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A TEORIA DE COMPLEXIDADE DE MORIN E AS CONTRIBUIÇÕES PARA A

EDUCAÇÃO
MARTINS, Alexandra Patrialli1
patrialli2602@gmail.com
JUNIOR, Breno Simões Correia1
brenocorreia27@gmail.com
PEREIRA, Emanuelle Cristine Govatski1
emanuellegpereira@hotmail.com
SILVA, Marcos Antônio Teodoro da1
mteodoros@gmail.com
GOGOLA, Maria Julia1
m.juliagogola@hotmail.com
CORDEIRO, Monica Figueiredo da Silva Borges1
monica.cordeiro2008@gmail.com
WACHOWICZ, Marta Cristina2
marta.c.wachowicz@gmail.com

RESUMO
Logo cedo somos introduzidos a educação no qual o mesmo método é usado por anos este artigo
tem como objetivo mostrar uma outra metodologia, usando a visão de Edgar Morin falando sobre
como podemos melhorar o ensino, não sendo apenas teórico, mas sim confiando nas experiencias
vividas pelos alunos e professor tendo como uma das mudanças o ambiente de aprendizado, logo,
resultando em maior estímulo da criatividade e aprendizado. Morin em uma de suas entrevistas mais
recentes fala em como precisamos ensinar a empatia para a nova geração, mostrando que um ensino
mais humanizado apresentaria não melhoras não só no aprendizado, mas sim em suas vidas
pessoais e em sociedade.

Palavras-chave: Teoria da Complexidade; educação; desenvolvimento infantil.

Acadêmicos do Curso de Psicologia da Faculdade Inspirar;


1

Psicóloga, Docente no Curso de Psicologia da Faculdade Inspirar.


2
2

1INTRODUÇÃO

A educação tradicional apresenta um modelo de ensino conteudista, fundamentado


na repetição de dados e estudo de disciplinas obrigatórias e formadas. Há pouca ou
nenhuma possibilidade de reflexão e, por vezes, desconsidera as capacidades
criativas dos alunos (GUIMARÃES, 2020).
Trata-se de um modelo fragmentado, reducionista e simplista que impossibilita a
evolução do pensamento crítico. Trata-se de uma reprodução mecanizada de temas
pré-determinados que direciona o olhar para apenas um ponto, isto é,
desconsiderando as demandas globais que cercam a pessoa.
No entanto, o desenvolvimento humano é o resultado da interação, do movimento
histórico e cultural que permite o ser humano realizar trocas sociais e adquirir novas
formas de conhecimento (SANTOS et al., 2015).
Assim, o desenvolvimento cognitivo e linguístico da criança começa pela interação e
pela linguagem e não se limita às metodologias de ensino padronizadas. É preciso
considerar diferentes fatores, tais como: a genética, as relações sociais, fatores
econômicas e culturais. Afinal, habilidades serão desenvolvidas de acordo com
experiências e origens de cada criança (SANTOS, 2015). Procurar formas de
estimular as habilidades sociais e emocionais, as capacidades cognitivas, a
criatividade e imaginação são de extrema importância no que tange o preparo da
criança para a vida adulta. Ao trazer à baila o contexto educacional, a formação
macro ao invés de micro contribui para a formação da criança em um indivíduo mais
equilibrado, responsável e interessado com questões globais, isto é, para além da
esfera individualista.
Frente a problemática dos impactos do modelo de educação convencional, o qual
fragmenta e condiciona saberes sem abrir espaço para reflexões, esse estudo se
constrói. O objetivo é avaliar como o modelo tradicional de educação interfere no
processo de desenvolvimento infantil na perspectiva da Teoria da Complexidade de
Morin. Afinal, parte-se do pressuposto de que o modelo tradicional de ensino reduz e
engessa a forma como a criança se percebe e se relaciona com as pessoas e com o
mundo. A ausência de saberes voltados para a vida, a dificuldade para refletir e agir
empaticamente tornam o sujeito despreparado para enfrentar as situações da vida.
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Isso porque, o ser humano para sujeito precisa criar sua individualidade, a qual
considera a autonomia e a reflexão baseadas nas vivências e conexões que
estabelece e de como lidas com elas frente à família, escola, linguagem, cultura,
sociedade e planeta (PETRAGLIA, 1995).
Verifica-se assim, que as barreiras e as carências resultantes do saber fragmentado,
não desenvolvem, satisfatoriamente, as reflexões para lidar com situações de ordem
individual, tampouco com problemas globais ou do próximo.
Dessa forma a Teoria da Complexidade opõe-se ao paradigma da simplificação,
justamente por seguir uma abordagem transdisciplinar ao refletir sobre variados
fenômenos. Desconstroi o olhar fragmentado e reducionista, o qual subsidia o
modelo de ensino tradiocional e comum na área científica para oportunizar à
criatividade e o pensamento crítico e integral. (GUIMARÃES, 2020).
Tal teoria, defendida por Edgar Morin, não visa trocar ideias de compreensão,
evidência e lógica, mas baseia-se na harmonia, na comunicação e no trabalho
transdisciplinar. Nessa perspectiva, a educação deve proporcionar o discernimento
geral e a análise do contexto de forma multidimensional e voltada para a
integralidade (ESTRADA, 2009).

