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MECÂNICA
DISCIPLINA: MECÂNICA VIBRATÓRIA

ANÁLISE DE VIBRAÇÃO EM UMA BOMBA DO TIPO PARAFUSO

Alessandro Alves do Prado Oliveira, Anderson Helmiton Alves de Lima, Alexandre Henrique do Nascimento
Santiago, Caio Augusto Lima de Souza Leão, Elton Pereira de Lemos, Jamerson Alex Soares, Leandro Joseph de
Souza Bezerra Bras, Marcos Alberto Santa Cruz da Silva Filho, Sabrina de Oliveira Medeiros e Thyago Wyllon
dos Santos Soares Santana
Universidade Estácio de Sá
alessandroalvespr@gmail.com
andersonhelmiton@hotmail.com
caiosouzaleao1@gmail.com
elton@mecolusinagem.com.br
jsoares.alex@gmail.com
leandronet38@gmail.com
markfuel190@hotmail.com
oliveirasabrina29@yahoo.com.br
salexengmec@gmail.com
thyagowyllon@hotmail.com.br

Estudo de caso avaliado em 13/06/2020 e com conceito _____.


Prof. Rogério Santiago, MSc.

RESUMO
Os equipamentos rotativos apresentam um nível trabalho. O presente trabalho tem como objetivo realizar
determinado de vibração quando em funcionamento, um estudo de caso em uma bomba de parafuso acionada
uma vez que todo equipamento rotativo apresenta esse por um motor de indução, através do uso da análise de
determinado nível de vibração, uma alteração do vibração para a investigação de um possível defeito numa
comportamento vibratório pode ser indício do bomba do tipo parafuso. Com isso, ressalta-se a
agravamento de um defeito. As máquinas rotativas são importância da análise de vibração na manutenção
equipamentos utilizados nos mais diversos seguimentos preditiva, onde por meio dela, é possível diagnosticar a
industriais, tornando-se assim de grande importância o falha ainda no princípio aumentando assim, a vida útil dos
conhecimento aprofundado do seus componentes e equipamentos e diminuindo o custo com manutenção.

PALAVRAS-CHAVE: Equipamentos rotativos, análise de vibração, manutenção preditiva, bomba de parafuso e


seguimentos industriais.

VIBRATIONS ANALYSIS IN A SCREW TYPE PUMP


ABSTRACT
The rotating equipment has a determined level of pump driven by an induction motor, through the use of
vibration when in operation, since all rotating equipment vibration analysis for an investigation of possible way to
has this level of vibration, a change in the vibratory alter an altered type pump. Thus, exclude the importance
behavior that can be induced by a change error. As of vibration analysis in predictive maintenance, where
rotating machines are equipmet used in the most diverse through it, it is possible to diagnose a failure even at the
industrial sectors, becoming the most important or the beginning of the change, such as a life of the equipment
in-depth knowledge of its components and work. The and a reduction in the cost of maintenance.
present work aims to carry out a case study on a screw

KEYWORDS: Rotating equipment, vibration analysis, predictive maintenance, screw pump and industrial segments.

