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DIÁLOGO MAÇÔNICO – Nº 063

POSSE DO GRÃO-MESTRE

No nosso DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 0591 falamos das eleições no Grande


Oriente do Brasil (GOB), pois este ano de 2023, assim como foi em 2003 e
será em 2043, é um ano atípico pois ocorrem ao mesmo tempo as eleições
para os cargos de Grão-Mestre Geral e Grão-Mestre Geral Adjunto do GOB e
para os cargos de Grão-Mestres e Grão-Mestres Adjuntos das Obediências
Estaduais e do Distrito Federal, estas federadas ao GOB, pelo fato de o
mandato de Grão-Mestre Geral e Grão-Mestre Geral Adjunto ser de 5 (cinco)
anos e os mandatos de Grão-Mestres e Grão-Mestres Adjuntos Estaduais e do
Distrital serem de 4 (quatro) anos. Assim, a cada 20 (vinte) anos todas as
eleições coincidem, sendo o caso deste ano de 2023.

A primeira questão que se apresenta tanto para Maçons de outras Potências,


quanto para Maçons neófitos e não Maçons (profanos), é quando ocorre a
posse de um Maçom que foi eleito Grão-Mestre.

Como dissemos em muitos dos nossos DIÁLOGOS MAÇÔNICOS, nossa


referência é a legislação do GOB, pois é a Potência na qual fomos Iniciado2 e
estamos até o momento, por isso, ainda que sem a pretensão de saber tudo,
a legislação maçônica que temos conhecimento é a “gobiana”.

O Código Eleitoral é silente quanto à data da posse no cargo de Grão-Mestre,


mas estabelece que os eleitos, após prévia diplomação pelo Tribunal
competente, deverão ser empossados no cargo perante a respectiva
Assembleia legislativa.

A Constituição prevê expressamente que a posse do Grão-Mestre Geral e de


seu Adjunto, será realizada no dia 24 de junho. A Sessão de Posse é conduzida
pela Soberana Assembleia Federal Legislativa.

Quanto aos Grão-Mestres e os Grão-Mestres Adjuntos Estaduais e Distrital


está estabelecido na Constituição que serão eleitos conjuntamente para um
mandato de quatro anos e a posse ocorrerá em junho, perante a respectiva
Assembleia Legislativa, mas não estabelece a data.

No Grande Oriente do Distrito Federal (GODF), federado ao GOB, está previsto


que a posse do Grão-Mestre Distrital será no dia 24 de junho, assim como
acreditamos que também ocorre nos Estados.

1
Vide o DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 059, de 26 de fevereiro do corrente ano, com o título
“ELEIÇÕES NO GRANDE ORIENTE DO BRASIL”.
2
Nossa Iniciação ocorreu no dia 06 de junho de 1989, na Loja Abrigo da Virtude Nº 1701,
jurisdicionada ao Grande Oriente do Distrito Federal e federada ao Grande Oriente do Brasil.
No entanto, neste ano de 2023, devido a ter também a posse do Grão-Mestre
Geral no dia 24 de junho, como mencionado, aqui no Distrito Federal a posse
ocorreu no dia 23 de junho3, assim como tivemos conhecimento de que nos
Estados com o procedimento eleitoral concluído as posses ocorreram ao longo
do mês de junho, mas todas antes do dia 24 de junho.

