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LAUDO PSICOLÓGICO

1. Identificação
Autora: Gabriella Rodrigues Soares
Interessado: Dr. Nilton César Barbosa
Finalidade: Avaliação Psicossocial
2. Descrição da demanda
A avaliação psicossocial foi realizada a fim de satisfazer um dos critérios de avaliação da
matéria Técnicas de Avaliação Psicológica II - TAP II. Dessa forma, foi realizado, através de
uma entrevista, a coleta de dados e informações sobre a examinanda, assim como, a
aplicação, correção e interpretação do teste psicológico: TAT - Teste de Apercepção
Temática. A seguir serão descritos os procedimentos utilizados ao decorrer da coleta de
informações, bem como a análise dos resultados, conclusão e encaminhamento.
3. Procedimentos
Inicialmente, foi realizada uma entrevista psicológica para a aplicação do teste. De acordo
com Santos (2014), a entrevista psicológica diz respeito a um conjunto de procedimentos
ministrados pelo profissional de psicologia e realizados em um determinado tempo, que tem a
finalidade de descrever e avaliar características pessoais, relacionais e contextuais para uma
tomada de decisão que pode ser orientação, diagnóstico, encaminhamento, contratação de
serviços, entre outros. (SANTOS, 2014)
Em seguida, foi aplicado o teste projetivo - TAT. As técnicas projetivas apresentam uma
grande quantidade de produção científica, além da enorme aceitação entre os profissionais de
psicologia, especialmente entre os psicólogos clínicos. As técnicas projetivas se qualificam
por serem instrumentos com atividades parcialmente não estruturadas, o que permite uma
vasta possibilidade de respostas. Esse tipo de técnica busca identificar características latentes,
inconscientes ou encobertas da personalidade, além de avaliar a personalidade de maneira
global, sem focar em traços ou características específicas. (ANASTASI E URBINA, 2000).
O Teste de Apercepção Temática - TAT, construído por Henry Murray, tem como hipótese
que diante da mesma função vital, pessoas diferentes irão ter experiências distintas, de acordo
com a perspectiva pessoal de cada uma. Murray atribuiu 28 necessidades, identificadas na
conduta do herói, classificadas de acordo com os objetivos ou a direção. O modo que cada
indivíduo cria uma experiência demonstra a atitude e a estrutura do indivíduo perante à
realidade experienciada. (CUNHA, 2000)
O TAT é composto por 30 lâminas com gravuras e uma em branco. Dentre elas, onze, são
categorizadas como universais, aplicáveis a todos os sujeitos:1, 2, 4, 5, 10, 11, 14, 15, 16, 19,
e 20. As demais são relacionadas de acordo com o sexo e a faixa etária.

