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conformidade na gestão
Módulo
2 Gestão de folha de
pagamento
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Equipe Responsável
José Rafael Corrêa (Conteudista dos módulos de Controle Interno e Externo e Gestão da Folha de Pagamento,
2021).
Allex Albert Rodrigues, (Conteudista do módulo de Previdência, 2021)
Paulo Eduardo de Oliveira Costa (Curador do conteúdo)
Enap, 2021
Conhecer o que é considerada despesa de pessoal, qual receita pode ser utilizada
para o pagamento da folha, os limites impostos pela Constituição Federal e a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
A despesa com pessoal sempre foi um assunto polêmico, porém muito necessário para uma
boa gestão governamental. Em meados da década de 90, toda a discussão apontava para uma
necessidade de se ter limites para a despesa com pessoal nas administrações públicas. Após
muita discussão, em 1995 foi aprovada a chamada “Lei Camata”, Lei Complementar nº 82, de 27
de março de 1995. O texto aprovado trazia o seguinte limite para os municípios:
[...]
Podemos observar que a despesa de pessoal de um município, apurada anualmente, não podia
ultrapassar 60% das receitas correntes arrecadadas no exercício. Importante destacar que, com
referência à receita, a Lei trazia como base para o cálculo a receita corrente. Sendo que mais à
frente passa a usar o termo receita corrente líquida, porém sem detalhar o que seria excluído.
Já quando falamos da despesa, não temos um detalhamento do que seria considerado despesa
com pessoal, nem tampouco havia alguma separação de limite entre os poderes, Executivo e
Legislativo, no caso dos municípios.
A Lei também trouxe a forma de recomposição aos limites, no caso de algum município o
excedesse, conforme podemos ler a seguir:
O município que excedesse ao limite teria três anos para voltar a ficar dentro do percentual
delimitado na lei, sendo que na sua trajetória de recuperação deveria reduzir um terço a cada
exercício.
E se, no caso, o limite fosse ultrapassado e não conseguisse ser recuperado dentro do prazo
determinado, o que aconteceria? A lei também trouxe regramento para esses casos, conforme
segue:
As penalidades impostas eram todas voltadas a coibir qualquer aumento na despesa com pessoal,
vedando reajustes, revisões ou qualquer outra forma de adequação de remuneração.
A legislação trouxe ainda mais discussão sobre o tema; de um lado, alguns colocam as dificuldades
de se cumprir a lei; do outro, um grupo entende que a lei deveria ser ainda mais rígida. No final
dos anos 90, essa discussão ganha mais força, quando da discussão da Lei de Responsabilidade
Fiscal, e passa a ser tratada como uma lei de gestão responsável.
A seguir vamos tratar da Lei de Responsabilidade Fiscal e, em especial, dos dispositivos que
disciplinam sobre o gasto de pessoal nos municípios.
"Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa
total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os
ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos,
funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer
espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis,
subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais,
gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem
como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de
previdência.
Diferente do que vimos na Lei Camata, a LRF, no seu artigo 18, traz o detalhamento do que se
considera despesa com pessoal. Logo no início do artigo, ela já deixa claro que entram no cálculo
as despesas com ativos, inativos e pensionistas, assunto que sempre gerou muita discussão. Logo
mais vamos ver quando podemos excluir do cálculo os gastos com inativos e pensionistas. O
caput do artigo 18 tenta detalhar ao máximo o que entra em despesa de pessoal, todas as formas
remuneratórias, benefícios e as contribuições previdenciárias.
Outro tema polêmico que a LRF já tenta definir é sobre as despesas com pessoal que são
terceirizadas, trazendo no parágrafo 1º do artigo que essas despesas se enquadram em outras
despesas com pessoal.
Ficando no tema do que se considera, ou não, como despesas com pessoal, o artigo 19 vem trazer
algumas exclusões da base de cálculo, conforme disciplinam os parágrafos 1º e 2º, que seguem:
"§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão
computadas as despesas:
V - ...;
Por fim, temos as exclusões das despesas com inativos e pensionistas, quando estas forem
custeadas com recursos da arrecadação de contribuições previdenciárias, ou de compensação
financeira ou ainda das transferências destinadas a promover o equilíbrio atuarial do regime de
previdência.
"Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa
total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação,
não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir
discriminados [...]:
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os
seguintes percentuais:
[...]
Assim como na Lei Camata, a LRF traz o limite que o município não poderá exceder em relação
à receita corrente líquida com despesa com pessoal, sendo que o teto é o mesmo, 60%. Mas
a LC nº 101/200 foi mais além e definiu um percentual para o Poder Executivo (54%) e outro
para o Legislativo (6%). Ela traz ainda um limite chamado de prudencial, que é 95% do limite
estabelecido no artigo 19 e detalhado no artigo 20, ficando desta forma: 51,3% para o Poder
Executivo e 5,7% para o Poder Legislativo.