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 OS SETE SABERES

Os sete saberes de Edgar Morin explica como deve ser o processo de


aprendizagem nas escolas e como precisa ser o processo de educação para uma
criança se tornar um cidadão (Morin, 2013).
No primeiro saber “As Cegueiras do Conhecimento: o Erro e a Ilusão” ( Morin, 2013,
pág. 19), vemos que percepção vem da interpretação ou reconstrução de nosso
pensamento, o que pode estar sujeito a erro ou ilusão devido a nossa visão de
mundo ou de conhecimento. Poderíamos eliminar o risco de erro caso reprimirmos
toda nossa emoção e sentimentos, pois essas afeições podem nos deixar cegos
diante de fatos. Entretanto sem a paixão por conhecimento não seria possível o
aprendizado e as emoções auxiliam muito na tomada de decisões, reflexões sobre a
existência humana, a ética e a natureza (Morin, 2013).
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Contudo para Edgar Morin a educação precisa saber identificar a origem dos erros e
ilusões. Nosso cérebro tem capacidade de apenas 2% para nos conectar com o
exterior e 98% é a inclinação para o psicológico ou mental, por exemplo, nossa
mente pode transformar memórias tanto para significados belos ou triste ou até
mesmo ter falsas lembranças. E assim projetamos nossa dor ou felicidade em algo
irreal sem ter a percepção da verdade e muitas vezes a nossa própria memória pode
nos enganar (Morin, 2013, pág. 20).
Para distinguirmos o que é fantasia e o que é real, é preciso ser racional. Há a
racionalidade construtiva, que é coerente, tem compatibilidade de ideias, tem um
consentimento em suas afirmações e tem dados baseados em observações e
permanece aberta a discussões, para que não aja regras definidas, porque a
racionalidade fica aberta para a possibilidade de erro e ilusão. Já a racionalização é
a que segue um padrão mecânico, determinista e fechado, muitas vezes construídas
com ideias falsas (Morin, 2013).
Para um conceito ser considerado racional, é preciso estar aberto a diferentes
argumentos, é necessário ser coerente e ser desenvolvido por observações e
experiências e não esquecer que o homem não é apenas razão, pois para Edgar a
racionalização ignora que os seres humanos tem sentimentos, principios, filosofia e
não é apenas uma criatura biológica (Morin, 2013, pág. 23).
Para que a racionalidade não corra o risco de se tornar a ilusão da racionalização, é
necessário que sempre mantenha a autocrítica em suas concepções, caso contrário,
não será totalmente confiável (Morin, 2013).
No segundo saber “Os princípios do conhecimento pertinente” (Morin, 2013, pág.
33), discorre sobre como o cidadão precisa ter acesso às informações do mundo,
para assim analisar e ter o entendimento dos problemas mundiais. Mas com os
conhecimentos cada vez mais divididos e os problemas mais planetários surge a
inadequação (Morin, 2013).
Para que o conhecimento seja considerado pertinente, são necessários quatro itens;
o contexto, o global, o multidimensional e o complexo. O contexto nada mais é do
que colocar as informações e os fatos necessários para que determinado
acontecimento faça algum sentido. O global é mais que o contexto, é a junção de
todas as partes. Para aprendermos algo verdadeiramente é necessário termos
acesso a todas as partes para articularmos todas as informações recebidas. O
multidimensional diz sobre as unidades complexas, homem e a sociedade são
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considerados multidimensionais, pois o ser humano tem a parte biológica, psíquica,