4. Análise
G., 20 anos, sexo feminino, nascida e crescida em Jataí-Goiás. Atualmente tem uma união
estável, mora com a namorada e há dois anos teve seu primeiro irmão por parte de mãe. Sem
muitas expectativas para o futuro, G. relata que apenas sonha em se formar em psicologia, ter
estabilidade financeira, uma boa relação com a família (mãe, irmão e avó) e que seu
relacionamento seja duradouro. De acordo com G., quando criança tinha muita vergonha e
dificuldade em suas relações interpessoais ao ponto de não conseguir falar ou olhar no olho
das outras pessoas, tinha repulsa a choro de criança e em relação a comportamento e notas
escolares, sempre foram bons e nunca teve dificuldades com a fala ou escrita. A gestação de
G. foi tranquila, com ausência de complicações. Ao nascer, G. ficou dois dias sem se
alimentar pois não queria mamar na mãe, a qual não permitiu que a criança obtivesse
alimento oriundo de outra fonte a não ser o seio materno. O relacionamento de seus pais era
um pouco conturbado e se separaram logo em seus primeiros anos de vida, ambos tinham
dependência química, devido às condições atuais, G. começou a morar com seus avós
paternos. O relacionamento entre mãe e avó materna também era muito conturbado e cheio
de violência verbal e física. O relacionamento entre o pai e seus avós paternos também não
era harmonioso devido aos seus vícios. G. foi criada pelos avós paternos até os 12 anos,
depois começou a morar com a mãe, a qual já não tinha mais problemas com drogas. G.
começou a sentar sem ajuda antes dos seis meses e a andar entre 9 e 10 meses. Não tinha
muito controle dos esfíncteres, fez xixi na cama até os 10 anos de idade. Dentre suas
brincadeiras preferidas, estava manusear pequenos personagens de coleção e desenhar
planetas, prédios e pessoas que ela mesma inventava, preferia fazer essas atividades sozinha,
não gostava de dividir brinquedos. Em relação ao sono, G. relata que sempre dormiu tarde e
muito bem, tinha o sono contínuo, não costuma acordar durante a noite para fazer xixi,
somente no começo da manhã. Sempre se alimentou bem e exageradamente, sem nenhuma
restrição ou aversão. Durante a infância as únicas condições médicas eram em relação ao
ouvido inflamado e sinusite, porém há alguns anos essas condições pararam de emergir, aos
12 foi diagnosticada com disfunção na tireoide. Sua relação com a família nunca foi de muita
proximidade, somente na infância, quando morava com os avós, após o falecimento de seu
avô paterno, essa distância aumentou ainda mais, mantendo grande vínculo somente com avó
paterna, mãe e irmão. G. não tem uma boa relação com o pai, e atualmente cultiva um grande
sentimento de aversão ao mesmo, o qual continua com os vícios. Atualmente G. trabalha
informalmente para se sustentar, e cuida do irmão nas horas vagas para a mãe poder trabalhar,
relata uma grande dependência emocional da avó e mãe, mas que é independente ao realizar
tarefas, sentindo-se insegura para realizar sozinha somente tarefas que ela não conhece e não
domina bem. Gosta de proteger as pessoas, mas também gosta de ser protegida. Suas relações
interpessoais melhoraram bastante, agora se considera uma pessoa mais desinibida, possui
mais facilidade em fazer amigos e se comunicar com as pessoas.
Após a análise das histórias elaboradas por G. durante a aplicação do TAT (Teste de
Apercepção Temática), foi possível levantar algumas hipóteses acerca das características,
necessidades e forças do ambiente. G, tem significativas características de inferioridade,
solidão e conflituosidade interpessoal. Necessidades de afago, passividade, proteção e
realização. Não apresenta aspirações, por mais que seu ambiente seja protetor e afiliativo
emocionalmente, as resoluções de conflitos de G. tendem a ser mais desfavoráveis. A
avalianda apresenta necessidades voltadas a si mesma, sem necessidades de agradar ao outro.
Com o desenho da família foi possível perceber um grande destaque no homem mais velho,
seu avô, G.está representada como uma criança do sexo masculino, jogando bola pela casa,
correndo em direção a sua vó, que está sentada no sofá; tem a presença de um quarto
personagem, o gato, que está em seundo plano. Sua identificação com a criança representa
que sua maturidade não condiz com a idade, sente-se representada pelo personagem pois é o
que está mais se divertindo; o melhor personagem é o avô; a mais querida é a avó e o gato é o
mais infeliz. O gato afastado demonstra tendências pessoais de forma mascarada, além de
uma situação geradora de estresse; o personagem em si pode representar seu pai, tendo em
vista que não mantém uma boa relação com o mesmo, tendo presença de sentimentos
aversivos; a atribuição do gato em ser o mais infeliz e por ele estar mais distante que os
outros membros demonstra que a avalianda não tem uma relação estável com esse
personagem. Sua mãe e irmão não foram representados no desenho; por mais que G. aponte
um grande apego emocional a esses dois membros familiares, suspeita-se que essa ausência
deva ao fato da representação passar-se num momento de sua infância em que ainda morava
com os avós e a mãe não era tão presente, assim como, o irmão não era nascido. A
representação desse momento de sua vida pode representar um grande apego emocional. O
traçado é grande e com uma força fraca, representando uma expansão vital, mas também
inibição dos instintos, porém na figura do avô o traçado está mais marcado. O ritmo é
espontâneo, linhas curvadas. O traçado mais curvilíneo é o da avó, demonstrando uma
espontaneidade maior, a criança apresenta traçados mais retos demonstrando maior razão. O
desenho é bem centralizado, os personagens mais aparentes foram realizados da esquerda
para a direita (avô, criança, avó) e o gato foi feito por último. A criança tem distância
simétrica entre os personagens, o homem e a mulher estão distantes.
5. Conclusão
Atualmente, G. não tem um nível de maturidade menor do que o condizente com sua idade,
tem lembranças e apegos muito fortes de sua infância e das figuras que foram mais presentes
nela (avó e avô). Não tem aspirações aparentes, seu ambiente protetor e com apego
emocional consegue satisfazer algumas de suas necessidades,como de afago e proteção.
Apesar do acolhimento e proteção que seu atual ambiente oferece, sua trajetória de vida foi
muito conturbada, a avalianda apresenta um tanto de dificuldades na resolução de conflitos, o
que é demonstrado através da maior parte dos desfechos de suas histórias no TAT serem
desfavoráveis. Com isso, conclui-se que para que G. tenha maior compreensão de seus
conflitos e auxílio para superar as atuais dificuldades, recomenda-se que inicie um
acompanhamento psicoterapêutico assim que possível.
6. Referências
ANASTASI, Anne & URBINA, Suzana. (2000). Testagem psicológica. (7a.ed.). Porto
Alegre: Artes Médicas.
CUNHA, Jurema Alcides. Estratégias de avaliação: perspectivas em psicologia clínica.
Psicodiagnóstico-V, p. 19-22, 2000.
SANTOS, Seille Garcia. A entrevista em avaliação psicológica. Revista Especialize On-line
IPOG, v. 1, 2014.
7. Anexos

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