinado de D. João V iniciou-se a 17 de novembro francesas ocuparam o Palácio, sendo alguns meses
de 1717 e por ela passou a mão-de-obra de 52 mil depois substituídas por uma pequena fração do
trabalhadores. A sagração da Basílica deu-se a 22 exército inglês que aqui permaneceu até março de
de outubro de 1730, embora as obras se tenham 1828. Após o conturbado período das Lutas Liberais,
prolongado até meados de 1737, dando lugar a o Palácio de Mafra tornou-se lugar de escape e
um imponente Palácio. Inicialmente esboçado tranquilidade para as famílias reais, de D. Maria II a
como um Convento para apenas 13 frades, o D. Manuel II. Foi mesmo no torreão sul que o último
monumento acabou por se tornar num imenso rei de Portugal passou a sua derradeira noite em
edifício com todas as dependências e pertences solo pátrio, de 4 para 5 de outubro de 1910, antes
necessários à vida quotidiana tanto da corte como de partir para o exílio, aquando da Instauração da
de 300 frades da Ordem de S. Francisco. República.

101
Destino: Concelho de Mafra

Sala do Trono

Ainda durante 1910, em plena emergência do


novo regime, o Palácio-Convento é classificado
como Monumento Nacional, num emblemático
reconhecimento da sua importância histórica. É
uma homenagem e distinção que valoriza todos
os seus espaços conventuais mais significativos: o
Campo Santo e a Enfermaria, para além da Sala
Elíptica ou do Capítulo, a Sala dos Atos Literários
(Exames), a Escadaria e o Refeitório, estes últimos
hoje pertencentes à Escola das Armas.
Acrescentos posteriores vieram enriquecer o
Aposentos do Rei
monumento com obras de arte e a criação
de outras dependências, como foi o caso da
notável biblioteca conventual. O Palácio Nacional
de Mafra possui uma das mais importantes
bibliotecas portuguesas, com um valioso acervo de
aproximadamente 36 mil volumes. Um verdadeiro
repositório de conhecimento e obras-primas.
Para além disso, os dois carrilhões com um total
de 98 sinos constituem o maior conjunto sineiro
do século XVIII, a que se juntam os seis magistrais
órgãos instalados na Basílica e restaurados em
2010. Fonte: C.M.Mafra

102
Basílica de Mafra
A Basílica ocupa a parte central do edifício do O Zimbório foi a primeira cúpula construída em
Palácio Nacional de Mafra, ladeada pelas torres Portugal, com 65 m de altura e 13 m de diâmetro.
sineiras. Foi construída a partir de um desenho de Da Basílica destacam-se ainda seis órgãos, que
Johnn Friedrich Ludwing, ourives de origem alemã foram construídos no tempo de D. João VI e
que, após a sua longa permanência em Itália, a pontualmente restaurados no século XX. Após o seu
concebeu ao estilo barroco italiano. restauro, foram ouvidos pela primeira vez a 15 de
Com um comprimento total de 58,5m e 43m de maio de 2010.
largura máxima no cruzeiro, a Basílica do Palácio De realçar que os retábulos da capela lateral sul,
Nacional de Mafra tem a forma de cruz latina, das seis capelas colaterais, e das duas capelas
construída com pedra da região de Sintra, Pêro do cruzeiro são da autoria de Alessandro Giusti da
Pinheiro e Mafra. Escola de Escultura de Mafra e seus discípulos. A
Na capela-mor encontra-se uma tela de Francesco estatuária da Basílica é a mais significativa coleção
Trevasani, que representa A Virgem, o Menino e de escultura barroca italiana fora de Itália, com 58
Santo António, a que a Basílica é dedicada. estátuas. Fonte: C.M.Mafra

103
Destino: Concelho de Mafra

104
Jardim do Cerco aos “clássicos” fetos em contra-luz, às árvores
imponentes, aos pormenores das estátuas e aos
Espaço verde de recreio mandado construir,
grandes planos das flores. Um desafio!
no século XVIII, por D. João V . Jardim da cerca
Logo à entrada temos um pequeno jardim de buxo
conventual de caracterização estilística barroca,
e, no seu interior temos roseiras e outras espécies
constitui um todo em conjunto com o Convento.
de flores. Destaco uma Ceiba Speciosa à nossa
Terreno limitado por muro maioritariamente
esquerda, esta imponente árvore possui uma flor
florestado, construído para uma comunidade
simples mas de grande beleza.
religiosa e contendo mata e jardim. Caracterização
Avançando pelo relvado central encontramos a
barroca patente na disposição geométrica de
estátua da Fortuna. Chegamos ao grande Lago
canteiros de buxo e lagos ornamentados centram
das Omnias ligeiramente elipsoidal, construído em
o espaço.
pedra calcária, possui uma bica com forma de
O Jardim do Cerco é, desde 2019, Património
cabeça de leão e um jato central, por onde jorram
Mundial da UNESCO.
as águas provenientes da Tapada. No lago, os
nenúfares pontificam. Deste ponto temos a visão
Um cenário variado de uma imponente Araucaria bidwillii já um pouco
É, através da fotografia, que conheço o Jardim debilitada.
do Cerco um cenário muito diversificado onde as Associada a este lago temos a nora centenária que
fotografias macro convivem com as fotografias mais representa uma peça central no sistema hidráulico
arquitetónicas. No que diz respeito à luz, as zonas do Jardim do Cerco. Está sobre o poço mais antigo
abertas da entrada do jardim contrastam com o e associada ao aqueduto e ao Lago das Omnias,
arvoredo denso da mata onde dificilmente a luz permite a circulação e o aproveitamento das águas
penetra. Estes diferentes ambientes proporcionam das 32 nascentes da Tapada. Deverá ser um dos
também diferentes tipos de fotografia que vão elementos mais fotografados do Jardim do Cerco!
dos sempre curiosos reflexos das árvores na água, Dirigimo-nos para Este e entramos numa das

105
Destino: Concelho de Mafra

106
estruturas mais interessantes e complexas deste (Magnolia grandiflora), metrosidero (Metrosideros
jardim, os Parterres. Dispostos em quatro tabuleiros, robusta), nespereira (Eriobotrya japonica), olaia
os 32 Parterres do Jardim do Cerco, parte integrante (Cericis siliquastrum), plátano (Platanus hybrida),
do jardim formal, transformam-se sazonalmente tília-de-folhas-grandes (Tilia platyphylos), tuia (Thuja
conforme a cor e época de floração de plantas orientalis), ulmeiro (Ulmus minor), ao freixo (Fraxinus
anuais utilizadas, conferindo um padrão cromático angustifolia).
e aromático único. No espaço da direita (Sul) temos É na mata que encontramos as restantes três
uma das árvores mais emblemáticas do jardim, estátuas alusivas à mitologia romana: Pomona,
a Metrosideros excelsa e, a compor o cenário, o Flora e Ceres.
aqueduto e a nora. Numa zona de transição temos o Jogo da Bola,
Passados os Parterres entramos na mata atravessada um recinto onde se jogavam os típicos jogos
por estradões, em terra batida, amplos e em formas tradicionais, populares entre o clero e nobreza.
geométricas. A vegetação é deixada o mais natural Originalmente, eram sete, quatro de bola, dois de
possível sendo, as intervenções feitas por uma laranjinha e um de aro.
questão de segurança dos visitantes. As árvores Um pouco mais a oeste e, junto à Nora, temos o
existentes, são inúmeras e de espécies diversificadas Horto dos Frades composto por plantas aromáticas,
que vão do abeto (Picea abies), ameixeira-de-jardim condimentares e medicinais, separadas em
(Prunus cerasifera), árvore-do-incenso (Pittosporum pequenos canteiros. Outrora, estas plantas eram
undulatum), ácer (Acer opalus ssp granatensis), utilizadas, pelos religiosos, para ornamentações,
araucária (Araucaria bidwilii e Araucaria colunmaris), fabrico de elixires e pomadas, como era usual na
azereiro (Prunus lusitanica), bordo-comum época.
(Acer campestre), cameleira (Camelia japonica), A diversidade da flora existente no Jardim do Cerco
castanheiro-da-Índia (Aesculus hippocastanum), atrai um sem número de insetos polinizadores e
cedro-do-buçaco (Cupresus lusitanica), cedro- passeriformes.
de-espanha (Juniperus oxycedros), magnólia