social e afetiva e a sociedade comporta a história, a economia, a sociologia e a
religião e nenhuma dessas partes podem ser vistas isoladamente, a economia, por
exemplo, depende das necessidades humanas. E por último, o complexo, que é a
união entre a unidade e a multiplicidade. O dever da educação é ensinar os futuros
cidadãos como pensar no todo, utilizar a inteligência geral que é a capacidade de
expor e solucionar uma questão com algum grau de dificuldade (Morin, 2013).
Para Morin a educação do futuro tem o dever de utilizar os conhecimentos
existentes e identificar a falsa racionalidade. Houveram muitos avanços nas áreas
de ensino, porém há uma grande separação entre a humanidade e a ciência, assim
fragmentando o homem a apenas a parte biológica, sendo que o ser humano é a
parte biológica, psíquica, social, religiosa e econômica. Assim o indivíduo perde a
capacidade de percepção do global e reduz a responsabilidade de um todo, o que
muitas vezes acarreta a diminuição da solidariedade. Assim, no século XX foi
atrofiado a compreensão e a visão a longo prazo ( Morin, 2013, pág. 42).
Diante da dificuldade da sociedade para lidar com problemas globais, como a
pobreza, fome ou anafalbetismo e ao se deparar com a cegueira existente
atualmente, o que resultou em muitos erros e ilusões. E cada vez mais o planeta nos
pede para unirmos nossos conhecimentos para resolvermos essas situações que
são a realidade para muitas pessoas ( Morin, 2013, pág.42).
No terceiro saber “Ensinar a condição humana”, Edgar diz que devemos nos
reconhecer como iguais e ao mesmo tempo identificar a identidade cultural de cada
um e ver o ser humano como um todo, não somente sua parte biológica, mas
também a filosofia, a arte, a história, a poesia e o cosmos (Morin 2013, pág. 44).
Nós somos resultado de uma separação cósmica e nosso futuro depende do
Universo. Depois de uma explosão de um sol anterior surgiu nosso planeta e disso
surgiu a vida. Desde então a Terra é dependente do Sol, formando a biosfera
(Morin, 2013, pág.45).
Como seres terrestres devemos observar que nossa vida depende da biosfera e
temos que reconhecer nossa identidade física e biológica. A importância da
evolução do homem é essencial para a educação dirigida a condição humana. A
antropologia pré-histórica nos mostra detalhadamente a origem, o desenvolvimento
físico, social, cultural e crenças transmitidas de geração a geração. Nessa evolução
o homem que antes era primata, está em processo de humanização, pois não
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somente a parte de desenvolvimento do biofísico é feito um ser humano, mas


