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dele, voraz, começou a sorver-lhe a existência…

A dor era insuportável, o esquecimento se aproximará, ele não tinha forças para lutar,
pensava que se dissesse o que ele queria poderia ser a sua salvação, enganou-se, nada mais poderia
ajudar-lhe naquele momento.
Até que ouve-se alguém cantarolando ao fundo.
Os saltos puderam ser ouvidos por conta do silêncio sombrio promovido pelo maculado…
parecia uma criança… salteando e cantando, na direção deles… As sombras recuaram, calaram-se,
minúsculas mais uma vez, os olhos amarelos correram para dentro da casa rapidamente – não pode
serrr -
- Ora, gatinho, gatinho – uma mocinha de pouco mais de sete anos, cabelos dourados e
vestido de bonexa abaixou-se perto de Félix, que estava caído, acariciou-lhe a barriga e soltou um
lindo sorriso de alegria – Você tem que tomar muito cuidado ao sair andando por ai, hein, a vida tá
bem perigosa ultimamente – a menina sorria como se nada parecesse estranho – Vou levá-lo para
casa, cuidar e cheirar sua barriguinha. Ela pegou Félix em seus braços, olhou para o casebre e para a
umbra viva, fechou a cara – E você! Você foi um bichinho muito mal, muuuito mal! Bicho-papão
feio – ela mostrou a língua e saiu correndo pela rua até sumir no último ponto de luz, subitamente.
Quando Félix acordou lembrará de pouca coisa. Mas reconhecerá sua salvadora. Seu nome
era Maria, mais conhecida como A Fada da Cidade, uma parente distante. Maria lhe deixou perto do
centro rapidamente, e antes de sumir mais uma vez não exitou em perguntar ao gato.
- O que ele queria saber Félix? Tinha algo haver com o que aconteceu ontem?
- Creio que sim milady. Todos nossos puderam sentir, mas só alguns puderam ver… Eu
estava bem perto quando aconteceu, quase tão perto que foi possível me sentir em casa também.
- E de onde veio?
- Da Parker. Aquele local tornou-se um enorme farol para os nossos durante aqueles
momentos… foi magnífico… muitos deverão ser atraídos por isso, logo mais, durante esses tempos
a cidade vai começar a ficar cheia, todos quererão saber, muitos vão querer ter milady.
- É verdade gatinho – Maria sorriu alegremente – acho que a nossa querida Sra. Parker vai
precisar de uma visitinha. Que tal um chá com bolo de morango? Hummm, delícia… pensar nisso
me deu fome, deixa eu ir antes, depois resolvemos isso – Maria começava a virar translúcida,
sumindo lentamente…
- Esperamos tanto tempo por isso, deveríamos ir logo Milady…
- Esperamos tanto tempo gatinho, vamos poder esperar mais um pouco. A criança não estará
segura, e precisamos dela viva. Quem sabe a Sra. Parker não seja uma mãe adequada – ela sorriu
mais uma vez, seu rosto já quase esvaindo em pleno ar.
Félix sabia o que tinha que fazer.

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