107
Destino: Concelho de Mafra

VINHOS & GASTRONOMIA


Grande diversidade
VINHOS & GASTRONOMIA SÃO UNS DOS PILARES DA ATRATIVIDADE DO CONCELHO DE MAFRA. QUATRO
FORTES PRODUTORES DE VINHO INSTALADOS NA ZONA INTERIOR E A GASTRONOMIA LIGADA AO MAR E
DOÇARIA, NA ZONA LITORAL. SE NO QUE DIZ RESPEITO AOS VINHOS PUBLICAMOS O QUE MAIS DE RELEVANTE
SE FAZ, NO QUE DIZ RESPEITO À GASTRONOMIA A REGIÃO POSSUI UMA GRANDE DIVERSIDADE DE OFERTA
QUE É “IMPOSSÍVEL” DE ABORDAR NUMA REVISTA COM ESTAS CARATERÍSTICAS. POR ISSO FOCÁMOS TRÊS
ELEMENTOS LIGADOS AO MAR.

108
Vinhos apaixonado, tendo inclusive mandado construir um
teatro no seu interior.
Ramilo Wines Em 1969, a Quinta de Sant’Ana viria a ser adquirida
2013. Foi este o ano em que os irmãos Pedro e Nuno
pelo Barão Gustav Von Fustenberg. Perdida logo
Ramilo, desafiados pelo pai, decidiram abraçar
após o 25 de Abril de 1974, voltaria a ser recuperada
também eles uma tradição familiar de 4 gerações.
por aquela família alemã em 1992. Hoje é a sua
Fizeram-no, mas com uma condição: que fosse
filha Ann e o marido James Frost que conduzem
à sua maneira. A partir daquele momento, não
os destinos desta maravilhosa propriedade repleta
seriam apenas mais um produtor, com vinhos bons
de prados, vales, riachos, jardins secretos e das
e iguais aos outros.
afamadas vinhas.
A Quinta do Casal do Ramilo situa-se na aldeia
Na adega é possível provar vinhos de castas
de Alqueidão, entre Sintra e Mafra. Tem uma área
portuguesas que se desenvolvem entre algumas
de 20 hectares que, desde o início do século
variedades internacionais cuidadosamente
XX, foi dedicada à agricultura, cultivo da vinha e
escolhidas. Touriga Nacional, Aragonez, Merlot e
pecuária. Nos últimos anos tem-se dedicado quase
Pinot Noir têm um desempenho muito bom com o
em exclusivo ao cultivo da vinha e à produção de
clima da região, resultando em tintos deliciosamente
vinho, mantendo ainda uma pequena extensão
concentrados, complexos e elegantes.
de pomar. Por ali, já passaram quatro gerações da
família Ramilo. Se é apreciador de vinhos, do branco
ao tinto, há sabores para todos os gostos. Desde o Manzwine
mais fresco e mineral, com acidez refrescante com A Manzwine simboliza o regresso a uma época
final suave, àqueles mais ácidos com finais longos. em que a aldeia de Cheleiros era célebre pela
qualidade das suas vinhas, plantadas em encostas
e socalcos deste microclima singular, cravadas
Adega Cooperativa da Azueira entre a proteção amena da ribeira de Cheleiros e a
Esta adega constitui o lado mais visível de uma terra
influência marítima.
de vocação vinícola, de terrenos férteis e geografia
Jampal é o nome das cerca de 200 cepas de uva
de suave encosta, que tem permitido o cultivo
branca descobertas pelos enólogos envolvidos
da vinha, sobretudo desde o século XVI. A Adega
neste projeto desde 2004, e é esta casta única que
Cooperativa da Azueira é a principal coordenadora
tem projetado a Manzwine, produtora exclusiva com
da atividade vinícola da região de Mafra, figurando
certificação da variedade vinícola em Portugal.
com regularidade no ranking dos 10 maiores
Julia Harding, especialista inglesa e crítica de vinhos
exportadores de vinhos do país.
mundialmente conhecida, elegeu esta monocasta
Jampal (Dona Fátima) como um dos “50 Great
Quinta de Sant’Ana Portuguese Wines”.
Esta propriedade familiar dedica-se sobretudo a três A Manzwine promove ainda cursos de enologia e
atividades: produção de vinhos autênticos e cheios o enoturismo na região. Recentemente abriu um
de caráter; receber hóspedes em típicas casas de espaço de Restauração na antiga Escola Primária
campo; e organização de eventos personalizados de Cheleiros e onde em parceria com Funiculare
para uma clientela internacional. Pizariaonde podemos experimentar os vinhos
Esta quinta centenária foi oferecida pelo rei D. produzidos pela adega e degustar “La Vera Pizza
Luís à atriz Rosa Damasceno, por quem se havia Napoletana”.

109
Destino: Concelho de Mafra

Ouriço do Mar

110
iniciativa da Junta de Freguesia da Ericeira com o
Peixes e Mariscos apoio da Câmara Municipal de Mafra.
A gastronomia ligada ao mar é uma realidade
muito forte na Ericeira e no resto do concelho. A
tradição e a inovação “navegam” juntas e um dos Ouriços-do-mar
expoentes máximos é o Festival do Ouriços-do-Mar Há quem lhe chame o caviar da Ericeira. De facto,
iniciado no ano de 2014. O consultor Nuno Nobre tendo em conta a sua raridade e dificuldade na
com apoio da autarquia de Mafra conseguiu criar apanha, aliadas à explosão de sabor a maresia que
um evento que vai muito para além da gastronomia transmite ao paladar, podemos dizer que estamos
pois consegue convocar cientistas, restaurantes e perante uma iguaria exclusiva e incomparável.
chefes para debater o tema dos Ouriços-do-Mar na Todas as receitas são possíveis de ser confecionadas
atualidade e no futuro. com ouriços-do-mar, de açordas a empadas,
A região também é conhecida pela Raia e pela passando por ouriços-do-mar “à Brás” ou leite-
Caneja. creme de ouriços-do-mar. E ainda os pode provar
na sua forma mais saborosa e surpreendentemente
fresca: ao natural, sem serem cozinhados nem
Raia temperados.
A tradição verifica-se sobretudo nas ruas da zona
norte da vila da Ericeira e reflete hábitos ancestrais
de uma terra dedicada ao mar e a formas de
sustento familiar em épocas de carestia.
A raia seca continua a fazer parte da paisagem
urbana da Ericeira, pendurada nos estendais,
Nuno Nobre
como se de roupa lavada se tratasse. Depois
de amanhada e bem lavada, a raia passa por
salmoura, antes de ser empilhada. Quando o sol
brilha, é colocada à porta de casa para ir secando.
Tal como o bacalhau seco, há 1001 maneiras de
confecionar este peixe. O mais comum é comê-
lo cozido, mas os entendedores não dispensam
uma boa raia alhada ou um pitéu de raia, sendo
em qualquer dos casos um petisco de inegável
qualidade.