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MECÂNICA VIBRATÓRIA - 2020
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1 INTRODUÇÃO
Na indústria moderna, estão cada vez mais evidentes a necessidade e a importância de se
conhecer afundo o funcionamento dos equipamentos rotativos como turbinas, bombas,
compressores, entre outros, devido a sua extensa aplicação nos mais diversos seguimentos
industriais. A compreensão deste fenômeno aliado a ações de monitoramento e controle,
permitem a realização de um planejamento apropriado das intervenções de manutenção
otimizando recursos humanos e financeiros, permitindo uma melhor performance dos
componentes das máquinas, gerando uma maior disponibilidade operacional.
Segundo Jesus e Cavalcante (2011, p. 19), “ao longo das últimas décadas, muito tem se
evoluído no sentido de compreender os fenômenos responsáveis pelo desempenho dinâmico dos
sistemas rotativos.” De acordo com os autores a análise dos modos de vibração, tem se
evidenciado como um eficiente instrumento no monitoramento dessas condições.
Com base nesses dados apresentados, é possível observar que a análise de vibração está
ganhando espaço na manutenção das indústrias em geral, devido a isto, tornar-se indispensável a
sua compreensão. A vibração mecânica pode ser estabelecida como um tipo de movimento, no
qual se considera uma massa reduzida a um ponto ou partícula submetida a uma força. A ação
dessa força sobre o ponto obriga-o a executar um movimento oscilatório. Para que o movimento
oscilatório do ponto se estabeleça numa vibração, ele deverá percorrer uma trajetória chamada
trajetória completa ou ciclo, conhecida pelo nome de período de oscilação. (NOVO TELECURSO,
2010).
É importante ressaltar que quando em funcionamento todos os equipamentos rotativos
apresentam um nível determinado de vibração e ruído, uma vez que parte deste comportamento
é gerado por meio de excitações provocadas por perturbações mecânicas que intervêm
diretamente no desempenho do equipamento, qualquer mudança neste comportamento aponta
uma danificação no estado do equipamento.
De acordo com Cyrino (2015), o método da análise de vibrações na Manutenção Preditiva,
adota como base o conhecimento o estado da máquina através de coletas periódicas e continuas
de um ou mais parâmetros significativos. A partir do conhecimento e análise dos fenômenos de
vibração medidos por aparelhos específicos, é possível indicar, antecipadamente eventuais
defeitos ou falhas no equipamento. Sendo assim, é um método que permite traçar um plano de
ação para corrigir o problema, evitando paradas inesperadas, inoportuna e substituição das peças
desnecessárias de uma máquina e equipamento.
Segundo Góz e Silva (2013), é bastante comum o uso da análise de vibrações para a
detecção e diagnóstico de defeitos em sistemas rotativos. A partir da aplicação desta análise é
possível realizar uma avaliação das condições atuais dos defeitos presentes na máquina. Os
resultados dessa análise podem ser aplicados de modo direto em diversas técnicas de manutenção,
sendo uma das consequências diretas a redução significativa dos custos de manutenção, a redução
do imobilizado em estoques e uma maior produtividade.

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O presente trabalho faz uso da análise de vibrações para a investigação de um problema


numa bomba de parafuso simples modelo G20-1, localizada em uma petroquímica na cidade de
Ipojuca, que está implicando numa parada de processo e além dos custos elevados pela parada do
processo produtivo, geram custos de materiais e demanda de mão de obra por parte da equipe de
manutenção. O objetivo primário é realizar um estudo de caso em uma bomba do tipo parafuso
acionada por um motor de indução. O objetivo secundário é fazer um embasamento teórico de
manutenção preditiva, vibração e bomba de parafuso. Nesse estudo, será levantada a metodologia
de medição de vibração nesse equipamento, isto é, pontos, registro e procedimentos de medição.
Além disso, apresentaremos uma visão geral sobre o funcionamento das bombas de parafuso, seus
respectivos tipos. O objetivo terciário é apresentar os recursos utilizados na pesquisa do projeto,
detalhando os métodos e procedimentos empregados durante as atividades. Por fim, serão
apresentadas as memórias de cálculo, considerações finais, referências bibliográficas e anexos.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Manutenção preditiva


Há muito tempo os conceitos e aplicações da manutenção preditiva se encontram inseridos
no ambiente de manutenção, a mesma se efetivou como importante instrumento de
produtividade a partir de 1970, e desde de meados dos anos 1990 vem se evidenciando com o
crescimento e consolidação da era industrial.
Conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994)
Manutenção Preditiva é definida como:

Manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base
na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de
supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a
manutenção preventiva e diminuir a manutenção corretiva. (ABNT, 1994, p. 7).

Quando realizada de maneira precisa, a manutenção preditiva consolida efeitos que


impactam questões como lucratividade, rentabilidade e segurança.

2.2 Conceituação de vibração


"Qualquer movimento que se repita após um intervalo de tempo é denominado vibração
ou oscilação.” (RAO, 2011, p. 13).
De acordo com D’Agosto (2015, p. 236), “entende-se por vibração qualquer movimento que
o corpo sólido executa em torno de um ponto fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo
senoidal, ou irregular, quando não segue nenhum padrão determinado.”