"Art. 21. É nulo de pleno direito: (Redação dada pela Lei Complementar nº 173,
de 2020)
[...]
II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e
oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido
no art. 20; (Redação dada pela Lei Complementar nº 173, de 2020)"
Com vistas a controlar as despesas com pessoal, a LRF determina que atos que provoquem
aumento desse tipo de despesa venham acompanhados de estimativas de impacto orçamentário
e financeiro, bem como devem demonstrar que estão adequados à lei orçamentária anual e
serem compatíveis com o plano plurianual.
Na linha de uma gestão responsável, traz uma vedação que se edite ato de que resulte aumento
da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular
de Poder.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20,
ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-
se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da
Constituição."
No que se refere à periodicidade de apuração do limite, o artigo 22 estabelece que vai ser
quadrimestralmente, sendo que aos municípios com menos de 50 mil habitantes é facultado
fazer a apuração semestral, de acordo com o artigo 63.
"Art. 22. Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa
e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20
que houver incorrido no excesso:
A LRF traz também um limite prudencial, que vai ser 51,3% para o Poder Executivo e 5,7% para
o Poder Legislativo. Sempre priorizando uma gestão fiscal responsável com o equilíbrio das
contas públicas, o referido artigo da lei traz uma série de vedações no que se refere a gastos com
folha de pagamento, quando for ultrapassado o limite prudencial. Fazer o acompanhamento
quadrimestral ou semestral é importante, dependendo do tamanho e da opção do município
para tomar as providências, caso o limite seja ultrapassado. Além do acompanhamento interno,
os Tribunais de Contas também fazem esse acompanhamento e emitem alertas, conforme
estabelecido no inciso II do parágrafo 1º do artigo 59 da LRF.
"Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art.
20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas
previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se,
entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.
Vimos que a Lei Complementar nº 101/2000 trouxe vedações para quando se ultrapasse o
limite prudencial ao passo que o artigo 23 traz providências que podem ser tomadas a partir
do momento em que a gestão municipal ultrapassar o limite de pessoal, 54% para Executivo
e 6% ao Legislativo. Essas providências estão nos parágrafos 1º e 2º, que são bastante rígidos;
por outro lado, o parágrafo 3º define as consequências para quem não reduzir a despesa com
pessoal dentro do prazo determinado na LRF. São sanções duras no que diz respeito ao repasse
de recursos aos municípios. O artigo 25 da lei reafirma essa vedação de repasse de transferências
voluntárias no caso de não atendimento às regras de controle de gastos com pessoal.
Já falamos bastante sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal e o gasto com pessoal, mas na
Constituição também encontramos determinações sobre a matéria.
Constituição Federal
Artigo 29-A
"§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita
com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)."
Conforme pode ser observado, o poder legislativo, além de atender o limite determinado pela
LRF, que é de 6% de despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida, tem de respeitar
o limite constitucional de gasto com folha de pagamento, que é de 70% em relação a sua receita.
[...]
Conforme vimos anteriormente, o artigo 19 da LRF determina que o limite da despesa total
com pessoal em cada período de apuração e em cada ente da Federação não poderá exceder
percentuais da “receita corrente líquida”. Precisamos, então, conhecer a receita corrente líquida
de nossos municípios.
O inciso IV do artigo 2º traz que na receita corrente líquida entram as receitas tributárias, onde
se incluem as principais receitas próprias do município, como IPTU e ISS, além das retenções do
IRRF. Outro grupo importante de receitas são as transferências correntes, onde estão os repasses
do FPM, ICMS, IPVA e o Fundeb.
Já detalhamos a composição da nossa receita corrente líquida, mas qual a composição da despesa
com pessoal? Vamos ver a seguir:
Primeiramente, vamos olhar no relatório para a despesa “bruta” com pessoal, que está descrita
no artigo 18 da LRF. Destaca-se a expressão “bruta”, utilizada para deixar claro que não podemos
usar a despesa líquida com pessoal.
Com o intuito de analisar como estão compostos tais valores da despesa, devemos olhar para a
execução orçamentária. Para isso, é importante conhecermos a Portaria nº 163/2002, atualizada,
na qual encontramos o detalhamento da despesa com pessoal, no item intitulado “31 – Pessoal
e Encargos Sociais”, que pode ser encontrado clicando aqui.
Dentro das despesas brutas com pessoal, o relatório traz ainda uma linha para serem inseridas
as despesas com pessoal realizadas na competência no anexo, mesmo que não tenham sido
empenhadas.