Caneja d’Infundice
Na receita de caneja (peixe da família do cação),
segundo os apreciadores, o aroma intenso é
compensado pela qualidade, textura e sabor de
um petisco que deverá ser acompanhado por
vinho tinto a cada garfada para manter a tradição
e ajudar à deglutição. A guarnição é simples:
batata cozida, com pele, cortada ao meio. Não
desistir à primeira é uma regra de ouro para quem
prova esta iguaria. Com o objetivo de garantir a
continuidade da tradição e democratizar o acesso
a este raro petisco, foi criada em 27 de novembro
de 2015 a Confraria da Caneja d’Infundice, sob

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Destino: Concelho de Mafra

Fradinho

Ouriço

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Pão de Mafra
Da paisagem rural do Concelho de Mafra fazem
parte dezenas de moinhos de vento que ilustram o
pão como base da alimentação das populações
num passado ainda recente. Eles são a prova da
vitalidade de uma indústria que não se perdeu,
tendo-se apenas renovado e modernizado.
O Pão de Mafra é um dos tesouros desse mundo
rural português, reconhecido pelo seu sabor
adocicado, miolo macio e crosta pouco rija.
Desde 2012 que o Pão de Mafra é uma marca
registada. O principal objetivo da certificação do
produto foi desde logo o combate às falsificações,
que sempre foram um problema para os produtores.
Quanto à receita, pode-se apenas divulgar que se
trata de um pão com elevada percentagem de
água, composto por farinha de trigo tipo 80, farinha
de centeio tipo 70, sal e levedura. Doçaria Regional Contemporânea
Barril, Carvalhal e Encarnação são as localidades A doçaria na região de Mafra é normalmente de
onde esta atividade tem mais relevância, qualidade mas existem três bolos requintados
produzindo pão para todo o país. que fazem a diferença e que são de degustação
Para promover a marca Pão de Mafra, a Câmara obrigatória: Ouriços da Casa da Fernanda, na
Municipal organiza anualmente o Festival do Pão, Ericeira; Fradinho da Casa Fradinho, em Mafra;
no Jardim do Cerco. Amélias da Casa Sempre Quente, em Mafra.

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Walking Festival Ameixial
Um Festival inovador
Textos: Lobo do Mar
Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves / Viver com Gosto

O Concelho de Loulé possui cerca de 51,3% da


sua superfície classificada como área protegida,
englobando uma grande diversidade de habitats, ricos em
fauna e flora, património geológico e outros recursos.
Ao nível dos Percursos Pedestres a oferta é diversificada
com 19 percursos distribuídos pelo concelho.
É neste ambiente que surgiu e evoluiu o Festival de
Caminhadas do Ameixial que na edição de 2023
comemorou os 10 anos de existência.
Desde o seu início e graças a um conceito inovador, o
Festival tem conseguido impor-se no panorama nacional
de festivais. A interação com a população, a preocupação
com o desenvolvimento da região, a transmissão da cultura
serrana e dos seus valores têm sido os fatores que estão por
detrás deste sucesso.

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Caminhada | Walking Festival Ameixial

Do Lourencinho ao Ameixial
ESTA É UMA DAS CAMINHADAS MAIS BELAS DESTE TERRITÓRIO. UM PERCURSO QUE PERCORRE ANTIGOS CAMINHOS
FLORESTAIS E TRILHOS ESTREITOS, INSERIDOS EM BELOS BOSQUES DE SOBREIRAL E AZINHAL, AO LONGO DE RIBEIRAS,
INCLUINDO O VASCÃO. O ITINERÁRIO INICIA-SE EM AMEIXIAL E TERMINA EM LOURENCINHO (OU VICE-VERSA), A
POVOAÇÃO SITUADA NO EXTREMO NORTE DO CONCELHO DE LOULÉ, OUTRORA PERTENCENTE AO DE ALCOUTIM.
UMA CAMINHADA LINEAR DE DIFICULDADE MÉDIA COM CERCA DE 13 KM DE EXTENSÃO, PLENA DE NATUREZA,
COM PASSAGENS POR UM ANTIGO MOINHO DE ÁGUA E PEQUENOS MONTES ISOLADOS. O TEMPO MÉDIO PARA
PERCORRER ESTA ROTA É DE 4 HORAS E O NOSSO GUIA FOI O CARLOS GLÓRIA DA EMPRESA ZEN TREKK.
Texto: Vasco de Melo Gonçalves | Fotografia: Viver com Gosto

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117
Caminhada | Walking Festival Ameixial

No final do mês de Abril e num dia particularmente a restante paisagem do percurso é marcada pelo
quente fomos fazer o percurso Lourencinho até ao tom castanho/dourado... da seca.
Ameixial. O rio Vascão é o elemento fulcral deste A beleza da paisagem destas terras é solitária.
percurso pedestre por diversas razões, a beleza Durante o nosso trajeto passámos por algumas
que imprime à paisagem, pela a sua importância terras abandonadas e em ruínas e, por outras, com
na função geradora de vida ao seu redor e como meia dúzia de pessoas!
marco de uma atividade económica que, no O abandono das regiões interiores é um problema
passado, fez prosperar a região. sem solução à vista, não sei mesmo se terá solução!
Através de trilhos de pé-posto podemos observar um É interessante observar o efeito/impacto que os
rio sinuoso com recantos de uma grande beleza, os festivais de caminhadas têm nestes territórios.
pequenos açudes e a abundante vegetação das Durante alguns dias as populações locais têm a
suas margens. possibilidade de conviver com alguém que gosta
A falta de água no Alentejo e Algarve é uma da sua terra, falar sobre a sua realidade e melhorar
realidade que nos entra pelos olhos! Em pleno a fraca economia local através de receitas extras
mês de Abril o caudal do Vascão era reduzido e da restauração e do alojamento.

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O rio Vascão
O rio Vascão ou ribeira do Vascão é um rio
português afluente da margem direita do Guadiana
que, em grande parte do seu curso, faz fronteira
entre as províncias do Alentejo e do Algarve. É
o rio português mais longo entre os que não têm
barragens ou outras interrupções artificiais. O rio e
a zona envolvente estão classificados na lista de
zonas húmidas da ‘Convenção de Ramsar’.
O Vascão nasce na Serra do Caldeirão (Cerro do
Zebro, Salir) e percorre 102 quilómetros até chegar
ao rio Guadiana.