2.3 Conceito da análise de vibração


Todo e qualquer equipamento emite uma vibração, mesmo sob condições ideais de
manutenção e operação. As vibrações de máquinas são produtos do movimento de oscilação dos
componentes mecânicos de um lado para o outro em torno do seu ponto neutro, e, como resultado
da reação a forças internas ou externas. Vibrações anormais costumam ser a primeira indicação de
uma possível falha no equipamento, cada vibração anormal pode indica um possível problema a
ser corrigido. Dentre as diversas fontes de vibrações aquelas mais corriqueiras e que,
consequentemente, podem ser indicadas como as responsáveis dos problemas de vibrações
mecânica são: desbalanceamento, desalinhamento, folgas generalizadas, rolamentos, dentes de
engrenagens, corrente elétrica, entre outros.
Como aponta Nascimento (2006), a Análise de Vibração pode ser determinada como sendo,
o método onde as falhas em alguns componentes móveis de uma máquina ou equipamento, são
detectadas por meio da taxa de variação das forças dinâmicas geradas. Essas forças afetam o nível
de vibração, podendo ser avaliado em alguns pontos acessíveis das máquinas, sem interromper o
funcionamento dos mesmos. Segundo o autor quando se tem ou há o conhecimento destes níveis
de vibração, fica mais simples avaliar o quanto o equipamento ou máquina está ultrapassando
estes valores.

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2.3.1 Pontos e procedimentos de medição


Para aquisição do melhor sinal e garantia da receptibilidade das medições para análise,
devem ser definidos pontos específicos de acordo com o equipamento a ser analisado, em geral,
procura-se que as medidas tomadas sejam o mais próximo possível do objeto a ser analisado.
Por convenção, denomina-se que os pontos de medição sejam descritos por um número
consecutivo que indica o seu local, seguido por uma letra que por sua vez indica o sentido de
medição.
A numeração segue sempre o “sentido da força”, do sentido do motor para o movido. Desse
modo, o mancal traseiro de um motor é o “1”, o mancal dianteiro o “2”, o mancal da bomba
próximo ao acoplamento o “3” e assim por diante. Na Tabela 1 é possível observar as legendas:
Tabela 1 - Legendas

Pontos Direções Parâmetros

1 H – Horizontal V – Velocidade [mm/s]

2 V – Vertical A – Aceleração [G]

3 A – Axial E – Envelope [GE]

Na Figura 1, pode-se observar os diversos pontos de medição em um conjunto motor-


bomba.

Figura 1 - Esquema de pontos de coleta de vibração em um conjunto moto-bomba

Fonte: Curso análise de vibração MGS Tecnologia, 2012.

2.3.2 Medição e registro das vibrações


Os sinais mecânicos da vibração de uma máquina são captados por meio de um transdutor,
também chamado de sensor de vibração que são colocados em pontos estratégicos das máquinas
e equipamentos. O transdutor é um dispositivo que converte um sinal de entrada de natureza
mecânica em sinais de saída de natureza elétrica. Através de cabos condutores, este sinal de saída
é transmitido até o instrumento apropriado que pode ser um coletor e armazenador, como
também um analisador. A partir daí o mesmo sinal elétrico é interpretado por um programa
computacional que passa a apresenta-lo na forma de sinal no tempo ou espectro de frequência,
tornando a análise das condições do equipamento simplificada e pratica.

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2.4 Bombas de parafuso – uma visão geral


Uma bomba de parafuso é um tipo de bomba rotativa equipada com parafusos que se
entrelaçam e giram dentro de uma cavidade ou revestimento cilíndrico. O fluido entra do lado de
sucção da bomba e move-se linearmente ao longo desses parafusos de mistura até o lado de
descarga da bomba. As folgas entre os parafusos e o revestimento são muito pequenas, portanto
o fluido ganha pressão enquanto se move pela bomba.
Sobre as bombas de parafusos, Araújo afirma que:

Constam de um, dois ou três "parafusos" helicoidais que têm movimentos


sincronizados através de engrenagens. Esse movimento se realiza em caixa de
óleo ou graxa para lubrificação. Por este motivo, são silenciosas e sem pulsação.
O fluido é admitido pelas extremidades e, devido ao movimento de rotação e aos
filetes dos parafusos, que não têm contato entre si, é empurrado para a parte
central onde é descarregado. Essas bombas são muito utilizadas para o transporte
de produtos de viscosidade elevada. (ARAÚJO, 2011, p. 26).