Entendemos ser pertinente recordar o que havíamos escrito em outro


DIÁLOGO MAÇÔNICO4, transcrevendo o seguinte:
“As corporações de ofício adotaram o costume de comemorar o início do
verão, assim como do inverno, vale dizer, celebrar as datas solsticiais. Dessa
forma, no hemisfério norte se comemora o solstício de verão no dia 21 de
junho e o de inverno no dia 21 de dezembro, invertendo-se, como todos
sabemos, no hemisfério sul, onde o solstício de inverno é no dia 21 de junho
e o de verão no dia 21 de dezembro, apesar de que os solstícios têm o dia e
a hora exatos variando de um ano para outro.
Assim, devido à influência da Igreja, que na realidade foi a idealizadora e,
portanto, a inspiradora das corporações, as datas solsticiais passaram a ser
confundidas ou fundidas, poderíamos dizer conciliadas, com as datas
dedicadas a São João, o Batista – 24 de junho – e a São João, o Evangelista
– 27 de dezembro –, não obstante não serem exatamente as datas dos
solstícios de inverno e de verão, respectivamente, aqui no hemisfério sul.
......
Por conseguinte, os solstícios no hemisfério Norte de verão (junho) e de
inverno (dezembro) estariam relacionados, respectivamente, a João, o
Batista, aquele que anunciou a vinda da Luz (Jesus, considerado como a Luz
do Mundo) e a João, o Evangelista, este relacionado àquele que difundiu a
palavra de Jesus (a Luz do Mundo).
A partir dessas considerações, como se fora um preâmbulo, podemos
expressar que os dois São João foram adotados como patronos das
corporações, o que chegou à Maçonaria dos Aceitos – denominação adotada
quando novos membros, que não eram ligados à arte de construir, foram
aceitos pelos operativos –, o que posteriormente ficou também conhecida
como Maçonaria Especulativa.
Desse modo, passou a ser uma tradição maçônica a comemoração pelas Lojas
do dia 24 de junho, devido ao padroeiro, São João, o Batista. Lembremos que
as Lojas da Maçonaria são denominadas de “Lojas de São João”, título que
vem da idade média, pelas corporações de construtores, que formavam as,
então, chamadas de Confrarias de São João. Por isso, os dois São João, o
Batista e o Evangelista, são considerados os patronos da Maçonaria, ainda
que alguns autores considerem como patrono apenas João, o Batista.”

3
A posse aqui no GODF ocorreu há dois dias e exatamente este articulista foi quem, com
muita honra, e porque não dizer, com muita responsabilidade pela frente, foi empossado no
cargo de Grão-Mestre Distrital, após ter exercido, de igual forma, o honroso cargo de Grão-
Mestre Distrital Adjunto.
4
Nos referimos ao DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 035, titulado: “São João, o Batista”, de 20 de
junho de 2021.
Cremos ser interessante relembrar que nas Constituições da Antiga
Fraternidade dos Maçons Livres e Aceitos, conhecida como a Constituição de
Anderson de 1723, sob a guarda da Grande Loja de Londres, fundada em 24
de junho de 1717, está registrado na introdução dos Regulamentos Gerais
que estes haviam sido “compilados por Mr. George Payne, no ano de 1720,
quando era então Grão-Mestre, e aprovados pela Grande Loja, no Dia de São
João Batista no ano de 1721, na Stationer’s Hall, Londres, quando o grande e
nobre Príncipe John, Duque de Montagu, foi unanimemente escolhido nosso
Grão-Mestre para o ano seguinte...”.

Temos conhecimento que muitas das Potências, no Brasil e no exterior, ainda


que não seja uma regra geral, tem o costume de dar posse aos Grão-Mestres
no dia comemorativo a São João, o Batista, ou seja, no dia 24 de junho, da
mesma forma que no Grande Oriente do Brasil (GOB) os Veneráveis são
empossados no mês de junho, como homenagem, ainda, ao padroeiro João,
o Batista.

Ontem, 24 de junho de 2023, ocorreu a posse do Grão-Mestre Geral e do


Grão-Mestre Geral Adjunto do GOB para o quinquênio que irá até o dia 23 de
junho de 2028, dessa forma como uma referência a essa importante
efeméride na nossa Ordem, não poderíamos deixar de escrever este DIÁLOGO
MAÇÔNICO até como forma de homenagear aos novos governantes de nossa
Potência que é Primaz do Brasil, fundada há mais de 200 anos, precisamente
no dia 17 de junho de 1822, e segundo informações a maior Potência Maçônica
da América Latina.

A importância do cargo de Grão-Mestre é de tal monta que dicionários, além


dos maçônicos, fazem referências sobre o cargo, além de outras citações em
livros, artigos e sites na Internet, não maçônicos.