119
Caminhada | Walking Festival Ameixial

Enquadramento
Assente em xistos e grauvaques, a bacia do Vascão presentes. O prolongado isolamento levaram à
é habitat para uma grande variedade de espécies, sua especiação, pelo que, entre as 18 espécies
sendo considerada de grande importância a de peixes nativas existentes na bacia hidrográfica
nível da conservação da ictiofauna (peixes), do Guadiana (incluindo a parte espanhola), duas
herpetofauna (anfíbios e répteis), avifauna (aves) e são endémicas desta bacia e 7 são endemismos
mamofauna (mamíferos). ibéricos.
Da bacia hidrográfica do Guadiana, esta é uma As galerias ripícolas do Vascão oferecem locais
das ribeiras em melhor estado de conservação. No de refúgio, alimentação e nidificação, a muitas
inverno, as suas águas correm revoltas, arrastando espécies residentes e migradoras de aves, sendo
lamas e sedimentos, abrindo caminho entre o utilizadas por diversos carnívoros. Sem interrupções
vale, transportando consigo vegetação seca artificiais, o Vascão suporta altas concentrações de
e velha, para, na primavera, rejuvenescer com espécies ameaçadas de peixes de água doce,
águas límpidas e frescas. Com a chegada do como o saramugo (Anaecypris hispanica) e a boga-
tempo quente, a água vai correndo em fio, até se do-guadiana (Pseudochondrostoma willkommii)
reduzir a pegos, onde a ictiofauna (i.e. os peixes) e migradores, como a enguia-europeia (Anguilla
se refugia, resistindo a grandes temperaturas e anguilla) e a lampreia (Petromyzon marinus). O sítio
a baixos teores de oxigénio. Estas condições de ‘Ribeira do Vascão’ foi incluído na lista de zonas
stress são responsáveis pela diversidade de peixes húmidas da ‘Convenção de Ramsar’.

120
Podem ser observadas importantes concentrações
de aves residentes e migratórias como o chapim-
rabilongo (Aegithalos caudatus), o chasco-cinzento
(Oenanthe oenanthe) e o torcicolo (Jynx torquilla).
Entre as rapinas encontram-se o bufo-real (Bubo
bubo), a águia-real (Aquila chrysaetos) e a águia-
de-bonelli (Aquila fasciata). Em termos de flora estão
referenciadas espécies únicas e endémicas como
a Centaurea crocata, a boca-de-lobo (Antirrhinum
majus) entre outras, o que torna este local um
verdadeiro santuário para a vida selvagem.
A presença humana é antiga, como o comprovam
as antas da Pedra do Alagar e de Afonso Vicente e
o povoado árabe do Cerro das Relíquias. Dezenas
de unidades de moagem, hoje em estado de ruína,
comprovam a ocupação recente. Fonte: Natural.pt

121
Walking Festival Ameixial

Visita ao rebanho do pastor Leonel


LEONEL MARTINS PEREIRA CONTA COM MAIS DE 200 CABRAS DE RAÇA DE ORIGEM ALGARVIA. NA ALTURA
DA NOSSA VISITA, COM ALGUMAS CABRINHAS AINDA NA “MATERNIDADE”, O QUE NÃO PERMITIU EFETUAR O
TRADICIONAL PASSEIO COM PASTOR.
Texto e fotografia: Luísa Dias Mendes

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O Pastor Leonel

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Walking Festival Ameixial

É na povoação de Vermelhos, a cerca de 7 km do diária ao seu rebanho e ao longo de 365 dias! Nesta
Ameixial, que o pastor Leonel Martins Pereira tem a sua atividade diária, com caminhadas de cerca
sua exploração. de 10 km, conta com a colaboração dos seus fieis
Leonel é uma personagem curiosa com uma forte cães que estão sempre atentos aos subtis sinais dos
ligação à terra, ao seu rebanho e aos seus cães de seu dono. Cada um cumpre rigorosamente com as
trabalho. Apesar do isolamento que a sua atividade suas funções pois o pastor Leonel é exigente. Face à
obriga, este pastor está muito atento à realidade exigência e o conhecimento que tem dos animais
nacional e tem perfeita consciência como é que foi, por diversas vezes, convidado para treinar cães
as políticas ligadas ao mundo rural deveriam ser de outros donos.
conduzidas. Apesar de algumas mágoas o pastor A tradicional atividade de pastoreio para além da
Leonel é um homem deslumbrado com a beleza importância cultural, social e económica possui
que a Natureza proporciona. Na sua atividade ainda a vantagem de limpar os terrenos de mato
de pastoreio está atento, entre outras coisas, às e, desta forma, funcionar como prevenção aos
nuances de luz que o sol rasante provoca no incêndios. O rebanho do pastor Leonel já integrou o
terreno... projeto “Cabras Sapadoras”.
A vida de pastor não é fácil pois requer uma atenção

124
“Leonel conhece a serra como
poucos e só pode guiar-se com as
referências que estabeleceu durante
as milhares de horas passadas no
campo com as suas cabras, ovelhas
e cães! Conhece as plantas silvestre,
o som dos pássaros, sabe onde está
a toca da raposa e reconhece o rasto
dos javalis. Sabe onde está uma fonte
de água com boa água e onde se
abrigar em caso de tempestade”.

Fonte WFA

125
Walking Festival Ameixial

Segredos botânicos
O NOSSO PERCURSO LIVRE DE CERCA DE 4, 5KM PELO TEVE COMO PONTO DE PARTIDA O AZINHAL DOS
MOUROS (A CERCA DE 2,5 KM DO AMEIXIAL). O MUNDO BOTÂNICO TEM AQUI UMA RIQUEZA E DIVERSIDADE
IMPRESSIONANTES E ESTA VEGETAÇÃO PRÓPRIA DO CLIMA MEDITERRÂNICO É EXEMPLO DISSO MESMO.

Texto e fotografia: Luísa Dias Mendes

126
Com o nosso guia José Luís Margarido seguimos por Junto à água os Freixos são uma constante. Durante
paisagens de Azinheiras, Sobreiros com a Ribeira a caminhada e duma forma muito prática o nosso
do Vascão em proximidade, estranhei um caudal guia foi dando alguns números relativos às famílias
modesto tendo em conta que estávamos no final que estão identificadas na história evolutiva das
de abril, algo que não augura nada de bom. No ano plantas em Portugal englobando cerca de 2300
passado tive oportunidade de fazer, nesta mesma, espécies de plantas.
altura parte da Via Algarviana e o contraste, ao nível Família Asteraceae (Compostas) com cerca de 380
da água e exuberância da paisagem, é enorme. espécies; Família Poaceae (Gramíneas) 300 e a

127
Walking Festival Ameixial

Fabaceae (Leguminosas grande grupo de plantas


dos trevos às ervilhacas) com cerca de 300.
Elaborou um pouco, e à medida que avançávamos,
sobre as capacidades e propriedades das plantas
que têm ao longo dos séculos tido funções
das mais variadas, desde a elaboração de
medicamentos, não podemos esquecer que o
primeiro medicamento como o entendemos hoje
feito em laboratório só aparece no final do séc XIX,
mas os ingredientes são na sua maioria provenientes
de plantas.
Mas também como ferramentas, nomeadamente
a haste floral da abrótea (Asphodelus ramosus), que
deu origem à expressão “Pau de Virar Tripas”, os seus
paus serviam nas atividades de todos os dias.
Aromáticas muito representadas, as plantas
Melíferas com flores que produzem néctar como
parte de sua estratégia reprodutiva. Essas plantas
atraem insetos polinizadores e às vezes outros
animais, como pássaros. São muito importantes
para a apicultura, bem como na agricultura e
horticultura.

O guia José Luís Margarido

128
“Andámos a desvendar segredos E ao longo do passeio
das plantas que crescem junto à
Ribeira do Vascão…e também a os rouxinóis foram-nos
procurar orquídeas, a provar pútegas, acompanhando sem
a cheirar tomilhos, orégãos, poejos,
rosmaninhos, murtas…” JLM pararem.