2.4.1 Tipos de bombas de parafuso


Existem vários tipos diferentes de bombas de parafuso. As diferenças entre os vários tipos
são o número de parafusos intercalados e o passo do parafuso.

2.4.2 Funcionamento de uma bomba de parafuso


Uma bomba de parafuso é um tipo de bomba de deslocamento positivo. Isso significa que
ela move o fluido deslocando continuamente a área que o fluido ocupa. Os parafusos estão dentro
de um revestimento, geralmente feitos de algum tipo de metal. O fluido se encaixa nas cavidades
dos parafusos dentro deste revestimento e é forçado através da bomba e fora da descarga à
medida que os parafusos giram e se entrelaçam.

2.4.3 Aplicações e características


As bombas de parafuso podem ser utilizadas em todos os setores da indústria, onde uma
grande variedade de diferentes fluidos é bombeado ou devem ser dosificados com muita precisão,
incluindo indústrias como alimentícias, da construção civil, petroquímica, farmacêutica,
tratamento de águas de esgoto e resíduos, tintas, papel e celulose, refinaria de açúcar, entre
outras. As bombas de parafuso são usadas para transferência de líquidos de alta e baixa
viscosidade, alta e baixa densidade, pasta de cimento e argila, óleo viscoso, celulose, polpa de
papel viscosa, pasta de cerâmica, de ácido fosfórico, lodo, resíduos industriais, corantes e
detergentes, tintas, amidos, ácidos e álcalis, entre outros. Segundo Pequeno (2008), as bombas de
parafusos conduzem líquidos e gases sem impurezas mecânicas e conseguem alcançar pressões de
até 200 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2 , giram com elevada rotação (até 10.000 rpm) e têm capacidade de bombear de
3 a 300 𝑚3 /ℎ. Os dentes não transmitem movimento para não se desgastarem, o movimento se
realiza com engrenagens localizadas em caixa de óleo ou graxa para lubrificação.

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3 METODOLOGIA

3.1 Apresentação
O estudo de caso que será apresentado foi extraído do período de trabalho em uma
petroquímica. Durante o período de trabalho nessa unidade, foram detectados diversos princípios
de falhas em vários equipamentos, porém para o estudo de caso, foi selecionado um equipamento
que apresentou um problema em seu processo de fabricação, onde o mesmo estava induzindo
uma amplitude de vibração acima do que permitido para a sua classe (tabela 3), onde a mesma
quando não tratada pode comprometer o funcionamento da máquina e reduzir sua vida útil.

3.2 Fundamentação teórica

3.2.1 Vibrações excitadas por forças harmônicas


De acordo com Silva (2009), um caso específico de vibrações excitadas por forças
harmônicas advém em máquinas rotativas com massa desbalanceada, no qual o sistema é excitado
por uma massa desbalanceada m0 com uma velocidade angular ω e com uma excentricidade e.
Esta força de desbalanceamento é dada pela equação (1).

𝐹𝑐(𝑡) = 𝑚0𝑒𝜔2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡) (1)

A Figura 2 mostra uma máquina rotativa representada por um sistema massa-mola-


amortecedor com um grau de liberdade.

Figura 2 - Exemplo de máquina rotativa com massa desbalanceada

Fonte: SILVA, 2009, p. 64

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A equação do movimento do sistema, neste caso conforme Silva (2009), é descrita pela
equação (2):

𝑚𝑥̈ + 𝑐𝑥̇ + 𝑘𝑥 = 𝑚0𝑒𝜔2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡) (2)

Para este caso, a amplitude de vibrações em regime permanente de uma máquina rotativa
com desbalanceamento, conforme Silva (2009), pode ser obtida a partir da Equação (3).