O anexo 1 do Relatório de Gestão Fiscal traz no item II as despesas que não serão computadas,
ou seja, serão deduzidas. No primeiro grupo temos as despesas com indenizações por demissões
de servidores ou empregados e relativas aos incentivos à demissão voluntária. Posteriormente,
temos o grupo das despesas de sentenças judiciais que se referem aos períodos anteriores. Por
fim, temos as despesas com inativos e pensionistas pagos com recursos vinculados para esse fim.
Importante destacar ainda que despesas com pessoal efetuadas em consórcios, do qual o
município faz parte através de contrato de rateio, também entram no cálculo da despesa com
pessoal.
Por fim, ressalta-se que o Anexo 1 vai trazer sempre a despesa de pessoal bruta, consolidada, ou
seja, trazendo à administração direta e indireta do município.
O exercício de 2020 foi atípico no que diz respeito a vários aspectos da gestão municipal devido
à pandemia de Covid-19. Os municípios foram atingidos diretamente em suas arrecadações, em
especial no que diz respeito às transferências do FPM e ICMS, com destaque para os meses finais
do primeiro semestre e iniciais do segundo semestre. Com o objetivo de equilibrar as finanças
A Lei Complementar nº 173 tinha o objetivo de garantir novos aportes de recursos aos Estados
e municípios, mas também trouxe exigências para os governos, com vistas a terem uma gestão
fiscal equilibrada. Trouxe flexibilização da LRF no período de calamidade devido ao contexto
pandêmico, e também vedações até o final do exercício de 2021, com vistas a conter gastos, em
especial com folha de pagamento.
Sobre a flexibilização estabelecida pela LC nº 173, que está no artigo 7º, segue:
"Art.65.
b) concessão de garantias;
O artigo 7º faz uma alteração no artigo 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal, não alterando a
flexibilização já contida na lei referente à suspensão da contagem de prazos para adequação
ao limite de pessoal trazido no artigo 23, mas traz a novidade do parágrafo primeiro. O inciso
I do referido parágrafo estabelece que serão dispensados os limites, condições de demais
restrições, enquanto perdurar a pandemia, na verificação de situações, contratação de operação
de crédito, concessão de garantias, contratações com o Estado e a União, bem como referente a
transferências voluntárias.
No artigo 8º da LC nº 173, vamos encontrar as proibições impostas pela lei aos municípios, com
prazo até final de 2021, com referência principalmente à evolução da despesa com pessoal dos
órgãos governamentais.
As vedações vão desde alterar estrutura de pessoal, criar cargos e contratar até realizar concurso.
É importante destacar as condicionantes que fazem parte do texto desses incisos: quando aponta
a alteração da estrutura ou criação de cargos, temos a expressão ao final “que implique aumento
de despesa”, ou seja, esses atos não podem gerar aumento de gastos. Quando aborda a admissão
ou contratação de pessoal, também aparecem ressalvas, como “não acarretem aumento de
despesa, as reposições decorrentes de vacância e contratações temporárias enquadradas na
Constituição Federal”. Por fim, no caso das realizações de concursos, traz exceção para quando
houver reposição de vacância.
As restrições tratam também de atos que impliquem aumento salarial do pessoal das
administrações governamentais, como segue:
[...]
[...]
As vedações atingem também demais vantagens de todos que fazem parte da administração
municipal, como a proibição de criação, impossibilidade de reajuste, a contagem de tempo – da
entrada em vigor da lei até final de 2021 – para poder receber anuênios, triênios, licença-prêmio
ou outros benefícios que exijam a contagem de tempo de serviço.
"Art. 16. A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, passa a vigorar com
as seguintes alterações:
Art.18 ....................................................................................................................
A primeira alteração se refere ao reforço trazido no parágrafo 2º, para que a despesa de pessoal
seja apurada por competência “independente de empenho”. Ou seja, mesmo que o município
não tenha dotação para empenhar a folha de dezembro, por exemplo, este valor deverá ser
registrado e contabilizado para apuração da despesa com pessoal.
O parágrafo 3º é novo, e foi inserido para deixar claro que a despesa com pessoal deve ser
apurada levando-se em conta o valor bruto, sem qualquer dedução ou retenção, como uma
única ressalva.
§ 1º.........................................................................................................................
O artigo 16 da LC nº 178 altera também o artigo 19 da LRF, sendo que, no inciso VI, inclui as
despesas com “pensionistas”, deixando claro que nesse item não devem ser levados em conta
apenas os inativos, mas também os pensionistas. Continuando ainda na alteração do artigo 19,
na letra c, no inciso VI do parágrafo 1º, o texto é alterado para deixar claro que as despesas
com inativos e pensionistas podem ser excluídas, assim como despesas com pessoal, quando as
mesmas forem custeadas com recursos do regime próprio de previdência social dos servidores
públicos, desde que os recursos repassados sejam para promover o equilíbrio atuarial do regime.