Umbeliferas

Erva Prata

Linho

129
Walking Festival Ameixial

Aqui também o (Arbutus Unedo) marca presença no Alentejo, por exemplo, chegaram a introduzir
ou não estivéssemos numa zona em que a estas plantas em Festivais ligados à Gastronomia
aguardente de medronho é produzida. da região.
Encontramos (Echium plantagineum) e os Junto à água Erva Prata Aronychia argentea forma
Saramagos nome popular dado a uma das tapetes vastos de grande beleza. Também
Crucíferas (com flores em forma de cruz) muitos encontramos no nosso passeio o Trevo estrelado
comuns entre nós, abundante nas bermas de Tripoluim stellatum.
caminhos, nas hortas, terrenos baldios ou no meio Fomos tendo também a indicação das plantas que
das searas. As Estevas ou Cestáceas abundam. são tóxicas nomeadamente o loendro, trovisco, as
Existem quatro espécies diferentes e a suas flores bagas da norça-preta e da briónia, da figueira-do-
só duram um dia estão cheias e pólen de manhã inferno... algumas fazem bordaduras muito belas
atraindo os inúmeros polinizadores. mas para as quais temos que estar atentos.
Encontramos também os Catacuzes (Rumex crispus O conhecimento, em geral, sobre a Botânica é
L.) são uma espécie de espinafres bravos, também vastíssimo e são gratificantes os momentos em que
conhecidos como labaças ou alabaças. No Alvito podemos aprofundar um pouco mais.

Trevo Estrelado

Tuberia guttata

Esteva Cistus Ladanifer

130
Tomilho ou Erva Ursa

131
Walking Festival Ameixial

O Ameixial visto por Luís Palma


Durante o Festival de Caminhadas tivemos a em 2020, que pretende caracterizar a história, a
oportunidade de ficar a conhecer um pouco mais geografia, o património, os costumes e tradições
sobre a aldeia do Ameixial graças a Luís António desta freguesia do extremo norte do concelho de
Fernandes da Palma. Natural do Ameixial, onde Loulé.
nasceu em 1954, e onde ainda mantém bens de Segundo o autor, “Propus-me fazer este trabalho,
família, reside atualmente em Loulé. coligindo uma pequena memória descritiva em
A base da palestra e da caminhada foi o seu homenagem à freguesia que me viu nascer e
recente livro “Ameixial-Loulé – monografia breve crescer, e às suas gentes, que me conhecem
de uma freguesia na Serra do Caldeirão”, editado desde sempre, e que muito admiro”.

Igreja Matriz de Santo António

“Ameixial-Loulé – monografia breve de


uma freguesia na Serra do Caldeirão”
pode ser lido ou descarregado em:

132
Grupo com Luís Palma

133
Walking Festival Ameixial

Caminhada com aplicações


para smartphone
Pedro Matos foi o nosso guia numa caminhada das próprias aplicações ou escolhidas por nós.
circular ao redor do Ameixial em que o principal Nesta experiência de navegação e num percurso
objetivo era testar e praticar a navegação com de 11 km que foi percorrido em cerca de 04h 30m
aplicações para telemóveis. Descarregadas as fiquei bem impressionado com estes aplicativos
aplicações e depois de uma apresentação das mas em breve irei aprofundar um pouco mais para
potencialidades das duas aplicações que achou ter uma noção mais exata do seu potencial.
mais interessantes para esta experiência – Mapy e A utilização de aplicações em atividades de ar livre
Outdooractive – elaborámos um trajeto com base não é consensual por diferentes ordens de fatores.
na análise dos mapas e iniciámos a caminhada. Com em tudo temos vantagens e desvantagens
Durante o nosso trajeto e em função da orografia mas cabe a cada um tomar a decisão que mais
e do tempo que tínhamos para esta saída fomos lhe convém.
alterando o nosso trajeto inicial seguindo indicações

134
135
Walking Festival Ameixial

Vantagens
Navegação precisa: As aplicações de navegação ajudar-nos a acompanhar o nosso progresso/
outdoor utilizam tecnologia GPS avançada para desenvolvimento, definir metas, monitorizar o
fornecer informações precisas sobre a localização desempenho e compartilhar as realizações com
do utilizador. Isso permite que nos situemos com outras pessoas.
facilidade nos trilhos, montanhas, florestas e outros
ambientes externos. Recursos de segurança: Algumas aplicações de
navegação outdoor incluem recursos de segurança,
Mapas offline: Muitas aplicações de navegação como alertas de condições meteorológicas
outdoor permitem descarregar mapas para uso adversas, rastreamento em tempo real para
offline. Isso é especialmente útil em áreas remotas compartilhar as nossas localizações com amigos ou
ou onde o sinal de internet é fraco. Podemos familiares, e recursos de emergência para solicitar
descarregar os mapas antecipadamente e aceder ajuda em caso de problemas ou acidentes.
aos mesmos sem conexão com a internet.
Personalização: As aplicações de navegação
Informações do trilho e rota: As aplicações outdoor geralmente oferecem recursos
de navegação outdoor geralmente fornecem personalizáveis, permitindo que ajustemos as
informações detalhadas sobre trilhos e rotas configurações de acordo com as preferências.
populares. Desta forma podemos descobrir Podemos personalizar os tipos de mapas exibidos,
novos trilhos, ver informações sobre elevação, as unidades de medida, as notificações e outras
dificuldade, distância e até mesmo ler avaliações opções face às necessidades específicas.
de outros utilizadores. Isso facilita o planeamento de
atividades ao ar livre e permite a escolha de rotas Comunidade e compartilhar: Muitas aplicações de
adequadas ao nosso nível físico. navegação outdoor possuem recursos sociais, onde
nos podemos conectar com outros utilizadores,
Registo de atividades: Muitas aplicações de compartilhar aventuras, trocar experiências, receber
navegação outdoor permitem o registo das recomendações e até mesmo participar em
nossas atividades ao ar livre, como caminhadas, desafios e competições.
corridas, ciclismo, escalada, entre outras. Isso pode

136
Desvantagens
Dependência de tecnologia: Ao utilizar uma Atualizações frequentes: Esta aplicações de
aplicação de navegação outdoor, estamos navegação outdoor geralmente requerem
dependentes de dispositivos eletrónicos, como atualizações regulares para melhorias de
smartphones, tablets ou GPS. Se esses dispositivos desempenho, correção de bugs e adição de
ficarem sem bateria, perderem o sinal de GPS ou novos recursos. Essas atualizações podem consumir
sofrerem algum dano ou avaria, ficamos sem uma tempo e espaço de armazenamento nos nossos
ferramenta confiável de navegação. dispositivo, além de exigir uma conexão com a
internet.
Conexão com a internet: Alguns recursos das
aplicações de navegação outdoor como, Falta de sinal GPS: Em algumas áreas,
descarregar mapas atualizados, verificar especialmente em locais remotos ou com terreno
informações de trilhos em tempo real ou aceder denso, o sinal de GPS pode ser fraco ou inexistente.
a recursos sociais, requerem uma conexão com Isso pode dificultar a precisão da navegação e
a internet. Em áreas remotas com sinal fraco tornar a aplicação menos confiável.
ou inexistente, esses recursos podem não estar
disponíveis. Limitações da bateria: O uso constante da
aplicação de navegação outdoor pode consumir
Falhas técnicas: Assim como em qualquer rapidamente as baterias dos dispositivos. Isso pode
aplicação, as de navegação outdoor podem ter ser um problema em atividades de longa duração,
falhas técnicas. Isso pode incluir erros de localização, onde temos que economizar a bateria para
informações de trilhos imprecisas, bloqueios da emergências ou outras necessidades.
aplicação ou problemas de conectividade. Essas
falhas podem afetar o rigor e a precisão das
informações fornecidas.