𝐹
𝑋𝑝 = 𝑘 (3)
√(1 − 𝑟 )2 + (2𝜉𝑟)2
2

Como a amplitude da força de desbalanceamento é 𝐹 = m0eω2 , dessa forma segundo o


autor a Equação (3) pode ser reescrita da seguinte maneira.

𝑋𝑝 𝑚0𝑒𝜔2
= (4)
𝑘 √(1 − 𝑟 2 )2 + (2𝜉𝑟)2

Ainda conforme Silva (2009), m0e representa a quantidade de desbalanceamento do


sistema e normalmente é obtido a partir de um teste experimental para procurar adicionar massas
para corrigir esse desbalanceamento. Pois, esta excitação em níveis muito grandes pode
comprometer o funcionamento de uma máquina e diminuir sua vida útil. Segundo o autor é
possível obtém-se a expressão final conhecida como fator de ampliação adimensional Λ (r, ξ),
equação (5), dividindo a Equação (4) por m.

𝑚𝑋𝑝 𝑟2
= Λ (𝑟, 𝜉 ) = (5)
𝑚0𝑒 √(1 − 𝑟 2 )2 + (2𝜉𝑟)2

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A Figura 3 ilustra a função Λ (r, ξ) para vários valores de r e ξ.

Figura 3 - Curva da função Λ (r, ξ)

Fonte: SILVA, 2009, p. 65

1
Nota-se que para um 𝜉 < , o máximo valor Λ é:
√2

1
Λ𝑚á𝑥 = (6)
2𝜉√1 − 𝜉 2

E ocorre quando a razão de frequência r é dada por:

1
𝑟Λ𝑚á𝑥 = (7)
√1 − 2𝜉 2

3.3 Critérios relativos à verificação de equipamentos rotativos


A seguir serão apresentados os critérios de verificação referentes à equipamentos
mecânicos rotativos.

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3.3.1 Norma: ISO 2372 (1974)


Para o desempenho adequado das máquinas rotativas, a norma ISO 2372 (1974) define
limites de vibração relacionados à potência da máquina e do tipo de fundação. As vibrações são
medidas em pontos das superfícies das máquinas que operam com frequência de excitação na
faixa de 10 a 1000 Hz. Na Tabela 2 pode-se observar as faixas de classificação:

Tabela 2 – Critérios de severidade das vibrações de máquinas (ISO 2372)

Faixas de severidade de vibração Classe das máquinas

Velocidade em mm/s Classe l Classe ll Classe lll Classe IV

0,28

0,45 Bom
Bom
0,71 Bom Bom

1,12
Permissível
1,8
Permissível
2,8
Tolerável Permissível
4,5 Permissível
Tolerável
7,1
Tolerável
11,2
Tolerável
18 Inaceitável
Inaceitável
28 Inaceitável
Inaceitável
45

Onde:
Classe I - Até 15 KW (20 CV);
Classe II – 15 a 75 KW (20 – 100 CV);
Classe III – A cima de 75 KW base rígida;
Classe IV – A cima de 75 KW base flexível.

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3.3.2 Amplitudes admissíveis de vibração de acordo com a velocidade do


equipamento
Srinivasulu e Vaidyanathan (1976) fornece uma tabela mais simples de valores máximos de
amplitudes de vibrações para diversos tipos de equipamentos. Na Tabela 3 é possível observar os
valores propostos pelos autores.

Tabela 3 - Amplitude permissível de vibração de acordo com a velocidade do equipamento


(P. Srinivasulu; C. V. Vaidyanathan, 1976)

Tipo de máquina Amplitude permissível (cm)

Máquina de baixa velocidade (até 500 rpm) 0,02 a 0,025

Fundações de martelos 0,1 a 0,12

Máquinas de alta velocidade


a) 3000 rpm
i. Vibrações verticais 0,002 a 0,003
ii. Vibrações horizontais 0,004 a 0,005
b) 1500 rpm
i. Vibrações verticais 0,004 a 0,006
ii. Vibrações horizontais 0,007 a 0,009

No presente capítulo, foram expostas, algumas normas de projeto pertinentes aos limites
de vibração em estruturas submetidas a excitações provenientes de máquinas rotativas, assim
como o problema do estudo de caso.