Ademais, foi inserido o parágrafo 3º, que estabelece que não podem ser deduzidas as despesas
com inativos e pensionistas que forem pagas com recursos aportados para a cobertura de déficit
financeiro do regime previdenciário.
"Art. 20 ..................................................................................................................
A Lei Complementar nº 178 traz uma importante forma de ajuste das despesas com pessoal,
conforme estabelecido no artigo 15:
"Art. 15. O Poder ou órgão cuja despesa total com pessoal, ao término do
exercício financeiro da publicação desta Lei Complementar, estiver acima de seu
respectivo limite estabelecido no art. 20 da Lei Complementar nº 101, de 4 de
maio de 2000, deverá eliminar o excesso à razão de, pelo menos, 10% (dez por
cento) a cada exercício a partir de 2023, por meio da adoção, entre outras, das
Inserido no capítulo IV da LC nº 178, que trata “das medidas de reforço à responsabilidade fiscal”,
o caput do artigo 15 aponta que o município que estiver acima do limite estabelecido no artigo
20 da LRF, ao término do exercício financeiro de 2021, deverá eliminar o excesso à razão de, pelo
menos, 10% a cada exercício a partir de 2023 (tendo até o término do exercício de 2032 para se
enquadrar). O artigo ainda suspende as contagens de prazos referentes ao acompanhamento do
limite de pessoal no exercício de 2021, bem como para os municípios que se enquadrarem ao
final desse exercício: ficando acima do limite, sua comprovação de redução do percentual será
sempre no último quadrimestre de cada exercício, a partir de 2023, indo até 2032.
A Nota Técnica SEI nº 30805/2021/ME, publicada pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN,
detalha as ações referentes à Lei Complementar nº 178 e traz duas recomendações. Tendo em
vista a flexibilização da forma de recondução ao limite para quem ultrapassá-lo ao final desse
exercício, foi tratada na nota a possibilidade de contabilizar as despesas com organizações
sociais, na apuração do limite de pessoal. A nota aborda também a exclusão da base de cálculo
da receita corrente líquida, das receitas com rendimentos dos regimes próprios de previdência,
o que também impactará em um aumento no percentual de gasto em pessoal.
Ainda na linha de alterações em legislação que impactam na apuração do gasto com pessoal,
bem como na sua gestão, temos ainda a Emenda Constitucional nº 109, de 15 de março de 2021:
O artigo 29-A passa a trazer a expressão “demais gastos de pessoal inativo e pensionista”,
alterando a forma de apurar esse limite. Todavia, o prazo para esta exigência entrar em vigor é a
partir da nova legislatura, em 2025.
No intuito de se buscar uma gestão fiscal responsável, esta emenda constitucional traz um novo
controle sobre os gastos públicos. Ela determina que a cada bimestre se faça um acompanhamento
dos últimos 12 meses, da relação das despesas correntes em relação às receitas correntes, sendo
que as despesas não devem superar 95% das receitas. O caput do artigo 167-A faculta que os
municípios que ultrapassarem os seus limites podem fazer uma série de vedações com relação
ao gasto com pessoal. Como se observa acima, ele traz uma série de vedações do inciso I ao
X, podendo o município optar ou não por utilizá-las, em partes ou integralmente. A faculdade
colocada, porém, se choca com o parágrafo 6º do mesmo artigo.
"§ 6º Ocorrendo a hipótese de que trata o caput deste artigo, até que todas as
medidas nele previstas tenham sido adotadas por todos os Poderes e órgãos
nele mencionados, de acordo com declaração do respectivo Tribunal de Contas,
é vedada:
Como se pode observar, o parágrafo estabelece que, caso o município ultrapasse os 95% de
despesas em relação às receitas correntes e não adote as vedações determinadas, o mesmo fica
sem a possibilidade de obter garantias, bem como de tomar operação de crédito.
Essa emenda traz ainda mais um novo limite para o controle de despesas, conforme segue:
Para saber mais, a emenda constitucional e as notas técnicas nos links a seguir:
A discussão sobre equilíbrio das contas públicas sempre trouxe como um dos temas centrais
a gestão da folha de pagamento, criando seus limites. Até o momento, podemos observar a
trajetória da implantação deste limite nas gestões governamentais: desde a década de 90 até o
exercício de 2021, foram várias legislações. Todas trouxeram a questão do equilíbrio das contas
públicas e a necessidade de termos gestões fiscais responsáveis em todas as esferas de governo.
Podemos ver os vários limites das folhas de pagamento estabelecidos, como:
É fundamental ter pleno conhecimento dos planos de carreira dos servidores municipais,
fazendo simulações de impactos na folha de pagamento futura. A Legislação Federal também
tem impactado bastante os municípios, trazendo obrigações para os mesmos, bem como pisos
salariais, sendo que também devem ser acompanhadas de perto as consequências dessas
legislações na folha de pagamento do município.