137
Walking Festival Ameixial

É importante considerar essas


desvantagens e tomar precauções
adequadas ao utilizar uma aplicação
de navegação outdoor. É recomendável
ter um plano de backup, como mapas
impressos e uma bússola, para situações
em que a aplicação possa falhar ou não
ser viável a sua utilização.

As aplicações utilizadas:
Mapy

Outdooractive

138
10 Anos com um balanço positivo
A EDIÇÃO DE 2023 DO WALKING FESTIVAL DO AMEIXIAL É UM MARCO NA REGIÃO POIS SÃO 10 ANOS DE UM
CONTACTO PERMANENTE COM UMA REALIDADE EM PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO.

Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

Pedro Guerreiro e João Ministro

A povoação do Ameixial muito deve ao Festival pela suas tradições e, em conjunto, tentarem criar um
dinâmica social e económica que este imprimiu e futuro digno e coerente. É esta simbiose que o
pela valorização que fez de um território flagelado visitante valoriza e o impele a voltar pois sabe, que
pela desertificação. Contudo se não fosse a riqueza todos os anos vai encontrar novas atividades que
cultural e humana da aldeia do Ameixial o sucesso complementam um núcleo estratégico.
do festival não teria a dimensão que atualmente Nesta caminhada de 10 anos tem sido interessante
tem! observar que a organização não se fecha em si
No meu entender, que acompanho esta iniciativa própria, antes pelo contrário, convida e estabelece
desde o seu início, a organização teve visão e uma parcerias com empresas de Animação Turística da
estratégia certa ao aproximar-se das populações, região no sentido de virem ao festival mostrar os seus
escutar os seus anseios, conhecer e respeitar as serviços e serem guias nos percursos do programa

139
Walking Festival Ameixial

do festival. Também tem este tipo de atitude com um evento, mas ter um festival que respondesse
escritores, artesãos, animadores e académicos, por também a algumas das necessidades sentidas pela
exemplo. população. O ideal é que as atividades ocorressem
durante o resto do ano e não se limitassem ao que

Tornar este um território nós promovemos durante estes três dias de festival.
Balanço positivo, diria eu, mas como somos dois
mais sustentável e mais insatisfeitos, estamos sempre a achar que é pouco,
apelativo ou que queremos mais, mas é bom”.
João Ministro acrescenta, “...eu diria mesmo que os
Conversámos com o João Ministro e o Pedro Barros, resultados são claramente positivos. Gostaríamos
que estão na génese do Festival de Caminhadas de ter atingido mais alguns objetivos nestes 10
do Ameixial. anos, mas eu diria que sim, claramente os objetivos
Para Pedro Barros, “...O balanço, eu diria que é são positivos. Conseguiu-se posicionar o nome
positivo. No geral, é positivo. Começou com uma e identidades do Ameixial e associar o Festival à
ideia do João de juntarmos dois projetos que Escrita do Sudoeste, bem como todo o património
estavam em execução, demos-lhe uma identidade desta região no mapa nacional e até internacional.
e acho que temos vindo, na última década, ou nas Eu diria que o Ameixial hoje é mais conhecido
últimas dez edições, a contribuir para construir algo, do que era há 10 anos atrás e sobretudo num
equipamentos e soluções, que vão ao encontro segmento de população que valoriza todo este
das preocupações e ao encontro das pessoas tipo de recursos que para nós são muito especiais.
desta terra. Foi sempre um pressuposto não ter Portanto, desse ponto de vista, acho que os

140
Exposição de fotografia alusiva aos 10 anos do Festival

resultados foram claramente positivos. Conseguiu-


se também, como o Pedro referiu, produzir aqui
uma esperança económica e social num território
altamente frágil e sujeito a pressões de demografia
e de desertificação e, portanto, o festival trouxe aqui
um fluxo de ar fresco, uma perspetiva de algum
futuro, sabendo que, obviamente, há ainda muito
por fazer. E esse talvez seja o nosso grande desafio
no futuro, é encontrar novas formas de continuar a
fazer este Festival interessante, apelativo e que vá
ainda ao encontro daquilo que são as grandes
metas que nós definimos, que é de facto tornar
este um território mais sustentável, mais apelativo,
para quem gosta de facto de um outro Algarve e
sobretudo de valorizar e preservar aquilo que são os
recursos únicos deste território.
Portanto, eu diria que esses sempre foram e
vão continuar a ser os objetivos do Festival e são
também os nossos desafios de ir para a frente para
continuar a fazer a produção dos mesmos”.
João Ministro

141
Walking Festival Ameixial

1 .ª edição do Festival

142
DESTINO:
Moura | Alqueva
Um local de
encanto!
Textos: Lobo do Mar
Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves e AlentejoBreak

F oi durante a Nauticampo 2023 que conheci o projeto


AlentejoBreak, na apresentação da Estação Náutica de
Moura e, as suas valências coincidiam plenamente com
as ideias da revista Passear que é o de misturar o Turismo
de Natureza com a Cultura e a Gastronomia. Logo ali ficou
assente, com o Francisco e a Margarida, que iríamos fazer
um trabalho em conjunto! Passados um pouco mais de um
mês estávamos no Alentejo a navegar no grande Lago do
Alqueva, a descobrir a bela cidade de Moura e as suas
gentes e a apreciar a gastronomia local.
Foram três dias excelentes com a AlentejoBreak, que possui
uma oferta diversificada de serviços que vai do alojamento
aos passeios personalizados de barco a motor, ou em
kayak passando por uma caminhada cultural em Moura,
ou num passeio noturno com piquenique para observar um
céu único!

144
Destino: Moura | Alqueva

Canoagem no Alqueva e Caminhada


EM SINTONIA COM A NATUREZA

O Grande Lago do Alqueva criou um excelente A empresa possui um conjunto de propostas


cenário para a prática dos desportos náuticos e das tipificadas mas está sempre aberta aos desafios
caminhadas. lançados pelos clientes.
Na nossa experiência com a AlentejoBreak Na “Caminhando com as estrelas”, que começa
experimentámos a canoagem, ao final do dia uma hora antes do por do sol, temos um percurso
e, a caminhada noturna com a observação do fácil de sensivelmente 5 km e com uma duração
magnífico céu alentejano e a degustação de um de 2h 50 m e inclui picnic com produtos regionais
picnic com um forte cariz regional. São momentos alentejanos.
que têm de ser vividos pois, as fotografias não Na “Canoagem noturna no Lago Alqueva”, um
conseguem transmitir as sensações que temos ao passeio em kayak duplo, a duração é de 3 horas
navegar nas águas calmas, descobrir as inúmeras e faz parte das atividades da Reserva Alqueva Dark
ilhas, observar as aves ou simplesmente olhar para Sky.
o céu. Um conceito slow-travel. Existe também um programa simples de canoagem

146
no Lago Alqueva, com uma duração de duas horas
e, que inclui monitor, lugar em caiaque bi-lugar ou
individual, pagaia e colete.
A prática de Stand Up Paddle está muito na moda.
A AlentejoBreak possui dois programas de uma
ou duas horas. O primeiro programa está ligado
à formação através de aulas com a duração de
1 hora, onde as pessoas têm a oportunidade de
aprender todas as manobras de iniciação à prática
do stand up paddle. O segundo programa inclui
aula de 1 hora + tour de 1 hora (descoberta do
maior lago artificial da Europa).