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4 ESTUDO DE CASO – AVALIAÇÃO DO EQUIPAMENTO SELECIONADO

4.1 Considerações do equipamento


A bomba do tipo parafuso simples G20-1, que este estudo de caso apresentará, é utilizada
em tratamento de líquidos, o acionamento do equipamento será a partir de um motor elétrico de
IV polos da marca WEG, que lhe proporciona 0.75 kW de potência e uma rotação nominal de 960
rpm. Na tabela 4 é possível obter-se as respectivas informações de forma sucinta:

Tabela 4 - Dados Técnicos (Bomba parafuso modelo G20-1)

Descrição Valores

Número de modelo G

Rotação nominal 960 Rpm

Parafuso método de sucção Sucção única

Temperatura de operação Até 150°C

Faixa de fluxo 0.8 𝑚3 /ℎ

Pressão de operação 0.6 Mpa

Massa do equipamento 400 kg

Obs. O desenho da bomba com detalhes se encontram no Anexo A.

4.2 Memórias de cálculo

4.2.1 Resultados preliminar da análise de vibração

A frequência deste sistema é calculada por:

2𝜋 2𝜋 𝑟𝑎𝑑
𝜔 = 𝑟𝑝𝑚 × = 960 × = 100,48
60 60 𝑠

A frequência natural deste sistema é calculada por:

𝐾 0,8 × 106 𝑟𝑎𝑑


𝜔𝑛 = √ = √ = 44,72
𝑚 400 𝑠

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A razão entre frequências do sistema é calculada por:

𝜔 100,48
𝑟= = = 2,24
𝜔𝑛 44,72

O coeficiente de amortecimento do sistema é calculado por:

𝐶 21500
𝜉= = = 0,60
2 × 𝑚 × 𝑤𝑛 2 × 400 × 44,72

A partir de um teste, obtivermos que a excentricidade é igual 0.150 m, e a massa de


desbalanceamento é m0 = 0,26 kg. Com isto a partir da Eq. (4) foi possível calcular o a amplitude
de vibração do equipamento.

𝑚0𝑒𝜔2
𝑋𝑝 =
𝑚 × √ (1 − 𝑟 2 )2 + ( 2 × 𝜉 × 𝑟 )2

0,26 × 0.150 × 2,242


𝑋𝑝 =
400 × √(1 − 2,242 )2 + (2 × 0,60 × 2,24)2

𝑋𝑝 = 1,01 × 10−4 𝑚

Conforme Srinivasulu e Vaidyanathan (Tabela 3), foi verificado que o equipamento estava
apresentando uma amplitude de vibração maior do que a permissível.

4.2.2 Análise pós intervenção


Os valores encontrados após correção indicaram que o conjunto estava devidamente na
faixa aceitável de acordo com as tolerâncias. Após a realização da intervenção, verificamos que os
níveis obtiveram decréscimo significativo de 1,01 × 10−4 𝑚 para 8,17 × 10−5 𝑚.
Amplitude de vibração do equipamento após a intervenção:

𝑚0𝑒𝜔2
𝑋𝑝 =
𝑚 × √ (1 − 𝑟 2 )2 + ( 2 × 𝜉 × 𝑟 )2

0,21 × 0,150 × 2,242


𝑋𝑝 =
400 × √(1 − 2,242 )2 + (2 × 0,60 × 2,24)2

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𝑋𝑝 = 8,17 × 10−5 𝑚

Os níveis de amplitude de vibração do equipamento anteriormente a intervenção, se