também a psicossociocultural e um remete o outro (Morin, 2013).
Caso o homem não tivesse acesso a cultura estaria em grau muito baixo de
evolução, um individuo necessita de conhecimentos sociais, religiosos, artísticos e é
isso que forma uma sociedade (Morin, 2013, pág.48).
É preciso que na educação seja ensinada que o ser humano é uma unidade e ao
mesmo tempo contém a diversidade, há a pluralidade no campo psicológico, cultural,
social e biológico. E também existe a unidade cerebral, mental, psíquica, afetiva
intelectual e é a unidade humana que faz com que haja tantas diversidades. Para
uma compreensão do humano como um todo, é necessário observar a sua unidade
e a sua diversidade (Morin, 2013).
No quarto saber de “Ensinar a identidade terrena”, Morin nos diz que precisamos
que tenhamos compreensão da condição humana no mundo e a condição do mundo
humano que desde o século XVI passou a ser era planetária, logo depois do final do
século XX iniciou o período de mundialização (Morin, 2013).
É necessário que as pessoas consigam pensar no mundo de uma forma global,
observar todas as partes de algum acontecimento ou problema, ver sua
complexidade e, ao mesmo tempo, tenha a capacidade de ver a unidade de
determinada situação, pois o planeta pede que os seres humanos tenham um
pensamento capaz de ver algo de vários ângulos e que se tenha consciência da
unidade/diversidade ( Morin, 2013, pág.58).
O século XX é reconhecido como o tempo da barbárie, que vem da guerra, do
massacre, deportação, fanatismo e da racionalização. Esquece que o ser humano
tem sentimentos e alma.
Entretanto, é preciso que saibamos viver e respeitar e compreender a diversidade de
cada um. É de nossa responsabilidade observar que cada ser humano tem sua
consciência antropológica e reconhecer sua unidade na diversidade; observar a
consciência ecológica e aprender a conviver com todos os seres vivos e a natureza;
é preciso compreender a consciência cívica terrena, que nada mais é, do que ter
solidariedade e responsabilidade com todos e por último, respeitar a consciência
espiritual da condição humana, que nos permite nos auto analisar (Morin, 2013).
A educação do futuro tem o dever de ensinar a ética da compreensão humana para
que haja a continuação da vida dos seres humanos (Morin, 2013, pág.67).
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O quinto saber de Morin, é sobre como enfrentar as incertezas. Como a história nos
mostra, não podemos saber ao certo o que vai acontecer com o mundo, como no
ano de 1914 que devido um atentado iniciaria uma guerra mundial que mataria
milhões de vitimas e que em 1999 a Sérvia sofreria ataques aéreos (Morin, 2013)
Depois de tantas tragédias mundiais, o homem precisa aprender a lidar com as
incertezas e ao mesmo tempo, trabalhar para o progresso. Para aprender a lidar
com as imprecisões, juntamente deve se utilizar a racionalidade para que não aja
por meio de erros e ilusões, e assim encontre a solução mais apropriada para a
humanidade. E que não se cometa atrocidades com humanos como ja aconteceu no
mundo (Morin,2013).
No sexto saber “Ensinar a compreensão”, Edgar Morin diz que apesar dos avanços
da tecnologia para melhorar a comunicação, as pessoas não tentam compreender
outro ser humano, muitas vezes por egoísmo ou por falta de empatia que é
dificuldade de se colocar no lugar do outro ( Morin,2013).
A ética da compreensão existe quando a pessoa compreende o outro sem o menor
interesse ou reciprocidade. Entretanto, para que um indivíduo compreenda outro ser
humano é necessário reconhecer a sua complexidade, normalmente, vimos apenas
uma parte de um personagem e esquecemos que uma pessoa é resultado de muitos
fatores como o psicológico, a sua cultura, seus sentimentos, pensamentos, sua parte
física e social (Morin,2013)
No seu último saber, a ética do gênero humano, Edgar Morin nos diz que
precisamos respeitar as pessoas com suas diversidades, vivermos em modo
democrático e aprendermos a viver com ética. A premissa pra aprender a ética é
reconhecer o indivíduo + sociedade + espécie. A ética no futuro nos incentiva para
humanizarmos a humanidade, respeitarmos as diversidades, desenvolver a ética da
solidariedade, compreensão e do gênero humano e termos esperança na cidadania
planetária.
A democracia, apesar de ser delicada, favorece muito o relacionamento entre
indivíduo e sociedade. Um estado democrático exige consenso, diversidade,
conflitos e as pessoas precisam ter liberdade de opinião e expressão. A democracia
é uma política complexa, pois com ela existem as pluralidades, concorrências e
antagonismos. Só é autêntica quando existe o respeito às opiniões de cada pessoa,
e em equipe se chega a um consenso (Morin,2013). Estudo de revisão integrativa
com análise descritiva com base nas etapas de: criação da questão norteadora da
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pesquisa, definição das palavras-chave e dos critérios de seleção, realizado a


coleta, interpretação e discussão dos resultados (SOUZA et al., 2010).
A pesquisa foi realizada em novembro de 2022, nas bases de dados da Literatura