147
Destino: Moura | Alqueva

148
149
Destino: Moura | Alqueva

Igreja Matriz de São João Baptista

150
Passeio cultural em Moura
UMA CIDADE COM ALMA

“Nunca tinha estado em Moura e foi uma surpresa, restaurados sempre com o cuidado de manter a
uma cidade em pleno Alentejo situada na raia com traça, algo que infelizmente se vê muito pouco.
Espanha e a Barragem do Alqueva mesmo ali. Tem dinamismo e tem famílias e muitas crianças. O
Surpreende pela oferta cultural e histórica que trabalho que existe é na Autarquia, na Santa Casa
apresenta e pela riqueza do seu olival (ainda da Misericórdia e na agricultura se houver vontade
expansivo à volta da cidade), não é a toa que de trabalhar.
Moura é considerada a “Terra Mãe do Azeite do Moura possui muitos locais de interesse cultural que
Alentejo”. não devemos perder e por isso mesmo três dias
Moura está de Parabéns pela forma como não é demais. Quando ficamos algum tempo a
conseguiu preservar a identidade no seu património nossa familiaridade com os sítios e as suas gentes
edificado e é a prova de que, quem gere e vê mais também aumenta e é muito gratificante”.
além, deixa um legado para o futuro. Desde há Luísa Mendes Gonçalves
20 anos para cá muitos espaços continuam a ser

151
Destino: Moura | Alqueva

Coreto do Jardim

Fonte das Três Bicas

152
Torre do Relógio

Neste nosso Passeio Cultural em Moura damos mais tratamento português” que inclui relevos de
destaque ao Azeite (importância económica), ao folhagens boleados, colunas torsas e espiraladas,
Castelo (edificado) e à Joalharia (o inesperado). enquadrando ao centro o escudo de Portugal
Mas na nossa curta passagem pela cidade de ladeado por duas esferas armilares, emblemas
Moura não poderíamos deixar de falar da existência de D. Manuel. Esta igreja está Classificada como
de duas nascentes de água permanente no interior Monumento Nacional desde 13 de junho de 1932.
do castelo, que ainda hoje abastecem duas fontes Por fim, a Mouraria de Moura um conjunto
(Três Bicas e Santa Comba), permitiu que surgissem, classificado constituído por três ruas, um largo
na transição do século XIX para o século XX, uma e uma travessa. Remonta ao século XIII, altura
unidade termal (Termas) e a Fábrica da “Água em que, nesta zona, no exterior das muralhas, se
Castello”, unidade fabril que se manteve no espaço começou a construir um bairro destinado a albergar
do Castelo até ao final da década de 30. a população muçulmana, entretanto expulsa do
Da Igreja de São João Baptista mandada edificar castelo de Moura.
por D. Manuel I, em 1502, no estilo manuelino, É uma das zonas mais populares e acolhedoras da
destacamos a sua fachada onde encontramos cidade e foi classificada como Imóvel de Interesse
o portal principal que “apresenta uma feição Público a 30 de novembro de 1993.
do tardo-gótico internacional, embora com

153
Destino: Moura | Alqueva

Azeite
MOURA TEM UMA FORTE LIGAÇÃO À PRODUÇÃO DE AZEITE. NESTA NOSSA ESTADA TIVEMOS
A OPORTUNIDADE DE VISITAR TRÊS LOCAIS ESSENCIAIS PARA COMPREENDER A REALIDADE
DA REGIÃO: LAGAR DE VARAS DO FOJO, JARDIM DAS OLIVEIRAS E O CEPAAL.

O CEPAAL (Centro de Estudo e Promoção do Azeite cordovil e a verdeal de Serpa ou Moura, a galega
do Alentejo) fica situado na Praça Gago Coutinho, grado de Serpa, a galega vulgar e a verdeal
junto ao Jardim dos Mal Encarados, Hotel de Moura galega.
e igreja de Santo António, possui uma exposição Basta atravessar a rua e temos o espaço
interessante dos diversos azeites produzidos em museológico Lagar de Varas do Fojo. Classificado
Portugal e uma exposição etnográfica ligado à como Imóvel de Interesse Público a 3 de janeiro de
produção de azeite no Alentejo. 1986. O Lagar de Varas do Fojo é um testemunho
Nas suas traseiras temos o bonito e bem cuidado fiel do fabrico de azeite sem recurso a máquinas,
Jardim das Oliveiras. Com 1 600 m² e situado na mantendo toda a tradicionalidade, sendo que a
horta do edifício do antigo Grémio da Lavoura, única mola propulsora era a força animal. O edifício,
estão plantadas as variedades de oliveira mais de 1810, conserva ainda a maquinaria original, que
tradicionais e representativas do Alentejo, como a evoluiu do sistema de produção do azeite romano.

154
Jardim das Oliveiras

Lagar de Varas do Fojo

155
Destino: Moura | Alqueva

Castelo
Atualmente o espaço do Castelo é um dos pontos constituído por castelo medieval e fortificação
mais concorridos de Moura. O Castelo ergue-se na moderna, do tipo abaluartado. Castelo implantado
parte mais elevada da vila, do lado NE., sobre um em zona elevada, composto por alcáçova e
monte em forma de esporão, com 184 m de altura, barbacã, nalguns pontos com adarve, torres
erguendo-se da confluência de dois afluentes do de reforço circulares e quadrangulares, torre de
rio Ardila, as ribeiras de Brenhas e de Lavandeira. menagem retangular no muro que separa a
Dentro da barbacã situa-se o convento dominicano alcáçova da barbacã; chanfro das portas e capitéis
(em ruínas), próximo da entrada da Alcáçova, da torre de menagem característicos do gótico
para a qual a igreja volta a fachada principal. É tardio; a alcáçova era inicialmente defendida
neste espaço cheio de história que se encontra o por um forte dispositivo: circundada em todo o
moderno posto de turismo, na Torre de Menagem seu perímetro por uma barbacã através da qual
podemos visitar o núcleo de armaria (grande se abriam as suas 2 portas, uma junto à torre de
qualidade expositiva) e ainda podemos ver vestígios menagem, que ainda existe, a porta da Alcáçova,
e a exposição ligada à famosa Água do Castello. a outra já desaparecida, junto ao muro exterior, a
S., defendida por 3 portas sucessivas, através de um
CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA caminho em ziguezague, a porta secreta.
Arquitetura militar medieval e arquitetura religiosa, Fonte: DGPC
gótica, maneirista e revivalista. Sistema fortificado