Por exemplo, na Wikipédia está descrito que “Título de Grão-Mestre ou Grande


Mestre é o mais alto grau em ordens honoríficas ou de mérito, isto é, título
dada a máxima autoridade de uma ordem, tem poder quase absoluto,
geralmente limitado no tempo por uma eleição entre os membros da ordem a
que pertence.”

Em pesquisa no Google encontramos a seguinte questão e resposta:


“Qual a função do Grão-mestre na maçonaria?
O Grão-Mestre tem uma função na Maçonaria que se prende com o princípio
fundamental de unir o que está disperso. A dialética dessa função não é conhecida, mas
necessariamente reconhecida. Por acaso ou ditado pelas circunstâncias a vertente
“humana”, social, é a que ressalta pela sua visualidade.”

O Grão-Mestre ao liderar uma Potência/Obediência maçônica tem uma enorme


responsabilidade, pois ele deve ser o condutor do aperfeiçoamento de uma plêiade de
homens que são (ou deveriam ser) voltados para a prática do bem, da fraternidade, do
amor, de forma que por meio de um processo educacional, lato senso, estes seres se
disciplinassem para conviver com pessoas que, por suas palavras, por suas obras,
podem constituir-se em exemplos, encontrar afetos fraternais em qualquer lugar em que
se esteja dentro ou fora do país.

A condução firme, segura e serena de um Grão-Mestre pode, por conseguinte, levar os


Maçons que estão em Lojas que diretamente se vinculam à Potência que está servindo,
a enorme satisfação de haver contribuído, mesmo em pequena parcela, para a obra
moral e grandiosa levada a efeito pelos homens, na contribuição de tornar a humanidade
mais solidária, mais altruísta, mais harmônica e porque não dizer, mais feliz.

Lembremos que a Maçonaria não considera possível o progresso senão na base de


respeito à personalidade, à justiça social e a mais estreita solidariedade entre os
homens. Ostenta os fins supremos de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” com a
abstenção das bandeiras políticas e religiosas.

As atribuições, a sensatez, e a sobriedade de um Grão-Mestre geram para ele


obrigações também ritualísticas, que são extensivas ao Grão-Mestre Adjunto, como por
exemplo:
- Receber o malhete do Venerável Mestre quando visita uma Loja, pois ele é quem,
estando presente, presidirá a Sessão, tendo, como consequência, a prerrogativa de
dirigir os trabalhos, se assim o desejar. A tradição, dirigindo os trabalhos, é a de sentar-
se no Trono (tradição que hoje não é mais utilizada no GOB);
- Ser o último a falar. Não é demais recordar que o Grão-Mestre ou o Grão-Mestre
Adjunto, na ausência do Grão-Mestre, fala depois do Orador, que tem a função de falar
depois do Venerável Mestre, como fiscal da lei5.

Concluímos este DIÁLOGO MAÇÔNICO desejando ao Grão-Mestre Geral e ao Grão-


Mestre Geral Adjunto, que foram empossados neste mês de junho de 2023, assim
como a todos os Grão-Mestres e Grão-Mestres Adjuntos das 27 Unidades da
Federação Brasileira, votos de profícua gestão, sob as bênçãos do Grande Geômetra
do Universo.
Brasília, 25 de junho de 2023.

Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.

5 Não estando presente o Grão-Mestre ou o Grão-Mestre Adjunto, na Palavra a Bem


da Ordem ou Relativa ao Ato, o último a falar é o Venerável Mestre.
Nesse caso, ele faz os comentários finais necessários e a seguir passa a palavra ao
Orador para que, sob o ponto de vista legal, dê as suas conclusões. Dadas as mesmas
pelo Orador, procede-se ao encerramento ritualístico.
O Orador se quiser falar como Obreiro, deverá fazê-lo antes do Venerável Mestre,
pois suas palavras como Orador devem ser, exclusivamente, na condição de fiscal da
lei.
Estando presente o Grão-Mestre, ou o seu Adjunto, dirigindo ou não os trabalhos,
ele, ou o seu Adjunto, fala por último, isto é, após as conclusões do Orador.
Completada a fala do Grão-Mestre, ou do Adjunto, dá-se início ao encerramento
ritualístico.

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