3 MÉTODO

Estudo de revisão integrativa com análise descritiva com base nas etapas de:
criação da questão norteadora da pesquisa, definição das palavras-chave e dos
critérios de seleção, realizado a coleta, interpretação e discussão dos resultados
(SOUZA et al., 2010).
A pesquisa foi realizada em novembro de 2022, nas bases de dados da Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic
Library Online (Scielo), por meio das palavras-chave: TEORIA DA COMPLEXIDADE,
MODELO TRADICIONAL DE EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA
PERSPECTIVA DE MORIN, SETE SABERES DE MORIN, PENSAMENTO
COMPLEXO. Desta busca foram encontrados 16.600 resultados, os quais foram
submetidos aos critérios de seleção.
A seleção dos materiais seguir critérios como: textos no idioma português,
publicados entre os anos de 2012 e 2022 e livros sobre as temáticas educação
infantil na perspectiva de Morin e Teoria da Complexidade. Os critérios de exclusão
foram: textos que não atendiam aos critérios determinados e em outro idioma. De
forma que, apenas 3 artigos e 4 livros foram selecionados para compor esse estudo.
A pré-seleção dos textos ocorreu pela proximidade do título com a proposta desse
estudo e posteriormente aqueles selecionados foram lidos de forma aprofundada
para a realização da coleta de dados. As evidências extraídas foram sintetizadas por
semelhança, hierarquizados da maior para a menor frequência e apresentadas na
Tabela 1.

Tabela 1. Impacto do modelo tradicional de educação no processo de desenvolvimento infantil.

Modelo tradicional de educação F 3


Cardoso e Castro (2020); Guimarães (2020); Morin (2000)
Interferência do modelo tradicional no desenvolvimento F 3
Cardoso e Castro (2020); Guimarães (2020); Morin (2000)
Teoria da Complexidade F 5
Guimarães (2020); Cardoso e Castro (2020); SÁ (2019); SANTOS (2015); ESTRADA (2009)
Contribuições do pensamento complexo para o desenvolvimento F 5
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Guimarães (2020); Cardoso e Castro (2020); SÁ (2019); PETRAGLIA (1995); MORIN (2000)

Fonte: elaborada pelas autoras (2022).

Os resultados foram discutidos com base na Teoria da Complexidade de Edgar


Morin, na categoria intitulada por:

3.0 Impacto do modelo tradicional de educação no processo de


desenvolvimento infantil na perspectiva da Teoria da Complexidade de Morin

Em relação aos fatores relacionados ao modelo tradicional de educação interferir no


processo de desenvolvimento infantil na perspectiva da teoria da complexidade de
Morin, constatou-se nesse estudo que o modelo tradicional de educação é
reducionista e simplificador, impedindo a conexão entre a disciplinas fragmentadas e
a contextualização do todo, coloca o aluno apenas como um ouvinte em um sistema
de ensino unilateral onde o docente fala e o discente escuta, constituindo um
desnível hierárquico, sem discussão ou ressignificação de conteúdo, apenas
entregando parte do conhecimento sobre os alunos, os desenhando de acordo com
um modelo socialmente determinado, modelo que os adestram para a sujeição e
omissão. (CARDOSO e CASTRO, 2020; GUIMARÃES, 2020; MORIN, 2000). De
modo que, a ausência da complexidade no ato de educar não prepara o indivíduo
para as questões da vida como um todo, aparecendo lacunas em diversas áreas
como: político, socioeconômico, cultural, ambiental, empatia, social, espiritual,
psíquica, biológica e planetária. Demandas essas que prejudicam significativamente
o desenvolvimento infantil, corroborando com uma ilusão preocupante de que
vivemos em uma sociedade disciplinada no conhecimento, bombardeada de ideias
desconexas (CARDOSO e CASTRO, 2020; GUIMARÃES, 2020; MORIN, 2000).
O presente estudo também evidenciou a significante perspectiva de Morin com o
pensamento Complexo, que não consiste na eliminação da simplicidade, e sim surge
na falha da simplicidade, a complexidade abrange tudo o que põe ordem, clareza,
distinção e precisão no conhecimento. É uma proposta de comunicação
interdisciplinar conectando ciência com humanas. Essa dialógica recursiva possui
uma orientação transdisciplinar pretendendo o desenvolvimento cognitivo, afetivo,
relacional e político do aluno. Gera um conhecimento contextualizado, integrador e
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pertinente, inserindo o sujeito ao objeto em um elo recorrente, prevendo uma