encontravam na faixa inaceitável para máquinas de alta velocidade e após o diagnóstico assertivo
e realização dos serviços recomendados, os níveis se mantiveram dentro da faixa de condição
normal conforme Srinivasulu e Vaidyanathan (tabela 3), aumentando assim a vida útil do
equipamento e sua confiabilidade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tópico do trabalho faz-se um resumo nos principais pontos detectados no
desenvolvimento, que teve como principal objetivo identificar, mensurar e solucionar o problema
de uma bomba do tipo parafuso G20-1. O presente estudo mostrou que quando há uma base
teórica bem fundamentada e ferramentas adequadas, a realização do efetivo cálculo pode ser, de
certa forma, simples e com maior segurança. O estudo do comportamento dinâmico de
equipamentos rotativos, realizado ao longo desse trabalho, possibilitou conhecer definições,
conceitos básicos, características principais e parâmetros que regem a Ciência das Vibrações
Mecânicas. A discussão a respeito dos principais problemas que acometem as máquinas rotativas
tornou possível avaliar como se processa a identificação e o diagnóstico de falhas. O resultado
obtido foi que, o equipamento apresentava um acréscimo de massa, que estava resultando em
amplitudes acima da permissível de cerca de 112%. Com relação ao fenômeno de excesso de
massa, foi sugerido inicialmente a inserção de contrapesos, resultando em uma redução de cerca
de 80% da amplitude apresentada anteriormente. O nível de amplitude foi controlado através da
redução de massa no rotor. Observou-se que para pequeno nível de excesso de massa, grandes
níveis de amplitudes ocorrem no sistema. Com a realização deste trabalho constatou-se a
importância da análise de vibrações e sua capacidade na detecção de defeitos em máquinas
rotativas a partir de valores de amplitude de vibração e suas frequências correspondentes. Neste
contexto, pode-se concluir que todos os objetivos propostos neste trabalho foram alcançados, pois
esse trabalho proporcionou não somente conhecer os potenciais modos de falha, mas também a
importância da correção do desbalanceamento em sistemas rotativos para a redução dos níveis de
vibração.

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6 REFERÊNCIAS
1. ARAÚJO, R. Análise Numérica do Comportamento Mecânico de um Filme Fino Durante o
Ensaio de Dureza com Penetrador Esférico. 2011. 36 f. Dissertação (Mestre em Engenharia) -
Universidade Federal de São João del-Rei, São João del Rei, 2011.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5462: Confiabilidade e
Mantenabilidade. Rio de Janeiro, p.7, 1994.
3. CYRINO, L. Análise de vibração - método de Preditiva. Manutencao em foco, 2015. Disponível
em: <http://www.manutencaoemfoco.com.br/analise-de-vibracao/>. Acesso em: 29 de maio
de 2020.
4. D’Agosto, M. de A. Transporte, uso da energia e impactos ambientais: uma abordagem
introdutória. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
5. de Jesus, S. S.; Cavalcante, P. F. UTILIZAÇÃO DE BANCADAS DE ENSAIO PARA ESTUDO DO
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HOLOS, vol. 3, 2011, pp. 18-40. Disponível em:
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6. GÓZ, R. D.; SILVA, T. C. de. Balanceamento de Rotores. R&T Análise de Vibrações e
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7. ISO - INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 2372: Mechanical
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8. NASCIMENTO, Rodrigo do. Manutenção Preditiva usando Análise de Vibração. 2006.38f.
Dissertação (Graduação) Curso de Engenharia de Produção Mecânica, Centro Universitário
Anhanguera, Faculdade de Pirassununga.
9. PEQUENO, D. A. APOSTILA DE HIDRAULICA E PNEUMÁTICA. Fortaleza, 2008.
10. RAO, S. S. Mechanical vibrations/Singiresu S. Rao. 5th ed. Pearson; 5 edition. September 17,
2010.
11. SILVA, S. da. Vibrações Mecânicas. Curso de graduação em Engenharia Mecânica. 2009.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
12. SRINIVASULU, P.; VAIDYANATHAN, C. V. Handbook of Machine Foundations. New Delhi, Índia,
(1976).
13. Telecurso 2000 Profissionalizante. Mecânica. Leitura e Interpretação de Desenho - Volume 3
- Editora Gol.

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MECÂNICA VIBRATÓRIA - 2020
ENGENHARIA
MECÂNICA
DISCIPLINA: MECÂNICA VIBRATÓRIA

7 ANEXOS

7.1 Anexo A

Figura 4 - Diagrama da bomba de parafuso único

Fonte: Adaptado de Utpumps (2019)

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MECÂNICA VIBRATÓRIA - 2020

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