156
Apesar de haver vestígios de assentamentos mais sobranceiro ao edifício da Biblioteca Municipal,
antigos nos arredores da cidade, apenas na primeira e uma torre, também em taipa, mas bastante
metade do século IV a.C. é que se estabelece um arruinada, na vertente Norte.
povoado na colina do Castelo. Desde então, até Entre o final do século XIII e o século XV têm lugar
à década de 40 do século XX, praticamente não diversas intervenções no castelo, a mais significativa
há interrupções na ocupação humana no Castelo das quais terá sido a construção do pano de
de Moura. muralha da alcáçova e da torre de menagem, na
A primeira indicação sobre o nome antigo de segunda metade do século XIV, durante o reinado
Moura, Lacant, data do período visigótico, mas é de D. João I.
apenas a partir da conquista islâmica da Península, Do início do século XVI data a construção das torres
no século VIII, que surgem as primeiras referências de Salúquia e do Relógio, bem como do Convento
à cidade nos textos de cronistas e geógrafos. No de Nossa Senhora da Assunção.
século XII, mais concretamente em 1166, Moura No século XIX, a maior parte das estruturas
cai pela primeira vez em mãos cristãs. No entanto, defensivas são demolidas, com o objetivo de extrair
o califa almóada Al-Mansor, em 1190 ou 1191, salitre para o fabrico de pólvora.
volta a reconquistar a cidade e manda construir O Castelo de Moura foi classificado como Imóvel
ou reconstruir o seu sistema defensivo. Com esta de Interesse Público a 27 de março de 1944.
cronologia subsiste o grande torreão em taipa,

157
Destino: Moura | Alqueva

NÚCLEO DE ARMARIA DA
TORRE DE MENAGEM
Não se conhece a data precisa de construção da
torre de menagem do Castelo de Moura, julga-se
que poderá ser obra de finais do século XIV/ inícios
do século XV. Este sítio, à vista de todos, permaneceu
desconhecido dos mourenses até 2012, quando
abriu ao público a sala dotada de um sistema de
iluminação que valoriza a sua arquitetura, com
particular destaque para a magnífica abóbada.

TORRE DO RELÓGIO
A Torre do Relógio compreende duas obras distintas:
a base, de inícios do século XVI e a parte superior,
de finais do século XIX/ inícios do século XX. Foi
recuperada em abril de 2013.

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Joalharia
Museu de Joalharia Contemporânea Alberto Gordillo
é um lugar de visita obrigatória pela qualidade
das peças e pela forma como são expostas. Um
museu de pequenas dimensões mas com um forte
impacto sobre o visitante.
Instalado no antigo quartel dos bombeiros, que
aí funcionou até meados dos anos 80 do século
XX, o Museu de Joalharia Contemporânea Alberto
Gordillo alberga um considerável número de peças
deste joalheiro e artista plástico nascido em Moura.

159
Destino: Moura | Alqueva

Alojamento
Holidays House da AlentejoBreak, insere-se nos
campos de olival que circundam a cidade de
Moura. Trata-se de uma moradia implementada
numa zona tranquila de olival, a 1,5 km de Moura.
É uma casa com uma traça típica alentejana,
com uma vista 360° que é alugada a uma família
ou a um grupo de amigos. Possui 4 quartos (com
ar condicionado), 3 WC, cozinha (equipada com
frigorífico, micro-ondas, forno elétrico, máquina de
lavar louça e roupa, torradeira, máquina de café
e fogão) e sala de refeições, salão, sala de estar
e sala de leitura. Com amplos espaços exteriores,
confortáveis e relaxantes, também possui uma
piscina com 16m x 8m e uma zona de churrasco.

160
À conversa sobre o projeto AlentejoBreak
Margarida Gama Francisco Guerreiro

ENCONTRAR NOVOS MERCADOS...


O lema da AlentejoBreak é fazer de cada visitante Atualmente o cliente é maioritariamente nacional
um fã do Alentejo. De uma forma animada propõe mas, começam a ganhar relevo os clientes
estadias numa casa de campo (break Holidays oriundos da Europa Central, Brasil e Estados Unidos
House), num local calmo, ideal para famílias, com da América. A promoção da empresa tem sido
uma enorme piscina para contrariar os dias quentes feita através das redes sociais e site (com a
de Verão. Oferece atividades que permitem possibilidade de reserva), complementada com a
conhecer o Alentejo, salientando a diversão, o presença direta ou através de parceiros em feiras
convívio, os bons momentos (SUP, canoagem, especializadas.
passeios de barco, passeios a pé, passeio de A integração na estrutura da Estação Náutica
bicicleta, passeios de balão de ar quente, de Moura e a construção da nova infra-estrutura
observação do céu noturno). Dá a conhecer a no Alqueva permitirão melhorar a sua oferta no
identidade alentejana, visitando locais autênticos segmento da náutica de recreio.
onde a cultura, o património, os produtos regionais Quando questionados pelos grandes desafios
e a beleza natural sejam valorizados. que se colocam num futuro breve, Francisco
Francisco e a Margarida são os rostos da empresa revela que é: “...chegar aos mercados externos
que, ao longo dos anos, têm vindo a estruturar e mais interessantes e manter os atuais clientes”. Está
a consolidar a sua oferta na área da animação convencido que tem uma oferta de qualidade e
turística. A criação de uma agência de viagens é para atingir esses objetivos tem, como uma das
o próximo projeto e tem como finalidade criar uma estratégias, estabelecer parcerias com operadores
oferta mais abrangente para o cliente. que já trabalham os mercados internacionais.

161
Destino: Moura | Alqueva

Gastronomia
A oferta gastronómica é muito rica e tivemos o
privilégio de degustar uma refeição no Andre´s
Restaurante, espaço recentemente remodelado.
O André é um criativo e gosta de experimentar
coisas novas, depois das entradas especiais o ex-
libris é mesmo a Costeleta de Vaca Mertolenga
“Tomahawk”, as migas com coentros, a batata
frita caseira, tomate cereja e frutas e ainda um
acompanhamento especial de couve branca e
roxa.
O vinho da Herdade dos Coteis foi recomendado
e muito bem.

Informações Úteis
AlentejoBreak Casa dos Poços
Monte dos Torrejais, Moura De terça-feira a domingo
GPS: N38° 8´25.50”W 7° 28´27.35” das 9:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30
Telefone: 965 560 613 Visita condicionada ao acompanhamento do
Email: info@alentejobreak.com trabalhador do Museu de Joalharia Contemporânea
Alberto Gordillo.
Coordenadas GPS:
Núcleos Museológicos de Moura Latitude 38.143354| Longitude -7.452145
Museu de Joalharia Contemporânea
Alberto Gordillo, Rua da Vista Alegre Exposição Moura Arqueológica
Terça-feira a domingo Patente no antigo Matadouro Municipal.
09:00 | 12:30 – 14:00 | 17:30 De terça-feira a domingo | das 9:00 às 12:30 e das
14:00 às 17:30
Museu de Arte Sacra Coordenadas GPS: Latitude 38.141549| Longitude
Rua da República,19 -7.453509
Terça-feira a domingo
09:00 | 12:30 – 14:00 | 17:30 Andre’s Restaurante SteakHouse
Praça Gago Coutinho 6A, Moura
Lagar de Varas do Fojo Fecha à 3ª e 4ª feira
Rua S. João de Deus,20 +351 966 372 119 / mlvcaeiro@gmail.com
Terça-feira a domingo
09:00 | 12:30 – 14:00 | 17:30

Núcleo de Armaria da Torre de Menagem do


Castelo de Moura
Todos os dias
das 9:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30.
A visita deve ser solicitada no Edifício de Receção
ao Turista, no Castelo de Moura.

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