transformação na organização do pensamento, para que possamos reaprender a
pensar e a compreender a complexidade inerente aos eventos da vida. (CARDOSO
e CASTRO, 2020; GUIMARÃES, 2020; MORIN, EDGAR, 2011; SÁ at. al., 2019).
Segundo CARDOSO, 2020 “A psicologia reconhece que o próprio pensamento
humano trabalha de forma a contextualizar qualquer informação”. Reforça assim
a importância de trabalhar na educação a análise e reflexão.
Por fim, o estudo revelou as contribuições da Teoria de Morin para o
desenvolvimento, apresentadas em um modelo onde educador e educando se
conectam enquanto indivíduos sensíveis e criativos, pessoas empáticas e capazes
de ação, e que importam-se pela evolução mútua, que se unem para pensar,
compreender, modificar e humanizar o mundo com base na cultura em que estão
inseridos e de onde se retiram as temáticas originárias do processo de
aprendizagem a partir da troca de ideias e impressões, por meio da conversa. O
aluno aparece como parte da sua formação e não como um simples espectador de
uma realidade definida. Esta metodologia desenvolve no indivíduo a habilidade do
pensamento crítico, a percepção real das situações da vida e a resiliência para
enfrentar as incertezas da vida (CARDOSO e CASTRO, 2020; GUIMARÃES, 2020;
MORIN, EDGAR, 2011; SÁ at. al., 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, as teorias de Edgar Morin nos mostram que a educação infantil
precisa ser restruturada para uma visão ampla da vida, para que não seja ensinada
apenas bases teóricas de disciplinas como matemática e português. Desde crianças,
as pessoas já devem aprender a como viver em sociedade, ter empatia, a ser ético e
é fundamental que aprendam a pensar de maneira analítica. Assim, essas crianças
não serão apenas bons profissionais como também se tornarão bons cidadãos.
Com o objetivo de avaliar o modelo tradicional de educação no desenvolvimento
infantil, o estudo verificou que o padrão educacional é resumidor e não gera a
conexão com as disciplinas, o que dificulta a visão ampla do aluno.
A reflexão sobre o processo da construção de indivíduos que consigam pensar em
temas complexos como a política, a cultura, a empatia ou em algum problema
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mundial como a fome no mundo, permite relacionar as evidências do presente


estudo com os ensinamentos de Edgar Morin.
Para o autor é necessário que possamos reaprender a pensar e entender a
complexidade dos acontecimentos da vida e que possamos pensar com
racionalidade e ética.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Railson Soares e CASTRO, Raimundo Marcio Mota. O professor na educação 3.0 e a
teoria da complexidade de Edgar Morin, Revista Plurais – Virtual, Anápolis – GO, Vol. 10, n. 3 – Set. /
Dez., 2020 , 2010. Disponível em: https://revista.ueg.br/index.php/revistapluraisvirtual/article/view/
12125/8546. Acesso em: 20 ser. 2022.

ESTRADA, Adrian Alvarez. Os fundamentos da teoria da complexidade em Edgar Morin, Akrópolis


Umuarama, v. 17, n. 2, p. 85-90, abr./jun. 2009. Disponível em:
https://core.ac.uk/download/pdf/235577216.pdf. Acesso em: 18 de nov. de 2022.

GUIMARÃES, Carlos Antônio Fragoso. Paulo Freire e Edgar Morin sobre saberes, paradigmas e
educação: um diálogo epistemológico, 1. ed. Curitiba: Appris, 2020. Disponível em:
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=lang_pt&id=0sb1DwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT13&dq.
Acesso em: 18 de nov. de 2022.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F.
da Silva e Jeanne Sawaya.; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – 2. Ed. – São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2000.

PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: a educação e a complexidade do ser e do saber. Vozes:
Petrópolis, RJ, 1995.

SÁ, Ricardo Antunes e BEHRENS, Marilda Aparecida. Teoria da complexidade: contribuições


epistemológicas e metodológicas para uma pedagogia complexa. – 1. Ed. – Curitiba, Appris, 2019.

SANTOS, Ellis Regina Ferreira. at. al. Concepções sobre desenvolvimento infantil na perspectiva de
educadoras em creches públicas e particulares. Revista Portuguesa de Educação, v. 28, n. 2, p.
189-209, 2015. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/rpe/article/view/7738/5420. Acesso em: 18 de
nov. 2022.

SOUZA, Marcela Tavares de. et al. Revisão integrativa: o que é e como fazer? Einstein, [S.l], v. 8, n.
1, p. 102-106, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_1679-4508-eins-8-1-0102/.
Acesso em: 20 ser. 2022.
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